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Unidade II

Unidade II
5 O BIÓLOGO E O EMPREENDEDORISMO

O termo “empreendedorismo” possui um amplo significado, podendo ser entendido como disposição
ou capacidade de idealizar, coordenar e implementar projetos ou, ainda, como uma atividade que reúne
características essenciais para o sucesso a partir da oferta de produtos e serviços.

Ações de empreendedorismo são observadas em todas as áreas do conhecimento, visando à oferta


de soluções para problemas preexistentes. Tanto em outras áreas quanto na biologia, o segredo para
o sucesso na área de empreendedorismo consiste em identificar as necessidades de um determinado
segmento da sociedade e propor soluções que reúnam características capazes de suprir as demandas e
que sejam viáveis financeiramente.

Especificamente na carreira de biólogo, com a atuação regulamentada pela Lei n. 6.684/79 e


88 áreas diferentes de atuação garantidas pela legislação, inúmeras são as possibilidades de empreender.
Durante muitos anos, os biólogos concentraram sua atuação na área da pesquisa, educação, cargos na
iniciativa privada e concursos públicos, sem, contudo, explorar as áreas onde poderiam empreender.

A realidade atual propõe uma série de novas possibilidades que visam oferecer, dentro da área
de atuação do biólogo, oportunidades de empreender para atender a um mercado cada vez mais
competitivo e especializado. Entretanto, para obter sucesso como empreendedor, faz-se necessário um
estudo aprofundado sobre oferta e demanda, a elaboração de um plano de negócios que inclua a
pesquisa de mercado, entre outros fatores.

Não se trata apenas de oferecer um produto ou serviço inédito, trata-se de observar, na área
pretendida, de que forma os serviços são ofertados e como eles podem ser melhorados. É importante
também identificar quais problemas preexistentes necessitam de soluções, para atrair o interesse do
consumidor, uma vez que, em qualquer área pretendida, a concorrência existirá. Os fatores relacionados
aqui, entre outros, garantirão o sucesso do empreendedor. Teremos um tópico no qual será abordado o
passo a passo para orientá-lo sobre a realização do sonho de se tornar um empreendedor de sucesso.

As possibilidades de empreender na área da biologia estão distribuídas nas três grandes áreas de
atuação do biólogo, que são: saúde; biotecnologia e produção, e ainda meio ambiente e biodiversidade.
É possível, nas áreas de atuação mencionadas, oferecer uma infinidade de produtos e serviços
necessários à sobrevivência e ao bem-estar humano, e à preservação do meio ambiente e das formas
de vida presentes no planeta. Através da atuação na área de biotecnologia, soluções para problemas
emergentes, que comprometam a viabilidade da vida no planeta, são passíveis de serem encontradas.

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INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Ao pensar em saúde, pensamos em biotecnologia e produção. É importante lembrar que em tais


áreas os biólogos são responsáveis pela realização de pesquisas que levam à produção de vacinas e soros,
além de uma infinidade de medicamentos que utilizam substâncias encontradas em plantas e animais.
As tecnologias que envolvem engenharia genética são responsáveis por tratamento e cura de doenças,
aumento da produtividade nas lavouras, melhoramento genético de animais e plantas, entre outras
aplicabilidades. A variedade de aplicações das tecnologias existentes abre o leque de possibilidades para
o oferecimento de produtos e serviços que se encontram vinculados às técnicas utilizadas.

Nas áreas de meio ambiente e biodiversidade, a preocupação cada vez maior com a perda da
biodiversidade do planeta e com a necessidade de implementação de projetos de conscientização
que visem diminuir a ação antrópica, reduzir a pegada ecológica atrelada ao consumo humano, bem
como a utilização da biotecnologia para recuperar as áreas degradadas, são de vital importância para
o desenvolvimento de áreas para os biólogos empreenderem com segurança. Muitas oportunidades
podem ser exploradas nessas áreas e subáreas afins.

Nos próximos tópicos, trataremos das oportunidades para biólogos nas áreas mencionadas e
apresentaremos orientações importantes, formuladas por empreendedores de sucesso, para que o êxito
seja garantido.

5.1 Evolução do comportamento de consumo ao longo das gerações e suas


influências contemporâneas

A evolução no comportamento de consumo das diferentes gerações tem sido marcada por
disrupturas históricas importantes, a ponto de provocar mudanças no perfil de toda população.
A mudança de paradigma no consumo tem chamado a atenção dos estudiosos desses comportamentos,
no intuito de traçar o perfil das próximas gerações envolvidas, minimizando os danos ambientais.
O contexto atual envolve comportamentos diferentes, que têm sido descritos desde a década de 1940.
Para entendermos um pouco melhor a situação atual, vamos voltar um pouco nos anos, hábitos,
costumes e acontecimentos, através das respectivas gerações.

A geração baby boomers surgiu entre os anos de 1940 e 1960, no pós-guerra imediato. Recebeu
essa designação pela quantidade de nascimento de bebês após o retorno dos soldados dos campos de
batalha. É uma geração representada por pessoas educadas na disciplina e rigidez, cuja educação teve
como base a rotina e a obediência às regras, o que influenciou fortemente na postura profissional desses
indivíduos. Caracterizam-se por pertencerem a uma geração que vive para trabalhar, atuam conforme as
regras, demonstrando compromisso e lealdade, procurando estabilidade e segurança. Evitam conflitos,
são habilidosos ao lidar com autoridades e cautelosos frente a novas situações. Possuem dificuldade em
lidar com tecnologias em geral e o trabalho é visto como prioridade.

Na geração X, encontram-se os indivíduos nascidos entre 1960 e 1980. Evidenciaram fatos históricos
importantes, passando por momentos de economia turbulenta, o que os tornou mais práticos e focados
em resultados individuais para uma vida equilibrada. Trata-se de uma geração cujos indivíduos com
maior poder aquisitivo conseguiram cursar faculdade, são competitivos e possuem apego a títulos e
cargos. Para alguns autores, essa postura de afirmação é característica da geração X, uma vez que a
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posição que ocupam dentro das empresas é símbolo de suas conquistas, mérito de muita dedicação,
esforço e trabalho. Destacam-se no trabalho pela dedicação e experiência, buscando equilíbrio entre a
vida profissional e pessoal.

A geração Y é representada por indivíduos que nasceram entre 1980 e 2000, época de economia
próspera, revolução tecnológica, globalização e diversidade. Uma vez que nasceram na era digital,
as barreiras geográficas praticamente inexistem. Por serem considerados o centro das atenções, são
autoconfiantes, inquietos, independentes e ousados. Chegam ao mercado de trabalho com formação
mais atualizada do que os indivíduos das demais gerações, entretanto eles precisam de razões e estímulos
para se manterem em seus cargos. Para essa geração, o trabalho não é visto como prioridade, devendo
significar prazer e liberdade. Desta forma, não se prendem muito a situações de trabalho que não lhes
tragam satisfação pessoal. Buscam desafios e desejam fazer as coisas à sua maneira. Por possuírem um
perfil multitarefas, não são adeptos de rotinas e controle.

Baby boomers Geração X Geração Y ou millennials


1940 a 1959 1960 a 1979 1980 a 1994

Contexto Contexto Contexto


Pós-guerra Transição política, hegemonia Globalização, estabilidade
No Brasil, ditadura e repressão do capitalismo e meritocracia econômica e surgimento
da internet

Comportamento Comportamento Comportamento


Idealistas, revolucionários Materialistas, competitivos Abstratos, questionadores
e coletivos e individualistas e globais

Consumo Consumo Consumo


Ideológico: vinil, Consumo do status: marcas, Preferem experiências:
cinema e música carros e artigos de luxo festivais, viagens

Figura 15 – Evolução do comportamento de consumo, de acordo com as gerações

Para finalizar, temos a geração Z, com nascidos em meados dos anos 90, da qual pouco ou quase
nada se sabe sobre como vão lidar com os empregos, uma vez que ainda encontram-se em sala de
aula. Entretanto, seu perfil comportamental já foi traçado como pertencendo ao mundo virtual,
usuários de fones de ouvidos quase todo o tempo. A denominada geração silenciosa, rápida e ágil com
computadores, entretanto, possui dificuldade com as estruturas escolares tradicionais e, por vezes,
com os relacionamentos interpessoais, já que a comunicação verbal é dificultada pelas tecnologias
disponíveis a todo momento. São indivíduos que vivem conectados, durante todo o tempo, em
diferentes tipos de tecnologias ao mesmo tempo.

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A próxima geração já está tendo seu perfil traçado, é a geração Alpha. Sobre essa, quase nada se sabe
até o momento, a não ser que se trata da geração nascida a partir de 2010, cujas características precisas
ainda não estão claramente definidas. Essa geração poderá ser concebida por filhos tanto da geração Y
quanto da geração Z e, certamente, viverão em um mundo conectado em rede.

Conhecer o perfil do comportamento de consumo das gerações existentes nos permite entender toda
a dinâmica de consumo anterior e atual e nos ajuda a compreender tendências contemporâneas, como a
necessidade de empreender em diferentes áreas, a demanda por serviços e produtos diferenciados para
atender ao mercado cada vez mais exigente, a preocupação latente com as questões de sustentabilidade
nos negócios, os comportamentos disruptivos que movimentam milhões em estratégias de economia
colaborativa, a conscientização da necessidade de desacelerar em relação à exploração dos recursos
ambientais, entre outros comportamentos.

6 COMO TER IDEIA DE NEGÓCIOS EM BIOLOGIA?

As ideias de negócios surgem da observação de problemas cotidianos, o que leva a questionamentos


sobre como resolvê-los. Essa seria a forma mais simples de ter ideias de negócios em biologia. Biólogos
são dotados de espírito investigativo, cuja essência é procurar soluções para os problemas existentes.

Com base nessa característica peculiar e inerente à profissão, a atuação dos biólogos na área da
pesquisa científica permitiu a descoberta de formas de transmissão, cura e tratamentos para doenças;
impactos ambientais estão sendo minimizados a partir de estudos realizados na área da biologia;
estratégias para recuperação do planeta estão sendo desenvolvidas; tecnologias de aumento da
produtividade de alimentos estão sendo aplicadas, enfim, a pesquisa científica faz parte da rotina
de estudo e trabalho dos biólogos. Uma prova de que os biólogos têm revolucionado a ciência reside
no fato de que aproximadamente um terço dos prêmios Nobel da área de fisiologia ou medicina foi
atribuído a pesquisadores da área de ciências biológicas.

Após identificar uma necessidade ou um problema, é o momento de explorar as soluções e


encontrar uma forma de materializá-las. A solução poderá acontecer no desenvolvimento de produtos ou,
ainda, em forma de prestação de serviços. Dentre as formas mais comuns de empreender na área da
biologia, observa-se a prestação de serviços ou desenvolvimento de produtos, que veremos a seguir.

6.1 Consultoria e assessoria

É importante destacar que consultoria e assessoria são processos diferenciados, que podem,
entretanto, ser ofertados conjuntamente. Ambas devem ser realizadas por profissionais com amplo
conhecimento na área específica, para que os problemas possam realmente ser solucionados. Enquanto
a consultoria faz um diagnóstico dos problemas e aponta os passos a serem seguidos, a assessoria
acompanha, participando ativamente das soluções.

Os objetivos principais da consultoria são: auxiliar na resolução de problemas específicos a partir


das sugestões de melhorias que visem atingir as metas estabelecidas, após realizar diagnóstico e
identificar as falhas. Entretanto, não atua ativamente nos processos e, desta forma, não interfere
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diretamente nas atividades. A proposta é possuir vínculo rápido com o cliente, realizando palestras,
cursos e treinamentos de maneira eventual. Por outro lado, a função da assessoria é auxiliar, através
de um acompanhamento contínuo, nas soluções de problemas amplos, a partir da detecção de
falhas e promoção de melhorias. O assessoramento permite atuar diretamente nos processos e
interferir nas atividades, gerando um vínculo longo com o cliente e promovendo treinamentos,
palestras e cursos frequentemente.

6.2 Palestras

Permite abordar o conhecimento técnico diferenciado na área de atuação do profissional biólogo.


O público-alvo será formado por pessoas que desejam adquirir ou aprofundar o conhecimento na área
específica da palestra ofertada. Uma palestra bem preparada, com abordagem clara e linguagem corporal
adequada, pode atrair um público cada vez maior e render convites para realizar esse trabalho em outras
regiões do Brasil e, às vezes, no exterior. A palestra é uma importante fonte de renda, que poderá se combinar
a outras fontes. Além de divulgar o conhecimento teórico, poderá abrir caminho para a necessidade de
realização de cursos (com maior duração) ou mesmo de treinamentos (voltados para atividades práticas).
As palestras podem auxiliar na expansão do portfólio de serviços que podem vir a ser oferecidos pelo
profissional posteriormente.

6.3 Cursos

Além de prover conhecimento, são elaborados com o intuito de promover capacitação de pessoal.
Os conteúdos devem ser abordados de forma minuciosa e completa, contemplando os temas básicos
e complexos das relações tratadas. Cursos são ferramentas importantes, amplamente utilizados por
empresas públicas e privadas para capacitar os funcionários, uma vez que os treinamentos trazem
benefícios para as equipes envolvidas, melhorando o clima organizacional, promovendo o aumento da
produtividade e da credibilidade da empresa, entre outros fatores.

Na área de biologia, os cursos podem envolver classificação de animais pertencentes a diferentes


táxons, identificação de plantas, utilização de programas estatísticos, elaboração de artigos científicos,
produção de lâminas histológicas, processamento de material biológico, montagem de coleções
científicas e didáticas, elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos de saúde (PGRSS),
entre outros.

6.4 Treinamentos

Os treinamentos visam capacitar pessoas e qualificá-las para desenvolverem algum tipo de habilidade
específica. Apresentam maior complexidade quando comparados a palestras e cursos e também
possuem maior duração. A estrutura necessária depende do tipo de treinamento e, geralmente, são
realizados nos mais diversos tipos de laboratórios (biologia, química, física, informática), dependendo
da área de aplicação, podendo, ainda, ser desenvolvidos parte em laboratórios e outra parte no campo
(técnicas de coletas e identificação de animais).

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INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

6.5 Desenvolvimento de produtos

Entende-se por desenvolvimento de produtos toda e qualquer atividade tecnológica capaz de gerar
um bem de consumo que será utilizado ao final de sua produção. Em parceria com profissionais de
outras áreas, o biólogo é capaz de desenvolver produtos incríveis, como o desenvolvimento de softwares
e aplicativos, em parceria com profissionais da área de informática, para ser utilizados em laboratórios
de saúde; ideias que possam ser aproveitadas em construções sustentáveis, quando da realização de
parcerias com engenheiros e arquitetos; desenvolvimento de equipamentos de laboratório em parceria
com físicos, entre outras.

6.6 Práticas e vivências

A realização de atividades práticas pode ser aplicada a quase todas as áreas de atuação da
biologia, podendo, ainda, ser combinada com outras atividades, permitindo o oferecimento de serviços
personalizados de acordo com a necessidade do cliente. As atividades práticas envolvendo vivências
tornam-se muito ricas em conhecimentos e aplicabilidade das técnicas ensinadas. Uma boa estratégia
para a oferta de produtos nessa concepção é, ao invés de ofertar apenas um tipo de atividade, oferecer
pacotes de serviços que contemplem palestras que envolvam, ao final, o treinamento prático com as
vivências. Práticas e vivências são muito exploradas em trabalhos de conscientização que envolvam
temas como educação ambiental, em trabalhos de levantamentos faunísticos de uma área de interesse,
entre outros.

6.7 Atuação em educação, pesquisa e extensão

Educação, pesquisa e extensão são as áreas de atuação mais procuradas pela maioria dos biólogos,
uma vez que a própria formação acadêmica direciona para tais atividades. Uma mudança de paradigma
já está acontecendo e essa realidade começa a mudar, com a demanda cada vez maior por serviços cuja
competência de oferta é da área da biologia.

O perfil investigativo inerente aos profissionais da área faz com que tenhamos cada vez mais biólogos
alocados em programas de mestrado e doutorado, tanto acadêmicos, quanto profissionalizantes.
A pesquisa divide-se em básica – responsável pela geração de conhecimento – e aplicada – responsável pela
aplicação dos conhecimentos gerados. Embora a pesquisa aplicada se sobressaia no cenário acadêmico,
sem os conhecimentos obtidos na pesquisa básica, ela torna-se praticamente inviável. Pesquisas são
necessárias para movimentar o mercado de empreendedorismo em biologia. Questionamentos e ideias
nascem de boas observações e descobertas inéditas.

Embora a maioria dos pesquisadores brasileiros estejam dentro das universidades, é possível
empreender na área da pesquisa. Em muitos países desenvolvidos, as atividades de pesquisa
são terceirizadas por empresas que recrutam os profissionais qualificados, montam as equipes
multidisciplinares e, assim, a pesquisa e oferta de serviços e produtos acontecem. No Brasil, existem
inúmeras empresas montadas por biólogos terceirizando seus serviços e produtos, e como as demandas
tendem a aumentar, essa é uma das áreas promissoras dentro da biologia.

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Observação

Pense no futuro e inove! Pesquise constantemente tendências


em negócios relacionados à biologia. Com a possibilidade de 88 áreas
de atuação, muitos produtos e serviços serão implementados para
atender a essa demanda.

6.8 Ideias de negócios e atuação do biólogo em biodiversidade e meio ambiente

A área de atuação do biólogo em meio ambiente e diversidade é a que possui um maior número de
subáreas, o que significa, também, maiores possibilidades de empreender. Essa área reúne atividades
de gestão e produção de espécies silvestres envolvidas na alimentação humana; manejo de espécies
nativas e exóticas; recuperação de áreas degradadas; monitoramento de espécies animais e vegetais
em seus habitats; controle de vetores e pragas; gestão de uma infinidade de recursos; fiscalização
e auditorias; inventário e manejo de muitas espécies; saneamento ambiental; ecodesign; ecoturismo,
entre tantas outras subáreas, não menos importantes. Atualmente, o biólogo atua na esfera de meio
ambiente e diversidade, nas seguintes subáreas:

• aquicultura: gestão e produção;

• arborização urbana;

• auditoria ambiental;

• bioespeleologia;

• bioética;

• bioinformática;

• biomonitoramento;

• biorremediação;

• controle de vetores e pragas;

• curadoria e gestão de coleções biológicas, científicas e didáticas;

• desenvolvimento, produção e comercialização de materiais, equipamentos e kits biológicos;

• diagnóstico, controle e monitoramento ambiental;

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• ecodesign;

• ecoturismo;

• educação ambiental;

• fiscalização/vigilância ambiental;

• gestão ambiental; gestão de bancos de germoplasma; gestão de biotérios; gestão de jardins


botânicos; gestão de jardins zoológicos; gestão de museus; gestão da qualidade; gestão de
recursos hídricos e bacias hidrográficas; gestão de recursos pesqueiros; gestão e tratamento
de efluentes e resíduos; gestão, controle e monitoramento em ecotoxicologia;

• inventário, manejo e produção de espécies da flora nativa e exótica; inventário, manejo


e produção de espécies da fauna silvestre nativa e exótica; inventário, manejo, produção e
comercialização de fungos;

• inventário, manejo e comercialização de microrganismos;

• inventário, manejo e conservação de ecossistemas aquáticos: límnicos, estuarinos e marinhos; inventário,


manejo e conservação do patrimônio fossilífero; inventário, manejo e conservação da fauna;
inventário, manejo e conservação da vegetação e da flora;

• licenciamento ambiental;

• mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL);

• microbiologia ambiental;

• mudanças climáticas;

• paisagismo;

• perícia forense ambiental/biologia forense;

• planejamento, criação e gestão de unidades de conservação (UC)/áreas protegidas;

• responsabilidade socioambiental;

• restauração/recuperação de áreas degradadas e contaminadas;

• saneamento ambiental;

• treinamento e ensino na área de meio ambiente e biodiversidade.


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No Brasil atual, a degradação ambiental tem sido cada vez maior em virtude do crescimento
populacional e da crescente demanda por produtos industrializados e in natura, dentre eles, os produtos
alimentícios. Quase que diariamente, a degradação de áreas naturais aumenta, com vistas à ampliação
de extração de matéria-prima para ser comercializada e implementação de áreas de pastagens e
agricultura. Alguns biomas encontram-se em estado crítico na perda de área e de biodiversidade –
considerando as espécies nativas de plantas e animais, e também a poluição ambiental.

Dentre os biomas com maiores índices de degradação ambiental temos o Cerrado e a Mata Atlântica,
considerados hotspots mundiais de biodiversidade. A retirada da vegetação nativa das regiões de
cerrado tem ocorrido visando à ampliação das áreas agricultáveis e à criação de gado, uma vez que seu
relevo favorece tais atividades; a região de mata atlântica tem sido destruída principalmente em função
da exploração da madeira e ocupação populacional. Na sequência, temos o bioma amazônico, cuja
exploração tem-se intensificado nos últimos anos, em função do desmatamento, produção de alimentos
e mineração.

Os biomas Caatinga e Pampas também têm sido explorados tanto para retirada de madeira, quanto
para pecuária ostensiva, respectivamente. Esses dois últimos já apresentam sinais de desertificação
em função da retirada excessiva da vegetação nativa, o que causa mudanças climáticas locais, com
consequentes alterações no solo. O bioma Pantanal também tem passado pelo processo de perda de
biodiversidade, entretanto, com a inundação constante de suas planícies, a ocupação humana torna-se
mais difícil, o que, de certa maneira, ainda o mantém em maior grau de preservação.

Nesse cenário, faz-se necessária a criação de mecanismos de sustentabilidade que minimizem os


impactos causados, reduzam e recuperem as áreas degradadas. Diante de subáreas de atuação tão
diversificadas, acredita-se que aqui esteja o maior potencial de ofertas de produtos e serviços para
empreender na área da biologia. A seguir, serão apresentadas algumas ideias de empreendedorismo,
para quem tiver paixão por trabalhar na área de meio ambiente e diversidade.

6.8.1 Desenvolvimento de aplicativos e kits biológicos

O desenvolvimento de produtos como aplicativos e kits biológicos pode significar uma boa fonte
de renda. Quando o assunto é aplicativo, juntamente com um profissional da área de informática, é
possível desenvolver programas de identificação de plantas de um determinado bioma, a partir de
imagens feitas do próprio celular. Seguindo ainda essa tecnologia de aquisição de imagens, dá para
promover a identificação de formas e estádios larvais de insetos causadores de doenças, bem como
realizar levantamentos faunísticos a partir de imagens de avistamentos de animais e possibilitar a
marcação de coordenadas geográficas. Essas são algumas ideias possíveis de serem desenvolvidas
com as tecnologias disponíveis. Na área da educação pode-se desenvolver aplicativos que
permitam o aprendizado de crianças, inclusive as que possuem necessidades especiais e apresentem
comprometimento de aprendizagem.

Sobre os kits biológicos, algumas ideias interessantes são: a produção de material didático, para serem
utilizados em atividades de educação ambiental; produção de kits de estiletes para serem utilizados na
dissecação e remoção de estruturas de animais pequenos; produção de kits de animais e suas estruturas
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internas em impressoras 3D; kits biológicos retratando o ciclo da água, do carbono, as eras geológicas, as
estruturas reprodutivas de plantas e animais, entre outros. Dependendo da qualidade dos kits, o material
poderá ser oferecido para escolas e universidades, públicas e particulares.

6.8.2 Responsabilidade socioambiental e fiscalização e vigilância ambiental

A responsabilidade socioambiental é uma tendência atual na área de empreendedorismo para


biólogos. Atualmente, muitas empresas têm se preocupado com os impactos ambientais que geram e,
desta forma, preocupam-se em contratarem profissionais habilitados que sejam capazes de desenvolver
projetos de sustentabilidade para minimizar esses impactos. Esse tipo de consciência socioambiental
gera visibilidade para as empresas, uma vez que utilizam tais ações como recursos de marketing, atraindo
a atenção de um público cada vez maior. Existem muitas opções de cursos que preparam o biólogo que
tiver interesse em trabalhar nessa área.

O profissional interessado em trabalhar na área de fiscalização e vigilância ambiental pode atuar


em parceria com prefeituras e secretarias de meio ambiente, no sentido de oferecer tais serviços.
A fiscalização pode ser realizada em vários estabelecimentos, cujas atividades possam significar algum
tipo de risco ambiental. Alguns exemplos que podem ser citados: postos de combustíveis; frigoríficos;
assentamentos; propriedades rurais, no que tange à preservação das áreas de proteção permanente (APPs)
e reserva legal; construção de pontes e barragens, entre outros. O biólogo pode atuar na fiscalização de
estabelecimentos já existentes e em vias de instalação, oferecendo informações que possam solucionar
os problemas. Tal atuação permite notificar as irregularidades observadas.

6.8.3 Licenciamento ambiental e recuperação de áreas degradadas

O licenciamento ambiental é uma ferramenta de gestão pública que visa garantir o controle das
atividades humanas capazes de causar modificação no meio ambiente. É necessário para a realização
de atividades empreendedoras tanto na zona urbana quanto rural, sendo a presença do biólogo
relevante no processo. Possui etapas distintas, que requerem diferentes tipos de licenças – licença prévia,
licença de instalação e licença de operação. Tais etapas devem ser seguidas rigorosamente para que o
empreendedor não seja multado nem as obras embargadas.

Atividades empreendedoras podem ser entendidas como atividades capazes de alterar o meio
ambiente, seja com a retirada de vegetação nativa ou não. De acordo com o Ministério do
Meio Ambiente (MMA), as atividades podem ser definidas em categorias, a saber: mineração, indústrias,
obras civis, transportes, empreendimentos turísticos e de lazer, agricultura, florestas, caça e pesca,
entre outras. O biólogo pode atuar como prestador de serviços, de acordo com seu conhecimento,
tanto na esfera particular, atendendo empresas que irão iniciar os processos, realizando os estudos,
elaborando relatórios de impacto ambiental, dando entrada e acompanhando as licenças, quanto na
esfera governamental, atuando nos processos de fiscalização das propriedades que estão desenvolvendo
algumas das atividades aqui relatadas.

Se a intenção do profissional de biologia for atuar na recuperação de áreas degradadas, com o


cadastro ambiental rural (CAR) em pleno funcionamento, sua atuação será intensa e importante, para
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garantir que os proprietários rurais recuperem essas áreas. Neste caso, o profissional também poderá
atuar na fiscalização ou em projetos de recuperação. Os projetos de recuperação são importantes, pois
podem orientar os clientes no plantio de espécies nativas e também na exploração sustentável e rentável
de recursos naturais disponíveis, por exemplo, a produção de mel, produção de frutas nativas para
utilização na confecção e comercialização de doces e geleias, entre outras. Cartilhas informativas podem
ser obtidas em empresas como a Embrapa, que realiza pesquisas com o intuito de melhorar a tecnologia de
produção de alimentos e encontrar soluções viáveis para o agricultor, com comprometimento ambiental.

6.8.4 Educação ambiental e ecoturismo

A educação ambiental é uma importante ferramenta de conscientização dos danos causados ao meio
ambiente e nas ações de mitigação e recuperação. É a subárea da biologia responsável pela conscientização
de jovens e adultos sobre a necessidade de preservação dos recursos naturais e por apresentar soluções de
uso sustentável dos mesmos. Entender a dinâmica de funcionamento e recuperação da natureza, bem
como orientar indivíduos a respeito dessa dinâmica, é o papel do educador ambiental.

Com o avanço tecnológico atual, as pessoas estão cada vez mais conectadas com a tecnologia
e distantes da natureza. As vivências realizadas nas atividades práticas de educação ambiental são
necessárias para despertar nos indivíduos a consciência ecológica para preservar o planeta e garantir a
existência de todas as espécies. Para o biólogo que deseja empreender na área de educação ambiental,
seria interessante a oferta de palestras, realização de oficinas de produção de objetos a partir de material
reciclado, vivências ministradas em acampamentos dentro de reservas naturais, atividades de plantio
de árvores em áreas urbanas com um apelo ecológico, observação e explicação do comportamento dos
animais em seus habitats, entre outros. Os serviços podem ser oferecidos para escolas particulares, e
parcerias podem ser feitas com prefeituras de cidades do interior para a realização das atividades em
escolas públicas.

Atividades de ecoturismo também podem ser realizadas por biólogos e podem ser utilizadas,
inclusive, para conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente. Todas as regiões
do Brasil possuem áreas ricas em biodiversidade e podem ser exploradas para o ecoturismo. Hotéis
fazenda; parques nacionais com cursos d’água como cachoeiras, corredeiras, rios e lagos; regiões ricas
em formações rochosas e cavernas; barreiras de corais; cidades históricas; sítios arqueológicos; turismo
gastronômico, entre tantos outros tesouros naturais, são exemplos de atividades onde os biólogos podem
atuar, principalmente como guias de ecoturismo. Os turistas possuem interesse na história natural e
cultural desses locais e pagam bem para conhecê-los e praticarem esportes radicais com diferentes
graus de dificuldade.

6.8.5 Paisagismo

A atuação do biólogo na subárea de paisagismo é relativamente nova, regulamentada pela


Resolução n. 449/2017. Por ser uma atividade recente, poucos profissionais atuam na área.
As possibilidades são amplas e preveem a elaboração e execução de projetos de arborização de cidades,
parques, praças e demais espaços urbanos. Com o conhecimento em botânica, é possível montar viveiros
e produzir mudas para serem comercializadas e utilizadas em projetos de urbanização. Pode-se, nos
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projetos executados em parceria com prefeituras, oferecer a possibilidade de construção de pomares nas
áreas verdes destinadas ao lazer da população. Além da oferta de frutas e sombra, essa área de atuação
permite também tornar as cidades mais verdes e bonitas, contribuindo para minimizar a poluição e os
efeitos das altas temperaturas nos centros urbanos.

Uma possibilidade inovadora de empreendedorismo para o biólogo é o cultivo e seleção de plantas


para montagem de vasos e terrários. Cactos e suculentas de todas as espécies possuem um alto valor
agregado quando combinados em terrários ou vasos delicados e prontos para serem comercializados –
valorizando a decoração de residências e escritórios, além de ser uma ótima opção para presentear.

A) B)

Figura 16 – Plantas ornamentais cultivadas para decoração de interiores e exteriores

6.8.6 Perícia forense ambiental e biologia forense

Regulamentada pelo Parecer CFBio 24/2010, essa subárea de atuação pressupõe a atuação do
biólogo na elaboração de políticas públicas capazes de minimizar os crimes ambientais, bem como
utilizar suas habilidades e conhecimento para atuar em cenas de crimes, identificando espécies de
plantas, animais, fungos e demais microrganismos, autóctones ou alóctones, presentes nestes locais.
Trata-se de uma área de atuação que depende de conhecimento científico e dedicação. A prestação de
serviços de perícia criminal poderá ser realizada em atividades como caça e pesca ilegal, comercialização
de fauna e flora silvestres, desmatamento ilegal, poluição hídrica, do solo ou atmosférica, identificação de
danos urbanos causados por insetos, treinamentos e formação de recursos humanos. Tais atividades
investigativas podem ser desenvolvidas no âmbito municipal, estadual ou federal, envolvendo coleta em
campo e análise laboratorial de dados relacionados aos crimes ambientais.

6.8.7 Gestão e tratamento de efluentes e resíduos

A falta de saneamento básico ainda é responsável por um considerável número de atendimentos


hospitalares pediátricos. Esse número é menor nos grandes centros urbanos, mas aumenta à medida
que nos aproximamos das periferias e cidades do interior. Efluentes e resíduos descartados de forma
inadequada causam a contaminação dos cursos de água e o aparecimento de insetos e demais espécies
de animais associados à transmissão de doenças. Nesse contexto, a gestão adequada e o tratamento
dos efluentes e resíduos auxiliam na manutenção da qualidade de vida dos humanos e animais, na

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qualidade das reservas de águas subterrâneas e na diminuição dos atendimentos hospitalares. Se o


biólogo deseja empreender nessa subárea, ele pode fazê-lo oferecendo consultoria, assessoria, cursos
ou palestras sobre a importância do tratamento dos efluentes e resíduos e do descarte do lixo em locais
adequados. Como muitos gestores políticos não possuem conhecimento técnico adequado para lidar
com o assunto, essas parcerias podem ser realizadas com a prefeitura local, com as secretarias de saúde
ou demais órgãos responsáveis.

Figura 17 – Negligência humana com a gestão de resíduos e efluentes

Observação

As oportunidades de empreender nas subáreas de atuação do biólogo


em meio ambiente e biodiversidade são ilimitadas. Além dos exemplos
sugeridos, muitas outras ideias podem surgir. Lembre-se: você não alcançará
o sucesso na área de empreendedorismo apenas pelo ótimo currículo que
possui, mas pelas ideias brilhantes capazes de solucionar problemas.

6.9 Ideias de negócios e atuação do biólogo em saúde

O exercício da profissão do biólogo foi regulamentado pela Lei n. 6.684/79 e também pelo
Decreto n. 88.438/83. Desde então, várias normativas que tratam da atuação do profissional biólogo na
área da saúde foram implementadas. A Resolução 287/98 do Conselho Nacional de Saúde reconheceu
a atuação do biólogo, bem como sua integração aos profissionais de saúde. Atualmente o biólogo atua
na esfera da saúde, nas seguintes subáreas:

• aconselhamento genético;

• análises citogenéticas, análises citopatológicas, análises histopatológicas, análises de


histocompatibilidade, análises clínicas;

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INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

• análises e diagnósticos biomoleculares;

• análises, bioensaios e testes em animais;

• análises, processos e pesquisas em banco de leite humano; análises, processos e pesquisas em


banco de órgãos e tecidos; análises, processos e pesquisas em banco de sangue e hemoderivados;
análises, processos e pesquisas em banco de sêmen, óvulos e embriões;

• bioética;

• controle de vetores e pragas;

• desenvolvimento, produção e comercialização de materiais, equipamentos e kits biológicos;

• gestão da qualidade, de bancos de células e material genético;

• perícia e biologia forense;

• reprodução humana assistida;

• saneamento;

• saúde pública/fiscalização sanitária, saúde pública/vigilância ambiental, saúde pública/vigilância


epidemiológica, saúde pública/vigilância sanitária;

• terapia gênica e celular;

• treinamento e ensino na área de saúde.

No Brasil, o investimento insuficiente em saneamento básico permite que as epidemias aumentem,


comprometendo a saúde da população. A proliferação de insetos e microrganismos causadores
de doenças demanda ações de controle conhecidas e executadas pelo biólogo, que atua nas áreas de
saúde pública, fiscalização e vigilância. O conhecimento acerca da biologia dos organismos que causam
as doenças, que permitirá o controle efetivo dos mesmos, é objeto de estudo dos biólogos. Neste
contexto, a atuação do biólogo é de suma importância, uma vez que o profissional atua na área de
pesquisa, trabalhando incessantemente para descobrir os mecanismos de transmissão, a biologia dos
agentes causadores, assim como o tratamento e a cura para as doenças.

Nas demais subáreas da saúde, a contribuição do biólogo também é notável. Todos os tipos de análises
envolvendo material biológico; contribuições na área de reprodução humana, animal e de plantas –
manutenção de material genético preservado em bancos de células; produção e comercialização de
produtos biológicos, kits e equipamentos; realização de perícias; realização de pesquisas e aplicação
de técnicas em terapias gênicas, entre outras atividades, fazem parte do portfólio de atuação e

65
Unidade II

responsabilidade do biólogo que trabalha na área da saúde. Desta forma, a cooperação entre biólogos e
demais profissionais da saúde visa garantir uma melhor qualidade de vida para a população.

Ao observar todas essas áreas de atuação, surgem os questionamentos relacionados às oportunidades


de empreender em um universo tão amplo. Acredita-se que a partir desses questionamentos surgirão as
ideias para as próximas oportunidades de empreender, além das que já existem no mercado, ofertando
cada vez mais serviços e produtos com alta especificidade.

Apresentaremos aqui algumas ideias de negócios para biólogos na área da saúde, para que o futuro
profissional consiga vislumbrar possibilidades e, a partir delas, seguir em busca de novas concepções.

6.9.1 Análises clínicas, citopatológicas, histopatológicas e de histocompatibilidade

Com um plano de negócios bem estruturado, é possível empreender na área através da abertura de
um laboratório para oferecer os serviços de realização de exames, envolvendo análises simples e análises
complexas. A parte de análises clínicas envolve a realização de inúmeros tipos de exames que podem
ser realizados a partir do sangue, da urina e das fezes dos indivíduos, desde contagem de células até as
análises bioquímicas. Neste caso, pode-se pensar em oferecer alguns exames com baixo custo, para que
a população de baixa renda possa se beneficiar.

Os exames citopatológicos relacionam-se com a observação, análise e descrição de células de forma


isolada, inclusive aquelas encontradas em locais distantes de seu tecido de origem. São exames cujos
resultados são rápidos e fáceis de realizar. O mais conhecido é o papanicolau, realizado em mulheres
para detectar alterações nas células do colo do útero.

Em análises histopatológicas, procede-se com a análise do tecido, em busca das alterações/lesões


e suas possíveis causas. Neste caso, observa-se o tecido como um todo, observando o comportamento
das células ali presentes.

No caso de análises de histocompatibilidade, consideram-se análises de tipificação de antígeno


leucocitário humano (HLA) e pesquisa de anticorpos HLA, que permitem a seleção de doadores e
receptores ideais para transplantes de órgãos sólidos e células-tronco hematopoiéticas e, ainda, o
monitoramento pós-transplante, por análise de microsatélites. É possível, neste caso, montar um banco
de doadores e outro de receptores. Seria interessante que essa parceria envolvesse profissionais de outras
áreas da saúde. É um tipo de serviço que pode ser terceirizado e oferecido para entidades particulares
ou públicas (SUS). Os serviços a serem oferecidos dependerão da complexidade do empreendimento, ou
seja, da estrutura do laboratório montado, bem como dos profissionais envolvidos.

6.9.2 Análises citogenéticas, análise de DNA e aconselhamento genético

Na área da genética é possível atuar desenvolvendo análises citogenéticas, que a partir da análise
do cariótipo, representado pelo conjunto dos cromossomos humanos, permitem detectar alterações
estruturais e numéricas, possibilitando a detecção de doenças preexistentes e podendo ser utilizadas
como ferramentas para aconselhamento genético.
66
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Os exames de análise de DNA permitem estabelecer as relações genéticas de parentesco. O mais


comumente realizado é o teste de paternidade por análise de DNA, que pode ser realizado pelo pai
e o suposto filho (DUO); pela mãe, o pai e o filho (TRIO) ou, ainda, em caso de pai falecido, de uma
forma mais complexa envolvendo um número maior de parentes próximos. O exame de DNA pode ser
realizado em gestantes – DNA pré-natal convencional ou não invasivo. Dependendo do tipo de análise
a ser realizada, faz-se necessário, além do biólogo capacitado, uma equipe médica para realizar com
segurança a coleta das amostras de material biológico – líquido amniótico, tecido placentário, sangue,
saliva (esfregaço bucal), fios de cabelo (com bulbo).

Caso a área pretendida seja a genética, mas não envolva análises laboratoriais, outra possibilidade é
o aconselhamento genético, que envolve muito conhecimento e aprofundamento na área da genética,
podendo ser realizado pelo profissional médico ou biólogo. Trata-se de um trabalho de conscientização
ao detectar, a partir da análise do histórico familiar para uma determinada doença genética e montagem
de um heredograma, a probabilidade de um casal vir a ter filhos com doenças genéticas hereditárias.
No caso de trabalhar com aconselhamento genético, seria interessante montar uma equipe multidisciplinar
formada por biólogos, médicos e psicólogos e, assim, oferecer o serviço completo de acompanhamento
ao paciente.

Figura 18 – Manipulação de sangue Figura 19 – Molécula de DNA: bases da hereditariedade

6.9.3 Reprodução

Ainda são escassos os centros que trabalham gratuitamente com reprodução humana assistida no
país. Nesse contexto, o biólogo especializado em embriologia pode empreender nessa área e montar um
centro de reprodução humana. Uma equipe multidisciplinar, com a presença de médicos e biomédicos
especializados em reprodução, seria a parceria ideal para o empreendimento. Como embriologista,
o biólogo poderia se ocupar de fazer testes de viabilidade de espermatozoides e óvulos; investigar,
através de exames laboratoriais, as causas de infertilidade dos pacientes; atuar na preparação de meios
de cultura para manutenção e desenvolvimento de células reprodutivas; além de participar de outros
procedimentos realizados pela equipe multidisciplinar.

67
Unidade II

Vários destes procedimentos podem ser realizados pelo biólogo, juntamente com médicos veterinários,
em reprodução animal e técnicas de melhoramento genético. Tais atividades podem envolver testes de
viabilidade de células reprodutivas; testes envolvendo a especificidade de soluções criopreservadoras
para células reprodutivas de diferentes animais; inseminação artificial; manutenção de bancos de
germoplasma animal, entre outros.

6.9.4 Saúde pública, vigilância sanitária e vigilância epidemiológica

Nas subáreas em questão, é possível oferecer, para prefeituras de cidades do interior ou mesmo para
secretarias de saúde, pacotes de serviços que envolvam consultoria (cursos, palestras, treinamentos)
sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), sobre as doenças mais comuns causadas por parasitas e demais
microrganismos; doenças mais comuns da região e seus vetores, além do controle de vetores e epidemias,
com o intuito de melhorar a qualidade de vida das pessoas e minimizar os riscos de doenças.

É importante ressaltar, no momento da oferta dos serviços, que com a população bem informada é
possível reduzir o número de casos de doenças e os gastos com internações e medicamentos. Em outras
palavras, os custos com a prevenção são menores do que os custos com o tratamento. As palestras
de conscientização poderão ser realizadas para públicos-alvos diferentes, necessitando apenas de
adequação do vocabulário utilizado – para atender crianças em idade escolar, população em geral, ou,
ainda, técnicos da área da saúde.

6.9.5 Controle de vetores e pragas

Área de comprovada relevância, pouca oferta e grande demanda de profissionais especializados


nos dias atuais. Com a destruição das áreas de florestas nativas, consideradas habitats naturais dos
insetos, para implementação de lavouras, áreas de pastagens e áreas urbanas, tais organismos estão
migrando para as áreas cultivadas e para as áreas habitadas. Muitas espécies estão relacionadas à
transmissão de doenças – representando riscos à saúde, enquanto outras causam perdas econômicas
consideráveis em seus novos habitats.

Nesse contexto, algumas empresas desenvolvem pesquisas no sentido de controlar as pragas das
lavouras e algumas pragas sinantrópicas, como é o caso da Embrapa, universidades federais e algumas
poucas empresas privadas. No caso das universidades, muitas delas possuem incubadoras tecnológicas
para auxiliar os biólogos interessados em atuar na área, que é considerada promissora.

6.9.6 Montagem de kits biológicos

Caracteriza-se pela oferta de produtos. A montagem de kits biológicos pode ser pensada para várias
subáreas na saúde. São exemplos: confecção de lâminas histológicas, reprodução de peças anatômicas
de órgãos saudáveis e acometidos por determinadas patologias, para atender ao segmento de educação;
confecção de kits para coleta de material biológico, placas com meios de cultura diferenciados para serem
comercializados para laboratórios de análises; montagem de cartilhas informativas; coleções, maquetes
e réplicas de insetos e parasitas causadores de doenças para educação da população, entre outros.

68
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Uma dica importante para quem deseja empreender na área da biologia, independentemente do
serviço ou produto a ser oferecido, diz respeito à utilização dos meios de comunicação. Além dos meios
tradicionais e mídias sociais, uma estratégia de marketing que faz diferença é visitar os estabelecimentos
como clínicas, complexos hospitalares, centros de saúde públicos ou privados para tentar uma parceria
no sentido de que tais estabelecimentos se interessem por terceirizar os serviços ofertados aos pacientes.
Munidos de muita gentileza e conhecimento científico e técnico, será fácil conquistar a confiança dos
empresários e garantir a clientela. Outra estratégia a se pensar seria convidar os gestores das empresas
de interesse para conhecerem o empreendimento recém-montado, com toda a documentação exigida
aprovada pelos órgãos de fiscalização.

A) B)

Figura 20 – Kits biológicos: A) coleção de insetos e B) coleção de fungos cultivados em diferentes meios de cultura

Lembrete

Atuando como biólogo, você pode produzir kits biológicos e


comercializá-los para serem utilizados na rede de ensino de uma forma
geral – escolas, faculdades; podem ser comercializados para entidades que
trabalhem com programas de educação ambiental; podem ser utilizados
para exposição em museus; em programas de educação ambiental
itinerantes, para atender a demandas de populações de cidades mais
distantes dos grandes centros, entre outros.

Algumas ideias de kits biológicos: coleção de lâminas histológicas


didáticas, coleções de insetos, fungos e bactérias, tanto para fins didáticos
como para coleções de referências em museus e universidades.

Algumas dessas coleções demandam registros em órgãos específicos e


autorizações para realização de coletas. Fique sempre atento à legislação.

69
Unidade II

6.10 Ideias de negócios e atuação do biólogo em biotecnologia e produção

Regulamentada pela Resolução n. 517/2019 do Conselho Federal de Biologia, a atuação do


biólogo em biotecnologia e produção é definida como “profissional legal e tecnicamente habilitado
com atribuições para atuar em biotecnologia e produção”, podendo desenvolver atividades e
empreendimentos a fim de atender a interesses humanos, econômicos e socioambientais.

Com base nessa resolução, o biólogo tem sua área de atuação ampliada, permitindo desenvolver as
seguintes atividades: coordenar, supervisionar ou compor equipes multidisciplinares de estudos, projetos
ou pesquisas; realizar inspeções, auditorias, perícias e emissão de laudos técnicos e pareceres, incluindo
aspectos de bioética, biossegurança e biosseguridade; desenvolver e registrar patentes sobre produtos e
processos biotecnológicos; auxiliar no desenvolvimento e utilização de ferramentas de bioinformática;
desenvolver e manter bancos de microrganismos e de material genético – células vegetais e animais;
utilizar nanobiologia; realizar análises hemoterápicas, físico-químicas, bromatológicas, microbiológicas ou
toxicológicas em amostras humanas ou de animais; produzir mudas e sementes mediante técnicas
tradicionais e modernas; permite, ainda, atuar como responsável técnico em projetos de biotecnologia
e produção, entre outras atividades.

As subáreas de atuação em biotecnologia e produção, que darão suporte a ideias inovadoras para
empreender, são as seguintes:

• biodegradação;

• bioética;

• bioinformática;

• biologia molecular;

• bioprospecção;

• biorremediação;

• biossegurança;

• cultura de células e tecidos;

• desenvolvimento e produção de organismos geneticamente modificados (OGMs);

• desenvolvimento, produção e comercialização de materiais, equipamentos e kits biológicos;

• engenharia genética/bioengenharia;

• gestão da qualidade;
70
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

• melhoramento genético;

• perícia/biologia forense;

• processos biológicos de fermentação e transformação;

• treinamento e ensino em biotecnologia e produção.

A biotecnologia teve início nos processos fermentativos, provocados pela presença de microrganismos.
A produção de bebidas alcóolicas a partir de grãos de cereais já era conhecida pelos sumérios e
babilônios antes de 6000 a.C. Por volta de 2000 a.C., os egípcios já utilizavam o fermento para produzir
cerveja e pães. A biotecnologia está presente em todas as nossas atividades diárias, sendo empregada na
produção dos alimentos, na criação de produtos biodegradáveis, medicamentos biosensores, produção
de antibióticos, imunobióticos, fertilizantes, entre outros. Se a intenção for empreender no ramo da
biotecnologia, veja a seguir algumas possibilidades.

6.10.1 Biodegradação e biorremediação

O processo de biodegradação consiste na utilização de organismos vivos para promover ou acelerar


a ciclagem de nutrientes ou resíduos, eliminando-os do meio ambiente. A ciclagem é de extrema
importância, uma vez que previne a deposição de material e a consequente poluição do meio ambiente.
Alguns produtos, como o petróleo e seus derivados, por exemplo, podem levar milhões de anos para
serem degradados, quando eliminados no ambiente.

Dentre os organismos conhecidos que participam de processos de biodegradação, podemos citar


as bactérias, fungos, algas, artrópodes, entre outros. São conhecidos bactérias e fungos que possuem
enzimas com capacidade para degradar plásticos – garrafas descartáveis tipo PET; bactérias capazes de
degradar moléculas de gordura – sendo utilizadas em tratamentos de esgotos; outras espécies degradam
componentes do nylon – tecido sintético; microrganismos que agem em processos de compostagem –
produzindo adubo orgânico, entre outros.

A subárea de biodegradação permite que o biólogo atue como empreendedor buscando


oportunidades na produção em larga escala de microrganismos que possam ser comercializados com
o intuito de atuarem em processos de decomposição – como é o caso de bactérias que degradam
gorduras em esgotos de cozinha. Outra possibilidade seria explorar potencialidades biotecnológicas
existentes em muitos produtos orgânicos, podendo ser transformados em produtos biodegradáveis
que substituam a utilização de produtos plásticos e seus derivados.

A biorremediação baseia-se no processo de utilização dos organismos capazes de participar dos


processos de biodegradação – citados nos parágrafos anteriores, para minimizar e remediar os efeitos
da poluição ambiental. Em outras palavras, seria a aplicação das técnicas e produtos com poder de
biodegradação em seus respectivos substratos, tratando o meio ambiente e livrando-o da poluição.

71
Unidade II

O Brasil possui milhões de propriedades rurais que utilizam agrotóxicos à base de produtos
organoclorados e organofosforados, proibidos em outros países há décadas. Esses produtos são altamente
poluidores, levando à perda de muitas espécies de organismos benéficos às lavouras, e causando prejuízos
à saúde do homem e dos demais animais. Seria interessante que fossem descobertos microrganismos, ou
mesmo plantas, com potencial de neutralizar a ação desses produtos no meio ambiente.

Nesse contexto, são necessários profissionais da área da biologia interessados em realizar as


pesquisas. Para tal, poderiam ser fechadas parcerias com centros de pesquisas, incubadoras tecnológicas
e, ainda, especialistas que atuem na área de biorremediação. Os aspectos positivos das descobertas
poderiam auxiliar na eliminação da contaminação do meio ambiente – solo, ar e cursos d’água, bem
como serem negociados com fazendeiros e entidades públicas. Outra maneira de empreender na área
de biorremediação é oferecer os produtos e serviços já existentes na recuperação de áreas degradadas.

6.10.2 Processos biológicos de fermentação e transformação

Trata-se de uma área em expansão que permite produzir bebidas fermentadas utilizando
a biodiversidade brasileira. Com tantas frutas nativas de aroma e sabor exóticos, presentes nos diferentes
biomas, pode-se produzir bebidas que agradem a todos os paladares. Essas bebidas podem ser ofertadas
em forma de sucos naturais, representando uma opção para o público que não consome bebidas alcóolicas,
ou refrigerantes, e podem ser comercializadas em restaurantes, bares e até mesmo em academias.

Outra possibilidade é a produção de bebidas alcóolicas fermentadas. A produção de vinhos, cervejas e


licores utilizando frutas regionais, além de valorizar a diversidade de espécies nativas, pode proporcionar
um retorno financeiro satisfatório. O Cerrado brasileiro é o detentor de uma infinidade de frutas nativas,
com sabores e aromas exóticos, que podem ter seu potencial aproveitado em projetos realizados por
biólogos ávidos por empreender na área de alimentos.

A) B)

C) D)

Figura 21 – Frutas tropicais: A) tamarindo, B) pitanga, C) mangaba e D) caju

72
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

6.10.3 Biossegurança

A atuação na subárea de biossegurança é definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.
O termo biossegurança pode ser definido como “o conjunto de ações voltadas para a prevenção,
minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino,
desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, a
preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados”.

Os laboratórios trabalham com diferentes níveis de biossegurança, dependendo do material biológico


presente na rotina de cada um deles. Tais materiais biológicos podem ser letais ao ponto de causarem
patologias como: a doença de Marbug, a raiva, as febres hemorrágicas (causadas por vírus); patologias
bacterianas igualmente letais causadas pelas bactérias: Acinetobacter, Pseudomonas e algumas
Enterobacteriaceae, entre outras de alta letalidade. Além dos laboratórios que trabalham com patologias
letais, existem laboratórios multidisciplinares utilizados para experimentos com microrganismos que
não oferecem riscos à saúde humana. Dependendo do nível de biossegurança, tanto os laboratórios
quanto os pesquisadores e funcionários de apoio devem seguir as regras de proteção determinadas, para
garantir a minimização de riscos de acidentes que levem ao desenvolvimento de doenças ou, ainda, à
morte por contaminação.

Nesse contexto, o biólogo está capacitado para atuar realizando serviços de assessoria e consultoria,
oferecendo palestras, cursos e oficinas para empresas e instituições de ensino, no sentido de alertar o
público-alvo sobre a importância do cumprimento das normas e os perigos que o descumprimento das
mesmas pode acarretar.

A) B)

Figura 22 – Laboratórios de pesquisa com diferentes níveis de biossegurança

Além das ideias de empreender na área de biotecnologia e produção apresentadas, muitas são as
oportunidades para quem busca a independência financeira trabalhando em um empreendimento
próprio. Na subárea de produção de alimentos, é possível trabalhar com criação e comercialização de
peixes e outros crustáceos, acompanhando todo o desenvolvimento dos animais em ambiente controlado
e com a máxima qualidade. Na subárea de biologia molecular, observa-se possibilidades importantes
de empreender, pesquisando por microrganismos capazes de controlar espécies de plantas invasoras.

73
Unidade II

Muitas são as oportunidades de empreender nessa área, dependendo da criatividade do profissional e


das ideias novas que forem surgindo pela necessidade humana de novos serviços.

Saiba mais

Para aprofundar os conhecimentos sobre normas de biossegurança, a


primeira publicação brasileira que aborda de maneira completa a história
das revoluções sanitárias, o desenvolvimento de conhecimentos sobre
transmissão, contágio e prevenção de doenças, questões atuais relacionadas
às descobertas científicas e tecnológicas, implementação de mapas de
riscos, segurança em biotérios, ergonomia e biossegurança em laboratórios,
política de biossegurança, biotecnologia e doenças emergentes, confira a
publicação a seguir:

LESSA, D. Biossegurança, o que é? Fiocruz, 28 maio 2014. Disponível em:


https://bit.ly/2OKl2G7. Acesso em: 10 dez. 2019.

6.11 Startups

Startups, também conhecidas como upstart, significa pessoa ou atividade que obteve sucesso
recentemente, sem se importar com as formas tradicionais de realizar as coisas ou, também, subir na
vida, se destacando em uma área ou atividade. Para ser considerada uma startup, o empreendimento
deve possuir características que assegurem classificá-lo como formado por um grupo de pessoas à
procura de um modelo de negócio que permita que as atividades sejam repetidas – um mesmo serviço
seja entregue por um número ilimitado de vezes; que aconteça num cenário de incertezas onde não se
pode afirmar que a ideia de negócio ou projeto dará certo; e que seja capaz de crescer, sem que esse
crescimento influencie no modelo de negócio ofertado. Essa talvez seja a idealização mais próxima de
startup, dentre as existentes.

Dentre as startups internacionais mais conhecidas e de maior sucesso estão: Uber, Ant Financial,
Xiaomi, Airbnb, Space X, Pinterest, Dropbox, Spotify, Slack, Didi Chuxing, entre outras. As empresas
de economia compartilhada, também conhecidas pelo consumo colaborativo, surgiram da necessidade de
ampliar o acesso a bens e serviços através de um meio de consumo sustentável, racional e consciente.
Uma nova concepção de geração de renda para quem oferece, e uma economia para quem usa.
Um modelo de negócio no qual todos se beneficiam, inclusive o meio ambiente, com a redução do
impacto pelo consumo humano exagerado.

74
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Figura 23 – Definindo uma startup

Muitas startups não obtiveram êxito nos serviços oferecidos. Parte do insucesso, ao menos na área
de divisão de veículos autônomos, no transporte particular de passageiros, pode ser atribuído ao fato dos
aplicativos não funcionarem direito, do acesso à internet não ser tão eficiente como atualmente,
do mecanismo de localização (GPS) não ser tão fidedigno, o que acarretou insatisfação por parte dos
clientes atendidos. Esses motivos explicariam o fato das empresas de transporte que vieram antes do
Uber terem fracassado. Assim aconteceu e acontece com muitas iniciativas de empreender mundo afora.

A resistência das empresas de táxi, com a perda da fidelidade dos clientes, bem como a intolerância
dos taxistas em algumas cidades pelo mundo, fez com que a oferta do serviço de Uber se tornasse um
grande problema. Muitos carros foram danificados, motoristas foram agredidos e chegaram a sofrer
lesões corporais, entre outros problemas. Entretanto, não desistiram e acabaram se estabelecendo.

No caso do Airbnb não foi muito diferente. Serviços parecidos foram ofertados anteriormente e
também não lograram êxito. Foi então que os fundadores resolveram sair a campo divulgando o negócio
e conquistando clientes. Batiam na porta das pessoas, explicavam tudo sobre o funcionamento do serviço,
fotografavam o local e a estrutura disponível para ofertar (quartos individuais, imóveis completos), e,
desta forma, o empreendimento começou a ficar conhecido e ganhar cada vez mais adeptos.

Entretanto, problemas existiram e, com o tempo e as decisões certas, foram sanados. Dentre
eles, o fato de alguns bairros ou cidades habitadas por pessoas mais conservadoras não aderirem
de imediato ao compartilhamento de suas residências com pessoas desconhecidas; o número de
reclamações de ambos os clientes – os que ofertavam os espaços e os que desfrutavam dos mesmos –
aos poucos foi sendo contornado.

Outra iniciativa de sucesso, mundialmente conhecida, é o Spotify – um serviço de transmissão de


música digital, que permite ao usuário ter acesso a milhares de músicas e a possibilidade de montar listas
de reprodução exclusivas. Além de músicas, transmite vídeos e podcasts, sendo o serviço de transmissão
mais popular em todo o mundo, a um preço muito acessível. Com o Spotify também não foi diferente,
em relação à pressão realizada pela indústria da música convencional – principalmente relacionada à
comercialização de CDs e DVDs.
75
Unidade II

Empresa de sucesso mundialmente conhecida e que participa do nosso dia a dia, o Dropbox
é tido como o primeiro espaço de trabalho inteligente do mundo, que permite o armazenamento e
compartilhamento de arquivos, reduzindo a perda de tempo. Foi desenvolvido com base no conceito
de “armazenamento em nuvem”, onde a empresa que desenvolveu o programa disponibiliza centrais de
computadores que armazenam os arquivos dos clientes. A criação do Dropbox foi uma verdadeira
revolução no armazenamento de dados de acesso remoto, causando desconforto nas indústrias que
produzem equipamentos para armazenamento de dados. Os custos de utilização são acessíveis e a
praticidade fantástica.

O Brasil também possui suas startups, sendo que algumas já estão bem ranqueadas no mercado,
como é o caso da PagSeguros, 99, Nubank, Stone e iFood, que conseguiram o título de unicórnio,
em 2018. Em 2019, cinco startups brasileiras conquistaram o mesmo título, ou seja, atingiram o valor
de mercado de 1 bilhão de reais: Loggi, Quinto Andar, Ebanx, Gympass e WildlifeStudios. A empresa
brasileira mais bem-sucedida nesse ramo de investimento é a Nubank, que já acumula o equivalente a
dez títulos unicórnio, em valor de mercado.

Os serviços oferecidos pelas upstars brasileiras englobam as seguintes atividades: serviços de entrega
(delivery) de alimentos e demais produtos; aluguel e reforma de imóveis; transporte particular de
passageiros; plataforma de pagamentos para pessoas que não possuem cartão de crédito internacional
realizarem suas compras; desenvolvedora de jogos para smarthphones; serviços financeiros e fintech –
operadora de cartões de crédito com tecnologia disruptiva, que promete mudar a relação das pessoas
com o dinheiro; serviços ofertados de empresas para empresas (B2B – business-to-business); serviços de
pagamentos com maquininha de cartões, entre outros.

Para além do que temos observado sobre o comportamento humano disruptivo, vale ressaltar que
o que começou com o compartilhamento de serviços observados nas startups ganhou um cenário
diferenciado. Esse cenário visa suprir necessidades coletivas com qualidade máxima a baixos custos.

Uma dessas propostas é o coworking, que surgiu nos Estados Unidos em 2005 e se refere ao
compartilhamento de espaços de trabalho com infraestrutura necessária e indispensável a cada tipo
de demanda existente (internet, sala de reuniões, escritórios montados). Esse princípio atende ao
empreendedor que deseja ter um escritório, mas não pretende ter gastos inicialmente, para o profissional
que deseja aumentar seu networking compartilhando espaço com pessoas de outras áreas, e tantas
outras vantagens como colaboração, parcerias, convívio social, amizades, entre outras.

Outra proposta, ainda seguindo essa linha, é o coliving, que surgiu na Dinamarca na década de 1960,
onde os moradores de um determinado imóvel possuem seus quartos exclusivos, mas dividem os demais
espaços de uso comum em uma moradia, como: cozinha, sala, banheiro e quintal. O manifesto coliving,
criado pela Coliving.org, resume bem as propostas e fundamentos desse movimento, onde observa-se:
o comportamento da comunidade em harmonia com a individualidade; aproximação de pessoas e troca
de experiências; consumo pensado na colaboração; projeção compartilhada de residências; economia de
recursos naturais, bem como a divisão de decisões e tarefas. Vale ressaltar que, nessa concepção, todas
as despesas comuns são divididas, gerando custos reduzidos para todos os integrantes.

76
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

O sucesso da economia compartilhada pode ser atribuído, em muito, às mídias sociais utilizadas
em sua divulgação e propagação, uma vez que as pessoas compartilham as informações com muita
rapidez. Entretanto, esse não é tido como um fator isolado, e sim facilitador. Outros fatores também
têm sido determinantes, como o baixo custo dos serviços ofertados pelas startups, quando comparados
aos ofertados por empresas tradicionais (táxis, hospedagens, mídias ópticas, benefícios de crédito,
serviços financeiros, entre outros) e, acredita-se, o fator mais nobre de todos, o despertar da consciência
ecológica e sustentável.

Figura 24 – Mídias sociais utilizadas na economia compartilhada

Acreditar que as pessoas estão mudando seus hábitos de consumo por um apelo, uma consciência
ecológica e sustentável, muda toda a concepção de empreender. A preferência por compartilhar, ao invés
de ter a posse, demonstra um desapego não muito comum numa sociedade capitalista, acostumada a
lutar pelo poder da posse. Trata-se do início de um comportamento humano disruptivo e inovador,
que mostrará comprometimento com as questões ambientais e a qualidade das relações com os seres
vivos no planeta.

7 MODELOS DE NEGÓCIOS EM BIOLOGIA

As 88 áreas de atuação regulamentadas na profissão do biólogo colocam esse profissional em um


universo de incontáveis possibilidades de empreender. Inúmeros são os modelos de negócios que surgem,
gerando uma demanda cada vez maior por profissionais especializados, que possam oferecer produtos
e serviços nas áreas de biotecnologia e produção, meio ambiente e saúde.

No Brasil, o mercado de negócios em biologia ainda é novo, quando comparado a outros países.
Entretanto, somos detentores de uma biodiversidade invejável, que demanda medidas mitigadoras
para sua exploração e, consequentemente, para a sua recuperação e conservação. Na referida área, os
negócios geram demanda contínua por serviços; necessidade de baixos investimentos; capacidade de
atender órgãos públicos e privados – incluindo multinacionais, dado o conhecimento técnico que tais
profissionais possuem em suas áreas específicas, entre outros.

77
Unidade II

São modelos de negócios que demandam maior conhecimento da área a ser empreendida do que
investimento financeiro. Muito se pode realizar nessa área, com pouco investimento, estando os maiores
gastos envolvidos em capacitação profissional e em viagens para visitar clientes e viabilizar negócios.

Os empreendimentos podem ser abertos e se mantêm, a princípio, com estruturas simples de


laboratórios e escritórios, equipe pequena, pouco produto em estoque, entre outras facilidades. Essa
característica peculiar permite que, quando comparada a outros modelos de negócios, os modelos
desenvolvidos em biologia sejam objetivos e tendam a gerar lucros em menor tempo, dependendo da
organização e empenho do profissional envolvido.

Por mais simples que seja o empreendimento almejado, por segurança e garantias, além do
vasto conhecimento do profissional na área que deseja empreender, é prudente a realização de um
planejamento de negócios. Ele pode acontecer como uma forma de consultoria ou, ainda, através de
cursos específicos que são oferecidos por empresas com vasto conhecimento na área.

O próximo assunto a ser abordado traz informações sobre a importância de construir um plano de
negócios ao decidir ser um empreendedor. Esse documento norteará todos os passos do empreendimento,
permitindo ajustes importantes ao longo do tempo, que objetivem alcançar melhores resultados.

7.1 Validando suas ideias

7.1.1 Plano de negócios

O número de empresas abertas a cada ano, no Brasil, é expressivo e surpreendente. De janeiro a


outubro de 2019, esse número chegou a 2,6 milhões, com aumento de aproximadamente 24%, em
relação ao verificado para o mesmo período, em 2018, quando o volume de novas empresas beirou a
casa dos 2,5 milhões. Apenas no mês de outubro de 2019, surgiram 307.443 novas empresas, um número
recorde de quase 10 mil novos empreendimentos diários, segundo levantamento realizado pela Serasa
Experian (AGÊNCIA BRASIL, 2019).

Acredita-se que os números expressivos caracterizem um evento denominado de empreendedorismo


por necessidade, com um pico previsto para os meses que antecedem as festas de final de ano, com a
busca de alternativas com perspectiva de aumento dos rendimentos familiares.

A abertura de novas empresas possui a capacidade de impulsionar a economia, ainda que no início
elas possuam pequeno porte. Com o aumento da oferta de empregos, aumenta também o processo de
inclusão social, proporcionando melhora da qualidade de vida das pessoas, entre outros fatores.

Apesar de um número considerável de empresas serem abertas no Brasil a cada ano, metade delas
encerram suas atividades entre os dois primeiros anos de existência, e muitas outras não chegam aos
quatro anos. Vários são os motivos pelos quais isso acontece, dentre eles a falta de apoio de órgãos
estratégicos capazes de realizar um estudo de mercado antecipadamente, como forma de planejamento
de negócios e cálculo de riscos.

78
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Nesse contexto, o plano de negócios ou plano empresarial torna-se o instrumento ideal para avaliar
as condições de mercado de forma confiável, para oferta do produto e também para a avaliação do
comportamento do empreendedor, conferindo segurança para o futuro negócio, com menores riscos
tanto para quem inicia, quanto para quem amplia o seu negócio. O plano de negócios pode ser elaborado
antes mesmo do início das atividades da empresa, e quando realizado nessas condições, é possível fazer
um estudo de mercado para avaliar a receptividade à oferta do produto, minimizando, assim, os riscos
de insucesso no empreendimento.

O plano de negócios trata-se de um planejamento dinâmico e flexível, capaz de adequar-se às


condições encontradas pelo empreendedor, à medida que o empreendimento está em andamento.
É importante ter em mente que um plano de negócios bem elaborado poderá ser de grande importância
no momento de propor parcerias para novos sócios e investidores, de pleitear um financiamento junto
a bancos sólidos e, também, na possibilidade de se estabelecer junto a fornecedores e clientes. Quanto
mais organizado, mais claras são as ideias e propostas, e melhores resultados serão obtidos. É importante
que o plano de negócios fale pelo empreendedor.

Figura 25 – Idealizando um plano de negócios

A partir da realização da pesquisa de mercado, dados importantes são coletados e utilizados para a
tomada de decisão sobre a implementação da empresa. Todos os dados obtidos serão inseridos no plano
de negócios, uma vez que os resultados previstos – positivos ou negativos – poderão refletir a realidade do
negócio, em um determinado período de tempo. Essa análise não pode ser ignorada, pois, a partir de
um planejamento bem detalhado, é possível prever os resultados. De acordo com o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), de maneira geral, as empresas não sobrevivem por
muito tempo sem um plano de negócios.

A concorrência de mercado, com várias empresas oferecendo os mesmos produtos ou serviços, pode
vir a ser letal para o empreendimento, quando não foi realizado o plano de negócios voltado para essa
realidade, onde os empreendedores buscam alternativas para o oferecimento de serviços diferenciados,
atraindo um maior número de clientes. Entre outros, esse é apenas um dos aspectos importantes a
serem avaliados e resolvidos num plano de negócios.

79
Unidade II

Na implementação do plano de negócios, é importante definir o objetivo principal da empresa.


Nesse contexto, o plano definirá qual a área de atuação do empreendimento, bem como os serviços e
produtos que serão disponibilizados. Isso faz com que o empreendimento possua um posicionamento
de mercado, culminando com sua consolidação. Entretanto, também é parte integrante do plano de
negócios conhecimentos suficientes para contratação de funcionários qualificados, saber lidar com
investimentos, marketing e propaganda, construir um plano financeiro eficaz, entre outros. Empresas
com missão e visão bem definidas possuem maiores chances de obterem sucesso.

Figura 26 – Sustentabilidade gerando recursos financeiros

Existem no mercado empresas particulares especializadas em prestar apoio ao empreendedor.


O Sebrae é uma entidade privada que promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos
empreendimentos de micro e pequenas empresas - com faturamento bruto anual de até R$ 4,8 milhões.
Seu desafio é prestar apoio aos inúmeros empreendedores de pequenos negócios, que movimentam a
economia do país e necessitam de aprimoramento nos processos de gestão e, principalmente, de uma
perspectiva antecipada das condições do mercado em que atuam ou pretendem atuar, para tomada
de decisões mais objetivas e com riscos calculados, demonstrando a importância do planejamento
das ações.

Faz parte das prioridades da instituição a capacitação de empreendedores – futuros empresários


interessados em abrir sua empresa, investindo na elaboração do planejamento de negócios e no
conhecimento direcionado às práticas gerenciais, para que estes possam fundar e manter seus
empreendimentos, participando efetivamente no desenvolvimento do país.

A seguir, veja um passo a passo simplificado dos tópicos que devem ser abordados em um plano de
negócios, com base na apostila do Sebrae.

I – Elaboração de sumário executivo

Trata-se de um resumo dos principais pontos do plano de negócios, contendo pontos relevantes,
como: dados dos empreendedores, suas experiências profissionais e atribuições; dados referentes ao

80
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

empreendimento; a missão da empresa; os setores de atividades a serem desenvolvidas; composição


e forma jurídica; tipo de enquadramento tributário; definição do capital social; identificação da fonte
de recursos, entre outras informações importantes. É a última parte a ser elaborada em um plano de
negócios, pois reúne todas as informações envolvidas na concepção do empreendimento.

II – Análise de mercado

É a etapa na qual será feito um estudo que permita conhecer o público ao qual se destina o produto/
empreendimento. Quando clientes consomem os produtos, antes de tudo, eles estão consumindo
soluções para algo que precisam ou desejam. Conhecendo melhor o público-alvo, torna-se mais fácil
identificar a demanda e oferecer soluções. Dados dos consumidores relacionados à faixa etária, sexo,
poder aquisitivo, nível de escolaridade, localidade onde residem, entre outros – no caso de pessoa física;
e ramo de atuação da empresa, tempo de atuação no mercado, número de empregados, entre outros –
no caso de pessoa jurídica; são dados importantes, gerados na pesquisa de mercado, que permitem
traçar o perfil do cliente e provável sucesso da empresa.

III – Plano de marketing

Etapa na qual será apresentado o produto ou serviço que será prestado. Características são
detalhadas, como marca, rótulo, sabor, embalagem, tamanho, modelo, cor, princípios ativos utilizados,
benefícios, entre outras. É interessante a utilização de imagens que definam os produtos, uma vez que,
quando de boa qualidade, a imagem diz muito sobre o produto. No caso de oferta de serviços, é também
nesta etapa que serão apresentadas as características dos serviços que serão oferecidos, bem como
suas garantias. No que diz respeito ao marketing, é sempre bom ter em mente que as ações precisam
considerar a forma como o cliente visualiza, ou seja, considerar o ponto de vista do cliente. Preço
de comercialização, estratégias promocionais, meios de divulgação e localização do empreendimento
também são abordados no plano de marketing.

Figura 27 – Idealizando o plano de marketing

81
Unidade II

IV – Plano operacional

Ocupa-se do layout físico do estabelecimento, distribuição dos setores da empresa, dos produtos
(mercadorias, estantes, gôndolas, vitrines, prateleiras, equipamentos, entre outros), e disposição
e acomodação dos funcionários no espaço disponível. Um arranjo físico adequado contribui para o
aumento da produtividade, melhor estratégia de atendimento aos clientes, maior facilidade de localização
dos produtos por parte dos clientes, além de um maior conforto visual, relacionado à organização do
espaço. Ocupa-se, ainda, da contratação de pessoal capacitado para desempenhar as funções existentes.
É sempre importante consultar as normatizações específicas sobre disposição e armazenamento dos
produtos, para não incidir em gastos com multas aplicadas pelos agentes fiscalizadores.

A) B)

Figura 28 – Layout físico de lojas que comercializam diferentes produtos

V – Plano financeiro

Relaciona-se aos recursos que serão utilizados na implementação do negócio, podendo ser
caracterizados em investimentos fixos, capital de giro e investimentos pré-operacionais. O investimento
fixo diz respeito a todo material que tem que ser adquirido para que o empreendimento possa funcionar
de maneira adequada. Na possibilidade de terceirizar algumas atividades, o valor do investimento fixo
tende a diminuir. O capital de giro refere-se aos recursos necessários para dar início ao empreendimento,
são os recursos necessários para custear as despesas com aquisição de materiais e pagamento das
despesas. Toda a estimativa de custos deve fazer parte do plano financeiro, seja ela com a mão de obra, a
depreciação; o custo de matérias-primas, materiais diretos e terceirizados; o custo de comercialização, os
custos fixos operacionais mensais; do faturamento mensal, entre outros. Demonstrativos de resultados,
bem como indicadores de viabilidade – ponto de equilíbrio, lucratividade, rentabilidade e prazo de
retorno do investimento –, também são pensados e planejados como componentes do plano financeiro.

VI – Construção de cenários

A construção de cenários é uma fase importante, na qual podem ser realizadas simulações sobre
a progressão dos negócios. Simulações negativas com períodos de arrecadações menores do que o
esperado (queda nas vendas e/ou aumento de custos), bem como as simulações positivas onde os lucros
extrapolem as expectativas (crescimento do faturamento e/ou queda nos custos), fazem parte desse
82
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

tópico. A construção de cenários permite que o empreendedor esteja preparado diante das adversidades
que permeiam o cenário econômico dos negócios. É importante estar atento a alguns fatos, dentre eles:
os lucros serem menores nos primeiros meses, a estratégia de marketing não atingir o objetivo em curto
prazo, reação dos concorrentes a um novo empreendedor no mercado.

VII – Avaliação estratégica

Nessa parte do planejamento, torna-se importante o conhecimento e análise da matriz Fofa, cujo
objetivo é identificar os pontos favoráveis e desfavoráveis de uma empresa, com a finalidade de torná-la
mais eficiente e competitiva. Um instrumento simples de montar e que traz informações valiosas que
podem ser utilizadas para melhorar o desempenho na oferta de produtos e serviços. Trata-se de uma
matriz montada em quadrantes, onde são registrados pontos positivos e negativos visando a garantias
de sucesso na implementação do negócio.

Quadro 4 – Exemplo de matriz Fofa

Fatores internos (controláveis) Fatores externos (incontroláveis)


Forças Oportunidades
São tidas como características internas Situações positivas no meio externo, que
fortes da empresa ou de seus idealizadores, permitam que a empresa alcance seus objetivos
que sirvam como um diferencial competitivo ou melhore seu ranqueamento no mercado.
em relação ao mesmo serviço ofertado por
empresas concorrentes. Exemplos:
Exemplos: – Disponibilidade de financiamento
Pontos
fortes – Atendimento personalizado – Aumento crescente da demanda
– Preço menor – Pouca concorrência na região
– Equipe bem treinada – Localização privilegiada, imóvel de boa
qualidade e custo
– Localização excelente
Explore as oportunidades
– Oferta de estacionamento
Faça uso das forças
Fraquezas Ameaças
Trata-se de fatores internos que fragilizam Situações externas sobre as quais se tem pouco
a empresa frente aos concorrentes, ou que ou nenhum controle, e que fragilizam os
causem prejuízos ao ramo de atuação do negócios no sentido de perda de mercado ou
negócio. redução de lucros.
Exemplos: Exemplos:
Pontos
fracos – Inexperiência no ramo dos negócios – Impostos elevados/exigências legais rigorosas
– Funcionários sem qualificação adequada – Falta de mão de obra qualificada
– Pouco investimento – Poucos fornecedores
– Custos elevados da manutenção – Onda de violência que gere insegurança na
região
Elimine as fraquezas
Reduza as ameaças

Adaptado de: Sebrae (2013).

83
Unidade II

É importante reunir as pessoas envolvidas no negócio e montar a matriz com a participação de todos,
no sentido de alinhar as percepções sobre os itens dispostos nos quadrantes. Diferentes empreendedores
possuem percepções diferenciadas acerca de uma mesma situação, o que permite uma maior integração
na resolução dos problemas e, consequentemente, na obtenção de resultados.

VIII – Avaliação do plano de negócios

O plano de negócios é um instrumento importante, por ser um objeto de pesquisa que permite o
acompanhamento de todas as ações a serem implementadas. É um instrumento que tem como objetivo
avaliar o planejamento feito inicialmente e permitir alterações e adaptações às novas realidades
que forem surgindo, em decorrência das mudanças às quais os empreendedores estão suscetíveis.
Empreender é sempre arriscado, mas empreender sem planejamento é um risco que pode ser evitado.
Não se trata de uma garantia de sucesso, entretanto o plano de negócios pode ser considerado um
manual importante na tomada de decisões, direcionando para minimizar decisões ruins e objetivando
o sucesso do empreendimento.

Observação

É importante chamar a atenção para a análise do ambiente externo,


uma vez que situações que possam ser consideradas como oportunidades
podem também significar ameaças. Um exemplo do que foi dito pode ser
observado quando o crescimento do setor onde se atua possa representar
tanto uma oportunidade no aumento das vendas, como uma ameaça por
facilitar a entrada de novos concorrentes. A objetividade é importante no
momento de fazer essa análise.

Nem sempre o aumento da concorrência é negativo para os


negócios. Se um determinado tipo de empreendimento concentra vários
empreendedores em um mesmo local, certamente esse local será referência
e a população tenderá a ser atraída para ele. Nesse caso, o diferencial será
realmente o atendimento, a disponibilidade de produtos, preços acessíveis,
entre outros fatores.

Saiba mais

Veja informações detalhadas na página do Sebrae, no endereço a seguir:

Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae. Acesso em:


13 maio 2021.

84
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

8 COMO CRIAR UMA ONG

Muitas são as dúvidas sobre como empreender no denominado terceiro setor. Tal expressão tem
origem no termo inglês Third Sector, sendo resultado de uma divisão proposta nos Estados Unidos, em
que o primeiro setor é a administração

O segundo setor é representado pela iniciativa privada com fins lucrativos – o mercado, e o terceiro
setor é constituído pelas organizações privadas sem fins lucrativos, capazes de gerar bens e serviços
públicos e privados, popularmente conhecidas como organizações não governamentais (ONGs).

O terceiro setor caracteriza-se por oferecer, em sua essência, um conjunto de atividades voluntárias
pensadas e desenvolvidas em favor da sociedade, não objetivando a geração de lucros. Tais atividades
podem firmar parcerias e receber investimentos, tanto de origem pública quanto privada, dos
seus parceiros.

No Brasil, as organizações originam-se da união de pessoas com objetivos comuns, no intuito de


oferecer serviços que possam auxiliar a comunidade na solução de problemas e diminuir as diferenças
sociais ou, ainda, preservar algum tipo de patrimônio nacional, como é o caso do meio ambiente.

A primeira entidade sem fins lucrativos da história brasileira, que se tem notícias, foi a Santa Casa
de Misericórdia, fundada em 1943 em Santos (SP), com o apoio da Igreja Católica. Como iniciativas de
sucesso em trabalhos prestados pelo terceiro setor, podem ser citados os desenvolvidos na área de meio
ambiente e conservação, pelo grupo SOS Mata Atlântica, na implantação de programas ambientais; na área
da saúde, dentre os vários existentes, destacam-se a Organização Médicos Sem Fronteiras – responsável
por prestar cuidados de saúde em regiões de conflitos e demais problemas de ordem humanitária.

Nos dias atuais, o terceiro setor possui normas regulatórias próprias e bastante rígidas, contando com
a participação ativa da sociedade civil em parceria com a Administração Pública, melhorando
sensivelmente o atendimento às demandas sociais e dando transparência às iniciativas, uma vez que
o Estado por si só não tem se mostrado capaz de ser o provedor das necessidades coletivas, delegando
muitas delas ao trabalho complementar realizado pelo terceiro setor.

A transparência tão necessária nas parcerias foi, por muito tempo, motivo de preocupação, uma
vez que a ausência de uma norma regulamentadora comprometia todo o processo de prestação de
contas dos recursos recebidos por parte das entidades e, ainda, da falta de mecanismos de avaliação
de qualidade dos serviços prestados.

Com base nessa necessidade, foi instituído um grupo de trabalho composto por representantes
do governo e das referidas organizações, para elaboração de um documento que pudesse normatizar
as parcerias entre administração pública e organizações privadas sem fins lucrativos prestadoras de
serviços públicos. Os trabalhos realizados deram origem à Lei n. 13.019/2014, conhecida como o marco
regulatório das organizações da sociedade civil, cujo papel é estabelecer e regular, no âmbito jurídico, as
parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, com o intuito de trabalhar
em cooperação mútua na defesa do interesse público e recíproco.
85
Unidade II

O estabelecimento do regime jurídico das parcerias voluntárias se dá pela Lei n. 13.019/2014, que
se faz saber:

Estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não


transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as
organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para
a consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a
política de fomento e de colaboração com organizações da sociedade civil;
institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis n. 8.429,
de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999 (BRASIL, 2014).

O teor foi alterado pela Lei n. 13.204/2015, que passou a vigorar da seguinte forma:

Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e


as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução
de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho
inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos
de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de colaboração e
de cooperação com organizações da sociedade civil; e altera as Leis n. 8.429, de
2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999 (BRASIL, 2014).

O terceiro setor é representado pelo conjunto de entidades privadas sem fim lucrativos, que se
ocupam de realizar atividades complementares às públicas, com o intuito de contribuir com a sociedade
no sentido de encontrar soluções para os problemas socioambientais em prol do bem comum.

De forma geral, toda e qualquer entidade privada que exerça atividades intermediárias entre o
Estado e a sociedade, sem objetivar lucro, poderá ser considerada uma ONG, qualificada ou não como
organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). As ONGs recebem também as denominações
de entidade, instituição, instituto, dentre outras. Essas denominações apenas designam uma associação
ou fundação, que possuem naturezas jurídicas distintas entre si. Logo, sob o aspecto jurídico, o terceiro
setor pode ser uma associação ou uma fundação.

A associação caracteriza-se por ser uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins econômicos ou
lucrativos, formada pela união de pessoas em prol de um objetivo comum, sem interesse na divisão de
resultado financeiro entre elas. Todo rendimento proveniente das atividades desempenhadas deverá
ser revertido em prol dos objetivos estatutários.

A fundação caracteriza-se por ser uma pessoa jurídica de direito privado e sem fins econômicos ou
lucrativos, tendo origem a partir da existência de um patrimônio declarado pelo seu instituidor, através de
lavramento de escritura pública ou testamental, com o objetivo de servir a um bem específico,
destinado às causas de interesse público. De acordo com a Lei n. 10.406/2002, que regulamenta a
criação das fundações, no art. 62, parágrafo único, lê-se que “a fundação somente poderá constituir-se
para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência”.
86
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Dada a complexidade exigida para a criação de uma fundação, no Brasil existe um número maior
de associações. A complexidade se dá também em relação à prestação de contas. Embora o Ministério
Público realize o acompanhamento das atividades desenvolvidas por ambas as entidades, associações e
fundações, existe uma severidade maior na prestação de informações por parte das fundações.

Quadro 5 – Diferenças básicas entre associação e fundação

Associações Fundações
Constituídas por patrimônio previamente aprovado
Constituídas por pessoas pelo Ministério Público
Existência de patrimônio é condição obrigatória para
É facultado ter ou não patrimônio inicial sua criação
Somente poderá constituir-se para fins religiosos,
Finalidade definida pelos associados morais, culturais ou de assistência, definido pelo
instituidor
Pode-se proceder com a alteração da finalidade Finalidade permanente
Regras para deliberação definidas pelo instituidor e
A deliberação acontece entre os associados fiscalizadas pelo Ministério Público
Processo de registro e administração simples Processo de registro e administração burocráticos
São regidas pelos Arts. 44 a 61 do Código Civil São regidas pelos Arts. 62 a 69 do Código Civil
Criação através de escritura pública ou testamento.
Criação através de decisão em assembleia, com Todos os atos de criação, incluindo estatuto, ficam
transcrição em ata e elaboração de um estatuto condicionados à aprovação prévia do Ministério
Público

Adaptado de: OAB/SP (2011).

No caso de um grupo específico de pessoas manifestarem interesse em constituir uma ONG no


formato de associação, muitas são as possibilidades encontradas, inclusive com modelos prontos
de estatutos, disponíveis nas redes sociais. A constituição da ONG poderá se dar pela manifestação de
vontade de ao menos duas pessoas. Necessitam ter no mínimo 18 anos de idade e nenhuma restrição
legal ao exercício de seus direitos; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita
ou não defesa em lei (art. 104 da Constituição Federal).

Uma vez estabelecido o contrato entre os indivíduos, deve-se cumprir as etapas a seguir para
oficializar a criação da associação:

• elaborar proposta de estatuto;

• realizar uma assembleia com os associados para aprovação do estatuto, com registro em ATA;

• registrar o estatuto em cartório;

• realizar inscrição na Receita Federal para obtenção do cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ);

• providenciar registro no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);

87
Unidade II

• providenciar registro na Caixa Econômica Federal para fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS);

• providenciar registro na prefeitura;

• registrar na Secretaria da Receita Estadual, obtendo a Inscrição Estadual;

• registrar os funcionários, se houver, junto à Delegacia Regional do Trabalho.

A cartilha sobre aspectos gerais do terceiro setor, elaborada pela Comissão de Direito do Terceiro Setor da
OAB, orienta que o primeiro passo é a realização de uma reunião entre os interessados para se organizarem
juridicamente e elaborar o estatuto social e a ata de constituição. Orienta ainda que o estatuto social
deverá conter as regras de funcionamento da entidade (direitos e deveres) e indicar, obrigatoriamente:

• denominação social e endereço da sede;

• finalidades (sem fins lucrativos), como elas serão atingidas e as fontes de recursos para
sua manutenção;

• prazo de duração;

• requisitos para admissão, demissão e exclusão de associados;

• direitos e deveres dos associados;

• modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos;

• forma de representação da associação perante terceiros, ativa e passiva, judicial ou


extrajudicialmente;

• quanto aos associados responderem ou não pelas obrigações sociais;

• sobre hipóteses e condições para a destituição dos administradores;

• sobre exigências para alteração do estatuto;

• sobre as condições para a extinção ou dissolução da associação e o destino do seu patrimônio;

• sobre a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

São orientações que devem ser seguidas, uma vez que, quando elaborado de maneira incipiente,
sem prever todos os assuntos de interesse, a inserção dos mesmos, após aprovado o estatuto social, se
tornará burocrática.

88
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

A ata de constituição, por sua vez, é o instrumento jurídico que documenta todos os assuntos tratados
na reunião de constituição, incluindo a aprovação do estatuto e a votação de escolha dos dirigentes da
associação. Todos esses documentos padecerão de registro em cartório, após serem analisados por um
advogado, nos termos da lei.

No caso de uma pessoa física ou jurídica – denominado doravante instituidor, que decida por
constituir uma fundação, ele a fará mediante a destinação de um patrimônio próprio para a execução
de determinados fins. Para ser atribuída personalidade jurídica à fundação, é necessária a declaração de
seu modo de funcionamento e aprovação do estatuto pelo Ministério Público. As fundações devem
obrigatoriamente possuir finalidade de natureza altruística, estimulando tanto a cultura, a investigação
científica, artística e literária, quanto a realização de atividades filantrópicas.

Sobre a criação de uma fundação, deve-se proceder com uma consulta prévia ao Ministério Público,
para obter o direcionamento das ações a serem adotadas, dentre elas:

• efetuar escritura pública, em cartório, do bem, para constituição (bem doado em vida ou através
de testamento);

• elaborar estatuto pelos instituidores/por pessoa indicada pelos instituidores ou pelo Ministério
Público, quando o instituidor ou pessoa por ele denominada não o fizer;

• aprovar o estatuto pelo Ministério Público (curadoria de fundações);

• registrar a escritura de instituição, do estatuto e respectivas atas no cartório competente;

• elaborar um estatuto com direitos e obrigações;

• após ser lavrada a escritura, deve-se providenciar a abertura do livro ata, nele fazendo constar,
inicialmente, a posse dos membros do conselho curador e da diretoria executiva da fundação.

Quando se tratar de uma fundação, todos os trâmites deverão ser acompanhados e fiscalizados pelo
promotor de justiça – o curador de fundações.

Após realizado o registro de toda a documentação em cartório, e adquiridas as respectivas


personalidades jurídicas, as entidades necessitarão realizar os demais registros necessários ao
funcionamento nos órgãos listados a seguir, a saber:

• realizar inscrição na Receita Federal, para obtenção do CNPJ;

• na Prefeitura, inscrever-se no cadastro de contribuinte municipal (CCM) e obter regularização do


espaço da sede social da entidade (alvará de funcionamento);

• registrar no INSS;

89
Unidade II

• registrar na Caixa Econômica Federal, para obtenção do FGTS;

• registrar na Secretaria da Receita Estadual, obtendo a inscrição estadual;

• registrar os funcionários, se houver, junto à Delegacia Regional do Trabalho.

Além de registros obrigatórios, as entidades podem pleitear registros facultativos perante o poder
público – títulos certificados ou qualificações, que possuem várias aplicabilidades, dentre elas: aumentar a
credibilidade, facilitar captação de investimentos privados e financiamentos, permitir acesso a benefícios
fiscais; além de possibilitar acesso a recursos diferenciados, celebração de convênios e parcerias com o
poder público, entre outros.

ONGs que comprovem o cumprimento de requisitos relacionados às normas de transparência


administrativa podem pleitear certificação da OSCIP, pelos órgãos governamentais. As OSCIPs possuem
natureza jurídica de ONGs, embora possuam algumas peculiaridades, sendo capazes de desempenhar
serviços sociais que o Estado não provê, entretanto o poder público incentiva e fiscaliza. Quando
comparada às ONGs, a OSCIP é considerada mais bem estruturada e possuidora de maior reconhecimento
pela sociedade em geral.

À pessoa jurídica qualificada como OSCIP, é permitido firmar parcerias com a administração pública,
que através de convênios pode celebrar termos de parceria. É possível remunerar os dirigentes da entidade
sem a perda de benefício fiscal, embora não constitua uma obrigação. Além dos benefícios já elencados,
a entidade pode ainda oferecer dedutibilidade do Imposto de Renda das pessoas jurídicas doadoras.

Não obstante, para possuir a qualificação outorgada pelo Ministério da Justiça enquanto OSCIP, a
entidade deve apresentar como finalidade o desenvolvimento de uma das atividades relacionadas
a seguir:

• promoção de assistência social;

• promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;

• promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das


organizações de que trata esta lei;

• promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das


organizações de que trata esta lei;

• promoção da segurança alimentar e nutricional;

• defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;

• promoção do voluntariado;

90
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

• promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;

• experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de


produção, comércio, emprego e crédito;

• promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de


interesse suplementar;

• promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros


valores universais;

• estudos e pesquisas envolvendo desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e


divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos em áreas específicas
e predefinidas.

Saiba mais

Caso você e um grupo de pessoas tenham aberto uma ONG e ela se


enquadre nos prerrequisitos para pleitear a qualificação de OSCIP, não perca
tempo, pois muitos são os benefícios que tal qualificação permite obter.

Os detalhes sobre os requisitos e exigências legais para a concessão e


manutenção da qualificação, bem como os documentos necessários para
seu requerimento, encontram-se no site do Ministério da Justiça:

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. [s.d.]. Disponível em:


https://bit.ly/2Oc6M9f. Acesso em: 9 mar. 2021.

Em 2020 foram eleitas as cem melhores ONGs do ano, com base em: transparência, eficiência,
qualidade de gestão e boa governança, em suas áreas específicas de atuação; ou seja, alguns modelos de
gestão eficiente. O prêmio, que vem sendo realizado desde 2017, trata-se de uma parceria do Instituto
Doar, da agência de projetos socioambientais “O Mundo Que Queremos” e da Companhia de Bebidas das
Américas (Ambev), contando com respaldo técnico de pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV)
e apoio da Fundação Toyota do Brasil.

A inovação que marcou a premiação em 2020 foi o lançamento de uma plataforma para auxiliar
as ONGs vencedoras a captar doações. A equipe do Melhores ONGs desenvolveu uma plataforma em
que qualquer cidadão pode acessar e doar fundos diretamente para qualquer uma das cem ONGs
vencedoras. A ação foi um presente do Melhores ONGs para o Dia de Doar – campanha mundial no
dia 1º de dezembro para estimular as contribuições financeiras para as organizações. Vamos listar aqui
algumas das ONGs vencedoras e suas áreas de atuação:

91
Unidade II

• APAE Belo Horizonte: organização da sociedade civil com atendimento nas áreas de saúde,
educação e assistência social, para pessoas com deficiência intelectual, múltipla e/ou autismo em
todo o seu ciclo de vida.

• Engenheiros sem Fronteiras Brasil (ESF – Brasil): faz parte da rede Engineers Without Borders
– International (EWB – I), presente em 65 países ao redor do mundo. Presente no Brasil desde
2010, transformando vidas.

• Hospital do Câncer de Rio Verde: aproximadamente 30 anos de existência, considera que o


trabalho mais importante seja a profilaxia (prevenção). Entretanto, com o crescente número de
casos de câncer, seu foco é se tornar um centro oncológico para tratar pacientes da cidade e das
regiões mais próximas.

• Conectas Direitos Humanos: organização não governamental atuante na luta pela igualdade
de direitos. Está conectada a uma extensa rede de parceiros espalhados pelo Brasil e pelo mundo,
trabalhando para proteger e ampliar os direitos, especialmente dos mais vulneráveis.

• Instituto Reciclar: trabalho dedicado a transformar a vida de jovens, com o intuito de combater
a baixa educação, a empregabilidade precária e o risco social, contribuindo com a construção de
um país justo e com oportunidade para os cidadãos.

• Mercy For Animals: possui o intuito de conscientizar para colocar fim à maior causa de
sofrimento do planeta: a exploração de animais com fins alimentícios. Dedica-se a transformar o
atual sistema alimentar e substituí-lo por práticas que sejam gentis com os animais e garantam
um futuro digno para o planeta e para todos que o compartilham.

• ChildFund Brasil – Fundo para Crianças: empresa instalada no Brasil desde 1966, o ChildFund
Brasil, agência de desenvolvimento infantil, beneficia milhares de pessoas, entre crianças,
adolescentes, jovens e suas famílias.

• WWF – Brasil: organização da sociedade civil brasileira, desenvolve ações voltadas para a defesa
do meio ambiente, preconizando a convivência harmônica entre este e os humanos. Incentiva
a adoção de medidas de sustentabilidade para minimizar o impacto das atividades humanas,
atuando na área de educação ambiental, entre outras.

• Bombeiros Voluntários de Joinville: instituição mais antiga do gênero do país (13/07/1892).


Dedica-se a prestar serviços gratuitos à comunidade no combate a incêndios; atendimento
pré-hospitalar; resgates veicular, na montanha, aquático, vertical e em estruturas colapsadas.
Conta com grande número de voluntários.

92
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

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instituições brasileiras fantásticas desenvolvem:

ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE. As 100 melhores ONGs de 2020. 27 nov.


2020. Disponível em: https://glo.bo/3hqIKU6. Acesso em: 14 mar. 2021.

Fundar uma ONG é mais do que simplesmente estar à frente de um negócio. É estar engajado em
projetos que visam ao benefício de uma coletividade, sem pensar em retorno financeiro. É sonhar,
acreditar que é possível e transformar aos poucos toda uma sociedade, através de ações de amor ao
próximo, amor ao meio ambiente, amor a todas as criaturas.

8.1 Educação ambiental nos negócios – ferramenta de sustentabilidade

A condição de reflexão e aprendizado contínuo na qual a sociedade está imersa demonstra que a
produção do conhecimento não está restrita às instituições de ensino, sendo o mesmo difundido a todo
tempo, em todos os ambientes de convívio humano. Muitas dessas relações de reflexão e aprendizagem
acontecem em situações cotidianas, ligadas ao meio ambiente. Nesse contexto, a educação ambiental
surge como uma ciência e, ao mesmo tempo, como uma ferramenta cujo principal papel é transmitir
conhecimento para promover a proteção e a preservação ambiental. Nas figuras a seguir, observa-se
atividades relacionadas à educação ambiental, como crianças aprendendo o plantio de sementes e a
construção de um hotel para insetos, com vistas à preservação das espécies.

Figura 29 – Educação ambiental para a vida

93
Unidade II

Figura 30 – A preocupação com o meio ambiente e a preservação de espécies

No Brasil, a prática da educação ambiental é uma obrigatoriedade e encontra-se regulamentada


pela Lei n. 9.795 de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências. A referida lei traz a definição de educação ambiental
da seguinte forma:

Art. 1º. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais
o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

Essa definição promove a integração das práticas sociais com as questões ambientais.

No capítulo II da mesma lei, é instituída a Política Nacional de Educação Ambiental, onde sua esfera
de ação é determinada, como se lê a seguir:

Art. 7º. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve, em sua esfera


de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do
Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos
sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios, e organizações não governamentais com atuação
na área da educação ambiental a seguir (BRASIL, 1999).

O Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) é constituído pelos órgãos e entidades da União,
dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e pelas fundações instituídas pelo poder público, e ao
referido órgão cabe a proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental no Brasil. Nesse contexto,
é responsável ainda pela definição das ações de educação ambiental que irão integrar programas de
conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.
94
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Uma vez que já foram discutidos alguns pontos importantes da legislação, sobre a obrigatoriedade
do ensino e desenvolvimento de ações em educação ambiental, bem como as atribuições de alguns
órgãos da administração pública com relação à conservação do meio ambiente, já é possível entender de
que forma a educação ambiental pode ser utilizada como ferramenta de sustentabilidade nos negócios,
e de que forma essa realidade mudou nos últimos anos.

A responsabilidade social ambiental é, nos dias atuais, condição fundamental para que uma empresa
possa se manter competitiva no mercado. Existirá cada vez mais, em face de toda informação veiculada
nas mídias sociais, o acompanhamento, por parte da população, das atividades desenvolvidas pelas
empresas. A exploração dos recursos naturais de forma indiscriminada e não sustentável jamais será
bem vista pelo consumidor contemporâneo, uma vez que se trata de um consumidor bem informado e
acostumado a ler rótulos.

A demanda por novos valores associados aos processos produtivos tem feito com que o advento da
educação ambiental se torne uma prática de inovação, que traz consigo um diferencial competitivo, onde
os setores de produção almejam alcançar melhorias permanentes em sustentabilidade. Os consumidores
estão monitorando as atividades das empresas e divulgando suas particularidades todo o tempo nas
redes sociais, independentemente de serem positivas ou negativas, em relação às questões ambientais.

A mudança nos padrões de consumo, bem como nos padrões tecnológicos e de oferta de produtos,
foi evidente nos últimos anos. Tais mudanças podem ser observadas nos perfis das empresas e nos
novos modelos de produção. A incorporação da sustentabilidade aos negócios tem acontecido tanto
pela pressão da sociedade quanto pela necessidade, o que se reflete quase que em exigência de atender
à legislação específica, quer seja local, regional, nacional ou, ainda, internacional. Não se pode negar
que os incentivos para que essas mudanças aconteçam também existem, muitas vezes em forma de
certificações ou de incentivos fiscais, como trata a Lei PE – Sustentável (Lei Estadual n. 14.666/12).

O conhecimento necessário para tornar possível a geração de programas e sua operacionalização por
parte das empresas, contribuindo para um patamar de sustentabilidade, será produzido pela educação
ambiental. Esse mesmo conhecimento viabilizará, de maneira cada vez mais frequente, a adoção de
posturas sustentáveis, motivadas pela pressão e mobilização social.

Como exemplos de negócios com viés de sustentabilidade sem esquecer a necessidade de gerar
lucro, onde a preocupação dos empreendedores relaciona-se a garantir o equilíbrio ambiental, ser
positivo para as pessoas e utilizar procedimentos éticos, pode-se pensar em áreas como alimentação,
paisagismo, geração de energia, transporte, vestuário, limpeza, reuso, construção, tecnologia, comércio
de produtos regionais, empresas de eventos, lavanderias, pousadas, fábrica de cerâmicas, fábricas de
embalagens ecológicas, fábricas de cosméticos ecológicos, indústrias de reaproveitamento de resíduos,
entre tantas outras.

Vamos explorar a seguir a sustentabilidade existente em algumas das ideias citadas, entendendo
como é possível aproveitar possibilidades que possam parecer remotas, mas que são consideradas
tendências lucrativas:

95
Unidade II

• Na área de alimentação, estudos sugerem que oportunidades de negócios sustentáveis existam


para alimentos produzidos localmente (orgânicos), sem utilização de produtos químicos.
A produção e comercialização de café orgânico, cervejas e demais bebidas artesanais; a montagem
de restaurantes ou bufês que utilizem alimentos orgânicos; a organização de cooperativas e feiras
locais para comercialização dos alimentos, todas essas atividades são consideradas possibilidades de
negócios rentáveis. A oferta desses serviços ou produtos nas proximidades de onde são produzidos
torna-se sustentável uma vez que os custos com transporte, bem como a poluição ambiental, são
diminuídos. Por outro lado, com os níveis de obesidade cada vez maiores, a alimentação saudável
possui um apelo importante.

• Na área de paisagismo e negócios verdes, a sustentabilidade está presente sob vários aspectos.
Pode-se pensar na utilização de espécies vegetais nativas, que são mais adaptadas às condições
ambientais locais, demandando pouco ou quase nenhum investimento tecnológico para viabilizar
sua utilização - gasto hídrico, insumos, entre outros; utilização de telhados e paredes verdes em
construções, com o intuito de diminuir a temperatura dos ambientes e dar um aspecto saudável
às construções, podendo, ainda, as áreas verdes do projeto paisagístico serem utilizadas para
o cultivo de espécies comestíveis (frutas, temperos, chás, verduras, entre outras); produção de
terrários de suculentas, cactos e outras espécies para serem comercializadas para embelezamento
de ambientes internos; elaboração de projetos de paisagismo de baixo custo, aproveitando
materiais regionais, utilização de compostagens domésticas, entre outros. A sustentabilidade nos
projetos de paisagismo faz com que eles se tornem mais baratos e viáveis.

• Empresas que optam por empreender na área de geração de energia, de maneira sustentável,
podem iniciar suas atividades oferecendo a possibilidade de geração de energia limpa - solar, eólica,
entre outras, o que reduziria a utilização de combustíveis fósseis e o consequente aquecimento
global. Existem oportunidades para empresas que considerem auxiliar residências e empresas a
utilizarem as energias alternativas, oferecendo mão de obra especializada na instalação de placas
solares e assessoria na área.

• A sustentabilidade na área de transportes pode ser conseguida com medidas que visem diminuir
a utilização de combustíveis poluentes, como, por exemplo, a oferta de transporte particular de
passageiros em veículos híbridos; oferecimento de serviços de reparo de bicicletas que possam ir
até o cliente, facilitando sua logística e estimulando o uso do bem, entre outros.

• Na área de vestuário, a sustentabilidade pode vir de roupas fabricadas com algodão orgânico
e utilização de corantes naturais, não tóxicos, tanto para crianças, quanto para adultos. Uma
startup criada para lidar com materiais que possuem essas características pode incorporar
também a fabricação de calçados ecológicos fabricados a partir de matérias-primas recicladas.
Outra possibilidade, ligada à reutilização, é a comercialização de roupas usadas em bom estado
de conservação em brechós, a preços acessíveis. São opções de negócios rentáveis e de grande
apelo ecológico.

96
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

• Empreender de maneira sustentável na área de produtos de limpeza é uma estratégia rentável,


tamanho o apelo pela redução de contaminantes ambientais. Assim como existe a preocupação
com a segurança alimentar, existe a preocupação com a toxicidade de produtos destinados à
limpeza dos ambientes e higienização de utensílios e vestuários. Pode-se empreender na fabricação
de produtos ecológicos e biodegradáveis, bem como oferecer serviços de limpeza de ambientes
com certificação.

• Com base no movimento sustentável denominado upcycling, o reuso está relacionado ao


reaproveitamento de materiais ou produtos antigos, exercendo a criatividade e diminuindo a
exploração do meio ambiente. Trata-se de reutilizar o material que seria descartado, dando ao
mesmo uma outra utilidade. O movimento é tido como uma modalidade de economia circular.
É comumente feito com roupas e móveis, tratando-se de um forte nicho para empreender.

• Na área da construção civil, inúmeras são as possibilidades de oferta de serviços sustentáveis.


Reduções nas contas de água e luz podem ser conseguidas com as adaptações que permitam o reuso
da água e a utilização de energia limpa. A utilização de telhados e paredes verdes para minimizar a
necessidade de ar condicionado, telhas de vidro para aumentar a claridade interna dos ambientes,
sistema de sensores de presença para economia de energia, reutilização da água para serviços de
limpeza, construção de estrutura para captação e armazenamento de água das chuvas e, por último,
mas não menos importante, a utilização de material sustentável nas construções, para baratear os
custos e diminuir a quantidade de resíduos e entulhos gerados. Certificações internacionais são
atribuídas às construções sustentáveis, fator que estimula no consumidor o interesse em investir
nos imóveis certificados. Muitas dessas sugestões podem ser terceirizadas, permitindo que várias
empresas possam ter seus lucros garantidos.

• Na tecnologia da informação verde, uma área potencialmente promissora, os serviços sustentáveis


prestados vão desde desenvolvimento de técnicas de reciclagem de produtos eletrônicos até
a prestação de consultorias que envolvem análises de consumo de energia em datacenters e custos
de refrigeramento de equipamentos. Algumas empresas vão além em suas atitudes sustentáveis
e investem em outras estratégias para minimizar o consumo energético, como a utilização de
energia solar e a implementação de transporte de funcionários em veículos híbridos.

• A fábrica de embalagens ecológicas surge como uma importante aliada no combate do uso
exagerado do plástico comum, de difícil degradação na natureza, contribuindo para uma
melhor qualidade de vida das pessoas e, de forma significativa, para a sustentabilidade. Trata-se
da fabricação de sacolas para transporte de produtos adquiridos em supermercados ou lojas.
As sacolas são recicláveis, retornáveis, reutilizáveis e sofrem o processo de degradação com o
decorrer do tempo, diferentemente das sacolas plásticas. A iniciativa tem despertado o interesse
para investimentos na área.

Após analisar algumas das áreas de empreendedorismo com possibilidades de utilizar os


conhecimentos obtidos a partir da educação ambiental para o desenvolvimento de projetos
sustentáveis, percebe-se o quanto esses conhecimentos são importantes para a preservação da vida no

97
Unidade II

planeta. Entretanto, algumas poucas áreas foram relatadas aqui, frente ao universo de possibilidades
existentes em áreas praticamente inexploradas e ideias que ainda estão por vir.

A ferramenta de trabalho do biólogo é e sempre foi a pesquisa, uma vez que ela é capaz de gerar
conhecimentos que possam ser aplicados em atividades com potencialidade para melhorar a qualidade
de vida das pessoas, das plantas e dos animais. Nesse contexto, o biólogo torna-se responsável por
atuar nas grandes áreas que envolvem a saúde, a biotecnologia e produção, e o meio ambiente e
sustentabilidade, tendo em mente que as alterações ambientais são capazes de afetar de maneira
decisiva as demais áreas.

Entretanto, com o advento do empreendedorismo, a biologia ganhou outras áreas de atuação não
menos nobres do que a pesquisa. É a possibilidade de ter o próprio negócio e, ainda assim, desenvolver
atividades de sustentabilidade, influenciando outras pessoas a terem o mesmo comportamento
comprometido com a conservação do meio ambiente.

Observação

Inúmeras são as ideias de negócios para o biólogo que deseja


empreender em atividades que envolvam sustentabilidade. Uma ideia
bacana seria escrever projetos que possam ser desenvolvidos em unidades
de conservação, explorando a educação ambiental de maneira sustentável.
Informe-se e use a criatividade!

Resumo

Iniciamos a unidade II abordando o empreendedorismo nas muitas


áreas de atuação da biologia. Ocorre que o perfil do profissional de
ciências biológicas não é mais o mesmo daquele encontrado anos atrás.
Ao longo dos anos, esse perfil foi mudando timidamente e, embora muitos
biólogos ainda optem pela carreira acadêmica, preparando-se para serem
professores e pesquisadores, conservando o tradicionalismo da profissão,
muitos outros estão se aventurando por áreas completamente novas e,
também, promissoras.

As mudanças que foram ocorrendo através das diferentes gerações, baby


boomers (1940–1959), geração X (1960–1979), geração Y ou millennials
(1980–1994), estão se refletindo nos comportamentos atuais e mudando a
concepção de consumo. A geração baby boomers presenciou as situações do
pós-guerra, época de ditadura e repressão no Brasil, com comportamentos
idealistas, ideias revolucionárias e procoletividade.

98
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

A geração X foi marcada por um contexto de transição política, em que


o capitalismo e a meritocracia alcançavam a hegemonia. O comportamento
humano era modulado por comportamentos materialistas, competitivos,
individualistas, e o consumo foi pautado pela necessidade de status,
produtos de marca, carros e artigos de luxo.

A geração Y ou millennials presenciou o processo de globalização, a


estabilidade econômica e o surgimento da rede mundial de computadores,
a internet, com preferências disruptivas, preferindo vivenciar experiências,
participar de festivais e realizar viagens a ter gastos com artigos de luxo.

As diferenças notadas nas três gerações explicam o momento e movimento


atual que valoriza ações de sustentabilidade em todas as áreas do consumo. A
consciência ecológica e o investimento no desenvolvimento dos conceitos
de educação ambiental têm sido a preocupação dessa nova geração. Nesse
contexto, e levando em consideração que a biologia atua em importantes
áreas do conhecimento, é possível entender a crescente demanda por esse
profissional na oferta de serviços que extrapolam as atividades acadêmicas,
estimulando o investimento na área de empreendedorismo.

Com 88 áreas de atuação regulamentadas e apresentadas neste


livro-texto, fez-se necessário apresentar também áreas nas quais se pode
empreender, dando-lhe ferramentas para que possa buscar, em sua área
de conforto dentro da biologia, subsídios para ser um empreendedor de
sucesso. Além de apontar as áreas em que existem demandas de serviços
e carência de empreendedores, este material ofereceu noções básicas de
como empreender e a importância de consultar serviços especializados no
momento de idealizar seu negócio.

Uma das abordagens desta unidade relaciona-se ao passo a passo


para elaborar um plano de negócios, com base na apostila do Sebrae,
uma vez que a empresa possui expertise e pessoal treinado para prestar
toda a assistência necessária para quem deseja empreender sem riscos.
Outra questão importante diz respeito às inúmeras possibilidades de
investir tempo, conhecimento e pouco dinheiro em projetos envolvendo a
economia colaborativa.

A tendência mundial é a economia colaborativa ou compartilhada,


uma vez que, em diversos países, esse tipo de comportamento vem sendo
desenvolvido com sucesso. Startups de sucesso mundial como Uber,
Spotify, Airbnb, Ant Financial, Xiaomi, Space X, Pinterest, Dropbox, Slack,
Didi Chuxing, entre outras, nasceram de iniciativas incertas, com baixos
investimentos. O Brasil possui um grande número de startups, sendo que
algumas já despontam no mercado milionário de investimentos da área.
99
Unidade II

Todas elas nascem da necessidade de atender a uma demanda existente,


entretanto é necessário estar vigilante para conseguir perceber as
necessidades que surgem no mercado quase que diariamente.

Outra tendência observada é o compartilhamento, cada vez maior, de


espaços e serviços, com consequente redução de despesas para os envolvidos
e de consumo de matéria-prima do meio ambiente. Esse movimento visa à
sustentabilidade nos negócios e na vida cotidiana. Além disso, temos ainda
a possibilidade de empreender utilizando conhecimentos e práticas da
educação ambiental, como uma ferramenta de sustentabilidade.

Nesse contexto, foram expostas ideias de áreas de atuação em


empreendedorismo sustentável, nas quais a atuação do biólogo é importante
para garantir o processo de sustentabilidade. Trata-se de oportunidades de
atuação na área de paisagismo e negócios verdes, envolvendo construções
sustentáveis, reuso de materiais e recursos, construção de composteiras
para produção de adubo orgânico, fabricação de embalagens ecológicas,
reciclagem de lixo tecnológico, elaboração de projetos com soluções para
economia e captação de energia limpa, entre muitos outros.

Para o biólogo que tenha interesse em se envolver em projetos sociais,


com o objetivo de prestar serviços que possam melhorar a qualidade de vida
das pessoas e das demais criaturas que compartilham o meio ambiente,
existe ainda a possibilidade de fundar uma ONG, na qual poderá trabalhar
em projetos sociais, auxiliando pessoas em ações socioambientais, para
garantir a saúde do meio ambiente e dos animais. As organizações podem
ter personalidade jurídica, de associação ou fundação, dependendo do
interesse e das possibilidades financeiras do interessado. Nesse sentido,
algumas informações sobre os tipos de legislação pertinentes foram
apresentadas de maneira básica.

Entretanto, caso você tenha interesse maior sobre um assunto específico,


este livro-texto também fornece referências de trabalhos bibliográficos que
possam auxiliar no aprofundamento das questões. Buscamos fornecer uma
ampla visão das possibilidades de atuação profissional, a fim de entender
a mudança de comportamento da população mundial, os diferentes tipos
de serviços e produtos para que, desta forma, você conheça as infinitas
possibilidades de obter sucesso em sua carreira profissional.

100
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Exercícios

Questão 1. Leia o trecho da notícia reproduzida a seguir.

A responsabilidade socioambiental e sua importância para os negócios

É cada vez mais comum ouvirmos falar sobre sustentabilidade. Isso porque a sociedade já percebeu
que nossas necessidades são infinitas e os recursos naturais são limitados. Por esse motivo, as organizações
têm investido muito em ações e programas de responsabilidade socioambiental.

Esse tipo de investimento propõe uma nova maneira de trabalho. As atividades exercidas pelas
empresas são revistas, buscando identificar os impactos que possam causar ao meio ambiente e
como podem ser reduzidos ou, até mesmo, eliminados. E não é só o meio ambiente que sai ganhado.
As organizações também se beneficiam com essa prática.

FIEMG. A responsabilidade socioambiental e sua importância para os negócios. 12 jul. 2019.


Disponível em: https://bit.ly/3hvTnoD. Acesso em: 2 set. 2020.

O empreendedorismo e a responsabilidade socioambiental são conceitos que devem fazer parte


da formação e da atuação do biólogo, pois referem-se à sua preocupação com o meio ambiente, a
sociedade e abre novas perspectivas para esse profissional.

Nesse contexto, analise as afirmativas.

I – A responsabilidade socioambiental e o empreendedorismo já são práticas consolidadas na atuação


dos biólogos, uma vez que seu desenvolvimento tem sido estimulado desde a década de 1970.

II – Cada vez mais, as empresas têm se preocupado com os impactos ambientais oriundos de suas
atividades e buscam, nos biólogos, profissionais adequados e habilitados para desenvolverem ações
mitigadoras de sustentabilidade.

III - Os profissionais das ciências biológicas não se beneficiam das noções de empreendedorismo,
pois as atividades de pesquisa, ensino e conservação que estão habilitados a desempenharem já estão
há muito tempo definidas e padronizadas e, por isso, não comportam inovações.

101
Unidade II

Sobre as afirmativas, é correto o que se apresenta em:

A) Apenas a I está correta.

B) Apenas a II está correta.

C) Apenas a I e a III estão corretas.

D) Todas as afirmativas estão corretas.

E) Apenas a II e a III estão corretas.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.

Justificativa: tanto a responsabilidade socioambiental quanto o empreendedorismo são temas


inseridos apenas recentemente nas ciências biológicas, mediante pressão e demanda das próprias
atividades humanas. Tais práticas estão ligadas à preocupação ambiental, à globalização e ao
desenvolvimento de novas tecnologias.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: de fato, diante de um quadro crítico mundial de esgotamento dos recursos naturais e
de excessiva poluição, as empresas têm mostrado preocupação com o meio ambiente e, principalmente,
com suas imagens perante a sociedade. Tudo isso gerou uma demanda por projetos e ações de
sustentabilidade que pudessem reverter o grave quadro de impactos ambientais. Nesse contexto,
os biólogos bem formados e ligados de maneira mais direta ao empreendedorismo e às questões
socioambientais podem encontrar melhores oportunidades de atuação.

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: o empreendedorismo e a preocupação socioambiental devem fazer parte da formação


de todo profissional que busca ampliar seu leque de oportunidades de atuação profissional. Com as
ciências biológicas, não é diferente. Pelo contrário, há enorme variedade de oportunidades que podem
ser aproveitadas pelos biólogos que estejam preparados para usar essas indispensáveis ferramentas.

102
INOVAÇÕES EM BIOLOGIA

Questão 2. Leia o texto a seguir.

Lixo eletrônico ganha vida nova em ONG que promove capacitação de jovens

Com 18 anos recém-completados, Iasmym de Coldes Chaves já sabe que, no futuro, quer trabalhar
com tecnologia. A certeza veio dos quatro anos em que participa da organização não governamental
Programando o Futuro, com sede em Valparaíso de Goiás, no entorno do Distrito Federal. A entidade
recebe jovens a partir dos 14 anos, em cursos gratuitos de informática, montagem e configuração de
computadores e robótica.

Parcerias sustentáveis

Os cursos e projetos promovidos pela ONG são possíveis graças aos seus parceiros e colaboradores.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já contribui com a entidade há cinco anos, seja doando equipamentos
usados do próprio tribunal, seja por meio das doações feitas pelos servidores, que fornecem eletrônicos
pessoais para descarte no posto de coleta instalado pela ONG.

Segundo o fundador da Programando o Futuro, Vilmar Simion, o STJ já doou cerca de 70 toneladas de
eletrônicos. “Nosso primeiro posto de coleta de eletrônicos foi no STJ. Ele foi colocado em outubro de 2012.
Toda semana, o posto enchia e a gente ia recolher. Foi esse pontapé que abriu as portas para todas as
outras parcerias que fizemos nos últimos cinco anos. Hoje, temos 43 postos”.

STJ. Lixo eletrônico ganha vida nova em ONG que promove capacitação de jovens. 19 jan. 2019.
Disponível em: https://bit.ly/3bAvFnr. Acesso em: 2 set. 2020 (adaptado).

ONGs, ou organizações não governamentais, como a mostrada no texto, são iniciativas importantes
que podem fazer parte do conjunto de atividades de um biólogo. Tendo formação sólida, visão de
negócios e sensibilidade para identificar as necessidades da sociedade em sua área, os biólogos são
muito bem-vindos para empreenderem nesse ramo. Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir.

I – Toda entidade privada que exerça atividades intermediárias entre o Estado e a sociedade, sem
visar ao lucro, pode ser considerada uma ONG.

II – ONGs estão classificadas como iniciativas do terceiro setor, já que são entidades privadas sem
fins lucrativos que realizam atividades complementares às públicas. Assim, contribuem com a sociedade
na busca de soluções para os problemas socioambientais, visando ao bem comum.

III – A criação de uma ONG é mais do que comandar um negócio, uma vez que exige do corpo
administrativo dedicação a projetos para o benefício coletivo, deixando de lado o retorno financeiro.
Deve-se acreditar que é possível transformar a sociedade aos poucos com respeito e amor ao ser humano
e ao meio ambiente.

103
Unidade II

Sobre as afirmativas, é correto o que se apresenta em:

A) Apenas a I está correta.

B) Apenas a II está correta.

C) Apenas a I e a III estão corretas.

D) Todas as afirmativas estão corretas.

E) Apenas a II e a III estão corretas.

Resposta correta: alternativa D.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: a definição apresentada contém o perfil desse tipo de entidade ou organização, com
destaque para o fato de serem entidades privadas sem fins lucrativos, que promovem a ligação entre
governo e sociedade.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: considerando-se sua ação como prestadoras de serviços, as ONGs devem ser atribuídas
ao terceiro setor.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: as ONGs são administradas como um negócio, embora não tenham fins lucrativos. Elas
nascem das necessidades da sociedade e do desejo de ajudar de seus criadores.

104
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

ODS-OBJETIVOS-SUSTENTAVEIS-1.JPG. Disponível em: https://bit.ly/30SnnBz. Acesso em: 20 ago. 2019.

Figura 2

FILE:EARTH_OVERSHOOT_DAY_1969-2018.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3vFBR67. Acesso


em: 3 set. 2019.

Figura 7

DEVONSHIRE-SQUARE-COWORKING-16.JPG. Disponível em: https://we.co/3qTD71I. Acesso


em: 12 out. 2019.

Figura 14

50-750-PERMACULTURA-VS-CULTURA-TEMPORARIA.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3qX8QPy.


Acesso em: 19 mar. 2021.

Figura 16

A) GARDEN-2179530_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3qWnwi2. Acesso em: 16 mar. 2021.

B) POTS-716579_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3luHlM3. Acesso em: 16 mar. 2021.

Figura 17

POLLUTION-3075857_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/30U1HVK. Acesso em: 16 mar. 2021.

Figura 18

BLOOD-17305_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3eQA87R. Acesso em: 16 mar. 2021.

Figura 19

MEDICINE-163707_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3lp1Ae0. Acesso em: 16 mar. 2021.

Figura 20

A) A-COLLECTION-OF-BUTTERFLIES-4428962_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3eM498H.


Acesso em: 16 mar. 2021.

B) MOLD-2035457_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3qSdq1D. Acesso em: 16 mar. 2021.


105
Figura 21

A) TAMARIND-636962_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/2OJXHVh. Acesso em: 16 mar. 2021.

B) PITANGA-1891852_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3ln4SyD. Acesso em: 16 mar. 2021.

C) MANGABA-275352_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3qX0vey. Acesso em: 16 mar. 2021.

D) NATURE-961759_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3w0l0dt. Acesso em: 16 mar. 2021.

Figura 22

A) LABORATORY-385349_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3lmYgjM. Acesso em: 16 mar. 2021.

B) ANIMAL-CONTAINMENT-FACILITY-2223462_1280.JPG. Disponível em: https://bit.ly/3s92qhT. Acesso


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Figura 23

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Informações:
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