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TEXTO:

TEMA: A ira e o amor de Deus


INTRODUÇÃO:

1. A ideia de Deus como um Deus de ira no Antigo Testamento, mas um Deus de amor no
Novo, é completamente falsa.

2. O grande amor e misericórdia de Deus são os mesmos ao longo de todas as Escrituras.


Sua justiça e seu justo acerto de contas também são os mesmos em ambos.

3. O Livro do Apocalipse é o maior testemunho da consistência da revelação de Deus no AT


e nas Escrituras do Novo Testamento.

I – O Amor de Deus

Muitos hoje falam do amor de Deus, mas são completamente alheios ao Deus de amor.

Muitos conceituam o amor divino como uma espécie de fraqueza amável, uma certa
indulgência boazinha; fica reduzido a um sentimento doentio, modelado nas emoções
humanas.

Os nossos pensamentos precisam ser formulados e regulados por aquilo que é revelado
nas Escrituras Sagradas.

E há urgência nisso, pois prevalece a ignorância, o que provoca, também, esse baixo nível
de espiritualidade que vivemos atualmente entre os cristãos professos.

Quão pouco amor genuíno a Deus existe! Uma das principais razões disso é que os nossos
corações pouco se ocupam com o Seu maravilhoso amor por Seu povo.

Quanto melhor conheçamos o Seu amor – sua natureza, sua plenitude, sua bem-
aventurança – mais os nossos corações serão impelidos a amá-lo.

S.I.: O que a Bíblia nos ensina sobre o amor de Deus?

1.1 Não é influenciado (Dt 7.7,8). “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu
porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os
povos, mas porque o Senhor vos amava”

Dizer que o amor de Deus não é influenciado significa que nada nos amados atraiu o amor
expressado por Deus.

O amor de Deus é livre, espontâneo e sem algo nos sujeitos que O faça amá-los.
(1Jo 4.10,19): “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu
Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nós amamos porque ele nos amou
primeiro.”

1.2 É eterno (Jr 31.3; Ef 1.4,5): “De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor
eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” E: “assim como nos escolheu, nele,
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o
beneplácito de sua vontade,”.

E por Deus ser um Ser eterno, Seu amor também é eterno. Isso conforta os amados, pois
não tendo começo, não terá fim (Sal 90:2).

1.3 É soberano (Rm 9.15): “Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver
ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.”

Por Deus ser um Ser soberano Seu amor também o é. Na verdade Deus não tem obrigação
para com ninguém (Rm 9.20,21): “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!
Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o
oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para
desonra?”

1.4 É infinito (Ef 3.19): “e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.”

As Escrituras Sagradas, dadas pela inspiração, por causa da limitação da linguagem por
escrito, têm dificuldade ao expressar todo o amor de Deus.

Palavras como “tal” (Jo 3:16) são usadas na comunicação até o ponto em que a linguagem
escrita pode expressar o amor infinito de Deus.

Para ter um exemplo do amor infinito de Deus considera-se a quem tal amor é estendido
(Rom 5:8): “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo
morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.”

1.5 É imutável Por Deus ser imutável, não havendo nele mudança e nem sombra de
variação (Tg 1.17), os Seus atributos também o são. O exemplo da imutabilidade do Seu
amor é visto por nada poder separá-lo dos Seus amados (Rm 8.35-39).

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou


fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? (...) Porque eu estou bem certo de que nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir,
nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
1.6 É Santo O amor de Deus não é regulado por capricho, paixão ou sentimento, mas por
princípio. Seu amor não entra em conflito com sua santidade.

A santidade é quem faz o amor de Deus temível. Por Sua santidade o crente é corrigido (Hb
12.5): “o Senhor disciplina a quem ama”, e o ímpio é castigado (Êx. 34.7; Ap 20.12-15).

1.7 É gracioso (João 3:16; I João 4:9): “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em
haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele.”

O amor pede uma expressão, e, a sua expressão é favor ou graça. Essa expressão da graça
vê-se quando entendemos o alvo do amor e o resultado de tal amor (Rom 8:35-39).

A maior expressão do amor de Deus é Cristo (I João 4:9). Por ter dado Cristo sabemos que
Ele não deixará faltar algo para os Seus (Rom 8:32).

II – A ira de Deus

A doutrina da ira de Deus está passando por tempos difíceis. No mundo de hoje, qualquer
conceito de ira de Deus perturba nossos sentimentos modernos. É demasiadamente
desconcertante, demasiadamente intolerante.

Vivemos numa época em que nos estabelecemos como juízes e o caráter de Deus está em
julgamento. “Como pode ser justa a existência do inferno”? “Por que Deus ordenaria aos
israelitas que destruíssem os cananeus”? “Por que Deus sempre parece tão irado”?

O fato de que tantas pessoas se debatem com estas questões, e muitas outras similares,
significa que mais do que nunca, é necessário termos um pensamento correto sobre a
doutrina da ira de Deus.

Isto é necessário como motivação para a vida cristã, como combustível para um culto
adequado e como uma caixa de ferramentas para enfrentar as objeções ao cristianismo.
Aqui estão cinco verdades bíblicas sobre a ira de Deus:

2.1 A ira de Deus é justa. Tornou-se comum que muitos argumentem que o Deus do Antigo
Testamento é um monstro moral que não é digno de adoração.

No entanto, os autores bíblicos não têm problema com isto. Na verdade, a ira de Deus é
descrita como algo que está em perfeito acordo com a justiça de Deus.

Paulo escreve: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para
ti no dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,” (Rm 2.5). A ira de Deus, então, é
proporcional à pecaminosidade humana.
Da mesma forma, Provérbios 24.12 diz: “Se disseres: Eis que não o sabemos; porventura
aquele que pesa os corações não o percebe? Não o saberá aquele que atenta para a tua
alma? E não pagará ele ao homem segundo as suas obras? E aquele que guarda a tua vida
não o sabe? E não retribuirá a cada um conforme a sua obra?”

“A ira de Deus na Bíblia nunca é a coisa caprichosa, autoindulgente, irritável e moralmente


ignóbil, que a raiva humana tão frequentemente é. É, ao contrário, uma reação correta e
necessária ao mal moral objetivo.”

1.2. A ira de Deus deve ser temida. A ira de Deus deve ser temida, porque todos pecaram e
estão destituídos da glória de Deus (Romanos 3.23).

A ira de Deus deve ser temida porque, à parte de Cristo, somos pecadores justamente
condenados (Romanos 5:1).

A ira de Deus deve ser temida, porque Ele é poderoso o suficiente para fazer aquilo que
promete (Jeremias 32.17).

A ira de Deus deve ser temida porque, à parte de Cristo, Deus promete o castigo eterno
(Mateus 25.46).

1.3 A ira de Deus é consistente no Antigo e no Novo Testamentos. É comum pensar no


Deus do AT como maldoso, severo e repleto de ira, e no Deus do NT como amável, paciente
e amoroso.

Nenhum desses retratos são representativos dos ensinamentos das Escrituras sobre a ira
de Deus.

Encontramos descrições imensamente temíveis da ira de Deus, tanto no Antigo, como no


Novo Testamento. Aqui estão alguns exemplos:

“Eis a tempestade do Senhor! A sua indignação já saiu, uma tempestade varredora; cairá
cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.” (Jr 30.23)

“O Senhor é um Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de indignação; o


Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos.”
(Naum 1.2)

“Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que
detêm a verdade em injustiça.” (Rm 1.18)
“Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara
de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.”
(Ap 19.15)

1.4 A ira de Deus é Seu amor em ação contra o pecado. Isto parece contrariar a intuição,
mas ouça-me:

Deus é amor, e Deus faz tudo para sua glória (1 João 4.8; Romanos 11.36). Ele ama sua
glória acima de tudo (e isso é bom!). Portanto, Deus governa o mundo de tal maneira que
traga para Ele a máxima glória.

Isto significa que Deus deve agir com justiça e julgar o pecado (ou seja, responder com ira),
senão Deus não seria Deus. O amor de Deus por sua glória motiva a ira de Deus contra o
pecado.

É certo que o amor de Deus por sua própria glória é uma realidade muito sóbria para
muitos e não são boas novas para os pecadores. Afinal, é “horrenda coisa cair nas mãos do
Deus vivo.” (Hb 10.31).

1.5 A ira de Deus foi satisfeita em Cristo. Aqui temos as boas novas definitivas: “Cristo
Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1Tm 1.15).

Por causa de Cristo, Deus pode justamente declarar que pecadores estão justificados (Rm
3.26). Deus fez aquilo que não poderíamos fazer, e Ele fez o que não merecemos.

Conclusão:

1. Se Deus não fosse justo, não haveria exigência para o sofrimento e a morte de seu Filho.

2. E se Deus não fosse amoroso, não haveria disposição do Filho de sofrer e morrer.

3. Mas Deus é justo e amoroso. Assim, seu amor se dispõe a cumprir as exigências de sua
justiça.

4. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).” Gl 3.13

5. “Deus propôs [a Cristo], no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para
manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados
anteriormente cometidos.” Rm 3.25

6 “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.” 1Jo 4.10

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