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DOENÇAS

OCUPACIONAIS

Prof. Fernando Siqueira


O Adoecimento dos Trabalhadores e sua
Relação com o Trabalho
Os trabalhadores compartilham os perfis de
adoecimento e morte da população em geral, em função:
idade, gênero, grupo social ou inserção em um grupo
específico de risco.
Além disso, os trabalhadores podem adoecer ou
morrer por:

• Por causas relacionadas ao trabalho;


• Como consequência da profissão que exercem ou
exerceram;
•Pelas condições adversas em que seu trabalho é ou foi
realizado.
O Adoecimento dos Trabalhadores e sua
Relação com o Trabalho
Assim, o perfil de adoecimento e morte dos
trabalhadores resultará da separação desses fatores que
podem ser sintetizados nos seguintes grupos:

 1. Doenças comuns, aparentemente sem qualquer relação


com o trabalho;
 2. Doenças comuns (crônico-degenerativas, infecciosas,
neoplásicas, traumáticas etc.) eventualmente modificada
no aumento da frequência de sua ocorrência ou na
precocidade de seu surgimento em trabalhadores, sob
determinadas condições de trabalho. A hipertensão arterial
em motoristas de ônibus urbanos, nas grandes cidades
exemplifica esta possibilidade.
O Adoecimento dos Trabalhadores e sua
Relação com o Trabalho

 3. Doenças comuns que tem o espectro de sua etiologia


ampliado pelo trabalho. A asma brônquica, a dermatite de
contato alérgica, a perda auditiva induzida pelo ruído
(ocupacional), doenças músculo-esquelético e alguns
transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na
qual, em decorrência do trabalho, somam-se (efeito aditivo)
ou multiplicam-se (efeito sinérgico) às condições
provocadoras ou desencadeadoras destes quadros
nosológicos.
O Adoecimento dos Trabalhadores e sua
Relação com o Trabalho

 4. Agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes


do trabalho e pelas doenças profissionais. A silicose e a
asbestose exemplificam este grupo de agravos específicos.

Os grupos 2, 3 e 4, constituem a família das


Doenças Relacionadas ao Trabalho (DRT)
O QUE É DOENÇA
OCUPACIONAL?
DOENÇA
OCUPACIONAL

“Condiçã o física ou mental adversa, originá ria de e/ou


piorada por uma atividade de trabalho e/ou situaçã o
relacionada ao trabalho.”

(OHSAS 18001:2007)
SAÚ DE/DOENÇA

“As condições de saúde ou doença sã o as expressõ es


dos sucessos ou falhas experimentadas pelo organismo
nos seus esforços para responder adaptativamente aos
desafios ambientais”.
Dubos, 1965
O QUE A LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA DIZ A
RESPEITO?
LEGISLAÇÃ O

Doença Ocupacional
X
Doença Profissional
X
Doença do Trabalho
LEGISLAÇÃ O
Doença Ocupacional:

🞆 Lei acidentá ria de 1919 – “moléstia contraída


exclusivamente pelo exercício do trabalho”.
🞆 1967 – “doenças do trabalho”
🞆 Lei 8231/91 >>
LEGISLAÇÃ O
Lei 8231/91:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos


termos do artigo anterior, as seguintes entidades
mó rbidas:
I - doença profissional (...);
II - doença do trabalho (...).
LEGISLAÇÃ O
I – Doença Profissional, assim entendida a produzida
ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relaçã o elaborada pelo Ministério do
Trabalho e da Previdência Social;
Sinonímia: ergopatias, tecnopatias, doenças
profissionais típicas.

FATORES INERENTES À ATIVIDADE LABORAL


LEGISLAÇÃ O
II - Doença do Trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em funçã o de condiçõ es especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relaçã o mencionada no inciso I.

Sinonímia: mesopatias, doenças profissionais atípicas.

CAUSADAS PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO TRABALHO


LEGISLAÇÃ O

ANEXO II - Agentes Patogênicos Causadores de


Doenças Profissionais ou do Trabalho.
https://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048ane
xoii-iii-iv.htm
LEGISLAÇÃ O
(ainda no Art. 20. da Lei 8231/91)
§ 1º Nã o sã o consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etá rio;
c) a que nã o produza incapacidade laborativa;
d) a doença endê mica >>
LEGISLAÇÃ O
d) a doença endê mica adquirida por segurado habitante de
regiã o em que ela se desenvolva, salvo comprovaçã o de
que é resultante de exposiçã o ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.
RISCO DE FEBRE AMARELA
DOENÇAS OCUPACIONAIS MAIS
COMUNS
🞆 Doenças das vias aéreas:

Alguns exemplos sã o as pneumoconioses causadas pela poeira


da sílica (silicose) e do asbesto (asbestose), além da asma
ocupacional. Substâ ncias agressivas inaladas no ambiente de
trabalho se depositam nos pulmõ es, provocando falta de ar,
tosse, chiadeira no peito, espirros e lacrimejamento.
Ex: sílica, asbesto, carvão mineral.
Conseqüências: silicose (quartzo),
asbestose (amianto), pneumoconiose
dos minérios de carvão (mineral).

Depois de inaladas. as fibras de amianto


fixam-se profundamente nos pulmões,
causando cicatrizes. A inalação de amianto
pode também produzir o espessamento
dos dois folhetos da membrana que
reveste os pulmões (a pleura).
🞆 Perda auditiva relacionada ao trabalho (PAIR) Diminuiçã o
gradual da audiçã o decorrente da exposiçã o contínua a níveis
elevados de ruídos. Além da perda auditiva, outra alteraçõ es
importantes podem prejudicar a qualidade de vida do
trabalhador.

🞆 A perda auditiva típica observada com as pessoas que possuem


uma longa histó ria de exposiçã o a ruído no trabalho é
caracterizada por perda de audiçã o na faixa entre 3000 e 6000
Hz . Na fase precoce à exposiçã o uma perda de audiçã o
temporá ria é observada ao fim de um período de trabalho, mas
desaparece apó s vá rias horas. A exposiçã o contínua ao ruído
resultará em perda auditiva permanente que será de natureza
progressiva e se tornará notável subjetivamente ao trabalhador
no decorrer do tempo.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
- Agrotó xicos: os pesticidas (defensivos agrícolas) provocam grandes
danos à saú de e ao meio ambiente;
- - Chumbo (saturnismo): a exposiçã o contínua ao chumbo, presente em
fundiçõ es e refinarias, provoca, a longo prazo, um tipo de intoxicaçã o
que varia de intensidade de acordo com as condiçõ es do ambiente
(umidade e ventilaçã o), tempo de exposiçã o e fatores individuais
(idade e condiçõ es físicas).
- Mercú rio (hidrargirismo): o contato com a substâ ncia se dá
por meio da inalaçã o, absorçã o cutâ nea ou via oral da
substâ ncia; ocorre com trabalhadores que lidam com
extraçã o do mineral

- Solventes orgâ nicos (benzenismo): por serem tó xicos e


agressivos, podem contaminar trabalhadores de refinarias
de petró leo e indú strias de transformaçã o
LER E DORT
 Conjunto de doenças que atingem principalmente
os mú sculos, tendõ es e nervos. O problema é
decorrente do trabalho com movimentos
repetitivos, esforço excessivo, má postura e
estresse, entre outros.
DERMATOSES OCUPACIONAIS
🞆 Sã o alteraçõ es da pele e das mucosas causadas,
mantidas ou agravadas, direta ou indiretamente, por
determinadas atividades profissionais. Sã o
provocadas por agentes químicos e podem ocasionar
irritaçã o ou até mesmo alergia.

🞆 Ex: Indú stria de corantes, cimenteiras, indú strias


que processam aços inoxidáveis e outras ligas
metá licas.

Alergia provocada pelo uso de luvas de


látex
O QUE É RISCO?
RISCO

“Risco pode ser definido como a variaçã o relativa dos


resultados reais em relaçã o aos resultados esperados.”
(Bernstein, 1996 e Philips, 1998)
FATORES DE RISCO PARAA SAÚ DE E
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES
🞆 Físicos
• Ruído contínuo
Ruído de
impacto Calor
• Radiaçõ es Ionizantes
• Trabalho sob condiçõ es hiperbá ricas
• Radiaçõ es nã o-ionizantes (microondas, laser e ultra
violetas)
• Vibraçõ
es Frio

Umida
de
FATORES DE RISCO PARAA SAÚ DE E
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES
🞆 Químicos

• Poeiras
• Neblinas (é a condensaçã o que ocorre junto à superfície)
• Névoas (quando há a condensaçã o de vapor d`á gua, porém em
associaçã o com a poeira, fumaça e outros poluentes)

• Fumos metá licos

Vapor
• Produtos químicos em geral
FATORES DE RISCO PARAA SAÚ DE E
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES

🞆 Biológicos

Vírus, bactérias, parasitas, geralmente associados ao


trabalho em hospitais, laborató rios e na agricultura e
pecuá ria.
FATORES DE RISCO PARAA SAÚ DE E
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES

🞆 Ergonômicos e Psicossociais

Decorrem da organizaçã o e gestã o do trabalho, como, por


exemplo: da utilizaçã o de equipamentos, maquinas e
mobiliá rios inadequados, levando a posturas e posiçõ es
incorretas; locais adaptados com má s condiçõ es de
iluminaçõ es, ventilaçã o e de conforto para os
trabalhadores; trabalho em turnos e noturnos; monotonia
ou ritmo de trabalho excessivo, exigê ncias de
produtividade, relaçõ es de trabalho autoritá rias, falhas no
treinamento e supervisã o dos trabalhadores.
FATORES DE RISCO PARAA SAÚ DE E
SEGURANÇA DOS TRABALHADORES
🞆 Mecânicos e de Acidentes

Ligados à proteçã o das má quinas, arranjo físico, ordem e


limpeza do ambiente de trabalho, sinalizaçã o, rotulagem
de produtos e outros que podem levar a acidente de
trabalho
Uma doença ocupacional normalmente é adquirida quando um
trabalhador é exposto acima do limite de tolerâ ncia permitido
por lei aos riscos ambientais em proteçã o compatível com o
agente envolvido. Essa proteçã o pode ser na forma de
equipamento de proteçã o coletiva (EPC) ou equipamento de
proteçã o individual (EPI). Existem també m medidas
administrativas/organizacionais capazes de reduzir os riscos. As
principais vias de absorçã o de agentes nocivos sã o a pele e os
pulmõ es.
INSTRUMENTOS DE INVESTIGAÇÃ O DAS RELAÇÕ ES SAÚ DE-
TRABALHO-DOENÇA
Natureza Nível de Aplicação Abordagem / Instrumentos

Histó ria clínica /


Clínica
Anamnese Ocupacional

Individual Complementar:
Laboratoriais Exames laboratoriais, provas
Toxicoló gicos funcionais
Dano ou Doença provas funcionais
•Estudos descritivos de
morbidade e mortalidade;
Coletivo Estudos epidemioló gicos •Estudos analíticos, tipo caso-
controle

•Estudo do posto ou estaçã o de trabalho, por meio da


aná lise ergonô mica do atividade;
Individual
•Avaliaçã o ambiental qualitativa ou quantitativa, de
Fatores ou acordo com as ferramentas da Higiene do Trabalho
Condiçã o de •Estudo do posto ou estaçã o de trabalho, por meio da
Risco aná lise ergonô mica da atividade;
Coletivo • Avaliaçã o ambiental quantitativa e qualitativa;
• Elaboraçã o do mapa risco da atividade;
• Inquéritos coletivos
CONTROLE CONTROLE
CONTROLE DE
DAS DOS
DANOS
CAUSAS RISCOS
DETERMINANTES SOCIO- Grupos de
Risco

NECESSIDADES
Cura
AMBIENTAIS

Indícios
Riscos Indícios Casos Seqüela
Exposição Exposição Danos
Obito

Pessoas Suspeitos Assintomáticos


Expostas

Intervenção Social
Ações de Saúde Organizada
Organizada

PROMOÇÃO DE PROTEÇÃO DA DIAGNÓSTICO E LIMITAÇÃO DO REABILITAÇÃO


SAÚDE SAÚDE, "Screening" TRATAMENTO DANO
/Mapeamento de PRECOCES
Saúde
FASE CLÍNICA
PRE PATOGÊNESE SEQÜELAS
INESPECÍFICA ESPECÍFICA PRECOCE AVANÇADA
Condições gerais do A presença de uma Da situação A doença segue sua As sequelas ou
indivíduo ou do constelação de anterior resultou evolução própria, consequencias da doença
ambiente que fatores causais num uma doença cujos terminando com a podem ser reparadas, com
predispôe a uma ou instante dado, primeiros sinais e morte, com a cura maior ou menor
várias doenças. favorece o sintomas se completa ou deixando eficiência, permitindo a
aparecimento de uma tornaram aparentes sequelas reabilitação do indivíduo.
dada doença.
PREVENÇÃ
PREVENÇÃO PREVENÇÃO
O
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA
TERCIÁRIA

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