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Laço Indutivo

26 de novembro de 2018
1 Introdução
Sensores são dispositivos que detectam qualquer estı́mulo fı́sico, tais como calor,
luz, som, pressão, movimento. Feita a detecção, o sensor transmite um sinal
analógico (mensurável ou operante) proporcional ao estı́mulo recebido. Esse sinal
pode ser medido por um instrumento de modo a verificar a amplitude do estı́mulo.
Uma conversão analógico-digital é capaz de fazer a interface desse estı́mulo com
um ser humano.
Um sistema de instrumentação portanto é composto por um sensor capaz de
detectar um estı́mulo fı́sico, um circuito de condicionamento analógico, que irá
interpretar e armazenar o sinal de saı́da do sensor, e um sistema de conversão e
condicionamento digital, para fazer a interface grandeza elétrica-homem.

Figura 1: Arquitura Básica de um Sistema de Instrumentação

As principais vantagens da utilização de um sistema de instrumentação são:

• o sistema não fica aborrecido ou nervoso;

• não fica distraı́do ou atraı́do por pessoas bonitas;

• não abandona suas atividades para assistir a um jogo de futebol;

• não fica cansado de trabalhar;

• não abusa seu corpos ou sua mente;

• não reivindica aumento de salário.

Porém, como desvantagens, o instrumento:

• sempre apresenta erro de medição;

• é provável que algum dia ele falhe e pela lei de Murphy, esta falha geralmente
acontece na pior hora possı́vel e pode acarretar grandes complicações.

O sensor em estudo nada mais é que um sensor indutivo capaz de detectar


distorções no campo magnético. Quando um corpo metálico passa sobre ele, o
sensor tem as linhas de campo magnético que o atravessam modificadas. A variação

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é percebida e medida, e pode ser usada, por exemplo, para ativar um alarme.
O projeto aqui apresentado propõe utilizar esse detector de metais em radares
de velocidade e medidores de fluxo de automóveis. A idéia já existe e o laço
indutivo já está presente em diversas ruas e avenidas das principais cidades do
Brasil.

2 Funcionamento

Figura 2: Diagrama de blocos do sistema

O funcionamento do circuito baseia-se na função do oscilador Colpits.


Enquanto não há nenhum metal perto do laço indutivo, o Colpits oscila com uma
freqüência de aproximadamente 280 kHz (valor ajustável de acordo com o valor
da indutância do laço). Quando um objeto metálico é aproximado do indutor,
há uma dispersão das linhas de campo magnético naquela área e a freqüência de
oscilação diminui. A menor freqüência registrada (saturação do oscilador) é cerca
de 180 kHz.
A variação de freqüência na presença do metal deve ser usada para disparar
algum tipo de alarme. Para isso, é necessário transformá-la em variação de tensão.
Isso quem faz é o PLL (Phase Locked Loop). O PLL é um circuito muito
usado em demodulação FM. Ele basicamente transforma variações de freqüência
em variações de tensão, através da comparação entre as fases do sinal de entrada
e do sinal de referência.
Obtendo a variação de tensão, o restante do circuito é muito simples. A va-
riação de tensão é amplificada, usando um circuito com potenciômetro de controle
de ganho, potenciômetro de ajuste zero e um amplificador operacional. A va-
riação amplificada é jogada num comparador, que vai gerar a tensão final de
saı́da. Essa varia de cerca de 2 Volts, quando não há detecção de metal pelo laço,
até 6 Volts, quando há. A tensão de saı́da é aplicada sobre o circuito analógico
final: um resistor limitador de corrente, um LED e um buzzer, que só acende e
apita quando a tensão de saı́da aumenta.

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A etapa do processamento digital será composta de um microprocessador
AtMega e um display LCD que irá mostrar ao usuário o número de detecções feitas
pelo sensor.

3 Circuito Esquemático
1: Oscilador Colpits
2: PLL
3: Amplificador
4: Comparador
5: Circuito analógico final

Figura 3: Circuito esquemático do sistema

4 Observações
Um diferencial do projeto é que o circuito não só detecta a presença do metal
perto do indutor, como também é possı́vel observar no osciloscópio a distribuição
do metal ao longo do objeto. Monitorando com um canal a tensão de saı́da,
percebe-se que ela fica maior quanto maior a quantidade de metal que é aproxi-
mado do laço. Como o circuito é usado em ruas para a detecção de automóveis,
ele consegue diferenciar a passagem de um carro, de uma moto ou de caminhão,
por exemplo, pois esses veı́culos possuem uma grande diferença na distribuição do
metal ao longo de seu ”corpo”.

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Aplicações Possı́veis:

1. Medidor de fluxo de Automóveis: a principal aplicação do laço indutivo


é na medição do fluxo de automóveis em ruas e avenidas. Diversas cidades já
instalaram os laços indutivos em suas principais vias. Desse modo, é possı́vel
monitorar em quais delas o fluxo de automóveis está mais intenso e em quais
o trânsito está mais livre. O ”Google Maps”oferece essa opção. Ao ativar o
menu ”Trânsito”nesse site ele mostra, de acordo com uma escala de cores, a
intensidade do trânsito em algumas ruas.

2. Radar de velocidade: outro tipo de radar feito com o laço indutivo é o


radar de velocidade. Para fazer o detector de velocidade basta instalar na
pista dois laços separados por uma certa distância. Conhecendo a distância
entre os laços, mede-se o tempo que o carro leva para ir de um laço até
o outro e obtém-se a velocidade média do carro no percurso entre os dois
indutores. Esse radar é mais simples, mais robusto, mais confiável e mais
barato que os radares convencionais e já está sendo instalado no lugar de
alguns deles.

3. Detector de Avanço de Sinal: o laço indutivo pode também ser insta-


lado na pista junto ao semáforo. Quando este estiver vermelho, ele manda
um pulso ativando o circuito do laço; se algum carro passar ali enquanto
o sinal estiver vermelho, o laço vai detectá-lo e enviar um sinal à maquina
fotográfica, que tira a foto do automóvel infrator.

4. Cancelas de estacionamentos: além do que já foi citado, o laço indutivo


também é usado em cancelas de estacionamentos. Quando o carro pára sobre
o indutor, ele é detectado e a cancela se abre. Enquanto o veı́culo permanecer
sobre o sensor, a cancela não se fechará. Isso só acontece quando o circuito
detecta que o carro saiu de cima do sensor, evitando que a cancela feche
antes da hora e cause um acidente.

5. Outras Aplicações: outra aplicação parecida com a do avanço de sinal é a


detecção de carro atrapalhando a travessia de pedestres. O laço é instalado
bem em cima da faixa de pedestre. Se algum carro ficar parado ali durante o
sinal fechado, será fotografado e multado. O mesmo pode ser feito em cruza-
mentos. No momento que um sinal abre, se houver algum carro atrapalhando
o cruzamento, este será detectado pelo sensor. Por fim, temos as aplicações
estatı́sticas. Como o laço indutivo consegue diferenciar carros, de motos, de
caminhões e de ônibus, ele pode ser usado para coleta de dados. Por exem-
plo, pode-se contar quantos caminhões passam por dia em uma determinada
estrada, ou quantos carros trafegam na pista exclusiva para ônibus, etc.

5 Referências
[1 ] http://lacoindutivo.blogspot.com/?m=1

[2 ] Manual da bancada de sensores industriais XC201 da Exsto

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