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Nota Técnica 2 Nota Técnica 02/2023 - Piso Salarial (0740501) SEI 19.20.0766.0019135/2023-57 / pg. 1
de 25 de dezembro de 2020 que, conforme previsto no seu artigo 53,
revogou expressamente a Lei nº 11.949/2007;
CONSIDERANDO que a revogação da antiga Lei do FUNDEB, Lei nº
11.494/2007, não impede a validade e eficácia da metodologia de
atualização prevista na Lei 11.738/2008, pois quando uma norma de
remissão é revogada, a norma remitida remanesce em vigor, o mesmo
ocorrendo para a norma de remissão, se a revogação for da norma remitida;
CONSIDERANDO que a remissão do art. 25, da nova lei do FUNDEB (Lei nº
14.113/2020) ao art. 70 da LDB, é a reprodução exata da disposição contida
no artigo 21 da antiga lei do FUNDEB nº 11.494/2007, de modo que se infere
o prosseguimento típico-legal do instituto do Fundo no sistema e, por
corolário, dos regramentos inerentes ao instituto do piso nacional do
magistério da educação básica;
CONSIDERANDO que o instituto da Subvinculação (Lei nº 14.113/2020, art.
26); o Valor Anual Mínimo por Aluno (Lei nº 14.113/20, art. 12); a
complementação da União (Lei 11, da Lei nº 14.113/2020, art. 3º, § 2º) e a
finalidade do FUNDEB disposta com remissão à LDB (Lei nº14.113/2020, art.
1º, parágrafo único e art. 25) continuam regulamentados e vigentes no
sistema jurídico nacional;
CONSIDERANDO, por conseguinte, que a remissão no art. 5º, parágrafo
único, da Lei nº 11.738/2008, à antiga Lei do FUNDEB, Lei nº 11.494/2007
(revogada), deve ser interpretada como remissão normativa à nova Lei do
FUNDEB, Lei nº 14.113/2020, sendo este o conteúdo do enunciado n.º
03/2023 da Comissão Permanente de Educação (COPEDUC), vinculada ao
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CNPG (Conselho Nacional dos Procuradores Gerais);
CONSIDERANDO que, em 2023, o Ministério da Educação emitiu o Parecer
nº 1/2023/CGVAL/DIFOR/SEB/SEB, Processo nº 23000.000973/2023-49, que
versa sobre Piso Salarial Nacional dos Profissionais do Magistério da
Educação Básica Pública para o ano de 2023, no qual foi pontuado: “[...]
Desse modo, considera-se pertinente a aplicação, em 2023, do
entendimento dado à matéria no exercício anterior, com fundamento no
Parecer nº 00067/2022/CONJUR-MEC/CGU/AGU (3108623), em que se
concluiu pela viabilidade jurídica de uma interpretação no sentido de utilizar
o tratamento dado até então baseado na Lei nº 11.738/2008.”;
CONSIDERANDO, portanto, que os valores do FUNDEB devem ser dirigidos
à “manutenção e desenvolvimento do ensino” (Lei nº 14.113/2020, art. 1º,
parágrafo único, e art. 25), e aí estão inseridos a “remuneração e
aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da
educação”(Lei de diretrizes e bases da educação nacional - LDB, Lei nº
9.394/96, art. 70, I);
CONSIDERANDO que a Lei n° 11.738/2008 dispôs em seu art. 2º, parágrafo
segundo, que o Piso Salarial Profissional Nacional é o valor abaixo do qual a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão fixar o
vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação básica,
com jornada máxima de 40 horas semanais;
CONSIDERANDO que o Supremo Tribunal Federal (STF), em análise da ADI
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n° 4167/ DF, estabeleceu a constitucionalidade da Lei nº 11.738/2008, “[...].
É constitucional a norma geral federal que fixou o piso salarial dos
professores do ensino médio com base no vencimento, e não na
remuneração global. Competência da União para dispor sobre normas
gerais relativas ao piso de vencimento dos professores da educação básica,
de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao sistema educacional e
de valorização profissional, e não apenas como instrumento de proteção
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mínima ao trabalhador.;
CONSIDERANDO que ao julgar a ADI: 4848/DF, o Plenário do STF, por
unanimidade, confirmou a validade do artigo 5º, parágrafo único, da Lei
11.738/2008, que prevê a forma de atualização do piso nacional do
magistério da educação básica a ser divulgada pelo Ministério da Educação
(MEC), decidindo que: “3. A previsão de mecanismos de atualização é
uma consequência direta da existência do próprio piso. A edição de
atos normativos pelo Ministério da Educação, nacionalmente
aplicáveis, objetiva uniformizar a atualização do piso nacional do
magistério em todos os níveis federativos e cumprir os objetivos
previstos no art.3º,III, da Constituição Federal. Ausência de violação
aos princípios da separação do Poderes e da legalidade.”, firmando,
in fine, a seguinte: “É constitucional a norma federal que prevê a
forma de atualização do piso nacional do magistério da educação
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básica.”;
CONSIDERANDO que a melhoria dos salários dos profissionais do
magistério das redes públicas de educação básica também é prevista no
Plano Nacional de Educação – PNE Lei nº 13.005/14 - Meta nº 17, que
estabelece que até 2020 os docentes deverão dispor de rendimento médio
equiparado ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente;
CONSIDERANDO que o valor do Piso Nacional do Magistério para o ano de
2023, estabelecido por meio do Parecer nº 1/2023/CGVAL/DIFOR/SEB/SEB,
homologado através da Portaria MEC nº 17, de 16 de janeiro de 2023, foi
definido no valor de R$ 4.420,55(quatro mil quatrocentos e vinte reais e
cinquenta e cinco centavos);
CONSIDERANDO o disposto no art. 5º, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal,
no sentido de que “As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata", e levando em conta que tanto o
direito à educação, como a remuneração no âmbito do serviço público, são
considerados direitos fundamentais sociais (art. 6º, caput, c/c art. 39, §3º),
deve a Administração Pública agir de forma a viabilizar a concretude do
mandamento constitucional em referência, o que se operou, na hipótese, por
meio das Portarias do Ministério da Educação de nº 67/22 e nº 17/23, como
visto;
CONSIDERANDO, doutra banda, que a própria Lei nº 11.738/2008, em seu
art. 4º e parágrafos, prevê complementação pela União de recursos aos
entes federativos que não tenham disponibilidade orçamentária para
cumprir os valores referentes ao piso nacional, de maneira que eventuais
dificuldades de índole orçamentárias não impedirão a estrita observância à
legislação tratada no presente instrumento;
CONSIDERANDO que o E. Tribunal de Justiça de Pernambuco, por meio das
suas quatro Turmas de Direito Público, já assentou entendimento quanto à
extensão do respeito ao piso salarial do magistério público da educação
básica aos professores contratados temporariamente por excepcional
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interesse público
CONSIDERANDO que o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
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nº 1.426.210/RS , sob o rito dos recursos repetitivos (Tema 911), fixou a
seguinte tese, dirimindo as controvérsias até então existentes: “A Lei n.
11.738/2008, em seu art. 2º, § 1º, ordena que o vencimento inicial das
carreiras do magistério público da educação básica deve corresponder ao
piso salarial profissional nacional, sendo vedada a fixação do vencimento
básico em valor inferior, não havendo determinação de incidência
automática em toda a carreira e reflexo imediato sobre as demais vantagens
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e gratificações, o que somente ocorrerá se estas determinações estiverem
previstas nas legislações locais”.
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Hugo Eugênio Ferreira Gouveia
Promotor de Justiça – NET
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Documento assinado eletronicamente por HUGO EUGENIO FERREIRA GOUVEIA,
Promotor de Justiça, em 08/08/2023, às 15:17, conforme art. 2º, I, "b", da
Resolução PGJ 011/2018, publicada no Diário Oficial Eletrônico do MPPE, de
07/06/2018.
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