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MÓDULO 14

PROTEÇÃO NA SOLDAGEM
OBJETIVOS
Após o estudo deste módulo, o leitor deve tornar-se apto a:

1. Reconhecer e identificar os fatores nocivos aos trabalhadores,


inerentes às operações de corte e soldagem, bem como os
danos e lesões que possam resultar da exposição a tais fatores;
2. Adotar as medidas de segurança necessárias durante as
operações de corte e soldagem;
3. Conhecer os equipamentos de segurança; e
4. Avaliar, segundo a necessidade, quais os equipamentos de
segurança a serem utilizados, e sua correta forma de utilização.
1 - FATORES DE RISCO EM OPERAÇÕES
DE SOLDAGEM E CORTE
FATORES DE RISCO EM OPERAÇÕES DE
SOLDAGEM E CORTE
Durante uma operação de soldagem, estão presentes vários
fatores que, agindo isoladamente ou em conjunto, representam
sérios riscos à saúde do trabalhador.
Os fatores são:
• Radiação.
• Calor.
• Ruído.
• Fumos e gases.
• Eletricidade.

Os mesmos devem ser mantidos sob controle, exigindo medidas


de proteção, tanto individuais quanto ambientais, no sentido de
proteger não só o trabalhador envolvido diretamente na operação,
como, também, outras pessoas, máquinas, equipamentos e
instalações.
FATORES DE RISCO EM OPERAÇÕES DE
SOLDAGEM E CORTE
A inobservância a tais fatores pode conduzir à formação de um
ambiente inseguro, com graves consequências, caso um acidente
venha a ocorrer, levando a prejuízos humanos (mutilações ou, até
mesmo, à perda de preciosas vidas) e / ou materiais (danos a
equipamentos e instalações).
RADIAÇÃO
Durante os processos de soldagem ao arco elétrico, são gerados
raios ultravioletas de alta intensidade, raios infravermelhos e
radiação dentro do espectro visível da luz. A pele exposta à
radiação ultravioleta, mesmo que por poucos minutos, sofre
queimaduras semelhantes às provocadas pelo sol, o que pode
provocar ulcerações e câncer de pele. Os raios infravermelhos,
agindo sobre a pele, provocam efeito de aquecimento. Se o tempo
de exposição for prolongado, provocará, também, queimaduras.
Agindo sobre os olhos, os raios infravermelhos, ultravioletas e a
radiação visível ocasionarão sérios danos aos mesmos, tais como:
conjuntivite, irritação das pálpebras, cegueira temporária e
catarata. No caso de exposição prolongada ou repetida, os danos
serão maiores, podendo ocorrer uma lesão permanente.
Torna-se, portanto, necessário a utilização, pelo soldador, de
equipamentos de proteção, tais como como luvas, aventais, mangas
compridas, polainas, óculos com lentes especiais (soldagem
oxicombustível) ou máscara de solda com lentes especiais
(soldagem elétrica).
RADIAÇÃO
A escolha da lente adequada é de suma importância, sendo os
tipos de lente identificados por números. Quanto maior o número,
tanto maior a proteção oferecida. O soldador deve escolher sempre
o maior número possível. Caso a lente seja demasiada escura a
ponto de interferir na visualização de seu trabalho, ele deve
experimentar valores inferiores, até encontrar a que melhor se
adapte sem, contudo, jamais ultrapassar o limite mínimo
estabelecido, indicado em tabelas.
Os óculos de proteção servem, ainda, para proteger os olhos de
respingos e fragmentos de escória, projetados durante a limpeza do
cordão de solda.
Caso existam outras pessoas presentes na área de soldagem,
estas devem estar igualmente protegidas pelo uso de
Equipamentos de Proteção Individual – EPI, ou por meio de
anteparos que impeçam a propagação da radiação. Caso não seja
possível, estas devem se afastar do local até que a operação de
soldagem esteja terminada.
CALOR
É um elemento sempre presente nas operações de soldagem ou
corte. Seu controle é fácil, dependendo apenas de uma boa
ventilação do ambiente, que será igualmente útil em relação a
outros fatores nocivos. O grande cuidado que se deve ter é em
relação à projeção de centelhas e metal fundido, que chegam a
atingir distâncias consideráveis. Em contato com a pele do soldador,
provocará imediatamente uma queimadura. Portanto, as roupas
devem ser resistentes ao calor e a projeções, as mangas compridas
e as calças não devem conter dobras para fora, para que o metal
quente não fique preso a elas. As luvas devem ser de raspa de
couro, com proteção para os punhos. Deve ser dada atenção à
presença de materiais combustíveis ou líquidos inflamáveis, que
devem ser afastados ou isolados do local.
RUÍDO
Presente em operações de goivagem, preparação ou reparo de
juntas com o uso de esmeril, deve ser controlado com o uso de
protetores auriculares, pois a exposição contínua leva à diminuição
da capacidade auditiva, podendo levar à surdez definitiva. Os
protetores auriculares em forma de concha (tipo head-phone) têm
a vantagem de proteger o pavilhão auricular contra a projeção de
faíscas ou partículas metálicas. Os protetores tipo plug devem estar
limpos antes de serem inseridos no canal auditivo, evitando-se,
desta forma, infecções. Seu manuseio deve ser feito com as mãos
limpas.
Muitas vezes, o ruído é presença constante no ambiente de
trabalho devido a outras operações. É sempre mais vantajoso
procurar eliminar o problema na origem (por exemplo, isolando o
agente causador em cabines), adotando-se uma atitude preventiva,
e evitando-se problemas decorrentes da utilização inadequada ou
mesmo da não-utilização de equipamentos individuais de proteção.
A perda da audição é gradual, podendo não ser percebida no início;
porém, sendo um processo cumulativo, torna-se um dano
irreversível.
FUMOS E GASES
Os gases empregados nas operações de soldagem, bem como os
fumos emanados das peças ou consumíveis, podem provocar riscos
à saúde do soldador e de outros profissionais que trabalham na
área, devido à presença de elementos químicos tais como carbono,
cobre, cobalto, alumínio, níquel, fluoretos, zinco, manganês entre
outros. Além disso, a fumaça desprendida durante a soldagem pode
conter partículas sólidas, também prejudiciais à saúde.
Os efeitos da exposição aos fumos, ainda que temporários, são:
tonteiras, náuseas, irritação dos olhos e pele. Uma exposição
constante, entretanto, pode conduzir a doenças crônicas tais como
a siderose (acúmulo de ferro nos pulmões). A Tabela 1 mostra os
valores toleráveis e os efeitos de partículas, fumos e óxidos
metálicos, recomendados pela American Welding Society.
A maioria dos gases de proteção não apresenta toxidade, mas,
por ocupar o lugar do oxigênio na atmosfera, podem provocar
asfixia, , cujos sintomas são tonteira, inconsciência e morte.
FUMOS E GASES
A radiação ultravioleta, muito intensa nos processos TIG e
MIG/MAG, é capaz de decompor desengraxantes utilizados na
limpeza das peças, como o tricloroetileno e o percloroetileno, além
de ser grande auxiliar na formação de ozônio e óxidos nitrosos,
responsáveis por irritação nos olhos e inflamações no nariz e
garganta. Na Figura 1, temos um exemplo de solda sendo feita pelo
processo MIG / MAG, no qual se pode observar a grande incidência
de fumos de soldagem, além de radiações e projeções metálicas.

Nota: Um cuidado especial deve ser tomado em relação ao Cádmio,


presente em aços revestidos e nas brasagens com ligas de prata.
Mesmo uma rápida exposição a este metal tóxico pode ser letal,
com o aparecimento dos sintomas em uma hora, sobrevindo a
morte após cinco dias.
FUMOS E GASES
Tabela 1 – Efeitos de partículas, fumos e óxidos metálicos, conforme a “Ocupacional
Safety

Nota: Dados obtidos de “Effects of Welding on Health”, American


Welding Society.
FUMOS E GASES

Figura 1 - Fumos, projeções (respingos) e radiações decorrentes da soldagem a arco


elétrico pelo processo MIG / MAG.
ELETRICIDADE
A eletricidade, hoje presente na imensa maioria dos processos
de soldagem e, ainda, nos processos de corte por fusão (corte a
plasma), torna nossa vida muito mais confortável. Mesmo o corpo
humano é movido por impulsos elétricos, que podem ser medidos
em um eletroencefalograma ou um eletrocardiograma. Se,
entretanto, uma fonte externa de eletricidade for “conectada” ao
nosso corpo, esta certamente irá interferir em seu funcionamento.
Essa interferência poderá ser notada a partir de uma leve sensação
de “formigamento”, podendo levar à ocorrência de queimaduras
graves ou paradas cárdio-respiratórias, provocando a morte.
A Tabela 2 mostra os efeitos do choque elétrico no nosso
organismo.
ELETRICIDADE
Tabela 2 - Efeitos do choque elétrico.

Esses efeitos são consequência da quantidade de eletricidade


que percorre o corpo humano, ou seja, dependem da intensidade
de corrente elétrica, cuja unidade é o Ampère (A), e esta é função
da tensão aplicada e da resistência elétrica oferecida.
Obedecendo à Lei de Ohm:
ELETRICIDADE
Da fórmula 1, podemos concluir que, quanto maior a tensão,
maior a corrente que fluirá pela resistência R.
E, da fórmula 2, deduzimos que, para uma mesma tensão, a
corrente aumentará, se reduzirmos a resistência.
Portanto, para trabalharmos com segurança, devemos possuir a
maior resistência possível, e trabalhar com a menor tensão
possível.
A maior resistência é conseguida com a utilização de materiais
chamados isolantes, que estão presentes desde a conexão do
equipamento à rede até o porta-eletrodo, pistola ou tocha.
Devemos, então, nos proteger do contato com a peça-obra, que
estará energizada durante a operação, e a maneira mais adequada
é pela utilização de roupas isolantes, que deve estar em boas
condições e seca. Uma roupa úmida reduz acentuadamente as
condições de segurança, como indicado na Tabela 3.
ELETRICIDADE
Tabela 3 - Variação da resistência.

O choque da tensão primária do equipamento é muito mais


perigoso, razão pela qual as tampas das máquinas nunca devem ser
removidas. Qualquer reparo deverá ser feito por pessoal
especializado, e a máquina deverá estar corretamente aterrada
para, em caso de problema, oferecer a necessária proteção.
2 - AMBIENTE DE SOLDAGEM
AMBIENTE DE SOLDAGEM
As operações de soldagem e corte, sempre que possível, devem
ser realizadas em ambiente apropriado, especialmente projetado
para oferecer a máxima condição de segurança, além de
proporcionar conforto à pessoa que realiza a tarefa. Quando a
operação for realizada “no campo”, deve-se procurar reproduzir as
condições ideais, tanto quanto possível. Os aspectos abaixo
apresentados representam as condições mínimas para se ter um
ambiente seguro, e qualquer melhoramento será sempre bem
recebido.
LAY-OUT
As passagens e rotas de fuga nos ambientes onde ocorrem as
atividades de soldagem e corte devem ser mantidas
obrigatoriamente livres e desimpedidas. Equipamentos, cabos,
mangueiras e demais anexos devem estar protegidos contra o calor
intenso e salpicos. Para a proteção das demais pessoas que
trabalham nas proximidades da área de soldagem, deve ser
providenciada a instalação de anteparos de madeira ou lona, em
forma de cortina, biombo ou cabine. Qualquer material
combustível ou inflamável deve ser removido das oficinas de
soldagem e corte, que devem estar providas de um sistema de
combate a incêndio. Em caso de impossibilidade de remoção, estes
devem estar protegidos das chamas, centelhas e respingos de metal
fundido.
PISO
Deve proporcionar um bom isolamento térmico. Deve ser de
concreto antiderrapante ou com revestimento à prova de fogo.
PINTURA
Devem ser utilizadas cores frias e de baixa refletividade, como o
cinza azulado, que neutraliza a ação dos tons vermelhos resultantes
das ações de soldagem e corte. Cores metálicas obviamente não
são recomendadas.
ILUMINAÇÃO
O tipo de iluminação depende do tamanho e do lay-out da
oficina, e a prática tem demonstrado a viabilidade de lâmpadas
tubulares fluorescentes ou mistas. Quando houver boxes, estes
devem estar providos de iluminação individual. As luzes do dia,
mais recomendadas, ou as artificiais, devem incidir sobre a área de
trabalho, vindas do alto e por trás, reduzindo o ofuscamento e
produzindo uma luminosidade uniforme. O índice mínimo de
iluminação é de 250 lux.
VENTILAÇÃO
A ventilação natural é aceitável para operações em áreas não-
confinadas. Em oficinas de soldagem, para que ela ocorra de
maneira efetiva, alguns pré-requisitos são necessários:
• A ventilação transversal deve ser livre, sem bloqueios por
paredes, divisórias ou outras barreiras;
• A altura do teto deve ser superior a 6 metros, necessária à
criação de uma corrente de ar por convecção; e
• A área de soldagem deve conter, no mínimo, 285 m³ de ar para
cada soldador.

Se a ventilação natural for insuficiente, deverá ser adotado um


sistema mecânico capaz de renovar, no mínimo, 57 m³ de ar por
minuto. A instalação deve ser planejada de modo a impedir a
concentração de fumos em “zonas mortas”, bem como o
direcionamento do fluxo dos gases e fumos à face do soldador,
conforme mostra a Tabela 4.
VENTILAÇÃO
Tabela 4 – Ventilação mínima requerida em função do diâmetro do eletrodo.

A concentração de substâncias tóxicas, gases e poeiras na


atmosfera, depende do processo, local e do tipo de material
envolvido na operação de soldagem ou corte. Amostras de ar
devem ser coletadas para refletir a qualidade do ar disponível para
o pessoal envolvido. Quando um capacete ou máscara for usado, a
amostra deve ser coletada sob o capacete. A ventilação, porém,
deve existir, mesmo que os gases e fumos desprendidos pela
soldagem ou corte não sejam tóxicos, pois eles podem irritar as vias
respiratórias.
EXAUSTÃO
Um sistema de ventilação pode controlar de forma global os
níveis de poluição na área, não significando, com isso, que esteja
sendo eficiente no local onde esta poluição é gerada. Daí a
necessidade da exaustão local, empregada próxima à fonte
geradora para retirada dos elementos contaminantes, antes mesmo
que estes atinjam a zona de respiração do soldador. A Tabela 5
mostra os valores para uma exaustão adequada.

Tabela 5 - Valores para uma exaustão adequada.


EXAUSTÃO
A exaustão é um dos sistemas mais empregados, pois alia
vantagens econômicas à eficiência no controle dos fumos,
descarregando-os para fora da oficina ou, no caso de pequena
produção de gases, aspirando-os através de filtros, e devolvendo o
ar filtrado para o interior da oficina (vide Figuras 2 e 2 a).
EXAUSTÃO

Figura 2 - Exaustão de fumos, nas proximidades da fonte geradora, durante a operação


de soldagem pelo processo MIG/MAG.
EXAUSTÃO

Figura 2a - Exaustão de fumos, nas proximidades da fonte geradora, durante a


operação de soldagem pelo processo MIG/MAG.
EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM
Os porta-eletrodos e cabos elétricos devem estar com seu
isolamento em boas condições, sem falhas e sem regiões
desprotegidas, sendo dimensionados corretamente para as
condições de trabalho e segurança pessoal.
Na soldagem oxiacetilênica, e em todos os tipos de cortes a gás,
todo o sistema deve estar projetado para atender às condições
operacionais de segurança pessoal, conforme os requisitos da
norma regulamentadora NR-18.
As barras de cobre para proteção lateral na soldagem eletrogás
devem ter espessura suficiente e refrigeração adequada para
evitar sua fusão durante a soldagem.
EQUIPAMENTOS DE SOLDAGEM
Na Figura 3, constam exemplos de equipamentos de soldagem.

Figura 3 – Equipamento de soldagem: fonte de energia e estufas.


3 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
Os equipamentos de proteção individual (EPI) são projetados
com a finalidade de evitar ou amenizar lesões ou, ainda, doenças
que possam advir das operações de corte e soldagem, ou outras
inerentes ao ambiente onde a tarefa for desenvolvida.
NOTA: Neste módulo, será empregado o termo “soldador” para
designar tanto os soldadores quanto os operadores de soldagem e
os operadores de corte.
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
Máscaras de soldador devem ser usadas pelos soldadores
durante as operações de corte e soldagem a arco elétrico, exceto
para a soldagem a arco submerso. Exemplos de máscaras de
soldador podem ser vistas nas Figuras 4 e 4 a. Os óculos são
também indispensáveis ao equipamento do soldador, como
também para todos aqueles que devem trabalhar nas
proximidades dos locais onde se esteja realizando os serviços, tais
como aprendizes, mestres, inspetores, a fim de proporcionar
segurança contra os danos causados pelas radiações e por objetos
projetados por operações de corte ou soldagem adjacentes. Nas
operações de corte e soldagem a gás, deve-se também usar óculos
com lentes e filtros adequados para proteção (vide Figura 5).
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.

Figura 4 – Exemplos de máscaras de solda.


PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.

Figura 4 a - Exemplos de máscaras de solda.

Figura 5 – Exemplos de óculos de proteção com lentes e filtros adequados para as


operações de soldagem a gás e corte oxicombustível.
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
1. Área Protegida Pelos Equipamentos
As máscaras de soldador protegem a face, testa, pescoço e
olhos contra as radiações de energia emitidas diretamente pelo
arco, e contra salpicos provenientes da soldagem.

2. Materiais Utilizados na Fabricação dos Equipamentos


As máscaras de soldador são fabricadas com materiais
resistentes, leves, isolantes térmicos e elétricos, não-combustíveis
ou autoextinguíveis e opacos. Tanto os capacetes e máscaras,
quanto também os óculos, devem ter a possibilidade de ser
desinfectados.

3. Visor Para a Lente Filtrante e Lente de Cobertura


Na altura dos olhos do soldador, as máscaras de soldador têm
uma abertura ou visor, do qual o soldador observa o arco. Estes
visores são adequados para a fixação dos filtros e lentes de
cobertura, e são projetados de modo a facilitar a remoção e
substituição destes elementos.
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
A grande vantagem da máscara de Soldador com fixação por
carneira e visor articulado sobre a máscara de Soldador com
empunhadura manual consiste em deixar o soldador com as mãos
livres, pois não requer suporte manual.

4. Ventilação
Os óculos devem ter condição de assegurar uma ventilação
perfeita, a fim de evitar o embaçamento das lentes, sem, porém,
permitir a passagem lateral de raios de luz ou projeções contra os
olhos.

5. Lentes de Cobertura
São utilizadas para proteger os filtros nos capacetes, máscaras e
óculos, contra salpicos de soldagem e arranhões. As lâminas
protetoras devem ser transparentes, de vidro ou plástico
autoextinguível, e não precisam ser resistentes ao impacto.
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
6. Lentes Filtrantes
As lentes filtrantes ou vidros protetores têm a função de
absorver os raios infravermelhos e ultravioletas, protegendo os
olhos de lesões que poderiam ser ocasionadas por estes raios. A
redução da ação nociva das radiações também diminui a
intensidade da luz, o que faz com que o soldador não canse
demasiadamente os seus olhos durante o trabalho (vide a Figura
6).

Figura 6 - Ação da lente filtrante.


PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
• Identificação da lente:
As lentes filtrantes são marcadas pelo fabricante, a fim de que
possam, por meio de leitura, ser facilmente identificadas. Além
disso, quando elas são tratadas para ter resistência ao impacto, são
marcadas com a letra “H”, para designar tal resistência.

• Guia para seleção das lentes filtrantes:


A Tabela 6 a seguir, sugere os tipos de lentes filtrantes a serem
utilizados em função dos vários processos de soldagem e de corte.
Notas:
a) Observar que o nº da lente filtrante - a numeração é
padronizada - é tanto maior quanto maior for a proteção conferida
pela lente.
b) O uso de proteção em excesso, ou seja, o uso da lente filtrante
com número acima do necessário, embora confira excelente
proteção aos olhos, dificulta a execução da soldagem ou corte, pois
a visualização do local a soldar fica prejudicada.
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
Tabela 6 - Seleção de lentes filtrantes de proteção.
PROTEÇÃO OCULAR E FACIAL.
7. Manutenção
As máscaras de solda, óculos de proteção, assim como todos os
EPI necessários para um trabalho seguro são de uso pessoal e
intransferível, a menos que sejam submetidos a rigorosos critérios
de limpeza, manutenção e desinfecção.
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
O vestuário protetor mais apropriado para cada tipo de corte e
soldagem é variável, de acordo com a natureza, tamanho e
localização do trabalho a ser desenvolvido. Estes vestuários devem
ser utilizados a fim de proteger as áreas expostas do soldador de
radiações de energia emitidas pelo arco, como também de salpicos
e faíscas provenientes da soldagem (vide Figuras 7 e 7a).
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO

Figura 7 - Soldador com o vestuário completo, incluindo a máscara de solda.


VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO

Figura 7a - Soldador com o vestuário completo realizando soldagem pelo processo


TIG.
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
1. Luvas
Todos os soldadores devem usar luvas em bom estado nas duas
mãos. As luvas protegem as mãos contra queimaduras,
principalmente aquelas resultantes de radiações emitidas pelo
arco, e também evitam choques elétricos, em contatos eventuais
com uma peça nua sob tensão (por exemplo: no momento de troca
de eletrodos).
Para trabalhos leves, podem ser usadas luvas de raspa de couro,
luvas de vaqueta ou luvas de couro de porco. Para trabalhos
pesados, devem ser usadas luvas de couro ou outro material
apropriado, sendo todas resistentes ao fogo (vide a Figura 8).
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO

Figura 8 – Luvas de soldador (novas e após uso).


VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
2. Macacões, Casacos, Aventais, Mangas e Perneiras
Devem ser usados quando houver necessidade, em função do
tipo de trabalho e do processo de soldagem ou corte utilizado.
Podem ser feitos de couro ou de outro material resistente ao fogo,
e proporcionam proteção adicional às áreas expostas do corpo do
soldador contra radiações e faíscas provenientes da soldagem ou
corte.
É sempre preferível que as partes do vestuário de proteção
sejam feitas de tecidos à base de amianto, pois este não se
incendeia facilmente e protege o soldador do calor emanado
durante a soldagem ou corte. A superfície exterior das roupas deve
estar totalmente isenta de óleo e graxa (vide a Figura 9).
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO

Figura 9 – Macacões, Casacos, Aventais, Mangas e Perneiras.


VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
Devido aos salpicos e faíscas provenientes da soldagem e corte,
que podem ser arremessados causando lesões aos soldadores, é
recomendável que os punhos, golas e todas as aberturas do
vestuário sejam bem abotoadas, e todos os bolsos eliminados. As
roupas devem ser escuras para reduzir a reflexão das radiações
para o rosto sob a máscara. As calças e os macacões não deverão
ter bainhas. A cueca, as meias e outras roupas feitas a partir de
nylon ou poliéster, apesar de não queimarem tão facilmente
quanto as de algodão, queimam e derretem, formando uma massa
plástica quente que adere à pele e causa sérias queimaduras.

3. Vestuário Tratado Quimicamente


São também utilizadas vestimentas de materiais tratados com
retardadores de fogo. Esta característica não é permanente e, após
cada lavagem ou limpeza, as vestimentas devem sofrer um novo
tratamento. É comum o tratamento químico do amianto, a fim de
reduzir a sua combustibilidade.
VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
4. Capuz ou Gorro Para a Cabeça
Durante as operações de corte ou soldagem, aumenta-se a
probabilidade de ocorrerem lesões e queimaduras na cabeça do
soldador. Capuzes ou Gorros devem ser fabricados em couro ou
outro material resistente ao fogo (vide Figura 10).

Figura 10 – Capuz ou gorro para a cabeça.


VESTUÁRIO DE PROTEÇÃO
5. Botina
Todos os soldadores e operadores de solda e corte devem
proteger seus pés, através do uso de botinas de segurança com
biqueira de aço, solado injetado e sem cadarços (fixação por
elásticos laterais). Trata-se de um EPI de uso obrigatório.

6. Protetores Auriculares
Os protetores auriculares devem ser utilizados pelos soldadores
nos lugares determinados pelo setor de segurança no interior da
fábrica. Tais protetores podem ser do tipo “plugue de inserção” ou
tipo “fone de ouvido” (concha) (vide Figura 11).

Figura 11 – Protetores auriculares dos tipos plug e concha respectivamente.


EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
RESPIRATÓRIA
A utilização destes equipamentos se faz necessária quando
ocorrem operações de soldagem e corte em áreas confinadas, ou
quando são usados processos e/ou materiais com alto teor tóxico;
portanto, sempre nas ocasiões em que o oxigênio for insuficiente
ou houver acumulação de gases tóxicos. Um equipamento de
respiração individual deve sempre ter uma boa manutenção e,
quando for transferido de um trabalhador para outro, deve ser
devidamente desinfectado. Em áreas grandes e bem ventiladas (ao
ar livre), onde se corta ou solda o aço-carbono limpo (sem pintura
ou produtos químicos de cobertura), com ou sem proteção de gás
inerte, existem riscos mínimos à saúde.
Em áreas confinadas, tais como, por exemplo, tanques, flares,
esferas, silos, vasos em geral, dutos, pernas de jaqueta
(plataformas de petróleo), etc., deve-se providenciar,
obrigatoriamente, uma exaustão local e ventilação geral para
manter a concentração de gases tóxicos, fumos e poeiras abaixo
das concentrações consideradas nocivas.
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
RESPIRATÓRIA
Se os poluentes atmosféricos estiverem dentro dos limites de
tolerância, ou porque o trabalho é intermitente, ou por outras
razões, os soldadores não precisam usar equipamentos de
proteção respiratória. Se, por outro lado, houver superação dos
limites de tolerância estabelecidos, ou se houver deficiência de
oxigênio, deverá ser previsto, obrigatoriamente, um sistema de “ar
mandado”, com máscaras (respiradores) tipo queixo
(especialmente fabricado em conjugação com a máscara de solda)
ou um equipamento autônomo de proteção respiratória.
O “ar mandado” deverá ser limpo, sem contaminação (inclusive
de óleo do compressor de ar), dando-se preferência a um
ventilador externo que canalize o ar por mangueiras adequadas.
Sob nenhuma hipótese poderá ser utilizado oxigênio para
ventilar ou purificar qualquer ambiente, sob risco de uma explosão
ambiental (utilizar ar comprimido).
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
RESPIRATÓRIA
Quando o corte ou solda envolver metais de base com
cobertura contendo elementos como zinco, berílio, chumbo,
cádmio e seus compostos, deverá haver uma ventilação geral e
uma exaustão local para manter os poluentes atmosféricos em
concentração abaixo dos limites de tolerância estabelecidos.
Trabalhos de corte e soldagem ao ar livre, envolvendo chumbo,
mercúrio e cádmio, devem ser feitos obrigatoriamente com
sistemas de proteção (respiradores com filtro) (vide Figura 12).

Figura 12 – Equipamento de proteção respiratória no corte oxicombustível.


4 - CUIDADOS PARTICULARES AOS
PROCESSOS DE SOLDAGEM
SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO
Para operações seguras dos equipamentos, devem ser seguidas
as recomendações dos fabricantes destes, e o soldador deve ser
instruído de acordo com as especificações do respectivo
equipamento. Para realizar a instalação e operação das máquinas
de soldagem a arco elétrico, existem condições ambientais
requeridas; os equipamentos normais são projetados e construídos
para operarem em locais onde a temperatura não seja inferior a
0°C. Os equipamentos, porém, são adequados para operar em
atmosferas contendo gases, pó e raios de luz presentes numa
soldagem a arco.
Antes de iniciar uma operação, todos os cabos e conexões
devem ser examinados, para determinar se são eficazes mecânica
e eletricamente para as correntes de soldagem requeridas, e para
verificar se os cabos se encontram secos e livres de óleo e graxa.
Deve ser dada uma especial atenção ao revestimento dos cabos,
pois qualquer falha ou dano encontrado pode resultar em uma má
qualidade do isolamento e da condutividade. Inspeções periódicas
devem ser realizadas, a fim de reparar ou trocar os cabos
danificados, evitando-se, assim, a ocorrência de acidentes, tais
como choques elétricos.
SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO
Um bom cabo terra deve ser utilizado para o aterramento das
peças metálicas sobre as quais o soldador realiza a soldagem. Não
são permitidas conexões para aterramento em correntes, arames,
guindastes, guinchos e elevadores.
Quando o soldador for interromper o trabalho por um tempo
apreciável, deve desconectar o porta-eletrodo da fonte de energia
elétrica. O mesmo procedimento deve ser seguido quando uma
máquina de solda for movida.
O porta-eletrodo deve ser bem isolado, para proporcionar maior
segurança ao soldador e nunca ser resfriado pela imersão em água.
O soldador nunca deve enrolar ou prender o cabo de soldagem em
volta de partes do seu corpo.
Os soldadores devem estar inteiramente instruídos, em
detalhes, a fim de evitarem choques elétricos, pois é a partir do
controle próprio de cada um que poderá ser impedida a ocorrência
de tais fatos. Por mais alta que seja a voltagem, ou por mais
contatos que a peça tenha, nenhum dano será causado se todas as
operações forem feitas cuidadosamente.
SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO
O processo de soldagem com eletrodo revestido, além de emitir
radiações e projeções, libera fumos e gases nocivos para a saúde.
Por isso, uma ventilação adequada é imprescindível para tais
operações.
SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO
Os operadores de soldagem devem estar bem familiarizados
com as instruções fornecidas pelo fabricante do equipamento de
soldagem.
Visto que a extremidade do arame-eletrodo e a região de
soldagem estão completamente protegidas durante todo o tempo
da operação, a solda é executada sem centelhas, lampejos, salpicos
ou fumaças frequentemente observados em outros processos de
soldagem a arco. Portanto, não é necessário o uso de capacetes,
viseiras ou máscaras de proteção, embora os óculos de segurança
devam ser usados como rotina de proteção para os olhos. Os
óculos podem ter filtros claros para proteção contra lampejos e
centelhas, quando o arco é inadvertidamente iniciado sem a
proteção do fluxo. Visto que a soldagem a arco submerso pode
produzir gases nocivos à saúde, deve ser proporcionada uma
ventilação adequada, especialmente em áreas confinadas.
As precauções com os cabos e conexões, citadas no item 4.1,
aplicam-se, também, a este processo de soldagem.
SOLDAGEM TIG
Na soldagem por este processo, devem ser observadas as
mesmas precauções aplicáveis a qualquer outra operação de
soldagem elétrica. O soldador deve usar uma máscara de soldador
com uma lente filtrante, que será escolhida em função da
intensidade do arco. Nesta soldagem, a quantidade de radiação
ultravioleta liberada é bastante grande. A Tabela 7 lista as lentes
filtrantes recomendadas para diferentes faixas de corrente. Partes
da pele diretamente expostas a tais radiações queimam-se
rapidamente, o que exige maiores precauções. Estas radiações têm
a capacidade de decompor solventes, liberando gases bastante
tóxicos. Portanto, em ambientes confinados, deve-se ter cuidado
para que não haja solventes nas imediações. As máquinas que
fornecem energia para o arco devem ser desconectadas
eletricamente quando das trocas de eletrodos da tocha.
SOLDAGEM TIG
Tabela 7 - Seleção de lentes filtrantes de proteção - TIG.
SOLDAGEM E CORTE A GÁS
O oxigênio sob alta pressão pode reagir violentamente com óleo
ou graxa. Logo, as válvulas que fazem a sua regulagem devem ser
isentas destes materiais. Os cilindros nunca devem ser estocados
em locais próximos a materiais combustíveis, pois, embora não se
incendeiem ou explodam sozinhos, ajudam a manter a combustão
dos materiais combustíveis.
O oxigênio nunca deve ser usado para limpar roupas ou para
ventilar espaços confinados. O acetileno é um gás altamente
combustível, devendo ser, portanto, guardado longe do fogo, em
locais limpos e secos, com boa ventilação, e protegido contra
aumentos excessivos de temperatura. Os cilindros precisam ser
estocados e utilizados com válvulas de segurança, em local livre de
outros combustíveis. Cilindros de outros gases combustíveis devem
ser manuseados com estes mesmos cuidados.
Os cilindros de gases liquefeitos são construídos com paredes
duplas, existindo um vácuo entre a parede interna e a externa. Por
isso, devem ser manuseados com extremo cuidado para prevenir
danos na tubulação interna, o que poderia provocar a perda do
vácuo.
SOLDAGEM E CORTE A GÁS
Tais cilindros devem sempre ser transportados e utilizados na
posição vertical, pois podem tornar-se perigosos se virados de
cabeça para baixo; todos os cuidados devem ser tomados para
evitar tal possibilidade. Cilindros de acetileno, em particular,
devem ser usados na posição vertical. Como prática-padrão, deve-
se prender o cilindro em um suporte rígido, o qual pode ter rodas
para facilitar a locomoção e posicionamento.
Somente devem ser utilizados reguladores, válvulas e
mangueiras projetadas especialmente para servirem a
equipamentos de soldagem. Todas as conexões e mangueiras
devem ser firmes, bem apertadas e livres de furos e rasgos. O
regulador de oxigênio deve sempre estar limpo e o regulador de
pressão deve estar completamente fechado antes da abertura do
cilindro ou da válvula da tubulação interna. Combustão interna ou
retrocesso de chama podem ocorrer, se for falho o purgamento das
mangueiras antes do acendimento da tocha, ou devido ao
superaquecimento da extremidade da tocha. Retrocessos são as
queimas dentro ou além da câmara de mistura da tocha.
SOLDAGEM E CORTE A GÁS
É uma condição grave, e pode ser realizada uma ação corretiva
para extinguir essa queima, fechando-se imediatamente a válvula
de oxigênio da tocha e, em seguida, a válvula do gás combustível.
Válvulas de retenção (ou contra fluxo) para impedir o refluxo dos
gases, e sua consequente mistura na mangueira ou tubulação, bem
como válvulas corta-chama (ou contra retrocesso), que não
permitem a propagação da chama além daquele ponto, por meio
do abafamento da mesma, devem ser constantemente verificadas
com relação ao seu perfeito funcionamento.

NOTA: Para obter informações mais completas sobre proteção,


recomenda-se consultar, quando necessário, a norma ANSI/ASC
Z49. 1- “Safety in Welding and Cutting”.

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