Você está na página 1de 57

Universidade Federal do Piauí

Diversidade genética em alho (Allium sativum L.)

João Paulo Gomes Viana

Dissertação apresentada à Universidade


Federal do Piauí como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em Genética e
Melhoramento, para obtenção do título de
“Mestre”.

Teresina – PI
2013
João Paulo Gomes Viana
Bacharel em Ciências Biológicas

Diversidade genética em alho (Allium sativum L.)

Orientadora:
Prof.ª. Dr.ª Regina Lucia Ferreira Gomes
Coorientadores:
Prof.ª. Dr.ª Ângela Celis de Almeida Lopes
Prof. Dr. Sérgio Emílio dos Santos Valente
Prof. Dr. José Baldin Pinheiro

Dissertação apresentada à Universidade


Federal do Piauí como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em Genética e
Melhoramento, para obtenção do título de
“Mestre”.

Teresina – PI
2013
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela minha vida e pela existência de todos os seres que
fizeram de mim quem sou, dando sentido à minha trajetória e que sem os quais não
teria chegado até aqui;
A Universidade Federal do Piauí, pela minha formação acadêmica na graduação em
Ciências Biológicas e no mestrado do Programa de Pós-graduação em Genética e
Melhoramento (PPGM);
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo
financiamento do projeto “Cooperação acadêmica para incrementar a formação
pós-graduada em Genética e Melhoramento (PROCAD UFPI/ESALQ)”, que
possibilitou a realização do mestrado sanduíche na Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” - Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), e pela
concessão da bolsa de mestrado;
À ESALQ/USP, especialmente ao Departamento de Genética, pela oportunidade da
realização do mestrado sanduíche, disponibilizando estrutura física, material de
consumo e mão de obra para avaliação agromorfológica e análise molecular das
populações de alho;
À Embrapa Hortaliças, especialmente ao Dr. Francisco Vilela Resende, por terem
cedido variedades de alho utilizadas neste estudo;
A minha orientadora, Prof.ª. Dr.ª Regina Lucia Ferreira Gomes, pelos valiosos
ensinamentos, companheirismo e motivação. Sua fundamental presença diante dos
problemas e das conquistas tornaram esta caminhada muito mais agradável;
Aos meus coorientadores, Prof.ª. Dr.ª Ângela Celis de Almeida Lopes e Prof. Dr.
José Baldin Pinheiro, pelos incentivos e compreensão durante a execução desta
pesquisa;
Ao meu coorientador Prof. Dr. Sérgio Emílio dos Santos Valente, por ter me
apresentado à pesquisa científica e por continuar me incentivando a seguir os
melhores caminhos na carreira científica;
Aos meus professores, Dra. Ana Paula Peron, Dr. Maurisrael de Moura Rocha, Dra.
Gleice Ribeiro Orasmo, Dr. Antônio Aécio de Carvalho Bezerra e Dr. Fábio Barros
Britto, pelos ensinamentos;
Ao Dr. Kaesel Jackson Damasceno e Silva, pelas valiosas contribuições a minha
formação e por todo o empenho que oferece ao Programa de Pós-graduação em
Genética e Melhoramento;
À Carolline de Jesús Pires, pela agradável companhia, pela ajuda em todas as
etapas deste trabalho, pelos ensinamentos dados e por tornar momentos difíceis e
mais suportáveis;
A todos os alunos da turma de 2011 do PPGM, especialmente a Kaline Aguiar
Gonzalez Vale e Katia Silene Sousa Carvalho, pelo companheirismo durante o curso
das disciplinas.
Aos meus amigos, Hendrie Ferreira Nunes, José Ribamar de Assunção Filho e Ellida
de Aguiar Silvestre pela amizade e apoio durante o mestrado “sanduíche”;
A todos os alunos do Laboratório de Diversidade Genética e Melhoramento do
Departamento de Genética na ESALQ – USP, especialmente a Miklos Maximiliano
Bajay, Alessandro Alves Pereira, Patrícia Sanae Sujii e Ana Paula Mendes Silva, pela
ajuda e incentivo na conclusão desta etapa;
Ao meu pai João Evangelista Viana, a minha mãe Maria Cícera Gomes dos Santos e
ao meu irmão Albert Isaac Gomes Viana, por me apoiarem e incentivarem nesta
caminhada;
A Nelma Neylanne Pinho Muniz Oliveira, Nelma Pinho da Cunha Muniz e Leda Maria
Pinho Muniz Oliveira que assim como minha família compartilharam comigo todas as
etapas desta conquista.
A todos não citados que diretamente ou indiretamente contribuíram para execução
deste trabalho.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 11

2.1 A espécie Allium sativum L. ............................................................................. 11

2.2 Conservação do germoplasma de alho ........................................................... 12

2.3 Caracterização agromorfológica e molecular ................................................... 14

2.4 Marcadores microssatélites ............................................................................. 15

2.5 Metodologias de estudo da diversidade genética ............................................ 16

3 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 20

3.1 Material genético ............................................................................................. 20

3.2 Caracterização e avaliação agromorfológica das variedades .......................... 20

3.2.1 Caracteres avaliados................................................................................. 22

3.2.2 Análises estatístico-genéticas ................................................................... 24

3.3 Caracterização molecular das variedades ....................................................... 27

3.3.1 Coleta de material botânico e extração de DNA ....................................... 27

3.3.2 Caracterização e genotipagem dos microssatélites .................................. 28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 30

5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
RESUMO

VIANA, J. P. G. Diversidade genética em alho (Allium sativum L.). 2013. 56p.


Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento) – Universidade Federal do
Piauí, Teresina, 2013.

O alho é uma das hortaliças mais importantes no mercado brasileiro e


mundial. No Piauí, mais especificamente na microrregião de Picos, o alho semi-
nobre foi cultivado em larga escala e supria a demanda de vários municípios do
estado. Devido à entrada do alho nobre no mercado brasileiro, houve redução na
produção de alho semi-nobre que pode ter levado a perda de diversidade genética.
O objetivo deste trabalho foi estudar a diversidade genética em doze variedades de
alho, sendo quatro de origem piauiense e oito da Coleção de Germoplasma de Alho
da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Universidade de São Paulo
(ESALQ/USP). Para isto, caracterizou-se o germoplasma com base nos descritores
propostos pelo International Plant Genetic Resources Institute (IPGRI), atualmente
Bioversity International, e realizou-se a genotipagem das variedades a partir de oito
locos SSR. Os caracteres agromorfológicos e a genotipagem dos microssatélites
foram eficientes para se estimar a diversidade genética entre as variedades de alho.
Os resultados obtidos com a análise morfológica corroboraram com as análises
moleculares, evidenciando complementaridade destas dimensões de análise no
estudo da diversidade genética em alho. Assim, conclui-se que existe divergência
genética entre as variedades de alho estudadas em função da procedência do
germoplasma e sugere-se que o material oriundo da ESALQ/USP trata-se de um
germoplasma distinto do cultivado no Piauí. As variedades piauienses de
Sussuapara e Santo Antônio de Lisboa acumularam diferenças em relação à
variedade Branco Mineiro, cultivada no Piauí nos anos 70, enquanto a variedade de
Bocaina compartilha alto grau de similaridade, com base nos estudos
agromorfológicos e moleculares. A partir da constatação de que existe divergência
genética entre as variedades de alho no Piauí, conclui-se que pode haver
germoplasma adaptado, que reúna outras características de interesse agronômico,
sendo possível a seleção de genótipos superiores que aumentem a competitividade
do alho piauiense frente ao alho importado.

Palavras-chave: Allium sativum, Diversidade genética, Marcadores microssatélites.


ABSTRACT

Viana, J. P. G. Genetic diversity in garlic (Allium sativum L.). 2013. 56p.


Dissertation (Masters in Genetics and Breeding) - Federal University of Piauí,
Municipality of Teresina, Piauí State, Brazil, 2013.

Garlic is one of the most important crops in Brazil and in the world. In Piauí
State, specifically in micro region of Picos, semi-noble garlic was once grown on a
large scale and supplied the demand of various municipalities in the state. After the
noble garlic was introduced to the Brazilian market, the production of semi-noble
garlic reduced which may have led to loss of genetic diversity. This study investigated
the genetic diversity in twelve varieties of garlic, four originally from Piauí State and
eight from the Garlic Germplasm Collection of the College of Agricultura "Luiz de
Queiroz" - University of São Paulo (ESALQ / USP). We characterized the germplasm
based on descriptions proposed by the International Plant Genetic Resources
Institute (IPGRI), currently Bioversity International, and conducted the genotyping of
varieties from eight SSR loci. The agronomic characters and microsatellite
genotyping were efficient to estimate genetic diversity among the garlic varieties. The
results obtained with the morphological analysis corroborated the molecular
analyses, demonstrating complementarity of these analyses dimensions in the study
of genetic diversity in garlic. Thus, we concluded that genetic diversity exists among
the varieties of garlic studied in terms of the germplasm origin and suggests that the
material from the ESALQ / USP is a germplasm distinct from that grown in Piauí
State. The varieties from Piauí State Sussuapara and Santo Antônio de Lisboa
showed differences compared to the Branco Mineiro variety, grown in Piauí in the
1970s, while the Bocaina variety shows high degree of similarity, based on
agronomic and molecular studies. The fact that there is divergence among varieties
of garlic in Piauí State allows to conclude that germplasm can be adapted, which
satisfies other agronomic characteristics, and it is possible to select genotypes that
increase competitiveness of Piauí State garlic against imported garlic.

Keywords: Allium sativum, Genetic Diversity, Microsatellite markers.


8

1 INTRODUÇÃO

A espécie Allium sativum L., conhecida popularmente como alho, é uma das
hortaliças mais importantes do mercado brasileiro e mundial, por ser bastante
apreciada como condimento alimentar, principalmente devido ao aroma e sabor que
confere aos alimentos, além de ser amplamente usada para fins terapêuticos desde
a antiguidade.
No Brasil, existem dois tipos de alho cultivados, cada um com peculiar
importância social e econômica. O primeiro grupo consiste no alho nobre, que possui
número pequeno de bulbilhos, cultivado por grandes agricultores, cuja produção é
destinada ao mercado formal, possuindo alto valor comercial. No outro grupo,
encontra-se o alho semi-nobre, com aparência mais rústica, produzindo
frequentemente vários bulbilhos estreitos por bulbo, chamados “bulbilhos palitos”,
menos atrativos comercialmente. Por esta razão, sua produção geralmente é
realizada por pequenos agricultores familiares, sendo destinada ao mercado informal
em pequenas feiras.
Segundo Lucini (2008), antes da implantação da cultura de alho nobre no
Brasil, na década de 80, o alho produzido em território nacional era do tipo semi-
nobre e de baixo valor comercial. No estado do Piauí, a cultura teve seu início há
mais de um século, sendo concentrada na cidade de Picos e municípios vizinhos,
localidade conhecida genericamente como microrregião de Picos (VELOSO et al.,
1999).
O alho produzido na citada microrregião sustentava tanto o comércio local
quanto parte da demanda da capital do estado, Teresina. No entanto, com o
aumento das importações do alho nobre, vindos principalmente da Argentina e da
China, os pequenos produtores de alho dessa microrregião se viram forçados a
reduzir a produção do alho semi-nobre para uma escala que garantia apenas a
subsistência e parte do comércio local.
O principal motivo da redução na produção do alho semi-nobre é devido à
falta de competitividade deste com o alho nobre vindo da Argentina e da China, que
por possuir bulbos de tamanho maior, facilita o processo de remoção e debulha dos
bulbilhos, etapa que precede muitas de suas aplicações.
A produção de alho nobre no Piauí é inviabilizada por condições fisiológicas,
geográficas e climáticas, haja vista que para a ocorrência de germinação e
9

bulbificação nesse tipo de alho é necessário que as condições de temperatura e


fotoperíodo sejam adequadas, normalmente exigindo temperaturas médias entre
12,8 ºC e 23,9 ºC, que propiciam um desenvolvimento normal da planta (MUELLER
et al., 1990).
Como consequência da crescente redução da produção de alho na
microrregião de Picos, nas últimas décadas, pode ter havido perda da diversidade
genética em relação ao alho produzido nos anos 70. Este fenômeno, aliado à falta
de recombinação meiótica, pode ter levado à erosão genética, o que torna a cultura
do alho semi-nobre, no Piauí, vulnerável a doenças, bem como pode significar perda
de germoplasma adaptado à região e acentuar ainda mais à falta de competitividade
com o alho nobre.
Além disso, como tentativa de competir com o alho nobre, os produtores da
microrregião de Picos selecionam os bulbos com maior tamanho e de melhor
qualidade para o comércio e aqueles de menor tamanho são utilizados para
constituir o plantio seguinte. Este processo de seleção negativa, com o passar dos
anos, aumenta a possibilidade de ocorrência de perdas de germoplasma,
contribuindo também para a falta de competitividade com o alho nobre.
Estudar a diversidade genética do alho cultivado no Piauí é fundamental para
o esclarecimento destas questões. Além disso, Blank et al. (2004) afirmaram que é
essencial ter informações sobre o potencial do germoplasma disponível, pois a
seleção de genótipos com características desejáveis é uma das fases mais
importantes em um programa de melhoramento genético. Este fator é
particularmente bem evidenciado no caso do alho, visto que a ausência de
recombinação meiótica limita o processo de melhoramento nas etapas de seleção
de mutantes na população.
Dentre várias metodologias, a diversidade genética pode ser analisada com o
emprego de marcadores agromorfológicos e moleculares, à semelhança dos
estudos realizados por Almajali, Abdel-Ghani e Migdadi (2012); Chung. López-Pujol
e Chung (2013); Hajmansoor, Bihamta e Alisoltani (2013); Lal (2013); Mellano et al.
(2012); Sartie, Asiedu e Franco (2012).
Portanto, o objetivo deste estudo foi caracterizar a diversidade genética
existente em doze variedades de alho (Allium sativum L.), sendo três destas
oriundas da microrregião de Picos e as outras nove cedidas pelos Bancos de
Germoplasma da Embrapa Hortaliças e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de
10

Queiroz” / Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), por meio de marcadores


agromorfológicos e moleculares.
11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A espécie Allium sativum L.

O gênero Allium possui cerca de 750 espécies e com isso é provavelmente o


maior gênero entre as monocotiledôneas petaloides. As espécies desse gênero são
caracterizadas por apresentarem bulbos envoltos por túnicas membranosas
(algumas vezes fibrosas), tépalas livres ou semi-livres e frequentemente a inserção
subginobásica do estilete no ovário. Além disso, muitas espécies produzem
quantidades consideráveis de sulfóxidos de cisteína, grupo de compostos que é
responsável pelo odor e paladar característicos (FRITSCH et al., 2006).
As espécies pertencentes ao gênero Allium possuem um centro de
diversidade principal situado no sudoeste da Ásia e um menor, situado na América
do Norte, onde as espécies se encontram distribuídas pelo hemisfério norte,
principalmente em regiões que sazonalmente passam por períodos de seca (ETOH
e SIMON, 2002; FRITSCH et al., 2006; FRITSCH e FRIESEN, 2002).
Algumas dessas espécies podem ser usadas na alimentação, outras possuem
potencial medicinal, além daquelas que podem ser usadas como plantas
ornamentais. Dentre as espécies com importância econômica estabelecida,
destacam-se a cebola comum, a cebolinha, o alho-poró e o alho (HALNET, 2002;
KAMENETSKY e FRITSCH, 2002).
O alho é uma das mais antigas hortaliças cultivadas e há cerca de 5000 anos,
já era utilizado pelas culturas egípcias e indianas. Além destas, alguns escritos
sugerem que o alho foi cultivado na China, há cerca de 4000 anos (SIMON, 2004).
A espécie Allium sativum L., conhecida popularmente como alho, é a quarta
hortaliça mais importante do Brasil, sendo cultivada em grande parte das regiões
brasileiras e muito usada como condimento no preparo das refeições, principalmente
devido ao aroma e sabor que confere aos alimentos (LUCINI, 2008; MOTA et al.,
2006).
Existem basicamente dois tipos de alho cultivados, um conhecido como alho
nobre, caracterizado pelo tamanho e uniformidade dos bulbos, constituído por
poucos bulbilhos por bulbo e cultivado por grandes agricultores, cuja produção é
destinada ao mercado formal. O outro tipo é o semi-nobre, caracterizado pelo
pequeno tamanho do bulbo, no qual estão inseridos numerosos bulbilhos, dispostos
12

sem uniformidade e estreitos, conhecidos como “bulbilhos palitos”. É cultivado por


pequenos agricultores e sua produção frequentemente é destinada à subsistência e
ao mercado local (MELO et al., 2011).
Da planta de alho muito pode ser aproveitado, as folhas e as inflorescências
são consumidas quando ainda verdes, enquanto os bulbos frescos servem como
condimento alimentar. Além disso, preparados envolvendo o bulbo também são
muito utilizados para fins fitoterápicos (KIK e GEBHARDT, 2001).
Sabe-se que a cultura do alho necessita de temperatura e fotoperíodo
específicos para adequada formação dos bulbos e desenvolvimento normal da
planta. No entanto, existe cultivares que respondem de modo distinto a estas
diferenças, havendo, portanto cultivares adaptadas a determinadas regiões e épocas
de cultivo (MUELLER et al., 1990).
O plantio de alho nobre em escala comercial no Brasil teve seu início na
década de 1980. Antes disso, a produção de alho era localizada principalmente nos
estados de Minas Gerais e Goiás, onde se cultivavam alhos comuns, brancos e de
baixo valor comercial (LUCINI, 2008).
No Piauí, mais especificamente na microrregião de Picos, a produção de alho
teve seu início há mais de um século, concentrando-se nos municípios de Picos,
Sussuapara e Bocaina. No entanto, levando-se em conta o histórico da produção de
alho por estes municípios, nota-se que tem havido um grande declínio nas últimas
décadas, fato que tem sido atribuído à redução da área plantada e ausência de
cultivares geneticamente superiores, capazes de competir com o alho chinês,
espanhol e argentino (VELOSO et al., 1999).
Segundo Quiroga et al. (1975), o alho foi uma das culturas de maior
importância econômica nos municípios de Picos e Bocaina, estado do Piauí, e com
base em um levantamento realizado na época, estimou-se em 700, o número de
produtores nestes dois municípios. Além disso, os autores destacaram a importância
da cultura do alho como geradora de emprego, haja vista que Picos é um dos
municípios com maior densidade demográfica no estado.

2.2 Conservação do germoplasma de alho

A preocupação com a prevenção da erosão genética despertou o interesse


pela conservação do germoplasma vegetal há mais de 30 anos, de modo a protegê-
13

lo de eventuais perdas e garantir sua utilização sempre que necessário. Os recursos


genéticos de plantas podem ser conservados na forma de sementes, pólen, órgãos
vegetativos e plantios no campo (SOUZA et al., 2009).
Atualmente, o alho silvestre é encontrado na Ásia Central, principalmente na
região do Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão. No entanto, ele
foi encontrado sobre um território mais amplo que se estende da China à Índia,
passando pelo território correspondente à Ásia Central e continuando da Ucrânia ao
Egito. Esta região em que é encontrado alho selvagem é conhecida como sendo seu
centro de diversidade, já que esta é a localidade geográfica onde a cultura se
originou e o único lugar em que a espécie floresceu na natureza (SIMON, 2004).
O alho cultivado se reproduz exclusivamente por meio de propagação
vegetativa através dos bulbilhos e apenas os tipos selvagens desta espécie, ainda
que raramente, produzem sementes. Em função do tipo de propagação, as plantas
filhas correspondem a clones das plantas originais. As populações de clones dentro
desta espécie apresentam um alto grau de diversidade fenotípica, sendo esta
diversidade oriunda de mutações ou da plasticidade fenotípica apresentada por esta
cultura. Logo, genótipos superiores não são obtidos por meio de hibridação, mas
através da seleção de variantes geradas de mutações espontâneas que expressam
características de interesse agronômico (SIMON e JENDEREK, 2003; VOLK; HENK;
RICHARDS, 2004).
A manutenção desta cultura em bancos de germoplasma requer plantio
periódico das variedades no campo, para que não seja perdido o poder germinativo
do bulbilho. Segundo Souza et al. (2009), este processo de manutenção de
germoplasma tem como desvantagem a vulnerabilidade das variedades a uma série
de fatores, tais como a erosão genética devido a não adaptação das espécies e
variedades às novas condições ambientais, o risco de exposição ao ataque de
pragas, doenças e predadores eventuais, intempéries climáticas, problemas edáficos
e vandalismo, podendo as variedades serem perdidas ainda por falhas na
identificação devidas a erro humano ou por problemas de cunho técnico-
administrativo.
Segundo Cunha, Resende e Pinheiro (2012), são exemplos de instituições
que mantém coleções de germoplasma de alho no Brasil: Embrapa Hortaliças,
Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Empresa de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural (EPAGRI), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – USP
14

(ESALQ – USP), Banco de Germoplasma de Hortaliças da Universidade Federal de


Viçosa (UFV) e recentemente foram introduzidas variedades de alho à Coleção de
Germoplasma de Alho da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

2.3 Caracterização agromorfológica e molecular

O potencial do germoplasma coletado só pode ser aproveitado quando ocorre


a devida caracterização do material. Com a caracterização, é possível identificar os
genótipos mais promissores para os trabalhos de melhoramento e também
beneficiar os agricultores, permitindo o uso racional destes genótipos na agricultura
familiar (COELHO et al., 2010).
Blank et al. (2004) afirmaram que é essencial se ter informações sobre o
potencial do germoplasma disponível, pois a seleção de genótipos com
características desejadas é uma das fases mais importantes de um programa de
melhoramento genético. Torres et al. (2008) destacaram que a importância da
caracterização da diversidade agromorfológica, pois a partir dela é possível obter
informações sobre a variabilidade genética de cada material estudado, possibilitando
avanços na descrição da diversidade genética entre linhagens.
A caracterização morfológica consiste em fornecer uma identidade para cada
variedade, por meio do conhecimento de uma série de dados que permitam estudar
a variabilidade genética existente na população (RAMOS e QUEIROZ, 1999).
Geralmente, os dados são coletados através do uso de descritores, que são
compilados e publicados pelo International Plant Genetic Resources Institute
(IPGRI), hoje conhecido como Biodiversity. Tais descritores correspondem a
caracteres altamente herdáveis facilmente detectáveis e que mantenham o mesmo
padrão de expressão em diversos ambientes (IPGRI, 2001). No entanto, muitos
caracteres de importância econômica são determinados por descritores
quantitativos, controlados por vários genes, o que torna sua mensuração trabalhosa
e muito influenciada pelo ambiente, mas que são de grande importância no ponto de
vista agronômico (NASS et al., 2001).
Os marcadores moleculares podem ser utilizados como ferramentas para o
estudo da diversidade genética dentro e entre populações (HONNAY et al., 2007;
LEBRET et al., 2012; MORI et al., 2012), sistema reprodutivo das espécies
15

(PRABHA; INDIRA; NAIR, 2011), mapeamento de QTLs (LI et al., 2012; SINGH et
al., 2012; WANG et al., 2012) e mapeamento associativo entre outros.
Um marcador molecular é definido como qualquer fenótipo molecular oriundo
de um gene expresso ou de um segmento específico de DNA. A utilização de
marcadores moleculares tem colaborado de forma significativa como ferramenta
auxiliar na definição do status taxonômico e populacional de várias espécies
vegetais e animais (FERREIRA e GRATTAPAGLIA, 1998).
A caracterização de variedades, linhagens ou híbridos por meio de
marcadores moleculares tem sido de grande importância na proteção do direito
intelectual do melhorista, sendo utilizada como prova legal em processos jurídicos
nos países em que já vigoram as leis de proteção de cultivares. O elevado nível de
resolução genética e a confiabilidade obtida por meio de análises com marcadores
moleculares possibilitam a discriminação entre linhagens ou variedades com base
genética estreita, o que é comum entre variedades comerciais (BORÉM, 2005).
Independentemente da cultura, o sucesso de um programa de melhoramento
genético depende fundamentalmente de algumas etapas, como a escolha de
genitores que produzam indivíduos com a melhor combinação de alelos favoráveis
ou a seleção de genótipos superiores em que há variação genética. Com o advento
das técnicas de biologia molecular, tornou-se possível a manipulação do DNA, que
culminou no surgimento dos vários tipos de marcadores moleculares disponíveis
atualmente (LANZA; GUIMARÃES; SCHUSTER, 2000).

2.4 Marcadores microssatélites

Os microssatélites, ou sequências simples repetidas (SSR), são pequenas


sequências de nucleotídeos repetidas em blocos seguidos no genoma, repetições
ditas em tandem. Elas são bastante frequentes e distribuídas no genoma de
organismos eucarióticos (LIU e WENDEL, 2001).
A unidade que se repete em uma sequência microssatélite é chamada de
motivo e a variação no número de repetições destes motivos corresponde ao
polimorfismo. Desta forma, os microssatélites têm sido usados como marcadores
moleculares e como podem existir diferentes números de repetições em cada
sequência, estes tendem a ser bastante informativos (KIM; JUNG; CHOI, 2012;
16

MITSUI e SETOGUCHI, 2012; PARVARESH; TALEBI; SAYED-TABATABAEI, 2012;


PRIORI et al., 2012).
A utilização de marcadores microssatélites em análises genéticas é um
procedimento de baixo custo, haja vista que o maior investimento tende a ser feito
na busca pelos microssatélites no genoma e as sequências que os flanqueiam.
Estas últimas costumam ser específicas para uma espécie ou gênero, logo o
processo de identificação das sequências geralmente tende a ser feito à medida que
se pretende utilizar os marcadores microssatélites para análises genéticas em
espécies cujos marcadores ainda não tenham sido desenvolvidos (BAJAY et al.,
2009; CLIVATI et al., 2012; CUNHA et al., 2012; DONG; ZHANG; YANG, 2012; GAO
et al., 2012).
Ao se identificar as sequências que flanqueiam os microssatélites,
desenvolve-se primers que se anelam a estas sequências para que a região
microssatélite seja amplificada via reação em cadeia da polimerase (PCR). Após a
PCR, é possível que os fragmentos sejam separados por meio de eletroforese e
sejam visualizados de diferentes formas, dependendo da técnica aplicada. A
eletroforese em gel de acrilamida e a coloração com nitrato de prata são
procedimentos bastante utilizados (BASSIL et al., 2013; BENBOUZA et al., 2006;
MENGESHA et al., 2013).

2.5 Metodologias de estudo da diversidade genética

O estudo da diversidade genética é uma etapa importante no melhoramento


de plantas, notadamente nas espécies em que se pratica melhoramento genético
por seleção. Além disso, este conhecimento é importante na compreensão da
estrutura genética populacional, no acompanhamento da transferência de
características desejáveis entre espécies com relevância econômica, no manejo de
espécies ameaçadas ou que estejam submetidas a programas de restauração
florestal (SASAKI, 2005; VARSHNEY; THIEL; SRETENOVIC-RAJICIC, 2008).
O processo para o estudo da diversidade genética dentro e/ou entre
populações geralmente envolve etapas de detecção da existência de variabilidade
genética, cálculo das estimativas de distância genética ou geométrica entre estes
grupos e a aplicação de métodos de classificação ou ordenação. Estas etapas
17

básicas podem ser realizadas por um método específico ou por uma combinação de
métodos.
A variação genética expressada é chamada de fenotípica e pode ser
detectada, geralmente, por diferenças em moléculas de proteína, características
fisiológicas e bioquímicas diversas e também por variações cromossômicas,
comportamentais e morfológicas. A variação genotípica se refere primariamente à
informação contida no genoma de cada indivíduo, que é herdada pela prole a partir
de seus genitores, e que pode expressar ou não alguma variação fenotípica, ela é
detectada principalmente através do uso de marcadores moleculares (SANTOS et
al., 2009).
Uma característica que sofre variação mensurável ou não é chamada de
variável e esta pode assumir distribuição contínua ou em classes na população,
dependendo de sua natureza. Geralmente, as variáveis que assumem distribuição
contínua são chamadas de quantitativas ou numéricas (altura da planta, peso dos
grãos, dias do plantio à colheita), enquanto as que formam classes são chamadas
de qualitativas como, por exemplo, a cor da folha e do fruto, presença ou ausência
de uma característica, marcador molecular, dentre outras (BARBÉ et al., 2010;
FRANCO et al., 2001).
De forma geral, os dados qualitativos utilizados nas análises são de natureza
binária, deste modo elas se baseiam na presença (1) ou ausência (0) da
característica em questão. Porém, na caracterização agromorfológica do
germoplasma vegetal frequentemente são utilizadas as variáveis multicategóricas,
ou seja, aquelas que podem assumir mais de duas classes para cada variável
(LEDO et al., 2008).
Além dos dados qualitativos, a caracterização agromorfológica envolve a
coleta de dados quantitativos. No estudo destas características, por partir de
mensurações e, portanto, dificultar o estabelecimento de classes distintas, faz-se útil
o uso de médias, variâncias, coeficientes de regressão, correlações, entre outras
(RAMALHO; FERREIRA; OLIVEIRA, 2000).
Dispondo destes dados, procede-se com as estimativas das distâncias entre
as populações. Para as variáveis quantitativas, estas estimativas podem ser obtidas
por através da distância generalizada de Mahalanobis, enquanto para as variáveis
qualitativas tem-se utilizado o complemento aritmético de Jaccard.
18

A distância de Mahalanobis considera a variabilidade existente em cada


unidade amostral, sendo aplicada para dados oriundos de experimentos em que se
fez uso de delineamentos e quando as variáveis são correlacionadas. Quando as
correlações entre as variáveis forem nulas, assume-se que estas variáveis estão
padronizadas, e a distância de Mahalanobis é equivalente à distância euclidiana
simples (CRUZ, 1990).
A análise de agrupamento é uma técnica multivariada que tem por objetivo
proporcionar a organização dos dados em grupos por algum critério de classificação,
de tal forma que exista máxima homogeneidade dentro e máxima heterogeneidade
entre grupos (SNEATH e SOKAL, 1973). Dos métodos de agrupamento, os mais
utilizados são hierárquicos e os de otimização (CRUZ; FERREIRA; PESSONI, 2011).
Nos métodos hierárquicos, os genótipos são agrupados e estes grupos são
dispostos em vários níveis, resultando em um dendrograma, sem levar em conta o
número ótimo de grupos. Entre os hierárquicos, o método da distância média entre
grupos (UPGMA) é o mais simples para a construção de árvores filogenéticas,
utilizando a média das distâncias entre todos os pares de genótipos para formação
de cada grupo (CRUZ e CARNEIRO, 2003).
Dentre os métodos de otimização, destaca-se o algoritmo de Tocher que
consiste em um método de agrupamento que se baseia na formação de grupos em
que as distâncias dentro dos grupos sejam menores que as distâncias entre grupos.
Desta forma, obtém-se o número ótimo de grupos e as variedades contidas em cada
grupo (FARIA et al., 2012).
O uso de técnicas multivariadas na detecção da diversidade genética exige
certo grau de estruturação nos dados. Diante disto, é importante que critérios
diferentes de agrupamento sejam utilizados e que se considere como correta a
estrutura consenso da maior parte deles, para que seja assegurado que o resultado
obtido não seja um artefato da técnica utilizada (ARRIEL et al., 2006).
Além das análises de agrupamento, outras técnicas multivariadas visam à
redução na dimensionalidade das variáveis de forma que a nova combinação de
variáveis lineares não correlacionadas resultante expliquem a estrutura de variâncias
e covariâncias do conjunto de variáveis originais. Dentre estas técnicas
multivariadas, destacam-se a análise de componentes principais (ACP) e a análise
de variáveis canônicas.
19

A Análise de Componentes Principais (ACP) tem por objetivos a descrição dos


dados através da redução do número de dimensões da matriz de distâncias entre os
objetos. O processo básico da análise é considerar um conjunto de p variáveis e
encontrar combinações lineares entre elas que produzam índices não
correlacionados (JAMES e McCULLOCH, 1990). Esta análise encontra-se
certamente entre as mais importantes ferramentas da análise multivariada, inclusive
por constituir a base na qual se fundamentam a maioria dos outros métodos
multivariados de análise de dados (LYRA et al., 2010).
20

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material genético

Dentre o material genético avaliado no experimento (Tabela 1), três


variedades crioulas de alho foram coletadas junto aos agricultores em área de
cultivo, feiras e mercados populares na Microrregião de Picos-PI. Posteriormente,
estas foram incorporadas à Coleção de Germoplasma de Alho da UFPI e ao Banco
Ativo de Germoplasma de Alho da ESALQ/USP. Utilizou-se também uma variedade
cedida pela Embrapa Hortaliças, que corresponde a um material oriundo de coleta
de germoplasma no Piauí, em 1976. Além disso, utilizou-se oito variedades
procedentes da Coleção de Germoplasma de Alho da ESALQ/USP, que foram
selecionadas por serem semelhantes ao material cultivado no Piauí no que diz
respeito à nomenclatura da variedade, aos aspectos agromorfológicos e
moleculares, de acordo com estudos realizados por Cunha et al. (2012).

Tabela 1 – Identificação das variedades utilizadas nas caracterizações


agromorfológica e molecular de Allium sativum L., avaliadas em
Piracicaba – SP, 2012.

Variedade Procedência
Bocaina – PI Piauí
Santo Antônio de Lisboa - PI Piauí
Sussuapara – PI Piauí
Branco Mineiro - PI Piauí (Embrapa Hortaliças)
BGH 0525 ESALQ/USP
Catetinho do Paraná 1254 ESALQ/USP
Cateto Roxo 99 ESALQ/USP
Embrapa Cateto Roxo Livre de Vírus ESALQ/USP
Mendonça 5062 ESALQ/USP
Roxinho 5063 ESALQ/USP
Roxo de Minas (Dr. Joaquim) ESALQ/USP
Sergipe ESALQ/USP

3.2 Caracterização e avaliação agromorfológica das variedades

O experimento foi conduzido no Departamento de Genética da ESALQ/USP,


na cidade de Piracicaba - SP, seguindo o delineamento em blocos casualizados com
número diferente de repetições, dependendo da disponibilidade de material. O
plantio foi realizado em canteiros, comuns na cultura de várias hortaliças, sobre eles
21

a parcela experimental foi constituída de quatro fileiras de um metro, com


espaçamento de 10 cm entre plantas dentro das fileiras e 25 cm entre cada fileira. A
área útil da parcela foi constituída das duas fileiras centrais (Figuras 1 e 2).
Os bulbilhos de cada variedade utilizada no plantio foram selecionados de
acordo com o tamanho e a qualidade, sendo descartados aqueles que se
apresentavam desuniformes ou chochos.
As capinas foram realizadas manualmente, deixando-se a cultura livre da
concorrência com plantas daninhas, e as pulverizações com fungicida foram
realizadas de acordo com a necessidade da cultura.

a b

c d

Figura 1 – Experimento de alho em blocos casualizados. (a) e (b) Plantio disposto


em canteiros; (c) Disposição do sistema de irrigação; (d) Plantas de alho
com 30 dias após o plantio.
22

a b

Figura 2– (a) Plantas de alho aos 90 dias


de plantio. (b) Coleta do alho para avaliação.

3.2.1 Caracteres avaliados

Aos 90 dias após o plantio, foram medidos os seguintes caracteres, em seis


plantas nas duas fileiras centrais, segundo IPGRI (2001):
1 Altura da planta – dimensão referente à medida do solo até a extremidade da
folha superior, em cm;
2 Largura da folha – medida determinada no terço médio da folha superior da
planta totalmente desenvolvida, em cm;
3 Comprimento da folha – medida na folha mais desenvolvida da planta, em cm;
4 Número de folhas – referente à quantidade de folhas que apresentavam
atividade fotossintética;
5 Densidade da folhagem da planta - avaliada de acordo com uma escala de
notas, sendo: (1) muito esparsa, (3) esparsa, (5) média, (7) densa;
6 Atitude da folha -avaliada de acordo com uma escala de notas, sendo: (3) ereta,
(5) semiereta, (7) horizontal;
7 Largura da base do pseudocaule – medida determinada somente em cultivares
que não perfilharam, em cm;

Os caracteres a seguir foram avaliados por parcela, de acordo com as


respectivas escalas de notas:

8 Intensidade da coloração - verde da folha- (3) clara, (5) média, (7) escura;
9 Cerosidade da folha - (3) fraca, (5) média, (7) forte;
23

10 Formato da seção transversal da folha - (1) fortemente côncava, (2) levemente


côncava, (3) plana;
11 Intensidade da pigmentação antociânica na base do pseudocaule - (1) ausente
ou muito fraca, (3) fraca, (5) média, (7) forte, (9) muito forte;
12 Avaliação quanto à incidência da ferrugem (Puccinia alli) – (1) presença, (0)
ausência;

No final do ciclo foram coletados os dados dos caracteres relacionados a


seguir:

13 Percentagem de plantas com bulbilhos aéreos – determinada pela percentagem


do número de plantas que emitiram bulbilhos aéreos.
14 Número de dias para a colheita – referente ao período desde o plantio até
quando cerca de 2/3 das folhas começarem a amarelecer e ou secar.

Após a colheita, as plantas foram armazenadas por 30 dias em galpão


ventilado, realizando-se em seguida a toalete, que consistiu em aparar as raízes e
deixar o caule com 2 cm, para determinação das seguintes características:

15 Produtividade total de bulbos – referente à massa dos bulbos colhidos na área


útil e bordadura, transformados em t/ha.

As avaliações a seguir foram realizadas na área útil da parcela:

16 Peso dos bulbos comerciais – referente à massa dos bulbos com diâmetro
superior a 35 mm;
17 Tamanho do bulbo – determinado conforme uma escala de notas, sendo (3)
pequeno, (5) médio, (7) grande;
18 Uniformidade dos bulbos – determinada de acordo com uma escala de notas, na
qual (1) uniforme, (2) normal e (3) muito uniforme;
19 Posição do disco radicular do bulbo – classificado como (1) deprimido, (2) plano,
(3) protuberante;
20 Forma da base do bulbo – classificado como (1) deprimida, (2) plana, (3)
arredondada;
21 Coloração de fundo da túnica do bulbo – sendo (1) branca e (2) branca
amarelada, (3) branca avermelhada;
22 Estrias antociânicas na túnica do bulbo – classificadas como (1) ausentes (2)
presentes;
24

23 Formato do bulbo na seção longitudinal – sendo (1) transverso elíptico curto, (2)
transverso elíptico largo e (3) circular;
24 Formato do bulbo na seção transversal – considerado como (1) elíptico e (2)
circular;
25 Aderência das túnicas do bulbo – sendo (3) fraca, (5) média e (7) forte;

Os bulbilhos foram avaliados, tomando-se cinco bulbos aleatoriamente da


parcela útil, para os seguintes caracteres:

26 Cor das folhas externas do bulbilho – classificada como (1) branco; (2) amarelo;
(3) marrom; (4) vermelho; (5) violeta;
27 Número de bulbilhos/bulbo;
28 Tamanho dos bulbilhos -considerando (1) pequeno; (2) médio e (3) grande;
29 Uniformidade dos bulbilhos -foram usadas as categorias (1) uniforme, (2) normal
e (3) muito uniforme;
30 Distribuição dos bulbilhos – sendo (1) radial e (2) não radial;
31 Bulbilhos externos (desencaixados) -classificados como (1) ausentes e (2)
presentes;
32 Facilidade de remoção dos bulbilhos -considerando (1) difícil, (2) normal e (3)
fácil;
33 Tamanho do bulbilho – classificado como (3) pequeno, (5) médio e (7) grande;
34 Cor da túnica do bulbilho – sendo (1) branca, (2) amarelada, (3) rosada, (4)
arroxeada e (5) marrom;
35 Intensidade da cor da túnica do bulbilho – considerando (3) fraca, (5) média e (7)
forte;
36 Estrias antociânicas na túnica do bulbilho – sendo (1) ausentes e (2) presentes;
37 Coloração da polpa do bulbilho – caracterizando como (1) branca e (2)
amarelada.

3.2.2 Análises estatístico-genéticas

Os dados foram testados quanto à normalidade e homogeneidade das


variâncias pelos testes de Barlett e Lilliefors, seguindo as recomendações de Little e
Hills (1978), e submetidos à análise de variância (Tabela 2), considerando-se fixo o
efeito de tratamentos (variedades), de acordo com o seguinte modelo matemático:
25

𝑌𝑖𝑗 = 𝑚 + 𝑡𝑖 + 𝑏𝑗 + 𝑒𝑖𝑗

Em que:
𝑌𝑖𝑗 = valor do tratamento i na repetição j;
𝑚 = média geral;
𝑡𝑖 = efeito do tratamento i;
𝑏𝑗 = efeito do tratamento j;
𝑒𝑖𝑗 = erro experimental associado à parcela ij.

Tabela 2 – Esquema da análise de variância, com respectivas esperanças do


quadrado médio.

Fonte de variação GL Quadrado médio E (QM) F


Repetição (j – 1) Q1 𝜎 2 + 𝐼𝜎𝑅2 𝑄1 /𝑄3
Tratamentos (i – 1) Q2 𝜎 2 + 𝐽𝜎𝑇2 𝑄2 /𝑄3
Resíduo médio (j – 1) (i – 1) Q3 𝜎2
GL: Grau de Liberdade; E (QM): Esperança do Quadrado médio; F: Teste F.

No estudo da divergência genética entre as variedades de alho, utilizou-se a


distância generalizada de Mahalanobis para os caracteres quantitativos, como
medida de dissimilaridade, enquanto para os caracteres qualitativos utilizou-se o
complemento aritmético de Jaccard. Para os caracteres quantitativos, estão
disponíveis informações de médias, variâncias e covariâncias das populações, que
são úteis para o cálculo das distâncias, pelo uso de medidas de dissimilaridade,
como Penrose (1953) e Mahalanobis (1948). Neste trabalho, utilizou-se da distância
generalizada de Mahalanobis para o cálculo da distância entre as populações, pois,
de acordo com Manly (2008), o fato da distância generalizada de Mahalanobis levar
em consideração a correlação entre as variáveis oferece uma vantagem em relação
à distância de Penrose, pois sem esta informação duas variáveis altamente
correlacionadas contribuiriam individualmente com aproximadamente a mesma
quantidade para as distâncias populacionais como uma terceira variável que não é
correlacionada com todas as outras variáveis. O cálculo das distâncias
generalizadas de Mahalanobis foi efetuado segundo Cruz e Carneiro (2003), por
meio da expressão:
𝐷𝑖𝑖2 ′ = 𝛿′−1
Ψ 𝛿
26

Em que:

𝐷𝑖𝑖2 ′ = distância de Mahalanobis entre os genótipos i e i’;


Ψ = matriz de variâncias e covariâncias residuais;
δ’ = [d1dd...dn];
𝑑𝑣 = 𝑌𝑖𝑣 − 𝑌𝑖 ′ 𝑣′ ;
Yiv: é a média do i-ésimo genótipo em relação a v-ésima característica.

Outra abordagem foi realizada com base nos caracteres qualitativos que,
normalmente, quando utilizados em análises multivariadas são de natureza binária,
isto é, ausência (0) ou presença (1) de uma determinada característica. Porém,
segundo Vendramini et al. (2011), na caracterização agromorfológica de uma
determinada espécie são frequentemente utilizadas as variáveis multicategóricas,
com mais de duas classes por variável. Portanto, para se proceder com a análise, as
variáveis multicategóricas foram convertidas em binárias, segundo o método
proposto por Sneath e Sokal (1973) e calculou-se os coeficientes de dissimilaridade
com base no complemento aritmético de Jaccard, segundo a expressão:

𝑑𝑖𝑗 = 1 − 𝑠𝑖𝑗

Em que:
𝑎
𝑠𝑖𝑗 =
𝑎+𝑏+𝑐

Onde:

a – coincidências do tipo 1 – 1;
b – coincidências do tipo 1 – 0;
c – coincidências do tipo 0 – 1.

Com base nas distâncias calculadas, realizou-se as análises de agrupamento,


seguindo o critério UPGMA, método hierárquico que faz uso da média das distâncias
de todos os genótipos para formação de cada grupo. Portanto, foram gerados
dendrogramas individuais para cada grupo de caracteres (quantitativos e
qualitativos), e em seguida foi obtida uma matriz resultante da soma das matrizes de
distâncias de Mahalanobis e do complemento aritmético de Jaccard, com posterior
submissão desta nova matriz ao método de agrupamento UPGMA.
27

Visando melhorar a interpretação dos agrupamentos, utilizou-se o método de


otimização de Tocher, no qual a inclusão de indivíduos em um grupo ocorre quando
a distância média intragrupo não excede a distância intergrupo, ou seja, a
divergência dentro de cada grupo deve ser menor que as distâncias médias entre
quaisquer grupos (CRUZ e CARNEIRO, 2003).
Em função da ocorrência de diferenças significativas entre as variedades de
alho para a maioria dos caracteres quantitativos avaliados, procedeu-se o estudo da
importância relativa destes caracteres na composição da variação existente nas
populações. Para isto, realizou-se a análise de componentes principais, que consiste
em um método multivariado que tem por objetivo a redução da dimensionalidade dos
dados, de tal forma que um conjunto de “p” variáveis correlacionadas seja reduzido
para um número menor de índices não correlacionados (MANLY, 2008). A
identificação das variáveis que mais contribuíram para a divergência entre os clones
foi feita de acordo com Cruz e Regazzi (2001). As análises estatístico-genéticas
foram realizadas utilizando-se o programa SAS (SAS INSTITUTE, 1999).

3.3 Caracterização molecular das variedades

Para aumentar o poder da estimativa da diversidade genética entre as


variedades estudadas, realizou-se a genotipagem das variedades pelo uso de
marcadores microssatélites.

3.3.1 Coleta de material botânico e extração de DNA

Na caracterização molecular, foram estudadas as quatro variedades coletadas


no Piauí e as oito procedentes do Banco de Germoplasma do Departamento de
Genética da ESALQ/USP.
As folhas dos genótipos foram coletadas, armazenadas separadamente em
freezer a -20ºC e posteriormente liofilizadas. Em seguida, foram maceradas com
auxílio de moinho elétrico.
Na extração do DNA genômico dos indivíduos a serem estudados, a partir de
500 mg de tecido fresco, utilizou-se o protocolo descrito por Doyle e Doyle (1990). A
quantificação das amostras foi estimada pela intensidade de fluorescência emitida
pelo brometo de etídio, sob luz ultravioleta em géis de agarose a 0,8%. Essa
28

intensidade foi comparada a de padrões com pesos moleculares e concentrações


específicas e conhecidas (DNA de fago λ).

3.3.2 Caracterização e genotipagem dos microssatélites

As amostras analisadas foram constituídas por oito indivíduos de cada uma


das doze variedades, totalizando 96 indivíduos. Este procedimento foi adotado para
possibilitar a estimativa da variação dentro de cada variedade e não apenas entre as
variedades. Utilizou-se oito locos microssatélites, cujas sequências, motivos,
temperaturas de anelamento e tamanhos esperados estão discriminados na Tabela
3.

Tabela 3 – Conjunto de iniciadores desenvolvidos por Cunha et al. (2012), utilizados


na caracterização do germoplasma de alho.

Motivos e Tamanho
Loco Sequência dos Iniciadores Ta (ºC)
Repetições Esperado
F: CTCGGAACCAACCAGCATA
Asa 07 (TG)7 58 229-235
R: CCCAAACAAGGTAGGTCAGC
F: TGATTGAAACGAATCCCACA
Asa 08 (GT)8 56 209-257
R: GGGGTTACCTGAACCTGTTA
F: TTGTTGTTCTGCCATTTT
Asa 10 (AC)7 48 225-239
R: GATCTAAGCCGAGAGAAA
F: TCTATCTCGCTTCTCAGGGG
Asa 14 (GT)7 48 220-234
R: CTGACAGAAGTAGTCTTTCC
F: TCAAGCTCCTCCAAGTGTCC
Asa 18 (TG)8 45 254-264
R: TCGGGATATGACAGCATTTG
F: TTGTTGTGCCGAGTTCCATA (GT)4 (GT)3
Asa 24 48 149-161
R: AGCAATTTACCAAAGCCAAG (GT)5
F: GCACTTCACTTTCCCCATTC
Asa 25 (CT)3 (CT)27 51 117-127
R: GGCGACGGTGAAGAGAGAG
F: CAGAGACTAGGGCGAATGG
Asa 31 (CTT)7 50 237-243
R: ATGATGATGACGACGACGAG
Ta (ºC): temperatura de anelamento; F: Forward; R: Reverse.

A genotipagem foi realizada em gel de acrilamida 7% e coradas com nitrato de


prata. Foram calculadas as frequências alélicas e genotípicas em cada loco,
utilizando o programa TFPGA (MILLER, 1997). As frequências alélicas, o número de
alelos por loco (A), a heterozigosidade observada (Ho) e esperada (He) foram
estimadas com o auxílio do programa GDA (LEWIS e ZAYKIN, 2000), e as
estatísticas F, θ, f desenvolvidas por Weir e Cockerham em 1984, foram
determinadas utilizando-se o programa FSTAT (GOUDET, 2002).
29

A estruturação da variabilidade foi visualizada através de dendrogramas


construídos pela matriz de distâncias genéticas de Rogers (1972), modificadas por
Wright (1978), e pelo critério de agrupamento UPGMA; para isto utilizou-se o
programa NTSYS (ROHLF, 1989). A estabilidade dos agrupamentos foi testada
através de 10.000 reamostragens bootstrap.
30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância para os caracteres avaliados mostram que houve


diferença significativa entre as doze variedades de alho, aos níveis de 5% e 1% de
probabilidade, com exceção de atitude da folha (Tabela 4), evidenciando a presença
de variabilidade entre as variedades.
Quanto ao coeficiente de variação (CV), observou-se que foram baixos os
valores registrados para número de dias para colheita (2,18%), altura da planta
(3,95%), comprimento da folha (4,21%), número de folhas (5,03%), largura da folha
(7,60%) e largura da base do pseudocaule (9,51%); médios para atitude da folha
(13,20%), densidade da folhagem (14,56%) e produtividade total dos bulbos
(15,82%); e altos para número de bulbilhos por bulbo (21,57%), percentagem de
plantas com bulbilhos aéreos (24,53%) e peso dos bulbos comerciais (26,00%).
O coeficiente de variação é um parâmetro utilizado como indicativo de
precisão experimental, de forma que, quanto menor o valor da sua estimativa maior
terá sido a sua precisão. Segundo Pimentel-Gomes (2009), a precisão experimental
de acordo com o coeficiente de variação é alta quando este é inferior a 10%, média
quando o coeficiente de variação se encontra entre 10% e 20% e baixa quando se
encontra entre 20 e 30%. Quando o valor do coeficiente de variação é superior a
30%, diz-se que a precisão experimental é muito baixa para a variável resposta em
questão. Entretanto, essa classificação não leva em consideração as
particularidades da cultura estudada, e, principalmente, não faz distinção quanto ao
tipo de herança do caráter avaliado (COSTA; SERAPHIN; ZIMMERMANN, 2002).
Assim, constatou-se que para a maioria dos caracteres avaliados, a precisão
experimental é classificada como de alta a média.
O caráter atitude da folha não apresentou efeito significativo para tratamentos
e foi descartado das análises subsequentes, pois não contribuiu para a identificação
da variabilidade genética existente entre as variedades.
Um procedimento fundamental da análise de componentes principais envolve
a verificação da existência de correlação entre os caracteres. Por isso, estimou-se
os coeficientes de correlações fenotípicas e genotípicas entre os onze caracteres
quantitativos nas doze variedades de alho (Tabela 5).
31

Tabela 4 – Resumo das análises de variâncias dos caracteres quantitativos avaliados em doze variedades de alho, no município de
Piracicaba – SP, em 2012.
Fonte de Quadrados médios
GL
variação AP LF CF NF DF AF LBP PPBA NDC PTB PBC NBB
Blocos 3 54,83 0,05 61,15 0,25 2,45 0,63 0,04 0,013 0,76 74595,6 9658,7 25,19
Variedades 11 53,74** 0,05** 12,82** 0,57** 17,12** 0,24 ns 0,16** 0,098** 76,58** 319398** 60866,8** 217,45**
Resíduos 29 4,97 0,02 2,92 0,17 0,34 0,21 0,01 0,018 9,34 31899,5 13637,8 16,52
Média 56,36 1,81 40,60 8,40 4,03 3,54 1,02 0,549 139,70 1128,8 449,0 18,84
CV(%) 3,95 7,60 4,21 5,03 14,56 13,20 9,51 24,53 2,18 15,82 26,00 21,57
CV(%): Coeficiente de Variação; GL: Graus de Liberdade; ** significativo a 1% de probabilidade; ns: não significativo. AP – altura da planta, LF – largura da
folha, CF – comprimento da folha, NF – número de folhas, DF – densidade da folhagem, LBP – largura da base do pseudocaule, PPBA – percentagem de
plantas com bulbilhos aéreos, NDC – número de dias para a colheita, PTB – produtividade total de bulbos, PBC – peso dos bulbos comerciais e NBB -
número de bulbilhos por bulbo.

Tabelas 5 – Estimativas dos coeficientes de correlações fenotípicas (acima da diagonal) e genotípicas (abaixo da diagonal)
avaliados em doze variedades de alho, no município de Piracicaba – SP, em 2012.
Caracteres¹ AP LF CF NF DF LBP PPBA NDC PTB PBC NBB
AP 1 -0,46* 0,67* -0,33* -0,82* -0,64* -0,28* -0,61* -0,37* -0,35* 0,53*
LF -0,58* 1 0,01 0,03 0,75* 0,77* 0,36* 0,23 0,00 -0,02 -0,86*
CF 0,67* -0,14 1 -0,03 -0,29* 0,04 -0,19 -0,25* 0,15 0,18 0,09
NF -0,49* 0,01 -0,13 1 0,38* 0,17 0,15 -0,20 0,70* 0,70* -0,39*
DF -0,86* 0,82* -0,35* 0,45* 1 0,76* 0,39* 0,51* 0,49* 0,45* -0,78*
LBP -0,67* 0,90* 0,07 0,21 0,77* 1 0,32* 0,54* 0,27* 0,28* -0,76*
PPBA -0,29* 0,47* -0,17 0,21 0,43* 0,35* 1 0,12 -0,05 -0,14 -0,51*
NDC -0,64* 0,30* -0,26* -0,20 0,55* 0,57* 0,06 1 0,23* 0,24* -0,10
PTB -0,41* 0,02 0,19 0,82* 0,53* 0,28* -0,10 0,21 1 0,97* -0,13
PBC -0,41* 0,07 0,30* 0,94* 0,51* 0,29* -0,24* 0,21 1,04* 1 -0,11
NBB 0,54* -0,99* 0,07 -0,47* -0,81* -0,80* -0,59* -0,13 -0,16 -0,16 1
1AP – altura da planta, LF – largura da folha, CF – comprimento da folha, NF – número de folhas, DF – densidade da folhagem, LBP – largura da base do
pseudocaule, PPBA – percentagem de plantas com bulbilhos aéreos, NDC – número de dias para a colheita, PTB – produtividade total de bulbos, PBC –
peso dos bulbos comerciais e NBB -número de bulbilhos por bulbo. * significativo (p < 0,05) pelo teste t.
32

Observou-se que grande parte das correlações foram significativas. Em geral,


as correlações genotípicas foram superiores, em valores absolutos, em relação às
correlações fenotípicas. Segundo Churata e Ayla-Osuna (1996), quando os
coeficientes de correlações genotípicas são, em valores absolutos, superiores aos
coeficientes de correlações fenotípicas, se evidencia a maior contribuição dos
fatores genéticos.
Na seleção de genótipos superiores, procedimento fundamental no
melhoramento genético do alho, as correlações genéticas altas podem ser bastante
úteis pela possibilidade de se obter ganhos indiretos ao se selecionar um genótipo
com base em um caráter que possua outro favoravelmente correlacionado (ARRIEL
et al., 1999).
No estudo em questão, a largura da base do pseudocaule mostrou
correlações fenotípicas e genéticas altas (r > 0,7) e positivas com a largura da folha
e a densidade da folhagem. A largura da folha, por sua vez, apresentou correlações
fenotípica e genética altas e positivas com densidade da folhagem. Com o número
de bulbilhos por bulbo, esses caracteres também apresentaram correlações
fenotípicas e genotípicas significativas e altas, porem negativas. Por isso, sugere-se
que largura da base do pseudocaule, largura da folha e densidade da folhagem
sejam em parte controlados por genes presentes em um mesmo grupo de ligação,
ou que apresentem efeito pleiotrópico, podendo ser aplicada seleção indireta com
base em um destes caracteres para seleção de genótipos com características do
tipo nobre, com baixo número de bulbilhos por bulbo.
Ainda com relação ao número de bulbilhos por bulbo, a percentagem de
plantas com bulbilhos aéreos apresentou correlações fenotípicas e genotípicas
significativas, moderadas (0,4 < r < 0,7) e negativas, enquanto a altura da planta,
mostrou correlações significativas e moderadas, porem positivas com esse caráter.
Segundo Melo et al. (2011), o alho semi-nobre é caracterizado pela presença de
numerosos bulbilhos por bulbo. Portanto, é possível, com base nas correlações
descritas acima, serem selecionados genótipos superiores antes que o ciclo se
complete, facilitando o processo de melhoramento da cultura para a característica
em questão.
As estimativas dos coeficientes de correlação genética entre número de
folhas e os caracteres produtividade total de bulbos e peso dos bulbos comerciais,
foram significativas, altas e positivas, enquanto as correlações fenotípicas foram
33

moderadas. Por outro lado, as estimativas de correlações fenotípica e genotípica


entre o numero de folha e o numero de bulbilhos por bulbo, significativas, foram
negativas. Tais caracteres relacionados com a produtividade só são verificados ao
final do ciclo da planta. Nesse trabalho, o número de dias para completar o ciclo nas
variedades de alho variou de 120 a 150 dias, já o caráter número de folhas pode ser
aferido aos 90 dias após o plantio. Assim, a seleção de genótipos superiores para
estes caracteres relacionados à produtividade pode ocorrer precocemente através
da seleção de genótipos com maior número de folhas, podendo não haver
necessidade de esperar que se complete o ciclo da planta. Panthee et al. (2006) e
Singh et al. (2011), também observaram que o número de folhas está correlacionado
positivamente com a produtividade, corroborando com os resultados obtidos neste
estudo.
A altura da planta e percentagem de plantas com bulbilhos aéreos também
apresentam correlações genéticas significativas e negativas com os caracteres
relacionados à produtividade. Isso significa que plantas com altura moderada e baixa
percentagem de plantas com bulbilhos aéreos na cultura levam a um incremento na
produtividade. Já os caracteres comprimento da folha, densidade da folhagem e
largura da base do pseudocaule estão correlacionados positivamente com os
caracteres de produtividade. Logo, pode-se inferir que a seleção com base nestes
caracteres vegetativos também podem levar a ganhos moderados na produtividade
de bulbos de alho.
Para o número de dias para colheita, importante na determinação de
genótipos precoces ou tardios, observou-se que existem correlações genéticas
significativas, positivas, moderadas ou baixas (r < 0,4) com largura da folha,
densidade da folhagem e largura da base do pseudocaule, enquanto existem
correlações genéticas, significativas, negativas moderadas ou baixas com altura da
planta e comprimento da folha.
Densidade da folhagem também está correlacionada positivamente com
largura da folha e número de folhas, enquanto está correlacionada negativamente
com altura da planta e comprimento da folha. Isso pode ser facilmente explicado, já
que largura da folha e número de folhas interferem diretamente na área da folhagem
da planta. Como densidade da folhagem é uma medida de disposição da folhas pela
área da planta, aquelas plantas com folhas mais largas e em maior número tendem
a ter maior densidade de folhagem. Além disso, os genótipos mais altos e com
34

folhas mais compridas tendem a ter folhas mais esparsas, caracterizando baixa
densidade da folhagem.
Panthee et al. (2006), analisando a diversidade genética em alho oriundo do
Nepal com base em descritores agromorfológicos, observaram que a altura da
planta está correlacionada positivamente e moderadamente com o número de
folhas, baixa e positivamente com o número de dias para colheita, moderadamente e
positivamente com número de bulbilhos por bulbo e produtividade. Os resultados
obtidos por Panthee et al. (2006) diferem dos apresentados neste trabalho para as
correlações supracitadas. Sugere-se que estas diferenças tenham sido devidas as
diferenças entre as variedades estudadas.
Singh et al. (2011), estudando as correlações entre os caracteres e análise de
trilha em alho, observaram a existência de correlação alta e positiva entre o número
de bulbilhos por bulbo e os caracteres relacionados com a produtividade, além disso,
houve correlação moderada e positiva entre altura da planta e produtividade total
dos bulbos, diferindo dos resultados apresentados neste trabalho. Ressalta-se que o
material estudado por Singh et al. (2011) correspondia a variedades que, segundo os
próprios autores, já possuíam características desejáveis, enquanto o utilizado neste
estudo corresponde a variedades que não necessariamente passaram por etapas de
seleção, para obtenção de genótipos superiores. Portanto, dentro do material
estudado por Singh et al. (2011), as correlações encontradas podem diferir das
obtidas neste estudo.
A existência de correlação entre os caracteres possibilita a aplicação da
análise de componentes principais, uma vez que aplicar tal análise para caracteres
não correlacionados não traria benefícios às interpretações. A eficiência desta nova
descrição dos dados através dos componentes vai depender da porcentagem de
variação total que cada componente contém, quando arranjados em ordem
decrescente de variância (MANLY, 2008).
Ao se proceder com a análise de componentes principais para os dados
obtidos, observa-se que os três primeiros componentes explicaram 79,48% da
variação (Tabela 6).
35

Tabela 6 – Autovalores de cada componente principal e variância acumulada em


relação à variância total, avaliados em 12 variedades de alho. Piracicaba
– SP, 2012.

Componente Variância Variância (%) Variância Acumulada


1 4,821 43,83 43,83
2 2,456 22,33 66,16
3 1,464 13,31 79,47
4 1,179 10,72 90,20
5 0,667 6,06 96,26
6 0,235 2,14 98,41
7 0,094 0,85 99,27
8 0,054 0,49 99,76
9 0,022 0,20 99,97
10 0,002 0,02 99,99
11 0,000 0,00 100,00

A análise dos autovetores associados a cada componente principal (Tabela 7)


mostra que os caracteres altura da planta (0,39) e número de bulbilhos por bulbo
(0,36) foram as que mais contribuíram para formação do primeiro componente
principal. Na formação do segundo componente principal, os caracteres que mais
influenciaram foram largura da folha (0,27) e percentagem de plantas com bulbilhos
aéreos (0,25), enquanto na formação do terceiro componente, os caracteres
comprimento da folha (0,55) e altura da planta (0,38) tiveram as maiores
contribuições.
36

Tabela 7 – Conjunto de autovetores associados aos caracteres e a cada


componente principal, avaliado em 12 variedades de alho. Piracicaba
– SP, 2012.
Componente
Caráter1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
AP 0,38 -0,07 0,37 -0,11 -0,15 -0,17 0,27 0,29 0,03 0,00 0,68
LF -0,32 0,27 0,34 -0,16 0,26 -0,37 -0,01 -0,60 0,06 0,22 0,21
CF 0,13 -0,26 0,54 -0,47 -0,22 0,05 0,10 -0,14 -0,14 -0,19 -0,49
NF -0,19 -0,44 0,12 0,46 0,07 0,37 0,41 -0,36 -0,18 -0,15 0,18
DF -0,44 0,01 -0,03 0,00 0,09 -0,47 0,14 0,28 -0,20 -0,65 0,00
LBP -0,38 0,12 0,16 -0,31 -0,01 0,59 -0,41 0,12 -0,09 -0,17 0,35
PPBA -0,19 0,25 0,16 0,37 -0,83 -0,09 -0,13 -0,10 0,06 -0,01 -0,01
NDC -0,24 0,10 -0,46 -0,48 -0,32 0,10 0,57 -0,09 -0,01 0,15 0,08
PTB -0,24 -0,51 -0,05 -0,05 -0,13 -0,26 -0,26 0,15 -0,49 0,48 0,07
PBC -0,24 -0,52 -0,04 -0,10 -0,06 -0,09 -0,12 0,01 0,78 -0,05 0,04
NBB 0,36 -0,17 -0,38 -0,15 -0,16 -0,14 -0,34 -0,51 -0,15 -0,39 0,25
1AP – altura da planta, LF – largura da folha, CF – comprimento da folha, NF – número de folhas, DF
– densidade da folhagem, LBP – largura da base do pseudocaule, PPBA – percentagem de plantas
com bulbilhos aéreos, NDC – número de dias para colheita, PTB – produtividade total dos bulbos,
PBC – peso dos bulbos comerciais e NBB -número de bulbilhos por bulbo.

Seguindo o critério de normalização de Kaiser (retenção de autovalores


maiores que 1) para escolha do número de componentes principais é possível
explicar a variação total com base em quatro componentes. Assim, como nos três
primeiros componentes explorados anteriormente, explica-se a formação dos
componentes principais com base nos autovetores associados e nota-se que na
formação do quarto componente, os caracteres que tiveram maior influência foram
número de dias para colheita (0,48) e comprimento da folha (0,47).
Para Panthee et al. (2006), a análise de componentes principais revelou que
os quatro primeiros componentes explicaram 86% da variação morfológica total em
variedades de alho. Com base nos autovetores, os autores constataram que o
primeiro componente principal, explicou 44% da variação total, sendo composto de
produtividade (peso dos bulbos comerciais/área da parcela, convertidos em t/ha),
peso total dos bulbos e número folhas, enquanto que o segundo componente
principal, que explicou 23% da variação, foi formado pelos caracteres dias para
emergência, dias para a colheita e período de bulbificação. O terceiro componente
principal explicou 11% da variação e foi composto por dias do plantio à colheita,
número de bulbilhos por bulbo e diâmetro do bulbo, enquanto o quarto componente
principal foi composto pelo número de dias para emergência, número de folhas e
37

número de bulbilhos por bulbo, explicando 7% da variação total. Além disto, os


autores afirmam que esses caracteres poderiam ser usados para classificar o
germoplasma de alho e que não houve um único caráter qualitativo num
componente principal que explicasse uma medida razoável da variação.
No gráfico contendo os dois primeiros componentes principais é possível
estudar o comportamento das variedades em relação aos caracteres quantitativos
(Figura 3). As variedades Embrapa Cateto Roxo Livre de Vírus, Cateto Roxo 99,
Sergipe e BGH 0525 ficaram agrupadas no sentido da progressão dos caracteres
número de folhas, produtividade total dos bulbos e peso dos bulbos comerciais. Tais
caracteres estão diretamente ou indiretamente associados à produtividade e não por
coincidência estes genótipos foram os mais produtivos.
Observou-se também no gráfico com os dois componentes principais (Figura
3), a formação de dois outros grupos, sendo um composto pelas variedades Santo
Antônio de Lisboa – PI e Branco Mineiro – PI e outro formado por Sussuapara – PI e
Bocaina – PI. Estes grupos, especialmente o formado pelos genótipos Santo Antônio
de Lisboa – PI e Branco Mineiro – PI, estão localizados no sentido do crescimento
de importância do caráter número de bulbilhos por bulbo. É fundamental para o
entendimento deste comportamento citar que o caráter número de bulbilhos por
bulbo implica em numerosa quantidade de bulbilhos por bulbo e na irregularidade
das quantidades dentro de um mesmo tratamento. Os genótipos Mendonça 5062 e
Catetinho do Paraná 1254 ficaram agrupados no sentido de crescimento da
importância do caráter percentagem de plantas com bulbilhos aéreos para a
variação.
Com base no gráfico com os dois componentes principais, verifica-se também
que os genótipos mais precoces foram o Santo Antônio de Lisboa – PI e o Branco
Mineiro – PI. Assim, como no caso dos caracteres analisados anteriormente,
constatou-se que a análise de componentes principais é um método eficiente na
classificação dos genótipos e pode auxiliar na seleção daqueles que reúnem
determinadas características de interesse agronômico.
38

Figura 3 – Gráfico dos dois primeiros componentes principais para as doze


variedades de alho em relação aos caracteres quantitativos1.
Piracicaba – SP, 2012.
1PBC - peso dos bulbos comerciais, NDC - número de dias para colheita, DF - densidade da
folhagem, NF - número de folhas, LBP - largura da base do pseudocaule, AP - altura da planta, PTB
- produtividade total dos bulbos, NBB -número de bulbilhos por bulbo, CF - comprimento da folha,
LF - largura da folha, PPBA – percentagem de plantas com bulbilhos aéreos.

Considerando os oito pares de variedades de alho com as maiores e as


menores distâncias de Mahalanobis para os caracteres quantitativos (Tabela 8),
verificou-se que a variedade oriunda de Sussuapara – PI apresentou a maior
distância em relação às demais. Além disso, essa variedade e aquela coletada em
Santo Antônio de Lisboa – PI apresentaram alta divergência em relação a Catetinho
do Paraná 1254.
39

Quanto aos pares com as menores distâncias de Mahalanobis, destacam-se


as variedades Embrapa Cateto Roxo Livre de Vírus x Sergipe e Cateto Roxo 99 x
BGH 0525, que, consequentemente, são as menos divergentes geneticamente.
Além disso, um fato interessante sobre a relação das maiores e menores distâncias,
é que apesar da variedade Sussuapara – PI ser a de maior divergência genética em
relação às demais, possui certa semelhança genética com a variedade de Santo
Antônio de Lisboa – PI.
O comportamento descrito acima é esperado para variedades crioulas, que
são mantidas nas mãos de pequenos produtores por muito tempo, pois estas
acumulam diferenças em relação às variedades cultivadas em outros locais, como
as que foram utilizadas nesta análise. Ademais, a baixa divergência entre as
variedades Sussuapara – PI e Santo Antônio de Lisboa – PI também é esperada,
haja vista que esses municípios produtores de alho no Piauí fazem parte da
Microrregião de Picos, na qual o alho obtido pelos pequenos agricultores familiares
dos diferentes municípios é vendido junto em feiras e mercados populares.
As estimativas das distâncias calculadas pelo complemento aritmético de
Jaccard, para os caracteres qualitativos (Tabela 9), resultante da ordenação dos
pares de variedades com maiores e menores distâncias generalizadas de
Mahalanobis para as variáveis quantitativas, mostra que a variedade Sussuapara –
PI apresentou-se entre as mais divergentes. Além disso, os pares Embrapa Cateto
Roxo Livre de Vírus x Sergipe e Sussuapara – PI x Santo Antônio de Lisboa – PI
também apareceram na ordenação das menores distâncias calculadas pelo
complemento aritmético de Jaccard, corroborando com o resultado observado para
os caracteres quantitativos.
O dendrograma obtido no agrupamento dos genótipos, com base na distância
generalizadas de Mahalanobis, para os caracteres quantitativos (Figura 4), mostra a
formação de dois grupos, em nível de 60% de divergência. O corte foi realizado
neste nível levando-se em consideração as informações sobre a procedência das
variedades, se oriundas do Piauí ou da Coleção de Germoplasma de Alho da
ESALQ – USP.
40

Tabela 8 – Pares de variedades de alho com as maiores e as menores distâncias de Mahalanobis para os caracteres quantitativos
avaliados em Piracicaba – SP, 2012.

Ordem Variedades Maiores Ordem Variedades Menores


1 Sussuapara x Catetinho do Paraná 380,37 1 Embrapa Cateto Roxo LV x Sergipe 6,37
2 Santo Antônio de Lisboa x Catetinho do Paraná 306,36 2 Cateto Roxo 99 x BGH 0525 12,28
3 Sussuapara x Mendonça 5062 300,24 3 Cateto Roxo 99 x Roxo de Minas 17,51
4 Sussuapara x Roxo de Minas 256,49 4 Bocaina x Branco Mineiro – PI 27,34
5 Sussuapara x Embrapa Cateto Roxo LV 244,80 5 Santo Antônio de Lisboa x Bocaina 39,68
6 Sussuapara x Sergipe 239,44 6 Sussuapara x Santo Antônio de Lisboa 50,53
7 Sussuapara x BGH 0525 231,40 7 Mendonça 5062 x Catetinho do Paraná 50,53
8 Sussuapara x Cateto Roxo 99 212,47 8 Roxinho 5063 x Embrapa Cateto Roxo LV 56,07

Tabela 9 – Pares de variedades de alho com maiores e menores distâncias de Jaccard para os caracteres qualitativos avaliados
em Piracicaba – SP, 2012.

Ordem Variedades Maiores Ordem Variedades Menores


1 Sussuapara x Mendonça 5062 0,4348 1 Sussuapara x Santo Antônio de Lisboa 0,0364
2 Sussuapara x Cateto Roxo 99 0,4348 2 Embrapa Cateto Roxo LV x Sergipe 0,0364
3 Mendonça 5062 x Santo Antônio de Lisboa 0,4348 3 Santo Antônio de Lisboa x Bocaina 0,0714
4 Sussuapara x Catetinho do Paraná 1254 0,4118 4 Sussuapara x Bocaina 0,1053
5 Sussuapara X Roxo de Minas 0,4118 5 Bocaina x Branco Mineiro – PI 0,1053
6 Mendonça 5062 x Branco Mineiro – PI 0,4118 6 Cateto Roxo 99 x Roxo de Minas 0,1053
7 Mendonça 5062 x Sergipe 0,4118 7 Roxinho 5063 x Sergipe 0,1695
8 Santo Antônio de Lisboa x Catetinho do Paraná 0,4118 8 Mendonça 5062 x Catetinho do Paraná 0,1695
41

Figura 4 – Dendrograma gerado pelo método de agrupamento UPGMA, com base nas distâncias de Mahalanobis, para os
caracteres quantitativos avaliados em doze variedades de alho, em Piracicaba – SP, 2012.
42

Um dos grupos é formado apenas pelas variedades provenientes do Piauí,


enquanto o outro agrupa o germoplasma oriundo do BAG de Alho da ESALQ – USP.
A variedade Branco Mineiro – PI, oriunda do BAG de alho da Embrapa Hortaliças,
que corresponde a um material coletado no Piauí, na década de 70, foi alocada no
mesmo grupo do germoplasma proveniente de coletas no Piauí e possui um grau de
similaridade maior com a variedade Bocaina – PI, caracterizando um subgrupo, até o
nível de 15% de divergência. Contudo, o germoplasma oriundo do Piauí não se
apresenta uniforme, mostrando certo grau de divergência entre as variedades
obtidas nos diferentes locais de coleta.
No dendrograma obtido após o agrupamento pelo critério UPGMA (Figura 5),
com base no complemento aritmético de Jaccard, verificou-se que os dois grupos só
foram evidenciados quando o corte ocorreu ao nível de 90% de divergência. Tais
grupos contém as mesmas variedades do agrupamento anterior (Figura 4), havendo
apenas um rearranjo dentro de cada grupo.
No grupo correspondente às variedades do Piauí, aquelas oriundas da coleta
em 2011 se mantiveram agrupadas a partir de aproximadamente 25% de
divergência, sendo que a variedade Bocaina - PI foi a mais divergente. A variedade
Branco Mineiro - PI funcionou como um grupo externo até 40% de divergência, onde
passou a fazer parte de um só grupo contendo todas as variedades oriundas do
Piauí.
43

Figura 5 – Dendrograma gerado pelo método de agrupamento UPGMA, com base no complemento aritmético de Jaccard, para os
caracteres qualitativos avaliados em doze variedades de alho, em Piracicaba – SP, 2012.
44

Por se tratarem de variáveis diferentes e de natureza também distinta é


aceitável que não haja correspondência total entre o agrupamento obtido com os
caracteres quantitativos e o obtido com os caracteres qualitativos. Sugere-se,
portanto que estes dois grupos de caracteres se complementem para que assim se
possa cobrir um maior número de marcas e consequentemente obter estimativas
mais fidedignas da diversidade genética destas populações.
Segundo Gonçalves et al. (2008), apesar da análise conjunta dos caracteres
quantitativos e qualitativos ser considerada um indicador potencialmente mais
completo da variabilidade existente nos bancos de germoplasma, poucos trabalhos
têm utilizado esta estratégia. Os autores ainda explicam que provavelmente isso
ocorre devido à falta de conhecimento das técnicas estatísticas que permitem essa
abordagem, à carência de softwares livres que analisem esses dados
conjuntamente, bem como pela tendência dos pesquisadores em dar mais
importância àquelas variáveis diretamente relacionadas com caracteres trabalhados
em programas de melhoramento.
No entanto, como neste trabalho há o interesse em conhecer a diversidade
genética existente nestas populações, optou-se por realizar a análise conjunta dos
caracteres quantitativos e qualitativos, através da soma das matrizes de distâncias
generalizadas de Mahalanobis e complemento aritmético de Jaccard. Após este
procedimento, pôde-se gerar o agrupamento com base no critério UPGMA.
O resultado da análise de agrupamento observado no dendrograma (Figura
6), após a obtenção da matriz resultante da soma das distâncias generalizadas de
Mahalanobis e complemento aritmético de Jaccard, mostra que, em geral, alguns
grupos se mantiveram constantes em relação aos dendrogramas gerados nas
demais análises, outros sofreram variação. Aqueles dois grupos citados na análise
de agrupamento das variedades com base nos caracteres quantitativos
individualmente só puderam ser observados a partir de 80% de divergência,
diferindo também do resultado obtido com a análise para os caracteres qualitativos
em que os dois grupos podem ser observados quando o corte é realizado a 90% de
divergência.
Assim, como nos dendrogramas anteriores, os genótipos do Piauí se
alocaram em um mesmo grupo. Além disso, notou-se que a variedade Branco
Mineiro – PI compartilhou certo grau de similaridade com a variedade Bocaina – PI.
45

Figura 6 – Dendrograma gerado pelo método de agrupamento UPGMA, com base na soma das matrizes das distâncias
generalizadas de Mahalanobis e complemento aritmético de Jaccard, para os caracteres qualitativos avaliados em
doze variedades de alho, em Piracicaba – SP, 2012.
46

O grau de similaridade observado entre as variedades Bocaina - PI e Branco


Mineiro – PI pode ser considerado como um resultado promissor neste estudo, haja
vista que a existência de similaridade entre uma variedade cultivada na atualidade e
uma variedade oriunda de coleta na década de 70, em uma mesma localidade, pode
representar uma perda reduzida de diversidade entre estas duas populações.
No agrupamento obtido pelo método de Tocher, houve a formação de 5
grupos (Tabela 10). É interessante notar que alguns grupos são formados por
variedades que se mantiveram no mesmo grupo quando aplicado o critério UPGMA.
Contudo, verificou-se a ausência do genótipo Sussuapara – PI no grupo 2, no qual
ficaram alocados os outros genótipos coletados no Piauí.
A população de Sussuapara – PI foi a mais divergente em relação às outras
populações estudadas, utilizando-se como critério de análise as distâncias
generalizadas de Mahalanobis, calculadas a partir dos caracteres quantitativos.
Portanto, o resultado observado após o agrupamento pelo método de Tocher
confirma esse aspecto, além dos resultados obtidos em outros agrupamentos com
relação à maioria dos grupos formados.

Tabela 10 – Agrupamento das doze variedades de alho, pelo método de otimização


de Tocher. Piracicaba – SP, 2012.

Grupos Variedades
Embrapa Cateto Roxo Livre de Vírus;
1 Sergipe; Cateto Roxo 99; Roxo de Minas
(Dr. Joaquim); BGH 0525.
Santo Antônio de Lisboa - PI; Branco
2
Mineiro - PI; Bocaina – PI.
Mendonça 5062; Catetinho do Paraná
3
1254.
4 Roxinho 5063
5 Sussuapara – PI

Todos estes locos resultaram em polimorfismo na população (Figura 7), com o


número de alelos por loco variando de 2 a 4, sendo que para a maioria dos locos
obteve-se 3 alelos. Na população de 96 indivíduos, para cada loco, a presença de
dois alelos diferentes já garante o polimorfismo.
47

Constata-se que o número de alelos por loco variou de 2 a 4, sendo que para
a maioria dos loco estudados obteve-se 3 alelos por loco. Na população de 96
indivíduos, para cada loco, a presença de dois alelos diferentes já garante o
polimorfismo.
Os dados gerados na genotipagem das variedades pelo uso demarcadores
microssatélites foram submetidos ao método de agrupamento UPGMA, utilizando-se
a matriz de distâncias de Rogers (1972) modificada por Wright (1978). Pelo
dendrograma gerado (Figura 8), observou-se a formação de três grupos, ao nível de
divergência de 78%. Mota et al. (2003), avaliando a diversidade genética existente
entre doze variedades de alho nobre e semi-nobre por meio de marcadores RAPD,
obtiveram coeficientes de similaridade variando entre 0,245 e 0,860, mostrando
haver variedades com alto grau de semelhança e outras muito divergentes.
Segundo Xavier (2001),quando é possível encontrar alta diversidade genética
ao se avaliar um determinado germoplasma, pode-se concluir que se trata de um
material que sofreu pouco processo de seleção e, por conta disto, uma cultura pouco
domesticada pode ter seu polimorfismo facilmente acessado através do uso de
poucos primers.
Dois dos grupos evidenciados no dendrograma são compostos pelos quatro
genótipos oriundos do Piauí, enquanto os demais são formados pelas variedades do
BAG de Alho da ESALQ – USP e do IAC. Notou-se que, assim como na
caracterização agromorfológica, a variedade Bocaina – PI teve maior grau de
similaridade com o Branco Mineiro – PI do que os demais genótipos piauienses.
Sugere-se com base nestas análises que houve pouca diferenciação entre as
variedades Bocaina – PI e Branco Mineiro – PI com o passar dos anos, enquanto as
de Sussuapara – PI e Santo Antônio de Lisboa – PI acumularam um número maior
de diferenças. Além disso, conforme observado nas análises anteriores, houve
segregação dos genótipos piauienses dos demais genótipos avaliados. Jo et al.
(2012), ao estudarem a variação genética em alho por meio de marcadores
microssatélites em germoplasma oriundo de diversos países, encontraram
associação entre a diversidade genética encontrada com a origem do germoplasma.
48

Figura 7 – Histogramas referentes às frequências relativas dos alelos encontrados


nos locos microssatélites utilizados na genotipagem de doze variedades
de alho. Piracicaba – SP, 2012.
49

Figura 8 – Dendrograma gerado pelo método de agrupamento UPGMA, utilizando-se a matriz de distâncias genéticas de Rogers,
com base na genotipagem em doze variedades de alho, com uso de marcadores microssatélites. Piracicaba – SP, 2012
50

5 CONCLUSÕES

Existe divergência genética, com base em marcadores agromorfológicos e


moleculares, entre as variedades de alho estudadas em função da procedência do
germoplasma. Assim, as variedades do BAG de Alho da ESALQ/USP correspondem
a material distinto do germoplasma oriundo do Piauí.
As variedades originárias de Sussuapara – PI e Santo Antônio de Lisboa – PI
acumularam diferenças em relação à variedade Branco Mineiro – PI, coletada na
Microrregião de Picos-PI, na década de 70. Esta por sua vez, compartilha alto grau
de similaridade com a variedade proveniente de Bocaina – PI, mostrando que houve
pouca diferenciação entre os anos 70 e a atualidade.
A existência de divergência genética entre as variedades de alho no Piauí
indica a possibilidade de seleção de genótipos superiores que aumentem a
competitividade do alho piauiense frente ao alho importado.
51

REFERÊNCIAS

ALMAJALI, D.; ABDEL-GHANI, A. H.; MIGDADI, H. Evaluation of genetic diversity


among Jordanian fig germplasm accessions by morphological traits and ISSR
markers. Scientia Horticulturae, v. 147, 2012.
ARRIEL, N. H. C.; DI MAURO, A. O.; DI MAURO, S. M. Z.; BAKKE, O. A.; UNÊDA-
TREVISOLI, S. H.; COSTA, M. M.; CAPELOTO, A.; CORRADO, A. R. Técnicas
multivariadas na determinação da diversidade genética em gergelim usando
marcadores RAPD. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, 2006.
ARRIEL, N. H. C.; VIEIRA, D. J.; ARRIEL, E. F.; PEREIRA, J. R.; COSTA, I. T.
Correlações genéticas e fenotípicas e herdabilidade em genótipos de gergelim
(Sesamum indicum L.). Revista de Oleaginosas e Fibrosas, v. 3, n. 3, 1999.
BAJAY, M. M., PINHEIRO, J. B., BATISTA, C. E. A., NOBREGA, M. B. M., ZUCCHI,
M. I. Development and characterization of microsatellite markers for castor (Ricinus
communis L.), an important oleaginous species for biodiesel production.
Conservation Genetics Resources, v. 1, n. 1, 2009.
BARBÉ, T. C.; AMARAL JÚNIOR, A. T.; GONÇALVES, L. S. A.; RODRIGUES, R.;
SCAPIM, C. A. Association between advanced generations and genealogy in inbred
lines of snap bean by the Ward-Modified Location Model. Euphytica, v. 173, 2010.
BASSIL, N.; BOCCACCI, P.; BOTTA, R.; POSTMAN, J.; MEHLENBACHER, S.
Nuclear and chloroplast microsatellite markers to assess genetic diversity and
evolution in hazelnut species, hybrids and cultivars. Genetic Resources and Crop
Evolution, v. 60, n. 2, 2013.
BENBOUZA, H.; JACQUEMIN, J. M.; BAUDOIN, J. P.; MERGEAI, G. Optimization of
a reliable, fast, cheap and sensitive silver staining method to detect SSR markers in
polyacrylamide gels. Biotechnology, Agronomy, Society and Environment, v. 10,
n. 2, 2006.
BLANK, A. F.; CARVALHO FILHO, J. L. S.; SANTOS NETO, A. L.; ALVES, P. B.;
ARRIGONI BLANK, M. F.; SILVA MANN, R.; MENDONÇA, M. C. Caracterização
morfológica e agronômica de acessos de manjericão e alfavaca. Horticultura
Brasileira, v. 22, n. 1, 2004.
BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: UFV, 2005, 969p.
CHUNG, M. Y.; LÓPEZ-PUJOL, J.; CHUNG, M. G. Low genetic diversity in marginal
populations of Bletilla striata (Orchidaceae) in southern Korea: Insights into
population history and implications for conservation. Biochemical Systematics and
Ecology, v. 46, 2013.
CHURATA, B. G. M.; AYALA-OSUNA, J. T. Correlações genotípicas, fenotípicas e de
ambiente e análise de trilha em caracteres avaliados no composto de milho (Zea
mays) arquitetura. Ciência e Prática, v.43, n.249, 1996.
CLIVATI, D.; GITZENDANNER, M. A.; HILSDORF, A. W.; ARAÚJO, W. L.; MIRANDA,
V. F. O. Microsatellite markers developed for Utricularia reniformis (Lentibulariaceae).
American Journal of Botany, v. 99, n. 9, 2012.
COELHO, C. M. M.; ZILIO, M.; SOUZA, C. A.; GUIDOLIN, A. F.; MIQUELLUTI, D. J.
Características agromorfológicas de cultivares crioulas de feijão comum em dois
anos de cultivo. Semina: Ciêncais Agrárias, v. 31, n. 1, 2010.
52

COSTA, N. H. A. D.; SERAPHIN, J. C.; ZIMMERMANN, F. J. P. Novo método de


classificação de coeficientes de variação para a cultura do arroz de terras altas.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 3, 2002.
CRUZ, C. D.; CARNEIRO, P. C. S. Modelos biométricos aplicados ao
melhoramento genético. Viçosa: UFV, v. 2, 2003, 585p.
CRUZ, C. D. Aplicação de algumas técnicas multivariadas no melhoramento de
plantas. Tese de Doutorado, ESALQ – USP, Piracicaba,1990, 188p.
CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento
genético. 2 ed. Viçosa: Imprensa Universitária, 2001. 390 p.
CRUZ, C. D.; FERREIRA, F. M.; PESSONI, L. A. Biometria aplicada ao estudo da
diversidade genética. Suprema, 2011, 620p.
CUNHA, C. P.; RESENDE, F. V.; PINHEIRO, J. B. Caracterização molecular de
bancos de germoplasma de alho e implicações no melhoramento genético. Nosso
Alho, n. 13, 2012.
CUNHA, C. P.; HOOGERHEIDE, E. S.; ZUCCHI, M. I.; MONTEIRO, M.; PINHEIRO,
J. B. New microsatellite markers for garlic, Allium sativum (Alliaceae). American
Journal of Botany, v. 99, n. 1, 2012.
DONG, Y. R.; ZHANG, Z. R.; YANG, H. Q. Sixteen novel microsatellite markers
developed for Dendrocalamus sinicus (Poaceae), the strongest woody bamboo in the
world. American Journal of Botany, v. 99, n. 9, 2012.
DOYLE, J. J.; DOYLE, J. L. A rapid total DNA preparation procedure for fresh plant
tissue. Focus, v. 12, 1990.
ETOH, T.; SIMON, P. W. Diversity, fertility and seed production of garlic. In:
RABINOWITCH, H. D.; CURRAH, L. Allium Crop Sciences: Recent Advances,
2002.
FARIA, P. N.; CECON, P. R.; SILVA, A. R.; FINGER, F. L.; SILVA, F. F.; CRUZ, C. D.;
SÁVIO, F. L. Métodos de agrupamento em estudo de divergência genética de
pimentas. Horticultura Brasileira, v. 30, 2012.
FERREIRA, M. E.; GRATTAPAGLIA, D. Introdução ao uso de marcadores
moleculares em análise genética. 3ª ed., Brasília, Embrapa-Cenargen, 1998, 220p.
FRANCO, J.; CROSSA, J.; RIBOUT, J. M.; BETRAN, J.; WARBURTON, M. L.;
KHAIRALLAH, M. A method for combining molecular markers and phenotypic
attributes for classifying plant genotypes. Theoretical and Applied Genetics, v. 103,
2001.
FRITSCH, R. M.; FRIESEN, N. Evolution, domestication and taxonomy. In:
RABINOWITCH, H. D.; CURRAH, L. Allium crop sciences: Recent Advances,
2002.
FRITSCH, R. M.; SALMAKI, Y.; ZARRE, S.; JOHARCHI, M. The genus Allium
(Alliaceae) in Iran: Current state, new taxa and new records. Rostaniha, v. 7, 2006.
GAO, L. M.; ZHANG, Z. R.; ZHOU, P.; MOLLER, M.; LI, D. Z. Microsatellite markers
developed for Corallodiscus lanuginosus (Gesneriaceae) and their cross-species
transferability. American Journal of Botany, v. 99, n. 2, 2012.
53

GONÇALVES, L. S. A.; RODRIGUES, R.; AMARAL JUNIOR, A. T.; KARASAWA, M.;


SUDRÉ, C. P. Comparison of multivariate statistical algorithms to cluster tomato
heirloom accessions. Genetics and Molecular Research, v. 7, 2008.
GOUDET, J. FSTAT: a computer program to calculate F-statistics (Version 2.9.3.2.).
Journal of Heredity, v. 86, 2002.
HAJMANSOOR, S.; BIHAMTA, M. R.; ALISOLTANI, A. Genetic diversity among and
within Iranian and non-Iranian barely (Hordeum vulgare L.) genotypes using SSR and
storage proteins markers. Biochemical Systematics and Ecology, v. 46, 2013
HALNET, P. Alliaceae. In: HALNET, P. Mansfeld’s Encyclopedia of Agricultural
and Horticultural Crops, 2002, p. 2250 – 2269.
HONNAY, O.; ADRIAENS, D.; COART, E.; JACQUEMYN, H.; ROLDAN-RUIZ, I.
Genetic diversity within and between remnant populations of the endangered
calcareous grassland plant Globularia bisnagarica L. Conservation Genetics, v. 8,
n. 2, 2007.
IPGRI. Descriptors for Allium (Allium spp.). International Plant Genetic Resources
Institute, 2001
JAMES, F. C.; McCULLOCH, C. E. Multivariate analysis in ecology and systematics:
panacea or Pandora's box? Annual Review of Ecology and Systematics, v. 43,
1990.
JO, M. H.; HAM, I. K.; MOE, K. T.; KWON, S. W.; LU, F. H.; PARK, Y. J.; KIM, W. S.;
WON, M. K.; KIM, T. I.; LEE, E. M. Classification of genetic variation in garlic (Allium
sativum L.) using SSR markers. American Journal of Crop Science, v. 6, n. 4,
2012.
KAMENETSKY, R.; FRITSCH, R. M. Ornamental Alliums. In: RABINOWITCH, H. D.;
CURRAH, L. Allium Crop Sciences: Recent Advances, 2002, p 459 – 492
KIK, C. R. K.; GEBHARDT, R. Garlic & Health: a European initiative for the
development of high quality garlic and its influence on biomarkers of atherosclerosis
and cancer in humans for disease prevention. IPGRI Newsletter for Europe, v. 22,
n. 5, 2001.
KIM, C.; JUNG, J.; CHOI, H. K. Molecular identification of Schoenoplectiella species
(Cyperaceae) by use of microsatellite markers. Plant Systematics and Evolution, v.
298, n. 4, 2012.
LAL, R. K. On genetic diversity in germplasm of vetiver Vetiveria zizanioides (L.)
Nash'. Industrial Crops and Products, v. 43, 2013.
LANZA, M.A.; GUIMARÃES, C.T.; SCHUSTER, I. Aplicação de marcadores
moleculares no melhoramento genético. Informe Agropecuário, n. 21, 2000.
LEBRET, K.; KRITZBERG, E. S.; FIGUEROA, R.; RENGEFORS, K. Genetic diversity
within and genetic differentiation between blooms of a microalgal species.
Environmental Microbiology, v. 14, n. 9, 2012.
LEDO, A. S.; SILVA JUNIOR, J. F.; LEDO, C. A. S.; SILVA, S. O.; Avaliação de
genótipos de bananeira na região do baixo São Francisco, Sergipe. Revista
Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 3, 2008.
LEWIS, P. O.; ZAYKIN, D. Genetic Data Analysis: Computer program for the
analysis of allelic data, version 1.0 (d12). 2000.
54

LI, Y.; ZHANG, X.; MA, C. H.; SHEN, J.; CHEN, Q.; WANG, T.; FU, T.; TU, J. QTL and
epistatic analyses of heterosis for seed yield and three yield component traits using
molecular markers in rapeseed (Brassica napus L.). Russian Journal of Genetics,
v. 48, n. 10, 2012.
LITTLE, T. M.; HILLS, F. J. Agricultural experimentation: Design and analysis.
New York: Willey, 1978, 350pp.
LIU, B.; WENDEL J. F. Intersimple sequence repeat (ISSR) polymorphisms as a
genetic marker system in cotton. Molecular Ecology Notes, v. 1, 2001.
LUCINI, M. A. Alho roxo no Brasil: um pouco da história dos números desse nobre.
Revista Nosso Alho, v. 1, n. 1, 2008.
LYRA, W. S.; SILVA, E. C.; ARAÚJO, M. C. U. F.; WALLACE, D.; VERAS, G.
Classificação periódica: um exemplo didático para ensinar análise de componentes
principais. Química Nova, v. 33, n. 7, 2010.
MAHALANOBIS, P. C. Historical note on the D²-statistic. Sankhya, v. 9, 1948.
MANLY, B. J. F. Métodos estatísticos multivariados: uma introdução. 3 ed. Porto
Alegre: Bookman, 2008.
MELLANO, M. G.; BECCARO, G. L.; DONNO, D.; MARINONI, D. T.; BOCCACCI, P.;
CANTERINO, S.; CERUTTI, A. K.; BOUNOUS, G. Castanea spp. biodiversity
conservation: collection and characterization of the genetic diversity of an
endangered species. Genetic Resources and Crop Evolution, v. 59, n. 8, 2012.
MELO, W. F.; RESENDE, F. V.; GUIDUCCI FILHO, E.; DUSI, A. N. Da bancada ao
agricultor: A transferência da tecnologia de alho livre de vírus aos agricultores
familiares da Bahia. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 28, n. 1, 2011.
MENGESHA, W. A.; DEMISSEW, S.; FAY, M. F.; SMITH, R. J.; NORDAL, I.; WILKIN,
P. Genetic diversity and population structure of Guinea yams and their wild relatives
in South and South West Ethiopia as revealed by microsatellite markers. Genetic
Resources and Crop Evolution, v. 60, n. 2, 2013.
MILLER, M. P. TFPGA Version 1.3. A Windows program for the analysis of
allozyme and molecular population genetic data. Depart. of Biological Sci.
Northern Arizona University. 1997. p. 30.
MITSUI, Y.; SETOGUCHI, H. Recent origin and adaptive diversification of Ainsliaea
(Asteraceae) in the Ryukyu Islands: molecular phylogenetic inference using nuclear
microsatellite markers. Plant Systematics and Evolution, v. 298, n. 5, 2012.
MORI, N. T.; MORAES, M. L. T.; MORITA, C. M.; MORI, E. S. Genetic diversity
between and within populations of Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos using
microsatellite markers. Cerne, v. 18, n. 1, 2012.
MOTA, J. H.; YURI, J. E.; RESENDE, G. M.; SOUZA, R. J. Similaridade genética de
cultivares de alho pela comparação de caracteres morfológicos, físicoquímicos,
produtivos e moleculares. Horticultura Brasileira, v. 24, 2006.
MUELLER, S.; BIASI, J.; MENEZES SOBRINHO, J. A.; MÜLLER, J. J. V.
Comportamento de cultivares de alho, plantio de junho. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 25, n. 11, 1990.
NASS, L. L.; VALOIS, A. C. C.; MELO, I. S.; VALADARES-INGLIS, M. C. Recursos
Genéticos e Melhoramento - Plantas. Rondonópolis: Fundação MT, 2001.
55

PANTHEE, D. R.; KC, R. B.; REGMI, H. N.; SUBEDI, P. P.; BHATTARAI, S.;
DHAKAL, J. Diversity analysis of garlic (Allium sativum L.) germplasms available in
Nepal based on morphological characters. Genetic Resources and Crop
Evolution, v. 53, 2006.
PARVARESH, M.; TALEBI, M.; SAYED-TABATABAEI, B. E.; Molecular diversity and
genetic relationship of pomegranate (Punica granatum L.) genotypes using
microsatellite markers. Scientia Horticulturae, v. 138, 2012.
PENROSE, L. W. Distance, Size and Shape. Annals of Eugenics, 18, 1953.
PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. São Paulo: Nobel,
2009, 467p.
PRABHA, S. S.; INDIRA, E. P.; NAIR, P. N. Contemporary gene flow and mating
system analysis in natural teak forest using microsatellite markers. Current Science,
v. 101, n. 9, 2011.
PRIORI, D.; BARBIERI, R. L.; CASTRO, C. M.; DE OLIVEIRA, A. C.; VILELLA, J. C.
B.; MISTURA, C. C. Molecular characterization of pumpkin landraces by
microsatellite markers. Horticultura Brasileira, v. 30, n. 3, 2012.
QUIROGA, G. C.; SILVA, Z. P.; CARVALHO, E. F.; BENTO, N. P. Custo de produção
da cultura do alho. Municípios de Picos e Bocaina (PI) 1974. Anais da E.A.V. –
Universidade Federal de Goiás, n. 1, 1975.
RAMALHO, M. A. P.; FERREIRA, D. F.; OLIVEIRA, A. C.; Experimentação em
genética e melhoramento de plantas. 1. ed. LAVRAS: Editora UFLA, v.1, 2000. 303p
RAMOS, S. R. R.; QUEIROZ, M. A. Caracterização morfológica: experiência do BAG
de cucurbitáceas da Embrapa Semi – Árido, com acessos de abóbora e morango.
Horticultura Brasileira, v. 17, 1999.
ROGERS, J. S. Measures of genetic similarity and genetic distance. Austin:
University of Texas Publication, 1972.
ROHLF, F. J. NTSYS-pc numerical taxonomy and multivariate analysis system,
version 1.80. Setauket: Exeter Software, 1989.
SANTOS, F. R.; LACERDA, D. R.; REDONDO, R. A. F.; NASCIMENTO, A. M. A.;
SOUZA, E. C.; BORBA, E. L.; RIBEIRO, R. A.; LOVATO, M. B. Diversidade genética.
Biota Minas: diagnóstico do conhecimento sobre a biodiversidade no estado
de Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2009.
SARTIE, A.; ASIEDU, R.; FRANCO, J. Genetic and phenotypic diversity in a
germplasm working collection of cultivated tropical yams (Dioscorea spp.). Genetic
Resources and Crop Evolution, v. 59, n. 8, 2012.
SASAKI, T. The map-based sequence of the rice genome. Nature, v. 436, n. 7052,
2005.
SAS INSTITUTE. SAS/ETS® User’s Guide, Version 7-2. Cary : SAS Institute, 1999.
1550p
SIMON, P. W. The origin and distribution of garlic: How many garlics are there?
Disponível em: < http://www.ars.usda.gov/Research/docs.htm?docid=5232>, 2004.
SIMON, P. W.; JENDEREK, M. M. Flowering, seed production and the genesis of
garlic breeding. Plant Breeding Reviews, v. 23, 2003.
56

SNEATH, P. H.; SOKAL, R. R. Numerical taxonomy: The principles and practice


of numerical classification. San Francisco, W. H. Freeman, 1973, 573 pp.
SINGH, A; PANDEY, M. P.; SINGH, A. K.; CLARKE, J. M.; KNOX, R. E.; AMMAR, K.;
SINGH, R. P.; POZNIAK, C. J.; DEPAUW, R. M.; CLARKE, F. R.; MCCALLUM, B. D.;
CUTHBERT, R. D.; RANDHAWA, H. S. Molecular mapping of leaf rust and stripe rust
resistance QTL in durum wheat. Canadian Journal of Plant Science, v. 92, n. 3,
2012.
SINGH, R. K.; DUBEY, B. K.; BHONDE, S. R.; GUPTA, R. P. Correlation and path
coefficient studies in garlic (Allium sativum L.). Journal of Spices and Aromatic
Crops, v. 20, n. 2, 2011.
SOUZA, A. S.; SOUZA, F. V. D.; SANTOS SEREJO, J. A.; JUNGHANS, T. G.; PAZ,
O. P.; MONTARROYOS, A. V. V.; SANTOS, V. S.; MORAIS, L. S. Preservação de
Germoplasma Vegetal, com Ênfase na Conservação in Vitro de Variedades de
Mandioca. Circular Técnica 90, Embrapa, 2009.
TORRES, S. B.; OLIVEIRA, F. N.; OLIVEIRA, R. C.; FERNANDES, J. B.
Produtividade e morfologia de acessos de caupi, em Mossoró, RN. Horticultura
Brasileira, v. 26, n. 4, 2008.
VARSHNEY, R. K.; THIEL, T.; SRETENOVIC-RAJICIC, T. Identification and validation
of a core set of informative genic SSR and SNP markers for assaying functional
diversity in barley. Molecular Breeding, v. 22, n. 1, 2008.
VELOSO, M. E. C.; DUARTE, R. L. R.; ATHAYDE SOBRINHO, C.; MELO, F. B.;
RIBEIRO, V. Q. Características de alho em Picos, PI. Horticultura Brasileira, v. 16,
n. 3, 1999.
VOLK, G. M.; HENK, A. D.; RICHARDS, C. M. Genetic diversity among U. S. garlic
clones detected using AFLP methods. Journal of American Society of
Horticultural Sciences, v. 129, n. 4, 2004.
VENDRAMINI, J. M.; NEVES, L. G.; BARELLI, M. A. A.; ELIAS, J. C. F.; LUZ, P. B.
Otimização do uso dos descritores morfo-agronômicos de mandioca em análise
multivariada. Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 4, 2011.
WANG, B.; NIE, Y.; LIN, Z.; ZHANG, X.; LIU, J.; BAI, J. Molecular diversity, genomic
constitution, and QTL mapping of fiber quality by mapped SSRs in introgression lines
derived from Gossypium hirsutum × G. darwinii Watt. Theoretical and Applied
Genetics, v. 125, n. 6, 2012.
WEIR, B. S.; COCKERHAM, C. C. Estimating F-statistics for the analysis of
population structure. Evolution, Lancaster, v. 38, n. 6, 1984.
WRIGHT, S. Evolution and the genetics of populations: variability within and
among natural populations. Chicago: University of Chicago Press, v. 4, 1978.
XAVIER, K. G. Divergência genética em clones de Eucalyptus avaliada por
marcadores RAPD, e variações nas propriedades da madeira. Dissertação de
Mestrado (Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2001.

Você também pode gostar