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Em busca do
conhecimento
Sobre antigas lições, ciência moderna e energia sutil
Edufba
Salvador, 2009
Capa
Raul Marcacini
Revisão E NORMALIZAÇÃO
Adriana Caxiado Cruz
Nídia Lubisco
ISBN 978-85-232-0576-8
CDD - 128
13
Apresentação
15
Palavras Iniciais
DO SABER E DO CONHECER
19
Capítulo 1.
DE ANTIGAS VISÕES DO MUNDO
A Noção Intuitiva da Totalidade 19
Inferências do Reino Invisível 22
O Unus Mundus dos Alquimistas 23
O Fixo e o Volátil 25
A Conjunção Alquímica Mente-Matéria 27
A Projeção Celeste na Terra 29
35
Capítulo 2.
A CIÊNCIA MODERNA: O REINO DA OBJETIVIDADE
A Realidade Objetiva 35
O Materialismo Reducionista 38
A Afirmação da Ciência Moderna 40
O Ser Humano e o Conhecimento Científico 41
A Projeção Iluminista da Ciência 43
85
Capitulo 4.
ENERGIA SUTIL E MATÉRIA
A Relação Mente-Matéria 85
Níveis Sutis da Realidade 88
Bohm e a Energia Sutil 89
Ordem Explícita, Ordem Implicada e Holomovimento 91
Implicações do Mundo Quântico para a Mente 93
Pauli e as Simetrias da Natureza 95
Em Busca do Princípio Psicofísico 97
Jung e a Sincronicidade 101
Integrando a Sincronicidade 105
111
Palavras Finais
SOBRE A CONVIVÊNCIA UNIVERSAL
115
Referências
Em busca do conhecimento 13
Em busca do conhecimento 15
Em busca do conhecimento 17
Em busca do conhecimento 19
Em busca do conhecimento 21
Em busca do conhecimento 23
Fixo e o Volátil
Os alquimistas acalentavam a ideia de que o mundo físico
originou-se de um ‘quatérnio primordial’, enquanto símbolo
‘intermediário’ da totalidade amplamente postulada em antigas
sociedades5. Para eles, cada coisa que existe no universo era uma
combinação dos elementos desse ‘quatérnio’ - fogo, ar, água e terra
-, os quais deveriam ser liberados de volta aos seus lugares naturais
e, então, recombinados em novas formas de matéria.
Em busca do conhecimento 25
Em busca do conhecimento 27
Em busca do conhecimento 29
Notas
1. Como um princípio, essa assertiva é até mesmo incorporada por
cientistas na busca de uma ‘teoria do tudo’, aquela que explicaria não
só as partículas de matéria mais também suas interações, a partir da
unificação das quatro forças fundamentais conhecidas. Ocorre que esse
Em busca do conhecimento 31
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A Realidade Objetiva
Os historiadores da ciência ocidental reportam a sua origem
à Grécia antiga, onde sábios como Platão [427-347 a.C.], ousou
perscrutar além das aparências: existe um mundo verdadeiramente
mais profundo, o ‘mundo das ideias’, das ‘formas’ ou dos ‘ideais’
(como foi denominado no século XVIII), do qual, a realidade física
nada mais é do que uma cópia. Provavelmente, reconhecendo a
necessidade de afirmar sua ligação com o ambiente cotidiano,
Platão tenha considerado esse ’mundo das ideias’ tão real quanto o
mundo dos objetos imaginando que, através das ideias, a humanidade
alcançaria a consciência do absoluto. Por sua vez, Aristóteles, [384-
322 a.C.], o discípulo mais famoso de Platão, externou uma noção
sensorial da realidade concebendo a existência de uma força vital
que orienta os organismos e os sistemas naturais, em um processo
de auto-regulação.
Em termos práticos, a lógica de Aristóteles discrimina um
mundo acima da Lua, o suposto ambiente da quinta substância
(ou essência) - que seria o éter - de um mundo abaixo da Lua,
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O Materialismo Reducionista
Inquestionavelmente, a ciência moderna revolucionou a
maneira de descrever o mundo com uma abordagem objetiva dos
fenômenos naturais. O progresso das ciências, fundamentado no
intercâmbio contínuo entre descrições matemáticas e as medidas
experimentais, validam suas teorias. Se, de um lado, a base
matemática adotada por Newton assume que todos os movimentos
são contínuos, embora possam ser analisados separadamente, de
outro lado, criou-se um mundo constituído de muitas partes como
se fosse uma máquina. Nesse ambiente previsível, onde o passado
e o futuro estão matematicamente contidos no presente, qualquer
coisa que pode influenciar, faz parte dessa máquina gigantesca.
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Em busca do conhecimento 41
Em busca do conhecimento 43
Em busca do conhecimento 45
Em busca do conhecimento 47
Notas
1. A paternidade do cálculo infinitesimal foi objeto de disputa entre
dois personagens importantes na criação da ciência moderna: Isaac
Newton e Gottfried Leibniz. Historiadores da ciência consideram que
ambos chegaram aos mesmos resultados, de maneiras independentes.
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Acaso e Desordem
Quando analisamos a complexa e incomensurável biodiversidade
da natureza, intuímos que a mesma estabeleceu uma espécie de
plano, ou princípio evolucionário, para assegurar a sobrevivência
de todas as formas de vida, apesar das catástrofes e transformações
que ocorrem incessantemente. Nesse plano, o ser humano é o
personagem e o observador capaz de avaliar os eventos extremamente
complexos, gerados pela conjunção de padrões de comportamento
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Irreversibilidade e Entropia
A termodinâmica é o campo da Física que trata dos movimentos
das partículas de um sistema, determinando uma observação como
um estado de equilíbrio térmico. Sendo esse equilíbrio, dinâmico,
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O Observador Participa...
Em nossas atividades cotidianas, a escolha é um ato natural
diante de qualquer situação vivenciada. Algo próprio à visão de
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Dualidade e Complementaridade
Aprendemos da teoria quântica que os sistemas físicos ‘possuem’,
entre suas propriedades, a dualidade onda/partícula, característica da luz.
De fato, a luz é uma entidade física não dual: ‘contém’ ambos os aspectos,
embora não se pode observá-los ou registrá-los simultaneamente. Em
termos da física clássica, essa dualidade revela um paradoxo tipo ou/ou, o
que reflete a nossa limitação, seja de ordem psíquica-fisiológica ou pela
inexistência de dispositivos tecnológicos, para formular uma descrição
plena dessa fonte de energia infinita. Se pensarmos ‘quanticamente’,
aceitaremos esse paradoxo como intrínseco às maneiras que as coisas
são. Isto porque, não há, de fato, dualismo onda/partícula numa
realidade quântica, pois, tanto o ‘aspecto onda’ quanto o ‘aspecto
partícula’, pode se transmutar um no outro. Mesmo quando nos
referimos à luz como partícula, intimamente também envolvemos
sua natureza ondulatória e vice-versa. Portanto, a dualidade surge da
influência humana: é a interferência externa que discrimina a natureza
da luz. Isto mostra porque se associa o ‘aspecto onda’ à probabilidade
de encontrar a partícula em uma determinada posição.
Este foi o panorama analisado por Niels Bohr. Para ele, todo
o processo de observação é um único fenômeno, embora não
completamente analisável. Imbuído do propósito de contextualizar
o caráter não dual da luz, Bohr considerou que os aspectos, onda
e partícula, formam um par de opostos complementares. Uma
maneira sutil para superar os limites da convivência conflituosa que a
dualidade provoca numa descrição polarizada da realidade. De fato,
mesmo que só se possa viver uma face da realidade em cada vez, não
se deve esquecer que tudo tem seu lado complementar.
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O Mundo Pleno-potencial
A ideia do holismo quântico, que costuma povoar nossas
mentes, denota um panorama onde todas as potencialidades
encontram-se emaranhadas, i.é., intrinsecamente conectadas. Como
abordado na seção anterior, trata-se de um emaranhamento em que
os entes quânticos são indistinguíveis configurando, portanto, um
reino da inseparabilidade (ou da não localidade). Ora, se tudo que
existe é fruto das inter-relações desse ‘mundo de potencialidades’,
então, é natural considerar uma abordagem unificada envolvendo
esse mundo imperceptível.
Os fundadores da ciência moderna já buscavam uma formulação
única para os fenômenos observados. Johannes Kepler unificou
as órbitas celestes, Isaac Newton combinou a gravidade com os
movimentos orbitais e, depois, James Maxwell, com a teoria do
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Notas
1. O termo sistema, aqui usado, designa um conjunto físico em estudo que
pode ser um ser biológico ou um corpo material qualquer.
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A Relação Mente-Matéria
Sabemos que as descrições científicas do mundo não fazem
qualquer referência à participação direta do observador (a sua
mente), cabendo, portanto, considerações filosóficas, religiosas ou
outras de natureza metafísica, na busca de respostas às inquirições
concernentes à existência humana. As primeiras tentativas para
encontrar uma fundamentação científica envolvendo a subjetividade
resultaram nas abordagens categorizadas como ‘fisiologia psicológica’
e ‘psicologia filosófica’. Especificamente, a partir dos estudos do
médico e físico, Gustav Theodore Fechner (1801-1887) ao realizar,
com rigor científico, os primeiros experimentos que viabilizaram o
desenvolvimento da ‘nova’ psicologia1.
Em sua obra Elemente der Psychophysik, publicada em 1860,
Fechner propõe, após cuidadosa avaliação de experiências sensoriais,
uma abordagem que envolvia fenômenos físicos e mentais. Ele
considerou a existência de um vínculo entre a mente (psique) e o
corpo e, então, relacionou, empiricamente, o aumento da energia
corpórea ao correspondente aumento da intensidade mental. Nessa
experiência, uma pessoa segura uma massa aferida e, depois, uma outra
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Jung e a Sincronicidade
A natureza, em sua complexa e incomensurável biodiversidade,
exibe um processo evolutivo global que desafia a compreensão
humana. Basta lembrar os padrões (abstratos) de organização
da natureza, como o sistema imunológico, que reconhece e
acusa a presença de um vírus invasor ou, ainda, o fenômeno da
supercondutividade detectada em certos metais que, levados a uma
temperatura crítica mínima, desaparece a resistência elétrica interna,
passando a exibir um comportamento cooperativo.
As descrições elaboradas com base em teorias físicas induzem a
existência de um princípio ordenador, indefinível, conectando todas
as coisas do universo. No macromundo dos acontecimentos, a ação
desse imaginado princípio dá-se no reino da causalidade, aquele das
interações previsíveis. É o caso da força gravitacional responsável
pela queda de uma maçã ou, referindo-se à seara psicológica,
Integrando a Sincronicidade
É próprio observar nesta consideração mente-matéria que,
enquanto uma expressão da ‘ordenação geral acausal’ no mundo
físico, o princípio da exclusão mostra-se similar ao princípio da
sincronicidade de Jung, possibilitando estabelecer uma relação
entre ocorrências acausais, físicas e psíquicas. Algo como o antigo
princípio alquímico da Correspondentia que envolve, simbolicamente,
os elementos físicos e psíquicos. Essa desejada integração serviria
de base para qualquer reformulação paradigmática na ciência
ou em uma outra área de conhecimento. Desta maneira, poder-
se-ia descrever a realidade incluindo (diretamente) a mente do
observador bem como o significado inerente a cada ocorrência ou
experiência de vida. E isto ocorreria por conta da ‘internalização’
(o ato de conscientização) do significado12 que move o ser humano
(o observador) a intuir a razão de sua existência e o seu papel neste
mundo em transformação, enquanto parte dele.
Com o princípio da sincronicidade, Jung resgatou a noção
de simetria e, então, formalizou essa unicidade entre os domínios
físicos e psíquicos, relacionando conceitos da física e sua psicologia
ESPAÇO
CAUSALIDADE SINCRONICIDADE
TEMPO
ESPAÇO-TEMPO
Continuum
Notas
1. Durante suas atividades de pesquisa e docência na Universidade de
Leipzig, Alemanha, Fechner sofreu um profundo colapso nervoso,
acarretando conseqüências graves em seu estado físico, principalmente a
visão. Após um longo período de depressão, e reclusão, Fechner voltou
a ensinar, desta vez como professor de Filosofia, e publicou, em 1848,
um tratado metafísico onde esquematiza um panorama psicológico da
relação mente-matéria.
Salvador, 2009