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13/11/2023, 16:13 Revista Eletrônica de Jurisprudência do STJ

Superior Tribunal de Justiça


Revista Eletrônica de Jurisprudência

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RECURSO ESPECIAL Nº 704.983 - PR (2004⁄0163809-4)

RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO


RECORRENTE : AILTON FRANCO DE ASSIS
ADVOGADO : EDUARDO MARCELO MOIA MARTINS
RECORRIDO : SARANDI ESPORTE CLUBE
ADVOGADO : CLÓVIS VIRGENTIN E OUTRO(S)
RECORRIDO : MARIA DA CONCEIÇÃO MOREIRA
ADVOGADO : FIORI AUGUSTO MINCACHE FAUSTINO E OUTRO(S)

EMENTA

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA DO RÉU E DO


DENUNCIADO. ACEITAÇÃO DA DENUNCIAÇÃO E CONTESTAÇÃO DO MÉRITO LITISCONSORTES PASSIVOS.
POSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência dessa Corte preconiza que, uma vez aceita a denunciação da lide e apresentada contestação quando ao
mérito da causa principal, como no caso dos autos, o denunciado integra o pólo passivo na qualidade de litisconsorte do réu,
podendo, até mesmo, ser condenado direta e solidariamente. Precedentes.
2. Se o denunciado poderia ser demandado diretamente pelo autor, não resta dúvida de que, ao ingressar no feito por
denunciação e contestar o pedido inicial ao lado do réu, assume a condição de litisconsorte.
3. Não há falar, na espécie, em violação aos art. 76, 128 e 460 do CPC, seja porque as instâncias ordinárias bem
fundamentaram a possibilidade da denunciação da lide em relação à Ailton Franco de Assis, seja porque é possível a
condenação por responsabilidade solidária do denunciado e do réu.
4. Para a configuração do dissídio jurisprudencial, faz-se necessária a indicação das circunstâncias que identifiquem as
semelhanças entre o aresto recorrido e o paradigma, nos termos do parágrafo único, do art. 541, do Código de Processo Civil e
dos parágrafos do art. 255 do Regimento Interno do STJ.
5. Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça acordam, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, não conhecer do recurso especial, nos termos do voto do Sr.

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Ministro Relator. Os Srs. Ministros Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ⁄AP) e João Otávio de Noronha
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Fernando Gonçalves e Aldir Passarinho Junior.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

Brasília (DF), 1º de dezembro de 2009(Data do Julgamento).

MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO

Relator

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
Número Registro: 2004⁄0163809-4 REsp 704983 ⁄ PR

Números Origem: 1362303 199700000178 200300006371 200400000352

PAUTA: 24⁄11⁄2009 JULGADO: 24⁄11⁄2009

Relator
Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FERNANDO GONÇALVES

Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FERNANDO HENRIQUE OLIVEIRA DE MACEDO

Secretária
Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AILTON FRANCO DE ASSIS


ADVOGADO : EDUARDO MARCELO MOIA MARTINS
RECORRIDO : SARANDI ESPORTE CLUBE
ADVOGADO : CLÓVIS VIRGENTIN E OUTRO(S)
RECORRIDO : MARIA DA CONCEIÇÃO MOREIRA
ADVOGADO : FIORI AUGUSTO MINCACHE FAUSTINO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Responsabilidade Civil

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte
decisão:

Adiado por indicação do Sr. Ministro Relator.

Brasília, 24 de novembro de 2009

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TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI


Secretária

RECURSO ESPECIAL Nº 704.983 - PR (2004⁄0163809-4)

RECORRENTE : AILTON FRANCO DE ASSIS


ADVOGADO : EDUARDO MARCELO MOIA MARTINS
RECORRIDO : SARANDI ESPORTE CLUBE
ADVOGADO : CLÓVIS VIRGENTIN E OUTRO(S)
RECORRIDO : MARIA DA CONCEIÇÃO MOREIRA
ADVOGADO : FIORI AUGUSTO MINCACHE FAUSTINO E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO (Relator):

1. Cuida-se de ação de indenização por danos materiais e morais proposta por Maria da Conceição Moreira em face de Sarandi Esporte
Clube. Narra a inicial que, em 12 de maio de 1996, Edmilson Moreira, filho da autora, ao ingressar no salão de dança do Sarandi
Esporte Clube, onde estava ocorrendo um baile, foi atingido por disparo de arma de fogo, vindo a falecer. O autor do disparo foi o
policial militar Ailton Franco de Assis, que deixou cair seu revólver, embora estivesse fora de serviço e sem farda. Alega a autora que
o Clube foi negligente ao não realizar “revista” e permitir o ingresso de pessoa portando arma de fogo.

O réu contestou (fls. 57⁄68), denunciando à lide o Estado do Paraná e Ailton Franco de Assis, que também apresentaram contestações
(fls. 111⁄129 e 142⁄158).

A sentença julgou parcialmente procedentes os pedidos, ao argumento de que restou provado que a morte do filho da autora ocorreu
por culpa dos empregados do Clube, que deixaram de cumprir suas funções adequadamente, ao não “revistar” os clientes da casa
noturna, respondendo objetivamente a pessoa jurídica pelos atos de seus empregados. Assinalou a sentença também a culpa de Ailton
Franco Martins. Condenou o Clube e o litisdenunciado, solidariamente, ao pagamento desde a data de falecimento de Edmilson
Moreira, de doze parcelas anuais correspondentes a meio salário mínimo até a data em que a vítima completasse 25 anos, passando, a
partir daí, a pagar a autora 12 parcelas anuais correspondente a um terço do salário mínimo, até a data em que a vítima completaria 65
anos, ou enquanto viver a autora. Condenou, ainda, os réus, ao pagamento, a título de danos morais, de 300 (trezentos) salários
mínimos, estabelecendo a constituição de capital em valor suficiente para assegurar o cumprimento da obrigação alimentar e ao
pagamento das custa e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor das mensalidades vencidas, e mais uma anuidade, das
vincendas. Julgou improcedente, por outro lado, a denunciação à lide do Estado do Paraná, condenando o denunciante ao pagamento
dos honorários advocatícios, fixados em R$ 1.000,00 (mil reais).

O réu e o litisdenunciado apelaram (fls. 267⁄275 e 278⁄289).

O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná negou provimento aos recursos, restando o acórdão assim ementado:

INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. BAILE. POLICIAL MILITAR ARMADO. AUSÊNCIA DE REVISTA. BALA
PERDIDA. MORTE DE UM JOVEM. RESPONSABILIDADE CIVIL CARACTERIZADA. PROCEDÊNCIA PARCIAL. DECISÃO
CONFIRMADA. 1. O clube que organiza o baile e o policial militar à paisana e armado, que adentra no evento, sem ser revistado e
sem estar em serviço, respondem solidariamente pela morte de pessoa que se encontrava no interior do salão e foi atingida por bala
perdida, oriunda da queda da arma de fogo. 2. A fixação dos danos morais, em trezentos salários mínimos, mostra-se razoável, por se
tratar da perda de filho jovem e em plena saúde. (fl. 406)

Opostos embargos de declaração (fls. 426⁄428), foram rejeitados (fls. 438⁄440).

Inconformado, Ailton Franco de Assis interpôs recurso especial (fls. 445⁄460), fundado nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional,
alegando, em síntese:

a) violação ao art. 76 do CPC, pois as instâncias ordinárias não se pronunciaram acerca da demanda secundária embutida no processo,
sendo certo, também que a denunciação da lide não implica modificação dos sujeitos da ação principal, motivo pelo qual somente o
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denunciante pode ser atingido pela condenação, acaso acolhida a pretensão inicial;

b) violação ao art. 128 do CPC, pois a lide principal foi proposta unicamente contra Sarandi Esporte Clube, não podendo o magistrado
condenar solidariamente com o réu o denunciante ;

c) violação ao art. 460 do CPC, pois a autora não requereu em sua inicial a condenação do denunciado;

d) existência de dissídio jurisprudencial.

Sem contrarrazões, admitiu o Tribunal de origem o recurso especial (fls. 477⁄480), subindo os autos a esta Corte.

É o relatório.

RECURSO ESPECIAL Nº 704.983 - PR (2004⁄0163809-4)

RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO


RECORRENTE : AILTON FRANCO DE ASSIS
ADVOGADO : EDUARDO MARCELO MOIA MARTINS
RECORRIDO : SARANDI ESPORTE CLUBE
ADVOGADO : CLÓVIS VIRGENTIN E OUTRO(S)
RECORRIDO : MARIA DA CONCEIÇÃO MOREIRA
ADVOGADO : FIORI AUGUSTO MINCACHE FAUSTINO E OUTRO(S)

EMENTA

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA DO RÉU E DO


DENUNCIADO. ACEITAÇÃO DA DENUNCIAÇÃO E CONTESTAÇÃO DO MÉRITO LITISCONSORTES PASSIVOS.
POSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência dessa Corte preconiza que, uma vez aceita a denunciação da lide e apresentada contestação quando ao
mérito da causa principal, como no caso dos autos, o denunciado integra o pólo passivo na qualidade de litisconsorte do réu,
podendo, até mesmo, ser condenado direta e solidariamente. Precedentes.
2. Se o denunciado poderia ser demandado diretamente pelo autor, não resta dúvida de que, ao ingressar no feito por
denunciação e contestar o pedido inicial ao lado do réu, assume a condição de litisconsorte.
3. Não há falar, na espécie, em violação aos art. 76, 128 e 460 do CPC, seja porque as instâncias ordinárias bem
fundamentaram a possibilidade da denunciação da lide em relação à Ailton Franco de Assis, seja porque é possível a
condenação por responsabilidade solidária do denunciado e do réu.
4. Para a configuração do dissídio jurisprudencial, faz-se necessária a indicação das circunstâncias que identifiquem as
semelhanças entre o aresto recorrido e o paradigma, nos termos do parágrafo único, do art. 541, do Código de Processo Civil e
dos parágrafos do art. 255 do Regimento Interno do STJ.
5. Recurso especial não conhecido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO (Relator):

2. Cuida a presente controvérsia em saber se, em ação de responsabilidade civil, é possível que o denunciado responda direta e
solidariamente à condenação imposta pela sentença.

No caso, a mãe de menor falecido em incidente ocorrido no interior do Clube que figura no pólo passivo, por força de disparo de arma
de fogo efetuado pelo ora recorrente, pretende recebimento de indenização. Dirigiu a demanda, inicialmente, em face do Clube, que
por sua vez denunciou a lide ao autor do disparo, Edmilson, e também ao Estado do Paraná.

Suscita o ora recorrente que a denunciação da lide não implica modificação dos sujeitos da ação principal, motivo pelo qual somente o
denunciante pode ser atingido pela condenação, sendo a decisão proferida sobre a lide secundária meramente declaratória.

Diante disso, alega violados os seguintes dispositivos:

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Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e
danos, valendo como título executivo.
Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito
a lei exige a iniciativa da parte.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade
superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado.

2.1. A condição assumida pelo denunciado em relação à lide principal, quando aceita a denunciação, ou seja, quando o denunciado
apresenta contestação ao próprio pedido inicial, participando de todas as fases do processo de conhecimento, ainda que apresente, em
preliminar, não ser o caso de denunciação da lide, é objeto de divergência na doutrina.

Athos Gusmão Carneiro explica:

“Pelo sistema do Código de 1973, embora sublinhando as controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais a respeito – entendemos que
tanto o denunciado pelo autor (art. 74), como o denunciado pelo réu (art. 75, I), em aceitando a “qualidade que lhe é atribuída”, isto é,
aceitando sua legitimidade na ação de regresso, tornam-se litisconsortes do denunciante, sujeito portanto o denunciado à eficácia da
coisa julgada na ação principal, além de naturalmente também sujeito à eficácia da coisa julgada na ação regressiva.” (CARNEIRO,
Athos Gusmão. Intervenção de terceiros. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 143)

Cândido Rangel Dinamarco, por sua vez, afirma que:

"O denunciado é réu em relação à demanda que o denunciante lhe move com o objetivo de obter sua condenação a ressarcir. É
adversário daquele mesmo sujeito que lhe compete defender, como assistente, no tocante à demanda com o adversário principal.
Justamente porque a demanda que lhe move o denunciante terá um destino que em parte dependerá do julgamento desta, é do seu
interesse que, na causa prejudicial, o denunciante se saia vencedor - mas isso não exclui que, na ação de regresso seja ele o adversário
do denunciante, cabendo-lhe todas as defesas legalmente permitidas e eticamente legítima destinadas a obter a improcedência dessa
demanda ou a pronúncia da inadmissibilidade de seu julgamento de mérito." (DINAMARCO, Cândido Rangel. Intervenção de
terceiros . (São Paulo: Malheiros, 2006. p. 146-148 e 151)

Celso Agrícola Barbi, na mesma linha, refere que "a única interpretação razoável será a que desdobre a posição do denunciado, em
face da demanda principal, e em face da demanda que está propondo contra ele o denunciante. Naquela, ele poderá, pouco
tecnicamente, assumir a posição de litisconsorte, como fala a lei; mas na última, ele assume a posição de réu em relação ao
denunciante tem o ônus de contestar a pretensão deste contra ele" (BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil.
vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2008. p. 265-266).

2.2. Contudo, em que pese a ausência de consenso doutrinário, bem é de ver que a jurisprudência dessa Corte decidiu que, uma vez
aceita a denunciação e apresentada a contestação ao pedido inicial da demanda principal, como no caso dos autos, o denunciado
integra o pólo passivo como litisconsorte do réu, podendo, até mesmo, ser condenado direta e solidariamente.

Confiram-se os seguintes precedentes:

CIVIL E PROCESSUAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO. MORTE. AÇÃO INDENIZATÓRIA PROMOVIDA CONTRA O
CAUSADOR DO SINISTRO. DENUNCIAÇÃO À LIDE DA SEGURADORA ACEITA E APRESENTADA CONTESTAÇÃO.
INTEGRAÇÃO AO PÓLO PASSIVO, EM LITISCONSÓRCIO COM O RÉU. EXCLUSÃO INDEVIDA PELO TRIBUNAL
ESTADUAL. SOLIDARIEDADE NA CONDENAÇÃO, ATÉ O LIMITE DO CONTRATO DE SEGURO. CPC, ART. 75, I.
I. Promovida a ação contra o causador do acidente que, por sua vez, denuncia à lide a seguradora, esta, uma vez aceitando a
litisdenunciação e contestando o pedido inicial se põe ao lado do réu, como litisconsorte passiva, nos termos do art. 75, I, da lei
adjetiva civil.
II. Reinclusão da seguradora na lide e, por conseguinte, na condenação, até o limite do seguro contratado.
III. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 670.998⁄RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 01⁄10⁄2009, DJe 16⁄11⁄2009)

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS. DENUNCIAÇÃO DA LIDE DA
SEGURADORA. ACEITAÇÃO DA DENUNCIAÇÃO E CONTESTAÇÃO DO MÉRITO. CONDENAÇÃO DIRETA E
SOLIDÁRIA DA SEGURADORA. CABIMENTO. PRECEDENTES.
Em demanda onde se busca a indenização de danos materiais, aceitando o litisdenunciado a denunciação feita pelo réu, inclusive
contestando o mérito da causa, exsurge a figura do litisconsórcio anômalo, prosseguindo o processo entre o autor de um lado e, de
outro, como litisconsortes, o denunciado e o denunciante, que poderão vir a ser condenados, direta e solidariamente, ao pagamento da
indenização. Esta, nos termos da jurisprudência uníssona deste Tribunal, é a interpretação a ser dada ao preceito contido no artigo 75,
inciso I, do Código de Processo Civil.
Recurso especial provido.
(REsp 686.762⁄RS, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 29⁄11⁄2006, DJ 18⁄12⁄2006 p. 368)

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CIVIL. SEGURO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DENUNCIAÇÃO. ACOLHIMENTO.
SEGURADORA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DECORRÊNCIA. TÍTULO JUDICIAL. CLÁUSULA CONTRATUAL.
SISTEMA DE REEMBOLSO. APLICAÇÃO RESTRITA AO ÂMBITO ADMINISTRATIVO.
I - O entendimento desta Corte é assente no sentido de que, em razão da estipulação contratual em favor de terceiro existente na
apólice, a seguradora pode ser demandada diretamente para pagar a indenização.
II - Se a seguradora poderia ter sido demandada diretamente, não resta dúvida de que, ao ingressar no feito por denunciação, assumiu a
condição de litisconsorte. Nessa situação, submete-se à coisa julgada e, no caso de condenação, é legitimada para figurar no pólo
passivo da execução, cabendo-lhe o adimplemento do débito nos limites da sua responsabilidade.
III - Julgado procedente o pedido indenizatório e a denunciação da lide, a responsabilidade solidária da seguradora passa a ser fundada
no título judicial e não no contrato. Assim, sem perquirir acerca da nulidade ou abusividade da cláusula prevendo que a seguradora
será responsabilizada apenas pelo reembolso ao segurado, conclui-se ficar restrita sua aplicação aos pagamentos efetuados
administrativamente.
No que sobejar, a execução poderá ser intentada contra seguradora.
Recurso provido.
(REsp 713.115⁄MG, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 21⁄11⁄2006, DJ 04⁄12⁄2006 p. 300)

2.3. Aplica-se, portanto, ao caso, o disposto no art. 75, I, do CPC, que prevê:

Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:


I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro, como litisconsortes, o
denunciante e o denunciado;

Assim, se o denunciado, Ailton Franco de Assis, poderia ter sido demandado diretamente pela autora, não resta dúvida de que, ao
ingressar no feito por denunciação e contestar o pedido inicial, assumiu a condição de litisconsorte. Logo, denunciado e denunciante,
na condição de litisconsortes, poderão ser condenados direta e solidariamente.

Dessa forma, o instituto da denunciação da lide passa ter, funcionalmente, maior eficácia, tornando-se instrumento de melhor
prestação jurisdicional, como bem afirmou o e. Min. Ruy Rosado de Aguiar:

“O Min. Ruy Rosado de Aguiar, em pronunciamento no STJ, endossou essa orientação, referindo que sempre lhe parecera que 'o
instituto da denunciação da lide, para servir de instrumento eficaz à melhor prestação jurisdicional, deveria permitir ao juiz proferir
sentença favorável ao autor, quando fosse o caso, também e diretamente contra o denunciado, pois afinal ele ocupa a posição de
litisconsorte do denunciante', e alude à 'flexibilização' do sistema, instituída pelo art. 101 do Código de Defesa do Consumidor, que
permite em seu inciso II, o ajuizamento de demanda'diretamente contra o segurador', no caso de falência do réu” (CARNEIRO, Athos
Gusmão. Intervenção de terceiros. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 146)

2.4. Nesse passo, não há falar em violação aos art. 76, 128 e 460 do CPC, seja porque as instâncias ordinárias bem fundamentaram a
possibilidade da denunciação da lide em relação à Ailton Franco de Assis (fls. 254⁄262 e 410⁄412), seja porque é possível a condenação
solidária do denunciado e do réu.

3. Diante disso, prejudicada a análise do dissídio jurisprudencial.

Todavia, ainda que assim não fosse, verifica-se que o recorrente não realizou o necessário cotejo analítico das decisões, com indicação
das circunstâncias que identifiquem as semelhanças entre o aresto recorrido e o paradigma, nos termos do parágrafo único, do art. 541,
do Código de Processo Civil e dos parágrafos do art. 255 do Regimento Interno do STJ.

Nesse sentido os seguintes precedentes dessa Corte: EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 922.650⁄ES, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 18⁄11⁄2008, Dje 01⁄12⁄2008; REsp 972.849⁄RN, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA
TURMA, julgado em 28⁄10⁄2008, DJe 10⁄11⁄2008.

4. Ante o exposto, não conheço do recurso especial.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
Número Registro: 2004⁄0163809-4 REsp 704983 ⁄ PR

Números Origem: 1362303 199700000178 200300006371 200400000352

PAUTA: 24⁄11⁄2009 JULGADO: 01⁄12⁄2009

Relator
Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FERNANDO HENRIQUE OLIVEIRA DE MACEDO

Secretária
Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : AILTON FRANCO DE ASSIS


ADVOGADO : EDUARDO MARCELO MOIA MARTINS
RECORRIDO : SARANDI ESPORTE CLUBE
ADVOGADO : CLÓVIS VIRGENTIN E OUTRO(S)
RECORRIDO : MARIA DA CONCEIÇÃO MOREIRA
ADVOGADO : FIORI AUGUSTO MINCACHE FAUSTINO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Responsabilidade Civil

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte
decisão:

A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ⁄AP) e João Otávio de Noronha votaram com o
Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Fernando Gonçalves e Aldir Passarinho Junior.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

Brasília, 01 de dezembro de 2009

TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI


Secretária

Documento: 932259 Inteiro Teor do Acórdão - DJe: 14/12/2009

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