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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL - IACS


DEPARTAMENTO DE CIENCIA DA INFORMAÇÃO – GCI
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA
E DOCUMENTAÇÃO

DIEGO RODRIGUES FIGUEIREDO

ACERVO MUSICAL NO ÂMBITO DA BIBLIOTECA


UNIVERSITÁRIA: TRATAMENTO INFORMACIONAL DOS
DOCUMENTOS MUSICAIS DA BIBLIOTECA SETORIAL DO
CENTRO DE LETRAS E ARTES DA UNIRIO

NITERÓI
2019
DIEGO RODRIGUES FIGUEIREDO

ACERVO MUSICAL NO ÂMBITO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA:


TRATAMENTO INFORMACIONAL DOS DOCUMENTOS MUSICAIS DA
BIBLIOTECA SETORIAL DO CENTRO DE LETRAS E ARTES DA UNIRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Universidade Federal Fluminense, como
requisito para obtenção do Grau de Bacharel.
Área de Concentração: Biblioteconomia e
Documentação.

Orientadora: Profª Drª Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza

Niterói
2019
Catalogado pelo autor

F475 Figueiredo, Diego Rodrigues


Acervo musical no âmbito da biblioteca universitária: tratamento
informacional dos documentos musicais da Biblioteca Setorial do Centro de
Letras e Artes da UNIRIO. / Diego Rodrigues Figueiredo; orientador, Joice
Cleide Cardoso Ennes de Souza. - Niterói, 2019.
60 p.: ilus., graf., tabs.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia e


Documentação) – Universidade Federal Fluminense. Instituto de Arte e
Comunicação Social, 2019.
Catalogado pelo próprio autor
Inclui referências.

1.Acervo musical 2. Documento musical 3. Informação musical 4. Gestão


documental 5. Biblioteca universitária. I. Souza, Joice Cleide Cardoso
Ennes de Souza, Orientador. II.Universidade Federal Fluminense.Instituto
de Arte e Comunicação Social, Instituição responsável. III.Título.

CDD 0.25
DIEGO RODRIGUES FIGUEIREDO

ACERVO MUSICAL NO ÂMBITO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA:


TRATAMENTO INFORMACIONAL DOS DOCUMENTOS MUSICAIS DA
BIBLIOTECA SETORIAL DO CENTRO DE LETRAS E ARTES DA UNIRIO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal
Fluminense, como requisito para
obtenção do Grau de Bacharel. Área de
Concentração: Biblioteconomia e
Documentação

APROVADO EM: / /

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________
Profª Drª Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza
Universidade Federal Fluminense
Orientadora

______________________________________________
Profª Drª Elisabete Gonçalves de Souza
Universidade Federal Fluminense

______________________________________________
Profª Drª Michely Jabala Mamede Vogel
Universidade Federal Fluminense

Niterói
2019
Dedico este trabalho a Deus, minha família, amigos e professores.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado inspiração e capacidade necessária


para realização desse trabalho.
A todos os meus familiares, principalmente meus pais Sandra Rodrigues e Ivonildo de
Souza Figueiredo, e a minha irmã Nathaly Figueiredo por acreditarem em mim, pelo incentivo
que me deram, por todo o apoio e suporte financeiro.
A minha orientadora, Professora Drª Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza por
acreditar nesse projeto e ter me dado a honra de ser minha orientadora, compartilhando
comigo seus conhecimentos e experiências na área, os quais foram fundamentais para o
desenvolvimento desse trabalho.
A Universidade Federal Fluminense e a todos os Brasileiros, principalmente aqueles
mais sofridos que ajudam a mantê-la com seus impostos.
A Bibliotecária Bárbara Alessandra Ribeiro de Miranda Lima, responsável pela
Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO que me forneceu todo o suporte
necessário para a elaboração da parte bibliográfica e da pesquisa de campo deste trabalho.
Aos meus professores Dr. Rodrigo de Sales e Drª Márcia Bossy por suas contribuições
neste trabalho.
As professoras Drª Elisabete de Souza Gonçalves por me dar a honra de fazer parte da
minha banca e a Drª Michely Jabala Mamede Vogel, por também me dar a honra de fazer
parte da minha banca e pelas suas contribuições neste trabalho.
Ao Meu Professor de Violão Carlos Chaves e aos meus professores de Teoria e
Percepção Musical Ana Paula Alencar e Luciano Pires por todos os conhecimentos musicais
transmitidos e que foram fundamentais para a realização deste trabalho
Ao meu amigo Antônio Carlos Pereira Ribeiro que me influenciou e me ajudou a
iniciar nos estudos musicais.
A minha amiga Lívia Bessa de Brito por toda motivação, apoio e contribuição neste
trabalho.
Aos meus amigos Michael Neves Ferreira, Priscila Neves Ferreira, Michely Isabel do
Nascimento e Jussara Duarte, por todo apoio, contribuições e motivação no decorrer dessa
jornada.
Ao pessoal da biblioteca da faculdade de medicina da UFF (BFM), período onde
estagiei no último semestre da faculdade e no qual estava desenvolvendo a fase final dessa
pesquisa. Sou grato pelo incentivo, apoio e pelo aprendizado que também foi importante para
o desenvolvimento desse trabalho.
Aos professores, amigos, colegas e a todos que de alguma forma direta ou
indiretamente, contribuíram para a realização desse trabalho.
A ansiedade é o resultado natural de centralizarmos nossas esperanças em qualquer coisa
menor do que Deus e Sua vontade para nós"
Billy Graham (1918-2018)
RESUMO

Busca proporcionar um maior conhecimento acerca do documento musical, a fim de fornecer


subsídios para que os profissionais bibliotecários possam analisar e dar o tratamento mais
adequado a esse tipo de documento. Apresenta como objetivo geral, identificar os gêneros
documentais musicais que podem ser depositados em uma biblioteca universitária com acervo
de música e apontar quais critérios devem ser usados para classificar um documento como
musical. Especificamente procura identificar conceitos de documento musical na literatura e
explicitar suas características; apresenta os gêneros de documentos musicais existentes;
analisa o acervo musical dentro do âmbito da biblioteca universitária; e compara a
metodologia utilizada pela instituição pesquisada no tratamento informacional dos
documentos que compõem seu acervo musical com aquela recomendada na literatura
pesquisada. Constitui uma pesquisa de natureza básica, de abordagem qualitativa, com
objetivos descritivos e realizada através de pesquisa bibliográfica e estudo de campo. A partir
da análise de uma partitura de piano do acervo da Biblioteca Setorial do Centro de Letras e
Artes da UNIRIO, constatou-se um conhecimento mínimo por parte da Gestão da biblioteca
das especificidades relativas a um documento musical e como isso impactou positivamente no
tratamento informacional dos mesmos. Conclui ser de fundamental importância o
bibliotecário conhecer as especificidades dos documentos contidos nos acervos das
bibliotecas em que atuam de modo a realizar um tratamento informacional adequado desses
documentos, pois uma representação eficiente resultará em melhores resultados no processo
de recuperação do documento e da informação contida no mesmo.

Palavras Chave: Acervo musical. Documento musical. Informação musical. Gestão


documental. Biblioteca universitária.
ABSTRACT

The work seeks to provide knowledge about the musical document in order to provide support
to the library professionals analyze and give the most appropriate treatment for this type of
document. The general objective is to identify the musical documentary genres that can be
deposited in a university library with music collections and to indicate which criteria should
be used to classify a document as musical. The specifics objectives are to conceptualize
musical document, explaining its characteristics; present the types of existing musical
documents genres; analyze the musical collection within the scope of the university library;
compare the methodology used by the institution researched in the informational treatment of
the documents that compose its musical collection with that recommended in the researched
literature. It is a research of a basic nature, with a qualitative approach, with descriptive
objectives and carried out through bibliographical research and field study. From the analysis
of a piano score of the collection of the Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da
UNIRIO, it was verified a minimum knowledge on the part of the Library management of the
specificities relative to a musical document and how this positively impacted in the
informational treatment of the same. It concludes that it is of fundamental importance for the
librarian to know the specificities of the documents contained in the collections of the
libraries in which they act in order to carry out an adequate informational treatment of these
documents, since efficient representation will result in better results in the process of
retrieving the document and the information contained in the same.

Keywords: Musical collection. Musical documents. Musical information. Document


management. University library.
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de uma Partitura Musical ........................................................................21


Figura 2 - Exemplo de Pauta ..................................................................................................22
Figura 3 - Representação das notas na Pauta .........................................................................22
Figura 4- Linhas e espaços superiores e inferiores.................................................................23
Figura 5 - Desenho das claves nas suas respectivas linhas.....................................................23
Figura 6 - Tablatura para Guitarra..........................................................................................24
Figura 7 - Letra de música com cifras....................................................................................25
Figura 8 -Representação esquemática da relação entre os musicográficos, musicais e os
relativos à música....................................................................................................................30
Figura 9 - Capa da partitura dança brasileira..........................................................................47
Figura 10 - Partitura de piano da obra dança brasileira..........................................................48
Figura 11- Descrição física da partitura dança brasileira no catálogo online do sistema de
bibliotecas da UNIRIO...........................................................................................................49
Figura 12 - Descrição em formato MARC da partitura dança brasileira no catálogo online do
sistema de bibliotecas da UNIRIO.........................................................................................50
Figura 13 - Descrição em formato Dublin core da partitura dança brasileira no catálogo online
do sistema de bibliotecas da UNIRIO ...................................................................................50
Figura 14 - Descrição física da partitura dança brasileira no catálogo online da Biblioteca
Nacional.................................................................................................................................51
LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 - Tipos de partituras musicais apresentadas pelo glossário da AACR........28-29


LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Organograma da UNIRIO....................................................................................40


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 15
2 MÚSICA................................................................................................................ 17
2.1 O QUE É MÚSICA?.............................................................................................. 18
2.2 ELEMENTOS DA MÚSICA................................................................................. 19
2.3 ESCRITA MUSICAL............................................................................................ 20
3 DOCUMENTO MUSICAL................................................................................. 26
4 ACERVO MUSICAL NO CONTEXTO DA BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA................................................................................................ 31
5 METODOLOGIA................................................................................................. 37
6 BIBLIOTECA SETORIAL DO CENTRO DE LETRAS E ARTES DA
UNIRIO (BIBLIOTECA PERNAMBUCO DE OLIVEIRA............................ 40
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO................................................................................... 47
8 CONCLUSÃO....................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 55
APÊNDICE A: ROTEIRO DA ENTREVISTA................................................. 59
APÊNDICE B: CONCEITOS IMPORTANTES DA ÁREA 60
ARQUIVÍSTICA..................................................................................................
15

1 INTRODUÇÃO

O ato de ouvir e interagir com a música é algo comum a maioria das pessoas, porém
são poucos aqueles os que detêm um conhecimento acerca da área de estudos musicais. A
música é uma área de conhecimento muito abrangente, possuindo características próprias
inerentes somente a mesma, como uma linguagem própria chamada notação musical e
também interagindo ao mesmo tempo com outros campos do conhecimento, como a
matemática, artes, pedagogia, psicologia, física, etc. Assim como toda área de conhecimento,
a música produz informações resultantes das pesquisas e das obras musicais produzidas por
músicos. Essas informações, chamadas por diversos autores de informação musical, serão
registradas em um suporte físico, o que irá resultar em um documento musical.
Dentro desse contexto temos o profissional bibliotecário. Esse profissional será o
responsável pela Gestão da documentação musical de uma biblioteca com acervo musical. No
Brasil, o bibliotecário não é um especialista em uma determinada área do conhecimento, ele é
um profissional multidisciplinar, recebendo uma formação que o permite atuar em todos os
acervos. Assim sendo, caso o bibliotecário vier a atuar em uma biblioteca com acervo de
música e não ter o conhecimento específico para realizar uma leitura de um documento
musical, o mesmo deve buscar suprir essa falta de conhecimento da área musical com
profissionais da área da música, em livros didáticos de ensino de música, em obras de
referência, como dicionários especializados da área musical, etc.
Desse modo, essa pesquisa se propõe a proporcionar um maior conhecimento acerca
do gênero documentos musicais, afim de fornecer subsídios para os profissionais
bibliotecários sem conhecimento musical ou sem experiência com esse tipo de acervo possam
realizar uma melhor leitura de um documento musical, permitindo assim um tratamento mais
adequado do mesmo. Para isso, será realizado um mapeamento de um acervo musical de uma
biblioteca universitária. Para compor essa mostra será tomado como objeto de estudo a
Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO. Para tanto, esse estudo será
permeado pelo seguinte problema: Quais gêneros documentais musicais podem ser
localizados em uma biblioteca universitária com acervo de música e quais atributos devem ser
considerados para classificar um documento como musical?
Para Barros (2012, p.22), “A análise documental da informação musical para sua
representação apresenta complexidades, pois exige diferentes técnicas de extração de
informações para distintas formas de representação.” Assim sendo, esse estudo se justifica
pela necessidade de estudar as peculiaridades relativas a este tipo de documento, a fim de
16

verificar quais documentos depositados em uma biblioteca universitária com acervo de


música podem ser classificados como musicais, pois isso influenciará na tomada de decisão
do profissional bibliotecário, em relação as técnicas que serão utilizadas no tratamento
informacional desse gênero documental.
O objetivo geral desse estudo é identificar os gêneros documentais musicais que
podem ser depositados em uma biblioteca universitária com acervo de música e apontar quais
critérios devem ser usados para classificar um documento como musical.
Os objetivos específicos são: identificar conceitos de documento musical na literatura e
explicitar suas características; apresentar os gêneros de documentos musicais existentes;
analisar o acervo musical dentro do âmbito da biblioteca universitária; e comparar a
metodologia utilizada pela instituição pesquisada no tratamento informacional dos
documentos que compõem seu acervo musical com aquela recomendada na literatura
pesquisada.
O presente trabalho foi organizado da seguinte forma: após essa introdução, foi
apresentado o referencial teórico nas seções 2, 3 e 4. Na seção 2, foi feito um pequeno recorte
sobre a música e os seus aspectos principais. Na Seção 3 foi apresentado o que venha a ser um
documento musical e suas principais características. Na Seção 4 foi estudado o acervo
musical dentro do contexto da biblioteca universitária, conceituando o mesmo, apresentando
os principais aspectos inerentes a ele e as metodologias mais adequadas a serem utilizadas no
tratamento informacional dos documentos que compõem esse tipo de acervo.
Na seção 5 foi apresentado o percurso metodológico para realização desta pesquisa.
Na seção 6 foi delimitado o marco empírico, onde apresentou-se a composição do
acervo da Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO e a metodologia
utilizada no tratamento informacional dos documentos que compõem a mesma.
Na seção 7 foi feita uma análise de uma partitura de piano “Dança Brasileira” de M.
Camargo Guarnieri, componente do acervo musical da Biblioteca Setorial do Centro de Letras
e Artes da UNIRIO, fazendo um paralelo entre a metodologia utilizada em seu tratamento
informacional e a recomendada na literatura pesquisada.
Na seção 8 procedeu-se as considerações finais, destacando os principais pontos
abordados na pesquisa.
17

2 MÚSICA

Segundo Andrade (2015) a música está presente desde os primórdios da sociedade,


sendo utilizada em sua forma mais arcaica principalmente em rituais. Porém, a mesma só
passa a ter importância e a ser desenvolvida quando o homem começa a descobrir o som e
aprende a distingui-los, pois, o mesmo, conforme Med (1996, p.9) é a propriedade mais
importante da música, sendo a matéria prima a partir do qual ela é formada.
Com o passar do tempo, o homem aprendeu a caçar, plantar, viver em comunidades
mais complexas, assim como também a desenvolver sua audição e a identificar os diferentes
tipos de timbres, mesmo que intuitivamente. Mas essa sensibilidade do homem com os sons e
a habilidade em combiná-los, ocorre devido ao homem já ser um ser musical, ou seja, com
algumas das características da música presentes em si.
Em cada cultura a música assume as mais diversas formas (vocal, rítmica,
instrumental, composicional) e os mais diversos papéis sociais. No decorrer da história é
possível observá-la em cerimônias, rituais e celebrações (ANDRADE, 2015). A partir do
surgimento e o desenvolvimento da linguagem escrita, torna-se possível a criação de
linguagens específicas capazes de representar o conteúdo informacional de uma obra musical,
como as notações musicais. Com isso ela passa a ganhar uma forma mais dinâmica, não
ficando restrita apenas aos aspectos sonoros, pois conforme afirma Barros:
O processo de composição, de criação musical, é subjetivo e traz consigo não
somente os aspectos sonoros como as notas, escalas musicais e instrumentos, mas
também a relação energética que opera entre esses aspectos sonoros e o intelecto do
músico (BARROS, 2012, p. 16).

Na civilização oriental a música era utilizada na maioria das vezes em sua forma
rítmica, sendo que em algumas culturas dentro da mesma também era muito usada a forma
melódica. Já na cultura ocidental, destaque para as formas harmônicas, melódicas, harmônica
e melódicas, principalmente na música erudita, como destaca Moraes (1983, p.92-93). Porém,
esse cenário já não é o mesmo no mundo contemporâneo, pois, com o fenômeno da
globalização houve um grande intercâmbio entre as culturas, permitindo uma mescla de
estilos de culturas, com isso afetando também as formas como a música é formada.
Cabe ressaltar que no mundo ocidental a música nasce com um caráter de devoção, e
na idade média passa a ser tratada como uma ciência exata. Nesse sentido, Barros (2012, p.43-
44 apud MOREIRA; MASSARANI, 2007) destaca que “na idade média e no Renascimento a
música era ligada à matemática, sendo uma das matérias, que constituía o quadrivium:
18

Aritmética, Geometria, Astronomia e Música.” Porém, ainda no Renascimento a música


começa a mudar paulatinamente para as artes. Dentro desse ambiente de mudanças na música
Ocidental Europeia, destaca-se a música erudita ou clássica, responsável pela elaboração e
desenvolvimento de um modelo representacional, chamado de notação musical, que teve um
importante papel para distingui-la das outras formas de música encontradas em outras
civilizações.

2.1 O QUE É MÚSICA?

Existem diversas definições sobre o que venha a ser música, apresentada por vários
autores, teóricos e especialistas da área, o que é uma tarefa muito difícil diante de sua
complexidade. Na literatura brasileira, destaque para Bucher, Med e Priolli, pois conceituam-
na de forma concisa, com clareza e sem discrepância entre si.
Bucher (2003, p.9) define a música como “uma arte fundamentada na combinação de
sons de forma proporcional, equilibrada e que obedece a determinada ordem”.
Med (1996, p.11) a define como “a arte de combinar os sons simultânea e
sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção.”
Para Priolli (2006, p.6) “a música é a arte dos sons, combinados de acordo com as
variações da altura, proporcionados segundo a sua duração e ordenados sob leis estéticas.”
Diante dessa perspectiva, a música pode ser entendida como uma arte que utiliza a
combinação dos sons de forma ordenada, com a finalidade de criar uma obra passível de ser
representada através de uma linguagem, capaz de ser decodificada e seu conteúdo
reproduzido. No entanto, assim como em outras artes, como por exemplo, as artes plásticas, o
cinema, a poesia, o teatro, etc., a música necessita de algumas habilidades mínimas por parte
de quem for praticá-la, tais como sensibilidade, criatividade e imaginação, sem isso não é
possível que a mesma possa ser executada com perfeição.
Mesmo essa linha de pensamento sobre o que é música, ser a mais utilizada e a mais
difundida, ela é muito restritiva, pois a mesma apresenta uma dimensão muito mais ampla do
que os conceitos anteriormente apresentados. Observa-se muita subjetividade no conceito de
música, pois carrega consigo aspectos culturais e geográficos, tornando-se assim, difícil
defini-la dada a variedade de significados apresentados pela música. Nesse sentido, Barros
(2012, p.15) afirma que: “Cada cultura possui características musicais próprias e variáveis,
percepções rítmicas e instrumentais diferentes, bem como distintos entendimentos do papel
social da música.”
19

Sendo assim, diante dessa problemática, a definição apresentada por Schafer (1991, p.
35 apud JÚNIOR 2010, p.29), onde conceitua música como sendo “uma organização de sons
(ritmo, melodia, etc) com a intenção de ser ouvida”, é a que parece abarcar melhor a
variedade de significados existentes no termo música.

2.2 ELEMENTOS DA MÚSICA

Para Priolli (2006, p.6) a música só pode expressar um sentido completo com a
combinação de três elementos: a melodia, ritmo e harmonia. Porém, ela também aponta que a
melodia e o ritmo combinados já expressam algum sentido.
Ainda, segundo a autora, a música pode ser dividida e estruturada em três partes:
melodia, harmonia e ritmo, sendo conforme visto anteriormente, quando combinados, esses
elementos dão sentido ao som produzido (PRIOLLI, 2006, p.6). Todavia, Med (1996, p.11)
apresenta um quarto elemento, o contraponto, mas não expõe a necessidade da combinação
desse elemento com os demais para que o som produzido venha a apresentar sentido.
A melodia, segundo Priolli (2006, p.6), “consiste na sucessão dos sons formando
sentido musical.” Essa sucessão de sons é a base substancial da música, tornando fácil ao
ouvinte discernir qual música está sendo executada apenas ouvindo a melodia.
O ritmo, para Priolli (2006, p.6), “é o movimento dos sons regulados pela sua maior
ou menor duração.” O ritmo determina a duração de cada som e a duração do intervalo na
música. Podendo ser com uma batida constante ou variável, sucinta ou duradoura, bem como
acentuada ou mais suave, todos esses aspectos vão depender da pretensão a qual se deseja
alcançar na música.
A harmonia, de acordo com Priolli (2006, p.6), “consiste na execução de vários sons
ouvidos ao mesmo tempo, observadas as leis que regem os agrupamentos dos sons
simultâneos.” A harmonia estabelece a estrutura e a ordem dos acordes na música, com a
pretensão de transmitir ao ouvinte uma sequência sonora agradável.
O contraponto, segundo Med (1996, p.11), é o “conjunto de melodias dispostas em
ordem simultânea [...]”. Diferentemente da harmonia, escrita numa linha principal e outras
secundárias, tendo por objetivo sustentar a linha principal, o mesmo não ocorre no
contraponto. Nele as melodias se alternam entre si e formam harmonias com notas isoladas.
Nesse sentido, o contraponto pode ser entendido como uma técnica de criar duas ou mais
linhas melódicas dispostas em ordem simultânea. O contraponto está associado com a
20

harmonia, aos intervalos e a condução das vozes, sendo usado principalmente na música
erudita.
Cabe ressaltar que devido a complexidade apresentada pela música, ou seja, todo o
caráter subjetivo em torno da mesma, como os aspectos culturais, geográficos, etc, fica difícil
afirmar categoricamente, conforme Priolli (2006) que ela só expressa um sentido completo,
quando seus elementos constitutivos são combinados simultaneamente. É possível observar
em muitas culturas, a música feita apenas a partir do ritmo ou da melodia, adquirindo um
sentido completo dentro da sociedade a qual se insere. Porém, na cultura ocidental devido ao
modo como ela é representada, a afirmação da autora faz todo o sentido. De acordo com
Moraes (1983), na civilização ocidental a música passou por profundas mudanças, tendo uma
faixa da atividade musical intelectualizando-se ao extremo, essa faixa é conhecida no Brasil
por música clássica ou erudita. Ainda, segundo o referido autor, a música erudita foi
responsável pela criação de um tipo de sistema de representação gráfica, as chamadas
notações musicais e por um tipo de escuta especificamente seu e no qual se assenta toda a
linha teórico metodológica da obra de Priolli (2006), justificando assim sua afirmação.

2.3 ESCRITA MUSICAL

Segundo Bucher (2003, p.13) “A escrita musical é um tipo de linguagem que deve
transmitir uma ideia ou um pensamento. Quanto mais corretamente ela for feita, mais
claramente ela será entendida e executada.”
Nesse sentido temos a notação musical, um sistema de linguagem composto por
diversos símbolos gráficos, utilizado na música escrita com o objetivo de representar o
conteúdo musical que será transmitido através do som. Na música erudita é utilizado um
sistema de notação de partituras (ver Figura 1), modelo representacional, escrito através de
uma linguagem padronizada composta por sinais gráficos no qual é descrito a altura, a
duração, a intensidade, o timbre e a maneira como deverá ser executada uma determinada
obra musical.
21

Figura 1 - Exemplo de uma Partitura Musical

Fonte: Moraes (1983, p.55)


Porém, conforme aponta Barros (2012, p.16-17), “a notação musical, no entanto, não
indica com total precisão a dinâmica da música, alterações rítmicas e intensidade.” Ou seja,
mesmo esse modelo sendo muito bem estruturado e capaz de representar de forma consistente
uma determinada cadência musical, o mesmo não é perfeito, assim como qualquer outro, por
acabar não conseguindo representar com total precisão alguns aspectos, principalmente por
conter esses elementos no qual a maneira como serão executados irá depender em grande
parte da interpretação que o músico lhe atribuir.
A história desse sistema representacional, segundo Cruz (2008, p.16-17), remonta
desde o século XI na Grécia Antiga, surgindo a partir da necessidade da música não ser mais
22

apenas ouvida, mas também escrita e se desenvolve junto com o processo evolutivo da própria
música. Os elementos gráficos através do qual essa notação é estruturada são as pautas, as
notas e as claves, que visam representar os aspectos relacionados ao som, como a altura, a
duração, a intensidade e o timbre.
A pauta consiste na reunião de 5 linhas horizontais paralelas, ou seja, uma ao lado da
outra, contendo a mesma distância, com a finalidade de abrigar a escrita musical. A pauta é
composta por 5 linhas e 4 espaços, ambos sendo contados de baixo para cima. São nessas
linhas e espaços que são inseridas as notas musicais.

Figura 2 - Exemplo de Pauta

Fonte: Priolli (2006, p.8)


As notas são sinais gráficos que tem por objetivo representar as variações de altura do
som. A posição dela na pauta irá indicar se o som é agudo ou grave. No total são utilizadas
sete notas musicais, conhecidas como: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.

Figura 3 - Representação das notas na Pauta

Fonte: Bucher (2003, p.10)


No entanto, na maior parte dos casos o tamanho da pauta não é suficiente para poder
representar todas as alturas das notas em uma obra musical. Por isso dentro da notação
musical, além das linhas e espaços, têm-se outros recursos com a finalidade de suprir essa
necessidade. Eles são chamados por Priolli (2006, p.9) de linhas e espaços suplementares.
Essas linhas e espaços suplementares são imaginários e são localizados nas extremidades do
pentagrama, objetivando aumentar a extensão musical. Existem dois tipos de linhas e espaços
suplementares, os inferiores e os superiores. As inferiores estão localizadas na parte inferior
ou grave da pauta. As superiores estão localizadas na parte superior ou agudas na pauta.
Recomenda-se a utilização desse recurso somente quando for estritamente necessário para
representação da obra musical.
23

Figura 4 - Linhas e espaços superiores e inferiores

Fonte: Priolli (2006, p. 8)


As claves, conforme ensina Bucher (2003, p.12), são sinais gráficos utilizados no
início de cada pauta com a finalidade de indicar o nome das notas e a altura do som. Existem
três tipos de claves: sol, fá e dó.

Figura 5 -: Desenho das claves nas suas respectivas linhas

Fonte: VIEIRA (2018).


A clave de sol desenha-se a partir da segunda linha da pauta e marca a localização da
nota sol, a partir do qual é possível deduzir o nome das outras notas. A clave de sol é utilizada
para instrumentos de som agudo, como por exemplo, violino, flauta, trompete, violão, etc.
A clave de fá pode ser desenhada na 3° ou 4° linha e marca a localização da nota fá, a
partir do qual é possível localizar o nome das outras notas. A clave de fá é utilizada para
instrumentos de som grave, como por exemplo, contra-baixo, trombone, violoncelo, etc.
24

A clave de dó pode ser desenhada na 1°, 2°, 3° ou 4° linha e marca a localização da


nota dó, a partir do qual, é possível deduzir o nome das outras notas. A clave de dó é utilizada
para instrumentos de som médio, como por exemplo, viola, fagote.
Para Med (1996, p.12), no sistema de notação de partituras, a altura é representada
pela posição da nota no pentagrama e pela clave. A duração pela figura da nota e pelo
andamento. A intensidade pelos sinais de dinâmica e o timbre pela indicação da voz ou do
instrumento que executar a música.
Existem vários tipos de notações musicais, no entanto, as mais utilizadas são: as
partituras, tablaturas e cifras. A tablatura é uma forma de notação muito utilizada geralmente,
por instrumentistas com pouco conhecimento na leitura de partituras, que mostra, por
exemplo, a posição das notas nos trastes de uma guitarra de forma a executar determinada
música na guitarra (ver Figura 6).
Figura 6 - Tablatura para Guitarra

Fonte: BLOG GINÁSIO MUSICAL (2018).


A cifra é um tipo de notação usada com a finalidade de indicar através de símbolos
gráficos ou letras os acordes a serem executados por um determinado instrumento musical
(ver Figura 7).
25

Figura 7 - Letra de música com cifras

Fonte: BLOG GINÁSIO MUSICAL (2018)


A música é uma área de estudo de enorme dimensão e de grande complexidade.
Portanto, buscou-se até aqui estabelecer apenas um estudo de caráter introdutório sobre a
mesma e um recorte de alguns elementos relevantes, que servirão de subsídio de forma a
permitir aos profissionais bibliotecários leigos em música que forem trabalhar em uma
biblioteca com acervo musical, possam realizar uma melhor leitura desse tipo de documento,
permitindo assim um tratamento mais adequado desse gênero documental. Na próxima seção,
será apresentado o que venha a ser um documento musical e suas principais características.
26

3 DOCUMENTO MUSICAL

Para um conteúdo informacional ou um determinado tipo de conhecimento ser


acessado, eles necessitam estar registrados em um suporte material. Quando os mesmos,
independentemente de seu formato são registrados em um suporte capaz de representá-lo e ser
acessado, temos um documento. Nessa linha de pensamento, a Union Française des
Organismes de Documentation (BRIET 2016, p.1), explica documento como: “toda base de
conhecimento fixada materialmente e suscetível de ser utilizada para consulta, estudo ou
prova”.
Segundo Briet (2016, p.1), documento também pode ser “fotografias e os catálogos de
estrelas, as pedras de um museu de mineralogia, os animais catalogados e expostos num
zoológico”.
Com isso é possível perceber como definir documento não é uma tarefa fácil, pois
como pode ser visto, o mesmo não possui um conceito único, dada sua dimensão. O conceito
do que venha ser um documento, varia dependendo do contexto no qual se insere, área em
qual será objeto de estudo e a abordagem dada no seu tratamento. Para efeitos deste estudo,
será utilizado a definição da NBR 6023 da ABNT, por abarcar melhor a ideia de documento
em bibliotecas. De acordo com a NBR 6023 (2018, p.2) documento “é qualquer suporte que
contenha informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta,
estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros, magnéticos e
eletrônicos, entre outros.”
É a partir dessa definição de documento, onde se assentará toda fundamentação teórica
acerca do que venha a ser um documento musical, nessa pesquisa. Desse modo, partindo
dessa definição de documento, é possível afirmar que um documento musical será formado
por um registro musical ou uma informação musical, conforme prefere Blanco (2016, p.77-
78) e um suporte material onde os mesmos serão armazenados.
Matos (2007, p.19-21) trabalha com o conceito de obra musical. A obra musical, nada
mais é do que o fruto do trabalho de um músico. Essa obra musical gerará uma informação
musical. Porém, cabe ressaltar, conforme destaca Barros (2012, p.50), que uma informação
para ser considerada musical, deve apresentar em seu conteúdo informacional, elementos
musicais, como: as notações, a melodia, ritmo, harmonia, contraponto, altura, duração,
intensidade, timbre. Assim sendo, quando essa informação musical é armazenada em um
suporte físico, será gerado um documento musical, produto informacional a ser objeto de
estudo da ciência da informação.
27

Um documento musical pode apresentar-se na forma escrita (incluindo partituras),


sonora e audiovisual, como afirma Matos (2007, p.20-21).
O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística define documento textual, como
todo “Gênero documental integrado por documentos manuscritos, datilografados ou
impressos, como atas de reunião, cartas, decretos, livros de registro, panfletos e relatórios”
(ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 79).
Desse modo, um documento musical textual é todo aquele representado através de
uma linguagem escrita. Esse gênero documental pode ser representado através das notações
musicais, linguagem própria da música para representar uma obra musical na forma escrita,
através das partituras. Para Sadie (1994, p. 702) a partitura é toda "forma de música escrita ou
impressa que abriga todo um conjunto de elementos da notação musical, de maneira a
representar visualmente a coordenação musical, garantindo com maior ou menor precisão a
sua execução". Conforme aponta a NBR 6023 (2018, p.27) as partituras podem apresentar-se
em meio impresso ou eletrônico, tendo como suporte qualquer meio capaz de armazenar esse
tipo de formato.
O Glossário da AACR2 (2002) destaca 8 tipos de partituras, que serão apresentados no
Quadro 1, abaixo com suas respectivas definições.

Quadro 1 – Tipos de partituras musicais apresentadas pelo glossário da AACR (2° edição) e
com definições da mesma e do dicionário Groove de música de Sadie (1994)

Partitura completa Significa uma partitura para orquestra contendo detalhes


(partitura de regência completos de uma obra, tal como se pretende que ela seja
no Groove) executada. (Goove)
Partitura condensada uma partitura musical que registra somente as partes
principais da música em um número reduzido de pautas e
organizado geralmente por seções instrumentais. (AACR2)
Partitura de bolso Partitura musical não destinada, a princípio, para ser
executada, com notação e/ou texto em formato reduzido.
(AACR2)
Partitura de coro partitura de obra para canto, que mostra somente as partes do
coro, com acompanhamento, se houver, com arranjo para
instrumento de teclado. (AARCR2)
Partitura de piano Expressão usada para o arranjo para o arranjo (em geral para
(“redução para piano) de música escrita originalmente para orquestra ou
28

piano” no Groove) outros conjuntos. Uma forma específica muito utilizada é a


da “partitura para canto ou piano”, em que o
acompanhamento instrumental para uma ou mais vozes é
reduzido para a execução ao piano. (Groove)
Partitura fechada partitura de música, que registra todas as partes em um
número mínimo de pautas, geralmente duas, como nos hinos.
(AACR2)
Partitura incompleta Esboço feito por um compositor para uma obra destinada a
um conjunto, ressaltando em poucas pautas as características
principais da composição. (AACR2)
Partitura vocal partitura que apresenta todas as partes vocais, com o
acompanhamento, se houver, com arranjo para instrumento
de teclado (AACR2)
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)
Um documento textual musical também pode se apresentar de forma híbrida, contendo
informação representada tanto através da linguagem natural como através das notações
musicais (cifras, tablaturas, partituras), como por exemplo, os livros que retratam a história da
música, dicionários especializados de música, livros didáticos do ensino de música,
songbooks, etc.
Entre os suportes em que uma obra musical escrita pode ser representada, temos o
papel, os CDs, DVDs, pen drives, etc.
O documento musical sonoro é todo aquele que apresenta em seu conteúdo
informacional musical somente o som. Nesse sentido, o Dicionário Brasileiro de
Terminologia Arquivística conceitua documento sonoro como todo “registro sonoro, como
disco e fita audiomagnética” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 79).
Os registros musicais sonoros podem ser representados através dos formatos MP3,
WMA, AAC, WAV, entre outros, sendo o MP3 (formato comprimido) e WAV (formato não
comprimido) os mais populares, conforme aponta Cruz (2008, p.8). Para a NBR 6023 (2002,
p.12) esse tipo de registro pode ser armazenado nos seguintes suportes: discos CD (compact
disc), cassete, rolo, entre outros.
Já os documentos musicais audiovisuais são aqueles que apresentam em seu conteúdo
informacional o som e a imagem, podendo ela ser em movimento ou estática. Para Cunha e
Cavalcanti (2008, p.133) O documento audiovisual é todo aquele “[...] que reproduz imagens
29

fixas ou móveis, bem como registros sonoros em qualquer suporte, e que exige equipamento
apropriado para ser visualizado ou executado”.
Os registros audiovisuais podem ser representados através dos formatos MP4, AVI,
3GP, WMV, podendo ser armazenados em CD ROM, DVD, Blue Ray, fitas de vídeo, filme
de rolo, entre outros, conforme ensina Matos (2007, p.20-21).
É importante ressaltar que pela linguagem musical ser muito exata e qualquer tipo de
emoção vir da sua execução, uma mesma partitura, pode ser interpretada de diversas maneiras
por músicos diferentes. Como essa emoção é difícil de ser transcrita, o que resta é trabalhar
naquilo que é possível ser representado e organizado: partituras, discos, faixas de música,
vídeos de apresentações, etc. São essas espécies documentais que serão objeto dos estudos
biblioteconômicos em gestão de acervos com documentos musicais. Porém, esses estudos não
se restringem somente a biblioteconomia, mas a Ciência da informação como um todo,
incluindo a Arquivologia e a Museologia.
A partir do momento em que são criados os modelos formais de representação da
informação musical, as chamada notações musicais, linguagem própria de representação na
área da música, desenvolvida para comunicação entre seus pares e de outros meios de
suportes onde a música escrita ( seja ela em sua linguagem documental própria, seja em
linguagem natural, como as letras das músicas, por exemplo) ou audível poderem ser
registradas, surge a necessidade do uso de técnicas específicas para organizar e recuperar esse
tipo de informação em seus mais diferentes suportes, Barros (2012, p.17). Dentro desse
contexto e também com os estudos na área da Ciência da Informação com foco na
representação e recuperação da informação, surge a necessidade de estudos voltados para o
tratamento desse tipo de informação.
Conforme destaca Cruz (2008, p. 281), os documentos musicais em suas mais variadas
formas são muito requisitados e a música é uma expressão de arte, que para ser considerada
como informação precisa ter suas dimensões complexas mapeadas. Com isso, pode-se
perceber as várias dimensões assumidas pela música, principalmente como arte, mas também
como produto informacional.
De acordo com Blanco (2016, p.78) a informação musical pode se apresentar em duas
formas: na dimensão fenomenológica, como sonora ou audiovisual) ou dimensão semiológica,
como as notações musicais. Essa primeira distinção é de grande importância para entender a
divisão proposta pelo autor em relação a documentação musical.
No âmbito biblioteconômico Blanco (2016, p. 75), divide a documentação musical em
dois grandes conjuntos: “documentos musicais bibliográficos” e os “documentos musicais não
30

bibliográficos”. Os “documentos bibliográficos” são todo o conjunto de documentos musicais


em formato impresso, já os “documentos musicais não bibliográficos” são todo o conjunto de
documentos musicais em formato audiovisual, sonoro, etc.
Com uma abordagem arquivística Blanco (2016, p. 78) divide o gênero
“documentação relativa à música”, enquanto ordem documental, ou seja, todo o conjunto de
documentos onde a informação musical se apresenta em qualquer um dos seus aspectos e
graus de relação com a música. Para o referido autor, esse gênero compreende uma família
documental denominada “documentos musicais”. Nessa família documental a informação
musical se apresenta na dimensão fenomenológica e semiológica.
Dentro dessa família documental Blanco (2016, p.78-79) destaca um conjunto de
documentos de dimensão informacional semiótica, codificada em notações, denominado pelo
autor de “documentos musicográficos”. Nesse sentido, os “documentos musicográficos
podem ser entendidos como sendo aqueles que carregam informação essencialmente musical,
sendo representado pelas notações musicais. Exemplos de documentos musicográficos:
partituras, cilindros, discos, rolos, entre outros.

Figura 8 - Representação esquemática da relação entre os documentos musicográficos,


musicais e os relativos à música

Fonte: Blanco (2016, p. 79)


Assim sendo, em conformidade com Barros (2012, p.54) conhecer os elementos que
compõem um documento musical são de grande importância para que os profissionais da
informação possam realizar uma análise crítica desse tipo de documento, pois isso
influenciará na tomada de decisão da seleção das informações que serão usadas para sua
representação e quais as técnicas mais adequadas a serem utilizadas na gestão de um acervo
com documentos musicais.
Na próxima seção será estudado o acervo musical dentro do contexto da biblioteca
universitária, conceituando o mesmo, apresentando os principais aspectos inerentes a ele e as
metodologias mais adequadas a serem utilizadas no tratamento informacional dos documentos
que compõem esse tipo de acervo.
31

4 ACERVO MUSICAL NO CONTEXTO DA BIBLIOTECA


UNIVERSITÁRIA

Para Cunha e Cavalcanti (2008, p.53) biblioteca universitária é aquela “[...] mantida
por uma instituição de ensino superior e que atende às necessidades de informação dos corpos
docente, discente e administrativo, tanto para apoiar as atividades de ensino, quanto de
pesquisa e extensão”.
A partir dessa definição e com base em Reis (2008, p.56-57) é possível afirmar que
uma biblioteca universitária com acervo de música por estar inserida num contexto
acadêmico, terá como finalidade servir de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão
universitária dos cursos de graduação e pós-graduação em música aos quais ela atende.
Segundo Otlet (1989 apud CARVALHO; NUNES, 2016, p.179) esse tipo de
biblioteca tem como público alvo estudantes, professores, especialistas e pesquisadores. Nesse
sentido uma biblioteca universitária com acervo de música será o local físico ou virtual onde
estarão armazenadas e organizadas informações musicais nos mais diversos tipos de suportes,
com o objetivo de atender as demandas informacionais desse perfil de usuários.
Ferreira (1990) aponta que a biblioteca universitária pode ser setorial, central ou
departamental. Para o referido autor a biblioteca setorial “é um tipo de biblioteca
universitária que serve centros, institutos, escolas ou cursos da universidade.” Já uma
biblioteca central “é a biblioteca ou órgão que centraliza ou coordena, de direito ou de fato, as
atividades biblioteconômicas e documentárias da universidade.” E a biblioteca departamental
“é a coleção existente nos departamentos das unidades de ensino.” Desse modo uma
biblioteca universitária que atende um curso de música pode ser setorial, central ou
departamental, atendendo as demandas informacionais de determinados cursos ou apenas dos
cursos de música, neste caso as bibliotecas setoriais ou departamentais.
O acervo desse tipo de biblioteca pode ser composto por livros, periódicos, partituras,
CDs, DVDs, etc. Por ser uma biblioteca universitária, seu acervo também será composto por
monografias, teses e dissertações, pois ela será o local onde ficarão armazenadas todas as
produções acadêmicas da universidade, em relação aos cursos de música que atende. Segundo
Cunha e Cavalcanti (2008, p.2) acervo é o “Conjunto de documentos conservados para o
atendimento das finalidades de uma biblioteca: informação, pesquisa, educação e recreação;
fundo documentário, fundos de biblioteca”.
32

Desse modo, um acervo musical de uma biblioteca universitária, pode ser entendido,
como o conjunto de todos os documentos musicais, reunidos com a finalidade de apoiar as
atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos aos quais ela atende.
A aquisição dos materiais que vão compor esse acervo pode ocorrer através de
compra, doação e permuta. Para tanto, é necessário observar alguns critérios. É recomendável
que haja uma política de seleção, em um documento formal a fim de nortear esse processo de
seleção, ou seja, a escolha dos materiais a serem adquiridos. Isso é fundamental para que a
escolha desses materiais venha ser feita com eficiência e eficácia, e assim, consequentemente
esse acervo estar em consonância com a demanda informacional desse perfil de usuário.
(CRUZ; MENDES; WEITZEL, 2009, p.15)
Para os usuários da biblioteca universitária terem acesso aos documentos que
compõem seu acervo, é necessário eles estarem devidamente organizados e representados,
através de um processo de tratamento informacional que envolve a análise, a classificação e a
representação dos mesmos, visando sua organização, armazenamento e acesso, segundo
regras e metodologias pré-estabelecidas.
Todo esse processo de tratamento informacional, denominado por Blanco (2016, p.76)
como gestão documental, é dividido, conforme aponta Dias e Naves (2007, p.9) em
tratamento temático e tratamento descritivo. O tratamento temático é um processo em que se
analisa o conteúdo temático do documento com o objetivo de determinar e posteriormente
extrair o assunto contido no mesmo para poder representar seu conteúdo intelectual. Já o
Tratamento descritivo é um processo em que se analisa os atributos físicos do documento com
o objetivo de extraí-los e posteriormente representá-los juntamente com o assunto.
Conforme pode ser observado, o processo de análise é o primeiro passo para se
proceder ao tratamento do documento. Para fins temáticos, esse processo de análise é
denominado por Dias e Naves (2007, p.9) de análise de assunto. Para os autores “A análise
de assunto é o processo de ler um documento para extrair conceitos que traduzam a essência
de seu conteúdo”. Já para fins descritivos, esse processo de análise é denominado por Cruz
(1991, p.17) de leitura técnica. Segundo a autora “Ler um livro tecnicamente, para fins de
catalogação, consiste em estudar as partes que auxiliam na compreensão do texto que ele
abrange”. Porém, mesmo esse termo se limitando somente a livros, ele pode ser estendido
para documentos em outros formatos. Assim sendo, o processo de análise, tanto com fins
temáticos como descritivos, pode ser considerada a etapa mais importante do tratamento
informacional, pois a qualidade e a consistência nas representações temáticas e descritivas
dependerão de um bom processo de análise.
33

Todo documento tem suas especificidades. No caso dos documentos musicais, os


mesmos possuem, em sua grande maioria, uma linguagem específica, como as notações
musicais (partituras, cifras, tablaturas, etc.), conforme abordado na seção 3.3; metadados
específicos da área musical e, muitas vezes, tipologias documentais inerentes somente aos
mesmos. Essas especificidades podem se tornar um grande desafio para os profissionais que
forem realizar a análise desse tipo de documento, pois se não tiverem o mínimo de
conhecimento das peculiaridades referentes aos documentos musicais, isso dificultará o
processo de análise, afetando também as representações dos documentos musicais. Dentro
dessa perspectiva, Blanco (2016, p. 77) ressalta que o não reconhecimento desses documentos
como musicais, assim como o tratamento inadequado aplicado aos mesmos, gera a perda da
identidade ontológica do documento, do valor informacional e do controle no fluxo, como
consulta, empréstimo e devolução.
Assim sendo, para auxiliar nesse processo, a divisão da documentação musical
proposta por Blanco (2016) tanto no âmbito biblioteconômico como no âmbito arquivístico,
conforme abordado na seção 4, faz-se pertinente, de modo a facilitar e tornar mais eficiente
esse processo de análise.
O processo de tratamento temático, conforme aponta Dias e Naves (2007, p.17-18),
abrange as etapas de indexação e classificação. De acordo com Lancaster (2004, p. 6), na
indexação “os termos atribuídos pelo indexador servem como pontos de acesso mediante os
quais um item é localizado e recuperado, durante uma busca por assunto num índice
publicado ou numa base de dados eletrônica”. Nesse sentido, a indexação é um dos processos
pelo qual o conteúdo temático será representado verbalmente com o auxílio de instrumentos
da linguagem documentária verbal ou por meio da linguagem natural.
A NBR 12676 (1992) divide a indexação em 3 estágios: “análise do documento”,
“identificação dos conceitos” e “seleção de termos de indexação”. Para Fujita (2003, p.68), na
indexação a análise de assunto, que no caso da NBR 12676 é denominada análise do
documento, tem como objetivo analisar o documento como um todo com a finalidade de
identificar e selecionar os termos representativos de seu conteúdo. Para analisar um
documento impresso a referida norma recomenda ler atentamente: o título e subtítulo; resumo,
se houver; sumário, introdução; ilustrações, diagramas, tabelas e seus títulos explicativos;
palavras ou grupos de palavras em destaque (sublinhadas, impressas em tipo diferente, etc); e
as referências. No caso dos documentos não impressos, como audiovisuais, visuais e sonoros,
a norma recomenda analisar o documento a partir do título ou da sinopse, mas destaca ser
necessário ter acesso ao documento na íntegra, caso esses recursos pareçam inadequados.
34

Segundo a UNISIST (1981, p.87), na etapa de identificação dos conceitos, faz-se


necessário uma abordagem lógica, a fim de selecionar os melhores conceitos que expressarão
o assunto do documento. Para tanto, pode-se utilizar o seguinte esquema de categorias: o
fenômeno, o processo, as propriedades, as operações, o material e o equipamento.
Identificados os conceitos será feita a seleção dos termos, etapas da indexação designada por
Lancaster (2004, p. 9-13) de análise conceitual. Na etapa de seleção dos termos, o documento
será representado por termos selecionados da linguagem natural ou da linguagem
documentária verbal, etapa designada por Lancaster (2004, p. 18-19) de tradução, gerando
como produto o índice, conforme aponta Dias e Naves (2007, p. 16).
Dentre os instrumentos que auxiliarão o estágio de seleção dos termos para representar
o documento em uma linguagem documentária verbal, não foram identificados na pesquisa
bibliográfica tesauros e listas de cabeçalhos de assuntos específicos para a indexação de
documentos musicais, criados por instituições públicas e privadas, somente o vocabulário
controlado do SIBi/USP. Foram encontradas algumas propostas para criação de tesauros e
listas de cabeçalho de assunto especializados em música, principalmente para partituras e
instrumentos musicais, como a pesquisa de Souza (2008), apresentando uma sugestão de um
microtesauro em música e o trabalho de Cardoso (1996), estabelecendo uma estrutura básica
de um vocabulário controlado para indexação de partituras. Paralelamente à análise,
recomenda-se o uso de obras de referências especializadas na área musical, como o
“Dicionário Groove de música”, de Sadie, 1994, uma das obras mais utilizadas pelos músicos
para definição de conceitos, os termos utilizados na indexação dos documentos musicais da
USP, pioneira no Brasil na Gestão de acervos musicais e da biblioteca nacional.
A classificação no âmbito do tratamento temático, aplicado a bibliotecas consiste,
conforme aponta Barbosa (1969, p. 15), em arrumar os livros da melhor maneira para uso.
Desse modo, observa-se que o objetivo principal da classificação nesse contexto é a
organização dos livros nas estantes, obedecendo a uma ordem lógica, de modo a tornar mais
rápida a localização física do mesmo. Essa ordenação, segundo a autora pode se dar por meio
de uma localização fixa ou relativa. Na localização fixa, os documentos são geralmente
organizados por tipo, tamanho, etc, sendo representados geralmente por uma numeração
interna e são colocados num lugar fixo na estante. Já na localização relativa, ao contrário da
localização fixa, não recebem um lugar fixo na estante. De acordo com Barbosa (1969, p. 16 -
17), na mesma ocorre uma arrumação ordinal, ou seja, os documentos são organizados
sistematicamente por meio de códigos de classificação bibliográfica, sendo representados por
meio de símbolos como letras ou números, permitindo assim, a acomodação de novas obras
35

nas estantes do mesmo assunto ou de assuntos diferentes e a troca da posição do livro na


estante, sem que se perca sua posição na coleção.
Essa representação por meio de símbolos é chamada de notação. Segundo, Piedade,
notação é:
um código utilizado como método para indicar uma ordem dentro de um Sistema de
classificação, ou ainda um conjunto de símbolos destinados a representar os termos
de classificação, traduzindo, assim, em linguagem codificada, o assunto dos
documentos, e indicando sua localização nas estantes, nos catálogos e nas tabelas de
classificação (PIEDADE, 1983).

Assim como na indexação, onde o conteúdo temático do documento é representado


verbalmente por meio de termos de indexação, na classificação o conteúdo temático do
mesmo é representado notacionalmente, porém diferente da indexação onde se atribui
geralmente mais de um assunto, na classificação será atribuído apenas um assunto à obra,
representado por uma notação classificatória.
Para Barbosa (1969, p. 17), “o processo de classificar livros implica, portanto, em
agrupá-los por assuntos de que tratam, trocando o nome ou o termo dos mesmos por sinais ou
símbolos correspondentes”. Nesse sentido, classificação, no âmbito das bibliotecas, é o
processo pelo qual o conteúdo temático de um livro será analisado através da análise de
assunto e posteriormente classificado de acordo com seu assunto, sendo representado por uma
notação, obtida através de uma linguagem documentária notacional. Como exemplo, citamos
os sistemas de classificação bibliográfica.
Os sistemas de classificação bibliográfica, além de serem uma linguagem artificial,
serão os instrumentos que auxiliarão esse processo classificatório, onde serão gerados como
produtos os arranjos sistemáticos de coleções de documentos, conforme aponta Dias e Naves
(2007, p.13). Dentre os instrumentos mais utilizados nesse processo, temos a Classificação
Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal (CDU). Como somente os
documentos bibliográficos são classificados, não foi identificado na pesquisa bibliográfica,
nenhum instrumento específico para a classificação de documentos musicais, como no caso
do Direito, que tem a Classificação de Dóris (CDDir), uma adaptação da classe de direito da
CDD.
O processo de tratamento descritivo, conforme aponta Dias e Naves (2007, p.10 - 11),
compreende a etapa de catalogação descritiva do documento. Para Mey (1995, p. 5),
catalogação “é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em
itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir
intersecção entre as mensagens contidas nos itens.
36

Para auxiliar nesse processo de descrição física, tem-se como instrumento a AACR2
(2002) que em seu capítulo 5 traz diretrizes para catalogar obras musicais
No que concerne aos tipos de usuários e suas necessidades informacionais, no que diz
respeito à informação musical, tudo vai depender do tipo de biblioteca e público a que se
destina. No caso da biblioteca universitária que atende cursos de ensino superior em música,
os perfis dos usuários são em sua maioria graduandos, pesquisadores e professores. Entre os
graduandos temos dois tipos de usuários: instrumentistas e regentes. Os instrumentistas terão
como necessidades, livros de teoria, partituras, CDs e DVDs de instrumentais. Os graduandos
em regência, pesquisadores e professores terão como necessidades, além dos materiais
citados, livros sobre a história da música, periódicos, teses e dissertações, discos, obras de
referência, etc. Cabe ressaltar que, mesmo com o desenvolvimento das tecnologias da
informação e com isso o surgimento dos mais diversos tipos de suportes para armazenar
informações, as partituras impressas são as preferidas e mais usadas pelos músicos, devido à
facilidade de seu manuseio para a execução de uma obra musical.
Após a exposição do referencial teórico nas seções 2, 3 e 4, será apresentado na
próxima seção o percurso metodológico para realização desta pesquisa.
37

5 METODOLOGIA

Sob o ponto de vista de sua natureza, a presente pesquisa é de natureza básica, pois
objetiva produzir novos conhecimentos no tocante à documentação musical e seu tratamento
informacional, como ensina Silva e Menezes (2001, p.20).
Em relação à abordagem, foi feita uma pesquisa qualitativa, visto que a Biblioteca
Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO foi a instituição escolhida para a coleta dos
dados necessários para realização da pesquisa, exigindo a análise, conforme destaca Silva e
Menezes (2001, p. 20).
Sinaliza Santaella (2001, p.143-144), que as pesquisas não quantitativas originam-se
da observação, coleta de dados, da análise dos dados coletados e da interpretação do
pesquisador.
Quanto ao objetivo, o estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Como nos
esclarece Gil:
São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas
características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de
coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática (GIL, 2002,
p.42).

Assim sendo, através da pesquisa descritiva, o presente estudo objetivou identificar os


gêneros documentais musicais que podem ser depositados em uma biblioteca universitária
com acervo de música e apontar quais critérios devem ser usados para classificar um
documento como musical; identificar conceitos de documento musical na literatura e
explicitar suas características; apresentar os gêneros de documentos musicais existentes;
analisar o acervo musical dentro do âmbito da biblioteca universitária; e comparar a
metodologia utilizada pela instituição pesquisada no tratamento informacional dos
documentos que compõem seu acervo musical com aquela recomendada na literatura
pesquisada.
No que concerne aos procedimentos técnicos, define-se como uma pesquisa
bibliográfica, visto que foram utilizadas diversas bases de dados e bibliotecas para fazer o
levantamento bibliográfico e fundamentar a pesquisa. Foram pesquisados livros sobre música,
tratamento informacional em bibliotecas universitárias em sites de catálogos de instituições
com acervo musical (USP, Biblioteca Nacional e UNIRIO). Consultou-se as bases BRAPCI,
BENANCIB, BDTD na busca por monografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado,
obras de referência, artigos de periódicos e de eventos científicos que retratam o tema
proposto. Como ressalta Gil (2002, p. 44), “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base
38

em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. A


pesquisa bibliográfica teve como objetivo estabelecer uma base conceitual acerca da música,
documento musical e acervo musical.
A presente monografia pode ser classificada também como estudo de campo, uma vez
que foram realizadas entrevistas e observação de um determinado local. Para Gil, esse tipo de
pesquisa:
é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de
entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que
ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos
outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias (GIL, 2002, p.
53).

Nessa etapa da pesquisa foi realizado um levantamento do acervo musical da


Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO. Para tanto, foram utilizados como
instrumentos de coleta de dados: entrevista e observação do ambiente informacional. Em
relação à entrevista, foi aplicada uma do tipo não estruturada por ser mais dinâmica e permitir
explorar melhor um determinado tópico dentro dela, conforme aponta Marconi e Lakatos
(2003, p.197). A entrevista (Apêndice A) foi feita com a bibliotecária chefe e teve por
finalidade coletar informações sobre: como é constituído o acervo, quais as técnicas utilizadas
para sua organização e outras informações relativas a biblioteca. Na entrevista também foram
recolhidas informações referentes ao documento musical escolhido para a análise, conforme
seção 7. A técnica de observação realizada foi do tipo assistemática e não participante,
segundo Marconi e Lakatos (2003, p.192), e objetivou conhecer fisicamente o acervo,
verificar como são aplicadas as técnicas para o tratamento do mesmo e coletar possíveis dados
não abrangidos pela entrevista, referentes a biblioteca e ao documento escolhido para análise.
Após a extração dos dados, procedeu-se à análise dos dados colhidos na pesquisa de
campo. Segundo Gil (2002, p.133), essa etapa consiste em “[...] uma sequência de atividades,
que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação
do relatório”. Nesse sentido, foi realizada a redução dos dados colhidos, selecionando-se
aqueles pertinentes para o estudo em questão, visando a elaboração de uma sistematização das
informações relativas a biblioteca e seu acervo e também para a construção de uma análise de
um documento musical, denominada partitura, como resultado da pesquisa. Na construção
dessa análise, foi feito um paralelo entre os dados selecionados no documento com a literatura
especializada abordada na parte teórica.
A seguir, focaremos na música e em conceitos fundamentais para seu entendimento
pelo profissional da informação.
39

Como marco empírico, na próxima seção será apresentado a composição do acervo da


Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO e a metodologia utilizada no
tratamento informacional dos documentos que compõem a mesma e posteriormente na seção
7 uma análise de um documento musical.
40

6 A BIBLIOTECA SETORIAL DO CENTRO DE LETRAS E ARTES DA


UNIRIO - BIBLIOTECA PERNAMBUCO DE OLIVEIRA

A biblioteca Pernambuco de Oliveira, mais conhecida como Biblioteca Setorial do


Centro de Letras e Artes (BSCLA) é uma biblioteca universitária, integrante do Sistema de
Bibliotecas da UNIRIO (UNIBIBLI), criado em 1986. Integram a estrutura acadêmica da
Universidade Federal do Estado do Rio e Janeiro (UNIRIO) o Centro de Letras e Artes
(CLA), o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), o Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia (CCET), o Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS) e o Centro de Ciências
Jurídicas e Políticas (CCJP). O CLA é composto pela Escola de Teatro, a Escola de
Letras, o Instituto Villa-Lobos (escola de música) e o Laboratório de Memória das Artes e da
Cultura (LAMAC). O CLA está localizado na Avenida Pasteur, 436, Bairro da Urca, no Rio
de Janeiro1.

Gráfico 1 - Organograma da UNIRIO

UNIRIO

CLA CCBS CCET CCHS CCJP

Escola Escola Instituto


de de Villa- LAMAC
Teatro Letras Lobos

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)


O Instituto Villa-Lobos oferece na graduação os cursos de bacharelado (Canto,
Composição, Instrumentos, Regência, Música Popular Brasileira, Arranjo Musical) e
licenciatura em música e na pós-graduação os cursos de mestrado profissional em práticas
musicais e os de mestrado e doutorado acadêmico em música.
A Escola de Letras oferece os cursos de bacharelado e licenciatura em Letras
Português e Literaturas.
A Escola de Teatro oferece na graduação os cursos de bacharelado (direção teatral,
interpretação, teoria estética do teatro, cenografia e indumentária) e licenciatura em teatro e na

1
As informações relativas à UNIRIO, nos parágrafos 1°, 2°, 3° 4, foram elaboradas com base em informações
colhidas no site institucional www.unirio.br, além daquelas já coletadas na entrevista. Em relação as informações
concernentes a biblioteca, a principal fonte de informação foi a entrevista, mas também foram utilizadas
informações coletadas na observação do ambiente informacional e outras consultadas no referido site.
41

pós-graduação o mestrado profissional em ensino de artes cênicas, além de mestrado e


doutorado acadêmico em artes cênicas.
A BSCLA funciona, assim como a Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas
e Sociais e a Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, dentro das
dependências da Biblioteca Central, localizada no mesmo endereço do CLA. A mesma
funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h, sendo que a fonoteca (acervos de partituras,
discos e peças de teatro) o horário de funcionamento é de segunda à sexta feira das 9h e 30 às
19:00.
A Biblioteca Pernambuco de Oliveira atende todos os cursos de graduação e pós-
graduação do Centro de Letras e Artes da UNIRIO (CLA). Conforme relatado pela
bibliotecária, a biblioteca é bem ativa e dinâmica, atendendo um grande público de usuários
internos e externos. Isso ocorre devido a BSCLA ter dois acervos bem atrativos, o banco de
peças e o banco de partituras. O banco de partituras musicais atrai mais usuários externos do
que internos, porque ele foi herdado do conservatório nacional, um banco muito antigo. Desse
modo os usuários fazem todo tipo de pesquisas no mesmo, pesquisas históricas, pesquisas de
tipografia musical, pesquisa de música em geral, etc. Muitos usuários desse público externo,
vem de longe para pesquisá-lo.
Esse banco de partituras é físico e on-line. Atualmente as partituras contidas no
mesmo não são colocadas totalmente escaneadas, por causa da lei de direitos autorais. Mas é
feito uma breve descrição do material colocado na base do Sofia, software usado pelo sistema
de bibliotecas da UNIRIO. Esse tipo de material não sai para empréstimo, só é permitido uma
consulta local, porém o usuário pode solicitar o escaneamento desse material através do
serviço de escâner oferecido pela biblioteca.
O empréstimo de materiais para o público externo se dá apenas através do empréstimo
entre bibliotecas. Segundo informações colhidas na entrevista com a bibliotecária, também é
oferecido o serviço de escâner para quem não pode levar o material e precisa dele. Conforme
relato da mesma, os usuários dos cursos de música, são os que menos procuram os serviços
oferecidos pela biblioteca em relação aos outros cursos. No que concerne ao teatro, a
bibliotecária informou ser uma das bibliotecas mais procuradas no Brasil. Sendo esse o tipo
de público o que mais utiliza os serviços oferecidos pela mesma. Ela também destacou que a
biblioteca atrai um público externo de teatro tão grande, porque possui em seu acervo livros
utilizados no estudo para concursos, podendo ser encontrados somente na mesma, ou por ser
produção de professores da UNIRIO. Também foi constatado que os professores de mestrado
e doutorado são os usuários com mais frequência na biblioteca, por necessitarem de auxilio
42

com normatização, pesquisa, ou seja, por um serviço oferecido pela biblioteca ou pelo sistema
de bibliotecas.
A equipe que atua na biblioteca é composta atualmente por 6 pessoas, sendo 1
bibliotecária, 2 técnicos administrativos, 2 estagiários e 1 bolsista do CLA. A bibliotecária
Bárbara Alessandra Ribeiro de Miranda Lima, mestre em Educação, é a responsável pela
biblioteca. Os técnicos administrativos trabalham na fonoteca. O técnico administrativo
Miguel Luiz é um dos responsáveis pela manutenção e crescimento do banco de peças. A
Alexandra Marcolino é responsável pelo atendimento e no auxílio das tarefas de catalogação.
Os estagiários de Biblioteconomia auxiliam exclusivamente no acervo de partituras de música
e o bolsista auxilia nas atividades de pesquisa no acervo de peças teatrais.
A bibliotecária também contou que a Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes é
criada quando o Serviço Nacional de Teatro passa a integrar a UNIRIO com todo seu acervo,
como curso de nível superior em graduação e posteriormente em pós-graduação. A mesma
não funcionava nas dependências da Biblioteca Central, mas no prédio do CLA. A Biblioteca
Pernambuco de Oliveira, não era inicialmente pertencente ao CLA, pois as bibliotecas
componentes atualmente da Biblioteca Central eram setorizadas, atendendo cada uma sua
Escola.
O Centro de Letras e Artes de acordo com ela, começa inicialmente com o Curso de
Teatro e com o Curso de Música, vindo oriundo do Conservatório Nacional Heitor Villa
Lobos. Por volta de 40 anos atrás, surge na UNIRIO a ideia de biblioteca central. Essa ideia
de uma biblioteca central dentro da Universidade fez com que se reunisse o acervo de Teatro
e Música, surgindo assim a Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes. O acervo do curso
de Letras passou a compor o acervo somente anos mais tarde, por ser um curso recente (cerca
de 8 anos atrás)
Segundo o relato, depois da criação da Biblioteca Central, as bibliotecas setoriais
vieram todas para as dependências da mesma, trazendo consigo todo o acervo pertencente a
Escola de Teatro e da Escola Nacional de Música. Com o tempo, a Biblioteca Central foi
crescendo e isso foi mudando sua dinâmica, pois veio a Biblioteca do CLA que dividia o
espaço do 1° andar com a Biblioteca do Centro de Ciências Humanas (CCH), sendo o
segundo andar livre. Nesse período já existia a sala de fonoteca, onde ficava o banco de peças
e o banco de partituras, também vindo juntos. De acordo com a bibliotecária, o acervo da
BSCLA é muito mais antigo do que é datado, não existindo uma data precisa de sua
formação, por ser oriundo de grandes escolas, como a Escola Nacional de Teatro e o
Conservatório de Música, antes Escola Nacional de Música. Foram encontrados na biblioteca
43

obras do início de 1800. Essas e outras obras antigas foram encontradas no acervo, porque
houve muita doação pessoal de professor. Dessa forma o acervo foi se constituindo até tomar
a forma como é conhecido atualmente.
Assim, desse modo verifica-se que o acervo da Biblioteca Setorial do Centro de Letras
e Artes é um acervo anterior ao Centro de Letras e Artes e até mesmo a ideia de biblioteca
central, ou seja, é um acervo que já veio pronto e foi crescendo à medida que a Universidade
ia se expandindo. Nesse sentido a BSCLA e seu acervo refletem a construção da
Universidade, pois eles acompanham o crescimento da mesma. Isso pode ser percebido nos
livros que compõem o acervo.
O acervo da biblioteca é dividido da seguinte forma: O acervo de uso contínuo, mais
voltado para bibliografia básica e bibliografia complementar, que é a função da biblioteca
universitária. O acervo histórico, composto pelas obras mais antigas da BSCLA. E o acervo
especial composto pelo banco de partituras, coleção de vinil, coleção de programas de teatro,
programas de concerto e o acervo da professora Vera Janacopulos.
O acervo da biblioteca é bem diversificado, tendo documentos sonoros, textuais e
audiovisuais. Ele é composto por livros, teses, dissertações, periódicos, CDs, DVDs, vinis,
partitura, etc. Grande destaque para os periódicos de teatro e música, principalmente os de
música. Em relação ao vinil são uma coleção de 8.000 vinis ainda não tratada. As partituras
são mais de 6.750 partituras sendo tratadas. Além do acervo com suportes convencionais,
existem também as bases de dados que são oferecidas pela Biblioteca Central e pela
Universidade e são utilizadas pela biblioteca.
Os documentos textuais impressos ou digitais da biblioteca são divididos em obras
gerais e obras de referência. As obras gerais são livros de história da música, história do jazz,
história da criação, história da percussão, contemporânea, etc. As obras de referência são
dicionários de referência, grande destaque para o groove, impresso e on-line. Existe um
acervo impresso muito grande do comodato, chamado Calouche. A bibliotecária também
informou que a biblioteca recebe muito material do artes capes sobre música, materiais
modernos e atuais, de profissionais que estão produzindo na área de música.
No que concerne as partituras, a BSCLA não dispõe de partituras digitalizadas, por
esbarrar na lei de direitos autorais. Mas dispõe de um acervo de partituras impressas do
professor Aloísio de Alencar e um projeto da Professora Maria Tereza que digitaliza, para
salva guarda, algumas partituras nacionais do século passado e disponibiliza cópias para a
biblioteca. A biblioteca também oferece partituras em formato digital, fornecidas pela
Biblioteca Central e pela universidade através de suas bases.
44

Em relação aos documentos sonoros, existe uma grande quantidade na biblioteca, em


Vinil, CDs, fita type e DVDs. Segundo a bibliotecária, esse material sonoro é oriundo de
livros de partituras que vem acompanhado de CDs, produções internas da orquestra da
universidade, da orquestra barroca, de quem toca na orquestra por fora. Grande destaque para
os produzidos pela orquestra, pois o trabalho final da maioria dos alunos são trabalhos de
orquestra. No caso dos professores, existe na biblioteca uma grande quantidade de materiais
sonoros advindos de produção interna dos mesmos, principalmente da área da flauta, que mais
produz material sonoro para a biblioteca. São obras, por exemplo do Professor Elder Parente,
do Professor Sérgio Barrenechea, Professora Laura Rónai, etc.
Já os documentos audiovisuais são compostos por CD ROMs, DVDs, fitas cassete, e
slide. De acordo com a bibliotecária, os documentos sonoros e audiovisuais são os menos
solicitados na biblioteca.
Em se tratando de coleções especiais, elas são formadas por documentos nos mais
variados tipos de suportes. Dentre as coleções especiais adquiridas por doação, tem-se a
coleção de partituras da Professora Vera Janacópolus, do Professor Aloysio de Alencar Pinto
e o comodato da Universidade Karlsruhe. Todas essas coleções estão no suporte papel. Já as
adquiridas através de compra, tem-se os songbooks e uma coleção de partituras oriundas do
conservatório nacional de música. Esse material é de grande importância para a BSCLA, por
que a UNIRIO é a primeira universidade no país a ter um curso de graduação em MPB.
Conforme o relato, esses songbooks são livros que contam a história de grandes nomes do
MPB, como Caetano Veloso, Edu Lobo, Gilberto Gil, Cazuza, e tem partituras de músicas dos
mesmos.
No que diz respeito ao tratamento informacional dos documentos componentes do
acervo da Biblioteca Pernambuco de Oliveira, a bibliotecária informou ser usado como
referência para o tratamento descritivo a base de dados da Universidade de São Paulo (USP),
por ser um padrão nacional. O padrão utilizado pela BSCLA apresenta estrutura semelhante
ao da USP (autor, título, local, etc). A USP, assim como a BSCLA teve os mesmos problemas
relativos aos campos, por não dialogarem com acervo de música. Porém, conseguiram realizar
as adaptações necessárias, usando para tanto um padrão internacional de descrição. Desse
modo, a BSCLA também utiliza um padrão internacional.
A bibliotecária apontou que o tratamento descritivo dos documentos da BSCLA é feito
tanto de forma automatizada como manualmente. Para catalogar as fichas manuais são
utilizados como instrumentos a AACR2, a tabela de Cutter. No processo automatizado, além
45

desses instrumentos é utilizado o formato MARC através do Software Sofia, que apresenta 2
interfaces, uma para o MARC e outra para o AACR2.
Já no tratamento temático ela relatou não utilizar nenhum código de classificação,
como a CDD e CDU. É feita uma localização fixa e interna, pois o acervo já tinha uma
história. Em seguida os documentos são catalogados e organizados por ordem de chegada. Em
relação a indexação dos documentos, foi informado pela mesma que a BSCLA não possui
uma política de indexação e nem instrumentos de vocabulários controlados próprios a fim de
nortear esse processo, mas apoia-se nas diretrizes e modelos utilizados pela USP e pela seção
de iconografia da Biblioteca Nacional, seção criada pela Professora Mercedes Reis Pequeno,
Bibliotecária e Musicista. Nesse processo procura-se utilizar os termos atribuídos pela USP e
pela Biblioteca Nacional em suas indexações. Também se utiliza alguns termos que
dialoguem com os usuários, como palavras que fazem parte do vocabulário dos músicos em
seu dia a dia.
Em relação ao acervo de coleções especiais, a bibliotecária expos que eles recebem um
tratamento diferenciado dos outros documentos, porque sua catalogação é diferente, a maneira
de guarda, o número de classificação é interno, etc. Ela citou como exemplo as partituras
componentes das coleções especiais, que são armazenadas em fichários e recebem uma
numeração interna.
Dentre as dificuldades enfrentadas no tratamento dos documentos musicais, segundo a
bibliotecária, a maior delas é em relação as partituras, como por exemplo, identificar do que
se trata, que tipo de partitura é, etc., por serem constituídas de uma linguagem própria da área
musical. Para enfrentar essa dificuldade, a bibliotecária da BSCLA utiliza como parâmetro as
obras já catalogadas e busca auxílio com alguns professores da Escola de Música. Também no
decorrer da atividade, os profissionais foram aprendendo o mínimo de leitura desse tipo de
material. Outra dificuldade enfrentada é com relação a documentos em outros idiomas,
principalmente alemão e francês. Para tanto, é solicitado a ajuda de um professor da Escola de
Letras para interpretar o conteúdo desse material. A outra dificuldade é em relação ao
software, pois existe a necessidade de se colocar alguns meios de reprodução, mas não existe
campo para atender a essa necessidade e as adaptações do software para ficar do jeito que a
biblioteca precisa é muito caro. De acordo com ela, vai-se adaptando, colocando as
informações no campo nota.
Na seção a seguir será feita uma análise de um documento que compõe o acervo
musical da Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO, fazendo um paralelo
46

entre a metodologia utilizada em seu tratamento informacional e a recomendada na literatura


pesquisa.
47

7 ANÁLISE E DISCUSSÃO

De modo a atender um dos objetivos específicos que é analisar o acervo musical no


âmbito da biblioteca universitária, de forma a comparar com a metodologia utilizada pela
instituição no tratamento informacional dos documentos musicais com aquela recomendada
na literatura pesquisada, empreendeu-se uma análise do processo de tratamento aplicado a um
determinado documento musical e a aplicação da proposta de Blanco (2016) para divisão da
documentação musical, tanto no âmbito biblioteconômico, abordado no cap.4 sobre
documentos musicais.
Para a parte empírica, foi escolhida uma partitura, por ser o documento musical mais
buscado pelos usuários na BSCLA. A partitura selecionada foi a “Dança Brasileira” de M.
Camargo Guarnieri (ver Figura 9), parte integrante da coleção especial da professora Vera
Janacópulos, componente do banco de partituras. Consiste em uma partitura de piano,
conforme pode ser observado na Figura 9. Além disso, conforme o Quadro 1, abordado na
seção 4 sobre documentos musicais, onde a partitura de piano é apresentada no glossário da
AACR2.
Figura 9 - Capa da partitura Dança Brasileira

Fonte: Guarnieri (1948)


48

Outro ponto importante para reconhecer uma partitura de piano, é observar a utilização
das claves de sol e de fá, pois na mesma são executadas ao mesmo tempo (ver Figura 10).

Figura 10 - Partitura de piano da obra Dança Brasileira

Fonte: Guarnieri (1948, p.2)


Procedendo a análise em relação ao tratamento informacional, constatou-se que a
mesma ainda não recebeu um tratamento específico. A partitura “Dança Brasileira” foi
armazenada num catálogo de fichário, sendo descritos apenas alguns elementos temáticos e
físicos mais relevantes capazes de representa-la para fins de organização e recuperação ao ser
depositada no acervo. Mesmo ainda não tendo passado por um processo sistemático de
tratamento informacional, tematicamente ela foi classificada pelo assunto “piano”, sendo
depositada no conjunto de documentos correspondentes a essa divisão. Também recebeu uma
numeração interna (PAR 2489), nesse caso, uma localização fixa, como abordado por Barbosa
49

(1969), na seção 5 sobre acervo musical. Conforme destaca a autora, na localização fixa os
documentos recebem uma numeração interna e são colocados num lugar fixo na estante.
Em relação à indexação, como esse documento ainda não foi tratado tecnicamente, não
foram ainda atribuídos termos indexadores ao mesmo.

Figura 11 - Descrição física da partitura Dança Brasileira no catálogo online do sistema de bibliotecas
da UNIRIO

Fonte: UNIRIO (2019)

No que concerne à catalogação descritiva, mesmo não sendo catalogada


sistematicamente, foram descritos os elementos principais da partitura “Dança Brasileira” a
fim de representá-la no fichário e no catálogo on-line. Observa-se que tais elementos estão em
conformidade com aqueles destacados com a AACR2 (2002) apontados na seção 5 sobre
descrição de obras musicais. Dentre os elementos descritos têm-se: o título da obra, autor,
assunto, publicação, data de publicação, descrição física, tipo da obra, conforme observado na
Figura 11. O documento também é descrito no formato MARC e Dublin Core como pode ser
visto nas Figuras 12 e 13.
50

Figura 12 - Descrição em formato MARC da partitura Dança Brasileira no catálogo online do sistema
de bibliotecas da UNIRIO

Fonte: UNIRIO (2019).

Figura 13 - Descrição em formato Dublin core da partitura Dança Brasileira no catálogo online do
sistema de bibliotecas da UNIRIO

Fonte: UNIRIO (2019).


Com base na observação dos elementos descritos da partitura “Dança Brasileira”, os
formatos MARC e Dublin core são de grande importância no processo de descrição, pois os
mesmos são formatos internacionais para descrição de metadados, aumentando assim a
eficiência no processo de recuperação da informação e facilitando o intercâmbio de dados
entre os sistemas de informação. A própria bibliotecária já havia destacado na seção 6 sobre a
biblioteca, que o software sofia apresenta duas interfaces, uma para o MARC e outra para o
AACR2, não mencionando o Dublin core.
Fazendo uma análise comparativa entre os elementos representados tematicamente e
descritivamente nos catálogos da Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO
com o da Biblioteca Nacional (BN), instituição referência no tratamento informacional dos
51

mais diversos gêneros documentais, inclusive documentação musical, verifica-se uma


semelhança na representação descritiva em vários elementos de descrição e nos metadados
representativos do documento em questão, como pode ser observado nas figuras 11 e 14.
Outro ponto em comum é o catálogo pois a BSCLA utiliza a mesma base da BN, o Sophia.

Figura 14 - Descrição física da partitura dança brasileira no catálogo online da Biblioteca Nacional

Fonte: Biblioteca Nacional (2019).

No âmbito temático constata-se uma diferença na representação. A biblioteca Nacional


classificou o documento com o assunto “música para piano” e a BSCLA somente por “piano”.
Outra diferença é a notação M786.1 da classificação decimal de Dewey atribuída à partitura
pela BN, enquanto a BSCLA atribuiu uma numeração interna. Nesse sentido, a BN utilizou
uma localização relativa e a BSCLA optou por uma localização fixa, devido à história contida
na maior parte dos documentos que compõem seu acervo, conforme visto na seção 6 sobre a
biblioteca.
Observou-se que a descrição feita pela biblioteca da UNIRIO, utilizou todos os
elementos principais de descrição contidos no cap. 5 da AACR2 de 2002 (2° ed), mesmo não
tendo feito ainda um tratamento sistemático no documento analisado. Nesse sentido, a
bibliotecária fez um bom processo de descrição, mesmo com as dificuldades em relação ao
software, apontada na entrevista com a bibliotecária na seção 6, por não ser um software
52

específico para representação dos documentos musicais e sua adaptação para atender a
necessidade de descrição ser muito caro.
Caso a biblioteca consiga no futuro realizar as adaptações de campos, recomenda-se
com base em Cavalcanti (2011) a inclusão dos seguintes campos: Gênero musical, data de
composição, tipologia da partitura, instrumentação, tonalidade principal, formato da partitura,
coleção e série, traços, bibliográficos do autor, entre outros
Analisando essa partitura em conformidade com a proposta de Blanco (2016) para
acervos de bibliotecas, a partitura “Dança Brasileira” se insere no conjunto dos “documentos
bibliográficos” visto estar em formato impresso.
Analisar a partitura com base no trabalho de Blanco (2016) permitiu estabelecer
critérios para analisar um acervo musical, uma vez que suscitou reflexões sobre a necessidade
de uma alfabetização em leitura musical por parte do bibliotecário ao tratar
informacionalmente um documento musical. No caso da BSCLA, a bibliotecária demonstrou
um bom conhecimento a respeito das especificidades relativas a um documento musical.
Mesmo não sendo musicista, a mesma pesquisou informações na área musical com os alunos
e professores dos cursos de música permitindo, assim, realizar uma leitura mais fundamentada
desse tipo de documento. Isso mostra a importância de o profissional da informação sempre
buscar conhecer as especificidades relativas aos tipos de gêneros documentais depositadas no
acervo da biblioteca em que atua.
Outro aspecto apontado por Blanco (2016) foi a dificuldade das bibliotecas e arquivos
definirem o que é um documento musical e reconhecerem a sua existência em seus acervos.
Na Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO constatou-se que a
bibliotecária fez uma análise adequada da partitura de piano “Dança Brasileira”, isso pode ser
observado no assunto “piano” atribuído a mesma em sua classificação e por ter sido
depositada no conjunto de documentos relativos a esse tipo de partitura. Nesse sentido, a
proposta de divisão da documentação musical, no âmbito biblioteconômico, mostra-se um
recurso de grande importância no processo de análise do documento musical.
53

8 CONCLUSÃO

A partir do presente trabalho foi possível verificar que a música é uma área de estudo
abrangente e complexa, se refletindo na dificuldade em conceituá-la, o que se estende também
aos documentos musicais. Várias são as definições existentes para conceituar o que vem a ser
música, conforme apresentado na seção 3.1. Porém, o conceito de música é muito subjetivo,
carregando consigo aspectos culturais e geográficos, o que torna difícil uma definição
universal devido à variedade de significados apresentados pela mesma. No contexto ao qual
esse estudo se insere, para fins de entender e reconhecer o que é um documento musical, a
música pode ser entendida como uma arte que utiliza a combinação dos sons de forma
ordenada, com a finalidade de criar uma obra que possa ser representada através de uma
linguagem, capaz de ser decodificada e seu conteúdo reproduzido.
Esse entendimento sobre a música foi de grande importância para poder estabelecer
uma compreensão sobre o que é e como é formado um documento musical, conforme
abordado na seção 4 sobre documentos musicais. O documento é formalizado quando uma
informação é registrada em um suporte físico, porém, o que vai diferenciar os documentos
musicais dos demais, é justamente a informação contida no mesmo, ou seja, a informação
musical. A informação musical, conforme visto na seção 4, é formada pelos principais
elementos que compõem a música, dentre eles, elementos musicais como: as notações, a
melodia, ritmo, harmonia, contraponto, altura, duração, intensidade, timbre. Essa informação
musical pode ser apresentar na forma escrita (incluindo partituras), sonora e audiovisual.
Nesse sentido, os documentos musicais sonoros, textuais e audiovisuais são os
principais tipos de documentos musicais que compõem um acervo musical. Conforme
abordado na seção 5, sobre acervo musical no âmbito da biblioteca universitária, o mesmo
pode ser entendido como o conjunto de todos os documentos musicais, reunidos com a
finalidade de apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos aos quais ela
atende. Porém, para que os usuários de uma biblioteca universitária com acervo de música
tenham acesso aos documentos que compõem seu acervo é necessário que os mesmos estejam
devidamente organizados e representados, através de um processo de tratamento
informacional que envolve a análise, a classificação e a representação dos mesmos, visando
sua organização, armazenamento e acesso, segundo regras e metodologias pré-estabelecidas.
O processo de tratamento informacional, denominado por Blanco (2016) como “gestão
documental”, é dividido em tratamento temático e descritivo. O tratamento temático
compreendendo as etapas de classificação e indexação e o descritivo, a catalogação. Para
54

auxiliar esses processos, como visto na pesquisa bibliográfica realizada na seção 5, sugere-se
a utilização de alguns instrumentos: na classificação, utiliza-se os sistemas de classificações
bibliográficas; na catalogação, o AACR2 (2002), mais precisamente o capítulo 5, onde são
apresentadas as diretrizes para catalogar obras musicais.
Na parte empírica, realizada na seção 6, tomamos a Biblioteca Setorial do Setorial do
Centro de Letras e Artes da UNIRIO (BSCLA) como objeto de estudo, sendo realizada
entrevista com a bibliotecária responsável pela biblioteca e observação sobre o acervo da
BSCLA, que é bem diversificado, contendo documentos musicais textuais (incluindo
partituras), sonoros e audiovisuais. Constatou-se que os documentos musicais mais buscados
por seus usuários são as partituras. Também se verificou que a biblioteca pesquisada utiliza no
tratamento informacional dos documentos musicais componentes de seu acervo musical as
técnicas recomendadas na literatura estudada na seção 5 sobre acervo musical no âmbito da
biblioteca universitária. A BSCLA consulta o tratamento informacional realizado nos
documentos musicais componentes dos acervos musicais da Biblioteca da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e da Biblioteca Nacional (BN).
Empreendeu-se uma análise do processo de tratamento aplicado a um determinado
documento musical e a aplicação da proposta de Blanco (2016) para divisão da documentação
musical, tanto no âmbito biblioteconômico como no arquivístico, abordado na seção 4 sobre
documentos musicais.
Ao analisar a partitura “Dança brasileira” de M. Camargo Guarnieri, realizada na
seção 7, constatou-se que a bibliotecária fez uma análise adequada desse documento musical,
podendo isso ser observado no assunto “piano” atribuído à partitura em sua classificação e por
ter sido depositada no conjunto de documentos relativos a partitura de piano. Também pode
ser visto nessa análise que a proposta de divisão da documentação musical proposta por
Blanco (2016), no âmbito biblioteconômico, consiste em um recurso de grande importância
no processo de análise do documento musical.
Assim sendo, a partir do exposto, conclui ser de fundamental importância o
bibliotecário conhecer as especificidades dos documentos contidos nos acervos das
bibliotecas em que atuam de modo a realizar um tratamento informacional adequado desses
documentos, pois uma representação eficiente resultará em melhores resultados no processo
de recuperação do documento e da informação contida no mesmo.
55

REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação: referências: elaboração. 2° ed. Rio de Janeiro, 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12676: métodos para
análise de documentos: determinação de seus assuntos e seleção de termos de indexação Rio
de Janeiro, 1992.
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de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005.
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Janeiro: Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, 1969. 441 p. (Obras Didáticas;
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59

APÊNDICE A: ROTEIRO DA ENTREVISTA

1) Qual o Histórico da biblioteca setorial do centro de letras e artes?


2) Como é composta a equipe que atua na biblioteca?
3) Quais cursos ela atende?
4) Atende que tipo de público?
5) Como é composto o acervo da biblioteca?
6) Como se dá o processo de aquisição e seleção desses materiais?
7) Quais são as principais características e especificidades dos documentos musicais que
compõe o acervo?
8) Existem coleções especiais? Se sim, poderia falar um pouco sobre elas?
9) Existe seção de obras raras? Caso existam, poderia falar um pouco sobre elas?
10) Como é feito o tratamento temático e descritivo dos documentos que compõem o acervo?
Usa algum padrão ou modelo internacional na descrição de documentos musicais?
11) Em relação as coleções especiais e as obras raras existem um processo diferenciado em
seu tratamento?
12) Quais as principais dificuldades enfrentadas no processo de tratamento dos documentos
musicais?
60

APÊNDICE B: CONCEITOS IMPORTANTES DA ÁREA ARQUIVÍSTICA

Gênero documental “Espécies documentais que se assemelham


por seus caracteres essenciais,
particularmente o suporte e o formato, e que
exigem processamento técnico específico e,
por vezes, mediação técnica para acesso (1),
como documentos audiovisuais, documentos
bibliográficos, documentos cartográficos,
documentos eletrônicos, documentos
filmográficos, documentos iconográficos,
documentos micrográficos, documentos
textuais” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.
99)

Espécie documental “Divisão de gênero documental que reúne


tipos documentais por seu formato. São
exemplos de espécies documentais ata, carta,
decreto, disco, filme (2), folheto, fotografia,
memorando, ofício, planta, relatório.”
(ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 85)

Tipo documental “Divisão de espécie documental que reúne


documentos por suas características comuns
no que diz respeito à fórmula diplomática,
natureza de conteúdo ou técnica do registro.
São exemplos de tipos documentais cartas
precatórias, cartas régias, cartas-patentes,
decretos sem número, decretos-leis, decretos
legislativos, daguerreótipos, litogravuras,
serigrafias, xilogravuras.” (ARQUIVO
NACIONAL, 2005, p. 163)

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