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)
Kuntze em três locais do Rio Grande do Sul
Resumo
Abstract
This paper considers the height growth according to different ages and
regards Araucaria angustifolia individuals from the Middle Plateau,
Northeast upper hillside and Southeast Range, in Rio Grande do Sul
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HESS, A. F.; SCHNEIDER, P. R.
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ocorrência de floresta natural da araucária. S e 66º 16’ 52” W numa altitude de 338
A FLONA de Canela apresenta uma área m. A propriedade possui 7,08 hectares,
total de 517,7 hectares, sendo 128,8 ha permeados com fragmentos florestais,
de florestas nativas, 280,5 ha de florestas grande densidade de indivíduos de
plantadas e 108,3 ha de áreas não estocadas. araucária, folhosas e campos naturais. A
O clima dominante na região, vegetação do local é descrita como Floresta
segundo o sistema de Köppen, é do Estacional Decidual (VELOSO e GÓES
tipo Cfb 1, temperado úmido (Moreno, FILHO, 1982; TEXEIRA et al., 1986).
1961). De acordo com IPA (1989), a O solo da região pertence à unidade
região do município de Canela possui as de mapeamento Carajá, classificado
seguintes médias anuais de temperatura, como Argissolo vermelho-amarelo
precipitação e umidade relativa do ar; eutrófico abrúptico. Compreendem solos
temperatura mínima média de 10° C; constituídos por material mineral, que
temperatura máxima média de 21,3° C; têm como características diferenciais,
temperatura média anual de 14,8° C; a argila de atividade baixa e horizonte
precipitação média anual de 1281 mm; superficial (EMBRAPA, 1999).
umidade relativa do ar de 80%. A temperatura média anual é de
Segundo EMBRAPA (1999), o 16,8º C. A precipitação média anual é de
solo da região enquadra-se no grupo 1.665 mm. Pode ocorrer chuva torrencial
São Bento, que abrange as formações de até 119 mm, em 24 horas e geadas de
da Serra Geral, Botucatu e Rosário do abril a novembro. Os períodos de secas
Sul. Especificamente, o local em estudo mais frequentes verificam-se entre os
encontra-se na formação Serra Geral, meses de novembro a março.
caracterizada por derrames de lava
basáltica. O solo da região enquadra- Levantamento dos dados
se na unidade de mapeamento Bom dendrométricos
Jesus, sendo pouco desenvolvido e
classificado como Cambissol Húmico Na Serra do Sudeste, devido à
Alumínico típico (EMBRAPA, 1999). legislação florestal vigente, e, obedecendo
Compreendem solos constituídos por a critérios de distribuição aleatória
material mineral, com horizonte B dos indivíduos, reserva permanente,
incipiente subjacente a qualquer tipo de área de reserva legal, cursos d’água e
horizonte superficial. aproveitamento de espécies florestais
A terceira região em que foi feita a nativas, elaborou-se o relatório para
amostragem, trata-se da coleta de dados “Retirada de Árvores Ameaçadas de
da Serra do Sudeste. Nesta região, foram Extinção”, conforme formulário da
coletados dados de um povoamento Secretaria Estadual do Meio Ambiente
natural de Araucaria angustifolia, em (SEMA/RS), obtendo-se a liberação
uma propriedade particular, no município de corte de três árvores para realizar a
de Caçapava do Sul, estado do Rio análise dendrocronológica.
Grande do Sul, situada na localidade do No Planalto das Missões e Encosta
Salso, coordenada geográfica 26º 14’ 52” Superior do Nordeste: foram traçadas três
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linhas, com 150 metros de comprimento lixados, com lixas de várias gramaturas,
cada, sobre o mapa da classificação até a visualização integral de todos os
natural de sítios realizada no povoamento anéis de crescimento. Em cada disco
em 1989, de forma que cada linha ficasse foram tomadas as medidas em quatro
sobre uma das classes naturais de sítio em raios, sendo o primeiro num ângulo de
estudo. Sobre cada linha foram locadas 45º a partir do maior raio da fatia e os
quatro unidades amostrais, dispostas demais a 90º um do outro. Os anéis de
de maneira equidistante. Dessa forma crescimento foram identificados com
totalizou-se doze unidades amostrais para auxílio de lupa e suas espessuras medidas
as três classes naturais de sítio em estudo. com o auxílio de mesa de medição
Nestes locais, foram instaladas micrométrica acoplada a um computador.
unidades amostrais temporárias. O A identificação dos anéis de
método de Bitterlich foi utilizado para a crescimento foi realizada de acordo
locação das unidades amostrais, sendo as com algumas das técnicas utilizadas para
árvores selecionadas com probabilidade identificar os anéis verdadeiros, segundo
proporcional ao seu diâmetro (Amostra Schweingruber (1996), que descreveu
por Contagem Angular (ACA)). Os também, no trabalho, os problemas que
diâmetros de todas as árvores de cada podem ocorrer na identificação dos anéis
ACA foram obtidos nas alturas de 1,30 m de crescimento anuais como: existência
a partir do solo e a área basal por hectare de anéis muito tênues próximos à medula,
(G) foi obtida através da multiplicação do de difícil identificação visual, e existência
número de árvores selecionadas em cada de falsos anéis causados por estresse.
ACA pelo fator de área basal considerado Com a medição dos raios das fatias
no estudo igual a quatro. no aparelho Lintab II, foram gerados
Em cada ACA foram abatidas quatro arquivos de dados com informações de
árvores médias por região fitogeográfica controle das árvores e das dimensões dos
para a realização da análise de tronco e raios. Posteriormente, este arquivo de
posterior reconstituição do crescimento dados foi transformado, pelo Programa
da altura ao longo do tempo. Para isso, ANARC.EXE, num arquivo do tipo
foram utilizadas as normas de coleta de NOME. DAT. Esse arquivo de dados
informações dendrométricas descritas transformado foi lido no Programa
por Schneider et al. (1988), tendo sido ANATRON.EXE que realiza os cálculos
essas árvores, selecionadas e abatidas dendrométricos por idade, gerando
dentro das parcelas. diâmetro, altura, área basal, volume e
As árvores amostradas foram seus incrementos, além do fator de forma.
seccionadas em toras em comprimento
previamente definido. De cada árvore Crescimento em altura em função
foram extraídos discos na altura de da idade
0,10 m, 1,3 m, 3,3 m e os demais, de
2 em 2 metros até o topo. Estes discos Para estudo do crescimento em
tinham cerca de 5 cm de espessura que altura em função da idade, foram utilizados
foram secos em estufa e, posteriormente os dados da análise de tronco, sendo
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2 Backman
3 Backman modificada
4 Prodan
5 Prodan modificada
6 Hoerl
7 Moissev
8 Gram
9 Chapman-Richards
10 Mitscherlich
Nota: h: altura em metros; t: idade em anos; b0, b1,...= coeficientes das equações; ln= logaritmo
neperiano.
Fonte: Loetsch et al. (1973); Mitscherlich e Sonntag (1982); Richards (1959); Prodan (1968); Kiviste
et al. (2002).
��������
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Resultados e discussão
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Coeficientes
Equação R²Aj. Syx CV% F
b0 b1 b2 b3
1 3,0347 -13,371 - - 0,9237 0,1872 8,15 1768,7
2 -2,6409 2,3445 -0,2366 - 0,9731 0,1111 4,83 2645,8
3 - 0,4652 0,0807 - 0,9936 0,1916 8,34 11406,5
4 16,7226 0,1714 0,0474 - 0,9813 5,7063 8,35 3822,3
5 - 1,4111 0,0280 - 0,9921 7,1238 10,43 9182,4
6 0,7152 -5,6983 0,6009 - 0,9669 0,1233 5,37 2131,4
7 -0,3460 0,2189 -0,0052 0,00004 0,9773 0,1022 4,45 2093,4
8 -1,8361 1,5553 -0,0276 - 0,9776 0,1014 4,41 3188,6
9 18,5443 0,0734 2,3375 - 0,9945 0,9575 3,73 8836,0
10 23,6237 0,0231 - - 0,9902 1,2809 10,76 7376,0
Nota: R²Aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa; CV%= coeficiente
de variação em %; F= valor de F da análise de variância; b0, b1, b2, b3= coeficientes.
Fonte: Os autores
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Tabela 3. Valor ponderado dos escores dos parâmetros estatísticos das equações
testadas
Escore dos Parâmetros Estatísticos
Equação R²Aj. SYX Cv% F Valor Ponderado
1 10 5 6 10 31
2 8 3 4 7 22
3 2 6 7 1 16
4 5 9 8 5 27
5 3 10 9 2 24
6 9 4 5 8 26
7 7 2 3 9 21
8 6 1 2 6 15
9 1 7 1 3 12
10 4 8 10 4 26
Nota: R²Aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa; CV%= coeficiente
de variação em %; F= valor de F da análise de variância.
Fonte: Os autores
Coeficientes
Equação R²Aj. Syx CV% F
b0 b b b3
1 3,3139 -16,5161 - - 0,8810 0,0955 3,64 1096,4
2 -3,1824 2,9336 -0,3482 - 0,8831 0,0946 3,61 560,1
3 - 0,9090 -0,0302 - 0,9985 0,1019 3,89 49821,8
4 19,8734 -0,4516 0,0552 - 0,9351 6,0000 11,48 1067,4
5 - 1,0698 0,0286 - 0,9878 6,3300 12,09 6049,1
6 2,9512 -14,5962 0,0872 - 0,8805 0,0957 3,65 546,4
7 1,1425 0,0836 -0,0008 -0,000005 0,8898 0,0919 3,50 399,4
8 -1,3517 1,4821 -0,0305 - 0,8856 0,0936 3,57 573,8
9 25,7813 0,0327 0,045 - 0,9889 1,5551 11,68 6507,7
10 26,6797 0,0297 - - 0,9888 1,5625 12,02 6444,9
Nota: R²Aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa; CV%= coeficiente
de variação em %; F= valor de F da análise de variância; b0, b1, b2, b3= coeficientes.
Fonte: Os autores
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Tabela 5. Valor ponderado dos escores dos parâmetros estatísticos das equações
testadas
Escore dos Parâmetros Estatísticos
Equação R²Aj. Syx CV% F Valor Ponderado
1 9 4 4 5 22
2 8 3 3 8 22
3 1 6 6 1 14
4 5 9 7 6 27
5 4 10 10 4 28
6 10 5 5 9 29
7 6 1 1 10 18
8 7 2 2 7 18
9 2 8 8 2 20
10 3 7 9 3 22
Nota: R²Aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa; CV%= coeficiente
de variação em %; F= valor de F da análise de variância.
Fonte: Os autores
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Coeficientes
Equação R²Aj. Syx CV% F
b0 b b b3
1 3,3387 -13,7635 0,9473 0,0597 2,15 3868,81
2 -1,9573 2,3581 -0,2749 - 0,9493 0,0586 2,11 2012,88
3 - 1,1149 -0,0808 - 0,9994 0,0665 2,39 189297
4 6,4538 0,3628 0,0369 - 0,9864 3,0977 6,04 7794,24
5 - 0,8347 0,0292 - 0,9969 3,2019 6,24 34998,1
6 2,8352 -9,9231 0,1771 - 0,9916 0,0239 0,86 12644,1
7 0,9738 0,1394 -0,0034 0,000029 0,9503 0,0580 2,09 1371,47
8 -0,4559 1,1819 -0,0226 - 0,9493 0,0586 2,11 2015,49
9 23,3414 0,0444 0,03 - 0,9942 1,2761 7,98 19033,1
10 23,5996 0,044 - - 0,9946 1,2225 7,64 20750,5
Nota: R²Aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa; CV%= coeficiente
de variação em %; F= valor de F da análise de variância; b0, b1, b2, b3= coeficientes.
Fonte: Os autores
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Tabela 7. Valor ponderado dos escores dos parâmetros estatísticos das equações
testadas
Escore dos Parâmetros Estatísticos
Equação Valor Ponderado
R²Aj. Syx CV% F
1 10 5 5 7 27
2 9 4 4 9 26
3 1 6 6 1 14
4 6 7 7 6 26
5 2 8 8 2 20
6 5 1 1 5 12
7 7 2 2 10 21
8 8 3 3 8 22
9 4 10 10 4 28
10 3 9 9 3 24
Nota: R²Aj.= coeficiente de determinação ajustado; Syx= erro padrão da estimativa; CV%= coeficiente
de variação em %; F= valor de F da análise de variância.
Fonte: Os autores
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(conclusão)
Encosta Superior do
Serra do Sudeste Planalto Médio
Idade Nordeste
(ano)
H IMA ICA H IMA ICA H IMA ICA
(m) (m/ano) (m/ano) (m) (m/ano) (m/ano) (m) (m/ano) (m/ano)
44 16,87 0,38 0,26 18,12 0,41 0,17 26,57 0,60 0,47
46 17,10 0,37 0,22 18,26 0,40 0,14 27,05 0,59 0,45
48 17,29 0,36 0,19 18,38 0,38 0,12 27,50 0,57 0,43
50 17,46 0,35 0,17 18,48 0,37 0,10 27,93 0,56 0,41
52 17,60 0,34 0,15 18,56 0,36 0,09 28,34 0,54 0,39
54 17,73 0,33 0,13 18,64 0,35 0,07 28,73 0,53 0,38
56 17,84 0,32 0,11 18,70 0,33 0,06 29,10 0,52 0,36
58 17,94 0,31 0,10 18,75 0,32 0,05 29,47 0,51 0,35
60 18,02 0,30 0,08 18,80 0,31 0,05 29,81 0,50
Nota: DAP = diâmetro à altura do peito em centímetro; IMA = incremento médio anual em centímetros
por ano; ICA = incremento corrente anual em centímetros por ano.
Fonte: Os autores
25
20
15
Altura (m)
10
0
0 10 20 30 40 50 60
Idade (anos)
Fonte: Os autores
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Fonte: Os autores
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30
25
20
Altura (m)
15
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Idade (anos )
D1 D2 D3
Fonte: Os autores
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