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IN S T IT U T O
Universidade Estácio de Sá
Instituto Politécnico
Curso: Gestão Empresarial e Tecnologia da Informação
Disciplina: Modelos de Gestão/1o. período
Profa.: Consuelo Soares Meira de Aguiar
INTRODUÇÃO
Faz-se necessário contextualizar a evolução das sociedades para situar a atual
sociedade da informação e, assim, entender a busca por modelos, técnicas, propostas e
ferramentas para gerir as empresas contemporâneas, as quais precisam valorizar os
componentes estruturais, tecnológicos, comportamentais, estratégicos e o próprio processo de
comunicação para se manterem num mercado altamente competitivo, dinâmico e imprevisível.
Alvin Toffler (1980) citou a existência de três “ondas” ou fases para definir como
saltos tecnológicos no decorrer dos tempos, que revolucionaram e continuarão a revolucionar
nossa sociedade. A primeira onda é chamada agrícola; a segunda, a onda industrial e a
terceira, a onda dos sistemas de informação. Cada uma delas evoluiu paralelamente,
coexistindo entre si. Estamos atualmente sob o efeito da última: a onda dos sistemas de
informação ou sociedade da informação.
A onda industrial é dividida em três revoluções industriais do capitalismo. A
primeira surge na Inglaterra em 1780 tendo como carro-chefe a indústria têxtil, com base de
“hardware” (material) na máquina de fiar, no tear mecânico, na máquina a vapor, na ferrovia e
no descaroçador de algodão. O trabalho era semi-artesanal, pesado e insalubre. No início do
século XX, surge a segunda revolução industrial nos Estados Unidos tendo como carro-chefe
a indústria automobilística, com base de “hardware” na eletricidade, aço, eletromecânica,
motor a explosão, petróleo e petroquímica; e com base de “software” (organizacional) na
produção em série, linha de montagem, rigidez, especialização, separação gerência-execução.
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O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO
Segundo Carlos Eduardo Ferreira (1997)*, “Onde estamos? Para onde Vamos? Estas
são as duas grandes questões centrais que dirigem o discurso contemporâneo. Nem sempre os
governos, os investidores e os analistas balizam suas respostas pelo mesmo diapasão. Mas de
uma coisa todos hão de concordar: a visão apocalíptica de Marx, com sua velha luta de
classes, está definitivamente sepultada; a doutrina do laissez-faire, originalmente proposta por
Adam Smith, pela qual a "mão invisível do mercado", numa economia aberta, é a solução
exclusiva para todos os problemas, não tem se mantido como verdade absoluta, haja vista os
mecanismos protecionistas que sustentam alguns sistemas econômicos; o intervencionismo
estatal de Keynes, amparado nas metas de oferta de dinheiro e do investimento para se
preservar os níveis de emprego e de preços, também não pode ser considerado como estatuto
inquestionável; da mesma forma o monetarismo de Milton Friedman, voltado para o controle
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* Artigo publicado na série Papers, nº 29 / 1997, da Fundação Konrad-Adenauer, quando então Presidente da
Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP/CIESP.
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da moeda, tem andado na gangorra da relatividade. Está ficando cada vez mais claro que a
hegemonia das leis econômicas sofre intenso processo de desgaste.
As "verdades econômicas", em um mundo de profundas transformações como as que
vivenciamos, se relativizaram. Esta é a única razão para se entender o que se passa no contexto
internacional. Resta, então, indagar: que elementos explicam o fenômeno da relativização, que
constitui a grande marca do limiar do terceiro milênio? A resposta sinaliza para o conceito da
globalização, cuja premissa básica se ampara na crise dos Estados nacionais ou pelo menos em
seu declínio, fato também bastante discutível, como veremos. Não há como se negar que as
forças geopolíticas e econômicas fazem convergir seus eixos para uma organização tripolar,
caracterizada pelas economias interligadas da tríade América do Norte, Europa Ocidental e
Japão. Trata-se de um espaço tão poderoso que chega a desestruturar as fronteiras nacionais,
desmantelando o mundo da burocracia e os modos tradicionais de fazer política. Porosidade ou
permeabilidade entre as fronteiras, eis o signo desse novo tempo.
Os dados estão aí para comprovar essa que pode ser considerada a última revolução
do milênio: são 40 mil empresas multinacionais no mundo, com 250 mil subsidiárias no
exterior, registrando vendas superiores a US$ 5,2 trilhões; as exportações somam mais de US$
8 trilhões; o mercado de câmbio movimenta por dia quase U$ 1 trilhão. A lógica dos números
de reparte pelos fios da nova ordem econômica, que costumam as economias de países
desenvolvidos, países de economia emergente e grandes mercados. Os primeiros perdem
fábricas, em função dos altos salários e encargos sociais que oneram, sobretudo, setores de
mão-de-obra intensiva, como têxteis e calçados. Em compensação, dispõem de recursos
humanos altamente qualificados para a tecnologia de ponta, excelente infra-estrutura de
transportes e telecomunicações. Os segundos atraem investimentos, porque oferecem mão-de-
obra barata e um intenso programa de incentivos fiscais, enquanto os grandes mercados atraem
por seu grande potencial de crescimento.
Os fundamentos da nova ordem têm como base a alteração nos paradigmas da
produção, com o predomínio do setor terciário sobre os pólos primário e secundário da
economia. Trata-se, na verdade, de um fenômeno que sinaliza o trânsito entre duas idades: a
idade industrial abrindo as portas à idade tecnotrônica, neologismo criado pelo sociólogo
Roger-Gérard Schwantezenberg para designar o casamento entre a tecnologia e a eletrônica.
Casamento, aliás, que imprime aos novos tempos mudanças significativas como o
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arrefecimento das ideologias clássicas, traduzido pela competição ideológica cada vez mais
tênue e pela disputa cada vez mais forte entre os grupos de poder. Nessa sociedade, mudam os
instrumentos tradicionais de luta, transformando-se o saber na fonte primordial do poder.
Nesse ponto, cabe pontuar sobre uma das mais abrangentes revoluções do mundo
contemporâneo: a revolução nas comunicações, com a criação e a difusão mundial de
indústrias e processos de informação que chegam a modificar profundamente as nossas visões
de tempo e espaço, a identidade das cidades e a relação entre as culturas. Não podemos deixar
de considerar a velocidade das máquinas do mundo da informática, onde se vendem,
diariamente, cerca de 100 mil computadores. Revolução tão drástica que nos conduziu
naturalmente à outras, a revolução no sistema de distribuição e vendas, por meio dos
mecanismos modernos como fax, cartões de crédito, serviços de compra on-line, os programas
interativos de venda, via TV, os correios eletrônicos da Internet.
As revoluções se sucedem, imbricadas pelos elos de suas íntimas conexões. Assim é
que se explicam as alterações no conjunto das forças-chave que, historicamente, têm
alimentado as estratégias negociais. Não podemos perdê-las de vista. Às forças dos clientes,
dos concorrentes e à imagem das companhias, têm se juntado à outras forças de fundamental
importância, como as realidades regionais - ambientes criados pelos governos para operar nos
novos tempos - e o câmbio, verdadeira mola que faz das organizações reféns das flutuações
nas taxas de câmbio internacionais. Sob essa ótica, estamos diante de um aspecto perverso da
globalização: o capitalismo financeiro. A economia de mercado é inundada por capitais
especuladores, cujo objetivo é o de auferir lucros, no prazo mais curto possível, em detrimento
dos lucros auferidos pelo sistema produtivo. Mais de US$ 1 trilhão mudam todos os dias de
mãos, sem que tais recursos correspondam, efetivamente, à essencialidade de produção no
comércio ou nos serviços”.
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competição também muda de posição. Antes, atrelada aos produtos, hoje centra-se na
tecnologia de processos em escala mundial. A polaridade entre Leste e Oeste sofreu profunda
alteração, cedendo lugar aos blocos econômicos, numa integração com limites ainda
desconhecidos.
O processo de globalização busca um mundo sem fronteiras, ancorado pelos fios da
interdependência, com fluxo em todos os sentidos e divisão de oportunidades e riscos. A
produção deixa de ser gerida em um só país. Suas diferentes etapas podem ser divididas em
número equivalente de nações. Não podemos deixar de considerar as críticas que advertem
para a tendência de homogeneização das economias com as conseqüências danosas sobre o
conjunto dos patrimônios nacionais.Temos de reconhecer, porém, que as parcerias construídas
trabalham no sentido de dotar as empresas de força superior à de qualquer outra transnacional
isolada. Um fator é consensual: a globalização não tem uma única causa, nem produz só um
efeito. É altamente dinâmica, atingirá a todos, embora ninguém saiba onde irá desembocar ou
o que efetivamente irá gerar.
O Brasil, historicamente, é apontado como um país dotado de modo de produção
mais individualizado, herdado do período colonial, com reflexos que se materializam em certa
resistência à globalização. Independentemente das características da economia nacional, a
grande dúvida que se apresenta, atualmente, é se a globalização está mesmo abrindo espaço
para a expansão da indústria brasileira. E até onde o Brasil está exposto ao fenômeno, à
medida que estamos procurando estabelecer a política industrial ideal para evitar o
sucateamento do nosso parque industrial.
Com a globalização e a mudança no cenário econômico, que se enriquece com novos
conceitos na política comercial, as empresas brasileiras de porte vêm conseguindo realizar sua
internacionalização. A dependência entre mercados mundiais, de grande complexidade, reforça
a necessidade de se alcançar objetivos estratégicos no menor prazo possível. O investimento
da empresa brasileira, principalmente em termos de bens duráveis nos mercados externos,
estabelece uma nova etapa para a evolução do capitalismo brasileiro.
O país possui um dos dez maiores parques industriais do mundo e o mais
diversificado da América Latina. Temos um patrimônio significativo a ser preservado. Por
isso, o diálogo indústria x Estado constitui matéria de alta relevância. O portão de entrada da
globalização no Brasil é a abertura e a desregulamentação da economia. Há necessidade,
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contudo, de ser dispor de critérios para evitar o desmonte da indústria nacional, a concentração
do capital e o crescimento perigoso do desemprego estrutural. A ótica de se demitir para cortar
custos é simplista, porque o compromisso social da empresa, em tempos de globalização,
certamente deve continuar num país com uma dívida social tão representativa como a nossa.”
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companhias já passaram por esse processo, o que é um dado muito relevante. Tal concentração
industrial está mexendo com um dado consolidado da cultura empresarial brasileira - a
dificuldade em dividir poder. A questão da gestão constitui um ponto importante na relação do
empresariado brasileiro com a globalização. No Brasil, o empresário, na maioria das vezes, faz
a empresa.
Além do capital externo, o Mercosul se apresenta como uma alternativa vital para as
empresas brasileiras atingirem o mercado internacional e galgarem posições fundamentais. A
integração entre os parceiros econômicos, baseada no conceito aduaneiro de "integração
positiva", que cria obrigações multilaterais, é um aprendizado fundamental. Os mercados
menores de integração vêm contribuindo para que seus membros trabalhem com exigências,
normas e práticas comerciais do mercado internacional. O conceito pragmático do livre
comércio e oportunidades iguais estão dando lugar ao novo conceito do comércio
administrado, baseado nos compromissos multilaterais.
O Mercosul vem propiciando um incremento das relações comerciais no continente,
fortalecendo o escopo do mercado regional e permitindo maior integração econômica entre as
empresas. Abrem, ainda, novas oportunidades de negócios em termos de produto, distribuição
e vendas. O fato da pauta de produtos dos países membros do Mercosul ser praticamente a
mesma, propiciará maior competição empresarial. Esta pressão da concorrência amplia as
chances de competir no mercado globalizado. Por outro lado, o Mercosul tende a ser um fator
de revitalização das indústrias dos países membros embora como é sabido, nações com
mercado consumidor menor sejam mais beneficiadas nos mercados comuns, não sendo este o
caso do Brasil.
A idéia-força da internacionalização é a competitividade. Ela pode ser entendida
como a capacidade de estabelecer e implementar estratégias capazes de ampliar uma posição
favorável no mercado. Para ganhar competitividade, as empresas passaram a terceirizar
atividades auxiliares, que deixam o núcleo da estrutura e propiciam ganhos de produtividade e
economia do capital de giro. Calcula-se que, mundialmente, 75% da força de trabalho na
indústria seja substituída por máquinas sofisticadas, reduzindo-se o papel dos trabalhadores na
produção. O impacto da tecnologia sobre o mercado de trabalho será cada vez mais crescente.
No futuro, teremos um mundo estruturado em políticas que garantam trabalho, porém sem
empregos, pelo menos nos moldes e nas quantidades como os de hoje.
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postos de trabalho existentes, inibindo a criação de novos. Uma tentativa de reverter este
quadro surgiu com o contrato de trabalho flexível, que reduz os custos da contratação e
flexibiliza a rotina da contratação e demissão. Hoje não vigora, como no passado, a relação
entre alta tecnologia e produtividade com salários elevados. Por isso mesmo, a discussão entre
capital e trabalho não pode se concentrar apenas em negociações salariais. Países com mão-de-
obra barata produzem bens e serviços de qualidade, tornando-se concorrentes acirrados de
países industrializados em vários segmentos do mercado.
O AVANÇO TECNOLÓGICO
O homem continuou na sua evolução incessante e mudou novamente suas
necessidades, dando origem à sociedade da informação. Com o surgimento do computador, na
década de 50, mesmo que em pouquíssimas empresas de grande porte, o desenvolvimento dos
sistemas de comunicação e informação ampliou-se com grande velocidade.
Nos anos 60 e 70, as empresas utilizavam máquinas de grande porte, os chamados
mainframes, que possuíam alta capacidade de processamento de um grande volume de dados,
porém ofereciam poucos recursos gráficos, interativos e de aproximação do usuário com a
máquina.
No início da década de 80, os Computadores Pessoais (PCs) assumiram a frente com
a utilização de micros em um sistema chamado “stand alone”, no qual a máquina tinha um
processador totalmente dedicado ao seu usuário. Surgiram os processadores de texto, as
planilhas eletrônicas e os bancos de dados. No âmbito dos computadores pessoais, a onda dos
sistemas de informação tornou-se forte, poderosa e sua evolução tem sido cada vez maior,
provocando verdadeiros choques nas empresas e na computação de maneira geral.
Emergiu a necessidade do multiprocessamento, através da conexão de vários PCs.
Criaram-se as chamadas redes de microcomputadores.
A filosofia da conectividade entre diversos fabricantes tornou as redes de
computadores corporativos. As empresas puderam, então, agilizar sua produção,
descentralizando as informações e podendo recuperá-las de modo rápido. Conseqüentemente,
os níveis hierárquicos nas empresas diminuíram com forte tendência a horizontalização.
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CONSIDERAÇÕES
Hoje, vemos empresas com unidades de negócios, autônomas e que, inclusive,
terceirizam seus serviços, em especial, na área de informática. Desde a década de 50, a
informática iniciou um processo de invasão aos ambientes corporativos e na década de 90, a
caminho para o século XXI e com a perspectiva de fazer negócios em uma economia cada vez
mais globalizada e de competitividade feroz, as empresas descobriram que, apesar de terem
investido milhões de dólares em tecnologia e lotado seus departamentos e suas salas
refrigeradas de máquinas digitais, a produtividade dos escritórios não havia crescido muito e,
pior, a informação, elemento essencial para a tomada de decisões, não circulava e havia ficado
presa nas gavetas e nas mentes de funcionários privilegiados.
A culpa não era da ineficiência da tecnologia, e sim da estrutura da organização
corporativa, que usava a tecnologia de forma errada e não integrava o planejamento de
informática ao planejamento estratégico da empresa. Era preciso que as empresas alterassem
radicalmente suas organizações. Nasceu, então, o termo reengenharia para identificar esse
processo revolucionário.
Ao realizar a reengenharia, as empresas limpam a casa e colocam as novas
tecnologias no lugar dos antigos equipamentos e softwares centralizadores. Técnicas como
downsizing (diminuição dos níveis hierárquicos), rightsizing (adequação do porte do parque
de informática às necessidades da corporação) e terceirização (transferência para terceiros dos
processos de gerenciamento de atividades burocráticas, permitindo que a empresa concentre
suas forças na sua atividade-fim) mostram como os processos – seja de cima para baixo, “top-
down”, ou de baixo para cima, “bottom-up” - influenciam o desenvolvimento da estratégia da
informação na empresa.
Referência bibliográfica:
CRUZ, Tadeu. Sistemas, organização & métodos: estudo integrado das novas tecnologias de
informação. São Paulo: Atlas, 1998.
HAMMER, Michael & CHAMPY, James. Reengenharia. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
TOFFLER, Alvin. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980.
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