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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 016.

898/2005-1

GRUPO II – CLASSE I – Plenário


TC 016.898/2005-1
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Órgão/Entidade: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da 3ª Região (Crefito/SP).
Responsáveis: Ana Paula Naves Britto (099.377.198-01); Atilio
Mauro Suarti (009.615.608-27); Carlos Ruiz da Silva
(074.865.058-00); Cid Bianchi (905.292.788-04); Dilcilene do
Socorro Dorabiato Lauzid (461.124.302-82); Eber Emanoel
Viana Serafim Araujo (501.545.754-53); Eliane Maria Fragoso
(011.292.598-70); Fábio Horvat (279.001.108-79); Fábio
Linaldo dos Santos (902.090.605-49); Heraclides Moreira da
Silva (768.010.558-87); Jorge Ferreira Lima (694.829.264-04);
José Benites Penha Torres (119.764.621-34); Lucia Rienzo
Varella (941.784.708-25); Lúcia de Fátima da Cunha Nery
(642.764.228-68); Maria Aparecida Bevilacqua (085.824.698-
88); Maria Mabel Palácio Miranda (255.876.504-30); Regina
Aparecida Rossetti Heck (105.836.958-09); Regina Celi
Nascimento (444.702.074-20); Ricardo Silva Brunialti
(126.833.488-00); Rodolfo Hazelman Cunha (007.771.698-19);
Zenildo Gomes da Costa (038.520.404-34).
Interessado: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional da 3ª Região (Crefito/SP) (49.781.479/0001-30).
Representação legal: Aldo Varella Tognini (42947/OAB-SP),
representando Lucia Rienzo Varella; Fernanda de Souza Batista
da Silva e outros, representando Heraclides Moreira da Silva;
Adelson Naves Britto (194897/OAB-SP), representando Ana
Paula Naves Britto; Fábio João Bassoli (109568/OAB-SP),
representando Cid Bianchi; Darcio Borba da Cruz Junior
(196770/OAB-SP) e outros, representando Regina Aparecida
Rossetti Heck.

SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL.


CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA
OCUPACIONAL DA 3ª REGIÃO. FRAUDE EM
REEMBOLSO DE DIÁRIAS. DESVIO DE VERBAS.
DÉBITO. MULTA. INABILITAÇÃO. ARRESTO DE BENS.
RECURSO DE REVISÃO. CONHECIMENTO.
ARGUMENTOS INAPTOS A REFORMAR A DECISÃO
COMBATIDA. NÃO PROVIMENTO. COMUNICAÇÕES.

RELATÓRIO

Trata-se de Recursos de Revisão interpostos por Lúcia Rienzo Varella (peça 224) e
Heraclides Moreira da Silva (peças 138 e 237) contra o Acórdão 684/2011-Plenário (peça 31, p. 62-
72) – mantido pelo Acórdão 487/2013-Plenário (Recursos de Reconsideração – peça 110) e pelo
Acórdão 341/2014-Plenário (Embargos de Declaração – peça 213).
2. Transcrevo excerto do Acórdão 684/2011-Plenário, com as supressões que entendo
cabíveis:
1

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“9.1. com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “c”, e 19, caput, da Lei n.
8.443/1992, julgar irregulares as contas dos Srs. Carlos Ruiz da Silva, Jorge Ferreira Lima,
Fábio Linaldo dos Santos, Cid Bianchi, Regina Aparecida Rossetti Heck, Maria Mabel da Costa
Palácio Miranda, Lucia Rienzo Varella, Eliane Maria Fragoso, Regina Celi Nascimento, Ana
Paula Naves Britto e Lúcia de Fátima da Cunha Nery;
9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, e 19, caput, da Lei n.
8.443/1992, julgar irregulares as contas dos Srs. Zenildo Gomes da Costa, Éber Emanoel Viana
Serafim Araújo, Atílio Mauro Suarti, Fábio Horvat, Heraclides Moreira da Silva e da Sra.
Maria Aparecida Bevilacqua;
9.3. condenar o Sr. Zenildo Gomes da Costa, em solidariedade com os Srs. Éber Emanoel Viana
Serafim Araújo, Atílio Mauro Suarti, Heraclides Moreira da Silva, Fábio Horvat e Maria
Aparecida Bevilacqua, ao pagamento das quantias originais, abaixo discriminadas, com a
fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o
Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea “a” do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos
cofres do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região/SP , atualizada
monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir das datas indicadas, até a data
do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
(...)

9.4. condenar os Srs. Zenildo Gomes da Costa, Éber Emanoel Viana Serafim Araújo, Atílio
Mauro Suarti, Heraclides Moreira da Silva, Fábio Horvat e Maria Aparecida Bevilacqua em
solidariedade com os responsáveis indicados, ao pagamento das quantias originais, abaixo
discriminadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que
comprovem, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o
recolhimento da dívida aos cofres do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
da 3ª Região/SP, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir
das datas indicadas, até a data do efetivo recolhimento, na forma prevista na legislação em
vigor:
9.4.1. com a Sra. Lúcia Rienzo Varella:
(...)

9.5. aplicar aos responsáveis abaixo a multa prevista nos artigos 19, caput, e 57 da Lei
n. 8.443/1992, nos valores a seguir indicados, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar
da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (artigo 214, inciso III, alínea a, do
Regimento Interno), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente
desde a data do presente Acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento,
na forma da legislação em vigor:

Responsável Valor
(...) (...)
Heraclides Moreira da Silva R$ 50.000,00

9.7. com fundamento no art. 60 da Lei n. 8.443/1992, declarar a inabilitação dos Srs. Zenildo
Gomes da Costa, Éber Emanoel Viana Serafim Araújo, Atílio Mauro Suarti, Heraclides
Moreira da Silva, Fábio Horvat e Maria Aparecida Bevilacqua para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública Federal pelo período de
oito anos a contar da data de publicação deste Acórdão;”
3. Admitido o processamento dos recursos pelo então Relator, Ministro Raimundo
Carreiro, foram os autos remetidos à Secretaria de Recursos (Serur) para exame de mérito (peças
235 e 241).
4. O auditor da Serur lançou instrução, da qual transcrevo o excerto a seguir, in verbis
(peça 243):

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“HISTÓRICO
2. Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada no âmbito do Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região/SP – CREFITO-3 em desfavor de diversos
funcionários da entidade, objetivando apurar desvio de verbas na autarquia.
2.1. O processo foi inicialmente apreciado mediante o Acórdão n. 425/2010-Plenário
(peça 17, p. 16-28), o qual foi tornado insubsistente por meio do Acórdão 1.398/2010-Plenário
(embargos de declaração opostos por Regina Aparecida Rosseti Heck – peça 20, p. 63-64; peça
21, p. 1-9).
2.2. Ao apreciar novamente o processo, a Unidade Técnica propôs: a) imputar débito a
Zenildo Gomes da Costa, Éber Emanoel Viana Serafim e Maria Aparecida Bevilacqua, com a
aplicação da multa prevista no artigo 57 da Lei n. 8.443/1992; b) aplicar a multa prevista no
artigo 58, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a Atílio Mauro Suarti, Regina Aparecida Rossetti
Heck, Lúcia de Fátima da Cunha Nery, Carlos Ruiz da Silva, Fábio Horvat, Heraclides Moreira
da Silva, Maria Mabel Palácio Miranda, Jorge Ferreira Lima, Cid Bianchi, Eliane Maria
Fragoso, Lucia Rienzo Varella, Fábio Linaldo dos Santos, Ana Paula Naves Britto e Regina Celi
Nascimento (peça 17, p. 44-54).
2.3. O MP/TCU anuiu à proposta de mérito da Unidade Técnica (peça 17, p. 59).
2.4. Contudo, o Relator a quo divergiu da proposta de mérito, entendendo que o débito
deveria ser estendido de forma solidária aos beneficiários dos valores expressos nos cheques,
aos quais também deveria ser cominada a multa prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992,
redundando no Acórdão 684/2011-Plenário (peça 31, p. 62-72).
2.5. Cid Bianchi, Ana Paula Naves Britto, Regina Aparecida Rossetti Heck e Lúcia
Rienzo Varella interpuseram recursos de reconsideração, aos quais foi negado provimento
mediante o Acórdão 487/2013-Plenário (peça 110).
2.6. Lúcia Rienzo Varella opôs embargos de declaração (peça 154), os quais foram
rejeitados, por meio do Acórdão 341/2014-Plenário (peça 213).
2.7. Heraclides Moreira da Silva interpôs recurso de reconsideração (peça 138), o qual
não foi conhecido, consoante o Acórdão 1184/2014-Plenário (peça 225).
ADMISSIBILIDADE
3. Reitera-se o exame de admissibilidade às peças 232 e 239, em que se propôs o conhecimento
dos recursos, sem efeito suspensivo.
3.1. O Relator ad quem acolheu a proposta da Serur (peças 235 e 241).
3.2. Em seu recurso, Heraclides Moreira da Silva, preliminarmente, solicita que a peça
138 seja recebida como recurso de revisão. Assim, a Serur, “considerando que esta é a última
oportunidade recursal e que a peça 138 não foi conhecida por intempestividade superior a 180
dias, sem análise de fatos novos” (peça 239), incluiu na análise de admissibilidade do recurso de
revisão o conteúdo da peça 138, razão pela qual também esta peça será considerada no exame
de mérito.
3.3. Por fim, registre-se que no voto condutor do Acórdão 341/2014-Plenário, ao se
propor o encaminhamento do processo para sorteio de relator para o recurso à peça 138, alertou-
se “para a posterior petição juntada aos autos pelo referido responsável [Heraclides Moreira da
Silva] à peça nº 184” (peça 214), no qual o responsável meramente pugna por que o documento
à peça 138 seja recebido como recurso de revisão.
MÉRITO
4. Constitui objeto do recurso examinar as seguintes questões:
a) se há elementos nos autos que conduzam à conclusão de que foram realizadas viagens que
justificaram ao menos parcialmente o pagamento de diárias aos beneficiários dos cheques
emitidos pela Crefito-3 (item 5);

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b) se há elementos que os valores a título de diárias recebidos por Heraclides Moreira da


Silva foram pagos em lugar de férias vencidas efetivamente devidas a ele (item 6).
5. Realização de viagens
5.1. A recorrente Lúcia Rienzo Varella alega que a prova testemunhal carreada aos
autos comprovaria a realização de viagens a trabalho. Nesse sentido, aduz que:
a) todos os seus argumentos foram sumariamente ignorados;
b) este Tribunal deveria seguir o critério de busca da verdade real dos fatos, a exemplo do
que ocorre no juízo penal;
c) as testemunhas ouvidas não só merecem credibilidade por conhecerem a Recorrente, tendo
com ela viajado muitas vezes, mas também por terem prestado depoimento em juízo sob
juramento e, portanto, sujeitas a responder por crime de falso testemunho;
d) tais provas não foram consideradas;
e) se a Recorrente provou em juízo que viajava e por isso recebia diárias, tais recebimentos
eram devidos e legítimos e os valores cobrados neste procedimento não condizem com a
realidade dos fatos;
f) sob o prisma da Teoria do Domínio do Fato, não se pode condenar alguém por mera
presunção, já que em dúvida ou incerteza absolve-se o acusado;
g) a prova da culpa da Recorrente não restou evidenciada, pois nada prova que tenha se
apoderado indevidamente de valores que nunca passaram por sua conta bancária, uma vez que
recebia diretamente do colega encarregado de fazer os pagamentos os valores que lhes eram
devidos em função de seu trabalho;
h) a Recorrente nunca assinou cheques em branco, mas o funcionário encarregado
descontava os cheques apresentando-os para endosso encartados com a face virada e
posteriormente entregava os valores aos funcionários ou depositava-os nas respectivas contas
correntes;
i) no caso da Recorrente, os cheques eram-lhe apresentados no anverso para que os
endossasse no encarte do processo econômico financeiro e, a seu pedido, recebia sempre os
valores em espécie, de modo que nunca foram depositados em sua conta corrente;
j) tal procedimento justificava-se porque a Recorrente muitas vezes necessitava ter os valores
em espécie para fazer face a despesas de viagens a trabalho e, pela urgência do assunto, era mais
fácil ter em mãos as quantias do que outras formas de pagamento;
k) por esse motivo e pela relação de estreita confiança ao colega de anos de trabalho, sempre
entendeu que o montante do cheque correspondia ao que lhe era devido;
l) havia amparo legal para pagamento das diárias aos conselheiros e assessores, dentre os
quais se incluía a Recorrente;
m) esse amparo legal era emanado das Resoluções do Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional e corroborado pelos Conselhos Regionais, prática corrente, perfeitamente
legal e, portanto, não pode ser ignorada por este Tribunal;
n) a Recorrente provou, através de testemunhas, que as viagens foram efetivamente feitas a
serviço da Autarquia e decorrentes de suas funções laborativas;
o) a Recorrente nunca assinou ponto para comprovação de presença no local de trabalho, já
que estava dispensada de tal formalidade por não ser funcionária burocrata, o que arreda o
argumento de que “deixava de registrar presença no dia de trabalho apenas para forjar viagens
inexistentes”;

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p) todos os comprovantes de viagens, especialmente as passagens aéreas, sempre foram


entregues na Autarquia, e a Recorrente não mais teve acesso à sala onde se encontravam as
cópias de seus relatórios;
q) as viagens restaram plenamente comprovadas pelas testemunhas presenciais que com ela
viajavam;
r) não seria possível à Recorrente postular medida judicial para obtenção dessas provas junto
à fonte pagadora (Crefito), uma vez que a própria nova Diretoria empossada declarou o
desaparecimento de todos os documentos contábeis, formalmente através de Boletim de
Ocorrência específico, tal fato atribuído a administração que se despedia;
s) as alegadas medidas judiciais para obtenção dos documentos necessários a comprovar sua
atuação foram providenciadas na ação trabalhista, na qual a autarquia foi condenada a indenizar
a Recorrente pelas verbas decorrentes, dentre outras, das viagens;
t) é de extrema simplicidade considerar que todos os valores apontados e cobrados são
realmente devidos, descartando qualquer possibilidade de erros ou enganos em matéria que
abriga quantidade considerável de valores;
u) este Tribunal reconhece não ser possível concluir pelo recebimento total dos valores
cobrados, por não mais existirem documentos contábeis ou outras provas que autorizem
incriminar a Recorrente;
v) existiram contradições em todo o procedimento, como também opiniões divergentes no
âmbito deste Tribunal;
w) anexa gravações complementares de CDs, referentes às provas emprestadas da Ação
Penal em trâmite (2006.61.81.000808-0), onde se registram depoimentos de testemunhas
arroladas tanto pela defesa quanto da acusação, todas comprovando suas viagens rotineiras,
dentro e fora do Estado, além da sentença prolatada pelo juízo trabalhista, bem como
confirmação parcial emanada em decisão monocrática de segunda instância.
Análise
5.2. Sob a alegação de que seus argumentos foram ignorados, a Recorrente, em linhas
gerais, reitera os argumentos apresentados em suas alegações de defesa (peça 10, p. 65-66; peça
27, p. 42-46), no seu recurso de reconsideração (peça 99, p. 2-3; peça 94, p. 2-3) e em seus
embargos de declaração (peça 154).
5.3. Em essência, alega que não se apropriou dos valores, que havia amparo legal para
pagamento de diárias aos conselheiros e assessores do Crefito-3, que não teve acesso aos
comprovantes de viagens e que a prova testemunhal colhida no âmbito dos processos penal e
cível comprovaria a realização das viagens e portanto a improcedência da imputação de débito.
5.4. Ao analisar as alegações de defesa da ora Recorrente, o Auditor da Secex/SP propôs
a cominação de multa, sem débito, com fundamento nas seguintes considerações (peça 15, p.
45-46):
4.1.3 Análise:
(...)
- as alegações acima se encontram em consonância com o depoimento à [peça 5, p. 43], por
meio do qual o Sr. Geraldo Rosseto declara que os funcionários eram obrigados pelos Srs.
Zenildo Gomes da Costa e Éber Emanoel Viana Serafim Araújo a endossarem os cheques
em branco, a título de pagamento de diárias, e assinarem recibos de despesas com viagens
que nunca foram realizadas;
- cabe destacar, ainda, que a responsável afirma que pode ter havido uso indevido de sua
assinatura por pessoa que não sabe informar;

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- desse modo, entendemos que existem fortes indícios de que a Sra. Lucia Rienzo Varella
não se locupletou com os valores desviados, mas sim o Sr. Zenildo Gomes da Costa com a
cumplicidade dos Srs. Éber Emanoel Viana Serafim e Maria Aparecida Bevilacqua;
- todavia, entendemos que, ao endossar os referidos cheques em branco, a Sra. Lucia Rienzo
Varella colaborou para que a fraude fosse efetivada, cabendo, portanto, a aplicação da multa
prevista no inciso II, artigo 58 da Lei n. 8.443/1992. (g.n.)
5.5. O MP/TCU pôs-se de acordo com este entendimento (peça 16, p. 38).
5.6. Posteriormente, o Auditor reiterou seu entendimento (peça 17, p. 41-42):
6.2. Preliminarmente, importa tentar estabelecer o nexo de causalidade entre a conduta dos
responsáveis acima que apresentaram novas alegações de defesa e os desvios apurados.
6.2.1. Os responsáveis, mesmo não reconhecendo alguns endossos de suas autorias em alguns
dos cheques em que constavam como favorecidos, admitem que o procedimento de endossar
cheques em branco era comum e corriqueiro no âmbito do CREFITO-3.
6.2.2. Não é possível concluir que os responsáveis receberam a totalidade dos valores a eles
imputados como débito, visto não mais existirem documentos contábeis ou outras provas
documentais que demonstrem o ingresso dos valores nas contas dos referidos responsáveis.
(...)
6.2.5. Neste ponto, cabe reforçar o nosso entendimento esposado na instrução [à peça 15, p. 40-
50; peça 16, p. 1-35] de que, no caso ora examinado, não se pode imputar débito àqueles cujas
provas não apontam como beneficiários diretos do produto da fraude, ou seja, entendemos que a
condenação, dos responsáveis elencados no subitem 6.1 à devolução integral dos valores
constantes nos cheques por eles endossados aos cofres do CREFITO-3 seria medida de
excessivo rigor, uma vez que não existem provas para tanto, e que a aplicação de multa já se
constituiria em reprovação que julgamos suficiente para as suas condutas negligentes.
6.2.6. Com relação aos outros responsáveis que não apresentaram novas alegações de defesa,
mantemos nosso entendimento de que, com exceção dos Srs. Zenildo Gomes da Costa, Éber
Emanuel Vianna Serafim Araújo e a Sra. Maria Aparecida Bevilacqua, cujas evidências de
conluio e desvio de dinheiro são flagrantes, não existem provas que indiquem que tenham se
beneficiado do produto da fraude, devendo ser aplicada individualmente, por haverem facilitado
a ocorrência das irregularidades ao endossarem os referidos cheques em branco e/ou pela
conduta omissiva diante das fraudes e/ou ao permitir, em razão do cargo que ocupavam, que
documentos fiscais e contábeis fossem destruídos, a multa prevista inciso II do art. 58 da Lei n.
8.443/1992. (g.n.)
5.7. O MP/TCU novamente anuiu à proposta (peça 17, p. 59).
5.8. Contudo, o Relator a quo divergiu desse posicionamento, por entender que
14. Os elementos constantes deste processo não permitem concluir pela ocorrência, efetiva, das
viagens dos diversos beneficiários que dariam respaldo aos pagamentos tidos por irregulares,
tampouco possuem o condão de comprovar a realização dos serviços que embasariam as
despesas com vários funcionários, pagos, sempre, por meio de cheques.
5.9. Conforme se observa, o Relator a quo partiu do pressuposto de que nenhuma das
viagens que supostamente justificariam o pagamento das diárias efetivamente se realizou,
justificando-se a imputação de débito pela totalidade dos valores constantes nos cheques.
5.10. De fato, o cerne da questão consiste precisamente em saber se os valores recebidos
pelos beneficiários eram devidos ou não, ainda que o recebimento de tais valores tenha se dado
por meios reprováveis e contrários às normas contábeis e de direito financeiro.
5.11. Ainda sobre esse ponto, o Relator a quo aduziu:

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51. Se determinado empregado possui valores a receber de uma entidade, não vejo por que
motivo ou justificativa endossaria cheques em branco possibilitando que o portador da cártula
sacasse o dinheiro diretamente no caixa do banco.
52. (...) Se o cheque estava em branco, como saber se o valor que ali seria lançado
corresponderia ao que efetivamente deveria ser recebido pelo empregado?
53. O ato de endossar os cheques em branco era o motor da fraude perpetrada no CREFITO-3
pelo Sr. Zenildo Gomes da Costa e demais empregados. Não há como dissociar o desvio de
verbas da atitude daqueles que ensejavam a possibilidade de continuar lesando, de modo amplo
e irrestrito, os cofres da entidade.
5.12. Aqui cabem algumas considerações.
5.13. É incontroversa a impropriedade do recebimento de diárias mediante endosso de
cheques. No entanto, há que se avaliar se o que motivou os endossos (o pagamento de diárias)
de fato se justificava.
5.14. Conforme já aduzido, a decisão deste Tribunal expressamente partiu dos
pressupostos de que os elementos dos autos “não permitem concluir pela ocorrência, efetiva, das
viagens dos diversos beneficiários que dariam respaldo aos pagamentos tidos por irregulares” e
que “nenhum dos responsáveis apresentou documentos idôneos a comprovar a regularidade dos
pagamentos dos quais foram beneficiários”. Tais pressupostos levaram tanto à impugnação da
totalidade dos valores inscritos nos cheques quanto à responsabilização dos beneficiários de tais
cheques.
5.15. Contudo, tais pressupostos contrariam os elementos dos autos, porquanto a própria
natureza da atuação do Crefito-3 (fiscalização) e os depoimentos prestados por acusados e
testemunhas perante o Poder Judiciário levam a crer que foram de fato realizadas viagens que
justificaram o pagamento de diárias. Além da ora Recorrente, outros responsáveis atestam que
eram realizadas inúmeras viagens a serviço: p. ex.: Fábio Horvat (peça 6, 12), Cid Bianchi (peça
16, p. 1); Regina Aparecida Rossetti Heck (peça 16, p. 8-9); e especificamente com relação à
ora Recorrente: testemunha/depoente Nelson Leandro (CD, arquivo “KT_666~1800_Vídeo”,
aos 1min55seg; 3min52seg). Portanto, a fraude perpetrada no âmbito do Crefito-3 não consistiu
– pelo menos no que diz respeito à Recorrente – em se forjar pagamento de diárias, mas no
preenchimento de cheques com valor superior ao devido.
5.16. Assentada a premissa de que eram efetivamente devidas pelo menos parte dos
valores pagos como diárias, tem-se por indevida a imputação de débito pela totalidade dos
valores expressos nos cheques.
5.17. Conforme cediço neste Tribunal, compete ao gestor dos recursos públicos comprovar
a sua devida utilização. Essa hipótese quadra-se perfeitamente à condição jurídica de Zenildo
Gomes da Costa, na qualidade de então Presidente do Crefito-3 e ordenador de despesa; mas
não aos demais responsáveis, aos quais não se aplica a inversão do ônus da prova. Estes últimos
aparecem como beneficiários de valores que de fato eram devidos, em razão do trabalho
realizado em prol da entidade.
5.18. O artigo 210, § 1º, do Regimento Interno/TCU, estabelece que a apuração do débito
far-se-á mediante estimativa, “quando, por meios confiáveis, apurar-se quantia que seguramente
não excederia o real valor devido”.
5.19. No caso vertente, no tocante à responsabilização dos beneficiários, esse dispositivo
não apenas não está sendo obedecido, como está sendo frontalmente contrariado, porquanto, se
não é possível afirmar que o valor do débito não excederia o real valor devido, é possível
afirmar que ele seguramente ultrapassa tal valor, uma vez que pelo menos parte dos valores
repassados aos beneficiários eram realmente devidos.
5.20. Acaso se comprovassem os valores que efetivamente foram transferidos aos
beneficiários, eles haveriam de ser descontados do montante do débito imputado aos
responsável direto pela fraude (Zenildo Gomes da Costa), ao qual, por sua condição de gestor
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dos recursos e ordenador de despesas, caberia o ônus de comprovar a pertinência dos


pagamentos.
5.21. Por outro lado, tal ônus não recai sobre os beneficiários das diárias (entre os quais a
ora Recorrente), não medida em que não geriram recursos públicos e não se beneficiaram dos
recursos desviados, conforme reconhecido pelo Relator a quo, o qual não vislumbrou
“evidências de que [os beneficiários] tenham agido com dolo específico de lesionar o erário” e
admitiu ainda que “não há provas nos autos de que os funcionários nominados no parágrafo 47
supra [dentre os quais se inclui a ora Recorrente] se locupletaram das verbas que foram
desviadas do CREFITO-3”. Além disso, concluiu que “a documentação constante dos autos
indica que eles [Zenildo Gomes da Costa e Maria Aparecida Bevilacqua] comandavam o
esquema fraudulento na entidade, sendo razoável crer que, nessa condição, tenham amealhado
grande parte dos valores desviados dos cofres do CREFITO-3”.
5.22. Embora a conduta de endossar cheques em branco possa ser tida como negligente (e
passível de multa, conforme proposto pela Unidade Técnica, com a anuência do MP/TCU), não
há elementos que permitam sequer afirmar que os beneficiários tivessem conhecimento dos
desvios, até porque o valor correspondente às diárias era efetivamente depositado em conta
bancária ou repassado em espécie, para fazer frente às despesas de viagem. O endosso dos
cheques era a sistemática que se lhes impunha e, repise-se, os valores a eles entregues eram de
fato devidos. Ademais, o mero endosso dos cheques, embora incomum e contrário às normas de
direito público, não implicava, por si só, o desvio de recursos, pois nada impediria que afinal os
cheques fossem preenchidos com valores corretos e estes fossem transferidos em sua
integralidade aos beneficiários.
5.23. O Relator a quo aduziu ainda que os beneficiários “deram ensejo e possibilitaram a
continuidade da fraude perpetrada por aqueles que comandavam o desfalque na entidade”.
Contudo, nada indica que tal participação fosse consciente, isto é, que tenham tido qualquer
intenção de lesar o erário, conforme reconhecido pelo Relator a quo. Na verdade, o que está
configurada é um abuso da boa-fé e da confiança dos beneficiários por parte dos que
operacionalizavam a fraude.
5.24. Ante todo o exposto, propõe-se o provimento parcial do recurso, para efeito de
exonerar os beneficiários das diárias (entre as quais a ora Recorrente) da responsabilidade pelo
débito a eles imputado, reiterando-se a proposta de mérito formulada pela Unidade Técnica e
acolhida pelo MP/TCU, no sentido de tão somente apená-los com a multa prevista no artigo 58,
inciso II, da Lei 8.443/1992.
6. Recebimento de diárias em lugar de férias ve ncidas
6.1. O recorrente Heraclides Moreira da Silva alega que os valores de diárias por ele
recebidas referiam-se a férias vencidas a que fazia jus. Nesse sentido, aduz que:
a) nenhuma prova foi apresentada contra sua conduta profissional no Crefito-3; (peça 237, p.
2)
b) o Crefito-3, através de uma de suas diretorias, impediu-o de gozar férias; (peça 237, p. 2)
c) a chapa vencedora nas eleições da entidade aproveitou o fato de o recorrente ter recebido
férias como diárias e o incluiu num processo de desvio de verba, sem apresentar qualquer outra
prova; (peça 237, p. 2)
d) o mesmo Crefito-3 que o obrigou a receber férias como diárias é a entidade que o
processou para ter de volta o dinheiro das diárias pagas por férias que ele deveria ter gozado;
(peça 237, p. 2)
e) o fato de ter ciência da movimentação financeira do Crefito-3, isto é, da entrada e saída de
recursos, não implica ciência sobre se os pagamentos se referiam a diária ou a qualquer outra
conta a pagar; (peça 138, p. 1-2)

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f) documentos do Crefito-3 passaram por auditoria do Coffito no início de 2004, não se


verificando contabilização errada ou indevida; (peça 138, p. 2)
g) está sendo punido por este Tribunal por se concluir que ele deveria saber das supostas
irregularidades; (peça 138, p. 3)
h) sabia que o fato de ele não tirar férias era irregular, falava, exigia os direitos, mas nada,
além disso, podia fazer a não ser acatar as decisões do antigo presidente; (peça 138, p. 3)
i) sabia também de outras irregularidades administrativas, porém, além do parecer contrário,
não poderia fazer mais nada que não fosse da vontade daquele gestor; (peça 138, p. 3)
j) está sendo responsabilizado por ato de Tesouraria, sendo que o Crefito-3 não possuía um
setor de tesouraria, cujas atividades eram exercidas pela própria diretoria da entidade, até por
diárias que eram legítimas, cujas viagens foram realizadas de fato; (peça 138, p. 3)
k) nem a resolução do Coffito nem a portaria do Crefito-3 exigia qualquer tipo de
comprovação documental gerado pela viagem/diária e nenhum desses Conselhos possuía
regulamento dispondo sobre diárias; (peça 138, p. 7)
l) a auditoria do Coffito exigia apenas declarações dos presidentes do federal e dos regionais
atestando a realização do serviço; (peça 138, p. 7)
m) não era o recorrente quem autorizava pagamento de diárias nem pegava assinatura nos
cheques; (peça 138, p. 7)
n) nunca entregou qualquer documento dos citados na contabilidade e os processos
financeiros relativos às diárias não eram concluídos nem conferidos pela contabilidade, pois já
vinham prontos da diretoria para serem contabilizados, incluindo a declaração do presidente
atestando o serviço; (peça 138, p. 7)
o) como as diárias eram conferidas na diretoria do Crefito-3, e não na contabilidade, não era
possível ter certeza da diária realizada a não ser pela declaração do presidente, e como era só
isso que o Coffito exigia, não havia como contestar uma declaração do gestor da entidade; (peça
138, p. 7)
p) ao contrário do que consta dos autos, o recorrente tinha conhecimento somente das
próprias diárias, que eram referentes aos dias de descanso; (peça 138, p. 8)
q) ninguém pode ser considerado culpado somente por saber qualquer fato, mas sim por não
ter feito nada para impedi-lo, e ele entregou uma contabilidade límpida, transparente e
fidedigna, que possibilitava ao Coffito apurar o ocorrido; (peça 138, p. 8)
r) acredita quem nem multa caberia a ele, pro ter tomado as providências que eram devidas
naquela situação; (peça 138, p. 8)
s) não detinha poder para exercer qualquer investigação a respeito das diárias por imposição
do presidente; (peça 138, p. 9)
t) exigia o cumprimento de seus direitos relativos às devidas férias não gozadas, e preferiria
receber em dias de descanso, mas essa possibilidade nunca era aceita e lhe impunham o
recebimento como diárias; (peça 138, p. 10)
u) apenas ele recebia férias como diárias; (peça 138, p. 10)
v) o setor contábil não liberava pagamento algum, sendo que os valores de pagamentos eram
informados ao assessor contábil para que ele providenciasse o resgate da aplicação financeira
necessário para cobrir os pagamentos do dia; (peça 138, p. 12)
w) foi punido pelo Tribunal de Contas da União pela simples e vaga possibilidade de saber o
que estava acontecendo; (peça 138, p. 15)
x) exigia o cumprimento de seus direitos relativos às suas devidas férias não gozadas, e
preferiria receber em dias de descanso, mas essa possibilidade nunca era aceita e lhe impunham

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o seu recebimento como diárias, sendo ele o único que recebia as férias como diárias e que isso
não era certo, mas não tinha como receber as férias de outro jeito; (peça 138, p. 15)
y) os processos financeiros de diárias só chegavam na contabilidade quando já estavam
completos, inclusive com a declaração do presidente atestando a realização do serviço; (peça
138, p. 16)
z) nenhum dos processos sob a responsabilidade da contabilidade foi objeto de representação
ou de questionamento, somente os processos financeiros de diárias que eram de
responsabilidade da diretoria do CREFITO-3 estão sendo questionados nesse e em outros
processos junto a esse Tribunal; (peça 138, p. 17)
Análise
6.2. Verifica-se que inicialmente a Justiça Federal não acolheu a denúncia formulada
pelo Ministério Público Federal contra o ora Recorrente pela prática dos crimes previstos nos
artigos 312 (peculato) e 288 (quadrilha ou bando), com fundamento nas seguintes considerações
(peça 14, p. 48):
Da participação do denunciado Heraclides Moreira da Silva:
Entretanto, fica excluída esta conclusão [participação nas fraudes verificadas no CREFITO-
3] em relação ao investigado Heraclides Moreira da Silva, que recebeu quantia pequena em
dinheiro a título de diárias, o que não os torna por si só suspeitos, não havendo, ainda,
quaisquer outros elementos substanciais a sustentarem sua inclusão na denúncia como co-
autor. Embora fosse funcionário da área contábil da autarquia, pelas provas carreadas, não
era o responsável direto pela autorização dos pagamentos das diárias, sendo temerário e/ou
frágil seu processamento pela prática do delito do artigo 312 do Código Penal. Com isso,
rejeito a denúncia em relação ao investigado Heraclides Moreira da Silva, pela eventual
prática do delito previsto no artigo 312 do Código Penal, nos termos do artigo 43, inciso III,
do Código Penal. (g.n.)
6.3. Convém ainda reproduzir a análise procedida pela Unidade Técnica (peça 15, p. 49-
50):
4.4. Análise das Alegações de Defesa – Heraclides Moreira da Silva [fls. 525/548 do anexo
12]
a) – pagamentos de diárias fundamentadas em viagens inexistentes. Os valores foram pagos
por meio de cheques nominais e contêm a assinatura do beneficiário no verso e foram
diretamente descontados no Banco do Brasil. Em linhas gerais, não há qualquer documento
comprobatório ou indícios de que as viagens tenham sido realizadas, quanto aos seguintes
valores:
Data Cheque Nº Valor
diárias
8/1/2003 444.066 16 R$
6.242,64
29/5/2003 444.697 14,5 R$
7.735,94
15/1/2004 445.256 11 R$
4.333,92
4.4.2. Alegações de Defesa:
(...)
- o cheque 444.066, de 08/01/2003, foi recebido como forma de indenização de parte das
férias vencidas em 16/06/2002, a qual tinha todo o direito pelas Leis Trabalhistas, ou seja,
foi a única forma de ter seu direito respeitado, recebendo-a em dinheiro e como diária;

10

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- o cheque 444.697, de 29/05/2003, foi recebido como forma de indenização de parte de uma
licença médica de 30 dias, após a realização de uma cirurgia de grande porte e após 20 dias,
o citado, teve de retornar ao serviço, “a pedido” (como se fosse uma ordem) do então
Presidente do CREFITO-3, Sr. Zenildo Gomes da Costa;
- o cheque 445.526, de 15/01/2004, foi recebido como forma de indenização de parte das
férias vencidas em 16/06/2003;
- esclarece que durante 12 (doze) anos, as únicas férias em que não trabalhou foi a que tirou
em abril/maio de 2004, porém com a ameaça explícita feita pelo então Vice Presidente Dr.
Mário César Guimarães Battisti, de que não voltaria a trabalhar no CREFITO-3;
- com relação à comprovação de diárias, a Auditoria do Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional – COFFITO somente exigia relatório de viagem, portanto, não possui
cópia de comprovantes de viagem, pois no período de 1992 a 2004 não eram exigidos pelo
COFFITO;
- questiona o porquê da assinatura dos documentos às fls. 1 e 2, pelo atual Vice-Presidente e
não pelo Presidente em exercício, em desacordo com o artigo 8 da Lei 6,316, de 17/02/1975;
- em complementação a sua defesa, o Sr. Heraclides Moreira da Silva, trouxe novos
elementos às fls. 663/687 do volume 13, cabendo destacar dos autos de nº
2006.61.81.000808-8 da Justiça Federal, a sentença prolatada em 23/06/2008, à fl. 668 do
volume 13, onde o Juiz Federal entendeu que o Sr. Heraclides Moreira da Silva recebeu
pequena quantia em dinheiro a título de diárias e que não era responsável direito pela
autorização do pagamento de diárias, embora fosse funcionário da área contábil da autarquia.
4.4.3 Análise:
- entendemos, também, que não restou comprovado no presente processo que o Sr.
Heraclides Moreira da Silva tenha sido o responsável pelo pagamento das diárias e quanto às
diárias por ele recebidas verifica-se que não houve locupletamento do referido servidor, em
que pese a contabilização indevida da compensação dos dias de férias não gozados e de
licença médica interrompida com o pagamento em dinheiro a título de diárias;
- considerando que o Sr. Heraclides Moreira da Silva era responsável pelo Setor de
Contabilidade do CREFITO-3 e, portanto, por força do cargo que ocupava, detinha
conhecimento acerca das irregularidades que estavam sendo praticadas e, mesmo assim,
contabilizava os cheques emitidos a título de pagamento de diárias referentes às despesas
com viagens que nunca foram realizadas, entendemos que o Sr. Heraclides Moreira da Silva
não se locupletou com os valores desviados, todavia, concorreu para que as irregularidades
fossem perpetradas, cabendo, portanto, a aplicação da multa prevista no inciso II, artigo 58
da Lei 8.443/92 ao Sr. Heraclides Moreira da Silva. (g.n.)
6.4. Observa-se que o Recorrente foi responsabilizado na condição de beneficiário de
diárias tidas por irregulares. Assim, embora a justificativa para seu recebimento (férias) seja
distinta da dos demais beneficiários (viagens), valem para ele, ao menos parcialmente, as
considerações expendidas acima.
6.5. Com efeito, reafirma-se que o cerne da questão consiste em saber se os valores
recebidos pelos beneficiários eram devidos ou não, ainda que o recebimento de tais valores
tenha se dado por meios reprováveis e contrários às normas contábeis e de direito financeiro.
6.6. No caso do recorrente, parece claro que a única forma que tinha de receber direitos
trabalhistas (férias não gozadas) era por meio de diárias. A exemplo do que ocorria com os
outros beneficiários, era essa a sistemática que lhe era imposta. Nas circunstâncias que se
apresentavam, insurgir-se contra essa sistemática equivaleria a renunciar a seus direitos ou
mesmo correr o risco de ser demitido.
6.7. Em instrução posterior, a Unidade Técnica assim se manifestou (peça 17, p. 40-41):

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6.2.3 Dos responsáveis acima elencados, somente podemos afirmar com certeza que o Sr.
Heraclides Moreira da Silva tinha conhecimento das fraudes que estavam sendo perpetradas,
posto que no exercício da função de Chefe do Departamento Contábil, tinha acesso aos
extratos bancários do Crefito-3, bem como aos documentos de despesas que eram
contabilizados, ou seja, facilmente poderia identificar que os valores sacados a título de
diárias não correspondiam aos valores referentes às despesas com os reais deslocamentos dos
servidores a serviço do Crefito-3;
6.2.4 Mesmo que a conduta do Sr. Heraclides Moreira da Silva tenha facilitado a fraude, não
podemos inferir que o mesmo tenha se beneficiado dela, posto que recebeu quantia pequena
em dinheiro a título de diárias justificada como acerto de férias não tiradas;
6.8. A decisão de não acolhimento de denúncia contra o ora Recorrente, acima referido,
foi objeto de recurso pelo Ministério Público (cf. peça 242, p. 6-7), resultando no recebimento
da denúncia (cf. peça 242, p. 9) e, ao final do processo, em sentença condenatória, na qual se
consignou que o ora Recorrente “exercia o cargo de chefe do departamento contábil do
CREFITO 3 e era responsável pelo processamento administrativo das diárias (peça 242, p. 36) e
que “tinha plena ciência de todos os procedimentos irregulares relativos ao pagamento de
diárias no conselho e, mesmo assim, anuía com tais práticas, lançando os valores no controle
financeiro da autarquia federal e finalizando os processos de diárias como se fossem
absolutamente regulares” (peça 242, p. 37), do que restou “evidente o dolo do réu em permitir o
pagamento e em receber diárias indevidas no ano de 2003, proporcionando efetivo prejuízo
financeiro ao conselho profissional em benefício próprio e de outrem, de maneira consciente”
(peça 242, p. 38).
6.9. As conclusões acima não conflitam com o dito até aqui.
6.10. Reconhece-se a prática ilegal e em razão dela propôs-se a cominação de multa ao ora
Recorrente.
6.11. A questão de fundo, e que justifica a reforma da decisão recorrida, diz respeito ao
fato de o Recorrente não ter sido beneficiário dos recursos desviados do CREFITO-3.
6.12. Reafirma-se aqui o que já ressaltado acima e já consignado pela Unidade Técnica, no
sentido de que o Recorrente não se beneficiou dos recursos desviados, o que justifica o
acolhimento parcial do recurso para efeito de eximir o ora Recorrente, bem como os demais
beneficiários dos valores, da responsabilidade pelo débito apurado.
6.13. Quando a mencionada sentença registra “benefício próprio”, faz menção aos valores
recebidos por ele a título de diárias, valores esses que, reafirme-se, eram devidos a título de
férias vencidas, não podendo ser considerados como débito imputável aos responsáveis.

CONCLUSÃO
7. Das análises anteriores, conclui-se que:
a) os elementos dos autos conduzem à conclusão de que foram de fato realizadas viagens que
justificavam o pagamento de diárias aos beneficiários, não se mostrando pertinente a imputação
de débito a eles pela totalidade dos recursos expressos nos cheques emitidos (item 5);
b) os valores recebidos por Heraclides Moreira da Silva a título de diárias foram pagos em
lugar de férias vencidas a que ele efetivamente fazia jus (item 6).
7.1. Assim, propõe-se dar provimento ao recurso de Lúcia Rienzo Varella e
provimento parcial ao recurso de Heraclides Moreira da Silva, para exonerar do débito os
beneficiários das diárias, quais sejam, Lúcia Rienzo Varella, Maria Mabel Palácio Miranda,
Jorge Ferreira Lima, Cid Bianchi, Eliane Maria Fragoso, Fábio Linaldo dos Santos, Ricardo
Silva Brunialti, Ana Paula Naves Britto, Regina Celi Nascimento, Regina Aparecida Rosseti
Heck, Lúcia de Fátima Cunha Nery, Carlos Ruiz da Silva e Heraclides Moreira da Silva.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

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8. Ante o exposto, submete-se o assunto à consideração superior, propondo-se, com


fundamento nos artigos 35, III, da Lei 8.443/1992:
a) conhecer do recurso interposto por Lúcia Rienzo Varella e, no mérito, dar-lhe provimento,
para exonerar os beneficiários do débito a eles imputado;
b) conhecer do recurso interposto por Heraclides Moreira da Silva e, no mérito, dar-lhe
provimento parcial, para exonera-lo do débito a ele imputado;
c) dar ciência da decisão aos recorrentes e demais interessados.
5. O Diretor da unidade fez outro exame do mérito dos recursos, divergindo da proposta
encaminhada pelo auditor, o qual também transcrevo a seguir (peça 244):
2. Conforme extrai-se dos autos, a condenação dos responsáveis nesta TCE tem como
fundamento a constatação de esquema de desvio de verbas, por meio de pagamentos
irregulares de reembolso de diárias. O modus operandi era o seguinte: os cheques eram
endossados em branco pelos beneficiários e os valores, segundo os depoimentos, eram
entregues em espécie aos beneficiários ou depositados em suas contas. Isso possibilitava que
os operadores do esquema preenchessem os cheques com valores superiores aos que
supostamente seriam efetivamente pagos aos beneficiários.
3. O Senhor Auditor, ao examinar as razões recursais, entendeu que ‘o cerne da questão
consiste precisamente em saber se os valores recebidos pelos beneficiários eram devidos ou
não, ainda que o recebimento de tais valores tenha se dado por meios reprováveis e
contrários às normas.’
4. Com essa premissa, ressaltou que:
5.14. Conforme já aduzido, a decisão deste Tribunal expressamente partiu dos
pressupostos de que os elementos dos autos ‘não permitem concluir pela ocorrência,
efetiva, das viagens dos diversos beneficiários que dariam respaldo aos pagamentos tidos
por irregulares’ e que “nenhum dos responsáveis apresentou documentos idôneos a
comprovar a regularidade dos pagamentos dos quais foram beneficiários”. Tais
pressupostos levaram tanto à impugnação da totalidade dos valores inscritos nos cheques
quanto à responsabilização dos beneficiários de tais cheques.
5. Também deixou claro que há dois grupos de responsáveis: os operadores do esquema
(gestores); e os beneficiários, supostos prestadores de serviços. Diante dessas premissas
concluiu:
5.17. Conforme cediço neste Tribunal, compete ao gestor dos recursos públicos
comprovar a sua devida utilização. Essa hipótese quadra-se perfeitamente à condição
jurídica do Sr. Zenildo Gomes da Costa, na qualidade de então Presidente do Crefito e
ordenador de despesa; mas não aos demais responsáveis, aos quais não se aplica a
inversão do ônus da prova. Estes últimos aparecem como beneficiários de valores que de
fato eram devidos, em razão do trabalho realizado em prol da entidade.
6. Com esse fundamento, propõe dar provimento ao recurso, para exonerar do débito
os beneficiários das diárias, quais sejam, Lúcia Rienzo Varella, Maria Mabel Palácio
Miranda, Jorge Ferreira Lima, Cid Bianchi, Eliane Maria Fragoso, Fábio Linaldo dos Santos,
Ricardo Silva Brunialti, Ana Paula Naves Britto, Regina Celi Nascimento, Regina Aparecida
Rosseti Heck, Lúcia de Fátima Cunha Nery e Carlos Ruiz da Silva.
7. Data vênia, deixo de acompanhar a proposta formulada na instrução. Isso porque a
recorrente, Lucia Rienzo Varella, está qualificada nos autos como responsável pelo setor
jurídico da entidade. Portanto, não se trata de uma simples empregada ou prestadora de
serviço. Ela tinha dever jurídico pela defesa da gestão e fiscalização da entidade. Nesse
contesto, não se pode considerar irrelevante a conduta de endossar um cheque em branco ou,
ainda, deixar de verificar os demais documentos contábeis, tais como o empenho, recibos e
outros, onde por certo deveria constar o efetivo valor que seria contabilizado como
pagamento de diárias.

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8. Frise-se que que a Sra. Lúcia Rienzo Varella não era uma simples beneficiária. Na
qualidade de Assessora Jurídica tinha responsabilidade pela boa aplicação dos recursos da
entidade. Assim, considero, in totum, correto o fundamento da deliberação recorrida.
9. Ademais, conforme apurado pela Comissão Sindicante (Peça 4, p. 8 e 9), há
evidência de que a ex-Assessora Jurídica teve participação consciente e efetiva no esquema
de fraude nos pagamentos de diárias.
10. Quanto ao recorrente Heraclides Moreira da Silva, consta que ele era, à época, Chefe
do Departamento Contábil. Frise-se que nessa condição a sua conduta era essencial para a
manutenção da contabilidade e, nessa qualidade, deveria zelar para que os registros contábeis
e os demonstrativos financeiros refletissem a real situação das operações realizadas no
âmbito da entidade.
11. Ressalta-se que a sua responsabilidade está bem caracterizada nos autos, pois resta
claro que ele conscientemente participou de simulações no âmbito da entidade, conforme
destacou o Sr. Auditor em sua Análise:
No caso do recorrente, parece claro que a única forma que tinha de receber direitos
trabalhistas (férias não gozadas) era por meio de diárias; a exemplo do que ocorria com os
outros beneficiários, era essa a sistemática que lhe era imposta. Nas circunstâncias que se
apresentavam, insurgir-se contra essa sistemática equivaleria a renunciar a seus direitos
ou mesmo correr o risco de ser demitido.
12. Por tais razões, pede-se vênia para discordar do Sr. Auditor e, por consequência, não
acolher a proposta de encaminhamento, especialmente porque resta claro a participação do
Sr. Heraclides Moreira da Silva na simulação dos documentos, fatos e registros contábeis.
13. Entende-se ser irrelevante o fato deste não ser Conselheiro ou não ser gestor, posto
que outras são as razões que atrai a responsabilidade do contador. Por exemplo, o Contador é
um profissional que deve atuar com independência, do qual se exige conhecimentos técnicos
e uma postura ética compatível com a função. Cabe acrescentar que a contabilidade é uma
profissão regulamentada, inclusive o Contador, por exigência legal, assina as demonstrações
financeiras juntamente com os administradores, assumindo, por consequência,
responsabilidade pessoal quanto à adequação dos registros dos atos e fatos contábeis e dos
correspondentes demonstrativos.
14. Por isso, não se pode admitir que um Contador participasse de simulações contábil
para beneficiar a si próprio e a terceiros.
15. Percebe-se que o recorrente, a exemplo da Assessora Jurídica, também não é um
simples beneficiário de pagamentos irregulares. Se de um lado não era Conselheiro ou
gestor, de outro, tinha a responsabilidade ética de zelar pelas boas práticas na entidade. Não
resta dúvidas de que ele faltou com o seu dever ético ao participar das simulações contábeis,
inclusive porque os registros e a elaboração dos demonstrativos contábeis têm que ser
fidedignos e o contador é o garantidor dos registros e informações geradas pela
contabilidade.
16. Nesse espeque, deixo de acompanhar a proposta formulada pelo Sr. Auditor e, por
consequência, proponho que os presentes recursos sejam conhecidos para, no mérito, negar-
lhes provimento.”
6. O Secretário da unidade instrutiva, por fim, anuiu à proposta do Diretor (peça 245).
7. O Ministério Público, em sua cota de participação à peça 246, assim se manifestou,
acompanhando o Diretor e o Secretário da Serur:
“Trata-se de recursos de revisão interpostos por Lúcia Rienzo Varella (peça 224) e
Heraclides Moreira da Silva (peça 237) contra o Acórdão nº 684/2011-Plenário (peça 31, p.
62-72), por meio do qual esta Corte julgou irregulares as contas daqueles responsáveis, os
condenou ao ressarcimento de danos produzidos aos cofres do Conselho Regional de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região/SP (Crefito-3), aplicou multa ao Sr.
Heraclides Moreira da Silva e decretou sua inabilitação para exercício de cargos em
comissão, nos termos do art. 60 da Lei nº 8.443/92.

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2. Registro que os termos da decisão rescindenda foram reiterados pelos Acórdãos nºs
487/2013-Plenário (peça 110) e 341/2014-Plenário (peça 213), que rechaçaram o recurso de
reconsideração e os embargos de declaração contra ela atravessados.
3. A admissibilidade dos presentes recursos de revisão foi apreciada por Vossa
Excelência nos despachos de peças 235 (Lucia Rienzo Varella) e 241 (Heraclides Moreira da
Silva), cujas razões são evocadas pela Serur para renovar a proposta de conhecimento.
4. Consta dos autos que a condenação dos recorrentes decorreu do envolvimento em
esquema de malversação de recursos do Conselho para o qual laboravam – respectivamente,
na qualidade de assessora jurídica e contador. As despesas – ordenadas pelo Sr. Zenildo
Gomes da Costa, então presidente do Crefito-3 – destinar-se-iam ao reembolso irregular de
diárias (várias das quais não comprovadas) e ao pagamento de indenização por férias não
gozadas (nesse último caso, ao Sr. Heraclides Moreira da Silva).
5. O Exmo. Sr. Ministro Weder de Oliveira, em sede da proposta de deliberação
condutora do Acórdão nº 684/2011-Plenário (peça 31, p. 55), assim resume o modus
operandi dos agentes:
‘a) O Sr. Zenildo Gomes da Costa, então Presidente da autarquia, emitia cheques do
CREFITO-3 nominais a determinados empregados daquele Conselho, sob a justificativa de
que se tratava do pagamento de supostas diárias sem, contudo, preencher o valor nas
respectivas cártulas;
b) os empregados recebiam os cheques em branco do Sr. Éber Emanoel Viana
Serafim Araújo – então Chefe de Contas a Pagar – e eram orientados a endossá-los, apondo
a assinatura no verso, devolvendo, em seguida, ao Sr. Éber;
c) posteriormente, o Sr. Zenildo Gomes da Costa preenchia os valores dos cheques,
assinava e encaminhava-os para o setor Contábil-Financeiro para a liberação dos
pagamentos;
d) por fim, o Sr. Éber Emanoel viana Serafim Araújo descontava os cheques no
Banco do Brasil e depositava parte dos valores ao supostos beneficiário das diárias,
repartindo entre si e os demais integrantes do esquema fraudulento .’
6. Quanto ao mérito, divergem a equipe (peça 243) e os dirigentes da Serur (peças 244
e 245) sobre a solução a ser conferida ao processo. Enquanto o auditor propugna pelo
acolhimento das razões recursais, com o consequente provimento dos apelos (parcialmente,
no caso do Sr. Heraclides Moreira da Silva), o diretor e o secretário da unidade recomendam
a rejeição dos recursos e manutenção das condenações vigentes.
7. Diante das vicissitudes do caso concreto – cuja primeira solução (Acórdão nº
425/2010-Plenário) foi reformada em favor do acórdão ora recorrido – e da relevância das
teses levantadas para construção jurisprudencial, entendo pertinente revisitar os aspectos
centrais da argumentação esgrimida.
II
8. A proposta de provimento dos recursos (quanto ao afastamento do débito), tal como
formulada pela equipe da Serur, fundamenta-se no argumento de que, embora incontroversa
a conduta irregular dos envolvidos, os elementos inicialmente colhidos nos autos seriam
inconclusivos quanto à realização ou não das viagens e, em consequência, não se poderia
afirmar categoricamente que os valores não seriam devidos àqueles a quem foram
depositados. Em suma, o débito não estaria suficientemente constituído.
9. Em verdade, a equipe assevera que a documentação superveniente – de que trata o
art. 288, inciso III, do Regimento Interno do TCU – corrobora as alegações dos recorrentes,
pois ‘os depoimentos prestados por acusados e testemunhas perante o Poder Judiciário
levam a crer que foram de fato realizadas viagens que justificaram o pagamento de diárias’
(peça 243, p. 6).
10. Argui a instrução que, portanto, não se sustentaria o pressuposto que orientou a
condenação dos recorrentes em débito. Em última instância, o argumento basilar de tal
conclusão residiria na definição do encargo probatório de cada responsável, senão vejamos
(peça 243, p. 6/7 - grifei):
‘Conforme cediço neste Tribunal, compete ao gestor dos recursos públicos
comprovar a sua devida utilização. Essa hipótese quadra-se perfeitamente à condição
15

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jurídica de Zenildo Gomes da Costa, na qualidade de então Presidente do Crefito -3 e


ordenador de despesa; mas não aos demais responsáveis, aos quais não se aplica a
inversão do ônus da prova. Estes últimos aparecem como beneficiários de valores que de
fato eram devidos, em razão do trabalho realizado em prol da entidade .’
11. A outro turno, o Sr. diretor da Serur dissente da proposta apresentada pelo corpo
técnico, sob o pálio de que:
- a Sra. Lucia Rienzo Varella ‘não se trata de uma simples empregada ou prestadora
de serviço’, eis que teria o ‘dever jurídico pela defesa da gestão e fiscalização da entidade
[e] (...) tinha responsabilidade pela boa aplicação de recursos da entidade’ (ambas citações
à peça 244, p. 2);
- o Sr. Heraclides Moreira da Silva, na qualidade de Chefe do Departamento
Contábil da instituição, ‘deveria zelar para que os registros contábeis e os demonstrativos
financeiros refletissem a real situação das operações realizadas no âmbito da entidade’
(peça 244, p. 2).
12. Ambos os recorrentes, portanto, teriam ‘a responsabilidade ética de zelar pelas boas
práticas na entidade’ (peça 244, p. 2), que teriam infringido ao possibilitarem a ocorrência
da fraude constatada.
III
13. Observo, nesse ponto, que é inconteste a ocorrência do comportamento descrito nos
autos (endosso de cheques em branco), tendo havido confissão de tais atos, tanto nesta
Tomada de Contas Especial quanto em juízo.
14. Fixado esse ponto incontroverso, pondero que a única causa eximente de
irregularidade foi arguida pelo Sr. Heraclides Moreira Silva – que alega, em seus termos,
inexigibilidade de conduta diversa. A equipe técnica novamente perfilha esse entendimento,
registrando que (peça 243, p. 11 - grifei):
‘No caso do recorrente, parece claro que a única forma que tinha de receber
direitos trabalhistas (férias não gozadas) era por meio de diárias; a exemplo do que ocorria
com os outros beneficiários, era essa a sistemática que lhe era imposta. Nas circunstâncias
que se apresentavam, insurgir-se contra essa sistemática equivaleria a renunciar a seus
direitos ou mesmo correr o risco de ser demitido.’
15. Obtempero, todavia, que não se pode excluir a responsabilidade dos recorrentes sob
tais alegações. Primeiramente, é consabido que, patenteada a conduta lesiva, as excludentes
de responsabilidade devem ser demonstradas por quem as alega. Não foram trazidos aos
autos, entretanto, elementos que indiquem a presença da causa exculpante, a evidenciar que
os recorrentes teriam sido irresistivelmente compelidos a aderir à conduta inquinada.
16. Em segundo lugar, é certo também que os trabalhadores da autarquia sui generis, na
qualidade de agentes públicos, ostentam o dever de ofício de se insurgirem contra práticas
escusas, inclusive as provenientes de seus superiores hierárquicos. Não se percebe, no
processo, qualquer indicativo de terem atuado nesse sentido (denúncias, petições etc.).
17. De fato, entendimento idêntico orientou o acórdão recorrido, na voz do Exmo. Sr.
Ministro Relator (peça 31, p. 59):
‘58. É necessário reforçar que suas condutas foram totalmente dissociadas de
qualquer padrão estabelecido em normas que regem o trato de recursos públicos. Não é
comum que alguém seja instado a endossar um cheque em branco para que possa receber
valores que, em tese, lhes são devidos.
59. Se a conduta exigida (assinar cheques em branco no verso) afastava -se da
prática cotidiana do gerenciamento de verbas públicas, e não havia a menor dú vida desse
fato, era de se esperar que os envolvidos buscassem, junto ao próprio conselho, ou a outras
instâncias de controle, saber da correção do procedimento e, em especial, de suas
consequências.
60. Não é crível que um empregado, com entendimento mínimo sobre o modo pelo
qual o dinheiro público deve ser tratado, endosse um cheque em branco, emitido em seu
favor, sem questionar a lisura de tal prática.’
18. Presentes a conduta e seu desvalor, concluo incabível desconstituir a decisão
atacada. Assim, a irregularidade identificada já macula, por si só, as contas dos recorrentes e
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reclama a imposição de penalidade individual a ambos. Todavia, apenas o Sr. Heraclides


Moreira Silva recebeu pena de multa, de modo que resulta incabível a reformatio in pejus em
desfavor da recorrente Sra. Lucia Rienzo Varella, impedindo acrescer-lhe tal sanção no
presente momento processual.
19. Quanto à extensão da responsabilidade para abarcar também o débito, torna-se
necessário aprofundar a análise para verificar se a atuação dos responsáveis em epígrafe –
além de representar grave infração à norma legal ou regulamentar – concorreu, consciente e
voluntariamente, para o prejuízo aos cofres do conselho.
IV
20. Relembrando o iter percorrido pelos responsáveis, a proposta de deliberação que
orientou o Acórdão nº 684/2011-Plenário (peça 31, p. 58) resume da seguinte forma o
esquema capitaneado pelo Sr. Zenildo Gomes da Costa:
‘Este era justamente o modus operandi dos fraudadores: conseguir o endosso dos
cheques em branco; preenchê-los com valores superiores àqueles a que efetivamente os
empregados fariam jus; descontar o cheque no caixa do Banco do Brasil; e depositar para o
beneficiário somente parte do valor do cheque’.
21. Revolvendo os autos, observo que a proposta de deliberação que orientou o Acórdão
nº 684/2011-Plenário (peça 31, p. 60) considerou expressamente que, ao incorrerem na
temerária conduta de endossar títulos de crédito em branco, os responsáveis assumiram
significativo risco de proporcionar fraudes ao erário. Assim, em que pese inexistirem
evidências de que tenham ‘agido com dolo específico de lesionar o erário’, ainda assim os
responsáveis demonstraram indiferença pelas consequências de seus atos, em desapreço ao
destino dos recursos públicos da entidade em que laboravam.
22. Vislumbro ter havido previsibilidade objetiva e subjetiva, por parte dos ora
recorrentes, de que o endosso de cártulas em branco serviria para a prática de ilicitudes, não
sendo razoável suporem, à época, que o endosso dos cheques prestar-se-ia a procedimentos
regulares. Anoto ser mesmo proverbial a expressão ‘emitir cheque em branco’ como
sinônimo de comportamento imprudente (no caso, em desfavor do ente público), ante a
incerteza do valor a ser aposto no título.
23. Quanto à solidariedade dos recorrentes, rememoro que, conforme já apontei (TC nº
034.971/2014-9, parecer de peça 19), a participação em irregularidades prescinde de acerto
prévio entre os agentes (in casu, entre os recorrentes e os operadores da fraude):
‘Em primeiro lugar, registro que o acordo (pactum sceleris) não é requisito sine qua
non para caracterização da coautoria em ilícitos, o que tornaria desnecessária, para efetiva
responsabilização do agente, a existência de ajuste prévio entre o cliente e o então gerente.’
24. Nesse sentido, percebo que a jurisprudência do Tribunal apenas tem eximido os
beneficiários da responsabilização nas hipóteses em que não tenham ‘contribuído de modo
decisivo’ (Acórdão nº 2428/2015-Plenário) para a produção do dano (no mesmo sentido,
Acórdãos nºs 2534/2015-Plenário e 1380/2014-Plenário). No vertente processo, a
participação decisiva dos recorrentes é comprovada pela assinatura de títulos não
preenchidos.
25. Quanto ao nexo de causalidade, entendo que a fraude praticada logo em seguida aos
endossos não constituiu desvio anormal da ação perpetrada pelos recorrentes. É dizer:
endossando-se cheque em branco, segue-se a fraude como consequência esperada, e não
como mera eventualidade. Assim, jungindo-se a previsibilidade objetiva à conduta (seja
culposa, seja intencional, conforme bem considera o Acórdão nº 684/2011-Plenário), ao dano
e ao liame causal, concluo que ambos os recorrentes devem ser responsabilizados também
pela lesão ao patrimônio do Conselho ao qual se vinculavam, tal como dispõe a deliberação
vergastada.
V
26. Ante o exposto, este representante do Ministério Público acompanha as conclusões
do Sr. diretor e do titular da Serur, opinando por que o Tribunal conheça dos recursos de
revisão em comento (peças 224 e 237) para, no mérito, denegar-lhes provimento.”
É o Relatório.

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VOTO

Inicialmente, registro que atuo nos presentes autos em razão da assunção do Ministro
Raimundo Carreiro à Presidência deste Tribunal de Contas da União, por força do art. 152 do
Regimento Interno do TCU (RITCU).
2. Em exame preliminar, conheço dos Recursos de Revisão por considerar presentes os
requisitos de admissibilidade descritos nos arts. 32 e 35 da Lei 8.443/1992 c/c art. 288 do RITCU.
3. Como consignado no Relatório precedente, os recorrentes se insurgem contra o Acórdão
684/2011-TCU-Plenário, proferido no âmbito de Tomada de Contas Especial instaurada pelo
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região/SP (Crefito-3) em desfavor
de diversos funcionários da entidade, os quais teriam desviado verbas em proveito próprio,
ocasionando dano ao erário.
4. O acórdão combatido julgou irregulares as contas de ambos os recorrentes, atribuindo-
lhes débito, em solidariedade com outros responsáveis. Quanto a Heraclides Moreira da Silva, foi
adicionalmente apenado com a multa do art. 57 da Lei 8.443/1992.
5. A irregularidade cometida consistia, em síntese, no endosso de cheques em branco, que
após descontados no banco, tinham parte de seus valores repassados aos signatários (beneficiários),
sendo o restante apropriado pelos operadores da fraude.
6. A teor do Relatório que antecede este Voto, emitiram pareceres divergentes o auditor da
Secretaria de Recursos (Serur) à peça 243 e o seu Diretor (peça 244). Aquele propõe o provimento
parcial do recurso de Heraclides Moreira da Silva e o total provimento ao recurso de Lúcia Rienzo
Varella, afastando, para ambos e para os demais responsáveis solidários, o débito anteriormente
atribuído. Este propõe negar provimento a ambos os recursos, acompanhado pelo Secretário da
unidade, bem como pelo Parquet especializado.
7. Feito esse breve histórico, passo a decidir.
8. Desde já, ponho-me de acordo com o exame realizado pelo Ministério Público junto ao
TCU (MPTCU), que anuiu ao entendimento do Diretor e do Secretário da Serur. Incorporo-o às
minhas razões de decidir, sem prejuízo das considerações que faço a seguir, a respeito das alegações
de cada um dos responsáveis.
II
9. A recorrente Lúcia Rienzo Varella alegou, em síntese, que: (i) as viagens para as quais
recebeu diárias foram efetivamente realizadas e decorrentes de suas funções laborativas, o que pode
ser comprovado pelas testemunhas ouvidas em juízo, de modo que os recebimentos foram devidos e
não devem compor o débito; (ii) todos os comprovantes de viagens, inclusive as passagens aéreas,
sempre foram entregues na autarquia e a recorrente não teve mais acesso à sala onde se
encontravaM as cópias de seus relatórios; (iii) recebia o valor correspondente às diárias sempre em
espécie, pela necessidade de fazer face às despesas de viagem e pela “urgência do assunto”; (iv)
nunca assinou cheques em branco, que lhes eram apresentados no anverso para endosso e sempre
entendeu que o montante do cheque correspondia ao que lhe era devido, pela razão de estreita
confiança com o colega de trabalho; (v) existem contradições e opiniões divergentes no âmbito do
TCU.
10. Rememoro, por demasiado importante, o modus operandi da irregularidade discutida
nestes autos, por intermédio da transcrição de excerto da proposta de deliberação que fundamentou
o acórdão combatido:
“16. Como já dito, a estratégia utilizada consistia, de forma sintética, nos seguintes
procedimentos sequenciais: emissão de cheques em favor de diversos beneficiários, pelo ex-
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Presidente, sob a justificativa de que se tratava de reembolso de diárias; coleta de endossos nas
respectivas cártulas – que eram apresentadas em branco – por parte de empregados que
supostamente fariam jus ao reembolso de diárias; e desconto dos cheques no caixa da instituição
bancária.
17. Após tais procedimentos, o Sr. Éber Emanoel Vianna Serafim Araújo, então Chefe do Setor
de Contas a Pagar – que efetuava o desconto das cártulas direto no banco – depositava parte do
valor na conta do suposto beneficiário, e repartia o restante entre si e os demais responsáveis
pela fraude.”
11. Trata-se, portanto, de grave irregularidade, que acabou por depauperar o patrimônio da
entidade empregadora dos recorrentes. Não à toa essas condutas foram objeto da Ação Civil Pública
n.º 2004.61.00.027632-2 e da Ação Penal n.º 2006.61.81.000808-0. Nesta, foram condenadas, com
penas restritivas de liberdade, outras pessoas que também constam do rol de responsáveis desta
Tomada de Contas Especial, a exemplo de Maria Mabel Palacio Miranda, Eber Emanuel Viana
Serafim Araujo, Maria Aparecida Bevilacqua, Heraclides Moreira da Silva (recorrente), Atilio
Mauro Suarti e Zenildo Gomes da Costa. Colaciono excertos de sentença proferida na mencionada
ação penal, in verbis:
“Assim, fixo a pena definitiva de ATILIO MAURlO SUARTI em 02 (dois) anos de reclusão,
além de 10 (dez) dias-multa, estabelecendo, ainda, o regime inicial aberto nos termos do art.
33, caput e §2º, "c", do Código Penal.

Assim, fixo a pena definitiva de MARIA MABEL PALACIO MIRANDA em 02 (dois) anos
de reclusão, além de 10 (dez) dias-multa, estabelecendo, ainda, o regime inicial aberto nos
termos do art. 33, caput e §2º, "c", do Código Penal.

Considerando que os crimes foram cometidos por meio de condutas distintas, deve ser aplicada
a regra do concurso material (art. 69 do Código Penal), somando-se as penas, resultando a pena
corporal definitiva de EBER EMANUEL VIANA SERAFIM ARAUJO em 03 (três) anos de
reclusão, e pagamento de 20 (vinte) dias-multa, estabelecendo, ainda, o regime inicial aberto
nos termos do art. 33, caput e §2º, “c”, do Código Penal.

Considerando que os crimes foram cometidos por meio de condutas distintas, deve ser aplicada
a regra do concurso material (art. 69 do Código Penal), somando-se as penas, resultando a pena
corporal definitiva de HERACLIDES MOREIRA DA SILVA em 03 (três) anos de reclusão,
e pagamento de 20 (vinte) dias-multa, estabelecendo, ainda, o regime inicial aberto nos termos
do art. 33, caput e §2º, "c", do Código Penal.

Considerando que os crimes foram cometidos por meio de condutas distintas, deve ser aplicada
a regra do concurso material (art. 69 do Código Penal), somando-se as penas, resultando a pena
corporal definitiva de MARIA APARECIDA BEVILACQUA em 03 (três) anos de reclusão,
e pagamento de 20 (vinte) dias-multa, estabelecendo, ainda, o regime inicial aberto nos termos
do art. 33, caput e §2º, "c", do Código Penal.

Considerando que os crimes foram cometidos por meio de condutas distintas, deve ser aplicada
a regra do concurso material (art. 69 do Código Penal), somando-se as penas, resultando a pena
corporal definitiva de ZENILDO GOMES DA COSTA em 04 (quatro) anos e 08 (oito)
meses de reclusão, e pagamento de 33 (trinta e três) dias-multa.”
12. Os argumentos de Lúcia Rienzo Varella não merecem acolhida, como demonstrarei a
seguir.
13. Destaco, de plano, que a responsabilização perante esta Corte é de natureza subjetiva.
Dessa forma, é necessária a configuração dos seguintes elementos: a irregularidade, a conduta
culposa lato sensu e o nexo de causalidade entre os dois últimos elementos.

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14. A assinatura de cheques em branco, por acreditar na conduta escorreita de um colega de


trabalho – que iria descontar exatamente o valor a ela devido – é típica conduta em que se
configura, ao menos, culpa por latente imprudência, quando há ação sem o devido cuidado e
diligência. Trata-se de conduta fora de parâmetros esperados do gestor médio, sobretudo quando
percebo que a recorrente ocupava o cargo de Assessora Jurídica naquele conselho profissional.
15. Os elementos caracterizadores da responsabilidade dos recorrentes estão amplamente
demonstrados, decorrentes de confissão presentes nestes autos bem como em juízo. Não tivesse
havido a assinatura de cheques em branco (conduta culposa), o dano aos cofres do Crefito
(irregularidade) não teria se materializado (nexo de causalidade). Como afirmou o Relator da
decisão atacada, “o ato de endossar os cheques em branco era o motor da fraude perpetrada no
CREFITO-3”.
16. Quanto ao fato de receber as diárias a que fazia jus sempre em espécie, não é crível que
isso sempre devesse acontecer, a fim de fazer frente aos custos das viagens da recorrente. Como é
cediço, a rede bancária no Brasil é capaz de atender a população em praticamente todo o território
nacional. Consultando os débitos atribuídos solidariamente à recorrente, percebo que a média dos
valores gira em torno de R$ 5.000,00 (em valores históricos à época dos fatos). Mesmo
considerando que apenas parte desse valor fosse repassado à Lúcia Rienzo Varella, é difícil acolher
seu argumento de que não fazia uso de outros meios de pagamento, como cartões de crédito ou
débito, sempre portando consigo valores dessa monta.
17. Sobre a impossibilidade de trazer aos autos evidências de que, de fato, fez as viagens e
cumpriu com suas funções laborais, pontuo o seguinte: ainda que a recorrente tenha sido impedida
de ter acessos a relatórios de viagens que afirma ter produzido e que justificariam os recursos por
ela recebidos, poderia provar a realização dessas viagens apresentando outros elementos, como
bilhetes de passagens, que, na maioria das vezes, ficam registrados em e-mails e em sistemas
corporativos das companhias transportadoras, facilmente acessíveis pela internet.
18. Aproveito a oportunidade para transcrever excerto da proposta de deliberação que
resultou na prolação do acórdão guerreado, o qual demonstra ardil movimentação para destruição de
provas:
“21. Embora tenha alegado que a documentação probante da suposta regularidade do pagamento
das diárias encontra-se em poder da nova direção do CREFITO-3, e que, portanto, estaria
impossibilitado de apresentá-la, o MPF apurou que, no dia 21/03/2004 (domingo), véspera da
data em que o Sr. Zenildo deixaria a presidência do conselho, documentos e registros relativos
ao pagamento de diárias nos anos de 2003 e 2004 foram destruídos e/ou apagados dos
computadores da entidade, segundo consta, a mando do próprio ex-Presidente.
22.Ainda de acordo com aquele órgão Ministerial, no dia 22/03/2004, também foi apagado dos
computadores um sistema de contabilidade – SISCONTW – que continha toda a movimentação
financeira do CREFITO-3, em especial, aquela relativa ao movimento de diárias.
23.Testemunhas ouvidas nos autos da mencionada Ação Civil Pública n. 2004.61.00.027632-2
apontaram que o Sr. Zenildo Gomes da Costa esteve na sede do conselho, em 21/03/2004 e
colocou vários sacos plásticos pretos cheios (aparentemente de papéis) em um veículo tipo
utilitário (Van) de propriedade do Centro Científico e Cultural Brasileiro de Fisioterapia, cuja
presidência, à época, era de sua filha.”
19. A recorrente continua sua argumentação solicitando que esta Corte leve em
consideração os depoimentos de testemunhas - no âmbito da Ação Penal n.º 2006.61.81.000808-0 -
que atestariam a realização das viagens para as quais recebeu diárias.
20. Após analisar a sentença apontada pela recorrente à peça 242, percebo que a julgadora
declara que as testemunhas não revelaram a existência de dolo específico da ré no recebimento das
diárias, elemento essencial para configuração do crime a ela imputado, qual seja, peculato doloso,
previsto no art. 312, caput, do Código Penal. Todavia, a magistrada reconheceu a ocorrência da
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pretensão punitiva estatal com relação ao peculato culposo, declarando a extinção da punibilidade
da ré.
21. É amplamente conhecido que o TCU exerce sua jurisdição independentemente das
demais, inexistindo litispendência entre processo que aqui tramita e outro que trate do mesmo
assunto no âmbito do Poder Judiciário. Ademais, o caráter da decisão trazida pela recorrente, qual
seja, a de mera extinção da punibilidade da ré, não impede o tratamento dos mesmos fatos na esfera
cível, a teor dos artigos 66 e 67, inciso III, do Código de Processo Penal.
22. No âmbito administrativo, cito o art. 126 da Lei 8.112/1990, que discorre sobre a
necessidade de que a sentença penal seja absolutória para que afaste a responsabilidade
administrativa:
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.
23. Ainda que o procedimento desta Corte não se baseie nesse diploma legal, não há dúvida
de que o mesmo princípio seja válido para ambos. Além disso, o entendimento perfilhado pelo
Supremo Tribunal Federal no enunciado da Súmula n.º 18 alinha-se a esses dispositivos legais:
Súmula 18
Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição
administrativa do servidor público.
24. Portanto, reafirmo que os limites à persecução administrativa são impostos apenas por
sentenças penais absolutórias, e não por qualquer sentença penal. De igual modo, não se impõe a
este Tribunal de Contas considerar fidedignas as declarações feitas por testemunhas arroladas
naquela ação penal, que a meu sentir, apenas tiveram o condão de transmudar o tipo penal,
retirando-se o seu caráter doloso. Como se depreende da sentença retromencionada, permaneceu o
ilícito na modalidade culposa, cuja apenação só não foi estabelecida ante o alcance da prescrição
reconhecida em juízo.
25. Por fim, registro que não se discute aqui a legalidade do pagamento de diárias, como
buscou argumentar a recorrente, mas a sua participação em esquema que fraudou os cofres do
Crefito-3. A recorrente também busca afastar sua responsabilidade informando sobre ação
trabalhista ajuizada contra o conselho, na qual pleiteia verbas não pagas e danos morais, fatos que
em nada se relacionam com o que aqui se discute.
26. A teor do que foi exposto até aqui, nego provimento ao recurso manejado por Lúcia
Rienzo Varella.
III
27. Heraclides Moreira da Silva, por seu turno, fez diversas alegações, as quais se
encontram descritas no Relatório precedente. Em síntese, todas as alegações buscam demonstrar
que o recorrente: (i) tinha consciência de que receber férias não gozadas por meio de forma de
diárias era irregular, mas nada podia fazer senão acatar as decisões do então presidente; (ii) não era
o responsável pela autorização do pagamento de diárias e nem pela coleta de assinaturas dos
cheques; (iii) não detinha poder para exercer qualquer investigação a respeito das diárias por
imposição do presidente; e (iv) foi punido pela simples e vaga possibilidade de saber o que estava
acontecendo.
28. Também não se sustentam os argumentos desse recorrente.
29. Como bem esclareceu o MPTCU, o eixo argumentativo do recorrente para afastar sua
responsabilidade baseia-se na inexigibilidade de conduta diversa, pressupondo que teria agido sob
coação moral do então presidente do conselho profissional, aquele realmente responsável pelos
pagamentos indevidos.
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30. Contudo, a fim de demonstrar causa excludente de sua responsabilidade, o recorrente


não trouxe elementos que a tenham demonstrado. Na qualidade de agente público e ocupante do
cargo de chefe do setor de contabilidade naquele conselho profissional, além de responsável pelo
processamento administrativo de diárias, o recorrente não apresentou qualquer elemento de prova
que evidenciasse ter se insurgido contra práticas reconhecidamente irregulares de seu superior
hierárquico, algo que era seu dever de ofício.
31. Ainda que tenha havido coação moral, deu-se de forma resistível. Ademais,
considerando a patente ilegalidade da ordem e não havendo espaço para que pudesse interpretá-la
como legal, a sua conduta é inescusável e não pode dar azo à elisão de sua responsabilidade e
culpabilidade.
32. Não à toa o ora recorrente foi condenado no âmbito da Ação Penal n.º
2006.61.81.000808-0 com pena de três anos de reclusão pelo crime de peculato, a teor da
transcrição da sentença feita no item 11 retromencionado. Entre os fundamentos dessa condenação,
destaco o seguinte excerto da decisão judicial (peça 242, p. 37):
“(...) HERACLIDES tinha plena ciência de todos os procedimentos irregulares relativos ao
pagamento de diárias no conselho e, mesmo assim, anuía com tais práticas, lançando os valores
no controle financeiro da autarquia federal e finalizando os processos de diárias como se fossem
absolutamente regulares.
(...) resta, claro que diversos funcionários, conselheiros e membros do corpo diretivo do
CREFITO-3 receberam quantidade de diárias superior que o próprio número de dias dos
respectivos meses no ano de 2003, em montante superior a um milhão e meio de reais, o que,
por si só, já revela irregularidade no pagamento de tais valores.
(...) em que pese a alegação de HERACLIDES no sentido de que empreendeu viagens no ano de
2003, nenhuma das testemunhas ouvidas durante a instrução processual pode afirmar que este
efetivamente realizou viagens representando o conselho.”
33. Nos autos da Ação Civil Pública n.º 2004.61.00.027632-2, que trata dos mesmos fatos
desta TCE, o recorrente obteve sentença desfavorável, por meio da qual o Juízo Federal da 9ª Vara
Cível de São Paulo-SP deferiu liminar para determinar a quebra do sigilo bancário de todos os réus
e a indisponibilidade de todos os seus bens, até o limite de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de
reais), valor atribuído à causa e que corresponde ao montante suficiente para assegurar a multa civil
e a integral reversão dos danos materiais e morais causados ao Crefito-3.
34. Em sede de Agravo de Instrumento n.º 2007.03.00.074487-0 apresentado pelo
recorrente contra essa decisão, o Ministério Público Federal apontou diversos fatos que corroboram
o entendimento já esposado de que o recorrente agiu de forma consciente para o desvio de verbas
dos cofres daquele conselho, alguns dos quais transcrevo a seguir:
“O servidor Heráclides Moreira e Silva, à época dos fatos, chefiava o setor de contabilidade do
CREFITO - 3. Após todo o apurado nas investigações administrativas realizadas Heráclides
acabou sendo dispensado por justa causa da referida autarquia (docs. 17 e 29).
Esse funcionário participou do esquema de desvio de dinheiro público, recebendo um total de
30,5 (trinta e meia) diárias, no ano de 2003, em conformidade com o livro de controle interno
do CREFITO - 3, cujo valor se perfez em R$ 13.978,58 (treze mil, novecentos e setenta e oito
reais e cinqüenta e oito centavos) (doc.29-A).
Heráclides recebeu, no total, 16 (dezesseis) diárias no mês de janeiro, num valor de R$ 6.242,64
(seis mil, quatrocentos e quarenta e dois reais, e sessenta e quatro centavos) e 14,5 (quatorze e
meia) diárias no mês de maio, num valor de R$ 7.735,64 (sete mil, setecentos e trinta e cinco
reais e cinqüenta e quatro centavos).

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Conforme o que será infra relatado, as diárias recebidas pelo referido servidor no mês de maio
não detêm fundamento jurídico apto a justificar a vantagem percebida, visto que o servidor se
encontrava em férias, não podendo, portanto, ter viajado nesse período pela autarquia.
(...)
Heráclides fora peça estrutural no esquema de desvio de dinheiro público corrente no
CREFITO-3 na gestão de Zenildo Gomes da Costa, em decorrência de que todos os processos
financeiros, os quais aprovavam o pagamento indenizatório das diárias inexistentes, eram de sua
responsabilidade.
Na gestão de Zenildo, o servidor Heráclides chefiava o setor de contabilidade, o qual era além
de funcionário da autarquia, assessor contábil do ex-presidente. Em conformidade com o
depoimento de Geraldo Rossetto na Procuradoria da República do Estado de São Paulo,
Heráclides ‘tinha o controle de toda a movimentação de recursos do CREFITO-3 (doc. 10-A).
(...)
Destarte, apreende-se que Heráclides conhecia perfeitamente o esquema de ilegal desvio de
dinheiro público, uma vez que estivera no CREFITO - 3 na data na qual os arquivos que
detinham as provas cabais desse ilícito foram apagado e os documentos contábeis extraviados.
A conduta dolosa do funcionário ainda se corrobora, em razão de Heráclides ter mentido em
depoimento, dizendo que não presenciara a retirada de documentos, consoante o trecho a seguir
exarado (doc. 29).
‘(...) que não presenciou qualquer retirada de documentos e não presenciou qualquer movimento
estranho no Conselho (...) que não presenciou a entrada de ninguém em sua sala (...)’.
(...)
No concernente à obtenção de vantagem ilícita pelo funcionário Heráclides, ficou comprovado
que no mês de maio de 2003, ele não poderia ter recebido diárias, visto que consoante na ficha
de cadastro funcional de Heráclides este estivera de férias dos dias 05 a 24 de maio.
Ademais, após o seu retorno na autarquia, seu cartão de ponto demonstra que este efetivamente
estivera na sede do CREFITO-3 nos dias 26, 27, 28, 29 e 30 de maio, não podendo, portanto, ter
viajado em nome do CREFITO-3, por não ter se ausentado da autarquia.”
35. Assim como ficou assentado para a outra recorrente, os elementos da responsabilização
de Heraclides Moreira da Silva estão amplamente demonstrados nos autos. Os fatos e considerações
feitos até agora demonstram a conduta dolosa desse agente no desvio de recursos do Crefito-3, e os
elementos apresentados pelo recorrente mostraram-se inaptos a promover qualquer alteração da
decisão vergastada. Assim, também nego provimento ao Recurso de Revisão interposto por
Heraclides Moreira da Silva.
Ante todo o exposto e anuindo ao exame do MPTCU, voto por que o Tribunal adote a
minuta de Acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 12 de abril de
2017.

AROLDO CEDRAZ
Relator

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ACÓRDÃO Nº 726/2017 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 016.898/2005-1.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I – Recurso de Revisão (em Tomada de Contas Especial).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessado: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região - SP
(Crefito-3) (49.781.479/0001-30).
3.2. Responsáveis: Ana Paula Naves Britto (099.377.198-01); Atilio Mauro Suarti (009.615.608-
27); Carlos Ruiz da Silva (074.865.058-00); Cid Bianchi (905.292.788-04); Dilcilene do Socorro
Dorabiato Lauzid (461.124.302-82); Eber Emanoel Viana Serafim Araujo (501.545.754-53); Eliane
Maria Fragoso (011.292.598-70); Fábio Horvat (279.001.108-79); Fábio Linaldo dos Santos
(902.090.605-49); Heraclides Moreira da Silva (768.010.558-87); Jorge Ferreira Lima
(694.829.264-04); José Benites Penha Torres (119.764.621-34); Lucia Rienzo Varella
(941.784.708-25); Lúcia de Fátima da Cunha Nery (642.764.228-68); Maria Aparecida Bevilacqua
(085.824.698-88); Maria Mabel Palácio Miranda (255.876.504-30); Regina Aparecida Rossetti
Heck (105.836.958-09); Regina Celi Nascimento (444.702.074-20); Ricardo Silva Brunialti
(126.833.488-00); Rodolfo Hazelman Cunha (007.771.698-19); Zenildo Gomes da Costa
(038.520.404-34).
3.3. Recorrentes: Lucia Rienzo Varella (941.784.708-25); Heraclides Moreira da Silva
(768.010.558-87).
4. Órgão/Entidade: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 3ª Região - SP
(Crefito-3).
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no Estado de
São Paulo (Secex-SP).
8. Representação legal:
8.1. Aldo Varella Tognini (42947/OAB-SP), representando Lucia Rienzo Varella.
8.2. Fernanda de Souza Batista da Silva e outros, representando Heraclides Moreira da Silva.
8.3. Adelson Naves Britto (194897/OAB-SP), representando Ana Paula Naves Britto.
8.4. Fábio João Bassoli (109568/OAB-SP), representando Cid Bianchi.
8.5. Darcio Borba da Cruz Junior (196770/OAB-SP) e outros, representando Regina Aparecida
Rossetti Heck.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recursos de Revisão, em Tomada de
Contas Especial, interpostos por Lúcia Rienzo Varella e Heraclides Moreira da Silva contra o
Acórdão 684/2011-Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do Recursos de Revisão, com fundamento no art. 35 da Lei 8.443/1992, e,
no mérito, negar-lhes provimento, mantendo-se inalterada a decisão recorrida;
9.2. dar ciência deste acórdão aos recorrentes.

10. Ata n° 12/2017 – Plenário.


11. Data da Sessão: 12/4/2017 – Extraordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0726-12/17-P.

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13. Especificação do quorum:


13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Augusto
Nardes, Aroldo Cedraz (Relator), José Múcio Monteiro, Ana Arraes, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho e Weder de
Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


RAIMUNDO CARREIRO AROLDO CEDRAZ
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral

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