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NITERÓI
2019
DIEGO RODRIGUES FIGUEIREDO
Niterói
2019
Catalogado pelo autor
CDD 0.25
DIEGO RODRIGUES FIGUEIREDO
APROVADO EM: / /
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profª Drª Joice Cleide Cardoso Ennes de Souza
Universidade Federal Fluminense
Orientadora
______________________________________________
Profª Drª Elisabete Gonçalves de Souza
Universidade Federal Fluminense
______________________________________________
Profª Drª Michely Jabala Mamede Vogel
Universidade Federal Fluminense
Niterói
2019
Dedico este trabalho a Deus, minha família, amigos e professores.
AGRADECIMENTOS
The work seeks to provide knowledge about the musical document in order to provide support
to the library professionals analyze and give the most appropriate treatment for this type of
document. The general objective is to identify the musical documentary genres that can be
deposited in a university library with music collections and to indicate which criteria should
be used to classify a document as musical. The specifics objectives are to conceptualize
musical document, explaining its characteristics; present the types of existing musical
documents genres; analyze the musical collection within the scope of the university library;
compare the methodology used by the institution researched in the informational treatment of
the documents that compose its musical collection with that recommended in the researched
literature. It is a research of a basic nature, with a qualitative approach, with descriptive
objectives and carried out through bibliographical research and field study. From the analysis
of a piano score of the collection of the Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da
UNIRIO, it was verified a minimum knowledge on the part of the Library management of the
specificities relative to a musical document and how this positively impacted in the
informational treatment of the same. It concludes that it is of fundamental importance for the
librarian to know the specificities of the documents contained in the collections of the
libraries in which they act in order to carry out an adequate informational treatment of these
documents, since efficient representation will result in better results in the process of
retrieving the document and the information contained in the same.
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 15
2 MÚSICA................................................................................................................ 17
2.1 O QUE É MÚSICA?.............................................................................................. 18
2.2 ELEMENTOS DA MÚSICA................................................................................. 19
2.3 ESCRITA MUSICAL............................................................................................ 20
3 DOCUMENTO MUSICAL................................................................................. 26
4 ACERVO MUSICAL NO CONTEXTO DA BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA................................................................................................ 31
5 METODOLOGIA................................................................................................. 37
6 BIBLIOTECA SETORIAL DO CENTRO DE LETRAS E ARTES DA
UNIRIO (BIBLIOTECA PERNAMBUCO DE OLIVEIRA............................ 40
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO................................................................................... 47
8 CONCLUSÃO....................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 55
APÊNDICE A: ROTEIRO DA ENTREVISTA................................................. 59
APÊNDICE B: CONCEITOS IMPORTANTES DA ÁREA 60
ARQUIVÍSTICA..................................................................................................
15
1 INTRODUÇÃO
O ato de ouvir e interagir com a música é algo comum a maioria das pessoas, porém
são poucos aqueles os que detêm um conhecimento acerca da área de estudos musicais. A
música é uma área de conhecimento muito abrangente, possuindo características próprias
inerentes somente a mesma, como uma linguagem própria chamada notação musical e
também interagindo ao mesmo tempo com outros campos do conhecimento, como a
matemática, artes, pedagogia, psicologia, física, etc. Assim como toda área de conhecimento,
a música produz informações resultantes das pesquisas e das obras musicais produzidas por
músicos. Essas informações, chamadas por diversos autores de informação musical, serão
registradas em um suporte físico, o que irá resultar em um documento musical.
Dentro desse contexto temos o profissional bibliotecário. Esse profissional será o
responsável pela Gestão da documentação musical de uma biblioteca com acervo musical. No
Brasil, o bibliotecário não é um especialista em uma determinada área do conhecimento, ele é
um profissional multidisciplinar, recebendo uma formação que o permite atuar em todos os
acervos. Assim sendo, caso o bibliotecário vier a atuar em uma biblioteca com acervo de
música e não ter o conhecimento específico para realizar uma leitura de um documento
musical, o mesmo deve buscar suprir essa falta de conhecimento da área musical com
profissionais da área da música, em livros didáticos de ensino de música, em obras de
referência, como dicionários especializados da área musical, etc.
Desse modo, essa pesquisa se propõe a proporcionar um maior conhecimento acerca
do gênero documentos musicais, afim de fornecer subsídios para os profissionais
bibliotecários sem conhecimento musical ou sem experiência com esse tipo de acervo possam
realizar uma melhor leitura de um documento musical, permitindo assim um tratamento mais
adequado do mesmo. Para isso, será realizado um mapeamento de um acervo musical de uma
biblioteca universitária. Para compor essa mostra será tomado como objeto de estudo a
Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO. Para tanto, esse estudo será
permeado pelo seguinte problema: Quais gêneros documentais musicais podem ser
localizados em uma biblioteca universitária com acervo de música e quais atributos devem ser
considerados para classificar um documento como musical?
Para Barros (2012, p.22), “A análise documental da informação musical para sua
representação apresenta complexidades, pois exige diferentes técnicas de extração de
informações para distintas formas de representação.” Assim sendo, esse estudo se justifica
pela necessidade de estudar as peculiaridades relativas a este tipo de documento, a fim de
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2 MÚSICA
Na civilização oriental a música era utilizada na maioria das vezes em sua forma
rítmica, sendo que em algumas culturas dentro da mesma também era muito usada a forma
melódica. Já na cultura ocidental, destaque para as formas harmônicas, melódicas, harmônica
e melódicas, principalmente na música erudita, como destaca Moraes (1983, p.92-93). Porém,
esse cenário já não é o mesmo no mundo contemporâneo, pois, com o fenômeno da
globalização houve um grande intercâmbio entre as culturas, permitindo uma mescla de
estilos de culturas, com isso afetando também as formas como a música é formada.
Cabe ressaltar que no mundo ocidental a música nasce com um caráter de devoção, e
na idade média passa a ser tratada como uma ciência exata. Nesse sentido, Barros (2012, p.43-
44 apud MOREIRA; MASSARANI, 2007) destaca que “na idade média e no Renascimento a
música era ligada à matemática, sendo uma das matérias, que constituía o quadrivium:
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Existem diversas definições sobre o que venha a ser música, apresentada por vários
autores, teóricos e especialistas da área, o que é uma tarefa muito difícil diante de sua
complexidade. Na literatura brasileira, destaque para Bucher, Med e Priolli, pois conceituam-
na de forma concisa, com clareza e sem discrepância entre si.
Bucher (2003, p.9) define a música como “uma arte fundamentada na combinação de
sons de forma proporcional, equilibrada e que obedece a determinada ordem”.
Med (1996, p.11) a define como “a arte de combinar os sons simultânea e
sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção.”
Para Priolli (2006, p.6) “a música é a arte dos sons, combinados de acordo com as
variações da altura, proporcionados segundo a sua duração e ordenados sob leis estéticas.”
Diante dessa perspectiva, a música pode ser entendida como uma arte que utiliza a
combinação dos sons de forma ordenada, com a finalidade de criar uma obra passível de ser
representada através de uma linguagem, capaz de ser decodificada e seu conteúdo
reproduzido. No entanto, assim como em outras artes, como por exemplo, as artes plásticas, o
cinema, a poesia, o teatro, etc., a música necessita de algumas habilidades mínimas por parte
de quem for praticá-la, tais como sensibilidade, criatividade e imaginação, sem isso não é
possível que a mesma possa ser executada com perfeição.
Mesmo essa linha de pensamento sobre o que é música, ser a mais utilizada e a mais
difundida, ela é muito restritiva, pois a mesma apresenta uma dimensão muito mais ampla do
que os conceitos anteriormente apresentados. Observa-se muita subjetividade no conceito de
música, pois carrega consigo aspectos culturais e geográficos, tornando-se assim, difícil
defini-la dada a variedade de significados apresentados pela música. Nesse sentido, Barros
(2012, p.15) afirma que: “Cada cultura possui características musicais próprias e variáveis,
percepções rítmicas e instrumentais diferentes, bem como distintos entendimentos do papel
social da música.”
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Sendo assim, diante dessa problemática, a definição apresentada por Schafer (1991, p.
35 apud JÚNIOR 2010, p.29), onde conceitua música como sendo “uma organização de sons
(ritmo, melodia, etc) com a intenção de ser ouvida”, é a que parece abarcar melhor a
variedade de significados existentes no termo música.
Para Priolli (2006, p.6) a música só pode expressar um sentido completo com a
combinação de três elementos: a melodia, ritmo e harmonia. Porém, ela também aponta que a
melodia e o ritmo combinados já expressam algum sentido.
Ainda, segundo a autora, a música pode ser dividida e estruturada em três partes:
melodia, harmonia e ritmo, sendo conforme visto anteriormente, quando combinados, esses
elementos dão sentido ao som produzido (PRIOLLI, 2006, p.6). Todavia, Med (1996, p.11)
apresenta um quarto elemento, o contraponto, mas não expõe a necessidade da combinação
desse elemento com os demais para que o som produzido venha a apresentar sentido.
A melodia, segundo Priolli (2006, p.6), “consiste na sucessão dos sons formando
sentido musical.” Essa sucessão de sons é a base substancial da música, tornando fácil ao
ouvinte discernir qual música está sendo executada apenas ouvindo a melodia.
O ritmo, para Priolli (2006, p.6), “é o movimento dos sons regulados pela sua maior
ou menor duração.” O ritmo determina a duração de cada som e a duração do intervalo na
música. Podendo ser com uma batida constante ou variável, sucinta ou duradoura, bem como
acentuada ou mais suave, todos esses aspectos vão depender da pretensão a qual se deseja
alcançar na música.
A harmonia, de acordo com Priolli (2006, p.6), “consiste na execução de vários sons
ouvidos ao mesmo tempo, observadas as leis que regem os agrupamentos dos sons
simultâneos.” A harmonia estabelece a estrutura e a ordem dos acordes na música, com a
pretensão de transmitir ao ouvinte uma sequência sonora agradável.
O contraponto, segundo Med (1996, p.11), é o “conjunto de melodias dispostas em
ordem simultânea [...]”. Diferentemente da harmonia, escrita numa linha principal e outras
secundárias, tendo por objetivo sustentar a linha principal, o mesmo não ocorre no
contraponto. Nele as melodias se alternam entre si e formam harmonias com notas isoladas.
Nesse sentido, o contraponto pode ser entendido como uma técnica de criar duas ou mais
linhas melódicas dispostas em ordem simultânea. O contraponto está associado com a
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harmonia, aos intervalos e a condução das vozes, sendo usado principalmente na música
erudita.
Cabe ressaltar que devido a complexidade apresentada pela música, ou seja, todo o
caráter subjetivo em torno da mesma, como os aspectos culturais, geográficos, etc, fica difícil
afirmar categoricamente, conforme Priolli (2006) que ela só expressa um sentido completo,
quando seus elementos constitutivos são combinados simultaneamente. É possível observar
em muitas culturas, a música feita apenas a partir do ritmo ou da melodia, adquirindo um
sentido completo dentro da sociedade a qual se insere. Porém, na cultura ocidental devido ao
modo como ela é representada, a afirmação da autora faz todo o sentido. De acordo com
Moraes (1983), na civilização ocidental a música passou por profundas mudanças, tendo uma
faixa da atividade musical intelectualizando-se ao extremo, essa faixa é conhecida no Brasil
por música clássica ou erudita. Ainda, segundo o referido autor, a música erudita foi
responsável pela criação de um tipo de sistema de representação gráfica, as chamadas
notações musicais e por um tipo de escuta especificamente seu e no qual se assenta toda a
linha teórico metodológica da obra de Priolli (2006), justificando assim sua afirmação.
Segundo Bucher (2003, p.13) “A escrita musical é um tipo de linguagem que deve
transmitir uma ideia ou um pensamento. Quanto mais corretamente ela for feita, mais
claramente ela será entendida e executada.”
Nesse sentido temos a notação musical, um sistema de linguagem composto por
diversos símbolos gráficos, utilizado na música escrita com o objetivo de representar o
conteúdo musical que será transmitido através do som. Na música erudita é utilizado um
sistema de notação de partituras (ver Figura 1), modelo representacional, escrito através de
uma linguagem padronizada composta por sinais gráficos no qual é descrito a altura, a
duração, a intensidade, o timbre e a maneira como deverá ser executada uma determinada
obra musical.
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apenas ouvida, mas também escrita e se desenvolve junto com o processo evolutivo da própria
música. Os elementos gráficos através do qual essa notação é estruturada são as pautas, as
notas e as claves, que visam representar os aspectos relacionados ao som, como a altura, a
duração, a intensidade e o timbre.
A pauta consiste na reunião de 5 linhas horizontais paralelas, ou seja, uma ao lado da
outra, contendo a mesma distância, com a finalidade de abrigar a escrita musical. A pauta é
composta por 5 linhas e 4 espaços, ambos sendo contados de baixo para cima. São nessas
linhas e espaços que são inseridas as notas musicais.
3 DOCUMENTO MUSICAL
Quadro 1 – Tipos de partituras musicais apresentadas pelo glossário da AACR (2° edição) e
com definições da mesma e do dicionário Groove de música de Sadie (1994)
fixas ou móveis, bem como registros sonoros em qualquer suporte, e que exige equipamento
apropriado para ser visualizado ou executado”.
Os registros audiovisuais podem ser representados através dos formatos MP4, AVI,
3GP, WMV, podendo ser armazenados em CD ROM, DVD, Blue Ray, fitas de vídeo, filme
de rolo, entre outros, conforme ensina Matos (2007, p.20-21).
É importante ressaltar que pela linguagem musical ser muito exata e qualquer tipo de
emoção vir da sua execução, uma mesma partitura, pode ser interpretada de diversas maneiras
por músicos diferentes. Como essa emoção é difícil de ser transcrita, o que resta é trabalhar
naquilo que é possível ser representado e organizado: partituras, discos, faixas de música,
vídeos de apresentações, etc. São essas espécies documentais que serão objeto dos estudos
biblioteconômicos em gestão de acervos com documentos musicais. Porém, esses estudos não
se restringem somente a biblioteconomia, mas a Ciência da informação como um todo,
incluindo a Arquivologia e a Museologia.
A partir do momento em que são criados os modelos formais de representação da
informação musical, as chamada notações musicais, linguagem própria de representação na
área da música, desenvolvida para comunicação entre seus pares e de outros meios de
suportes onde a música escrita ( seja ela em sua linguagem documental própria, seja em
linguagem natural, como as letras das músicas, por exemplo) ou audível poderem ser
registradas, surge a necessidade do uso de técnicas específicas para organizar e recuperar esse
tipo de informação em seus mais diferentes suportes, Barros (2012, p.17). Dentro desse
contexto e também com os estudos na área da Ciência da Informação com foco na
representação e recuperação da informação, surge a necessidade de estudos voltados para o
tratamento desse tipo de informação.
Conforme destaca Cruz (2008, p. 281), os documentos musicais em suas mais variadas
formas são muito requisitados e a música é uma expressão de arte, que para ser considerada
como informação precisa ter suas dimensões complexas mapeadas. Com isso, pode-se
perceber as várias dimensões assumidas pela música, principalmente como arte, mas também
como produto informacional.
De acordo com Blanco (2016, p.78) a informação musical pode se apresentar em duas
formas: na dimensão fenomenológica, como sonora ou audiovisual) ou dimensão semiológica,
como as notações musicais. Essa primeira distinção é de grande importância para entender a
divisão proposta pelo autor em relação a documentação musical.
No âmbito biblioteconômico Blanco (2016, p. 75), divide a documentação musical em
dois grandes conjuntos: “documentos musicais bibliográficos” e os “documentos musicais não
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Para Cunha e Cavalcanti (2008, p.53) biblioteca universitária é aquela “[...] mantida
por uma instituição de ensino superior e que atende às necessidades de informação dos corpos
docente, discente e administrativo, tanto para apoiar as atividades de ensino, quanto de
pesquisa e extensão”.
A partir dessa definição e com base em Reis (2008, p.56-57) é possível afirmar que
uma biblioteca universitária com acervo de música por estar inserida num contexto
acadêmico, terá como finalidade servir de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão
universitária dos cursos de graduação e pós-graduação em música aos quais ela atende.
Segundo Otlet (1989 apud CARVALHO; NUNES, 2016, p.179) esse tipo de
biblioteca tem como público alvo estudantes, professores, especialistas e pesquisadores. Nesse
sentido uma biblioteca universitária com acervo de música será o local físico ou virtual onde
estarão armazenadas e organizadas informações musicais nos mais diversos tipos de suportes,
com o objetivo de atender as demandas informacionais desse perfil de usuários.
Ferreira (1990) aponta que a biblioteca universitária pode ser setorial, central ou
departamental. Para o referido autor a biblioteca setorial “é um tipo de biblioteca
universitária que serve centros, institutos, escolas ou cursos da universidade.” Já uma
biblioteca central “é a biblioteca ou órgão que centraliza ou coordena, de direito ou de fato, as
atividades biblioteconômicas e documentárias da universidade.” E a biblioteca departamental
“é a coleção existente nos departamentos das unidades de ensino.” Desse modo uma
biblioteca universitária que atende um curso de música pode ser setorial, central ou
departamental, atendendo as demandas informacionais de determinados cursos ou apenas dos
cursos de música, neste caso as bibliotecas setoriais ou departamentais.
O acervo desse tipo de biblioteca pode ser composto por livros, periódicos, partituras,
CDs, DVDs, etc. Por ser uma biblioteca universitária, seu acervo também será composto por
monografias, teses e dissertações, pois ela será o local onde ficarão armazenadas todas as
produções acadêmicas da universidade, em relação aos cursos de música que atende. Segundo
Cunha e Cavalcanti (2008, p.2) acervo é o “Conjunto de documentos conservados para o
atendimento das finalidades de uma biblioteca: informação, pesquisa, educação e recreação;
fundo documentário, fundos de biblioteca”.
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Desse modo, um acervo musical de uma biblioteca universitária, pode ser entendido,
como o conjunto de todos os documentos musicais, reunidos com a finalidade de apoiar as
atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos aos quais ela atende.
A aquisição dos materiais que vão compor esse acervo pode ocorrer através de
compra, doação e permuta. Para tanto, é necessário observar alguns critérios. É recomendável
que haja uma política de seleção, em um documento formal a fim de nortear esse processo de
seleção, ou seja, a escolha dos materiais a serem adquiridos. Isso é fundamental para que a
escolha desses materiais venha ser feita com eficiência e eficácia, e assim, consequentemente
esse acervo estar em consonância com a demanda informacional desse perfil de usuário.
(CRUZ; MENDES; WEITZEL, 2009, p.15)
Para os usuários da biblioteca universitária terem acesso aos documentos que
compõem seu acervo, é necessário eles estarem devidamente organizados e representados,
através de um processo de tratamento informacional que envolve a análise, a classificação e a
representação dos mesmos, visando sua organização, armazenamento e acesso, segundo
regras e metodologias pré-estabelecidas.
Todo esse processo de tratamento informacional, denominado por Blanco (2016, p.76)
como gestão documental, é dividido, conforme aponta Dias e Naves (2007, p.9) em
tratamento temático e tratamento descritivo. O tratamento temático é um processo em que se
analisa o conteúdo temático do documento com o objetivo de determinar e posteriormente
extrair o assunto contido no mesmo para poder representar seu conteúdo intelectual. Já o
Tratamento descritivo é um processo em que se analisa os atributos físicos do documento com
o objetivo de extraí-los e posteriormente representá-los juntamente com o assunto.
Conforme pode ser observado, o processo de análise é o primeiro passo para se
proceder ao tratamento do documento. Para fins temáticos, esse processo de análise é
denominado por Dias e Naves (2007, p.9) de análise de assunto. Para os autores “A análise
de assunto é o processo de ler um documento para extrair conceitos que traduzam a essência
de seu conteúdo”. Já para fins descritivos, esse processo de análise é denominado por Cruz
(1991, p.17) de leitura técnica. Segundo a autora “Ler um livro tecnicamente, para fins de
catalogação, consiste em estudar as partes que auxiliam na compreensão do texto que ele
abrange”. Porém, mesmo esse termo se limitando somente a livros, ele pode ser estendido
para documentos em outros formatos. Assim sendo, o processo de análise, tanto com fins
temáticos como descritivos, pode ser considerada a etapa mais importante do tratamento
informacional, pois a qualidade e a consistência nas representações temáticas e descritivas
dependerão de um bom processo de análise.
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Para auxiliar nesse processo de descrição física, tem-se como instrumento a AACR2
(2002) que em seu capítulo 5 traz diretrizes para catalogar obras musicais
No que concerne aos tipos de usuários e suas necessidades informacionais, no que diz
respeito à informação musical, tudo vai depender do tipo de biblioteca e público a que se
destina. No caso da biblioteca universitária que atende cursos de ensino superior em música,
os perfis dos usuários são em sua maioria graduandos, pesquisadores e professores. Entre os
graduandos temos dois tipos de usuários: instrumentistas e regentes. Os instrumentistas terão
como necessidades, livros de teoria, partituras, CDs e DVDs de instrumentais. Os graduandos
em regência, pesquisadores e professores terão como necessidades, além dos materiais
citados, livros sobre a história da música, periódicos, teses e dissertações, discos, obras de
referência, etc. Cabe ressaltar que, mesmo com o desenvolvimento das tecnologias da
informação e com isso o surgimento dos mais diversos tipos de suportes para armazenar
informações, as partituras impressas são as preferidas e mais usadas pelos músicos, devido à
facilidade de seu manuseio para a execução de uma obra musical.
Após a exposição do referencial teórico nas seções 2, 3 e 4, será apresentado na
próxima seção o percurso metodológico para realização desta pesquisa.
37
5 METODOLOGIA
Sob o ponto de vista de sua natureza, a presente pesquisa é de natureza básica, pois
objetiva produzir novos conhecimentos no tocante à documentação musical e seu tratamento
informacional, como ensina Silva e Menezes (2001, p.20).
Em relação à abordagem, foi feita uma pesquisa qualitativa, visto que a Biblioteca
Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO foi a instituição escolhida para a coleta dos
dados necessários para realização da pesquisa, exigindo a análise, conforme destaca Silva e
Menezes (2001, p. 20).
Sinaliza Santaella (2001, p.143-144), que as pesquisas não quantitativas originam-se
da observação, coleta de dados, da análise dos dados coletados e da interpretação do
pesquisador.
Quanto ao objetivo, o estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Como nos
esclarece Gil:
São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas
características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de
coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática (GIL, 2002,
p.42).
UNIRIO
1
As informações relativas à UNIRIO, nos parágrafos 1°, 2°, 3° 4, foram elaboradas com base em informações
colhidas no site institucional www.unirio.br, além daquelas já coletadas na entrevista. Em relação as informações
concernentes a biblioteca, a principal fonte de informação foi a entrevista, mas também foram utilizadas
informações coletadas na observação do ambiente informacional e outras consultadas no referido site.
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com normatização, pesquisa, ou seja, por um serviço oferecido pela biblioteca ou pelo sistema
de bibliotecas.
A equipe que atua na biblioteca é composta atualmente por 6 pessoas, sendo 1
bibliotecária, 2 técnicos administrativos, 2 estagiários e 1 bolsista do CLA. A bibliotecária
Bárbara Alessandra Ribeiro de Miranda Lima, mestre em Educação, é a responsável pela
biblioteca. Os técnicos administrativos trabalham na fonoteca. O técnico administrativo
Miguel Luiz é um dos responsáveis pela manutenção e crescimento do banco de peças. A
Alexandra Marcolino é responsável pelo atendimento e no auxílio das tarefas de catalogação.
Os estagiários de Biblioteconomia auxiliam exclusivamente no acervo de partituras de música
e o bolsista auxilia nas atividades de pesquisa no acervo de peças teatrais.
A bibliotecária também contou que a Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes é
criada quando o Serviço Nacional de Teatro passa a integrar a UNIRIO com todo seu acervo,
como curso de nível superior em graduação e posteriormente em pós-graduação. A mesma
não funcionava nas dependências da Biblioteca Central, mas no prédio do CLA. A Biblioteca
Pernambuco de Oliveira, não era inicialmente pertencente ao CLA, pois as bibliotecas
componentes atualmente da Biblioteca Central eram setorizadas, atendendo cada uma sua
Escola.
O Centro de Letras e Artes de acordo com ela, começa inicialmente com o Curso de
Teatro e com o Curso de Música, vindo oriundo do Conservatório Nacional Heitor Villa
Lobos. Por volta de 40 anos atrás, surge na UNIRIO a ideia de biblioteca central. Essa ideia
de uma biblioteca central dentro da Universidade fez com que se reunisse o acervo de Teatro
e Música, surgindo assim a Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes. O acervo do curso
de Letras passou a compor o acervo somente anos mais tarde, por ser um curso recente (cerca
de 8 anos atrás)
Segundo o relato, depois da criação da Biblioteca Central, as bibliotecas setoriais
vieram todas para as dependências da mesma, trazendo consigo todo o acervo pertencente a
Escola de Teatro e da Escola Nacional de Música. Com o tempo, a Biblioteca Central foi
crescendo e isso foi mudando sua dinâmica, pois veio a Biblioteca do CLA que dividia o
espaço do 1° andar com a Biblioteca do Centro de Ciências Humanas (CCH), sendo o
segundo andar livre. Nesse período já existia a sala de fonoteca, onde ficava o banco de peças
e o banco de partituras, também vindo juntos. De acordo com a bibliotecária, o acervo da
BSCLA é muito mais antigo do que é datado, não existindo uma data precisa de sua
formação, por ser oriundo de grandes escolas, como a Escola Nacional de Teatro e o
Conservatório de Música, antes Escola Nacional de Música. Foram encontrados na biblioteca
43
obras do início de 1800. Essas e outras obras antigas foram encontradas no acervo, porque
houve muita doação pessoal de professor. Dessa forma o acervo foi se constituindo até tomar
a forma como é conhecido atualmente.
Assim, desse modo verifica-se que o acervo da Biblioteca Setorial do Centro de Letras
e Artes é um acervo anterior ao Centro de Letras e Artes e até mesmo a ideia de biblioteca
central, ou seja, é um acervo que já veio pronto e foi crescendo à medida que a Universidade
ia se expandindo. Nesse sentido a BSCLA e seu acervo refletem a construção da
Universidade, pois eles acompanham o crescimento da mesma. Isso pode ser percebido nos
livros que compõem o acervo.
O acervo da biblioteca é dividido da seguinte forma: O acervo de uso contínuo, mais
voltado para bibliografia básica e bibliografia complementar, que é a função da biblioteca
universitária. O acervo histórico, composto pelas obras mais antigas da BSCLA. E o acervo
especial composto pelo banco de partituras, coleção de vinil, coleção de programas de teatro,
programas de concerto e o acervo da professora Vera Janacopulos.
O acervo da biblioteca é bem diversificado, tendo documentos sonoros, textuais e
audiovisuais. Ele é composto por livros, teses, dissertações, periódicos, CDs, DVDs, vinis,
partitura, etc. Grande destaque para os periódicos de teatro e música, principalmente os de
música. Em relação ao vinil são uma coleção de 8.000 vinis ainda não tratada. As partituras
são mais de 6.750 partituras sendo tratadas. Além do acervo com suportes convencionais,
existem também as bases de dados que são oferecidas pela Biblioteca Central e pela
Universidade e são utilizadas pela biblioteca.
Os documentos textuais impressos ou digitais da biblioteca são divididos em obras
gerais e obras de referência. As obras gerais são livros de história da música, história do jazz,
história da criação, história da percussão, contemporânea, etc. As obras de referência são
dicionários de referência, grande destaque para o groove, impresso e on-line. Existe um
acervo impresso muito grande do comodato, chamado Calouche. A bibliotecária também
informou que a biblioteca recebe muito material do artes capes sobre música, materiais
modernos e atuais, de profissionais que estão produzindo na área de música.
No que concerne as partituras, a BSCLA não dispõe de partituras digitalizadas, por
esbarrar na lei de direitos autorais. Mas dispõe de um acervo de partituras impressas do
professor Aloísio de Alencar e um projeto da Professora Maria Tereza que digitaliza, para
salva guarda, algumas partituras nacionais do século passado e disponibiliza cópias para a
biblioteca. A biblioteca também oferece partituras em formato digital, fornecidas pela
Biblioteca Central e pela universidade através de suas bases.
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desses instrumentos é utilizado o formato MARC através do Software Sofia, que apresenta 2
interfaces, uma para o MARC e outra para o AACR2.
Já no tratamento temático ela relatou não utilizar nenhum código de classificação,
como a CDD e CDU. É feita uma localização fixa e interna, pois o acervo já tinha uma
história. Em seguida os documentos são catalogados e organizados por ordem de chegada. Em
relação a indexação dos documentos, foi informado pela mesma que a BSCLA não possui
uma política de indexação e nem instrumentos de vocabulários controlados próprios a fim de
nortear esse processo, mas apoia-se nas diretrizes e modelos utilizados pela USP e pela seção
de iconografia da Biblioteca Nacional, seção criada pela Professora Mercedes Reis Pequeno,
Bibliotecária e Musicista. Nesse processo procura-se utilizar os termos atribuídos pela USP e
pela Biblioteca Nacional em suas indexações. Também se utiliza alguns termos que
dialoguem com os usuários, como palavras que fazem parte do vocabulário dos músicos em
seu dia a dia.
Em relação ao acervo de coleções especiais, a bibliotecária expos que eles recebem um
tratamento diferenciado dos outros documentos, porque sua catalogação é diferente, a maneira
de guarda, o número de classificação é interno, etc. Ela citou como exemplo as partituras
componentes das coleções especiais, que são armazenadas em fichários e recebem uma
numeração interna.
Dentre as dificuldades enfrentadas no tratamento dos documentos musicais, segundo a
bibliotecária, a maior delas é em relação as partituras, como por exemplo, identificar do que
se trata, que tipo de partitura é, etc., por serem constituídas de uma linguagem própria da área
musical. Para enfrentar essa dificuldade, a bibliotecária da BSCLA utiliza como parâmetro as
obras já catalogadas e busca auxílio com alguns professores da Escola de Música. Também no
decorrer da atividade, os profissionais foram aprendendo o mínimo de leitura desse tipo de
material. Outra dificuldade enfrentada é com relação a documentos em outros idiomas,
principalmente alemão e francês. Para tanto, é solicitado a ajuda de um professor da Escola de
Letras para interpretar o conteúdo desse material. A outra dificuldade é em relação ao
software, pois existe a necessidade de se colocar alguns meios de reprodução, mas não existe
campo para atender a essa necessidade e as adaptações do software para ficar do jeito que a
biblioteca precisa é muito caro. De acordo com ela, vai-se adaptando, colocando as
informações no campo nota.
Na seção a seguir será feita uma análise de um documento que compõe o acervo
musical da Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO, fazendo um paralelo
46
7 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Outro ponto importante para reconhecer uma partitura de piano, é observar a utilização
das claves de sol e de fá, pois na mesma são executadas ao mesmo tempo (ver Figura 10).
(1969), na seção 5 sobre acervo musical. Conforme destaca a autora, na localização fixa os
documentos recebem uma numeração interna e são colocados num lugar fixo na estante.
Em relação à indexação, como esse documento ainda não foi tratado tecnicamente, não
foram ainda atribuídos termos indexadores ao mesmo.
Figura 11 - Descrição física da partitura Dança Brasileira no catálogo online do sistema de bibliotecas
da UNIRIO
Figura 12 - Descrição em formato MARC da partitura Dança Brasileira no catálogo online do sistema
de bibliotecas da UNIRIO
Figura 13 - Descrição em formato Dublin core da partitura Dança Brasileira no catálogo online do
sistema de bibliotecas da UNIRIO
Figura 14 - Descrição física da partitura dança brasileira no catálogo online da Biblioteca Nacional
específico para representação dos documentos musicais e sua adaptação para atender a
necessidade de descrição ser muito caro.
Caso a biblioteca consiga no futuro realizar as adaptações de campos, recomenda-se
com base em Cavalcanti (2011) a inclusão dos seguintes campos: Gênero musical, data de
composição, tipologia da partitura, instrumentação, tonalidade principal, formato da partitura,
coleção e série, traços, bibliográficos do autor, entre outros
Analisando essa partitura em conformidade com a proposta de Blanco (2016) para
acervos de bibliotecas, a partitura “Dança Brasileira” se insere no conjunto dos “documentos
bibliográficos” visto estar em formato impresso.
Analisar a partitura com base no trabalho de Blanco (2016) permitiu estabelecer
critérios para analisar um acervo musical, uma vez que suscitou reflexões sobre a necessidade
de uma alfabetização em leitura musical por parte do bibliotecário ao tratar
informacionalmente um documento musical. No caso da BSCLA, a bibliotecária demonstrou
um bom conhecimento a respeito das especificidades relativas a um documento musical.
Mesmo não sendo musicista, a mesma pesquisou informações na área musical com os alunos
e professores dos cursos de música permitindo, assim, realizar uma leitura mais fundamentada
desse tipo de documento. Isso mostra a importância de o profissional da informação sempre
buscar conhecer as especificidades relativas aos tipos de gêneros documentais depositadas no
acervo da biblioteca em que atua.
Outro aspecto apontado por Blanco (2016) foi a dificuldade das bibliotecas e arquivos
definirem o que é um documento musical e reconhecerem a sua existência em seus acervos.
Na Biblioteca Setorial do Centro de Letras e Artes da UNIRIO constatou-se que a
bibliotecária fez uma análise adequada da partitura de piano “Dança Brasileira”, isso pode ser
observado no assunto “piano” atribuído a mesma em sua classificação e por ter sido
depositada no conjunto de documentos relativos a esse tipo de partitura. Nesse sentido, a
proposta de divisão da documentação musical, no âmbito biblioteconômico, mostra-se um
recurso de grande importância no processo de análise do documento musical.
53
8 CONCLUSÃO
A partir do presente trabalho foi possível verificar que a música é uma área de estudo
abrangente e complexa, se refletindo na dificuldade em conceituá-la, o que se estende também
aos documentos musicais. Várias são as definições existentes para conceituar o que vem a ser
música, conforme apresentado na seção 3.1. Porém, o conceito de música é muito subjetivo,
carregando consigo aspectos culturais e geográficos, o que torna difícil uma definição
universal devido à variedade de significados apresentados pela mesma. No contexto ao qual
esse estudo se insere, para fins de entender e reconhecer o que é um documento musical, a
música pode ser entendida como uma arte que utiliza a combinação dos sons de forma
ordenada, com a finalidade de criar uma obra que possa ser representada através de uma
linguagem, capaz de ser decodificada e seu conteúdo reproduzido.
Esse entendimento sobre a música foi de grande importância para poder estabelecer
uma compreensão sobre o que é e como é formado um documento musical, conforme
abordado na seção 4 sobre documentos musicais. O documento é formalizado quando uma
informação é registrada em um suporte físico, porém, o que vai diferenciar os documentos
musicais dos demais, é justamente a informação contida no mesmo, ou seja, a informação
musical. A informação musical, conforme visto na seção 4, é formada pelos principais
elementos que compõem a música, dentre eles, elementos musicais como: as notações, a
melodia, ritmo, harmonia, contraponto, altura, duração, intensidade, timbre. Essa informação
musical pode ser apresentar na forma escrita (incluindo partituras), sonora e audiovisual.
Nesse sentido, os documentos musicais sonoros, textuais e audiovisuais são os
principais tipos de documentos musicais que compõem um acervo musical. Conforme
abordado na seção 5, sobre acervo musical no âmbito da biblioteca universitária, o mesmo
pode ser entendido como o conjunto de todos os documentos musicais, reunidos com a
finalidade de apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos aos quais ela
atende. Porém, para que os usuários de uma biblioteca universitária com acervo de música
tenham acesso aos documentos que compõem seu acervo é necessário que os mesmos estejam
devidamente organizados e representados, através de um processo de tratamento
informacional que envolve a análise, a classificação e a representação dos mesmos, visando
sua organização, armazenamento e acesso, segundo regras e metodologias pré-estabelecidas.
O processo de tratamento informacional, denominado por Blanco (2016) como “gestão
documental”, é dividido em tratamento temático e descritivo. O tratamento temático
compreendendo as etapas de classificação e indexação e o descritivo, a catalogação. Para
54
auxiliar esses processos, como visto na pesquisa bibliográfica realizada na seção 5, sugere-se
a utilização de alguns instrumentos: na classificação, utiliza-se os sistemas de classificações
bibliográficas; na catalogação, o AACR2 (2002), mais precisamente o capítulo 5, onde são
apresentadas as diretrizes para catalogar obras musicais.
Na parte empírica, realizada na seção 6, tomamos a Biblioteca Setorial do Setorial do
Centro de Letras e Artes da UNIRIO (BSCLA) como objeto de estudo, sendo realizada
entrevista com a bibliotecária responsável pela biblioteca e observação sobre o acervo da
BSCLA, que é bem diversificado, contendo documentos musicais textuais (incluindo
partituras), sonoros e audiovisuais. Constatou-se que os documentos musicais mais buscados
por seus usuários são as partituras. Também se verificou que a biblioteca pesquisada utiliza no
tratamento informacional dos documentos musicais componentes de seu acervo musical as
técnicas recomendadas na literatura estudada na seção 5 sobre acervo musical no âmbito da
biblioteca universitária. A BSCLA consulta o tratamento informacional realizado nos
documentos musicais componentes dos acervos musicais da Biblioteca da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e da Biblioteca Nacional (BN).
Empreendeu-se uma análise do processo de tratamento aplicado a um determinado
documento musical e a aplicação da proposta de Blanco (2016) para divisão da documentação
musical, tanto no âmbito biblioteconômico como no arquivístico, abordado na seção 4 sobre
documentos musicais.
Ao analisar a partitura “Dança brasileira” de M. Camargo Guarnieri, realizada na
seção 7, constatou-se que a bibliotecária fez uma análise adequada desse documento musical,
podendo isso ser observado no assunto “piano” atribuído à partitura em sua classificação e por
ter sido depositada no conjunto de documentos relativos a partitura de piano. Também pode
ser visto nessa análise que a proposta de divisão da documentação musical proposta por
Blanco (2016), no âmbito biblioteconômico, consiste em um recurso de grande importância
no processo de análise do documento musical.
Assim sendo, a partir do exposto, conclui ser de fundamental importância o
bibliotecário conhecer as especificidades dos documentos contidos nos acervos das
bibliotecas em que atuam de modo a realizar um tratamento informacional adequado desses
documentos, pois uma representação eficiente resultará em melhores resultados no processo
de recuperação do documento e da informação contida no mesmo.
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