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EMENTA
ACÓRDÃO
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Superior Tribunal de Justiça
Brasília-DF, 04 de março de 2009(Data do Julgamento)
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Superior Tribunal de Justiça
ERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Corte Especial, por unanimidade, indeferiu o pedido de adiamento formulado pelo
advogado do réu, por não estar provada a moléstia alegada, e, por maioria, entendeu por adiar o
julgamento deste processo para a sessão que se realizará no dia 2/2/2009. Vencidos a Sra. Ministra
Relatora e os Srs. Ministros Francisco Falcão e Teori Albino Zavascki.
Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Luiz Fux, João Otávio de Noronha, Castro Meira,
Arnaldo Esteves Lima, Nilson Naves, Ari Pargendler, Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Aldir
Passarinho Junior e Hamilton Carvalhido deferiram o pedido de adiamento.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Gilson Dipp e Paulo Gallotti e,
ocasionalmente, a Sra. Ministra Laurita Vaz.
Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Paulo Gallotti e Laurita Vaz foram substituídos,
respectivamente, pelos Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Castro Meira e Arnaldo Esteves
Lima.
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Superior Tribunal de Justiça
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Superior Tribunal de Justiça
ERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Adiado por indicação da Sra. Ministra Relatora para a sessão de 18 de fevereiro de 2009.
Intimados os advogados presentes.
Brasília, 02 de fevereiro de 2009
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
RELATÓRIO
Nº DE
ANO PERÍODO LOCAL DIÁRIAS VALOR
2001 05 a 09/04 Manaus 04 600,00
2001 18 a 20/04 Brasília 03 450,00
2001 29/05 a 01/06 Brasília 04 900,00
2001 04 a 08/07 Santa Catarina 05 1.125,00
2001 17 a 19/08 Campo Grande e Patos 03 450,00
2001 11/08 Campina Grande 01 150,00
2001 24 a 26/08 Porto de Galinhas 03 675,00
2001 27 a 29/09 Salvador 03 675,00
2001 04 a 05/10 Recife 01 225,00
2001 18 a 21/10 Piauí 04 900,00
2001 24 a 25/10 Natal 02 450,00
2001 26 a 29/10 Campo Grande e Sousa 04 600,00
2001 08 a 11/11 São Luís 04 900,00
2001 12 a 15/11 Costão do Santinho 04 900,00
2002 23 a 25/01 Brasília 03 675,00
2002 05 a 06/02 Campina Grande 02 300,00
2002 20 a 24/02 Campo Grande 05 1.125,00
2002 19/02 Brasília 01 225,00
Nº DE
ANO PERÍODO LOCAL DIÁRIAS VALOR
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Superior Tribunal de Justiça
NETO, também realizou diversas viagens que não tiveram relação com suas funções de
Assessor durante o período em que seu pai foi Presidente do Tribunal de Justiça. Foram elas:
Nº DE
ANO PERÍODO LOCAL DIÁRIAS VALOR
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Superior Tribunal de Justiça
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Superior Tribunal de Justiça
PRIMEIRO FATO
SEGUNDO FATO
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20 (vinte) telas de artistas de renome internacional; foram gastos com prévia emissão de Nota
de Empenho a quantia de R$ 86.770,67 (oitenta e seis mil, setecentos e setenta reais e
sessenta e sete centavos) - relatório de fls. 03 do Apenso 15; todos os produtos e serviços
foram contratados sem prévia licitação; do Apenso 16 pode-se colher as seguintes despesas, a
título ilustrativo:
- fotografia " R$ 900,00;
- confecção de quadros de madeira e compensado " R$ 5.700,00;
- locação de sistema de iluminação " R$ 3.000,00;
- transporte aéreo dos quadros expostos " R$ 5.605,92;
- aquisição de bandeiras do Brasil e da França " R$ 1.771,20;
- conjunto musical para o coquetel de abertura " R$ 900,00;
- serviço de sonorização " R$ 2.000,00
- confecção de cartazes e folders " R$ 5.801,00;
- confecção da revista da EXPOART 2001 " R$ 7.852,32;
- aquisição de mastros para bandeiras " R$ 7.953,00; e
- diárias, passagens, restaurantes, treinamento de monitores, dentre
outros serviços.
3) de 09 a 30/08/2002, foi realizada a segunda EXPOART. Para viabilizar
o evento, o Tribunal de Justiça, por ordem do denunciado, gastou R$ 108.459,76 (cento e oito
mil, quatrocentos e cinqüenta e nove reais e setenta e seis centavos) com emissão de Nota de
Empenho, relativamente a serviços contratados sem prévia licitação; do Apenso 14 pode-se
colher as seguintes despesas, a título ilustrativo:
- despesas de transporte, seguro, embalagem, guarda e conservação dos
valiosos quadros " R$ 36.489,23 (fls. 116);
- despesas de diárias pagas a servidores do Tribunal que foram à
Espanha (inclusive o filho do denunciado);
- pagamento de almoços, inclusive a jornalistas "a fim de informar a
programação da Expoarte/2002" (fls. 250) " R$ 950,00;
- despesas de hospedagem, de ornamentação do Tribunal para abertura
da exposição " R$ 3.800,00;
- painéis " R$ 2.200,00;
- catálogos (fls. 287) " R$ 7.920,00;
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Superior Tribunal de Justiça
- locação de equipamentos e serviços de iluminação e sonorização do
Tribunal (fls. 295) " R$ 7.950,00;
- buffet para abertura da II EXPOARTE (fls. 300) " R$ 7.500,00;
- pagamento de pessoal contratado especialmente para "elaboração de
catálogos, coordenação de monitores e organização de montagem da II
EXPOARTE" (fls. 305) " R$ 4.000,00;
- pagamento a Flávio César Capitulino, que se intitulava Curador
Internacional da Exposição, por seus serviços nas duas EXPOARTE
(excluídos os valores pagos mediante Nota de Empenho), sem prévio
empenhamento da despesa" R$ 180.000,00;
4) muitos dos cheques emitidos pelo Tribunal de Justiça para pagamentos
dos serviços e produtos foram assinados pelo denunciado ou tiveram sua autorização expressa
no processo administrativo correspondente (naqueles casos em que houve a instauração de
procedimento).
Por essas condutas, conclui o MPF, consumou o denunciado os crimes
tipificados no art. 312 (na modalidade desvio) e 359-D, ambos do Código Penal, além do
crime descrito no 10, nº 2 c/c art. 39-A, parágrafo único, da Lei 1.079/50 (com redação
dada pela Lei 10.028/2000).
TERCEIRO FATO
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QUARTO FATO
REQUERIMENTOS
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Superior Tribunal de Justiça
se fazer o empenho da mencionada Folha de Pagamento - FOPAG;
2) as dotações orçamentárias são genéricas e discriminam rubricas, nunca
pessoas ou famílias;
3) no biênio 2001/2002, estendendo-se até o exercício financeiro de 2004,
todas as folhas de pessoal "foram pagas pela Secretaria da Administração do Governo do
Estado da Paraíba. Somente com a implantação do repasse do duodécimo aos Poderes, a
partir de janeiro de 2005, o pagamento das folhas passou a ser realizado pela COFICO;
4) o TCE/PB reconheceu que, como alguns interessados recolheram,
antecipadamente, aos cofres públicos o valor de diárias ou horas-extras contestadas pela
Auditoria e consideradas regulares pelo Tribunal, diante do que restou decidido por aquela
Corte, teriam direito de requerer a devolução dessas quantias; eis a comprovação da absoluta
boa-fé da denunciada.
VII - BOA-FÉ
1) a boa-fé da denunciada foi plena e incontestemente materializada; não
praticou ela qualquer ato administrativo em seu próprio proveito; confiou na decisão de seu
superior hierárquico, o Secretário Administrativo do Tribunal, autoridade a quem estavam
subordinados seus pleitos de viagens, com o Estado democrático de direito garantindo a
proteção da boa-fé ou confiança na administração do Estado, quanto à sua lealdade e
conformidade com as leis;
2) devem prevalecer os princípios da legalidade e da segurança jurídica.
X - REQUERIMENTOS:
Ao final, requer a denunciada:
1) seja deferida a juntada dos documentos anexos e aberto vista ao MPF,
possibilitando a reavaliação da situação fática e a desistência da denúncia, com arquivamento
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do feito;
2) se o MPF não se manifestar pelo arquivamento da ação penal, sejam
acolhidas as seguintes preliminares:
a) violação do princípio do promotor natural (vício de origem);
b) ausência de legitimidade do MPF para apurar fato já julgado
anteriormente por órgãos encarregados de fiscalizar a atuação
financeira - Tribunal de Contas;
c) matéria já julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (sic) e analisada
com arquivamento pela Procuradoria Geral de Justiça da Paraíba;
d) afronta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
ausência total de justa causa para denunciar (denúncia irrelevante
penal);
3) no mérito, seja reconhecida a atipicidade da conduta, a inexistência de
crime e, por conseguinte, não seja recebida a denúncia e arquivado o procedimento;
4) superados os requerimentos anteriores, sejam deferidos todos os meios
de prova em Direito permitidos, dignos da ampla defesa e do contraditório, nos termos
constitucionais.
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o assessorasse para opinar no âmbito do Direito;
10) nas viagens a Recife e a Natal o denunciado deslocou-se para tratar de
interesses do TJ/PB; não se trata de mera justificativa, mas da verdade dos fatos;
11) todas as viagens foram devidamente autorizadas; seja no caso do
denunciado seja no de qualquer outro funcionário, nenhum dos processos de concessão de
diárias tramitou de forma reservada, confidencial ou secreta; tudo ocorreu na mais absoluta
transparência e publicidade;
12) quanto às despesas relativas à alimentação, afirma o denunciado que:
a) o recibo de R$ 297,99 (duzentos e noventa e sete reais e noventa e
nove centavos), acostado à fl. 64 do Apenso 22, registra e atesta o
evento, tratando-se de reunião de trabalho entre o Presidente do
Tribunal de Justiça da Paraíba e o Presidente do Tribunal de Justiça
de Alagoas;
b) perfeitamente possível e prático que a despesa de uma refeição de
serviço com dois Presidentes de Tribunais de Justiça Estaduais fosse
paga por um dos Assessores do Tribunal para depois lhe ser
ressarcida a despesa, formalizada com a respectiva nota fiscal;
c) o evento reuniu várias pessoas, por isso, o valor foi perfeitamente
compatível com sua realização; e
d) o gasto de R$ 55,11 (cinqüenta e cinco reais e onze centavos)
deveu-se ao custeio de refeição a duas pessoas, ambas funcionárias,
que tinham necessidade de concluir trabalho com prazo certo,
inviabilizando que tivessem o regulamentar descanso para o almoço;
como o Tribunal não dispunha de refeitório nem restaurante
próprios, foi utilizada uma das casas de pasto da cidade, com valor
até abaixo dos praticados à época.
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reconhecida a atipicidade da conduta, a inexistência de crime e, por conseguinte, não seja
recebida a denúncia e arquivado o procedimento; e
3) superados os requerimentos anteriores, sejam deferidos todos os meios
de prova em Direito permitidos, dignos da ampla defesa e do contraditório, nos termos
constitucionais.
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disponibilidade; o denunciado, destemidamente, determinou rigorosa apuração dos fatos
denunciados contra o referido juiz e, no uso de suas prerrogativas, presidiu várias sessões
plenárias, quer na abertura dos processos administrativos, quer no julgamento de muitas
destas; por isso, o denunciado foi alvo da fúria, do ódio e da vingança do juiz;
5) o Tribunal de Justiça da Paraíba, na Gestão 2001/2002, implementou
política de combate à morosidade processual, havendo necessidade inadiável de
remanejamento e deslocamento constante de magistrados e serviços em todo território
paraibano; daí o aumento do número de diárias, horas extras e viagens; tais despesas não
foram pagas pelo denunciado, pois a folha de pagamento de pessoal era empenhada perante a
Secretaria da Administração do Poder Executivo, o que somente foi alterado posteriormente,
com o advento do pagamento do duodécimo orçamentário e constitucional;
6) as viagens e diárias também não eram pagas, nem autorizadas pelo
defendente; o próprio MPF confirma que a autorização era de JOSÉ CARVALHO COSTA
FILHO, na condição de ordenador de despesas;
7) ao tempo em que exerceu a Presidência do Tribunal não havia restrições
acerca da designação de parentes para cargos comissionados no âmbito do Poder Judiciário
Estadual;
8) não foram concedidas diárias e viagens apenas a seus familiares, mas a
todos os servidores em geral e a familiares de magistrados, ocupantes de cargo ou funções
comissionadas, tudo com observância dos requisitos legais e no âmbito do poder
discricionário;
9) não existiu nenhum crime na atuação administrativa, muito menos o
crime de responsabilidade de que trata o art. 10, n. 2, da Lei 1.079/50; não houve excesso nos
gastos, pois estes se contiveram dentro dos limites orçamentários; não houve transporte ou
desvio de verba, uma vez que as diárias e as passagens foram pagas nas rubricas corretas
(3.3.90.14.00 - Diárias Civil e 3.3.90.33.00 - Passagens e Despesas com Locomoção); as
diárias e as passagens estavam previstas no orçamento, tanto que foram empenhadas -
Portaria Interministerial 163/01 - e devidamente pagas pelo Poder Executivo;
10) o pagamento de diárias foi precedido de procedimento administrativo,
autorizado por pessoa juridicamente competente, e dentro da tabela respectiva de cada
servidor;
11) a imputação de crime de responsabilidade carece de condição de
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procedibilidade, pois a Lei 1.079/50, em seus arts. 15 e 42, vincula a admissibilidade da
acusação à permanência do acusado no cargo, quando do oferecimento da denúncia; como o
denunciado já não ocupava o cargo de direção de Presidente do Tribunal quando do
oferecimento da denúncia, patente a falta de interesse no que se refere ao crime ora cogitado;
a denúncia, portanto, não deve prosperar;
12) não se configurou a AUTORIA e a MATERIALIDADE porque não
demonstrado o desvio ou o excesso no gasto; não se demonstrou a participação do acusado no
fato tido por delituoso;
13) dentro das inovações trazidas pela gestão do denunciado, uma delas foi
promover a cultura, na esteira de precedente inaugurado pelo Ministro Costa Leite com a
criação do Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça;
14) o Tribunal de Contas reconheceu que os recursos utilizados na realização
da EXPOART originaram-se de doação de particulares; a Procuradoria de Justiça do Estado
da Paraíba também apreciou a matéria e entendeu plenamente legais os atos atacados;
15) os cheques das EXPOARTs 2001 e 2002 não partiram das mãos do
denunciado, o que afasta a autoria;
16) o evento teve uma pequena contrapartida estatal que, em nenhum
momento, desviou a rubrica indicada em orçamento, não existindo extrapolação dos limites
legais;
17) todos os materiais permanentes adquiridos durante o evento continuam
fazendo parte do patrimônio do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba; todos os serviços de
terceiros ou mesmo a prestação de serviços foram pagos dentro da determinação da Lei de
Interpretação Orçamentária;
18) alguns serviços e aquisições de materiais foram feitos para utilização
complementar, com empenho, observando-se as regras financeiro-orçamentárias ditadas pelas
Portarias 163 e 448 do Ministério da Fazenda; às fls. 1.909/1.912, o denunciado procura
demonstrar a assertiva em relação a cada um dos serviços e aquisições mencionados na
denúncia (fls. 1.650/1.652); conclui que nenhuma despesa do biênio 2001/2002 foi
empenhada em rubrica diversa da prevista na lei financeiro-orçamentária;
19) carece de legitimidade e legalidade o exame de dinheiro particular pela
Subprocuradoria-Geral da República, bem como a apreciação por esta Corte;
20) ausência de conduta dos arts. 312 e 359-D do CP porque:
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a) para a configuração do delito de peculato na modalidade desvio é
indispensável o dolo específico e o desvio de verba pública de uma
destinação para outra e o prejuízo da Administração;
b) a jurisprudência tem decidido que, se o desvio redunda em benefício
da própria Administração, não existe infração; a denúncia não
declinou para onde teriam sido desviadas as verbas objeto de
peculato e nem poderia porque o beneficiado foi o próprio TJ/PB;
além disso, não se tratou de verba pública, mas particular;
c) não houve aplicação de verbas em desvio de finalidade;
d) em relação às verbas da conta corrente n. 7930-8 do Banco do
Brasil, não há que se cogitar a aplicação do art. 359-D do CP porque
trata-se de verbas privadas, não gerenciadas pelo denunciado, uma
vez que as assinaturas dos cheques não são de seu punho;
e) da mesma forma que o tipo do art. 312 do CP (peculato-desvio), no
caso do art. 359-D do mesmo diploma legal, a doutrina é pacífica no
sentido de que, para sua configuração, é necessário o dolo específico
e o prejuízo para o erário;
f) após a realização das duas mostras internacionais de artes plásticas,
a conta (gráfica) foi encerrada;
21) no que diz respeito à transferência de verbas à AEMP, afirma que os
cheques ns. 85008 e 850086 não foram assinados pelo denunciado; tais verbas são de
natureza privada;
22) quanto à quebra de ordem do precatório, afirma o denunciado que o fato
narrado na denúncia não é verdadeiro; o servidor Claudecy Tavares compareceu perante
cartório na presença de duas testemunhas e declarou inexistir qualquer ato que venha a
atribuir ao Desembargador Marcos Antônio Souto Maior a autorização, formal ou verbal, do
aludido pagamento;
23) o Governo, antes mesmo do pagamento referenciado, já havia quebrado a
ordem dos precatórios; a quebra de ordem, muito embora não seja o caso (pois não foi o
denunciado quem quebrou a ordem dos precatórios) não constitui crime; a denúncia não
aponta o dispositivo que pune pela suposta quebra da ordem cronológica de precatórios;
24) o Subprocurador-Geral da República, Dr. Eduardo Antônio Dantas
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Nobre, em parecer n. 2.594/07-DF, no Inquérito 478-PB, no qual se apuravam os mesmos
fatos descritos na presente ação penal, concluiu de forma diversa, no sentido de não se tratar
de comportamento dotado de relevância penal; o referido inquérito foi arquivado por
determinação do Ministro Teori Zavascki; e
25) inexiste discrição típica da infração político-administrativa trazida no art.
100, § 5º, da CF, alterado pela EC 30/2000, não se podendo aplicar por analogia a Lei
1.079/50.
Ao final, requer o denunciado:
1) sejam acolhidas as preliminares de violação do princípio do promotor
natural (vício de origem), ausência absoluta de tipicidade da conduta apontada na denúncia
por quebra de ordem de precatórios (art. 5º, XXXIX, da CF), inexistência de condição de
procedibilidade para apurar Crime de Responsabilidade (art. 15 e 42 da Lei 1.079/50),
ilegitimidade do MPF para oferecer denúncia por Crime de Responsabilidade e inépcia da
denúncia; e
2) no mérito, a rejeição da denúncia, julgando-se improcedente a ação
penal.
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CORREA GUERRA, ao tempo em que informou (e comprovou) que a outorgante havia sido
devidamente notificada para constituir novo patrono.
Considerando que até 05/12/2008 a denunciada FABÍOLA não havia
nomeado outro advogado, determinei a nomeação de Defensor Público da União para
comparecer à sessão de julgamento designada para 17/12/2008 (art. 261 do CPP c/c art. 44 do
CPC) - fls. 2.489.
O denunciado MARCO ANTÔNIO SOUTO MAIOR comunicou, através da
petição 314212/2008, que havia requerido sua aposentadoria do cargo de Desembargador, o
que foi deferido pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. Por isso,
requereu a remessa dos autos a um dos Juízes Criminais da Comarca de João Pessoa - Estado
da Paraíba, em razão da suposta perda superveniente de competência do STJ.
Ouvido, o MPF, invocando o art. 1º, § 5º, da Resolução 30 - CNJ, requereu a
esta Corte a declaração de ineficácia da aposentadoria do denunciado MARCO ANTÔNIO
SOUTO MAIOR, por responder a Processo Administrativo Disciplinar (n. 5 - Relator
Conselheiro Técio Lins e Silva).
A Defensoria Pública, assistindo a denunciada FABÍOLA ANDRÉA
CORREA GUERRA, peticionou às fls. 2.544/2.545 (petição n. 315996/2008) e pleiteou a
observância das regras estabelecidas na LC 80/94, em especial a intimação pessoal, prazo em
dobro e desnecessidade de procuração, ao tempo em que requereu a retirada do feito de pauta,
cujo julgamento estava previsto para o dia 17/12/2008, a fim de conceder-lhe vista dos autos
em Secretaria pelo prazo legal.
O advogado do denunciado HILTON SOUTO MAIOR NETO, às fls.
2.549/2.550 e 2.553/2.554) comunicou estar acometido de enfermidade que o impossibilitaria
de comparecer à sessão do dia 17/12/2008 e, por isso, pediu adiamento do julgamento. Além
disso, afirmou que o denunciado MARCO ANTÔNIO SOUTO MAIOR havia se
aposentado e, em conseqüência, requereu a remessa dos autos à instância competente.
A Corte Especial, em 17/12/2008:
a) indeferiu o pedido de adiamento formulado pelo advogado do réu
HILTON SOUTO MAIOR NETO porque não comprovada a moléstia alegada; e
b) por maioria (vencida a Relatora e os Ministros Francisco Falcão e Teori
Albino Zavascki), adiou o julgamento para a sessão de 02/02/2009.
A denunciada FABÍOLA ANDRÉA CORREIA GUERRA impetrou nesta
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Corte, contra ato desta Relatora, o MS 14.057/PB. O Vice-Presidente Ministro Ari
Pargendler, em decisão datada de 22/12/2008, julgou prejudicado em parte o mandamus
porque o julgamento não foi realizado em 17/12/2008, mas deferiu a liminar para autorizar a
vista dos autos da presente ação penal, fora do cartório, no período de 05 a 16 de janeiro de
2009.
Em 23/01/2009, a denunciada FABÍOLA requereu a juntada da procuração
outorgada à Drª Rebeca Novaes Aguiar, bem assim a carga dos autos para cumprimento da
liminar deferida nos autos do MS 14.057/PB.
Em 30/01/2009, a denunciada FABÍOLA peticionou em nome próprio (fls.
2.592/2.593), insurgindo-se contra a designação de Defensor Dativo, sob o argumento de não
ter sido intimada para nomear novo patrono. Afirmou que o defensor nomeado agiu com
menosprezo e irresponsabilidade, não se interessando em conhecer o processo em comento e,
por isso, concluiu que seria uma defesa de "faz de conta". Assim, requereu fosse o feito
chamado à ordem e concedida vista à advogada constituída (Drª Rebeca Novaes Aguiar).
Em 02/02/2009, despachei designando nova sessão para apreciação da
denúncia (18/02/2009).
Em 06/02/2009, determinei a intimação do Defensor Público,
desconstituindo-o.
Através da Petição 16429/2009, protocolada em 06/02/2009, a denunciada
FABÍOLA requereu a reconsideração da decisão que determinou a realização do julgamento
na sessão de 18/02/2009 (ou a conversão do pedido em agravo regimental). Para tanto,
argumentou que o pedido de vista dos autos fora do cartório formulado em 23/01/2009
(petição 7446/2009) não foi apreciado. Invocando os princípios do contraditório e da ampla
defesa, requereu a reconsideração da decisão que determinou o julgamento do processo em
18/02/2009 e, caso contrário, o recebimento da petição como agravo regimental, a ser julgado
antes da Sessão Plenária então designada, a fim de evitar prejuízo ao direito de defesa da
Recorrente.
Em 11/02/2009, o MPF peticionou, juntando certidão emitida pelo Conselho
Nacional de Justiça - CNJ, segundo a qual aquele órgão, em 16/12/2008, desconstituiu o ato
de aposentadoria do denunciado MARCOS ANTÔNIO SOUTO MAIOR.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO
PRELIMINARES
1. INCOMPETÊNCIA DO STJ
Não têm razão os denunciados quanto à alegada perda superveniente de
competência desta Corte. E isto porque, como comprovado pelo MPF às fls. 2.603/2.604, o
Conselho Nacional de Justiça desconstituiu o ato de aposentadoria concedida pelo TJ/PB ao
denunciado MARCO ANTÔNIO SOUTO MAIOR.
Assim, fica prejudicada a análise do pedido do MPF formulado às fls.
2.536/2.541, no sentido de declarar esta Corte a ineficácia da aposentação, nos termos da
Resolução do CNJ, porque já cassado o ato do Tribunal de Justiça da Paraíba, que aposentou
o desembargador denunciado.
Por oportuno, esclareço que o ato do Conselho Nacional de Justiça, tornando
sem efeito a aposentadoria do magistrado processado, não pode ser examinado no âmbito do
Superior Tribunal de Justiça, por ser da competência do Supremo Tribunal Federal, a teor do
art. 102, I, "r", da Constituição Federal.
Por fim, entendo pertinente lembrar que, a tese da perda do foro especial de
autoridades que deixam as funções dos seus cargos, quando vitalícios, por força de
aposentadoria, está sendo reexaminada presentemente pelo pleno do Supremo Tribunal
Federal, nos autos do RE 549.560, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski. O
julgamento na Primeira Turma foi afetado ao plenário da Corte.
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Superior Tribunal de Justiça
Nesse recurso pretende o recorrente, desembargador aposentado do Tribunal de
Justiça do Estado do Ceará, a reforma da decisão da Corte Especial do STJ, que declinou da
sua competência, ao fundamento de que, em decorrência da aposentadoria do réu, deu-se a
perda do foro especial, seguindo no particular a jurisprudência da Corte Maior.
A tese posta para apreciação no Supremo situa-se na extensão da incidência do
art. 95, I, da CF, o qual assegura a vitaliciedade aos magistrados. Na visão do recorrente, só
perde o foro especial a autoridade que, titular de cargo vitalício, vem a perde-lo por sentença
judicial transitada em julgado. Em outras palavras, a prerrogativa de foro dos titulares de
cargos vitalícios permanece enquanto permanecer a titularidade, a qual não se desfaz com a
aposentadoria.
A decisão da Corte Especial, que está sendo examinada pelo STF, foi proferida
na APN 441, de relatoria do Ministro Fernando Gonçalves, tendo o colegiado chancelado a
posição do relator, à unanimidade, estando assim ementado o julgado:
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Superior Tribunal de Justiça
Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, se o ato objeto da ação foi praticado no exercício
da função e se o cargo é vitalício, a ação deve ser processada à vista da proteção
constitucional que cerca o cargo, até pelo princípio da responsabilidade do sistema
constitucional, assegurado no art. 95, I da CF.
É bem verdade que o julgamento do Supremo encontra-se suspenso pelo
pedido de vista do Ministro Eros Grau, mas o precedente coloca em evidência a incerteza da
mudança de foro para os aposentados de cargos vitalícios e que, por isso mesmo, continuam
sendo titulares do cargo.
Por todas essas razões, rejeito a preliminar de incompetência do STJ,
indeferindo o pedido de remessa dos autos a um dos Juízos Criminais da Comarca de João
Pessoa - PB.
2. CERCEAMENTO DE DEFESA
Afasto a alegação de ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório
invocados pela denunciada FABÍOLA ANDRÉA CORREIA GUERRA na Petição n.
16429/2009 e, por isso, indefiro o pedido de adiamento constante da mesma petição.
Às fls. 2.587, foi juntada aos autos certidão lavrada pela Coordenadoria da
Corte Especial no MS 14.057/PB, com os seguintes termos:
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Superior Tribunal de Justiça
Superior Tribunal de Justiça, tendo sido designada para exercer sua função perante o Supremo
Tribunal Federal;
c) a Resolução 33/1997, que trata da distribuição dos processos, não foi
obedecida.
Concluem que houve violação ao princípio do promotor natural.
O MPF refuta tal argumento, alegando que a Subprocuradora signatária da
denúncia foi designada pelo Procurador-Geral da República para atuar no feito e a Resolução
33 do Conselho Superior do Ministério Público Federal não tem a eficácia pretendida pelos
denunciados; trata-se de norma de eficácia interna do órgão, editada para disciplinar a
distribuição eqüitativa de processos aos Subprocuradores-Gerais, não alcançando, por razões
óbvias, os processos de atribuição do Procurador-Geral da República.
Tem razão o MPF.
Como bem destacou o Parquet , a Corte Especial do STJ já analisou a questão
em ação penal movida contra o próprio Desembargador MARCOS ANTÔNIO SOUTO
MAIOR e afastou a alegação de ofensa ao princípio do promotor natural, como se depreende
da ementa a seguir transcrita:
5. PETIÇÃO INICIAL
Em primeiro lugar, entendo que não têm razão os denunciados FABÍOLA
ANDRÉA CORREIA GUERRA, HILTON SOUTO MAIOR NETO e RAQUEL
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VASCONCELOS SOUTO MAIOR quando afirmam que a denúncia os teria
desqualificado, fazendo referências humilhantes, maculando-lhes a honra e a moral.
O MPF, sequer nas entrelinhas, questionou a capacidade profissional e cultural
dos denunciados. Tampouco contestou sua nomeação para prover cargos comissionados no
Tribunal de Justiça da Paraíba, passando ao largo da discussão em torno do nepotismo.
Em verdade, a denúncia preocupou-se em demonstrar que as viagens realizadas
por esses denunciados não guardavam qualquer relação com as funções relativas aos cargos
ocupados.
Essa Corte tem rejeitado sistematicamente a preliminar de inépcia da denúncia
nas circunstâncias identificadas nos precedentes a seguir transcritos:
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Superior Tribunal de Justiça
b) Irregularidades no pagamento de diárias e horas extras para
familiares e asseclas (sic).
(...)
PASSAGENS AÉREAS:
(...)
(...)
PRECATÓRIOS:
Foram pagos precatórios, dentro do biênio sob análise, em favor dos
Senhores Aluízio Bezerra Filho e Silvio José da Silva, no montante de R$ 147.804,52 (cento e
quarenta e sete mil, oitocentos e quatro reais e cinqüenta e dois centavos) e R$ 130.546,05
(cento e trinta mil, quinhentos e quarenta e seis reais e cinco centavos), respectivamente, tidos
como irregulares pelo Denunciante.
(...)
Com relação ao precatório do Sr. Silvio José da Silva, Processo TJ
2001.004235-8, salienta-se que foi efetivamente pago através de cheques nº 850646 e 850647
do Banco do Brasil, datados de 31 de janeiro de 2003, em favor do beneficiado pelo precatório
e seu advogado, Sr. Jocélio Jairo Vieira (ver fls. 630 a 633). O referido precatório encontra-se
acostado às fls. 546 a 640 do presente processo.
Convém salientar que os precatórios pagos em favor dos Senhores Aluízio
Bezerra Filho e Silvio José da Silva foram materializados sem o prévio empenho, contrariando
o artigo 58 da Lei 4.320/694 e artigo 72 da Lei 3.54/71.
Salienta-se, ainda, que não foram respeitados os ditames do artigo 100 da
Constituição Federal, que veda a quebra de cronologia no pagamento de precatórios, fato que
ocorreu com os beneficiários acima citados, conforme evidencia planilha de controle de
pagamentos de precatórios acostada às fls. 909/911 do presente processo. Assim sendo, esta
auditoria, à luz dos processos de precatórios acostados aos autos, considerando documento
emitido pelo próprio TJ que comprova quebra de cronologia nos precatórios, entende serem
irregulares os pagamentos realizados aos beneficiados citados na Denúncia em questão.
Corroborando com tal pensamento, destaca-se o voto do Eminente
Desembargador Plínio Leite Fontes (Agravo Regimental 2003.001390-1), datado de
30/04/2003, o qual entende ser inválido o ato que determinou o seqüestro em favor do Sr.
Aluízio Bezerra Filho, pedindo pela devolução da importância recebida indevidamente (ver
doc. fls. 1542/1548).
(...)
5. Conclusão:
(...)
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Superior Tribunal de Justiça
denúncia, não sendo correto afirmar que a Corte de Contas analisou profunda e detidamente o
objetivo das viagens, como fazem crer as defesas preliminares.
Ainda que assim fosse, a rejeição da denúncia pelo TCE/PB e a aprovação das
contas do Tribunal de Justiça do Estado na gestão do Desembargador Marcos Antônio Souto
Maior, por si sós, não têm o condão de ilidir a justa causa da ação penal proposta pelo
Ministério Público Federal, pois são independentes as instâncias penal e administrativa.
Nesse sentido é pacífica a jurisprudência, tanto do Supremo Tribunal Federal, quanto do
Superior Tribunal de Justiça. Vejamos:
MÉRITO
Feitas essas colocações, passo à análise dos argumentos invocados nas defesas
preliminares:
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Superior Tribunal de Justiça
Os Presidentes de Tribunais, por exercerem relevante função na estrutura
administrativa do Poder Judiciário, dentro da margem de discricionariedade que lhes é
conferida, têm o poder de decisão sobre a conveniência e oportunidade na escolha de
servidores para desempenharem funções extraordinárias relacionadas com o interesse da
administração.
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Superior Tribunal de Justiça
Em setembro/2004, o Procurador-Geral do Ministério Público junto ao TCU,
Dr. Lucas Rocha Furtado, ofereceu representação ao Presidente da Corte de Contas da União
(Processo n. 014.871/2004-0), solicitando a apuração de fatos semelhantes aos discutidos na
presente ação penal (eventuais irregularidades perpetradas pela Juíza-Presidente do TRT da
11ª Região, especificamente no ano de 2003, consistentes em "gastos excessivos com diárias
e viagens por parte da própria Juíza, sempre acompanhada de um grande grupo de
assessores"). Com propriedade, argumentou o ilustre representante do MP na peça vestibular:
(...)
Senhor Presidente, ainda que se admita afastada a violação ao princípio da
legalidade estrita, resta inconteste, no caso em tela, a inobservância dos princípios da
moralidade, da razoabilidade, da eficiência e da economicidade, que devem igualmente
nortear a gestão dos administradores públicos.
O legislador, é cediço, não consegue prever e alcançar, especificamente,
todos os casos concretos, podendo o agente público deparar-se com situações – não previstas
objetivamente em lei – que venham a exigir solução interpretativa-integrativa, fundada no
ordenamento jurídico considerado em sua totalidade. Na verdade, exige-se do administrador
público a sensibilidade de aplicar a lei com a inquietação de buscar no ordenamento jurídico a
interpretação sistêmica das normas, porquanto a restringir-se em dispositivo isolado, como se
fosse o Direito ciência dos números, aumentada estará, significativamente, a possibilidade do
desacerto.
Tem-se, assim, como pretensão básica a consecução do objetivo exegético
delineado por Carlos Maximiliano, no sentido de que o Direito deve ser interpretado
inteligentemente, “não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva
inconveniências, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis.” (Hermenêutica e
Aplicação do Direito , p. 166)
Em alguns casos, a pura e simples aplicação do positivismo legalista poderá
significar menoscabo ao interesse público. Donde se conclui que os deveres do administrador
público não são somente os expressos em lei, mas também os exigidos pelo interesse da
coletividade e, via de conseqüência, os impostos pela moral administrativa.
Vale lembrar, por oportuno, que a moralidade constitui pressuposto de
validade de todo ato da Administração Pública, não podendo o agente público, ao atuar,
desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim sendo, não terá que decidir somente entre o
legal e o ilegal, mas também deve conhecer as fronteiras do justo e do injusto, do conveniente e
do inconveniente, do oportuno e do inoportuno. Nesse diapasão, está a Lei n.º 9.784/99, que
regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, ao fazer alusão,
em seu art. 2º, caput , à moralidade como sendo um dos princípios a que se obriga o
administrador público.
No abalizado magistério de Maria Sylvia Zanella di Pietro (Direito
Administrativo , 14ª ed. São Paulo, Editora Atlas, 2002, p. 79), “...sempre que em matéria
administrativa se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que
com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os
bons costumes, as regras da boa administração, os princípios de justiça e de eqüidade, a idéia
comum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da moralidade administrativa.”
Ao discorrer, ainda, acerca da competência do Poder Judiciário para
examinar a moralidade dos atos administrativos, a referida administrativista deixa assente que
“Não cabe ao magistrado substituir os valores morais do administrador público pelos seus
próprios valores, desde que uns e outros sejam admissíveis como válidos dentro da sociedade;
o que ele pode e deve invalidar são os atos que, pelos padrões do homem comum, atentam
manifestamente contra a moralidade. Não é possível estabelecer regras objetivas para
orientar a atitude do juiz. Normalmente, os atos imorais são acompanhados de grande
clamor público, até hoje sem sensibilizar a Administração. ” (Ob. cit., p. 211)
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Quanto aos efeitos do ato eivado de imoralidade, a professora Maria Sylvia
assim se manifesta: “Embora não se identifique com a legalidade (porque a lei pode ser
imoral e a moral pode ultrapassar o âmbito da lei), a imoralidade administrativa produz
efeitos jurídicos, porque acarreta a invalidade do ato, que pode ser decretada pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário.” (Ob. cit., p. 79)
Em artigo publicado na seção Direito e Justiça do Correio Braziliense de
16.12.2002, intitulado “A Ética nas Funções de Estado”, o Ministro Marco Aurélio, presidente
do STF, perfilha a tese de que deve ser exigido daqueles que personificam o Estado postura
compatível com o múnus público, o cumprimento e o respeito às leis, mas à luz da ética como
norte fundamental das relações interpessoais. Por considerar oportuno ao caso ora em apreço,
urge transcrever excerto do referido trabalho, verbis :
“Mais do que justificada, portanto, desponta a necessidade de se fortalecer,
aprimorar e divulgar amplamente os padrões éticos que devem reger a prestação do serviço
público, com o objetivo tanto de coibir infrações como de difundir uma mentalidade que, de
tão absorvida, torne-se arraigada, um modo de proceder tão usual como a mais rotineira
tarefa. O ideal seria a introjeção completa desses princípios éticos como uma forma
inequívoca de proporcionar benefício comum à nação, tanto quanto todos aceitam ser
indispensável a obediência às leis de trânsito como única possibilidade de ter-se veículos e
pedestres pelas ruas. Não se trata de uma utopia. É questão de prioridade e determinação,
para a qual inescusável vem a ser o empenho férreo, diligente, diuturno do Estado no
intuito de estabelecer e difundir normas e procedimentos simples, claros e de fácil
compreensão com vistas a firmar um padrão ético de conduta efetiva que vá ao encontro
das expectativas da sociedade, atualmente eivada de crescente desconfiança em relação aos
agentes públicos .” (grifamos)
Alguns doutrinadores consagrados apelam também para o princípio da
razoabilidade para daí inferir que a valoração subjetiva da decisão a ser tomada no caso
concreto tem que ser feita dentro do razoável, ou seja, em consonância com aquilo que, para o
senso comum, seria aceitável perante a lei, intimamente associada, portanto, a um padrão ético.
Reforça-se, aqui, a tese de que a lei não deve ser aplicada cegamente, cabendo ao intérprete
aperfeiçoá-la ao senso comum.
Conforme nos ensina Lúcia Valle Figueiredo, “não se pode conceber a
função administrativa, o regime jurídico administrativo, sem se inserir o princípio da
razoabilidade. É por meio da razoabilidade das decisões tomadas que se poderão contrastar
atos administrativos e verificar se estão dentro da moldura comportada pelo Direito.” (Curso
de Direito Administrativo , p. 42)
Há determinados atos, como os que estão a motivar a presente
Representação, que são manifestamente contrários ao interesse público. Não há sequer falar em
discricionariedade, posto que não cabe ao administrador que não a conduta que seja conforme
o interesse público tutelado pela lei. A liberdade concedida ao agente público muitas vezes se
reduz diante do caso concreto, de maneira que em algumas situações os fatos permitem apenas
uma solução compatível com o interesse público e a finalidade legal.
Nesse sentido, não serão apenas inconvenientes e inoportunas, mas também
ilegítimas e, portanto, jurisdicionalmente invalidáveis, as decisões administrativas
desarrazoadas, bizarras, praticadas com desconsideração às situações e circunstâncias que
seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de prudência, sensatez e disposição de
acatamento aos fins perseguidos pela lei.
No caso em comento, é evidente que a os gastos excessivos com diárias e
passagens, autorizados pela Juíza-Presidente do TRT da 1ª Região, ofendem noções de
moralidade e de razoabilidade, mormente quando se constata o exíguo tempo por ela
efetivamente destinado mensalmente às suas atribuições na Presidência daquele órgão,
consoante ressalta a ANAMATRA na documentação encaminhada ao Gabinete deste
Procurador-Geral.
Compulsando, ainda, o rol dos princípios violados no âmbito daquele TRT,
destacamos agora o da eficiência, introduzido pela Emenda Constitucional n.º 19/98 no elenco
dos princípios balizadores da Administração Pública direta e indireta, modificando-se, assim, o
teor do caput do art. 37 da nossa atual Carta Política. Cabe frisar que a Lei n.º 9.784/99
também faz alusão à eficiência no seu art. 2º, caput .
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Hely Lopes Meirelles, por seu turno, faz referência à eficiência como um dos
deveres da Administração Pública, conceituando tal princípio como “o que se impõe a todo
agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É
o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser
desempenhada com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.” (Direito
Administrativo Brasileiro , 20ª ed., São Paulo, Malheiros, 1995, p. 90).
Eficiência, aliás, diz respeito tanto à otimização dos recursos e meios
disponíveis quanto à qualidade do agir final. Na concepção de Juarez Freitas (O Controle dos
Atos Administrativos e os Princípios Fundamentais , 2ª ed., São Paulo, Malheiros, 1999, pp.
85-86), o administrador público está obrigado a agir tendo como parâmetro o melhor resultado
para a Administração. Cuida-se, assim, da eficiência como qualidade da ação administrativa
que obtém resultados satisfatórios ou excelentes, constituindo a obtenção de resultados inúteis
ou insatisfatórios uma das formas de contravenção mais comuns ao princípio.
Intrínseco à noção de eficiência, impõe-se como um dos vetores essenciais da
boa e regular gestão de recursos públicos o respeito ao princípio da economicidade, não
obstante o princípio em tela não se encontrar formalmente entre aqueles constitucionalmente
previstos para a Administração Pública (art. 37, caput ).
Ricardo Lobo Torres, em artigo intitulado “O Tribunal de Contas e o
controle da legalidade, economicidade e legitimidade” (Rio de Janeiro, Revista do TCE/RJ,
n.º 22, jul/1991, pp. 37-44), afirma que “o conceito de economicidade, originário da
linguagem dos economistas, corresponde, no discurso jurídico, ao de justiça” . Traduzida “na
eficiência na gestão financeira e na execução orçamentária, consubstanciada na minimização
de custos e gastos públicos e na maximização da receita e da arrecadação” (grifo nosso), a
economicidade representa “sobretudo, a justa adequação e equilíbrio entre as duas vertentes
das finanças públicas.”
Senhor Presidente, não é possível conceber a idéia da "minimização de
custos e gastos públicos" quando se está diante de vultosas despesas com diárias e
passagens perpetradas em um órgão público, envolvendo número exorbitante de
assessores "convidados" pela Juíza-Presidente do TRT da 11ª Região em suas viagens.
(...)
III
O fato é grave, Senhor Presidente, e está a exigir a pronta atuação desta Corte
de Contas, a quem compete, na condição de órgão orientador da gestão de finanças públicas,
coibir a prática de atos lesivos ao erário.
Pelo exposto, este representante do Ministério Público junto ao TCU requer a
Vossa Excelência a imediata apuração dos fatos ora delineados, com ênfase na verificação da
legalidade dos gastos perpetrados pela Juíza-Presidente do TRT da 11ª Região, e, se for o caso,
a adoção das providências necessárias à imediata interrupção dos pagamentos que estejam
sendo feitos indevidamente, bem como ao ressarcimento dos valores recebidos de má fé, sem
prejuízo das medidas corretivas adicionais que se fizerem necessárias.
Da detida análise dos documentos que integram o Inquérito 433/PB (que deu
origem à presente ação penal), verifica-se que diversas foram as viagens custeadas pelo TJ/PB
aos denunciados. Apresento, a seguir, com base nesses documentos, relação contendo as datas
em que as diárias foram concedidas, os locais para onde cada um dos denunciados se
deslocou e os eventos dos quais participaram:
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13 28/08/01 Campina Grande 28/08/01 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia Guerra
a serviço – Apenso 21, fls. 187/189.
19/09/2001 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
14 19/09/01 Alhandra Guerra para o Centro Terapêutico do Adolescente “Des.
Raphael Carneiro Arnaud” – CETA – Apenso 21, fls.
183/185.
27 a 29/09/2001 – Recebimento do Prêmio Catavento de
Prata, oferecido pela Gazeta de Turismo – Salvador, tendo
em vista a realização da EXPOARTE/2001 (Drª Fabíola
Andréa Correia Guerra) – Apenso 15, fls. 79/80; Apenso
15 27 a 29/09/01 Salvador 16, fls. 29/30; Apenso 21, fls. 176/181.
27 a 29/09/2001 – Homenagem prestada pelo Trade
Turístico em virtude da realização da EXPOARTE/2001
em Salvador (Dr. Marcos Antônio Souto Maior) – Apenso
15, fls. 81/82.
04 a 05/10/2001 – Palestra proferida pelo Desembargador
16 04 a 05/10/01 Recife Marcos Antônio Souto Maior na Universidade Federal de
Pernambuco – Apenso 15, fls. 253/254; Apenso 16, fls.
32/33; Apenso 22, fls. 183/187.
08 a 09/10/01 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
17 08 a 09/10/01 Rio Tinto Guerra para participar das comemorações da I Semana da
Criança – Apenso 21, fls. 173/175.
18 a 21/10/2001 – Entrega da Medalha do Mérito
18 18 a 21/10/01 Piauí Renascença do Piauí ao Desembargador Marcos Antônio
Souto Maior – Apenso 15, fls. 255/256; Apenso 16, fls.
35/36; Apenso 21, fls. 164/171.
24 a 25/10/2001 – XVII Congresso Brasileiro de
19 24 a 25/10/01 Natal Magistrados – Apenso 15, fls. 257/258; Apenso 16, fls.
38/42; Apenso 22, fls. 137/139.
26 a 29/10/2001 – Entrega dos Certificados do IPJ na
Comarca de Campina Grande e visita ao Fórum da
20 26 a 29/10/01 Campina Grande Comarca de Sousa em virtude do Projeto Justiça no Final
/Sousa de Semana – Apenso 15, fls. 259/260; Apenso 16, fls.
44/45; Apenso 22, fls. 137/151.
08 a 11/11/2001 – 53º Encontro do Colégio Permanente de
21 08 a 11/11/01 São Luís Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil – Apenso 15,
fls. 261/262; Apenso 16, fls. 46/47; Apenso 22, fls.
112/116 e 267/271.
12 a 15/11/01 – Participação do Desembargador Marcos
22 12 a 15/11/01 Costão do Santinho Antônio Souto Maior no evento “Modernização do Poder
Judiciário” – Apenso 15, fls. 263/264; Apenso 16, fls.
49/50; Apenso 22, fls. 131/135.
16/11/2001 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
23 16/11/01 Recife Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga Feitosa a serviço do
TJ/PB – Apenso 21, fls. 157/159.
17/11/01 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia Guerra
24 17/11/01 Guarabira para participar da Inauguração do Telejudiciário – Apenso
21, fls. 161/163.
25 10/12/01 Campina Grande 10/12/2001 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra a serviço do TJ/PB – Apenso 21, fls. 153/155.
26 21/12/01 Campina Grande 21/12/2001 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra a serviço do TJ/PB – Apenso 21, fls. 149/151.
27 02/01/02 Recife 02/01/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra a serviço do TJ/PB – Apenso 21, fls. 141/143.
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Superior Tribunal de Justiça
03/01/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
28 03/01/02 Alhandra Guerra para o Centro Terapêutico do Adolescente “Des.
Raphael Carneiro Arnaud” – CETA – Apenso 21, fls.
145/147.
08/01/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
29 08/01/02 Campina Grande Guerra acompanhando o Presidente do TJ/PB – Apenso 21,
fls. 137/139.
14 a 16/01/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
30 14 a 16/01/02 Sertão Guerra em companhia do Presidente do TJ/PB – Apenso
21, fls. 133/135.
31 18/01/02 Boqueirão 18/01/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra a serviço – Apenso 21, fls. 129/131
23 a 25/01/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
32 23 a 25/01/02 Brasília Guerra para tratar de assuntos concernentes à Presidência
do TJ/PB – Apenso 16, fls. 60/61; Apenso 22, fls. 85/87.
05/06/2002 – Viagem da Dra Fabíola Andréa Correia
Guerra (Presidente da AEMP) para a inauguração do
33 05 a 06/02/02 Campina Grande Setor Odontológico do Fórum da Comarca de Campina
Grande pelo Desembargador Marcos Antônio Souto Maior
– Apenso 15, fls. 285/286; Apenso 16, fls. 62/63; Apenso
22, fls. 196/202.
18/02/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
34 18/02/02 Conde Guerra a serviço da Justiça Itinerante – Apenso 21, fls.
125/127.
19/02/2002 – Entrega do Diploma e do Colar do Mérito
Acadêmico ao Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias
35 19 a 20/02/02 Brasília Mello, Presidente do Supremo Tribunal Federal – Apenso
15, fls. 289/290; Apenso 16, fls. 66/67; Apenso 22, fls.
36/40.
20 a 24/02/2002 – 54º Encontro do Colégio dos
36 20 a 24/02/02 Campo Grande Presidentes – Apenso 15, fls. 287/288; Apenso 16, fls.
64/65; Apenso 22, fls. 29/34.
04/03/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
37 04/03/02 Cuitegi Guerra por ocasião da instalação da Justiça Itinerante –
Apenso 21, fls. 121/123.
06/03/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
38 06/03/02 Alhandra Guerra para o Centro Terapêutico do Adolescente “Des.
Raphael Carneiro Arnaud” – CETA – Apenso 21, fls.
117/119.
11/03/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
39 11/03/02 Juripiranga Guerra a serviço da Justiça Itinerante – Apenso 21, fls.
113/115.
14 a 18/03/2002 – Viagem de Fabíola Andréa Correia
Guerra, na condição de Assessora do Presidente, para
40 14 a 18/03/02 Salvador participar do Encontro dos Presidentes Nordestinos de
Tribunais de Justiça – Apenso 16, fls. 68/69; Apenso 22,
fls. 118/124.
25/03/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
41 25/03/02 Baia da Traição Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para participarem da
instalação da Justiça Itinerante – Apenso 21, fls. 109/111.
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03 a 05/04/2002 – Viagem do Presidente do TJ/PB à
inauguração do Fórum Desembargador Miguel Seabra
Fagundes – Apenso 15, fls. 293/294; Apenso 22, fls.
126/129.
42 04 e 05/04/02 Natal 04 e 05/04/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra (Presidente da AEMP) acompanhando o
Presidente do TJ/PB à inauguração do Fórum
Desembargador Miguel Seabra Fagundes – Apenso 22, fls.
106/110.
03 a 05/04/2002 – Viagem do Presidente do TJ/PB para a
posse dos Ministros Édson Carvalho Vidigal e Nilson Vital
Naves nos cargos de Presidente e Vice-Presidente do STJ –
Apenso 09, fl. 2.000; Apenso 15, fls. 293/294; Apenso 22,
fls. 126/129.
43 06 a 07/04/02 Brasília 06 a 07/04/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra (Presidente da AEMP) para a posse dos Ministros
Édson Carvalho Vidigal e Nilson Vital Naves nos cargos
de Presidente e Vice-Presidente do STJ – Apenso 16, fls.
72/73; Apenso 23, fls. 151/155 (03 e 04/04/2002).
A posse ocorreu no dia 03/04/2002.
09/04/2002 - Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
44 09/04/02 Caaporã Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga a serviço – Apenso 21,
fls. 105/107.
14 a 17/04/2002 – Viagem do Presidente do TJ/PB para
visita ao Tribunal de Justiça de São Paulo – Apenso 15, fls.
45 14 a 17/04/02 São Paulo 297/298; Apenso 21, fls. 274/281.
13 a 16/04/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra para visita ao Tribunal de Justiça de São Paulo –
Apenso 16, fls. 76/77.
17 a 21/04/2002 – Participação de Fabíola Andréa Correia
Guerra e da Assessora Maria Aline Bezerra Cavalcanti
46 17 a 21/04/02 Salvador Madruga em Encontro da Infância e da Juventude - Apenso
16, fls. 74/75; Apenso 23, fls. 157/162.
23 a 24/04/2002 – Viagem do Presidente do TJ/PB na
posse do Desembargador Natanael Caetano Fernandes na
Presidência do TJDFT – Apenso 15, fls. 295/296.
47 22 a 23/04/02 Brasília 22 a 23/04/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra para acompanhar o Presidente do TJ/PB na posse
do Desembargador Natanael Caetano Fernandes na
Presidência do TJDFT – Apenso 16, fls. 78/79; Apenso 22,
fls. 81/83.
24/04/2002 - Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
48 24/04/02 Recife Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga a serviço do TJ/PB –
Apenso 21, fls. 97/99.
27/04/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
49 27/04/02 Alagoa Grande Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para acompanharem o
Presidente do TJ/PB em homenagem para recebimento da
Comenda do Ministro Osvaldo Trigueiro de Albuquerque
Melo – Apenso 21, fls. 93/95.
50 29/04/02 Puxinanã 29/04/2002 - Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga a serviço da Justiça
Itinerante – Apenso 21, fls. 101/103.
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01/05/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
51 01/05/02 Campina Grande Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para acompanharem o
Sr. Governador em exercício, Dr. Marcos Antônio Souto
Maior – Apenso 21, fls. 89/91.
04/05/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
52 04/05/02 Pedras de Fogo Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para acompanharem o
Sr. Governador em exercício, Dr. Marcos Antônio Souto
Maior – Apenso 21, fls. 85/87.
10/05/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra e Drª Maria Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para
53 10/05/02 Guarabira acompanhar o Presidente do TJ/PB à solenidade de entrega
do Título de Cidadão Guarabirense – Apenso 21, fls.
77/79.
13/05/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
54 13/05/02 Galante Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para participarem da
instalação da Justiça Itinerante – Apenso 21, fls. 81/83.
16 a 18/05/2002 – Sanção do Projeto Criação TV Justiça
55 16 a 18/05/02 Brasília pelo Ministro Marco Aurélio no exercício da Presidência
da República – Apenso 15, fls. 301/302; Apenso 16, fls.
80/81; Apenso 22, fls. 12/19.
20 a 22/05/2005 – Viagem do Presidente do TJ/PB, da Drª
Fabíola Andréa Correia Guerra (Assessora Especial da
56 20 a 22/05/02 Rio de Janeiro Presidência), do Dr. Aluízio Bezerra Filho e do Dr. Saulo
Barreto (Chefe de Cerimonial) à posse da Srª Zélia Gattai
Amado na Academia Brasileira de Letras – Apenso 15, fls.
303/304; Apenso 16, fls. 82/83; Apenso 22, fls. 42/55.
21/05/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
57 21/05/02 Alhandra Aline Bezerra Cavalcanti Madruga e com Rosana César
Falcão Vieira para o Centro Terapêutico do Adolescente
“Des. Raphael Carneiro Arnaud” – CETA – Apenso 21, fls.
73/75.
27/05/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
58 27/05/02 Fagundes Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga para participarem da
instalação da Justiça Itinerante – Apenso 21, fls. 69.
30/05 a 02/06/2002 – Viagem do Presidente do TJ/PB e da
Drª Fabíola Andréa Correia Guerra para acompanhar os
juízes que alcançaram alto nível de produtividade
59 30/05 a 02/06/02 Costão do Santinho dentro do Projeto IPJ, instituído pelo TJ/PB
Diárias: Apenso 15, fls. 315/316; Apenso 16, fls. 84/85;
Apenso 22, fls. 04/10.
Passagens: Nota de Empenho – Apenso 13, fls. 116
07/06/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
60 07/06/02 Alagoa Grande/PB Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga a serviço do TJ/PB –
Apenso 21, fls. 65.
10/06/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
61 10/06/02 Boa Vista/PB Guerra juntamente com a Assessora Técnica Drª Maria
Aline Bezerra Cavalcanti Madruga a serviço da Justiça
Itinerante – Apenso 21, fls. 61/63.
14 a 15/06/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
62 14 a 15/06/02 Brasília Guerra para acompanhar o Presidente do TJ/PB ao
Superior Tribunal de Justiça – Apenso 15, fls. 313/314;
Apenso 16, fls. 86/87; Apenso 21, fls. 55/59.
Documento: 849651 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/10/2009 Página 6 2 de 118
Superior Tribunal de Justiça
19 a 23/06/2002 – Participação de Fabíola Andréa Correia
63 19 a 23/06/02 Recife Guerra em Encontro da Infância e da Juventude - Apenso
16, fls. 88/89.
02 a 07/07/2002 – acompanhar o Presidente do TJ/PB
64 02 a 07/07/02 São Paulo Desembargador Marcos Antônio Souto Maior – Apenso
21, fls. 47/49.
16 a 18/07/2002 – Viagem do Presidente do TJ/PB a
serviço para efetivação da EXPOARTE/2002 – Apenso 15,
65 16 a 18/07/02 Rio de Janeiro fls. 317/318;
16 a 18/07/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra para efetivação da EXPOARTE/2002 – Apenso 16,
fls. 90/91.
19 a 20/07/2002 – acompanhar o Presidente do TJ/PB
66 19 a 20/07/02 Campina Grande Desembargador Marcos Antônio Souto Maior – Apenso
21, fls. 43/45.
26 a 28/07/2002 – Solenidade de representação no
67 26 a 28/07/02 Recife casamento do filho do Des. Presidente do TJ/SP.
Apenso 15, fls. 319/320; Apenso 16, fls. 92/93; Apenso 22,
fls. 21/27.
02 a 05/08/2002 – Visita da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra e da Drª Lúcia de Souza Rodrigues (Assessora da
68 02 a 05/08/02 Fortaleza Des. Drª Fátima Bezzerra), “a convite do Des. Presidente
daquela cidade”, para solenidades dos II Jogos Interativos
do Judiciário Cearense – Apenso 15, fls. 321/322; Apenso
16, fls. 94/95; Apenso 22, fls. 89/95.
29/08 a 05/09/2002 – Rio de Janeiro: 57º Encontro de
Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil; Pouso
69 29/08 a 05/09/02 Rio de Janeiro/Pouso Alegre/MG: palestra na abertura do Curso de Direito
Alegre “Novo Código Civil” – Apenso 15, fls. 323/324; Apenso
16, fls. 96/97; Apenso 21, fls. 220/228.
25/09/2002 – Entrega ao Desembargador Marcos Antônio
70 25 a 26/09/02 Maceió Souto Maior da Medalha do Mérito “Marechal Floriano” –
Apenso 09, fl. 1.993 e Apenso 15, fls. 329/330; Apenso 16,
fls. 98/99, Apenso 21, fls. 243/249.
27 a 29/09/2002 – Participação no Programa Global de
71 27 a 29/09/02 Sousa Atendimento à Criança e ao Adolescente “CREDENDO
VIDES” – Apenso 21, fls. 31/33.
08 a 14/10/2002 – 58º Encontro do Colégio Permanente de
Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil – Apenso 22,
72 08 a 14/10/02 Belém fls. 210/214.
(A filha RAQUEL VASCONCELOS SOUTO MAIOR
viajou para o mesmo evento no dia 09/10/2002 – Apenso
22, fls. 75/79)
18 a 19/10/2002 – Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra e da Drª Maria Aline Bezerra Cavalcanti Madruga
73 18 a 19/10/02 Patos para acompanhar o Presidente do TJ/PB, que receberá
homenagem – Apenso 15, fls. 331/332; Apenso 16, fls.
100/101; Apenso 21, fls. 27/29 e 251/257.
74 20/11/02 Campina Grande 20/11/2002 – compromisso oficial – Apenso 16; fls.
104/105; Apenso 21, fls. 230/241.
75 21/10/02 Recife 21/10/2002 - Viagem da Drª Fabíola Andréa Correia
Guerra a serviço do TJ/PB – Apenso 21, fls. 27
21 a 23/11/2003 – 59ª Reunião do Colégio Permanente de
76 21 a 23/11/02 Aracaju Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil – Apenso 15,
fls. 337/338; Apenso 16, fls. 102/103.
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Superior Tribunal de Justiça
24/11/2002 – 59ª Reunião do Colégio Permanente de
77 24/11/02 Aracaju Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil – Apenso 15,
fls. 339/340; Apenso 16, fls. 106/107; Apenso 21, fls.
266/272.
05 a 07/12/2002 – Brasília: recebimento de Medalha do
78 05 a 07/12/02 Brasília e São Luís Mérito Judiciário; São Luís: palestra – Apenso 15, fls.
341/342; Apenso 16, fls. 108/109; Apenso 21, fls. 259/264.
Viagens não mencionadas na denúncia, porém constantes dos documentos que integram o Inquérito.
Art. 1º. Fica criado, no Quadro instituído pela lei nº 5.634 de 15 de agosto de
1992, o cargo em comissão de Coordenador da Infância e da Juventude, Símbolo
TJ-CPJ-5151, a quem incumbe coordenar, planejar, sistematizar e desenvolver políticas e
ações sociais, na área da infância e da juventude, com o vencimento básico de R$ 600,00
(seiscentos reais).
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Superior Tribunal de Justiça
14) há indícios também de que a Drª Fabíola recebeu diárias em duplicidade
(itens "56" e "57" do quadro acima), ou seja, teria viajado ao Rio de Janeiro no período de 20
a 22/05/2002 e, ao mesmo tempo, no dia 21/05/2002, teria estado na cidade de Alhandra - PB.
Certamente não atendem ao interesse público as viagens realizadas com o
único objetivo de acompanhar o Presidente do TJ/PB em eventos (inclusive festivos) que não
guardam qualquer relação com as atividades inerentes ao cargo que ocupava a denunciada (v.
tópicos "2", "4", "5", "6", "7" e "11" acima).
As hipóteses de viagens "sem justificativa" ou com "justificativa" que não
demonstre, inequivocamente, o interesse público configuram-se ilegais (tópico "3" acima), o
mesmo ocorrendo quando o Tribunal de Justiça custeou viagens à denunciante para participar
de eventos na qualidade de Presidente da Associação das Esposas de Magistrados da Paraíba
(tópico "8" acima).
O recebimento de diária em excesso sem a devida restituição pelo servidor
(tópico "12" acima) e de diárias em duplicidade (tópico "14" acima) configuram, em tese, o
ilícito penal a que se refere a denúncia.
Quanto às viagens relacionadas ao projeto IPJ (Índice de Produtividade dos
Juízes) (tópico "10" acima), é importante destacar que o Tribunal de Justiça da Paraíba criou,
através da Resolução 03/2001, "um mecanismo objetivo e impessoal estimulador do alto
rendimento judicante" na busca do aperfeiçoamento da atividade jurisdicional, nas palavras
do próprio Desembargador MARCOS ANTÔNIO SOUTO MAIOR (in IPJ - Índice de
Produtividade dos Juízes - Biênio 2001/2002).
A resolução fixou os critérios de avaliação dos magistrados no desempenho de
suas atividades, estabelecendo que os juízes mais eficientes deveriam ser premiados. Eis o
teor do art. 8º da referida norma:
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Observe-se que, em momento algum, as normas internas do TJ/PB previram,
como forma de premiação, viagens a passeio às expensas daquela Corte. E ainda que
houvesse previsão, tais normas seriam altamente questionáveis, posto que essas despesas, por
óbvio, não atendem ao interesse público. Afinal, os magistrados são suficientemente
remunerados para o desempenho das funções a que se propuseram, nelas incluída uma
prestação jurisdicional de qualidade.
Por isso, houve nítido desvio de finalidade quando o Presidente do Tribunal e
sua esposa acompanharam os magistrados que alcançaram maior produtividade a viagem a
Costão do Santinho - SC, com o propósito de premiá-los.
Ademais, a entrega dos Certificados do IPJ deveria ser feita pelo Presidente do
Tribunal, não havendo justificativa para que a Drª Fabíola o acompanhasse na viagem descrita
no item "20" do quadro acima.
Restam para análise as viagens nas quais a denunciada acompanhou o
Presidente a posse de Desembargadores de Tribunal e Ministros de Tribunal Superior.
Sobre essa questão, interessante destacar a posição adotada pelo
Ministro-Corregedor do Tribunal Superior do Trabalho, em correição dos atos da Presidente
do TRT da 11ª Região, objeto do Processo n. 014.871/2004-0 (acima mencionado):
Documento: 849651 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/10/2009 Página 6 9 de 118
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81 29 a 31/05/01 Recife 29 a 31/05/2001 – Tratar de assuntos de interesse do TJ/PB –
Apenso 16, fls. 158/159; Apenso 21, fls. 213/218
82 05 a 06/06/01 Natal 05 a 06/06/2001 - Tratar de assuntos de interesse do TJ/PB –
Apenso 16, fls. 160/161; Apenso 21, fls. 213/218.
02 a 06/04/2002 – Participação na Feira Internacional da
83 02 a 06/04/02 São Paulo Indústria da Construção – FEICON/2002 – Apenso 16, fls.
165/166.
84 30/05 a Espanha 30/05 a 10/06/2002 – Viagem tendo em vista a II
10/06/02 EXPOARTE – Apenso 16, fls. 167/168.
25 a 27/09/2002 – Viagem do Dr. Hilton Souto Maior Neto
85 25 a 27/09/02 Alagoas (Assessor da Presidência) – Homenagem prestada ao
Presidente do TJ/PB – Apenso 16, fls. 169/170; Apenso 22,
fls. 68/73.
(...)
Documento: 849651 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/10/2009 Página 7 1 de 118
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funções inerentes ao cargo que o denunciado ocupava e as atividades que ele teria ido
desenvolver junto ao TJ/MG, tudo leva a crer que o Dr. HILTON recebeu duas diárias a mais
do que o efetivamente utilizado para o fim pretendido, além de ter onerado o Tribunal com as
passagens aéreas em razão da "escala" em São Paulo.
Também em relação à viagem à Espanha não restou demonstrada a correlação
entre as funções do denunciado e a atividade que seria exercida por ele. O interesse público,
nesse caso, sequer foi demonstrado, até porque, se a EXPOART foi custeada exclusivamente
com recursos privados, como afirmam os denunciados, não se justificaria o pagamento de
passagens aéreas e diárias pelo TJ/PB para que o servidor tratasse, no exterior, de assuntos
relacionados à exposição, mesmo que para "prestar assessoramento no campo do Direito".
Repitam-se aqui os argumentos adotados nesse voto quanto à concessão de
diárias e passagens aéreas a FABÍOLA ANDRÉA CORREIA GUERRA.
Havendo, pois, justa causa para o desencadeamento da ação penal, o
denunciado deve responder pelo delito tipificado no art. 312 do CP.
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3. Assessor Militar, Símbolo TJ-APJ-406, privativo de Oficial Superior da
Polícia Militar do Estado da Paraíba, a quem incumbe prestar assessoramento militar à
Presidência; dirigir as atividades de transporte e segurança da Secretaria do Tribunal e da
Corregedoria, bem como outros correlatos determinados por este Regulamento e pela
autoridade competente.
Art. 17. A pessoa física, sem vínculo funcional com o Superior Tribunal de
Justiça, que se deslocar para prestar serviços não remunerados a este Tribunal, fará jus a
diárias e passagens, na qualidade de colaborador eventual.
Parágrafo único. O valor da diária do colaborador eventual será estabelecido
pelo Diretor-Geral, segundo o nível de equivalência entre a atividade a ser cumprida e os
valores constantes da tabela anexa.
Tal fato constitui demonstração inconteste de que não havia qualquer critério
nos gastos realizados com viagens, muito menos observância do atendimento ao interesse
público.
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Sobre esse ponto, a Corte Estadual de Contas afirmou apenas (fls. 1.767):
O órgão de instrução ataca o fato de que tal despesa não foi empenhada na
rubrica própria, pois aquelas vantagens foram pagas junto à folha de pagamento. Se assim
foram pagas, evidentemente foram empenhadas ao se fazer o empenho da mencionada
FOPAG. Também nesse ponto é improcedente a denúncia.
O denunciado afirmou não ter havido transporte ou desvio de verba, uma vez
que as diárias e as passagens foram pagas nas rubricas corretas (3.3.90.14.00 - Diárias Civil e
3.3.90.33.00 - Passagens e Despesas com Locomoção). Entretanto não há prova da afirmação.
Com amparo na constatação da auditoria, configurado em tese o delito previsto
nos dispositivos acima transcritos.
Sustenta o denunciado, ainda, que a imputação de crime de responsabilidade
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carece de condição de procedibilidade, pois a Lei 1.079/50, em seus arts. 15 e 42, vincula a
admissibilidade da acusação à permanência do acusado no cargo, quando do oferecimento da
denúncia; como o denunciado já não ocupava o cargo de direção de Presidente do Tribunal
quando do oferecimento da denúncia, patente a falta de interesse no que se refere ao crime ora
cogitado; a denúncia, portanto, não deve prosperar.
Embora a lei especial para os crimes de responsabilidade enfatize, em dois
dispositivos distintos (art. 15 e art. 42), a só pertinência da tipificação para as autoridades que
estão no cargo quando do oferecimento da denúncia, assinalo que tal fato, na hipótese dos
autos, é inteiramente irrelevante. O denunciado é detentor de cargo vitalício, embora tenha
exercido a função temporária de presidente do Tribunal por dois anos, função exercida por
ocasião em que se envolveu com o fato delituoso em apuração.
O STF, no julgamento do MS 21.689/DF, deu aos dispositivos interpretação
consentânea com a realidade atual, deixando claro que, em razão da sanção única imposta
pela lei especial – perda do cargo, com a possibilidade de aplicação da pena de inabilitação
para o exercício de função pública, como acessória –, aquele que não mais exerce o cargo não
poderia ser réu, sem sanção plausível, visto que sem exercer cargo não haveria pena principal
e sem ela também não haveria pena acessória. Ora, exercendo o denunciado cargo vitalício,
não há óbice em se aplicar a norma indicada na denúncia.
Transcrevo, destacando, no que interessa, a ementa do precedente, julgado em
16/12/1993:
Consta, ainda, da denúncia que o Dr. HILTON SOUTO MAIOR NETO teria
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praticado a conduta delitiva do art. 312 do CP por ter recebido, indevidamente, ressarcimento
de despesas realizadas com alimentação, a saber:
a) em 01/03/2001 por ter o Dr. HILTON SOUTO MAIOR NETO prestado
serviço ao TJ/PB fora do horário de expediente – R$ 55,11 (cinqüenta e cinco reais e onze
centavos) – Apenso 22, fls. 97/104.
b) em 25/09/2002 - Ressarcimento de despesas relativas a almoço com o
Presidente de Justiça do Estado de Alagoas e Assessores – R$ 297,99 (duzentos e noventa e
sete reais e noventa e nove centavos) – Apenso 22, fls. 63/66.
O denunciado não nega os fatos, mas procura justificá-los argumentando:
1) o gasto de R$ 55,11 (cinqüenta e cinco reais e onze centavos) deveu-se
ao custeio de refeição a duas pessoas, ambas funcionárias, que tinham necessidade de
concluir trabalho com prazo certo, inviabilizando que tivessem o regulamentar descanso para
o almoço; como o Tribunal não dispunha de refeitório nem restaurante próprios, foi utilizada
uma das casas de pasto da cidade, com valor até abaixo dos praticados à época.
Observe-se que a justificativa constante do documento de fls. 103 do Apenso
22 diverge dessas afirmações.
2) despesa datada de 25/09/2002 - tratou-se de reunião de trabalho entre o
Presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba e o Presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas;
perfeitamente possível e prático que a despesa de uma refeição de serviço com dois
Presidentes de Tribunais de Justiça Estaduais fosse paga por um dos Assessores do Tribunal
para depois lhe ser ressarcida a despesa, formalizada com a respectiva nota fiscal; o evento
reuniu várias pessoas, por isso, o valor foi perfeitamente compatível com sua realização.
Não obstante esses argumentos, o denunciado não demonstrou, de plano, que
tais despesas foram realizadas no interesse público e não identificou qual norma autorizaria o
Tribunal a ressarcir esse tipo de despesa, a fim de descaracterizar-se, de plano, a conduta
configurada como ilícito penal.
Ao contrário, há documento no inquérito demonstrando que a despesa ocorrida
em 01/03/2001 foi indevidamente ressarcida com recursos alocados para rubrica cujo
programa diz respeito a "Processamento de Causas" (Apenso 22, fls. 99), o que demostra,
em princípio, a ilicitude do procedimento. Vejamos:
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Superior Tribunal de Justiça
de Responsabilidade Fiscal, especificamente no artigo 26, onde prescreve
que a destinação de recursos públicos para o setor privado deverá ser
autorizada por lei específica, atender as condições da lei de diretrizes
orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em créditos adicionais. Tais
pagamentos estão registrados nos livros contábeis da AEMP sob a
denominação de "doação" (ver doc. fls. 1706).
Diante dos indícios de que houve transferência ilícita de recursos públicos para
a AEMP, não tendo o denunciado demonstrado inequivocamente que os cheques ns. 85008 e
850086 não foram assinados por ele e que tais verbas são de natureza privada, justifica-se o
recebimento da denúncia também em relação a esse fato porque perpetrado, em tese, o delito
do art. 359-D do Código Penal.
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Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo,
em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
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Superior Tribunal de Justiça
instrução, com observância da ampla defesa aos denunciados. Contudo, prima facie, é
possível vislumbrar que os denunciados não poderiam ter agido sem a clara compreensão do
ilícito de suas condutas, por se tratar de pessoas com vasto conhecimento na área do Direito,
mormente o denunciado MARCOS ANTÔNIO SOUTO MAIOR, por se tratar de
Desembargador, cuja competência é julgar e decidir o que é certo e o que é errado.
Por isso, não é razoável admitir que eles agiram sem a intenção de
locupletarem-se ilicitamente, o que afasta, a princípio, a alegação de inexistência de dolo
específico.
A Auditoria do TCE/PB afirmou que as diárias "não foram empenhadas em
rubrica orçamentária própria e específica, e sim concedidas no próprio contra-cheque dos
servidores em questão (ver fls. 1536/1539), procedimento reprovável pela boa interpretação
dos artigos 58 e 60 da Lei 4.320/64 e artigos 70 e 72 da Lei Estadual 3.654/71. Tal fato
caracterizou, classicamente, complementação salarial para os servidores acima descritos".
Se realmente o empenho não ocorreu em rubrica orçamentária própria e
específica, do que não discorda a defesa, caracterizado em tese o delito do art. 10, n. 2, c/c art.
39-A, parágrafo único, da Lei 1.079/50, cuja redação é a seguinte:
CONCLUSÃO
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Superior Tribunal de Justiça
pagamento de precatório sem observância da ordem de apresentação por ausência de
indicação da capitulação penal.
Rejeito as demais preliminares argüidas.
Recebo a denúncia em relação aos denunciados FABÍOLA ANDRÉA
CORREIA GUERRA e HILTON SOUTO MAIOR NETO, incursos nas sanções do art.
312 do Código Penal, em continuidade delitiva (art. 71 do CP).
Recebo a denúncia em relação à denunciada RAQUEL VASCONCELOS
SOUTO MAIOR, incursa nas sanções do art. 312 do Código Penal.
Recebo a denúncia em relação ao denunciado MARCOS ANTÔNIO SOUTO
MAIOR, incursos nas sanções dos arts. 312 (na modalidade desvio) e 359-D do Código
Penal e art. 10, nº 2 c/c 39-A, parágrafo único, da Lei 1.079/50 (com redação dada pela Lei
10.028/2000), todos c/c o art. 71 do Código Penal em razão da continuidade delitiva.
Embora já afastado do cargo, em razão de estar o magistrado a responder outra
ação penal, com denúncia já recebida e instrução quase finda, entendo pertinente que esta
Corte renove a decisão de afastamento, diante da gravidade da acusação que paira sobre o
denunciado MARCOS ANTÔNIO SOUTO MAIOR, inclusive pelo tipo do crime,
inteiramente incompatível com as funções por ele exercidas e, finalmente, diante dos
precedente desta Corte – APn 242/AC e APn 266/RO –, voto pelo seu afastamento imediato
das funções de Desembargador do Tribunal de Justiça da Paraíba.
Condeno a Drª Rebeca Novaes Aguiar ao pagamento de multa por litigância de
má-fé nos termos do art. 14, II c/c art. 17, IV, e 18, caput , todos do CPC (aplicáveis à
hipótese por analogia), no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e determino a remessa à
OAB/DF, para as providências que entender cabíveis, de cópia do presente voto, bem assim
das fls. 2.582/2.598.
Julgo prejudicado o agravo regimental de fls. 2.597/2.598.
É o voto.
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
PRIMEIRA PRELIMINAR
Voto-Preliminar
Vencido
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-PRELIMINAR
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
PRIMEIRA PRELIMINAR
VOTO-PRELIMINAR (VENCIDO)
......................................................................................................................................................
Exato. De sorte que, verifico que há duas prejudiciais ainda não decididas
contra a revogação da Súmula nº 394 do Supremo Tribunal Federal, que é quase secular, a
qual dispõe que “cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência
especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados
após a cessação daquele exercício”.
Por outro lado, observo que a tese, que foi sustentada pelo Sr. Ministro Cézar
Peluzo, no mandado de segurança, com relação ao abuso do direito, também é uma tese cuja
verossimilhança é duvidosa à medida que, recentemente, a mesma tese foi suscitada e restou
vencida no Supremo Tribunal Federal, no julgamento do governador aqui mencionado.
De modo que, a preocupação assume relevo à medida que tais prejudiciais não
apresentam verossimilhança pelo, como se diz vulgarmente, “andar da carruagem”. Então,
seria uma mera plausibilidade contra uma jurisprudência solidificada e sedimentada no
Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal.
Portanto, pedindo todas as vênias, acompanho o voto do Sr. Ministro Paulo
Gallotti com as observações e preocupações do Sr. Ministro Nilson Naves.
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Voto pelo sobrestamento do julgamento do processo até a decisão final do
mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal Federal.
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-PRELIMINAR
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-PRELIMINAR
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Superior Tribunal de Justiça
VOTO-PRELIMINAR
Vencido
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
PRIMEIRA PRELIMINAR
VOTO-PRELIMINAR
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
PRIMEIRA PRELIMINAR
Voto-Preliminar
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-MÉRITO
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-MÉRITO
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
RATIFICAÇÃO DE VOTO-MÉRITO
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
VOTO
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VOTO-MÉRITO
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Superior Tribunal de Justiça
constituía excesso administrativo, mas não crime de peculato. Vejam que,
no caso, não se cuida de algo às escondidas – próprio da ação de
peculato –, porém de algo às claras – de frente, de viva voz (concessão
de diárias a pessoas regularmente nomeadas).
Sobre a ordenação de despesa não autorizada – Cód. Penal, art.
359-D –, a norma aí prevista é penal em branco, que, por isso, pressupõe
norma integradora, e essa não foi claramente indicada pela denúncia.
Com a vênia da eminente Relatora, bem como dos demais
ilustres votos, o meu voto rejeita a denúncia.
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Superior Tribunal de Justiça
ERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
SUSTENTAÇÃO ORAL
Sustentaram oralmente a Dra. Cláudia Sampaio Marques, Subprocuradora-Geral da República, o
Dr. José Eduardo Rangel de Alckmin, pelo réu Marcos Antônio Souto Maior, o Dr. Luís Alexandre
Rassi, pela ré Raquel Vasconcelos Souto Maior, o Dr. Aluísio Lundgren Corrêa Régis, pelo réu
Hilton Souto Maior Neto, e o Dr. Esdras dos Santos Carvalho, Defensor Público da União, pela ré
Fabíola Andréa Correa Guerra.
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Corte Especial, por maioria, rejeitou a preliminar de incompetência do Superior
Tribunal de Justiça. Vencidos os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Nancy Andrighi, Luiz Fux, Nilson
Naves e Fernando Gonçalves; rejeitou, por unanimidade, as preliminares referentes ao cerceamento
de defesa, à violação do Princípio do Promotor Natural, à questão referente ao julgamento do
Tribunal de Contas da Paraíba e à decisão da Procuradoria-Geral de Justiça da Paraíba; julgou, por
unanimidade, prejudicada a preliminar referente à nomeação de defensor dativo; e rejeitou a
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Superior Tribunal de Justiça
preliminar referente à inépcia na inicial, acolhendo em parte apenas quanto ao pagamento de
precatórios.
No mérito, após o voto da Sra. Ministra Relatora recebendo a denúncia com relação a
Fabíola Andréa Corrêa Guerra, Hilton Souto Maior Neto e Raquel Vasconcelos Souto Maior, com
referência ao art. 312 do Código Penal, e recebendo a denúncia com relação a Marcos Antônio
Souto Maior por incurso nas previsões dos arts. 312 e 359-D do Código Penal e art. 10, n. 2
combinado com o art. 39-A, parágrafo único, da Lei nº 1.079/50, com redação dada pela Lei nº
10.028/00, no que foi acompanhada integralmente pelos votos dos Srs. Ministros Paulo Gallotti,
Francisco Falcão, Nancy Andrighi e Laurita Vaz e parcialmente pelo voto do Sr. Ministro Luiz Fux
rejeitando a denúncia apenas com relação a Raquel Vasconcelos Souto Maior, e o voto do Sr.
Ministro Nilson Naves rejeitando a denúncia por inépcia formal com relação a Raquel Vasconcelos
Souto Maior e por ausência de justa causa com relação a todos os réus, pediu vista o Sr. Ministro
Ari Pargendler.
Na preliminar de incompetência, os Srs. Ministros Francisco Falcão, Laurita Vaz, Ari
Pargendler, Felix Fischer, Aldir Passarinho Junior e Gilson Dipp votaram com a Sra. Ministra
Relatora.
Nas preliminares de cerceamento de defesa, violação ao princípio do Promotor Natural, do
julgamento pelo Tribunal de Contas da Paraíba e da decisão da Procuradoria-Geral de Justiça da
Paraíba, nomeção de defensor dativo e inépcia da inicial, os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Francisco
Falcão, Nancy Andrighi, Laurita Vaz, Luiz Fux, Nilson Naves, Ari Pargendler, Fernando
Gonçalves, Felix Fischer, Aldir Passarinho Junior e Gilson Dipp votaram com a Sra. Ministra
Relatora.
No mérito, aguardam os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Aldir
Passarinho Junior e Gilson Dipp.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Hamilton Carvalhido e João Otávio de
Noronha.
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-VISTA
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Superior Tribunal de Justiça
“O elemento subjetivo, no tocante ao
peculato-apropriação” – ensina Nelson Hungria – “é o dolo
genérico: vontade livre e conscientemente dirigida à
apropriação do dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, de
que se tem a posse em razão do cargo. Basta a vontade referida
à apropriação, sendo que esta pressupõe, conceitualmente, o
animus rem sibi habendi (ou seja, a intenção definitiva de não
restituir a res) e a obtenção de proveito (próprio ou alheio).
Já no caso de peculato-desvio, é necessário, além do dolo
genérico (vontade consciente e livre de empregar a coisa em
fim diverso daquele a que era destinada), o dolo específico:
intenção de proveito próprio ou de outrem (embora excluído o
animus rem sibi habendi). Não há peculato-desvio se o agente
muda o destino da coisa em proveito da própria administração
(ex: a verba destinada à construção de uma escola rural é
empregada na construção de calçamento da rua em que mora o
agente). Em tal caso, o crime que poderá configurar-se é o de
'emprego irregular de verbas' (art. 315)” – in Comentários ao
Código Penal, Forense, Companhia Editora Forense, Rio, 1959,
2ª edição, p. 349).
'Art. 312 –
“2º Fato
28. Isto tudo sem contar o que foi gasto com diárias,
passagens, restaurantes, treinamento de monitores, dentre
outros diversos serviços (cf. os documentos constantes do
apenso 16).
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Superior Tribunal de Justiça
De fato, em tese Marcos Antônio Souto Maior poderia
responder por esse crime porque teve, como Presidente do
Tribunal, o poder de dispor sobre passagens e diárias, mas o
respectivo processo só poderia ser instaurado enquanto
ocupasse o aludido cargo, tal qual dispõe o art. 42 da Lei nº
1.079, de 1950, a saber:
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VOTO-MÉRITO
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
RETIFICAÇÃO DE VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-MÉRITO
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
VOTO-MÉRITO
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AÇÃO PENAL Nº 477 - PB (2004/0061238-6)
AFASTAMENTO
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Ari Pargendler recebendo
em parte a denúncia com relação a Marcos Antônio Souto Maior pela prática do crime de peculato,
na modalidade desvio, combinado com o artigo 71 do Código Penal; pela prática do crime de
ordenação de despesa não autorizada, combinado com o artigo 69 do Código Penal; recebendo,
também, a denúncia contra Hilton Souto Maior Neto e Fabíola Andrea Correia Guerra, pelo crime
do art. 312, caput, segunda parte, do Código Penal, combinado com o art. 71; rejeitando-a
integralmente contra Raquel Vasconcelos Souto Maior; rejeitando-a, em parte, com relação a
Marcos Antônio Souto Maior, quanto ao crime de peculato na modalidade desvio no que diz
respeito às duas exposições de obras de arte estrangeiras e quanto ao crime de responsabilidade, no
que foi acompanhado pelos Srs. Ministros Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Aldir Passarinho
Junior e pelos Srs. Ministros Nancy Andrighi e Luiz Fux, que reformularam votos proferidos na
sessão anterior, e o voto do Sr. Ministro Gilson Dipp acompanhando integralmente a Sra. Ministra
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Superior Tribunal de Justiça
Relatora, a Corte Especial, por maioria, rejeitou a preliminar de incompetência do Superior
Tribunal de Justiça. Vencidos os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Nancy Andrighi, Luiz Fux, Nilson
Naves e Fernando Gonçalves; rejeitou, por unanimidade, as preliminares referentes ao cerceamento
de defesa, à violação do Princípio do Promotor Natural, à questão referente ao julgamento do
Tribunal de Contas da Paraíba e à decisão da Procuradoria-Geral de Justiça da Paraíba; julgou, por
unanimidade, prejudicada a preliminar referente à nomeação de defensor dativo; rejeitou a
preliminar referente à inépcia na inicial, acolhendo em parte apenas quanto ao pagamento de
precatórios; rejeitou, por maioria, a denúncia contra Raquel Vasconcelos Souto Maior, recebendo-a
em parte contra Marcos Antônio Souto Maior: pela prática do crime de peculato na modalidade
desvio, tipificado no art. 312, caput, segunda parte, do Código Penal, combinado com o art. 71; pela
prática do crime de ordenação de despesas não autorizadas, previsto no art. 359-D, do Código
Penal, combinado com o art. 69; recebeu também em parte a denúncia quanto a Hilton Souto Maior
Neto e Fabíola Andréa Correia Guerra, pelo crime do art. 312, caput, segunda parte, do Código
Penal, combinado com o art. 71 e rejeitou, parcialmente, a denúncia contra Marcos Antônio Souto
Maior quanto ao crime de peculato na modalidade desvio, no que diz respeito às duas exposições de
obras de arte estrangeiras, e quanto ao crime de responsabilidade, nos termos do voto do Sr.
Ministro Ari Pargendler. E, por unanimidade, determinou o afastamento do Desembargador Marcos
Antônio Souto Maior de seu cargo, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
No mérito, os Srs. Ministros Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Aldir Passarinho Junior,
Nancy Andrighi e Luiz Fux votaram com o Sr. Ministro Ari Pargendler. Vencidos parcialmente a
Sra. Ministra Relatora e os Srs. Ministros Paulo Gallotti, Francisco Falcão, Laurita Vaz e Gilson
Dipp que recebiam a denúncia com relação a Fabíola Andréa Corrêia Guerra, Hilton Souto Maior
Neto e Raquel Vasconcelos Souto Maior, com referência ao art. 312 do Código Penal, e, também,
com relação a Marcos Antônio Souto Maior, por incurso nas previsões dos arts. 312, 359, d, do
Código Penal e art. 10, II, c/c o art. 39, a, parágrafo único, da Lei nº 1.079, de 1950, com redação
dada pela Lei nº 10.028, de 2000, e o Sr. Ministro Nilson Naves que rejeitou a denúncia por inépcia
formal com relação a Raquel Vasconcelos Souto Maior e por ausência de justa causa em relação a
todos os réus.
Quanto ao afastamento do cargo do réu Marcos Antônio Souto Maior, os Srs. Ministros
Paulo Gallotti, Francisco Falcão, Nancy Andrighi, Laurita Vaz, Luiz Fux, Nilson Naves, Ari
Pargendler, Fernando Gonçalves, Felix Fischer, Aldir Passarinho Junior e Gilson Dipp votaram com
a Sra. Ministra Relatora.
Não participaram do julgamento os Srs. Ministros Hamilton Carvalhido e João Otávio de
Noronha.
Documento: 849651 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/10/2009 Página 1 1 8de 118