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CARTA DE

CONJUNTURA
NÚMERO 61 — NOTA DE CONJUNTURA 29 — 4 ° TRIMESTRE DE 2023

Leonardo Mello de Carvalho


ATIVIDADE ECONÔMICA Técnico de Planejamento e Pesquisa
da Diretoria de Estudos e Políticas
Indicador Ipea de consumo aparente de bens Macroeconômicas (Dimac) do Ipea

industriais – Outubro de 2023 leonardo.carvalho@ipea.gov.brr

Sumário Divulgado em 22 de dezembro de 2023.

O Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais registrou queda


de 1,0% na comparação entre outubro e setembro na série com ajuste sazonal. O
indicador é uma proxy da demanda interna por bens industriais – definido como a
parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno, acrescida
das importações. Esse resultado ocorreu em razão do recuo de 0,9% da produção
interna destinada ao mercado nacional (bens nacionais) e da queda de 1,6% das
importações de bens industriais, conforme mostra a tabela 1.

O fraco desempenho em ou- GRÁFICO 1


tubro sucedeu um crescimen- Demanda por bens industriais versus produção industrial
to nulo registrado em setem- (Taxas de variação acumuladas em doze meses, em %)
10
bro, implicando uma queda 8
de 1,2% no trimestre móvel 6

encerrado em outubro, na 4
2
margem. Já na comparação 0
0,0

interanual ocorreram recuos -2


-2,7
de 2,5% do indicador mensal -4
-6
contra outubro do ano passa- -8
do e de 2,6% no trimestre mó- -10
jan/20

jan/21

jan/22

jan/23
out/19

abr/20

abr/22

abr/23
jul/20
out/20

abr/21
jul/21
out/21

jul/22
out/22

jul/23
out/23

vel em relação ao verificado no


mesmo período de 2022. No Demanda por bens industriais Produção industrial

acumulado em doze meses, a Fonte: Ipea e IBGE.


demanda por bens industriais Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
registrou baixa de 2,7%, indicando uma piora em relação ao cenário de estagnação
apontado pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (PIM-PF/IBGE), como visto no gráfico 1.

Com relação às classes de produção, o segmento da indústria extrativa exibiu desem-


penho positivo na margem (8,8%), resultado que sucedeu alta de 9,7% no período
anterior. No resultado do trimestre móvel, todavia, sua contribuição para o resultado
da indústria total continua negativa. A indústria de transformação, por sua vez, re-
cuou 1,3% na margem, a segunda queda consecutiva. Com isso, o setor apresentou
recuo de 0,5% no trimestre móvel. Na comparação interanual, os resultados tam-
bém foram negativos.

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A desagregação em grandes categorias econômicas destaca uma queda generalizada na comparação já sem efei-
tos sazonais. O destaque negativo ficou por conta do consumo aparente de bens de capital, que recuou 7,1% na
margem. Já na comparação em trimestres móveis, a demanda por bens de consumo, tanto duráveis quanto semi
e não duráveis, registrou altas de 0,9% e 2,5% na margem, respectivamente. O mesmo contraste em relação ao
fraco desempenho dos grupos bens de capital e intermediários pode ser visto tanto nas comparações interanuais
quanto nas comparações acumuladas no ano e em doze meses.
TABELA 1
Consumo aparente de bens industriais versus produção industrial (PIM-PF)
(Em %)
Mês/Mês anterior dessazonalizado Mês/Igual Mês do ano anterior Acumulado
Em doze
Ago./23 Set./23 Out./23 TRIM¹ Ago./23 Set./23 Out./23 TRIM¹ No ano
meses
Consumo Aparente 0,3 0,0 -1,0 -1,2 -3,2 -2,7 -2,5 -2,8 -2,6 -2,7
Bens Nacionais 0,2 1,1 -0,9 -0,7 -1,8 0,1 -2,0 -1,2 -2,2 -2,4
Bens Importados -0,9 -1,8 -1,6 -2,3 -8,4 -12,6 -4,3 -8,5 -4,4 -3,7
Produção Industrial (PIM-PF) 0,2 0,0 0,1 0,0 0,5 0,6 1,2 0,8 0,0 0,0

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), IBGE e Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea.
Nota: 1 Trimestre terminado no mês de referência da divulgação.

TABELA 2
Consumo aparente de bens industriais: grandes grupos econômicos
(Em %)
Contra Período Anterior Dessazonalizado Contra Igual Período do Ano Anterior Acumulado
Em doze
Ago./23 Set./23 Out./23 TRIM¹ Ago./23 Set./23 Out./23 TRIM¹ No ano
meses
Indústria Geral 0,3 0,0 -1,0 -1,2 -3,2 -2,7 -2,5 -2,8 -2,6 -2,7
Extrativa Mineral -13,7 9,7 8,8 -8,0 -24,8 -21,0 -32,2 -26,5 -20,1 -23,3
Transformação 1,2 -0,3 -1,3 -0,5 -2,4 -2,5 -0,6 -1,9 -1,9 -1,8
Grandes categorias
Capital -0,2 2,0 -7,1 -4,4 -12,4 -12,5 -16,9 -13,9 -8,5 -6,9
Intermediários -1,6 0,3 -0,7 -2,9 -5,3 -3,9 -2,8 -4,0 -3,6 -3,8
Consumo 2,5 -0,2 -1,7 2,5 4,6 3,6 5,4 4,5 3,8 3,4
Duráveis 0,4 -0,1 -1,7 0,9 11,1 5,8 10,2 9,1 12,2 9,5
Semi e não duráveis 1,8 0,4 -1,6 2,5 -3,0 3,7 4,9 4,0 2,5 2,4
Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Nota: 1 Trimestre terminado no mês de referência da divulgação.

Por fim, a desagregação setorial indica que apenas cinco segmentos avançaram na margem, de um total de 22,
reduzindo o índice de difusão (que mede a porcentagem dos segmentos da indústria de transformação com
aumento em comparação com o período anterior, após ajuste sazonal) para 23,0%, ante 45,0% de setembro.
Entre aqueles com peso relevante, o principal destaque positivo foi o segmento farmoquímicos, com alta de
9,9% na margem. Em relação ao trimestre móvel, nove segmentos registraram crescimento na comparação
dessazonalizada, com destaque para o consumo aparente de outros equipamentos de transporte e de alimentos,
com altas de 2,0% e 2,4%, respectivamente, conforme mostra a tabela 3.

Na comparação interanual, onze segmentos registraram crescimento em setembro ante o mesmo período de
2022. Entre os relevantes, derivados de petróleo e produtos alimentícios se destacaram, com altas de 7,1% e
5,3%, respectivamente. Em relação ao trimestre móvel, o consumo aparente de produtos alimentícios voltou a
se destacar. Entre os oito segmentos que registraram crescimento, a demanda do setor cresceu 5,8%. Por fim,

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em relação ao resultado acumulado em doze meses, nove segmentos registraram crescimento, tendo sido desta-
ques os segmentos outros equipamentos de transporte e derivados de petróleo e de biocombustíveis, com altas
de 4,7% e 4,4%, respectivamente.
TABELA 3
Consumo aparente de bens industriais: setores
(Em %)
Mês/Mês anterior dessazonalizado Mês/Igual Mês do ano anterior Acumulado
Em doze
Ago./23 Set./23 Out./23 TRIM¹ Ago./23 Set./23 Out./23 TRIM¹ No ano
meses
Indústria geral 0,3 0,0 -1,0 -2,4 -3,2 -2,7 -2,5 -3,6 -2,6 -2,7
Indústria extrativa -13,7 9,7 8,8 -17,1 -24,8 -21,0 -32,2 -21,1 -20,1 -23,3
Indústria de transformação 1,2 -0,3 -1,3 -1,1 -2,4 -2,5 -0,6 -3,1 -1,9 -1,8
Produtos alimentícios -0,1 0,5 -2,6 2,4 6,3 7,8 5,3 5,8 3,8 2,7
Bebidas -0,7 0,3 1,9 1,3 -4,5 -3,2 11,2 -3,8 -0,4 0,1
Produtos do fumo 32,1 -10,8 -4,4 7,1 23,7 72,9 0,3 18,8 9,3 11,8
Produtos têxteis -0,4 0,0 -2,3 -1,0 1,4 3,9 4,5 2,4 1,6 -0,8
Artigos do vestuário e acessórios -0,7 -1,1 -2,1 -6,1 -6,3 -6,9 -4,2 -7,0 -4,8 -5,2
Couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados -10,5 -5,0 -1,7 -1,9 -0,2 -11,3 -2,3 -1,7 -0,3 -0,2
Produtos de madeira 4,2 1,5 7,0 2,3 1,7 9,3 33,1 2,9 -4,8 -9,2
Celulose, papel e produtos de papel 5,7 -1,3 0,2 -1,0 0,0 5,5 7,3 -1,0 0,1 0,9
Impressão e reprodução de gravações -1,6 -4,2 -9,8 4,3 27,9 20,5 1,6 25,9 13,7 13,0
Coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis 1,7 0,9 -0,5 -1,7 2,2 5,9 7,1 2,3 3,7 4,4
Produtos químicos 7,8 0,6 0,2 0,7 -5,3 -3,9 2,6 -7,3 -7,5 -7,3
Produtos farmoquímicos e farmacêuticos 11,3 -6,9 9,9 -8,9 -4,5 -12,9 0,4 -10,4 -1,8 -0,9
Produtos de borracha e de material plástico 0,6 1,3 -0,3 -1,1 -0,4 1,7 3,5 -0,4 2,5 2,3
Produtos de minerais não metálicos -1,6 -0,3 -2,5 0,2 -5,2 -3,5 -4,9 -3,7 -5,6 -6,1
Metalurgia -2,9 1,2 -3,4 0,8 0,2 11,6 -2,1 5,3 2,0 2,9
Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 2,4 -3,2 -1,1 -0,9 -1,4 -6,3 -5,1 -3,9 -4,1 -3,0
Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 0,2 0,6 -7,7 -6,2 -13,3 -11,6 -16,6 -12,3 -7,9 -7,9
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos -0,4 -6,5 -5,0 -2,6 -4,8 -12,7 -11,5 -7,7 -6,7 -5,6
Máquinas e equipamentos 0,4 -0,5 -7,4 -3,7 -7,3 -14,5 -13,9 -9,7 -6,6 -6,0
Veículos automotores, reboques e carrocerias 2,6 2,0 -2,0 -3,8 -6,6 -12,5 -3,2 -9,0 -3,8 -2,3
Outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores 0,0 -6,3 -1,3 2,0 8,3 -0,6 -11,4 4,6 4,6 4,7
Móveis + produtos diversos -0,1 -0,1 -4,2 -2,1 -7,9 -5,9 -0,4 -6,6 -1,8 -2,3

Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.
Nota: 1 Trimestre terminado no mês de referência da divulgação.

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GRÁFICO 2
Demanda por bens industriais setorial – taxas de variação
(Em %)
2A - Variação contra o período anterior 2B - Variação contra o mesmo período do ano anterior

FARMOQUÍMICOS 9,9 MADEIRA 33,1


MADEIRA 7,0 BEBIDAS 11,2
BEBIDAS 1,9 CELULOSE 7,3
QUÍMICOS 0,2 DERIVADOS DE PETRÓLEO 7,1
CELULOSE 0,2 ALIMENTOS 5,3
BORRACHA E PLÁSTICO -0,3 TÊXTEIS 4,5
DERIVADOS DE PETRÓLEO -0,5 BORRACHA E PLÁSTICO 3,5
METAL -1,1 QUÍMICOS 2,6
OUTROS EQUIP. TRANSPORTE -1,3 GRAVAÇÕES 1,6
COUROS -1,7 FARMOQUÍMICOS 0,4
VEÍCULOS -2,0 FUMO 0,3
VESTUÁRIO -2,1 MÓVEIS + DIVERSOS -0,4
TÊXTEIS -2,3 METALURGIA -2,1
NÃO METÁLICOS -2,5 COUROS -2,3
ALIMENTOS -2,6 VEÍCULOS -3,2
METALURGIA -3,4 VESTUÁRIO -4,2
MÓVEIS + DIVERSOS -4,2 NÃO METÁLICOS -4,9
FUMO -4,4 METAL -5,1
APARELHOS ELÉTRICOS -5,0 OUTROS EQUIP. TRANSPORTE -11,4
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS -7,4 APARELHOS ELÉTRICOS -11,5
INFORMÁTICA -7,7 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS -13,9
GRAVAÇÕES -9,8 INFORMÁTICA -16,6

2C - Variação acumulada no ano 2D - Variação acumulada em 12 meses

GRAVAÇÕES 13,7 GRAVAÇÕES 13,0

FUMO 9,3 FUMO 11,8

OUTROS EQUIP. TRANSPORTE 4,6 OUTROS EQUIP. TRANSPORTE 4,7

ALIMENTOS 3,8 DERIVADOS DE PETRÓLEO 4,4

DERIVADOS DE PETRÓLEO 3,7 METALURGIA 2,9

BORRACHA E PLÁSTICO 2,5 ALIMENTOS 2,7

METALURGIA 2,0 BORRACHA E PLÁSTICO 2,3

TÊXTEIS 1,6 CELULOSE 0,9

CELULOSE 0,1 BEBIDAS 0,1

COUROS -0,3 COUROS -0,2

BEBIDAS -0,4 TÊXTEIS -0,8

FARMOQUÍMICOS -1,8 FARMOQUÍMICOS -0,9

MÓVEIS + DIVERSOS -1,8 MÓVEIS + DIVERSOS -2,3

VEÍCULOS -3,8 VEÍCULOS -2,3

METAL -4,1 METAL -3,0

MADEIRA -4,8 VESTUÁRIO -5,2

VESTUÁRIO -4,8 APARELHOS ELÉTRICOS -5,6

NÃO METÁLICOS -5,6 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS -6,0

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS -6,6 NÃO METÁLICOS -6,1

APARELHOS ELÉTRICOS -6,7 QUÍMICOS -7,3

QUÍMICOS -7,5 INFORMÁTICA -7,9


INFORMÁTICA -7,9 MADEIRA -9,2

Fonte: Ipea.
Elaboração: Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea.

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Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac):

Claudio Roberto Amitrano (Diretor)


Mônica Mora y Araujo (Coordenadora-Geral de Estudos e Políticas Macroeconômicas)

Corpo Editorial da Carta de Conjuntura:

Julia de Medeiros Braga (Editora)


Estêvão Kopschitz Xavier Bastos
José Ronaldo de Castro Souza Júnior
Leonardo Mello de Carvalho
Marco Antônio Freitas de Hollanda Cavalcanti
Maria Andréia Parente Lameiras
Mônica Mora y Araujo
Sandro Sacchet de Carvalho
Sergio Fonseca Ferreira

Pesquisadores Visitantes:

Andreza Aparecida Palma


Cristiano da Costa Silva
Debora Mesquita Pimentel
Sidney Martins Caetano

Equipe de Assistentes:

Alexandre Magno de Almeida Leão


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Camilla Santos de Oliveira
Diego Ferreira
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Leonardo Simão Lago Alvite

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