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FÍSICA E BIOFÍSICA

Unidade II
5 PROCESSOS VISUAIS

5.1 A natureza da luz

É indiscutível que a luz é fundamental para a vida dos seres humanos. Nós precisamos de oxigênio
para respirar e precisamos iluminar nossas casas para que a vida não fique restrita apenas ao período
diurno, como no tempo das cavernas.

Alguns organismos fazem fotossíntese: plantas, algas e algumas bactérias que possuem clorofila.
Nesse processo, os organismos utilizam a energia da luz para converter gás carbônico e água em
biomoléculas e todos os seres vivos do planeta necessitam dessas moléculas. Durante esse processo, os
seres fotossintetizantes, liberam oxigênio para o ar que respiramos.

A luz possui energia e a maior fonte dessa energia é o Sol, que é uma estrela que está localizada a
cerca de 150 milhões de quilômetros da Terra. A luz segue durante cerca de 8 minutos e meio no vácuo
para sair do Sol e trazer sua energia para a Terra. A luz é uma onda eletromagnética.

As ondas eletromagnéticas afetam os sistemas biológicos, em especial as ondas que se encontram


na faixa de frequências de 4,3.1014 Hz a 7,5.1014 Hz (DURÁN, 2003). Essas frequências são o espectro da
luz visível que, pela conveniência, são expressos em termos do comprimento de onda, ou seja, de 750
nm a 350 nm.

Lembrete

Período, frequência e comprimento de onda são expressões numéricas


da mesma característica de uma onda e usamos um ou outro fator
de acordo com a conveniência matemática. No caso da luz, que é uma
onda eletromagnética com uma frequência muito alta, é muito mais fácil
trabalhar com valores em comprimento de onda.

Esse intervalo de frequências corresponde às cores, que vão desde o vermelho (menor frequência e
maior comprimento de onda) até o violeta (maior frequência e menor comprimento de onda). Ondas
eletromagnéticas cujas frequências estejam próximas a este intervalo também são tratadas como luz:
frequências um pouco abaixo da frequência do vermelho são chamadas infravermelhas e as frequências
um pouco acima do violeta são chamadas ultravioletas.

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5.1.1 Teoria corpuscular da luz

O estudo da luz remonta à Grécia Antiga. As primeiras explicações sobre a luz eram baseadas nos
conceitos do atomismo, que foi uma corrente do pensamento grego que tentava justificar a existência
do movimento, ou seja, não tem relação com o conceito do átomo que se estuda em química.

Quem consolidou a teoria corpuscular da luz foi o físico inglês Isaac Newton (1643‑1727). Ele
desenvolveu uma série de conceitos que explicavam os mais variados fenômenos óticos.

A teoria corpuscular foi desenvolvida no século XVIII, pelos seguidores de Newton (GARCIA, 1998).
Segundo Newton, a luz é composta por pequenos corpúsculos lançados a partir das fontes luminosas
com grande velocidade. Essa teoria explica alguns comportamentos da luz, como o fato de os ângulos
de incidência e de reflexão da luz em uma superfície serem iguais e o fato de a propagação do raio de
luz num meio homogêneo ser retilínea.

Contudo, a teoria corpuscular não explica outros fenômenos como a difração, que é a mudança de
ângulo de propagação quando a luz muda de meio, e a interferência entre dois feixes de luz cruzados,
que se afetam no ponto de cruzamento; contudo, o efeito não se propaga após o cruzamento, o que fez
com que se propusesse que a luz é de natureza eletromagnética.

5.1.2 Teoria ondulatória da luz

No início do século XIX, com o aperfeiçoamento da teoria ondulatória de Thomas Young e Augustin
Fresnel, a teoria corpuscular foi, aos poucos, sendo rejeitada (GARCIA, 1998).

No século XVII, Christiaan Huygens (1629‑1695) propôs a ideia de que a luz fosse um fenômeno
ondulatório, mas as experiências de Thomas Young e Augustin Fresnel sobre interferência e difração
demonstraram que esses fenômenos só seriam possíveis se à luz correspondesse um movimento
ondulatório.

Young conseguiu, por meio de um aparato simples, provocar a interferência entre dois feixes
luminosos vindos da mesma fonte. Ele fez com que a luz de uma única fonte luminosa passasse por
um orifício, provocando o espalhamento desse feixe. Logo após, o feixe de luz teve que passar por dois
outros orifícios, sofrendo novo espalhamento, surgindo duas novas ondas luminosas, que se propagavam
com a mesma fase, mas provocando interferências entre si. Isso é demonstrado pelo padrão de franjas
projetado numa tela, que só é possível se a luz for uma onda. A figura 15 mostra o experimento de
Young.

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Padrão de
franjas

Anteparos Tela

Figura 15 – Padrão de franjas segundo a experiência de Young

5.1.3 Teoria da dualidade onda‑partícula

Um fenômeno que a teoria ondulatória da luz não explica é o fato de alguns materiais emitirem
elétrons quando recebem luz. Esse fenômeno é conhecido como efeito fotoelétrico e está presente em
materiais como o arseneto de gálio, que é utilizado em conversores de energia solar.

Para explicar o efeito fotoelétrico, imagine uma mesa de bilhar no início do jogo, com as bolas
coloridas agrupadas em triângulo e a bola branca preparada para a primeira tacada. Se o jogador der
uma tacada fraca, as bolas coloridas serão movimentadas com pouca energia; por outro lado, se a
tacada for forte, as bolas serão espalhadas com maior velocidade.

Quando a luz incide sobre uma placa fotoelétrica, provoca a emissão de uma quantidade de elétrons,
com certa velocidade. Porém, ao aumentar‑se a intensidade dessa luz, ao contrário do que seria esperado,
os elétrons não são emitidos com maior velocidade, mas é emitida uma maior quantidade de elétrons. E
ainda mais, emitir ou não elétrons depende da frequência (cor) da luz.

Esse efeito não pode ser explicado pela teoria ondulatória pura. O motivo é que a luz não se comporta
apenas como ondas, mas como um feixe de pequenos pacotes de energia chamados de fótons. O fóton
é absorvido pelo elétron, que ganha essa energia.

Um fóton de uma luz azul (maior frequência) possui mais energia que um fóton de uma luz vermelha
(menor frequência) e age como no exemplo da bola de bilhar na tacada forte, transmitindo maior
energia aos elétrons.

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Aumentando‑se a intensidade da luz, mais fótons com a mesma quantidade de energia atingem os
elétrons e promovem uma maior remoção de elétrons e não uma remoção mais rápida, como seria de
se esperar na teoria ondulatória.

Foi Albert Einstein quem conseguiu demonstrar que um feixe de luz é composto por pequenos
pacotes de energia, chamados fótons, explicando o fenômeno da emissão fotoelétrica. Esta interpretação
corpuscular da luz também explica por que a maior intensidade aumenta o número de elétrons ejetados
– com mais fótons colidindo no metal, mais elétrons têm probabilidade de serem atingidos.

Foi esta explicação que deu a Einstein o Prêmio Nobel de Física de 1921. Esse conhecimento deu
origem à tecnologia dos sensores fotoelétricos presentes em sistemas de segurança, portas automáticas
e câmeras fotográficas digitais.

5.2 Formação das cores nos objetos

Uma das descobertas de Isaac Newton em relação à ótica é sobre a composição das cores. Já se sabia
que a luz, ao passar por um prisma, que é uma peça de vidro transparente cujas faces opostas não são
paralelas, gera diversos feixes coloridos. Isso era atribuído a impurezas na composição do vidro.

Newton não acreditava nessa hipótese e fez um experimento isolando um dos feixes coloridos e
fazendo‑o passar por um novo prisma. Esse feixe de luz não sofreu nenhuma distorção, o que comprovou
que essa cor não é resultado de impurezas do vidro, mas um componente da luz.

Posteriormente, Newton reproduziu essas cores num disco e demonstrou que, ao girá‑lo em alta
velocidade, não se percebem as cores separadamente, mas, sim, enxerga‑se o somatório dessas cores,
ou seja, a cor branca.

A partir dessa conclusão, Newton explicou as cores nos corpos que não possuem luz própria como
sendo o resultado da absorção de algumas cores e reflexão de outras cores do espectro da luz branca.

Note que, além do processo estritamente físico da geração das cores dos objetos, existe o efeito
fisiológico na percepção dessas cores.

Um ser humano comum consegue perceber as cores entre os comprimentos de onda de 750 a 400
nm, mas outros animais conseguem perceber outras frequências localizadas no infravermelho e no
ultravioleta. Isso vai depender das células que fazem parte de sua fisiologia.

5.3 As câmaras fotográficas

Sistemas óticos biológicos podem ser bastante complexos. Vamos começar essa explicação por um
sistema mais simples: uma câmera fotográfica simples.

Não existe um inventor para a câmera fotográfica. Ela é um equipamento que foi sendo aperfeiçoado
ao longo dos séculos. Há registros históricos de processos semelhantes na China e na Índia que remontam
ao século V a.C.
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Na história ocidental, os primeiros registros fazem referência a Aristóteles, no século IV a.C., que
conseguiu observar um eclipse solar por meio de uma projeção do fenômeno no chão, provocada por
pequeno espaço entre folhas entrelaçadas de uma árvore. Uma descoberta feita ao acaso.

A evolução seguinte foi a criação da câmara escura feita por Giovanni Baptista Della Porta, no
século XVI, já no período do Renascimento. (KODAK, 2013). A câmara escura era usada por pintores para
reproduzir paisagens com maior facilidade.

A câmara escura dessa época é um recinto fechado, no qual não se permite a entrada de luz, exceto
por um orifício numa das paredes, que é direcionado para a paisagem que se deseja retratar. Observe a
sequência da figura 16.

(a) (b) (c)

Figura 16 – Formação de uma imagem dentro de uma câmara escura

Um raio de luz sai do Sol, atinge o alto da árvore e é refletido em todas as direções (a) sendo uma
delas, em direção ao orifício da câmara escura. O mesmo acontece com todos os raios de luz até o ponto
mais baixo da árvore (b). A junção de todos os raios de luz, ao passar pelo orifício da câmara escura,
resulta em uma imagem invertida em relação à imagem original.

Alguns pintores utilizavam o recurso da câmara escura para reproduzir paisagens. Quanto menor
o orifício, mais nítida é a imagem, porém a imagem fica tênue e mais difícil de ser enxergada. Esse
problema foi resolvido por Girolamo Cardano, em 1550, que passou a utilizar uma lente biconvexa para
concentrar os raios de luz, conseguindo aumentar a quantidade de luz na formação da imagem dentro
da câmara escura sem que haja perda de nitidez. Observe a figura 17.

(a) (b)

Figura 17 – Comparação entre uma câmara escura com um orifício grande sem lente (a) e com lente (b)

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Um orifício grande coleta vários raios de luz resultantes da reflexão no objeto (a), o que resulta em
diversas imagens sobrepostas no fundo da câmara escura. A lente biconvexa converge os raios de luz
para um ponto focal (b). Esse ponto funciona de uma maneira semelhante a um orifício pequeno na
câmara escura, tornando a imagem mais nítida e ao mesmo tempo permitindo a maior entrada de luz
na câmara escura.

A câmara fotográfica atual é uma câmara escura onde a imagem fica registrada ou por meios
químicos, no caso da câmera analógica, ou por sensores fotoelétricos, como nas câmaras digitais,
localizados no fundo da câmara escura.

O olho simples tem um funcionamento semelhante ao funcionamento de uma câmara digital, como
veremos a seguir.

5.4 Anatomia do olho simples

O olho é o órgão sensorial mais complexo dos humanos. Um médico e cientista alemão chamado
Helmholtz, certa vez escreveu: “nós não somos simplesmente passivos às impressões que nos estimulam,
mas nós as observamos” (apud GARCIA, 1998).

A figura 18 mostra um olho humano em corte, indicando seus principais componentes.

Esclerótica
Retina
Corioide

Fóvea
Íris
Lente Disco óptico
Pupila

Córnea Nervo
óptico
Humor aquoso
Músculos
ciliares
Corpo vítreo

Figura 18 – Principais componentes do olho simples

Vamos analisar alguns desses componentes e compará‑los ao funcionamento de uma câmera


fotográfica.

O olho humano é revestido por três camadas: túnica fibrosa, túnica vascular e túnica interna ou
retina.

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A túnica fibrosa é a camada mais externa do olho. Ela é formada pela córnea e pela camada
esclerótica. A córnea é uma cobertura transparente e curva que recobre a íris. Pelo fato de ser curva, a
córnea funciona como uma lente e ajuda a convergir os raios de luz para dentro do olho.

A esclerótica, que é o branco do olho, é uma cobertura de tecido mais denso que recobre todo
o bulbo do olho, exceto a córnea. Ela dá a forma do olho e o torna mais rígido, protegendo suas
partes internas.

A túnica vascular é uma camada intermediária composta pela coroide, pelo corpo ciliar e pela íris.
A coroide é uma membrana que reveste a maior parte interna da esclerótica e contém muitos vasos
sanguíneos. A melanina presente na coroide absorve os raios de luz difusos, impedindo a reflexão da luz
dentro do olho.

Ligados à coroide estão os músculos ciliares e a íris. Os músculos ciliares têm por função alterar a
forma da lente para facilitar a formação de foco para objetos próximos ou à distância. A íris é a parte
colorida do olho e é formada por fibras musculares lisas. O orifício da íris, por onde entra a luz no olho,
é chamada pupila.

A lente, também chamada de cristalino, é formada por muitas camadas de fibras de proteínas
elásticas e sua função é focalizar os raios luminosos na retina, que é a camada mais interna do olho
(TORTORA; DERRICKSON, 2012).

A retina é formada por duas camadas: o estrato nervoso e o estrato pigmentoso. O estrato nervoso
é uma projeção do próprio encéfalo e possui neurônios e fotorreceptores. O estrato pigmentoso é uma
camada com células epiteliais contendo melanina que, como na coroide, também ajuda a absorver os
raios de luz difusos.

O interior do olho é preenchido por dois líquidos. O humor aquoso, que preenche o espaço entre
a córnea e o cristalino, é formado por água e sais minerais. O humor vítreo é um líquido viscoso que
preenche todo o espaço interno do olho, entre o cristalino e a retina e é composto por fibras e células.

Os fotorreceptores são as células que convertem o sinal luminoso em impulsos nervosos. Existem
dois tipos de fotorreceptores: os bastonetes e os cones. Os bastonetes são células que percebem a
presença ou ausência de luz, ou seja, o preto, o branco e os tons intermediários de cinza. Os cones são
as células que percebem as cores.

Os cones são especializados por cor. Nos humanos são de três tipos: os cones sensíveis ao
azul, os cones sensíveis ao verde e os cones sensíveis ao vermelho. A visão a cores é resultado da
combinação desses três tipos de cones, de uma maneira semelhante a uma impressora de jato
de tinta, que combina as cores amarelo, cyan e magenta para fazer todas as cores que serão
impressas. Os cones estão concentrados na fóvea, exatamente no centro da retina. Os bastonetes
estão ausentes da fóvea e aumentam em número em direção à periferia da retina. A figura 19
mostra os cones e os bastonetes.

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Bastonete Conjunto de membranas


pigmentadas

Cone

Figura 19 – Microfotografia da retina e uma representação artística dos cones e bastonetes

5.5 O funcionamento do olho simples

O olho funciona de uma maneira semelhante a uma câmara fotográfica, onde o conjunto formado
pela córnea, humor aquoso e cristalino forma uma lente biconvexa, tal qual a máquina.

Vamos imaginar um olho observando um objeto distante. Devido à distância podemos considerar a
chegada dos raios de luz, refletidos pelo objeto como sendo paralelos.

Quando os raios de luz atingem a córnea, são convergidos e projetados para o fundo do olho,
incidindo sobre a retina de modo a formar uma imagem invertida em relação ao objeto real. Essa luz, ao
atingir a retina, ativa o pigmento presente nos cones e bastonetes.

Esse pigmento é uma substância que, quando absorve luz, sofre uma mudança em sua estrutura
química. Esse pigmento, chamado de rodopsina, é composto por uma proteína chamada opsina e um
derivado da vitamina A, chamado de retinal.

Quando um fóton atinge uma molécula de rodopsina, ela se quebra em opsina e retinal e ativa
uma proteína G na célula fotorreceptora, que regula o canal iônico de sódio e potássio, gerando uma
alteração de potencial que, por sua vez, é propagada para os neurônios ao nervo ótico, que levam a
informação ao cérebro. Em seguida, a opsina e o retinal se recombinam em rodopsina novamente.
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Existem diferenças entre as opsinas dos bastonetes, cones azuis, verdes e vermelhos, mas os
fotopigmentos dos cones recombinam‑se muito mais rapidamente do que os fotopigmentos dos
bastonetes (TORTORA; DERRICKSON, 2012).

A sequência da bioquímica da transdução de sinal luminoso em sinal elétrico é semelhante em todos


os cones e bastonetes da retina do homem e dos demais vertebrados.

Quando há um excesso de luz, a íris entra em ação, reduzindo o tamanho da pupila. A pupila funciona
como o orifício da câmara escura e regula a entrada de luz no olho e, portanto, melhora a nitidez da
imagem.

Se o objeto observado se aproxima do observador, o olho precisa corrigir o formato da lente para que
a imagem continue incidindo sobre a retina e formando a imagem corretamente.

5.6 Dispositivos dióptricos

Conforme foi estudado, o olho simples funciona como uma câmera fotográfica, mas seu bom
funcionamento depende de que o olho tenha um formato quase perfeito e, infelizmente, não existe
perfeição em tudo.

Quando a geometria do olho não é adequada ao seu bom funcionamento, somos obrigados a usar
dispositivos que façam a correção da trajetória da luz para que a imagem formada no fundo da retina
seja a mais correta possível. Esses dispositivos, óculos ou lentes de contato, combinam a geometria e
a refração da luz para corrigir a trajetória dos raios luminosos e essa capacidade de mudar trajetórias
óticas é chamada dioptria.

A luz, viajando no vácuo, atinge sua velocidade máxima. Em qualquer outro meio, a velocidade da
luz é menor que no vácuo. Quando o raio de luz atinge perpendicularmente uma superfície de contato
entre dois meios diferentes, não há alteração de trajetória, mas quando há um ângulo de incidência, a
luz muda seu ângulo de trajetória devido à mudança de velocidade. A figura 20 mostra a alteração na
direção de trajetória de um raio de luz ao cruzar a superfície de contato entre dois meios diferentes.

incidência normal incidência oblíqua


V1 V1

meio 1 meio 1
meio 2 meio 2
V2
V2

refração sem desvio refração com desvio

Figura 20 – Refração de um raio de luz ao passar de um meio para outro

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A figura 21 mostra como a geometria de uma lente transparente, associada à capacidade de refração do
material da lente é capaz de convergir (a) ou divergir (b) raios de luz paralelos.

(a) (b)

Figura 21 – Trajetória da luz por uma lente convergente (a) e por uma lente divergente (b)

No caso da convergência, os raios de luz chegam paralelos à lente biconvexa (a) e são convergidos a
um ponto, chamado foco. No caso da divergência, na lente bicôncava (b), provoca o redirecionamento
dos raios de luz de modo que, se for traçada uma trajetória no sentido oposto aos dos raios divergidos,
será encontrado um foco virtual à esquerda da lente.

5.7 Defeitos de visão

A maioria dos defeitos de visão é devido aos problemas de focalização da imagem, e o olho não
produz imagens nítidas dos objetos. Por isso que uma pessoa com problemas de focalização aproxima ou
afasta os objetos dos olhos. Um olho normal pode focalizar objetos localizados em distâncias que variam
desde o infinito até aproximadamente 15 cm a sua frente (DURÁN, 2003). Isto é resultado do ajuste da
lente feito pelo músculo ciliar (figura 18). A idade de uma pessoa tem influência direta na acomodação
do olho devido à redução da força nesse músculo. Esse problema é chamado presbitismo ou presbiopia
e o sujeito portador desse problema não enxerga bem a pequenas distâncias.

Outros problemas de visão devem‑se à desarmonia entre a geometria do conjunto formado pela
córnea e pelo cristalino e o comprimento axial do olho. O olho normal é chamado olho emétrope e
quando não há um ajuste perfeito na geometria do olho é chamado olho amétrope.

Existem dois tipos de ametropia: a miopia e a hipermetropia.

A miopia, também chamada braquiometropia, é a dificuldade em enxergar objetos distantes. Neste


caso, a imagem que seria perfeita está localizada na parte anterior à retina, como é mostrado na figura
22. Nela, o olho emétrope está representado em tracejado. Note‑se que o que seria a imagem perfeita
está localizado à frente da retina e a imagem sobre a retina está fora de foco.

Figura 22 – Esquema da formação de imagem num olho míope

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Outra maneira de descrever a miopia, é que o conjunto córnea e cristalino promove uma convergência
excessiva dos raios de luz. Para a correção desse defeito, é necessário o uso de lentes que compensem
essa convergência, ou seja, lentes divergentes. A figura 23 mostra a correção feita pela lente divergente.

Figura 23 – Correção da miopia com lente divergente

A hipermetropia é a dificuldade de enxergar objetos próximos ao olho. Neste caso, a imagem perfeita
estaria focalizada atrás da retina. É óbvio que a luz não atravessa a retina e não dá para formar uma
imagem atrás do olho, mas se prolongarmos a trajetória dos raios de luz teremos um esquema como o
mostrado na figura 24. O olho emétrope está mostrado em tracejado:

Figura 24 – Esquema da formação de imagem de um olho hipermetrope

Outra maneira de descrever a hipermetropia é por meio da pouca convergência dos raios de luz
dentro do olho e, para corrigi‑la, é necessário o uso de uma lente convergente. A figura 25 mostra um
esquema da correção da hipermetropia.

Figura 25 – Correção da hipermetropia com lentes convergentes

O astigmatismo também é um problema de focalização de imagens. Neste caso, o defeito é um


formato irregular do conjunto formado pela córnea e pelo cristalino, que deixa de ter um formato
arredondado (uma calota esférica, como um corte de uma bola de basquete) e passam a ter um formato
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oval (uma calota elíptica, como um corte de uma bola de futebol americano). Essa deficiência visual
forma uma imagem com vários focos, o que faz com que a imagem passe a ficar distorcida e embaçada,
pois alguns raios ficam focalizados de maneira correta e outros não.

A lente, para esse caso, tem um formato mais complexo, com espessura variando entre o centro e
as bordas, chamada lente tórica. Essa lente concentra os raios de luz num mesmo plano sobre a retina.

5.8 Acuidade visual

Acuidade é a capacidade de diferenciar objetos à distância. Por exemplo, ao observarmos uma


pequena rachadura na pintura de uma parede, identificamos apenas um traço. Só conseguiremos
identificar as bordas dessa rachadura se aproximarmos os olhos da parede. A acuidade visual
é uma função complexa, que envolve fatores dióptricos, fisiológicos da retina e da própria
percepção cerebral.

A retina é um aglomerado de células e, portanto, é descontínua. A retina poderia ser comparada


ao sensor de uma câmera fotográfica digital, que registra a imagem em pixels. Para se ter uma
comparação, a fóvea central, que é a área mais sensível da retina, possui 130.000 cones/mm2 (CBO,
Minha Biblioteca). Considerando que a fóvea central tem cerca de 6 mm2, isso dá o equivalente a uma
câmera de 780 megapixels.

O diâmetro dos cones é de 1 a 1,5 mm (milionésima parte do metro), e a distância entre dois cones
vizinhos é de cerca de 3 mm. Considerando que a distância entre o foco da lente formada pelo conjunto
córnea e cristalino, numa pessoa emétrope, e a retina é de 16,8 mm, o ângulo subentendido entre
os centros de dois cones vizinhos é de 38,6’. Calcula‑se, então, que a este ângulo corresponde um
afastamento de 2 mm à distância de 10 metros (CBO).

Lembrete

Uma circunferência é dividida em 360° (graus), 1° é dividido em 60’


(minutos) e cada 1’ é dividido em 60” (segundos).

5.9 Olho composto

Como o olho simples, o sistema visual de insetos e crustáceos funciona por meio da incidência de
luz visível sobre os olhos, fornecendo a energia necessária a diversas reações bioquímicas, em células
especializadas, localizadas dentro do olho.

Porém, o olho dos insetos e crustáceos é formado por um grande globo de pequenas facetas
receptoras da luz. Cada faceta é denominada omatídio e o olho formado por omatídios é chamado
olho composto. A libélula, por exemplo, possui cerca de 28.000 omatídios; a mutuca possui cerca de
3.000 e a mosca doméstica possui cerca de 4.000 omatídios (DURÁN, 2003).

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Um omatídio possui vários componentes, mas o principal é o rabdoma, em que se encontram as


microvilosidades das células retinulares, que possuem os pigmentos fotossensíveis (MOYSES; SCHULTE,
2010). A luz, ao atravessar o conjunto córnea e cristalino, é focalizada sobre a extremidade do rabdoma.
Note que, como o omatídio não possui os músculos ciliares, presentes no olho simples, o conjunto
formado pela córnea e pelo cristalino possui geometria fixa e, portanto, ponto focal fixo. A figura 26
mostra um corte de um omatídeo.

Córnea
Cone cristalino
Córnea
Célula retinular
Célula retinular

Cone cristalino
Rabdômero Microvilosidades
Omatídio (microvilosidades Célula retinular
Fibras nervosas das células
aferentes retinulares
(a) Fotografia de um olho composto (b) Estrutura de um olho composto (c) Estrutura de um omatídio (d) Secção transversal de um omatídio

Figura 26 – Olho composto e um omatídeo em cortes

Logo abaixo dessa lente está um grupo de células fotorreceptoras, denominadas células retinulares,
distribuídas em um arranjo tubular. Essas células são as células fotorreceptoras rabdoméricas típicas dos
invertebrados. As microvilosidades desses fotorreceptores se projetam em direção a uma área central
chamada de rabdômero.

O rabdoma se localiza logo abaixo do cristalino e guia a onda luminosa, por meio de inúmeras
reflexões da luz ao longo do seu comprimento. O rabdoma mede entre 0,1 e 0,6 mm (OKUNO; CALDAS;
CHOW, 1986). Como não há duas facetas orientadas para a mesma posição, cada omatídio capta um
feixe de luz diferente, que deve incidir no limite sobre a córnea com um ângulo suficiente para que
o raio de luz seja convergido para o rabdoma; então, as múltiplas facetas de um olho composto não
captam uma imagem contínua.

A imagem percebida pelo olho composto é segmentada. Quanto maior for o omatídio, maior é cada
fração da imagem e, portanto, menor é a definição da imagem.

Observação

Para um inseto ter a mesma definição de imagem que um ser humano,


seria necessário que tivesse um olho com mais de 1 metro de diâmetro.

Embora os olhos dos insetos tenham um poder de distinção limitado, eles são bons na captura de
imagens de diferentes direções, porém a maioria desses animais enxerga somente poucos milímetros de
distância do seu corpo (MOYSES; SCHULTE, 2010).

Existem dois tipos de olhos compostos, adaptados ao meio ambiente que o inseto vive.
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Os olhos compostos com aposição, típicos de insetos diurnos, apresentam omatídios circundados
por uma célula pigmentada, atuando de forma independente, e detecta somente uma pequena fração
do mundo à sua frente. Os neurônios dos olhos destes insetos fazem muitas conexões, o que os tornam
capazes de gerar uma imagem integrada.

Nos olhos compostos com sobreposição, os omatídios atuam juntos para produzir uma imagem
nítida e sobreposta na retina. Este tipo de olho é encontrado em insetos e crustáceos de hábito noturno
e mostram um bom funcionamento em condições de pouca luminosidade.

Exemplo de aplicação

Monte uma máscara que cubra totalmente seu rosto usando caixas de ovos com os fundos dos
encaixes dos ovos furados. Você vai entender melhor como se processa a imagem de um olho composto.

5.10 Microscópios óticos e eletrônicos

Não se sabe exatamente quem inventou o microscópio. Atribui‑se a invenção do microscópio aos
fabricantes de óculos holandeses, Hans Janssen e seu filho Zacharias, em 1590; porém, o primeiro a
fazer observações microscópicas de materiais biológicos foi Antonie van Leeuwenhoek.

O microscópio ótico consiste basicamente em duas lentes convergentes. A lente que fica mais
próxima do material em estudo é chamada de objetiva e a lente que fica mais próxima do olho é
chamada ocular (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).

A luz que chega aos nossos olhos para formar a imagem, atravessa o objeto em estudo. Por isso, o
material a ser observado não pode ser opaco. Para garantir que a amostra seja translúcida, são feitos
cortes muitos finos, de preferência com uma máquina chamada micrótomo. O material a ser cortado
recebe um tratamento de desidratação e inclusão em parafina que facilita o manuseio e permite que
sejam cortadas fatias muito finas.

O objeto a ser estudado é colocado perante à objetiva a uma distância um pouco maior que a
distância focal, o que amplia e inverte a imagem. Essa imagem serve de objeto para a ocular, que
também amplia e inverte a imagem, formando uma imagem direta e ampliada do objeto.

Para saber a capacidade de ampliação do microscópio ótico, é necessário multiplicar a capacidade da


lente objetiva pela capacidade da lente ocular. Por exemplo, se a ocular tem uma capacidade de ampliação de
5 vezes e a objetiva tem a capacidade de ampliação de 100 vezes, a capacidade do conjunto é de 500 vezes.

O principal parâmetro que limita a capacidade de resolução do microscópio ótico é o comprimento


de onda da luz que dá o limite de resolução dos microscópios ópticos. Isso é de cerca de 0,2 µm. A luz
é uma onda eletromagnética, cujo comprimento de onda visível se encontra entre 0,4 e 0,75 µm. Se o
objeto tem um tamanho muito menor que esse valor, corre‑se o risco da onda luminosa não atingi‑lo e,
então, não será possível vê‑lo. A figura 27 mostra essa possibilidade.

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FÍSICA E BIOFÍSICA

(a) (b)

Figura 27 – Reflexão (a) num objeto maior e (b) num objeto menor que o comprimento de onda de luz

Quando o objeto a ser observado é maior que o comprimento de onda do raio de luz (figura 27a), a luz
consegue atingir o objeto e ser refletida para o observador. Quando o objeto é menor que o comprimento
de onda (figura 27b), o raio de luz passa direto, sem refletir e, portanto, sem que o observador consiga
visualizar o objeto.

Nesta escala de grandezas, é possível observar bactérias, mas não é possível observar vírus, por
exemplo.

O engenheiro alemão Ernst Ruska inventou o microscópio eletrônico em 1933. O microscópio


eletrônico não utiliza luz, mas um feixe de elétrons, que tem comprimento de onda menor que o da luz
visível. Quem faz o papel das lentes de vidro do microscópio ótico são bobinas magnéticas, chamadas
de lentes eletromagnéticas.

A capacidade de resolução de um microscópio eletrônico varia entre 1 μm e 1 nm, o que possibilita


visualizar vírus e organelas celulares.

A invenção, em 1981, do microscópio de tunelamento eletrônico de aos alemães Gerd Binnig e Ernst
Ruska e ao suíço Heinrich Rohrer o Prêmio Nobel de física de 1986. Este tipo de microscópio mede a
corrente elétrica criada entre a superfície do objeto e uma ponteira‑sonda de tungstênio, construída
utilizando nanotecnologia. É possível produzir uma imagem controlada por computador na qual são
vistos até os átomos.

6 ENERGIA

6.1 Introdução

O conceito de energia, assim como o de matéria, é um dos fundamentos da física mais difícil de
definir. Ainda mais quando essa palavra é empregada de forma tão errada no cotidiano. Toda matéria e
toda a energia do universo foram criadas no momento do surgimento do universo, o Big Bang. Toda e
qualquer transformação na natureza demanda, e resulta em, uma movimentação de massa e energia.
55
Unidade II

De uma maneira simplificada, definimos matéria e energia segundo suas propriedades: matéria é
tudo o que tem massa e ocupa um lugar no espaço, enquanto a energia é a capacidade de executar
trabalho.

Se toda a massa e toda a energia do universo surgiram no momento do Big Bang, então não faz
sentido a ideia de geração e consumo de energia, pois se fosse possível consumir energia, isso significaria
que o universo poderia parar, o que é um absurdo.

Esse conceito de geração e consumo de energia só é válido mediante a análise de dois sistemas
físicos em interação.

Um sistema é uma porção do universo separada para facilitar o entendimento de um fenômeno. Por
exemplo, se um pesquisador quer estudar a potência do motor de um carro, não precisa considerar os
fósseis marinhos que deram origem ao petróleo e o efeito estufa no mundo. Ele simplesmente considera
a qualidade da gasolina que está entrando no motor e o calor dos gases na saída do escapamento,
isolando (teoricamente) o motor do resto do universo.

Damos nomes diferentes para a energia, dependendo da forma como ela é encontrada; por exemplo,
energia elétrica se for encontrada na forma de elétrons em movimento ou energia térmica se for
encontrada na forma de temperatura. Mas tudo isso é energia e pode ser transformada de uma maneira
para outra sem deixar de ser energia.

A energia, independentemente do estado em que ela se encontra, é medida em J (Joule), segundo o


Sistema Internacional de Medidas. Para dar uma noção prática, 1 J é, aproximadamente, a quantidade
de energia que você gasta para tirar um copo com água pela metade e levantar do chão até em cima
de uma mesa. Em outros sistemas de unidade, podemos encontrar a caloria (4,184 J), usada para medir
a energia dos alimentos; o BTU (1.055,05585 J), usado para medir a capacidade de equipamentos de
ar condicionado; o kWh (3,6.106 J), usado para a medição do consumo de eletricidade; e muitas outras
unidades, mas todas elas referentes à energia.

6.2 Primeira Lei da Termodinâmica

Quando dois sistemas físicos interagem entre si, ocorrem mudanças nos dois sistemas, então
podemos entender que a energia pode ser transferida ou convertida de uma forma para outra, mas
nunca é criada ou destruída. Por exemplo, ao colocarmos gelo num copo com água, a água fica gelada,
mas o gelo derrete, ou ainda, enquanto o congelador da geladeira esfria, a grade na parte de traz da
geladeira esquenta.

Analisando a interação entre dois sistemas físicos de uma forma mais restrita e sem levar
em consideração a relação desses sistemas com o resto da natureza, podemos considerar que,
enquanto um fornece energia, o outro consome energia. Dessa forma, é possível enunciar a ideia
mostrada na figura 28.

56
FÍSICA E BIOFÍSICA

Sistema físico
Energia que entra Energia que sai
Energia que acumula

Energia que entra — Energia que sai = energia que acumula


Figura 28 – Primeira Lei da Termodinâmica

Essa ideia é conhecida como Primeira Lei da Termodinâmica.

Imagine dois gatos sendo alimentados com exatamente a mesma quantidade de ração. Quem
engordará mais rápido: o gato que fica parado dormindo em casa ou o que vai para a rua se exercitar?
É claro que o que fica parado engorda mais, mas por quê?

Comida é energia para o corpo. Se os gatos comem a mesma quantidade de comida, têm a mesma
quantidade de energia entrando. Atividade física é gasto de energia, então o gato que se exercita gasta
mais que o que fica parado, portanto, o acúmulo será maior no que fica parado.

Muitos inventores tentaram, ao longo dos séculos, inventar máquinas que não consumam energia,
ou ainda pior, que gerem mais energia do que consomem. Existe um termo em latim para isso, perpetuum
mobile ou em português, motocontínuo. Mesmo que fosse possível eliminar todas as forças que dissipam
energia, como o atrito, uma máquina desse tipo seria completamente inútil, pois, ao retirarmos energia
da máquina, ela para.

Esse é o sentido da Primeira Lei da Termodinâmica: a energia se conserva. Ela não surge do nada e
não vai para o nada. Ela é convertida nos vários sistemas da natureza ou das máquinas.

De onde veio a energia que um jogador gasta para correr atrás de uma bola? Da alimentação,
talvez sob a forma de um belo bife de carne. E essa carne veio de um boi, que comeu bastante capim
para poder crescer. O capim, por sua vez, absorveu a energia fornecida pela luz do Sol para poder
crescer, e o Sol libera luz por causa da reação de fusão em seu núcleo e o hidrogênio consumido nessa
reação veio do Big Bang.

Além disso, se toda a energia fornecida pelo Sol ficasse na Terra, a temperatura do planeta subiria
indefinidamente e morreríamos queimados. A Terra rejeita calor para o espaço e o efeito estufa é
provocado pela geração de gases que atrapalham esse processo. A energia fornecida pelo Sol (energia
que entra) é constante, mas, se reduzirmos a energia rejeitada para o espaço (menos energia que sai), o
resultado é um aumento da temperatura do planeta (igual à energia que acumula). Isso é uma aplicação
da Primeira Lei da Termodinâmica.

57
Unidade II

6.2.1 Trabalho

Definimos energia como sendo a capacidade de realizar trabalho. Mas o que isso significa?

A energia existe no universo em diversas formas: energia térmica, energia elétrica, energia
química, energia nuclear etc. Mas somente percebemos essa energia quando colocamos dois
sistemas em contato e essa energia migra de um sistema para outro. Então, o que percebemos não
é a energia, mas a energia em movimento. Por exemplo: olhe para uma tomada elétrica. Como é
possível saber se ela está funcionando ou não? Somente conectando algum aparelho na tomada
para ver se ele funciona ou olhando algum aparelho funcionando conectado ao mesmo circuito. O
que se vê é a energia em movimento.

Toda vez que se fornece energia para um sistema e ele altera o estado que estava, está se
fazendo trabalho. Observe o exemplo da figura 29. O operário está movimentando uma carga de
um ponto para outro, e para colocar essa carga em movimento é necessária a aplicação de uma
força. Essa aplicação de força é um fornecimento de energia e, como houve um deslocamento, essa
força realizou trabalho.

A B
d

Figura 29 – Uma força realizando trabalho

A carga estava inicialmente em repouso, mas com a aplicação da força, a carga foi posta em
movimento, então o estado da carga foi alterado. A força F executou trabalho. Se a força tivesse sido
aplicada de cima para baixo e a caixa não afundasse no chão, então não ocorreria o deslocamento e nem
a transferência de energia, então a força não executaria trabalho.

Observação

Não confunda o conceito físico de trabalho com o conceito de serviço.


Na física, trabalho é transferência de energia.

Agora vamos analisar a elevação de uma carga. Observe a figura 30. A mulher está elevando uma
caixa a partir do chão. Neste caso, a força que está executando trabalho é a força vertical.

58
FÍSICA E BIOFÍSICA

Figura 30 – Trabalho executado na vertical

Obviamente uma pessoa normal não consegue elevar uma carga numa linha reta perfeita e acaba
executando diversos movimentos de vai e volta na horizontal, resultando numa trajetória estranha até
a caixa atingir sua posição final.

Neste caso, foi somente o componente da força na vertical quem executou o trabalho e a energia
fornecida à caixa resultou num acúmulo de energia potencial, por causa da mudança de altura
independentemente da trajetória executada.

6.2.2 Potência

Vamos analisar o caso de dois carregadores de caixas executando o mesmo serviço: um homem fraco
e um homem muito forte. Qual dos dois vai conseguir levantar a caixa a 1 m de altura, primeiro?

É claro que o carregador forte vai levantar primeiro, mas por que, se o trabalho a ser executado é
exatamente o mesmo? A resposta para isso está na potência aplicada.

A figura 31 traz outro exemplo de comparação. O serviço de arado pode ser executado por meio de
tração animal ou pelo uso de um trator. Qual dos dois processos é mais rápido e por quê?

Figura 31 – Comparação entre a tração animal e a potência do trator

59
Unidade II

A energia necessária para revolver a terra é exatamente a mesma em ambos os casos, mas o trator
vai puxar mais rápido porque faz mais força, então precisa de menos tempo.

Potência é a medida da rapidez com a qual a energia é transferida.

Se um sistema é muito potente, isso significa que possui uma grande capacidade de transferência
de energia, mas isso não diz absolutamente nada sobre velocidade ou sobre a força que esse sistema é
capaz de desenvolver. Isso vai depender do trabalho a ser executado.

Se compararmos os diversos sistemas mecânicos mostrados na figura 31, é possível perceber que
conhecer a potência de um sistema não implica conhecer a quantidade de trabalho a ser realizado e
muito menos a rapidez com que isso será executado.

100 cv 200 cv

200 000 cv 40 000 cv

Figura 32 – Comparação entre as potências de diversos sistemas mecânicos

Uma motocicleta de rali, junto com o piloto, pesa cerca de 150 kg, mas consegue andar a uma
velocidade semelhante à de um carro, que pesa pouco mais de 1000 kg. O navio e o avião deslocam‑se
por distâncias semelhantes, mas seus pesos e velocidades são muito diferentes.

No sistema internacional, a potência é medida em W (Watt), que é a capacidade de transferir 1 J


em 1 segundo. O nome dessa unidade foi dado em homenagem ao inglês James Watt, o inventor das
máquinas a vapor.

Curiosamente, a máquina inventada por Watt visava substituir o uso de cavalos em indústrias, então
ele criou uma maneira de comparar a capacidade de sua máquina com o número de cavalos que ela
substituía. Surgiu aí a unidade HP, do inglês Horse Power, que equivale a 745,7 W, e na prática foi
definido por Watt como sendo a potência necessária para erguer 330 libras (149,7 kg) a uma altura de
100 pés (30,48 m) em um minuto.

A unidade cavalo‑vapor, ou CV, surgiu mais tarde, com a necessidade de definir as unidades segundo
parâmetros do Sistema Internacional. Um cavalo‑vapor foi definido como sendo a potência necessária
para erguer uma massa de 75 kg a uma altura de 1 metro em 1 segundo. Um CV equivale a 735,5 W.
60
FÍSICA E BIOFÍSICA

6.3 Formas de energia

A energia se manifesta sobre diversos aspectos: energia térmica, cinética, potencial, elétrica etc., mas
independentemente da forma como essa energia se manifesta, é sempre energia. Uma manifestação
dessa energia pode ser convertida em outro tipo de manifestação.

Precisamos de energia para movimentar a indústria e os meios de transporte; viabilizar as atividades


comerciais e de serviços e alimentar uma parafernália de equipamentos domésticos e pessoais.

A energia encontrada na natureza não consegue ser utilizada de uma forma prática. Além de estar
num estado bruto e, muitas vezes, descontrolado, a energia na natureza se encontra longe dos pontos
consumidores. Essa energia precisa ser transformada e transportada.

Ao se estudar as fontes de energia, deve se ter em mente que o objetivo final é obter‑se eletricidade
ou combustível, que são formas baratas e viáveis para serem transportadas.

Saiba mais

Para saber um pouco mais sobre a energia elétrica, assista o documentário


da Discovery Channel sobre a chamada “Guerra das Correntes”, que são os
embates entre Thomas Edison, o inventor da lâmpada, e Nikola Tesla, o
inventor do sistema elétrico de corrente alternada.

A GUERRA elétrica: a disputa entre Edison, Westinghouse e Tesla. Dir.


Axel Engstfeld (Título original: War of Currents). Discovery Channel, 2004.

Analisaremos separadamente alguns tipos mais comuns de energia.

6.3.1 Mecânica

A energia mecânica pode ser encontrada em três formas:

• Energia cinética: é a energia associada ao movimento. Quanto maior a velocidade de um corpo,


maior a sua energia cinética.

• Energia potencial gravitacional: é a energia associada à altura em que se encontra o objeto.

• Energia potencial de mola: é a energia mecânica acumulada na compressão ou distensão de


uma mola, ou ainda, associada à sua flexibilidade.

61
Unidade II

Quando um atleta vai fazer um salto com vara, ele procura correr o mais rápido possível para tomar
impulso. Esse impulso é a transformação da energia cinética, associada à corrida, em energia potencial
de mola, acumulada pela deformação da vara. No instante seguinte, essa energia potencial de mola é
redirecionada de volta ao atleta, que passa a ganhar altura (energia potencial gravitacional), conforme
mostrado na figura 33. Quanto maior a energia cinética na corrida, maior a altura atingida pelo atleta.

Figura 33 – Transformações da energia mecânica num salto com vara

6.3.2 Energia térmica

A energia térmica está relacionada ao grau de agitação das moléculas que formam o material e é
proporcional à temperatura. Quanto maior a temperatura, maior a energia térmica e vice‑versa, mas isso
não significa que sejam sinônimos.

Toda matéria é composta por moléculas. Se dividirmos uma porção de matéria seguidas vezes, a
menor porção que ainda conserva as propriedades físicas daquela matéria é a molécula, e as moléculas
são formadas de átomos que, por sua vez, possuem um núcleo e vários elétrons girando numa eletrosfera.

A energia térmica está associada ao movimento das moléculas e de todas as partículas que
compõem a matéria, por isso é semelhante à energia cinética. Podemos dividir a energia interna em três
componentes (ATKINS, 2001):

• energia cinética translacional: relacionada à velocidade com que as moléculas de um gás


transladam num espaço;
62
FÍSICA E BIOFÍSICA

• energia cinética rotacional: relacionada à rotação das moléculas, átomos e partículas


subatômicas;

• energia cinética vibracional: relacionada ao movimento de vibração da molécula.

O que chamamos de transferência de calor é a variação da energia térmica de um sistema.

Num gás as moléculas estão numa agitação constante, colidindo umas com as outras, como se
fossem bolas numa mesa de bilhar. Além disso, dentro das moléculas, todas as partículas que formam os
átomos estão vibrando intensamente. Quando resfriamos esse gás, essa agitação vai se reduzindo e as
moléculas param de se colidir umas com as outras.

Sob o efeito da gravidade e de forças de atração entre as moléculas, o gás se transforma em líquido
e, posteriormente, em sólido, estado no qual ainda resta o movimento das partículas que compõem os
átomos. Se continuarmos a resfriar essa substância, chegará um momento no qual essas partículas que
compõem os átomos não se movem mais. Essa temperatura é chamada de zero absoluto.

Numa escala absoluta de temperatura, isto é, quando a temperatura está associada à agitação
molecular, não faz sentido falar em temperatura negativa, já que não faz sentido falar em agitação
negativa. Esta é a ideia da temperatura em Kelvin. Nota‑se que não é “graus Kelvin”. É somente Kelvin e
a notação é K, sem o círculo característico das escalas Celsius (°C) e Fahrenheit (°F).

No desenvolvimento das escalas Celsius (°C) e Fahrenheit (°F) foram atribuídos valores arbitrários, de
acordo com alguma conveniência. No caso da escala Celsius, foi atribuído o valor 0° para a fusão do gelo e
100° para a ebulição da água. No caso da escala Fahrenheit, o valor 0° foi atribuído à menor temperatura
medida na cidade de Copenhagen, de modo a não gerar valores negativos em medições meteorológicas.

6.3.3 Energia química e biológica

O que chamamos de energia química é o somatório de diversas grandezas físicas, sendo a principal
chamada de entalpia de ligação.

A entalpia de ligação é a energia associada à formação de ligações químicas entre os átomos na


formação das moléculas. Para cada ligação química formada, existe a absorção de uma quantidade
de energia e para cada ligação química quebrada, a energia que havia sido absorvida na formação da
ligação é liberada (ATKINS, 2001).

A forma que os organismos têm de armazenar energia é por meio da construção de biomoléculas.
Essas moléculas são complexas e são formadas, às vezes, por milhares de ligações químicas.

Os organismos fotossintetizantes absorvem moléculas mais simples do meio em que vivem e, pelo
processo de fotossíntese, constroem moléculas mais complexas, absorvendo a energia fornecida pela
luz do Sol e armazenando‑a na forma de ligações químicas. A figura 34 mostra a produção de glicose
numa planta.
63
Unidade II

H2O CO2

la
rofi
C l o

O2

C6H12O6

Figura 34 – Produção de glicose por fotossíntese

Os animais que se alimentam desses organismos quebram essas ligações químicas em seus
processos digestivos e liberam essa energia para ser usada em diversas vias metabólicas que mantém
o corpo funcionando. A energia excedente é armazenada na construção de outras biomoléculas,
como a gordura.

6.3.4 O Corpo humano e a energia

Em todas as atividades do corpo há trocas de energia. Mesmo dormindo, um adulto gasta cerca de
100 W na manutenção de todas as funções fisiológicas do corpo. Esse consumo é chamado taxa de
metabolismo basal.

A única fonte de energia do corpo é a alimentação, mas os alimentos ingeridos não fornecem
energia de uma maneira direta. São necessárias diversas reações químicas e físicas para que o alimento
seja transformado em moléculas que possam ser quebradas e aproveitadas na produção de ATP, que é a
fonte de energia do nosso corpo (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).

A produção de energia pelo corpo humano é baseada em reações de oxidação, então é possível avaliar
a quantidade de energia produzida pela medição do oxigênio consumido na respiração, para aumentar
a capacidade de produção de energia de um ser humano, é necessário aumentar sua capacidade de
absorver oxigênio, isto é, a sua capacidade aeróbica.

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FÍSICA E BIOFÍSICA

O corpo humano não perde energia somente em atividades físicas ou pelo metabolismo basal.
Existe também a necessidade da manutenção da temperatura do corpo, que está sujeito às condições
ambientais e perde calor na forma de:

• Convecção: é a perda de calor para o ar e depende da temperatura, da velocidade e da umidade


do ar, além da área do corpo exposta.

• Evaporação: pelo suor e pela perda de água pela respiração.

• Radiação: o corpo humano perde calor por meio da emissão de radiação infravermelha.

Além disso, existe perda de energia no aquecimento do ar na respiração e na ingestão de alimentos.

6.4 Classificação das fontes de energia

Com a industrialização, a partir do século XVIII, iniciou‑se uma busca da humanidade por fontes de
energia, porém, nas últimas décadas, o consumo de energia cresceu muito, sendo que dobrou entre 1987
e 2012, segundo os dados da British Petroleum Company (BP, 2013). A figura 35 mostra a progressão do
consumo mundial de energia desde 1965.

Consumo mundial de energia


6,00
5,00
Energia [x1020j]

4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
ano
Figura 35 – Consumo mundial de energia desde 1965

O consumo desenfreado de energia e recursos ambientais resultou em impactos ambientais enormes,


o que preocupou a comunidade científica. Em 1972, a ONU deu início a uma série de conferências
mundiais para discutir questões relacionadas ao meio ambiente e desenvolvimento. Essas foram as
Conferências de Estocolmo (1972) e as do Rio de Janeiro Eco‑92 (1992) e Rio+20 (2012).

Essa grande discussão sobre questões relacionadas ao meio ambiente e sobre o consumo consciente
de energia levou à popularização das expressões que serão discutidas a seguir, muitas vezes empregadas
de forma errada.

65
Unidade II

6.4.1 Fontes convencionais e não convencionais

O conceito de convencional, aplicado às fontes de energia, diz respeito ao fato de ser comum e
existir diversos fatores que influenciarão o uso de uma fonte de energia para que ela se torne comum:
o domínio da tecnologia, a disponibilidade da fonte e fatores econômicos.

Fontes convencionais são aquelas cuja técnica de obtenção de energia esteja dominada e que
seja economicamente viável para seu uso comercial em larga escala. Por outro lado, as fontes não
convencionais são aquelas cujas tecnologias de obtenção ainda não estão desenvolvidas, de modo que
sua aplicação ainda não é economicamente viável (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).

Vejamos, a seguir, alguns exemplos de fontes convencionais de energia.

Conversão hidromecânica: muito empregada em regiões remotas, onde não há acesso à eletricidade.
São sistemas mecânicos que aproveitam a energia cinética da água de rios ou nascentes para fazer a
movimentação de máquinas. São exemplos a roda d’água e o monjolo. A figura 36 mostra uma roda
d’água em operação.

Figura 36 – Roda d´água

66
FÍSICA E BIOFÍSICA

Hidrelétricas: é a fonte de energia mais utilizada no Brasil, devido aos vastos recursos hídricos
do país. Uma usina hidrelétrica utiliza a energia potencial da água e, por meio de diversos processos
de transformação, converte essa energia em eletricidade. A energia potencial é uma forma de energia
associada à diferença de altura entre o nível da água e o ponto onde se encontra a turbina.

Essa diferença de altura pode ser obtida ou por meio das variações no relevo, como cachoeiras, ou
por meio da construção de represas que bloqueiam o curso dos rios e provocam a inundação de grandes
áreas. A figura 37 mostra uma usina hidrelétrica em corte.

Vertedouro Usina hidrelétrica


Represa (reservatório de água)

Casa de Força
Linhas de transmissão
Barragem

Gerador
Duto
Turbina
Rio

Figura 37 – Uma usina hidrelétrica em corte

A represa (1) provoca a elevação do nível da água, acumulando energia potencial. Quando as
comportas são abertas, a água passa por dutos num processo semelhante à queda livre, transformando
a energia potencial acumulada em energia cinética. Quando a água atinge a turbina (2), a energia
cinética é transmitida à turbina que, por sua vez, movimenta o gerador (3). É no gerador que a energia
cinética é transformada na energia elétrica, que é transmitida (4) para os pontos consumidores.

Note que a água utilizada na obtenção de energia elétrica passa por dentro da usina. A água que
passa por fora da barragem, que muitas vezes aparece em fotos e imagens publicitárias, passa pelo
vertedouro; este é um canal aberto quando a represa está com um nível de água muito alto, a ponto de
por a barragem em risco.

Energia eólica: os ventos são provocados pelo aquecimento de massas de ar pela luz do Sol. Essa
fonte de energia já é aproveitada há muito tempo, em propriedades rurais, com o uso de cataventos para
movimentar bombas d’água e moinhos e como força motriz de barcos a vela. Mais recentemente, foram
desenvolvidas turbinas de grande porte para a captação da força do vento na obtenção de energia
elétrica. A figura 38 mostra um exemplo de parque eólico para obtenção de energia elétrica.

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Unidade II

Figura 38 – Exemplo de parque eólico para obtenção de energia elétrica

Energia nuclear: é a energia gerada por usinas de fissão nuclear. Essa tecnologia surgiu no
início dos anos 1940, como um dos resultados do Projeto Manhattan, que desenvolveu a primeira
bomba atômica.

O elemento mais usado nas usinas nucleares é o urânio, mas são usados também o tório e o plutônio.
Devido ao seu tamanho, todos os isótopos do urânio são radioativos, mas o de maior interesse para as
usinas é o urânio‑235, pois pode sofrer fissão naturalmente (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986). O U‑235
não é o isótopo mais comum e é encontrado diluído no U‑238, por isso deve passar por um processo de
separação chamado de enriquecimento.

Quando um átomo de U‑235 é bombardeado com um nêutron, ele o absorve e depois se fragmenta
em bário e criptônio, lançando outros 3 nêutrons que, por sua vez, vão colidir com outros átomos que
serão quebrados e assim por diante, numa reação em cadeia.

A cada ruptura de um núcleo de urânio, uma quantidade grande de energia é liberada e essa energia
aquece um circuito de água que movimenta uma turbina. Essa turbina converte o calor em movimento
e um gerador converte o movimento em eletricidade.

As usinas nucleares representam 4% do consumo mundial de energia, mas representam cerca de


40% do consumo na França (BP, 2013). A figura 39 mostra uma usina nuclear em operação. Note na
imagem as colunas de vapor de água, formadas no resfriamento dos circuitos da usina.

Algumas fontes não convencionais de energia já possuem usinas experimentais e sua tecnologia
ainda não está totalmente desenvolvida. São exemplos de fontes de energia não convencional:

Energia marémotriz: existem diversos projetos que tentam aproveitar o movimento das marés por
meio de boias ou turbinas, mas, para aproveitar essa energia, é necessária uma grande diferença entre o
nível da maré alta e o nível da maré baixa. Na França, a usina de La Rance é um exemplo deste tipo de
usina. Quando a maré sobe, a água invade a foz do rio Rance, movimentando diversas turbinas. Quando
a maré desce, a água retorna, movimentando as turbinas novamente.

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FÍSICA E BIOFÍSICA

Energia das ondas: as ondas do mar são geradas pela junção de diversos fatores como as marés,
correntes marítimas e o vento. A usina experimental de Pecém, no Ceará, usa flutuadores acoplados a
braços mecânicos, e o movimento de sobe e desce provocado pelas ondas movimenta pistões hidráulicos
que, por sua vez, acionam os geradores. Em Portugal, na região de Aguçadoura, existe uma usina formada
por grandes boias cilíndricas acopladas a geradores, chamada máquina Pelamis. O movimento de sobe
e desce das boias provoca a rotação do gerador e a conversão desse movimento em energia elétrica.

Energia geotérmica: é a energia encontrada no interior do planeta. Essa energia é acessível em


algumas regiões onde a crosta terrestre não é espessa, como regiões que possuem atividade vulcânica
ou geyseres. Os Estados Unidos, França, Portugal e Rússia são países que possuem usinas geotérmicas
em operação.

Fusão nuclear: essa fonte de energia também está associada à energia nuclear, porém, é liberada
a partir da fusão dos núcleos de dois átomos de hidrogênio, formando um elemento diferente. É a
mesma reação que acontece dentro do Sol. Para essa reação acontecer, é necessário que o hidrogênio
esteja numa temperatura extremamente alta e não existem materiais capazes de suportar isso, então
o hidrogênio fica suspenso por efeito eletromagnético gerado por potentes bobinas. Para aquecer e
manter o hidrogênio suspenso magneticamente, o consumo de energia é muito alto. Mais alto que o
obtido na fusão dos átomos.

6.4.2 Fontes renováveis e não renováveis

O que determina se uma fonte é renovável ou não renovável é a capacidade de reposição da energia
transformada em comparação à escala de tempo humana. Por exemplo, o petróleo leva alguns milhares
de anos para se formar, então, se esgotarmos as reservas mundiais, levaremos outros milhares de anos
para termos petróleo novamente. Por outro lado, uma plantação de cana‑de‑açúcar leva apenas alguns
meses para estar no ponto de ser transformada em álcool combustível. Então o petróleo é uma fonte
não renovável, enquanto o álcool da cana‑de‑açúcar é uma fonte renovável.

Esse conceito de renovabilidade tem sido associado erroneamente a energias limpas e tecnologias
novas, mas isso é uma análise superficial e deve ser feita com cuidado. A lenha, por exemplo, é uma
fonte renovável de energia, pois uma plantação de eucaliptos para este fim leva cerca de 6 anos para ser
colhida, porém a queima da madeira libera uma quantidade enorme de gás carbônico, que gera o efeito
estufa, e a plantação contamina o solo.

A análise do impacto ambiental de uma fonte de energia envolve muito mais que a capacidade dessa
fonte se renovar, mas uma coisa que o profissional precisa ter sempre em mente é que a energia não
surge do nada e a transferência da energia, de um sistema para outro, sempre provocará impacto em
ambos os sistemas.

São exemplos de fontes renováveis:

Biomassa: essa palavra refere‑se a uma gama enorme de fontes de energia de origem biológica. São
exemplos:
69
Unidade II

• o álcool obtido a partir da cana‑de‑açúcar usado como combustível de motores a explosão;

• o bagaço da cana‑de‑açúcar, usado como combustível de usinas termoelétricas;

• o gás metano, obtido a partir da biodigestão de dejetos orgânicos, usado como combustível de
usinas termoelétricas;

• a lenha de eucalipto, usada como combustível de caldeiras industriais e no aquecimento doméstico.

Energia solar: o Sol é uma grande massa de hidrogênio que se formou há bilhões de anos e está
consumindo esse hidrogênio gradativamente, mas sua energia ainda durará outros bilhões de anos antes
de se extinguir, portanto, em termos de escala de tempo, podemos dizer que é uma fonte inesgotável
de energia.

O Sol é a fonte primária de energia do planeta Terra. Não existiria vida no planeta sem essa energia,
e toda a energia obtida de biomassa, de combustíveis fósseis, ou mesmo do vento é proveniente, de uma
maneira indireta, do Sol. Chamamos de energia solar a parcela da energia do Sol que pode ser usada
diretamente, seja na forma de aquecimento, seja na geração de eletricidade por materiais fotorreceptores.

A ideia de aproveitar a luz do Sol para gerar energia é antiga. É atribuída a Arquimedes, na Grécia
Antiga, a ideia de usar espelhos convergentes para queimar navios romanos, durante o cerco de
Siracusa. Mas a tecnologia de aproveitamento desse tipo de energia ainda não está desenvolvida para a
construção de usinas que operem em larga escala.

Um exemplo de usina experimental que utiliza energia solar para a obtenção de energia elétrica é a
Usina Gemasolar, na Espanha. Essa usina utiliza diversos espelhos para concentrar a luz solar num ponto e
provocar um grande aquecimento de um reservatório de sal, que funciona como um reservatório de energia.
Esse sal aquecido transmite a energia para geradores de vapor que movimentam uma turbina elétrica.

Vejamos exemplos de fontes não renováveis de energia.

Energia nuclear: os elementos radioativos utilizados como fornecedores de energia nuclear estão
disponíveis na natureza na forma de jazidas, mas essas jazidas são limitadas e, em algum momento no
futuro, se esgotarão.

Combustíveis fósseis: são materiais orgânicos de milhões de anos atrás, que foram recobertos
de sedimentos (pedras e areia), permaneceram recobertos sob a ação dos efeitos geológicos (pressão
e temperatura) e tiveram sua composição química alterada. Dependendo das condições de formação
desses materiais, eles darão origem ao carvão mineral, petróleo e gás natural.

Carvão mineral: existem diversos tipos de carvão mineral, que variam o teor de carbono em sua
composição. É originado a partir de locais pantanosos, com matéria orgânica morta recoberta pela água,
que isola essa matéria orgânica do oxigênio do ar e não permite a ação de bactérias aeróbicas. Neste
caso, entram em ação as bactérias anaeróbicas, que fazem a remoção do hidrogênio e do oxigênio da
70
FÍSICA E BIOFÍSICA

matéria orgânica, concentrando gradualmente o carbono. O produto desse processo se chama turfa. A
turfa, recoberta com sedimentos e sofrendo a ação das pressões geológicas, passa a concentrar mais
ainda o carbono, formando a linhita, o carvão betuminoso e, depois, em antracito. A linhita e o
carvão betuminoso incendeiam‑se com facilidade, mas geram muitos poluentes, enquanto o antracito
é mais difícil de incendiar, mas é menos poluente (OKUNO; CALDAS; CHOW, 1986).

Petróleo: o processo de formação do petróleo é semelhante ao do carvão, mas, neste caso, o


oxigênio, o nitrogênio e outros elementos são eliminados do material orgânico pela pressão e pela
temperatura causadas pela ação geológica, restando somente carbono e hidrogênio. A ação geológica
contínua transforma esse carbono e hidrogênio em hidrocarbonetos cada vez mais complexos,
formando óleos e gás natural. O petróleo pode ser encontrado tanto em terra quanto em mar (OKUNO;
CALDAS; CHOW, 1986).

Gás natural: o gás natural pode ser encontrado juntamente com o petróleo ou em poços
específicos. É uma mistura de hidrocarbonetos leves, sendo o metano o mais presente. O GNV,
gás natural veicular, é um derivado composto por metano e etano e é usado como combustível
de automóveis; o GLP, gás liquefeito de petróleo, é usado no consumo doméstico e é um derivado
composto por propano e butano.

Resumo

Processos visuais

A luz é fundamental para a vida, pois os organismos que fazem


fotossíntese utilizam a energia da luz para converter gás carbônico e água
em biomoléculas e liberam oxigênio para o ar que respiramos. A luz é uma
onda eletromagnética, na faixa de frequências de 4,3.1014 Hz a 7,5.1014
Hz, conhecida como espectro da luz visível. Ondas eletromagnéticas cujas
frequências estejam próximas ao espectro da luz visível também são
tratadas como luz: infravermelho e ultravioletas.

A luz possui um comportamento dual, ou seja, tanto a teoria corpuscular


explica alguns fenômenos quanto a ideia de onda explica outros fenômenos.
A ideia de se juntar as duas teorias para explicar o comportamento da luz,
permitiu a explicação do efeito fotoelétrico, proposta por Albert Einstein.
Para ele, a luz não se comporta apenas como onda eletromagnética, mas
como um feixe de pacotes de energia chamados de fótons.

Sistemas óticos biológicos são complexos, e uma boa maneira de


entendê‑los é por meio de um sistema mais simples, como uma câmera
fotográfica. A câmera fotográfica atual é uma evolução de um equipamento
chamado câmara escura.

71
Unidade II

A câmara escura é um recinto fechado e escuro, exceto por um orifício


numa das paredes, que é direcionado para a paisagem que se deseja
retratar. Quando a luz atinge a imagem e é refletida em direção ao orifício
da câmara escura, resulta em uma imagem invertida em relação à imagem
original, projetada na parede oposta ao orifício. Quanto menor o orifício,
mais nítida é a imagem, porém a imagem fica menos visível devido à falta
de luz. Uma lente resolve esse problema ao convergir os raios de luz para
um ponto focal, permitindo uma maior entrada de luz.

O olho é o órgão sensorial mais complexo dos humanos. É revestido


por três camadas: a túnica fibrosa, composta pela córnea e esclerótica; a
túnica vascular, composta pela: coroide, músculos ciliares, íris, cristalino;
e a retina, que é formada pelo estrato nervoso e pelo estrato pigmentoso.

Os fotorreceptores da retina são as células que convertem o sinal


luminoso em impulsos nervosos, sendo dois tipos de fotorreceptores: são
os bastonetes e os cones.

O conjunto formado pela córnea e cristalino são como a lente da câmara


escura e converge os raios de luz para criar uma imagem sobre a retina,
invertida em relação ao original, e ativam o pigmento presente nos cones
e bastonetes. Esse pigmento sofre uma mudança em sua estrutura química
quando absorve luz e ativa uma proteína G na célula fotorreceptora,
abrindo o canal iônico de sódio e potássio, gerando um sinal elétrico que
leva a informação ao cérebro.

Quando há problemas com a geometria do olho é necessário o uso


de lentes que façam a correção da trajetória da luz para que a imagem
incida corretamente no fundo da retina. Um olho normal é chamado olho
emétrope.

Uma pessoa que possui problemas para focalizar objetos devido a


falhas na acomodação do cristalino por causa da idade possui presbitismo.
A miopia é a dificuldade em enxergar objetos distantes por cauda da
convergência excessiva dos raios de luz. A hipermetropia é a dificuldade de
enxerga objetos próxima ao olho, por causa da convergência dos raios de
luz insuficiente.

Acuidade visual é a capacidade de diferenciar objetos à distância e


envolve fatores dióptricos, fisiológicos da retina e da própria percepção
cerebral, mas principalmente da retina, que é um aglomerado de células
semelhante ao sensor de uma câmera fotográfica digital, que registra a
imagem em pixels. Uma pessoa normal consegue diferenciar 2 mm a uma
distância de 10 metros.
72
FÍSICA E BIOFÍSICA

O sistema visual de insetos e crustáceos também funciona devido à


incidência de luz visível sobre os olhos, porém, o olho dos insetos e crustáceos
é formado por omatídios e esse tipo de olho é chamado olho composto. Em
cada omatídio, a luz atravessa um conjunto formado por uma córnea e um
cristalino, que possuem geometria fixa, e é focalizada sobre a extremidade
de um rabdoma, que concentra células fotorreceptoras. Um olho composto
não capta uma imagem contínua.

Existem dois tipos de olhos compostos, adaptados ao meio ambiente


que o inseto vive: olhos compostos com aposição (insetos diurnos) e olhos
compostos com sobreposição (insetos noturnos).

O microscópio ótico mais simples é formado por duas lentes convergentes: a


objetiva e a ocular. A luz precisa atravessar o objeto em estudo e chega à objetiva,
que amplia e inverte a imagem. Ao passar pela ocular, essa imagem é ampliada e
invertida novamente, formando uma imagem direta. Se uma imagem é ampliada
100 vezes pela objetiva e 5 vezes pela ocular, resultando numa ampliação de 500
vezes. O que limita a capacidade do microscópio ótico é o comprimento de onda
da luz que se encontra entre 0,4 e 0,75 µm. Se o objeto tem um tamanho muito
menor que esse valor, corre‑se o risco da onda luminosa não atingi‑lo.

Para resoluções menores, é possível utilizar o microscópio eletrônico, que


utiliza um feixe de elétrons no lugar da luz. Quem faz o papel das lentes
de vidro do microscópio ótico são bobinas magnéticas, chamadas de lentes
eletromagnéticas. A capacidade de resolução de um microscópio eletrônico
varia entre 1 μm e 1 nm, o que possibilita visualizar vírus e organelas celulares.

Energia

Toda matéria e toda a energia do universo foram criados no Big Bang,


então não faz sentido a ideia de geração e consumo de energia. O conceito
geração e consumo de energia só é válido mediante a análise de dois
sistemas físicos em interação.

A energia recebe diferentes nomes, dependendo da forma como ela


é encontrada e transmitida entre sistemas como, por exemplo, energia
elétrica ou energia térmica. Além disso, a energia pode ser transformada de
uma maneira para outra sem deixar de ser energia. A energia é medida em
J (Joule), segundo o Sistema Internacional de Medidas.

Quando dois sistemas físicos interagem, a energia é transferida,


acumulada ou convertida, mas nunca é criada ou destruída. Enquanto um
fornece energia, o outro consome energia. Essa ideia é conhecida como
Primeira Lei da Termodinâmica.
73
Unidade II

Só percebemos a energia quando ela migra de um sistema para outro.


Então o que percebemos não é energia, mas a energia em movimento.
Toda vez que se fornece energia para um sistema e ele altera o estado
que estava, está se fazendo trabalho. Para uma força realizar trabalho, ou
seja, para transferir energia, ela precisa ser aplicada no mesmo sentido do
deslocamento.

Vamos analisar: um carro de fórmula 1 tem um peso semelhante a


um carro popular, mas qual dos dois atinge os 100 km/h primeiro? Sem
dúvidas que é o fórmula 1 e a causa disso é a potência do motor. A energia
transferida nos dois casos é a mesma, mas o fórmula 1 consegue fazer essa
transferência mais rápido. Potência é uma medida da rapidez com a qual a
energia é transferida e, no Sistema Internacional, é medida em W (Watt).

As formas mais comuns de manifestação da energia são:

• Energia mecânica: é a soma da energia cinética, da energia potencial


gravitacional e da energia potencial de mola.

• Energia térmica: é a agitação das moléculas que compõe o material


e é proporcional à temperatura.

• Energia química: é o somatório de diversas grandezas físicas, sendo a


principal chamada de entalpia de ligação.

Em todas as atividades do corpo há trocas de energia e a taxa de energia


consumida durante o sono é chamada de taxa de metabolismo basal.

A única fonte de energia do corpo é a alimentação, mas os alimentos


ingeridos são moléculas complexas, baseadas em reações de oxidação,
então é possível avaliar capacidade de produção de energia pelo corpo
humano pela medição do oxigênio consumido na respiração. A capacidade
de absorver oxigênio é chamada capacidade aeróbica.

O corpo humano não perde energia somente em atividades físicas


ou pelo metabolismo basal. O corpo humano está sujeito às condições
ambientais e perde calor devido à convecção (condições ambientais),
evaporação (suor e respiração) e por radiação infravermelha.

Classificação das fontes de energia

Uma fonte de energia é tida como convencional ou não convencional


dependendo do fato de ser de uso comum isso depende do domínio da
tecnologia, da disponibilidade da fonte e de fatores econômicos.
74
FÍSICA E BIOFÍSICA

Fontes convencionais são aquelas cuja tecnologia de obtenção de


energia está dominada para uso em larga escala, as não convencionais são
aquelas cujas tecnologias de obtenção ainda não estão desenvolvidas para
uso em larga escala.

São exemplos de fontes convencionais de energia: a conversão


hidromecânica em rodas d’água; as usinas hidrelétricas; a energia eólica; a
energia por fissão nuclear.

São fontes não convencionais de energia: a energia das marés; a energia


das ondas; a energia geotérmica; a energia por fusão nuclear.

O que determina se uma fonte é renovável ou não renovável é a


capacidade de reposição da energia em comparação à escala de tempo
humana. Por exemplo, o petróleo leva alguns milhares de anos para se
formar enquanto uma plantação de cana‑de‑açúcar leva apenas alguns
meses para estar no ponto de ser transformada em álcool combustível.
Então o petróleo é uma fonte não renovável, enquanto o álcool da
cana‑de‑açúcar é uma fonte renovável.

São exemplos de fontes renováveis: o álcool da cana‑de‑açúcar; a lenha


de eucalipto, o bagaço de cana‑de‑açúcar como combustível; o metano de
biodigestores; a energia solar.

São exemplos de fontes não renováveis de energia: a energia nuclear;


os combustíveis fósseis, como o carvão; o gás natural; e o petróleo.

A ideia de uma fonte de energia ser renovável tem sido associada à ideia
de energia não poluente, mas isso é um erro. Uma plantação de eucaliptos
leva cerca de 6 anos para chegar ao ponto de colheita e é uma fonte renovável
de energia, porém, a queima da madeira libera uma quantidade enorme de
gás carbônico, que gera o efeito estufa, e a plantação contamina o solo.

A análise do impacto ambiental de uma fonte de energia envolve


muito mais que a capacidade dessa fonte se renovar, mas uma coisa o
profissional precisa ter sempre em mente é que a energia não surge do nada
e a transferência da energia, de um sistema para outro, sempre provocará
impacto em ambos os sistemas.

75
Unidade II

Exercícios
Questão 1. (Enem 2008) O diagrama a seguir representa, de forma esquemática e simplificada, a
distribuição da energia proveniente do Sol sobre a atmosfera e a superfície terrestre. Na área delimitada
pela linha tracejada, são destacados alguns processos envolvidos no fluxo de energia na atmosfera.

Radiação solar
Energia refletida incidente
pela superfície, Energia irradiada Energia
100% irradiada para
pelas nuvens e para o espaço pela
pelo ar 30% atmosfera 64% o espaço pela
superfície 6%
I
Radiação solar
Energia
absorvida Radiação solar
carregada
diretamente absorvida
Energia para cima na
pela atmosfera pela água e
carregada formação de
20% pelo Co2 na vapor d’água
Atmosfera atmosfera para cima pela 24%
II 14% convecção 6%

III IV V

Superfície 50%

Com base no diagrama acima, conclui-se que:

A) a maior parte da radiação incidente sobre o planeta fica retida na atmosfera.

B) a quantidade de energia refletida pelo ar, pelas nuvens e pelo solo é superior à absorvida pela superfície.

C) a atmosfera absorve 70% da radiação solar incidente sobre a Terra.

D) mais da metade da radiação solar que é absorvida diretamente pelo solo é devolvida para a atmosfera.

E) a quantidade de radiação emitida para o espaço pela atmosfera é menor que a irradiada para o
espaço pela superfície.
Resposta correta: alternativa D.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: a parte da radiação absorvida diretamente pela atmosfera é da ordem de 20%.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a quantidade de energia refletida pelo ar, pelas nuvens e pelo solo é da ordem de 30%, e a
absorvida pela superfície é da ordem de 50%.

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FÍSICA E BIOFÍSICA

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: a radiação solar absorvida diretamente pela atmosfera é da ordem de 20%.

D) Alternativa correta.

Justificativa: a radiação solar que é absorvida diretamente pelo solo é da ordem de 50% e a quantidade
devolvida para a atmosfera é da ordem de 44%.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: a radiação emitida pelo espaço pela atmosfera é da ordem de 64%, e a radiação irradiada
diretamente para o espaço pela superfície é da ordem de 6%.

Questão 2. (UEG 2005, Questão 39) Observe a tira abaixo:

Na tira apresentada, a personagem é uma lente convergente. Quando os raios do sol, que
constituem um feixe de raios paralelos, incidem na lente, os raios convergem para um ponto. Para
esse ponto convergem também os raios infravermelhos da radiação solar e, por isso, é alcançada uma
temperatura bastante elevada. Ou seja, nesse caso, a lente é “botafogo”. Com base nas leis que regem
a óptica geométrica, é incorreto afirmar:

A) Um espelho côncavo fornece imagens reais, independente da posição do objeto.


B) A imagem de um objeto, fornecida por uma lente divergente, é virtual, direita e menor que o
objeto.
C) A distância focal dos espelhos só depende do raio de curvatura.
D) A luz emitida de um ponto luminoso (pequeno objeto) e refletida por um espelho plano chega aos
olhos de um observador como se estivesse vindo de um ponto de encontro dos prolongamentos
dos raios luminosos refletidos. Nesse ponto, o observador verá, então, uma imagem virtual do
objeto.
E) A hipermetropia deve-se ao encurtamento do globo ocular em relação ao comprimento normal.
Portanto, deve-se associar ao olho uma lente convergente.

Resolução desta questão na plataforma.

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