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ANÁLISE DE OBRA

João Antônio Braga Araújo

RESUMO

Este trabalho buscar expor e analisar a obra arquitetônica marcante e multifacetada de Zaha
Hadid, o Centro Aquático de Londres, evidenciando que a fusão entre forma e função torna o
edifício não apenas uma instalação esportiva de renome mundial, mas também um marco
arquitetônico que transcende seu propósito inicial.

Palavras-chave: Centro Aquático de Londres; Zaha Hadid; Arquitetura contemporânea;


Jogos Olímpicos de 2012

ABSTRACT

This work seeks to expose and analyze Zaha Hadid's striking and multifaceted architectural
work, the London Aquatics Centre, highlighting that the fusion between form and function
makes the building not only a world-renowned sports facility, but also an architectural landmark
that transcends its initial purpose.

Keywords: London Aquatic Center; Zaha Hadid; Contemporary architecture; 2012


Olympic Games

1 INTRODUÇÃO

O Centro Aquático de Londres, uma obra icônica e marcante projetada por Zaha Hadid
Architects, é muito mais do que uma instalação esportiva. Concebido para os Jogos Olímpicos
de 2012, este edifício extraordinário transcende sua função inicial, erguendo-se como um
testemunho da fusão entre arte, arquitetura e funcionalidade. Com suas curvas suaves e formas
fluidas, o Centro Aquático apresenta uma estrutura de concreto e aço, além de possuir o vidro

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em sua materialidade, ocupando uma área de 36.875 m². Sua presença imponente e sua
adaptabilidade transformaram-no em um espaço de referência não apenas para atletas, mas
também para a comunidade, um legado duradouro da visão visionária de sua criadora.
Embora o Centro Aquático de Londres seja aclamado por sua arquitetura
impressionante, algumas críticas foram direcionadas aos custos elevados de construção. O
orçamento inicial aumentou significativamente durante o processo de construção, gerando
controvérsias sobre os gastos excessivos em uma única estrutura, especialmente em um evento
temporário como os Jogos Olímpicos. Essa problemática financeira levantou debates sobre a
gestão de fundos públicos em projetos desse porte. As justificativas para esse aumento de custos
incluíram desafios de engenharia devido ao design complexo de Zaha Hadid, problemas de
construção e a necessidade de reconfigurar a estrutura após os Jogos para a sua utilização pós-
evento.

2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

2.1 Origem da obra

O Centro Aquático de Londres foi construído para sediar as competições de natação,


saltos ornamentais e nado sincronizado nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012. Foi uma parte
fundamental da infraestrutura necessária para o evento e uma das estruturas principais do
Parque Olímpico de Londres. O renomado escritório de arquitetura Zaha Hadid Architects foi
responsável pelo design deste edifício icônico. Sua concepção refletiu não apenas a
funcionalidade para os jogos, mas também a intenção de criar uma estrutura impressionante e
duradoura, que pudesse ser adaptada para uso público após os eventos olímpicos.

2.2 História da técnica de fabricação ou de realização

A construção do edifício envolveu técnicas avançadas de engenharia e fabricação para


realizar a visão arquitetônica de Zaha Hadid. Uma das principais inovações foi o uso extensivo
de concreto pré-moldado para criar as curvas complexas e fluidas da estrutura. Essa técnica
permitiu a produção de elementos arquitetônicos intricados de forma precisa e eficiente,
garantindo a consistência das formas desejadas. Além disso, o emprego de tecnologias de
modelagem digital e design paramétrico foi fundamental. Essas ferramentas permitiram aos
arquitetos e engenheiros criarem modelos tridimensionais detalhados, facilitando a visualização
e o refinamento das formas antes da construção física. A combinação dessas técnicas de
fabricação avançadas, como o uso inovador do concreto pré-moldado e a aplicação de
tecnologias de modelagem digital, foi crucial para transformar a visão arquitetônica em
realidade, resultando na impressionante e complexa estrutura do Centro Aquático de Londres.

2.3 A importância histórica da obra em seu país de produção do ponto de vista técnico,
estético, sociocultural

O Centro Aquático de Londres desempenha um papel significativo no contexto


sociocultural. Além de ser um espaço esportivo de renome internacional, tornou-se um local de
convergência para a comunidade local e visitantes após os jogos. Sua arquitetura ousada e
acessível atrai pessoas interessadas não apenas em esportes, mas também em arte e design.
Ao sediar uma gama diversificada de eventos, desde competições esportivas a
atividades culturais e recreativas, o Centro Aquático promove a inclusão, o intercâmbio cultural
e a coesão social. Funciona como um ponto de encontro, estimulando o diálogo entre diferentes
grupos e enriquecendo o tecido social da cidade de Londres. Sua importância vai além do
esporte, deixando um legado cultural duradouro para as gerações futuras. Além disso, a
adaptação do local para uso público pós-Olimpíadas demonstra a visão sustentável por trás do
projeto, garantindo que a estrutura continuasse a ser um ponto de destaque na cidade. Já no
âmbito estético, o Centro Aquático de Londres é imensurável. Sua arquitetura fluida e
inovadora desafia os limites convencionais, destacando-se como uma “obra-prima visual”,
como descreveu Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional. As curvas
suaves e a sensação de movimento capturam a elegância da água, proporcionando não apenas
uma estrutura funcional, mas também uma experiência estética única. A transparência dos
vidros e a leveza da forma criam uma harmonia com o ambiente, tornando-o uma escultura
arquitetônica em constante interação com a luz e o espaço ao redor. Essa importância estética
vai além da mera apreciação visual, influenciando a maneira como entendemos e
experimentamos a arquitetura contemporânea.

3 ANÁLISE

3.1 Características do caso estudado


Inicialmente projetado para os Jogos Olímpicos de 2012, o London Aquatics Centre foi
construído para acomodar uma multidão massiva de 17.500 espectadores. No entanto, após o
término dos Jogos, a estrutura passou por uma adaptação para uso público regular, reduzindo
sua capacidade para aproximadamente 2.500 pessoas em eventos esportivos normais. Essa
modificação permitiu transformar o local de uma arena de grande porte para uma instalação
mais gerenciável e funcional, melhor atendendo às necessidades da comunidade e mantendo
sua magnitude arquitetônica. O exterior é dominado por tons neutros, com uma mistura de
concreto aparente, aço e vidro, criando uma paleta de cores predominantemente cinza e prateada.
No entanto, durante os eventos, as cores do interior variam dependendo da iluminação e da
atmosfera do ambiente.
Em resumo, as medidas e características contribuem para a grandiosidade e
funcionalidade do Centro, enquanto sua paleta de cores neutras reflete a ênfase na modernidade
e na estética contemporânea do design.

3.2 Análise da estrutura

A estrutura principal é composta por aço e concreto, proporcionando a base robusta e


a estabilidade necessária para o edifício. Além disso, grandes painéis de vidro são usados
extensivamente nas fachadas, permitindo a entrada abundante de luz natural. Essa combinação
de aço, concreto e vidro não apenas oferece durabilidade e segurança estrutural, mas também
contribui para a estética contemporânea e inovadora do centro aquático.

3.3 Análise técnica

Em suma, o modo de produção do projeto foi uma colaboração multidisciplinar que


envolveu desde a concepção até a execução, com foco na qualidade, eficiência e inovação.
Outrossim, incluiu a integração de tecnologias modernas para a construção, como métodos
avançados de construção e sistemas de sustentabilidade para garantir eficiência energética e
minimizar o impacto ambiental. A arquiteta era adepta da corrente da arquitetura
desconstrutivista, e é possível identificar suas características na obra do London Aquatics
Centre. Essa abordagem arquitetônica desafia as convenções tradicionais, brincando com
formas, ângulos e estruturas para criar um visual impactante e dinâmico. No centro aquático,
as linhas fluidas e as curvas suaves demonstram a busca por uma estética não convencional,
desafiando a percepção tradicional da arquitetura e destacando-se como um exemplo marcante
da visão vanguardista de Hadid.

4 ESTUDO ESTÉTICO

4.1 Abordagem das especificidades estéticas do caso escolhido, considerando a sua


época de produção

O projeto de Hadid tem como principais características estéticas linhas fluidas e curvas
suaves, que proporcionam uma sensação de movimento e fluidez. Sua arquitetura ousada e
fluida foi projetada para representar as ondas, e a estrutura era tão impressionante quanto
funcional. Além disso, possui uma cobertura ondulante que se estende por 160 metros sobre a
estrutura, criando um visual impressionante e moderno. A mistura de vidro e aço não só permite
a entrada de luz natural, mas também dá uma sensação de transparência e leveza, contribuindo
para a beleza geral da obra. Esses critérios estilísticos não apenas expressam uma estética
marcante, mas também revelam a funcionalidade e a inovação arquitetônica características do
trabalho de Zaha Hadid.
A obra foi influenciada pela abordagem arquitetônica distinta de Zaha Hadid,
conhecida por suas formas fluidas e orgânicas. Hadid explorou a fluidez da água como elemento
central, assim como a fusão entre arquitetura e contexto urbano. Influências modernistas e
vanguardistas, como as obras de Le Corbusier e do movimento futurista, podem ser percebidas
na estética arrojada e na busca por formas inovadoras que desafiam convenções. Além disso, a
funcionalidade e a flexibilidade da estrutura refletem a influência das demandas
contemporâneas por espaços multifuncionais e sustentáveis.
Uma comparação interessante pode ser feita com a arquiteta brasileira Lina Bo Bardi.
Embora tenham estilos distintos, ambas têm em comum a busca por formas inovadoras e a fusão
entre arquitetura, arte e contexto social. Enquanto Zaha Hadid frequentemente incorporava
curvas fluidas e uma estética futurista em suas obras, Lina Bo Bardi tinha uma abordagem mais
ligada à simplicidade e à funcionalidade. No entanto, ambas compartilham um compromisso
com a inovação e a criação de espaços que transcendem o convencional, contribuindo para a
experiência humana e desafiando as expectativas tradicionais da arquitetura.

4.2 Destaque da importância artística ou técnica do caso.


A obra desafia conceitos convencionais da arquitetura com suas formas fluidas e curvas
que impressionam. Hadid conseguiu transformar o edifício em uma escultura habitável,
erguendo um marco na história da arquitetura contemporânea. Sua presença visual icônica
transcende o status de um mero local esportivo, tornando-se uma expressão artística e um
símbolo da vanguarda arquitetônica. Não apenas redefiniu o horizonte de Londres, mas também
inspirou arquitetos, artistas e entusiastas em todo o mundo, revelando que não há limites na
criatividade e inovação contemporaneidade.

CONCLUSÃO

Com isso, tem-se que, a importância do Centro Aquático transcende o âmbito esportivo,
pois simboliza a habilidade da arquitetura contemporânea em transformar estruturas
temporárias de eventos em espaços funcionais e esteticamente cativantes para a comunidade. O
legado do edifício está enraizado não apenas em sua beleza arquitetônica, mas também na sua
capacidade de evoluir, adaptar-se e integrar-se ao tecido urbano de Londres após os Jogos
Olímpicos. Além disso, a contextualização desse projeto na contemporaneidade ressalta a
importância da sustentabilidade, da flexibilidade e do reaproveitamento de estruturas
arquitetônicas, apresentando-se como um exemplo de adaptação inteligente de grandes
instalações esportivas para usos pós-eventos. Essa transformação do centro aquático, com suas
implicações estéticas, funcionais e sociais, destaca-se como um modelo para repensar o legado
de grandes eventos esportivos, promovendo a reutilização de estruturas e minimizando o
desperdício, abrindo espaço para discussões sobre o planejamento urbano, a sustentabilidade e
o impacto a longo prazo desses empreendimentos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ATEX. Laje Nervurada pelo Mundo: London Aquatics Center. Disponível em:
https://atex.com.br/pt/laje-nervurada-pelo-mundo-london-aquatics-centre/

CARTA CAPITAL. De Londres a Sydney, o que sobrou do legado das Olimpíadas?


Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/mundo/de-londres-a-sydney-o-que-sobrou-
do-legado-das-olimpiadas-1050/amp/
CELESTINO, Helena. Lições olímpicas: em Londres, custo menor e racionalidade.
Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/brasil/licoes-olimpicas-em-londres-custo-
menor-racionalidade-6305626.html

DESIGN, Corian. Corian remodela o Centro Aquático de Londres. Disponível em:


https://www.corian.com.br/the-aquatics-centre-wall-cladding-in-deep-nocturne

HADID, Zaha. Centro Aquático dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/01-36372/centro-aquatico-dos-jogos-olimpicos-de-londres-
2012-zaha-hadid-architects

TSLE, Engenharia. Centro Aquático de Londres – Design Futurista. Disponível em:


https://www.tslengenharia.com.br/noticias/centro-aquatico-de-londres-design-futurista/

LAGO, Celina. Centro Aquático Olímpico de Londres. Disponível em:


https://www.celinalago.com.br/2011/08/centro-aquatico-dos-jogos-olimpicos-de.html?m=1

RESENDE, Natália. Centro Aquático de Londres. Disponível em:


https://petcivilufjf.wordpress.com/2012/04/03/centro-aquatico-de-londres/

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