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EVOLUÇÃO
Disciplina na Modalidade a Distância
São Luís
2013
Univerdade Federal do Maranhão
Reitor
Natalino Salgado Filho
Vice-Reitor
Antonio José Silva Oliveira
Pró-Reitor de Ensino
Sônia Maria Corrêa Pereira Mugschl
Diretor do Núcleo de Educação a Distância - NEaD
Othon de Carvalho Bastos Filho
Diretor do Núcleo de Tecnologia da Informação - NTI
Nélio Alves Guilhon
Coordenador do Curso de Ciências Biológicas
Wilma dos Santos Eugênio
Secretaria do Curso
Grazielle Austríaco Teixeira Mendes
Coordenador de Gestão Pedagógica
Reinaldo Portal Domingo
Coordenadora Pedagógica de Hipermídia para Aprendizagem
Rosane de Fátima Antunes Obregon
Coordenador Tecnológico
Leonardo de Castro Mesquita
Coordenador da Universidade Aberta do Brasil na UFMA
Othon de Carvalho Bastos Filho
Coordenador Adjunto da Universidade Aberta do Brasil na UFMA
Reinaldo Portal Domingo
Projeto Gráfico, Capa
Luciana Santos Sousa
Diagramação
Erika Veras de Castro
Revisora Técnica
Lenira de Melo Lacerda
fl;111
CDU 575
Apresentação
Theodosius Dobzhansky
SUMÁRIO
Capítulo 2 - Crenças, convicções versus fatos.....................................................15
Capítulo 9 - Adaptação......................................................................................91
Capítulo 11 – Especiação.................................................................................103
Referências Bibliográficas.............................................................................107
1
CAPÍTULO
Mesmo que se saiba claramente dessa grandeza, é preciso ter plena consciên-
cia dessa dimensão. O que são mil anos? Na escala de tempo humana isto correspon-
deria a 50 gerações. Seria suficiente observarmos mudanças evolutivas substanciais
em 50 gerações humanas? O que significam 2 milhões de anos na escala evolutiva
da espécie humana? É preciso relativizar as dimensões do tempo para se entender
realmente o seu significado. Mas para isto, é preciso também relativizar a grandeza
do espaço onde nosso planeta está inserido, colocando-o no seu devido lugar na
12
Sobre este assunto, é recomendável que assista três vídeos que tratam da
grandeza do tempo com propriedade: é uma série chamada Magia do Tempo, uma
produção da conceituada produtora britânica BBC, distribuído pela Editora Globo.
O primeiro filme (de 45 minutos de duração) trata do efeito do tempo nas mudanças
geológicas da Terra,o segundo (também de 45 minutos de duração) trata do impacto
do tempo sobre a vida na Terra e o terceiro (45 minutos de duração) trata do efeito
do tempo no comportamento humano.
Você terá a oportunidade de refletir sobre uma frase de Charles Da-
rwin, que ressalta o momento em que ele percebeu a importância do tempo na evo-
lução. Ele disse “O tempo é a chave”.
Perguntas para reflexão:
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CAPÍTULO
York (EUA), um filme para o cinema e três versões para a televisão. No Brasil foi
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exibido com o título “Herdeiros do Vento” ou “O vento Será Tua Herança”. O filme
trata da intolerância, perseguição ideológica e também sobre ideologia versus inte-
resses políticos, mostrando o quanto às vezes é perigoso o apego cego à ideologia,
muitas vezes emprestada ou imposta.
Nas várias tentativas de impor suas ideias, o criacionismo tentou contestar
a Teoria da Evolução no campo da ciência, se autodenominando Teoria da Cria-
ção, mandando artigos para diversas revistas científicas do mundo, sempre sendo
as mesmas rejeitadas. Mais recentemente, o criacionismo se “travestiu” de um novo
conceito, a do Desenho Inteligente, que é a suposição de que “certas características
do universo e dos seres vivos são mais bem explicadas por uma causa inteligente, e
não por um processo não direcionado como a seleção natural”. A ideia foi desenvol-
vida por um grupo de criacionistas americanos que reformularam o argumento em
face da controvérsia da criação versus evolução, para contornar uma decisão judicial
americana proibindo o ensino de criacionismo como ciência. A ideia rapidamente
ganhou adeptos no mundo todo, chegando mesmo alguns artigos serem aceitos para
publicação por algumas revistas especializadas. Porém, mais recentemente, a mesma
acabou sendo considerada ou como não científica ou como pseudociência, sendo
rejeitada pela maioria da comunidade científica mundial. Em 2005, uma decisão
judicial americana proibiu o ensino do “desenho inteligente” nas aulas de ciências
no sistema público de ensino.
A Teoria da Evolução sempre atraiu movimentos contestatórios, principal-
mente aqueles vinculados ao criacionismo. É preciso muito cuidado ao divulgar ou
defender informações contestatórias como se fossem ideias renovadoras. O Neoda-
rwinismo nunca esteve tão sólido como teoria científica, ao contrário do que se vê
em diversos sites na Internet. Recentemente, surgiu a chamada Síntese Evolutiva
Ampliada, que se mostra como se fosse uma nova teoria que jogaria por terra toda
a teoria de Darwin. Uma análise cuidadosa mostra que ela não passa de uma nova
investida do criacionismo, para mais uma vez tentar impor o pensamento religioso
como ciência.
O fato é que nas argumentações e contra-argumentações sobre evolução,a
ciência não assume esta discussão no campo da religião (pela própria incompatibi-
lidade argumentativa para a ciência), e a religião tenta inconsistentemente se fazer
como ciência, como relatado anteriormente. Neste embate, a religião tem-se valido
de argumentações inconsistentes, pressuposições inválidas, ou falácias, que fogem
do centro do debate, para tentar impor sua visão do mundo. Disso emergiram vários
mitos sobre a Teoria da Evolução, trazendo confusão ainda maior para o entendi-
mento da mesma.
A seleção natural não tem “inteligência”, não pode saber o que as espécies
precisam. Se uma população possui variações genéticas que são mais adaptadas
aos seus ambientes, eles irão reproduzir mais na próxima geração (porque possuem
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das, são investigadas cuidadosamente por cientistas. Elas são comumente baseadas
em maus-entendimentos da teoria ou más-interpretações das evidências.
11. Evolução não é ciência, e nem pode ser provada, pois não é
observável.
A evolução é observável e testável. A confusão aqui ocorre porque as pes-
soas pensam que a ciência é limitada a experimentos em laboratórios por técnicos
com jalecos brancos. Na realidade uma grande quantidade de informação científica
é reunida no mundo natural. Astrônomos obviamente não podem tocar fisicamente
os objetos que estudam (estrelas e galáxias, por exemplo), no entanto uma grande
quantidade de conhecimento pode ser adquirida através de múltiplas linhas de es-
tudo. Isso também é verdade no caso da evolução. Quando se fala em Evolução,
geralmente se imagina um processo de longo prazo que envolve a mudança de
uma espécie em outra ou outras com as suas ramificações, envolvendo mudança
de hábitos de vida, ocupação de novos nichos, etc. Ninguém questiona a existência
de átomos e suas partículas com o mesmo argumento, uma vez que também estes
componentes não podem ser observados. Portanto, fica claro que no caso da teoria
da evolução é uma questão de julgamento íntimo em que se confrontam princí-
pios religiosos com os científicos. A existência de partículas subatômicas não ferem
os dogmas religiosos, o que não acontece com a ideia de mudanças das espécies.
Porém, assim como na física quântica, a existência das partículas subatômicas são
aceitas por meio de evidências experimentais, o mesmo acontece com a evolução.
Muitas dessas evidências são obtidas não só por experimentações como a partir de
dados observados na natureza.
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O ser humano é originário da mesma linhagem que deu origem aos macacos
antropoides. Isto significa que ambos, macaco e homem, possuem ascendência co-
mum, e que este antepassado era uma espécie com características antropoides, mas
não era um macaco.
18. Se até mesmo Darwin não acreditava nas suas próprias ideias
como podemos aceitar a Teoria da Evolução?
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Ainda assim, não vemos pessoas “duvidando” de Hawking por aí. E se existem
pessoas que duvidam das teorias e leis utilizadas como exemplo acima, com
certeza é um número menos expressivo do que a quantia de pessoas que sim-
plesmente não aceitam as idéias de Darwin.
Talvez a chave para a questão da resistência a aceitação e aprendizado das
idéias evolucionistas seja o fato de que a Teoria da Evolução não é uma teoria
com aplicações restritas, isolada. O processo evolutivo somente é compreen-
dido em sua plenitude se entendermos também todo um conjunto de fatores
extradisciplinares, que vão bem além da Biologia, incluindo também conhe-
cimentos específicos nas áreas de Física, Química, Geografia, entre diversos
outros e extrapolando até os limites “curriculares”, abordando contextos histó-
ricos e sociais, aspectos morais e religiosos.
Justamente por envolver um número tão grande de especialidades para ser
entendida, o aluno ao ter o seu primeiro contato com a teoria evolutiva já vem
com uma bagagem de informações enorme sobre ela e sobre as ciências que
apóiam a sua compreensão. Infelizmente essa bagagem na grande maioria dos
casos, chega cheia de conceitos errados, interpretações errôneas, utilização de
termos com significados impróprios, etc. Definir um “culpado” por esse conhe-
cimento formado de maneira imprópria não é uma tarefa fácil.
Parte da formação desses conceitos tem origem dentro da própria escola. Em
um estudo realizado pelos pesquisadores Rosana Tidon, da Universidade de
Brasília e Richard C. Lewontin, da Universidade de Harvard nos EUA (www.
scielo.br/pdf/%0D/gmb/v27n1/a21v27n1.pdf), fica evidenciado que parado-
xalmente ao fato de grande parte dos professores enfrentarem dificuldades
práticas no ensino da Teoria da Evolução (como falta de tempo e material
didático adequado, imaturidade dos alunos, etc.), ainda assim a maioria deles
declarou que “é fácil para eles” explicarem a teoria. Quase 50% dos profes-
sores que participaram desse estudo, demonstraram também que confundem
as idéias de Lamarck (que participou da história da teoria darwiniana) com as
idéias de Darwin. Isso ficou demonstrado quando esses professores responde-
ram positivamente às questões:
• A evolução biológica sempre produz aprimoramento?
• A evolução biológica possui alguma “direção”?
• A evolução biológica pode ocorrer em um indivíduo?
Fora o despreparo dos professores (o estudo mostra esse despreparo princi-
palmente em professores da rede pública) existem alguns fatores externos ao
ambiente escolar que determinam a aceitação e a compreensão do evolucio-
nismo. Os principais são os conflitos ético-morais, observados principalmente
em alunos evangélicos, que vêem na teoria de Darwin uma afronta direta às
suas crenças criacionistas. Alguns alunos católicos também se opõem à teoria,
embora o próprio Vaticano já reconheça à veracidade da evolução biológica.
Tudo isso impulsionado não apenas pelas crenças, mas também por uma mídia
antievolucionista que se aproveita delas e faz propaganda maciça do criacio-
nismo, deturpando diversos conceitos científicos bem estabelecidos, como a 2º
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CAPÍTULO
Umaidéia perturbadora
Histórico
mesmo de outros sistemas solares, propagados por esporos e veiculados até à Terra
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A ascensão do evolucionismo
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preparados, ou seja, os mais bem adaptados a cada etapa da vida tem mais sucesso
em deixar descendentes, passando suas características para os mesmos, e contri-
buindo mais na composição das características da população nas gerações seguintes,
podendo dar origem a uma nova espécie. A este processo de contribuição diferencial
Darwin denominou Seleção Natural.
A modificação das espécies através do tempo, que Darwin denominou de
evolução, e seleção natural, foram os dois principais ingredientes da sua teoria. A
modificação das espécies, segundo Darwin, pressupunha relações de ancestralidade,
ramificações de espécies e extinção, bem diferente da concepção lamarckista.
Darwin não estava sozinho nestas ideias (vide quadro a seguir), mas ele levou
grande parte do mérito por causa da clareza de suas ideias, das suas argumentações
lógicas e do volume de informações que acumulou para sustentar sua teoria.
EVOLUÇÃO
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terminar e publicar rapidamente sua teoria: A Origem das Espécies foi publicada
logo no ano seguinte. Wallace foi o primeiro a propor uma “geografia” das espécies
animais e, como tal, é considerado um dos precursores da ecologia e da biogeografia
e, por vezes, chamado de “Pai da Biogeografia. (Extraido de http://pt.wikipedia.org/
wiki/Alfred_Russel_Wallace)
Certo
Errado
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Mendel passaram a caminhar juntas, uma fortalecendo a outra, uma dando uma
fundação firme para a outra. A partir desse ponto, trataremos da teoria da evolução
como ela é conhecida e sustentada hoje.
c) Origem da variabilidadepopulacional
b) Natureza da variabilidade
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mudança lenta e gradual pregada pela Teoria Evolutiva? Os primeiros estudos de ge-
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Para finalizar este capítulo, estude a tabela abaixo que apresenta as diferentes
visões sobre variação e herdabilidade.
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CAPÍTULO
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Os pesquisadores então criaram uma cepa de E. coli em que a LexA não pudesse
ser quebrada e descobriram que a resposta SOS não acontecia. Camundongos
infectados com a E. colipatogenica, e tratados com ciprofloxacina, não desenvol-
veram resistência. O grupo conseguiu resultados similares para outro antibiótico,
a rifampicina. Agora está averiguando se o bloqueio da quebra da LexA na E. coli
é capaz de evitar a resistência a outros antibióticos e minar a resistência aos re-
médios em outros organismos. A ciprofloxacina, no entanto, é por si só umadroga
importante. Algumas cepas da bactéria que causa disenteria epidêmica –Shigella-
dysenteriae -, por exemplo, tornaram-se resistentes a todos os antibióticos, exceto
a ela. A disenteria causa dezenas de milhares de mortes em países em desenvol-
vimento.
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parte das soluções propostas até então envolviam novos tipos de antibióticos -,
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Romesberg evitou entrar nesse debate, mas descarta quaisquer bases para essas
asserções. A resposta SOS “não diz nada sobre a religião. Ela fala sobre quão
bem-sucedida e criativa a evolução pode ser. Mas não há nada mágico sobre ela”,
diz.
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Orgãos análogos são aqueles que (ao contrario dos homólogos), não tem a
mesma origem embrionária, porém apresentam a mesma função. Geralmente se
originaram por pertencerem a espécies que compartilharam um mesmo ambiente.
Exemplo, as asas das aves e as asas de insetos. servem para voar mas não têm a
mesma origem. Nas aves constitui os membros superiores. Nos insetos constitui
apenas uma expansão do exoesqueleto ou das brânqueas.
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Haldane, famoso evolucionista, disse uma vez que perderia sua crença na
evolução se alguém encontrasse um coelho fóssil no pré-cambriano. Um coelho fós-
sil no permiano já seria motivo de preocupações para os evolucionistas, já que os
mamíferos superiores surgiram no final do cretáceo. Acredita-se que existe uma es-
calada evolutiva sucessional cuja coerência deve ser demonstrada pelos registros
fósseis. Assim, os registros dos primeiros peixes devem anteceder os registros dos
primeiros anfíbios, que por sua vez devem anteceder os primeiros répteis, que ante-
cedem os primeiros mamíferos, e é isto o que exatamente ocorre. Na escalada evo-
lutiva, a origem dos mamíferos está atrelada aos processos sucessionais das formas
anteriores por ancestralidade.
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Quando isso ocorre, as populações (às vezes identificadas como espécies se-
paradas) podem se hibridizar nas áreas de contato, permitindo um fluxo gênico entre
elas. Porém,existem determinadas populações que estão tão diferenciadas que não
se intercruzam, embora em contato. As populações que não se intercruzam formam
os limites da distribuição da espécie que se mostra como um anel. Assim, cada popu-
lação passa seus genes para as populações vizinhas mas não para as mais distantes.
Embora as populações dos extremos da distribuição não se cruzem elas comparti-
lham genes transferidos pelas populações intermediárias. Os exemplos clássicos são
a gaivota do gênero Larus que forma um anel no polo norte e a salamandra do gê-
nero Ensatina que forma um anel no Vale Central, na Califórnia (Figura 13 acima).
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CAPÍTULO
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Figura 16 – Código genético. Para explicação vide texto. (Extraído de Freeman &Her-
ron, 2007).
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2) Efeito pleiotrópico dos genes - Um gene não afeta apenas o caráter que
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Mutações são erros de cópia que ocorrem no DNA. Quanto a sua dimensão
podemos reconhecer dois tipos: 1)as mutações gênicas (ou de ponto) e 2) as muta-
ções cromossômicas (ou aberrações cromossômicas).
Mutações gênicas – são aquelas que envolvem a mudança de uma ou poucas
bases na sequência genômica. É resultado de erros aleatórios na síntese de DNA
ou de erros aleatórios no reparo de sítios danificados por mutagênicos químicos ou
por radiação ionizante. São estas mutações que são mais importantes na evolução,
porque como geralmente tem pouco efeito sob o indivíduo (ou seja os indivíduos
sobrevivem) elas incorporam diversidade genética à população.
Mutações cromossômicas –são aquelas que envolvem a mudança na estrutu-
ra ou números de cromossomos. Algumas delas afetam apenas a ordem e a organi-
zação dos genes, outras produzem duplicações ou deleções que afetam a quantidade
total do material genético. Destas mutações, as mais importantes para a evolução
são a inversão e a poliploidia.
As mutações gênicas podem ter diferentes impactos sobre os indivíduos:
TAC ACG AGG GGT GAC CGC CGT ATA ATC GAA TT DNA alterado
AUG UGC UCC GCA CUG GCG GCA UAU UAC CUU UU RNA alterado
MET CIS SER ALA LEU ALA ALA TIR TIR LEU Proteína alterada
efeito alterado
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
TAC ACG AGG TGG TGA CCG CCT TAT AAT GGA ATT DNA normal
AUG UGC UCC ACC ACU GGC GGA AUA UUA CCU UAA RNAm normal
MET CIS SER TRE TRE GLI GLI ILE LEU PRO Proteína normal
TAC ACG AGG TGG TGA CCG CCG TAT AAT CGA ATT DNA alterado
AUG UGC UCC ACC ACU GGC GGC AUA UUA CCU RNA alterado
MET CIS SER TRE TRE GLI GLI ILE LEU PRO Proteína normal
efeito não alte-
rado
TAC ACG TCT TGG TGA CCG CCT TAT AAT CGA ATT DNA alterado
AUG UGC AGA ACC ACU GGC GGA AUA UUA CCU RNA alterado
MET CIS ARG TRE TRE GLI GLI ILE LEU PRO Proteína alterada
efeito não alte-
rado
Figura 21- Exemplo de mutação neutra (Maiores detalhes, vide texto).
TAC ACG AGG TGG TGA CCG CCT TAT AAT CGA ATT DNA alterado
AUG UGC UCC ACC ACU GGC GGA AUA UUA CCU RNA alterado
MET CIS SER TRE TRE GLI GLI ILE LEU PRO Proteína alterada
efeito alterado
TAC ACG AGG CGG TGA CCG ACT TAT AAT CGA ATT DNA alterado
AUG UGC UCC GCC ACU GGC UGA AUA UUA CCU RNA alterado
MET CIS SER ALA TRE GLI Proteína alterada
efeito alterado
EVOLUÇÃO
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Variação genética
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Todas estas variações podem ser explicadas à luz do principal processo evolutivo: a
seleção natural, o que será tratado com mais detalhes no próximo capítulo.
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CAPÍTULO
Seleção Natural
A primeira coisa que nos vem à mente quando falamos em seleção natural é
a ideia de favorecimento de características dos indivíduos por meio da ação de fato-
res ambientais, em que o meio seleciona os mais aptos. Dizermos então que seleção
natural é a ação do meio ambiente sobre os indivíduos de uma população.
Esta forma de abordar a seleção natural é muito subjetiva, quando não deixa
claro uma forma de dimensionar o grau de seleção entre duas variações. Sabemos,
contudo, que para que a seleção opere, o individuo mais favorecido deixará maior
numero de descendentes do que o menos favorecido. Portanto a forma de medirmos
o efeito da seleção é dada pela diferença no sucesso reprodutivo entre as formas
selecionadas (positiva ou negativamente). Assim podemos dizer que:
Seleção natural é a reprodução diferencial, não casual, de classes de
entidades que diferem em uma ou mais características hereditárias.
Para que a seleção natural ocorra, é necessário que 4 condições sejam satis-
feitas simultaneamente:
Fica evidente então porque a seleção natural explica tanto a evolução, quan-
to a adaptação.
Para a evolução, a seleção natural, é o fator que leva a alteração das frequên-
cias de diferentes indivíduos na população por meio da reprodução diferencial entre
os eles. Em outras palavras, a seleção natural, é o fator que permite que as carac-
terísticas mais vantajosas aumentem de frequência na população, pela reprodução
diferencial dos indivíduos, tornando-a(a população) mais adaptada.
EVOLUÇÃO
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CAPÍTULO
Genética evolutiva
Um dos principais suportes aos estudos evolutivos é o uso de modelos mate-
máticos que se iniciaram a partir da década de 1920 e que criou um ramo importan-
te da genética denominado Genética de populações.
A base desses estudos é o Teorema de Hardy-Weinberg que estabelece as
condições para uma população se manter em equilíbrio, ou seja, paras suas frequ-
ências gênicas e genotípicas manterem-se constantes no tempo. Nestas condições
(em equilíbrio) a população não evolui. A partir disso pode-se perguntar: que fatores
contribuem para que o equilíbrio seja perdido? E de que forma elas mudam?
No uso de modelos segue-se uma sequência lógica de processos, e em cada
passo se analisa os resultados (Fig.26). No caso da genética de populações se anali-
sa as frequências gênicas (ou seja, dos vários genes) e genotípicas (frequências dos
genótipos). É importante considerar que uma das condições válidas para o equilíbrio
de Hardy-Weinberg ser atingido por uma população, é que a população seja de ta-
manho infinito e estas sejam panmíticas (ou seja: os acasalamentos entre machos
e fêmeas devem ser aleatórios (- sem “escolhas”).
Na realidade, porém, as populações tem tamanho finito e o acasalamento
pode ocorrer de modo não aleatório e de diversas maneiras. Desta forma, não há
como as populações reais estarem em equilíbrio. Ainda assim, é importante notar
que muitas populações, mesmo nestas condições, se comportam como em equilí-
brio, ou próximo do equilíbrio.
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Núcleo de Educação a Distância - UFMA
Genótipo AA Aa aa
p2 2pq q2
Frequência 0,25 0,5 0,25
Genótipo AA Aa aa
p2 2pq q2
Frequência 0,30 0,5 0,20
p2 2pq q2
EVOLUÇÃO
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Pré-seleção
Genótipo AA Aa aa
Calculo da frequência
de AA
Pré-seleção
Calculo da frequência
de AA
pós-seleção
EVOLUÇÃO
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Valores de W
AA Aa aa
Exemplos de aplicaçãomatemática:
Problema 1
Solução:
EVOLUÇÃO
76
Problema 2
Genótipo AA Aa aa
Frequência de AA =
Frequência de AA adulta =
Problema 3
Genótipo AA Aa aa
EVOLUÇÃO
78
Frequência de AA =
Frequência de p =
=
Problema4
Genótipo AA Aa aa
Solução:
Problema5
Solução:
Para orientar uma análise desse tipo, por simulação, é importante que se
tenha um modo de estimar os valores adaptativos nas populações naturais. Desta
forma, pode-se projetar por meio de cálculos matemáticos as variações futuras con-
siderando os diferentes parâmetros envolvidos. De outra forma, não faria sentido
uma simulação porque embora a expressão matemática das frequências gênicas seja
artificial, ela permite, quando se compara os resultados teóricos com dados naturais,
ter-se uma ideia de como a população está evoluindo. .
O valor adaptativo pode ser estimando por meio de 3 métodos:
1) Medindo a sobrevivência relativa dos genótipos dentro de uma gera-
ção.
Uma forma de se medir isto é utilizar o método de captura-recaptura. Um
exemplo clássico foi o trabalho de Kettlewell (1973) com as mariposas melânicas na
Inglaterra.
Ele trabalhou em dois lugares, Birmingham (cidade industrial, poluída) e De-
anend Wood (floresta não poluída). Nestes locais ele marcou mariposas claras e
melânicas ( forma mais escura) em proporções conhecidas,e as liberou na natureza.
Mais tarde, utilizando lâmpadas de vapor de mercúrio, construiu armadilhas
luminosas, para capturar as mariposas. Ele contou o número de mariposas recaptu-
radas dos dois tipos e elaborou um quadro com as informações conforme a tabela
IV.
EVOLUÇÃO
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Núcleo de Educação a Distância - UFMA
Populações subdivididas
AA Aa aa
Média
(população subdividida) 0,29 0,42 0,29
Equilíbrio de Hardy-Weinberg
(população não subdividida) 0,25 0,5 0,25
EVOLUÇÃO
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Eventos aleatórios
EVOLUÇÃO
84
Na figura 29, por exemplo, está representada uma população cuja a frequên-
cia do alelo A1 inicial é de 2%, e a seleção negativa sobre o alelo A2 recessivo é de
0,1%. Numa população grande (>10000 indivíduos) a seleção leva ao aumento da
frequência do alelo A1 até a sua fixação (curva do meio).
Numa população pequena (com 100 indivíduos), a variação da frequência já
não é afetada somente pela seleção direcional. O fator deriva genética pode levara
oscilações que podem antecipar à fixação (como na curva superior) ou mesmo à
extinção do alelo favorecido.
Numa população muito pequena (com 10 indivíduos) a chance de extinção
desse alelo aumenta (como na curva inferior).
EVOLUÇÃO
8
CAPÍTULO
Manutenção da variabilidade
Nos capítulos anteriores foram apresentados os fatores ou processos que in-
terferemna variabilidade de uma população. São eles: mutação, recombinação, fluxo
gênico, seleção natural e deriva genética.
O caldo onde estes atuam seria o conjunto gênico da população e que se
denomina de “pool gênico” ou seja,o conjunto total de genes que compõem a po-
pulação..
Quando se analisa todo processo, vê-se que duas forças antagônicas estão
atuando. Uma aumentando a variação genética e outra a diminuindo.
Podem-se representar estas forças como indicado abaixo.
pal, pois é ela que fornece genes novos para a espécie ou população.
Em seguida vem a recombinação, que atua ao nível local, a partir da va-
riabilidade adquirida, por ancestralidade do indivíduo, e que acontece na formação
dos gametas..
Depois vem migração - entrada de indivíduos de outras populações que po-
dem trazer genes novos, ou a saída de indivíduos da população levando genes que
faziam parte do pool gênico da população.
EVOLUÇÃO
90
CAPÍTULO
Adaptação
As adaptações são elementos vitais no estudo da biologia.
Qualquer estudo que se faz hoje foca-se no fato da característica estudada ter
uma importância, um significado, ou uma consequência favorável ou não ao porta-
dor. Isto tem a ver com adaptação.
Podemos entender a adaptação como se referindo à característica, ou pro-
priedade que confere o incremento no valor adaptativo. Isto significa que não basta
o individuo ter a característica, ou seja, nem todas as características dos organismos
são adaptações. Elas, como adaptações, devem ter uma trajetória de aperfeiçoa-
mento moldada pela seleção natural.
Somos levados a pensar que uma característica é adaptativa se é comple-
xa, uma vez que a complexidade requer um principio organizador, como a seleção.
Contudo,nem todas as adaptações são complexas.
Geralmente é muito difícil demonstrar que um órgão, uma reação fisiológica
ou um comportamento têm uma função adaptativa. Muitas vezes enxerga-se o óbvio
onde ele não existe.
92
se pensava que pescoço comprido era uma adaptação que surgiu para permitir que
as girafas alcançassem as folhagens superiores das árvores no período de seca. Estu-
dos mais recentes têm sugerido que o pescoço comprido é uma adaptação moldada
pela seleção sexual, uma vez que desempenha importante papel nas estratégias dos
machos na disputa pelas fêmeas.
Por outro lado, pode acontecer também que uma característica bastante vi-
sível não seja adaptativa, mas esteja associada a outra característica não visível,
porem adaptativa. Um exemplo é a cor roxa da cebola. A coloração não é adap-
tativa, mas é produto de uma substância que confere maior resistência da cebola a
determinados tipos de fungos.
O teste da hipótese elaborada pode ser feito por meio de 3 métodos principais:
EVOLUÇÃO
94
A adaptação surge por processo de seleção que favorece os genes que conferem
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4) Pode haver restrições históricas para a adaptação – Uma aquisição por adap-
tação pode se direcionar por um caminho evolutivo sem volta. A seleção natural vai
incorporando variações disponíveis ao longo do processo de adaptação, de forma
a melhorar a adaptabilidade de uma a característica. Num determinado momento,
pode ser que um outro caminho evolutivo melhor surja, mas que dependeria da eli-
minação de variações já incorporada. Este retorno já não é mais possível e a seleção
tem que seguir o curso do caminho onde a população se encontrava. Um exemplo
é o nervo laríngeo nos mamíferos. O mesmo origina-se de um ramo do nervo vago
dos arcos branquiais dos peixes. Nos mamíferos, ele faz um desvio desnecessário
vindo do cérebro, com poucas consequências para humanos, mas com grande custo
para a girafa.
seguir vêm os níveis mais altos de hierarquia que podem ser beneficiados, como os
grupos monofiléticos superiores, tais como os mamíferos por exemplo..
Sobre a questão dos genes e alelos é recomendável a leitura do livro O Gene
Egoísta de Richard Dawkins, uma abordagem fascinante sobre a possibilidade dos
organismos serem apenas uma estratégia de sobrevivência dos genes, o principal
alvo da seleção natural.
Acima do nível do indivíduo, existem dois níveis de organização que têm
trazido controvérsias sobre como foram afetados pela seleção natural - ,os grupos
familiares e as populações locais.
EVOLUÇÃO
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vantagem para uma espécie, só é possível se ela for vantajosa para o indivíduo.
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CAPÍTULO
O naturalista sueco Carollus Linnaeus (1707- 1778) , reconhecido como o
pai da taxonomia moderna, foi quem instituiu a nomenclatura binomial para desig-
Conceitos de espécie
nar uma espécie ou seja: o nome de uma espécie deve ser composto de dois nomes:
o primeiro indica o gênero a que ele pertence e o outro refere-se a espécie.
Neste sistema de classificação, os seres vivos são colocados em uma hierar-
quia, iniciando pelo Reino. Esta categoria então é dividida em Filos, e estes divididos
sucessivamente em Classes, Ordens, Famílias, Gêneros e Espécies. Cada uma dessas
categorias podem ser novamente dividas em outras.
O mais antigo e principal critério utilizado para classificar um organismo é o
morfológico, e a preocupação dos taxonomistas é estabelecer um enquadramento
do ser vivo no sistema de classificação da forma mais natural possível. Desta forma
espera-se que a categoria Espécie, represente, de fato, a unidade biológica básica
fundamental.
Mas, o que seria uma unidade básica fundamental? Seria aquela que repre-
senta o objeto taxonômico que segue um curso evolutivo próprio, separado de outro
objeto taxonômico com curso evolutivo diferente.
Uma das questões cruciais no estudo de evolução é definir com clareza o
que é este objeto que denominados de espécie. Conseguida esta definição, pode-se
compreender melhor como se dá a evolução de cada espécie.
Quase todos os biólogos concordam que espécie é uma unidade natural fun-
damental. O problema é determinar qual ou quais os critérios que definem uma
espécie de fato. Os taxonomistas utilizam as características morfológicas ou fenéticas
para separar as espécies. Na maioria das vezes eles conseguem separar bem as espé-
cies de um mesmo gênero, reconhecendo os caracteres chaves de cada espécie.
Mas, nem sempre isto é possível. Na prática, pode acontecer dos caracteres
que definem uma espécie não estarem presentes em todos os membros daquele
grupo que se acredita ser da mesma espécie. Pode acontecer também dos caracteres
não estarem ausentes nos membros de outros grupos que, acredita-se, pertencerem
a outras espécies.
Na realidade, geralmente, não existe um caráter definidor para uma es-
pécie. O taxonomistas têm que se valer de vários caracteres para chegar à uma
conclusão e, mesmo assim, seu trabalho pode ser contestado futuramente, caso se-
jam coletados indivíduos com características que venham a alterar a classificação
adotada até então.
Para identificar uma espécie o sistemata tem que se valer de conceitos o
que,na prática, não é muito facil.
Existem basicamente quatro conceitos para espécie: 1) o fenético, 2) o ecoló-
gico, 3) o biológico e 4) o filogenético.
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Subespécies
Híbridos
Alopatria e simpatria
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CAPÍTULO
Especiação
Especiação é um processo de isolamento reprodutivo, entre duas populações,
até que estas se transformem em espécies distintas.
Quando duas populações deixam de trocar genes entre si, cada uma delas
começa a se diferenciar ao longo do tempo. Novas mutações, independentes, come-
çam a se acumular em ambas, e as variações, determinam então diferentes trajetó-
rias evolutivas, que podem ser intensificadas se os ambientes onde estas populações
se encontrarem sofrerem mudanças diferentes.
Existem 4 modos de especiação. Os três primeiros modos estão relacionados
à forma como as populações estão distribuídas geograficamente e acontecem de
forma gradual: 1 - especiação alopátrica, 2 - especiação parapátrica e 3 - especiação
simpátrica.4 -especiaçãopor poliploidia ( caso particular de especiação instantânea
que acontece apenas nos vegetais)
Especiação alopátrica
Constitui o principal modo de especiação. Também denominado especiação
geográfica, envolve a formação de uma barreira geográfica que impede o fluxo gê-
nico entre duas populações por tempo suficiente para elas se diferenciarem definiti-
vamente.
O tempo em que as duas populações permanecem isoladas antes da barreira
ser retirada pode determinar quatro situações possíveis:
Especiação parapátrica
Este modo de especiação acontece quando duas populações estão contiguas
(posicionadas lado a lado), formando uma zona híbrida. Nesta zona hibrida pode
acontecer o reforço da especiação como relatado anteriormente como um estágio
intermediário da especiação alopátrica. Porém, sem requerer o estágio de alopatria.
Isto acontece porque, quando em parapatria, pode ser formado um gradiente de
caracteres(chamado clina) no qual o fluxo gênico é limitado. Isto estabelece uma
divergência entre ambas as populações fora da zona híbrida.
Existem diferentes casos de especiação parapátrica. Um deles se refere aos
corvos europeus, Corvus corone e Corvus cornix que formam uma zona híbrida na
Europa Central.
Especiação simpátrica
Este tipo de especiação acontece quando uma população, por fatores ecoló-
gicos, deixam de se reproduzir mesmo estando lado a lado. Existem muitas contro-
vérsias quanto a possibilidade desse tipo de especiação ocorrer realmente. O simples
fato do fluxo gênico deixar de existir sem nenhum tipo de barreira física, constitui um
motivo para contestação de vários pesquisadores
Acredita-se que os estudos apresentados de especiação simpátrica ainda es-
tão no campo das probabilidades teóricas, e que ainda não há provas consistentes.
Genética da especiação
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Referencias Bibliográficas
Literatura Básica
FUTUYMA, D. Biologia Evolutiva. 2ª Edição. Sociedade Brasileira de
Genética,1993. 613 p.
LiteraturaComplementar
Literatura de Reflexão
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Série Ciência Aberta, Martin Fontes Editora. São Paulo, 1990. 424 p.
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