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Nº 11.

619 - Ano XLVI


Diário Oficial Terça-feira, 13 de junho de 2017 Prefeitura Municipal de Campinas
www.campinas.sp.gov.br

Suplemento
GABINETE DO PREFEITO

LEI Nº 15.440 DE 12 DE JUNHO DE 2017

Institui o Plano Municipal de Educação Ambiental e dá outras providências.

O PREFEITO MUNICIPAL DE CAMPINAS. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º Fica instituído o Plano Municipal de Educação Ambiental - PMEA, nos termos do Anexo Único que integra esta Lei.

Art. 2º O Plano Municipal de Educação Ambiental - PMEA visa à integração das ações de Educação Ambiental e tem como objetivo prin-
cipal auxiliar os atores sociais ligados à Educação Ambiental a se reconhecerem, conectando-os ao universo da Rede Campinas de Educação
Ambiental.

Art. 3º O Plano Municipal de Educação Ambiental será executado pelo Grupo de Implementação e Acompanhamento do Plano Municipal
de Educação Ambiental - GIA/PMEA, responsável pela integração, planejamento, coordenação e implementação dos programas, projetos e
ações previstos no Plano.

§ 1º A composição e o detalhamento das atribuições do Grupo de Implementação e Acompanhamento do Plano Municipal de Educação Am-
biental - GIA/PMEA serão definidos pela Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no prazo máximo
de 4 (quatro) meses, após a publicação desta Lei.

§ 2º Compete à Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável coordenar o Grupo de Implementação e
Acompanhamento do Plano Municipal de Educação Ambiental - GIA/PMEA.

§ 3º Os membros do Grupo de Implementação e Acompanhamento do Plano Municipal de Educação Ambiental - GIA/PMEA não percebe-
rão qualquer remuneração por sua atuação, que será considerada de relevante contribuição ao município.

Art. 4º As revisões do Plano Municipal de Educação Ambiental - PMEA serão feitas mediante ato normativo do Poder Executivo.

Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6º Ficam revogadas as disposições em contrário, especialmente o § 1º do art.18 da Lei nº 14.961, de 6 de janeiro de 2015, o Decreto nº
17.885, de 27 de fevereiro de 2013, e o art. 4º do Decreto nº 19.371, de 28 de dezembro de 2016.

Campinas, 12 de junho de 2017


JONAS DONIZETTE
Prefeito Municipal

Autoria: Executivo Municipal


Protocolado: 17/10/7325
2 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

“O primeiro desafio é o ético, coletivo.


É indispensável que o homem
vivencie, sinta que pertence a uma
rede de vida e que esta rede se
EDUCAÇÃO AMBIENTAL sustenta pela participação de todos.

PARA UMA CAMPINAS VIVA! (…) Nós não somos muitos,


nós somos um só.”

Judith Cortesão

EXPEDIENTE
O Diário Oficial do Município de Campinas (Lei Nº 2.819/63) é uma publicação da Prefeitura Municipal de Campinas Site: www.campinas.sp.gov.br

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Recebimento de conteúdo para publicação até as 17 horas do dia anterior.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 3

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS

JONAS DONIZETE
Prefeito

HENRIQUE MAGALHÃES TEIXEIRA


Vice-Prefeito

ROGÉRIO MENEZES
Secretário Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Campinas, 05 de dezembro de 2016


4 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

COORDENAÇÃO GERAL

Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável


Dominique Missio de Faria
Sueli Aparecida Thomaziello

COORDENAÇÃO ADJUNTA

Secretaria Municipal de Educação


Lúcia Helena Pegolo Gama
Juliano Pereira de Mello

Fundação José Pedro de Oliveira


Augusto de Oliveira Bruno Vieira
Cristiano Krepsky

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP


Sandro Tonso
Fernando Roberto Martins

Conselho Municipal do Meio Ambiente – COMDEMA


Carlos Alexandre Silva
Pia Gerdo Passeto
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GRUPO TÉCNICO DO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

SECRETARIAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS


Secretaria Municipal de Cultura
Secretaria Municipal de Habitação
Secretaria Municipal da Saúde
Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida
Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano

CONSELHOS
Conselho Gestor da APA Campinas
Conselho Municipal de Defesa Animal
Conselho Municipal de Educação
Conselho Municipal de Cultura
Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência
Conselho Municipal de Saúde

SUB-PREFEITURAS MUNICIPAIS
Subprefeitura de Barão Geraldo
Subprefeitura de Nova Aparecida
Subprefeitura de Sousas
Subprefeitura de Joaquim Egídio

OUTRAS INSTITUIÇÕES
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IAC – Instituto Agronômico de Campinas
PUCC – Pontifícia Universidade Católica de Campinas
USF – Universidade São Francisco
SANASA – Sociedade de Água e Abastecimento de Campinas
Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim
6 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

APOIO
Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos
Secretaria Municipal da Chefia de Gabinete do Prefeito
Secretaria Municipal da Cidadania, Assistência e Inclusão Social
Secretaria Municipal da Comunicação
Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Social e Turismo
Secretaria Municipal de Serviços Públicos
Secretaria Municipal de Trabalho e Renda
Secretaria Municipal de Cooperação nos assuntos de Segurança Pública
NAED NOROESTE – Núcleo de Ação Educativa Descentralizada Noroeste
NAED NORTE – Núcleo de Ação Educativa Descentralizada Norte
NAED LESTE – Núcleo de Ação Educativa Descentralizada Leste
NAED SUDOESTE – Núcleo de Ação Educativa Descentralizada Sudoeste
NAED SUL – Núcleo de Ação Educativa Descentralizada
Estagiário da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (ano de
2016): Bráulio Fabiano
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SIGLAS E SIGNIFICADOS

CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral


CEA Centro de Educação Ambiental
COMDEMA Conselho Municipal de Meio Ambiente
Conselho Gestor da Área Proteção Ambiental Municipal de
CONGEAPA
Campinas
CPEA Coordenadoria Setorial de Projetos e Educação Ambiental
Coordenadoria Setorial de Tecnologia de Informações
CTeIA
Ambientais
DECOM Departamento de Comunicação de Campinas
DLU Departamento de Limpeza Urbana
DPJ Departamento de Parques e Jardins
EA Educação Ambiental
EGDS Escola do Governo e Desenvolvimento do Servidor
GAUC Guia de Arborização Urbana de Campinas
GTEA Grupo Técnico de Educação Ambiental
IMG Indicadores de Metas do Governo
LUOS Lei de Uso e Ocupação do Solo
MEC Ministério da Educação e Cultura
NAED Núcleo de Ação Educativa Descentralizada
PLO Projeto de Lei Ordinária
PMC Prefeitura Municipal de Campinas
PMEA Plano Municipal de Educação Ambiental
PMRH Plano Municipal de Recursos Hídricos
PMRS Plano Municipal de Resíduos Sólidos
PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico
PMV Plano Municipal do Verde
PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
PNEA Política Nacional de Educação Ambiental
PPP Projeto Político Pedagógico
SEPLAN Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social
SMDEST
e de Turismo
SME Secretaria Municipal de Educação
SMS Secretaria Municipal de Saúde
Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento
SVDS
Sustentável
SWOT Strengths-Weaknesses-Opportunities-Threats
8 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

APRESENTAÇÃO constituído por diferentes representações da


sociedade, de universidades, do governo, do
O Plano Municipal de Educação Ambiental
terceiro setor e pela sociedade, com participação
(PMEA) foi construído visando estimular a
em diversas formas de interação (café mundial,
participação da população na construção coletiva
oficinas, rodas de conversa, dramatizações,
de projetos e ações, a fim de efetivar a
audiências e consultas pública, site, e-mail,
implantação da Política Municipal de Educação
facebook entre outros).
Ambiental.
Assim, o fruto desse trabalho, embasado na
Esse processo perpassa pelas várias instâncias
Política Municipal de Educação Ambiental, trilhou
administrativas envolvidas na temática e,
o caminho do diálogo e da transparência por meio
principalmente, visa a incorporar e consolidar os
de um profícuo processo.
anseios e demandas dos diferentes atores sociais
Nessa linha, visou-se ampliar o processo de oitiva
do município de Campinas no segmento da
da comunidade e primou-se por estratégias que
Educação Ambiental.
garantiram que esse documento, mais do que um
Buscando dar continuidade ao processo que
testemunho material, adquirisse uma estrutura de
deflagrou a elaboração da Lei nº 14.961, de 06 de
alicerce para uma gestão democrática da
janeiro de 2015, as Secretarias do Verde, Meio
Educação Ambiental no município.
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de
Por ser um processo fluente, não estático, a
Educação da Prefeitura Municipal de Campinas
construção de um Plano de Educação Ambiental
trabalharam em conjunto para que a capilaridade,
está em constante movimento. Portanto, o convite
a flexibilidade e a continuidade das ações de
à participação de todos os atores sociais
Educação Ambiental suplantassem o status de
envolvidos em ações de Educação Ambiental não
metas e se tornassem condições intrínsecas desse
se cessa com a publicação deste documento. Pelo
processo.
contrário, ela se solidifica para que a construção
Para isso, considerou-se importante resgatar o
comunitária se faça, a cada dia, mais presente e
acúmulo de experiências no Município,
mais ativa, fortalecendo o crescimento e
potencializando as interlocuções territoriais,
desenvolvimento constante do processo contínuo
visando à construção do coletivo, extrapolando
de Educação Ambiental.
para além de ações isoladas e pulverizadas,
apoiando a criação de fóruns permanentes,
construindo indicadores de monitoramento e, Rogério Menezes

sobretudo, contribuindo para a construção de


perspectivas inovadoras e aprofundadas de Secretário Municipal do Verde, Meio Ambiente e
Educação Ambiental na dimensão das questões Desenvolvimento Sustentável
sociais e ambientais da região de Campinas.
Com o intuito de atingir o mais diversificado e
amplo número de atores, distribuídos pelos três
segmentos definidos pela Lei nº 14.961, de 06 de
janeiro de 2015 (formal, não-formal e informal),
esse desafio foi abraçado por um Grupo Técnico
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 8

2. DIAGNÓSTICO............................................................................................................................. 10

2.1 A REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS, O MUNICÍPIO E SUAS REGIÕES ......................................................................... 11


2.1.1 O Município de Campinas ......................................................................................................................... 14
2.2 ORIENTAÇÃO TÉCNICA E CONCEITUAL .......................................................................................................................... 18
2.2.1 Diretrizes do Plano Municipal de Educação Ambiental ............................................................................. 20
2.2.2 Princípios básicos da Educação Ambiental ............................................................................................... 22
2.3 CONHECENDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CAMPINAS.................................................................................................. 22
2.3.1 O COEDUCA e sua história no município ................................................................................................... 22
2.3.2 Espaços e centros de Educação Ambiental ............................................................................................... 23
2.3.3 As Oficinas do Plano Municipal de Educação Ambiental .......................................................................... 25
2.4 COMPREENDENDO A DINÂMICA INSTITUCIONAL ............................................................................................................. 27
2.4.1 O Modelo Conceitual para a Condução e Estruturação do Plano Municipal de Educação Ambiental ...... 27

3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 43

4. OBJETIVO.................................................................................................................................... 43

5. PROGRAMAS E AÇOES AMBIENTAIS ........................................................................................... 45

5.1 ESPAÇOS EDUCADORES ...................................................................................................................................... 47


5.1.1 Contexto .................................................................................................................................................... 47
5.1.2 Objetivo 1: Instituir Centros de Educação Ambiental................................................................................ 49
5.1.3 Objetivo 2: Instituir Circuito Educador ...................................................................................................... 49
5.2 FORMAÇÃO DE EDUCADORES ............................................................................................................................ 50
5.2.1 Contexto .................................................................................................................................................... 50
5.2.2 Objetivo 1: Promover a formação continuada e complementar ............................................................... 54
5.2.3 Objetivo 2: Fortalecer os Coletivos Educadores Ambientais ..................................................................... 55
5.2.4 Objetivo 3: Estimular a Ambientalização Curricular ................................................................................. 55
5.3 EDUCOMUNICAÇÃO ........................................................................................................................................... 56
5.3.1 Contexto .................................................................................................................................................... 56
5.3.2 Objetivo 1: Fortalecer processos de Educomunicação no município de Campinas ................................... 57
5.3.3 Objetivo 2: Promover eventos de Educomunicação .................................................................................. 58
5.4 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO....................................................................................................................... 59
5.4.1 Contexto .................................................................................................................................................... 59
5.4.2 Objetivo 1: Implementar a Rede Campinas de Educação Ambiental, integrando atores ambientais,
espaços e instituições voltadas ao meio ambiente de forma integrada e digital ................................................... 64
5.4.3 Objetivo 2: Monitorar e Avaliar ações de Educação Ambiental no município de Campinas .................... 65

6. FONTES DE FINANCIAMENTO ..................................................................................................... 66

7. DEFINIÇÃO DE HORIZONTE DO PLANEJAMENTO ........................................................................ 66


10 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

8. PERIODICIDADE DE REVISÃO ...................................................................................................... 67

9. PROGNÓSTICO............................................................................................................................ 67

9.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E FERRAMENTAS DE CONDUÇÃO DO PMEA.......................................................................... 68


9.2 ARTICULAÇÃO POLÍTICA E INSTITUCIONAL ..................................................................................................................... 69
9.3 AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA.......................................................................................................................................... 76
9.3.1 Avaliação Estratégica com o uso do SWOT ............................................................................................... 76
9.3.2 Processo Participativo ............................................................................................................................... 81
9.4 DEFINIÇÃO DE PROGRAMAS E METAS .......................................................................................................................... 82

10. FORMAS DE ACOMPANHAMENTO E REPORTE DO ANDAMENTO DAS AÇÕES............................. 82

11. AÇÕES FINAIS: CONDICIONANTES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PMEA .................................... 84

11.1 EQUIPE ............................................................................................................................................................. 84


11.2 ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL ............................................................................................................................... 84
11.3 INFRAESTRUTURA ............................................................................................................................................... 84

12. REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 85

13. ANEXO I ...................................................................................................................................... 89

13.1 ANÁLISE SWOT ................................................................................................................................................. 89


13.2 O MÉTODO PDCA ............................................................................................................................................. 91
13.3 O MÉTODO DESIGN THINKING............................................................................................................................... 93
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 11

1. INTRODUÇÃO

A Política Municipal de Educação Ambiental do município de Campinas, instituída pela Lei


14.961 de 06 de janeiro de 2015, elenca, entre os instrumentos a serem utilizados para a
consecução de seus objetivos, o Plano Municipal de Educação Ambiental (PMEA).
Buscando a materialização desse instrumento, em 2014, sob a coordenação geral da
Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, foi iniciada
a elaboração de uma proposta de PMEA em um processo que contou com a coordenação
adjunta da Secretaria Municipal de Educação, do Conselho Municipal de Meio Ambiente,
da Fundação José Pedro de Oliveira e da Universidade Estadual de Campinas, além da
participação de outras instituições, que constituíram o grupo de trabalho responsável por
subsidiar a construção do Plano, e de munícipes e educadores que trouxeram suas
expectativas e experiências em oficinas e reuniões.
Dessa forma, o presente plano foi desenvolvido com o principal objetivo de compreender
como a Educação Ambiental vem sendo praticada no Município de Campinas, tecer uma
rede que interligue os atores sociais que desenvolvem a Educação Ambiental no município
e contribua para a construção de um processo contínuo e permanente de Educação
Ambiental no município.

Assim, com o auxílio de parceiros e de membros da comunidade, primeiramente, foi


desenhado um Documento Orientador, o qual traduziu uma parte do que representa o
reflexo do contexto atual da Educação Ambiental do município de Campinas, uma análise
do presente cenário e, posteriormente, quatro programas com ações específicas para
melhor desenvolverem as vivências de Educação Ambiental com base nos anseios da
população de Campinas.
Dessa forma, o Plano Municipal de Educação Ambiental está organizado em três volumes:

x VOLUME I: Documento Orientador


x VOLUME II: Plano Municipal de Educação Ambiental
x VOLUME III: Caderno de Subsídios (contendo o histórico da construção do PMEA)

Durante a elaboração do presente Plano, constatou-se que o mapeamento das atividades


de Educação Ambiental no município precisaria estar em constante atualização, visto que
se trata de um processo vivo e dinâmico.
12 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Portanto, esse Plano vem apresentar um marco de reconhecimento e integração das ações
de Educação Ambiental, alinhadas em uma rede sinérgica no cenário municipal. Ele
também orienta a governança municipal sobre seu compromisso com o desenvolvimento
das práticas de Educação Ambiental no município de Campinas.
Por tratar de um objeto dinâmico (Educação Ambiental), o presente plano tem meta de
vigência de quatro anos, sendo que, no terceiro ano, ele deverá ser revisto e atualizado.
Das variadas formas que assumem as atividades do campo da Educação Ambiental, o
PMEA considera a chamada Educação Ambiental Crítica (GUIMARÃES, 2000 e
LAYRARGUES & LIMA, 2014), Alternativa (LAYRARGUES, 2002) ou Popular (CARVALHO,
2001) – a nomenclatura adotada difere entre os referidos autores, entretanto, a linha
político-pedagógica que responde ao enfrentamento das questões socioambientais são
análogas.

Como afirma Mauro Guimarães (2000):

“Em uma concepção crítica de Educação, acreditasse [sic] que a transformação da


sociedade é causa e consequência (relação dialética) da transformação de cada
indivíduo, há uma reciprocidade dos processos no qual propicia a transformação de
ambos. Nesta visão, educando e educador são agentes sociais que atuam no processo
de transformações sociais; portanto, o ensino é teoria/prática, é práxis. Ensino que se
abre para a comunidade com seus problemas sociais e ambientais, sendo estes
conteúdos do trabalho pedagógico. Aqui a compreensão e atuação sobre as relações
de poder que permeiam a sociedade são priorizados, significando uma Educação
política. No exemplo dos operários da indústria poluidora, seria trabalhar estes operários
como agentes sociais, incorporando estas questões em suas lutas sindicais e políticas.”

Com essa compreensão em mente, este Plano foi desenhado de modo a beneficiar a
prática de uma Educação Ambiental crítica capaz de produzir identificação e significado a
todos que se envolverem com sua proposta.
A principal intenção do PMEA é atingir as dimensões da participação, da capilaridade, da
flexibilidade e da continuidade de um processo articulado e democrático de Educação
Ambiental no Município de Campinas.
O horizonte a ser perseguido é fazer do Município de Campinas um terreno fértil onde
frutifique a Educação Ambiental nos segmentos formal, não formal e informal.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 13
Este Plano representa, na Política Municipal de Educação Ambiental – Lei 14.961 de 06 de
janeiro de 2015 –, uma ferramenta para o fortalecimento da Educação Ambiental no
Município de Campinas.
O Plano Municipal tem como princípio a melhoria contínua, a qual não se encerra em si,
mas busca, por meio do monitoramento dos programas, retroalimentar, não apenas as
ações, mas seus objetivos e diretrizes. Sendo assim, é necessário que, durante o processo
de implantação desse Plano, as informações sejam constantemente monitoradas e as
orientações e ações sejam continuamente revistas como forma de aprimoramento e
manutenção da sua qualidade.
Os objetivos, as diretrizes e os princípios apresentados neste documento resultam da
construção e da elaboração da própria política. Dessa forma, população e governança
municipal trabalharão juntos para a sustentabilidade das práticas de Educação Ambiental
no município de Campinas.

2. DIAGNÓSTICO

Partindo do pressuposto de que a Educação Ambiental pode ser desenvolvida em caráter


informal, provavelmente, a história da Educação Ambiental no município de Campinas se
confunde com o caminho de formação do município. Dessa forma, torna-se complicado
mapear a sua origem na cidade das Andorinhas. Entretanto, no começo da construção do
PMEA, quando se deu início ao processo de mapeamento das ações que Campinas
desenvolve nesse segmento, o Grupo Técnico de trabalho se deparou com várias iniciativas
dispersas no município que caracterizaram a busca pela promoção, realização,
reconhecimento e aprimoramento da Educação Ambiental no município.
Muitas vezes, as iniciativas de Educação Ambiental são feitas por atores sociais voluntários
e/ou por instituições que investem recursos prezando por cuidar do caráter educativo o qual
pode ser considerado a base que sustenta as ações ambientais. Muitas dessas ações foram
desenvolvidas em períodos anteriores à escrita da Política Municipal de Educação
Ambiental e do próprio PMEA. Entre elas, um exemplo que merece destaque é o
COEDUCA (Coletivo Educador de Campinas).
Para o mapeamento inicial do cenário da Educação Ambiental em Campinas visando à
estruturação do alicerce que guiaria a construção do PMEA, foram desenvolvidas 4 (quatro)
oficinas participativas no ano de 2015 e 9 (nove) oficinas participativas no ano de 2016
14 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

(sendo uma oficina de oitivas no bairro Vila Costa e Silva e 8 (oito) oficinas de escrita
participativa com munícipes de toda região). É importante destacar também a realização da
oficina participativa que ocorreu em 2014 a qual orientou os principais objetivos e diretrizes
da Política Municipal de Educação Ambiental e, consequentemente, o PMEA.
Dessa forma, o processo de diagnóstico do PMEA foi desenvolvido buscando estruturar a
base que guiou as estratégias de ação dos programas, projetos (por exemplo, a Semana
do Meio Ambiente) e ações que estão propostos nesse documento.
Iniciando o processo de diagnóstico, prezou-se por tecer um embasamento teórico o qual
orientou técnica e conceitualmente o processo e, posteriormente, partiu-se para o
entendimento do programa COEDUCA, que foi um grande marco e referencial de atuação
coletiva da Educação Ambiental no município de Campinas. Posteriormente a isso, deu-se
início ao mapeamento preliminar dos atores sociais do município devido à percepção da
necessidade de interligar os diversos agentes que atuam em prol da Educação Ambiental
em Campinas.
Por fim, em um processo de diagnóstico mais próximo à população, foram realizadas as
oficinas que possibilitaram a participação de diferentes atores sociais na construção do
PMEA.

2.1 A Região Metropolitana de Campinas, o Município e suas Regiões

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é constituída por 20 municípios paulistas.


Ela foi criada pela Lei Complementar Estadual 870, de 19 de junho de 2000.
De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, a região é uma das mais dinâmicas no
cenário econômico brasileiro e representa 1,8% do PIB (Produto interno Bruto) nacional e
7,81% do PIB paulista. Além disso, ela possui uma forte economia e apresenta uma
infraestrutura que proporciona o desenvolvimento de toda a área metropolitana.
Conforme a estimativa populacional do IBGE1, em 2015, a RMC chegou à marca de 3,09
milhões de habitantes. Isso fez dela a décima maior região metropolitana do Brasil e a
segunda maior região metropolitana de São Paulo. Ela também apresenta um dos melhores

1
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=350950 – Consultado em Set/2016
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 15

Índices de Desenvolvimento Humano entre as regiões metropolitanas do Brasil, segundo


dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Ranking - Todas as RMs (ano 2010)


IDHM IDHM IDHM
Posição Lugares IDHM
Renda Longevidade Educação
1º São Paulo 0,794 0,812 0,853 0,723
2º Distrito Federal e Entorno 0,792 0,826 0,857 0,701
3º Campinas 0,792 0,798 0,858 0,726
4º Curitiba 0,783 0,803 0,853 0,701
5º Vale do Paraída e Litoral Norte 0,781 0,765 0,851 0,732
6º Baixada Santista 0,777 0,775 0,842 0,720
7º Belo Horizonte 0,774 0,788 0,849 0,694
Tabela 1 - Ranking de IDH das Regiões Metropolitanas 2

2
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/ranking/
16 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 1 - Municípios da Região Metropolitana de Campinas

3
Fonte: EMBRAPA – outubro/2016 – http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/144830/1/4725.pdf

13
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 17

Municípios da Região Metropolitana de Campinas


Município Área (Km²) População (2015)
Americana 134.000 229.322
Artur Nogueira 178.000 50.246
Campinas 796.000 1.164.098
Cosmópolis 155.000 66.807
Engenheiro Coelho 110.000 18.611
Holambra 64.000 13.375
Hortolândia 62.000 215.819
Indaiatuba 311.000 231.033
Itatiba 323.000 113.284
Jaguariúna 142.000 51.907
Monte Mor 241.000 55.409
Morungaba 147.000 12.934
Nova Odessa 73.000 56.764
Paulínia 139.000 97.702
Pedreira 110.000 45.579
Santa Bárbara d'Oeste 271.000 190.139
Santo Antônio de Posse 154.000 22.389
Sumaré 153.000 265.955
Valinhos 149.000 120.258
Vinhedo 82.000 72.550
Total 3.648.000 3.094.181
Tabela 2 - Área e População da Região Metropolitana de Campinas 4

2.1.1 O Município de Campinas

Campinas é um município brasileiro no interior do estado de São Paulo, Região Sudeste do


país. Ele ocupa uma área de 795,7 km², sendo que 238,323 km² estão em perímetro urbano
e os 556,11 km² restantes constituem a zona rural.
Em 2015, sua população foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em
1.164.098 habitantes, sendo o terceiro município mais populoso do estado de São Paulo e
o décimo quarto de todo o país.
O município de Campinas se originou quando, na década de 1720, foi aberto o “Caminho
dos Goyases”, ou “boca do sertão”, que serviu como pouso para descanso dos tropeiros
que por aqui passavam a caminho das minas de ouro e pedras preciosas do interior do
Brasil. O pouso era construído e mantido com abundantes recursos vindos das matas da
região.5

4
Consultado em agosto/2016 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_de_Campinas
5
Consultado em outubro/2016 – Plano Municipal do Verde, Volume 2 – Diagnóstico.
http://campinas.sp.gov.br/arquivos/meio-ambiente/vol-2-diagnostico.pdf
18 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Fundada em 14 de julho de 1774, Campinas teve o café e a cana-de-açúcar como


importantes atividades econômicas. Porém, desde a década de 1930, a indústria e o
comércio são as principais fontes de renda, sendo considerada um polo industrial regional.
Além de sua característica comercial, o município também possui diversos atrativos
turísticos, com valor histórico, cultural e/ou científicos, como museus, parques e teatros.6

2.1.1.1 Regiões do Município de Campinas

Este plano foi elaborado levando em consideração a proposta de divisão em


Administrações Regionais (AR) do Município de Campinas, elaborada pela Secretaria
Municipal de Serviços Públicos. Assim, todas as vezes que este Plano se referir às regiões
do município de Campinas, ele estará adotando a divisão em ARs.
Para melhor visualização, segue imagem extraída do portal da Prefeitura Municipal de
Campinas, no ano de 2016, com a representação gráfica dessas regiões:

6
Consultado em Agosto/2016 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Campinas
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 19

Figura 2 - Regiões do Município de Campinas (Fonte: Secretaria Municipal de Serviços Públicos) 7

7
Consultado em agosto/2016 – http://www.campinas.sp.gov.br/governo/servicos-publicos/regioes/
20 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

2.1.1.2 Ecologia e meio ambiente

A vegetação original existente no município de Campinas é predominantemente a Floresta


estacional semidecidual caracterizada pela presença de grandes árvores (30 metros) e o
cerrado, caracterizado por formação não florestal aberta e menos densa.
Essa vegetação original foi sendo devastada e substituída pelos plantios de café e cana-de
açúcar, posteriormente, pela urbanização e industrialização e, hoje, a vegetação original se
encontra isolada em pequenos fragmentos desconexos.
Muitos dos remanescentes da cobertura florestal restantes foram transformados em
bosques e parques ou protegidos, legalmente, tornando-se Unidades de Conservação,
Reservas Legais ou Patrimônios Naturais Tombados.
Como exemplo de remanescente natural protegido como Unidade de Conservação, pode-
se citar a Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra (MSG), gerida
pela Fundação José Pedro de Oliveira, regulada pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Prefeitura Municipal de Campinas – importante
espaço de ações de educação ambiental no município de Campinas.
Além da MSG, Campinas conta com mais 8 (oito) Unidades de Conservação. São elas:

x Área de Proteção Ambiental Piracicaba Juqueri-Mirim;


x Área de Proteção Campinas;
x Área de Proteção Campo Grande;
x Parque Natural Municipal da Mata;
x Parque Natural Municipal do Campo Grande;
x Parque Natural Municipal dos Jatobás;
x Refúgio da Vida Silvestre do Quilombo;
x Floresta Estadual Serra d’água.

Campinas conta também com 26 Parques públicos geridos pela Secretaria Municipal de
Serviços Públicos, que são importantes Áreas Verdes de função predominantemente social,
onde há forte demanda por práticas de Educação Ambiental. Como exemplos, é possível
mencionar:

x Parque Portugal;
x Bosque dos Cambarás;
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 21

x Praça Ulisses Guimarães;


x Bosque dos Italianos;
x Bosque dos Alemães;
x Bosque São José;
x Bosque Augusto Ruschi;
x Bosque dos Jequitibás;
x Bosque dos Artistas;
x Bosque Valença;
x Bosque Chico Mendes;
x Parque Ecológico Hermógenes de Freitas Leitão Filho (Lago da Unicamp);
x Bosque da Paz;
x Bosque dos Guarantãs.

Conforme identificado nos diagnósticos de meio físico realizados pelos Planos Municipais
Ambientais, a atual ocupação da terra evidencia que o território de Campinas passa por um
estresse ambiental. Visando a amenizar esse quadro, diversos programas e ações estão
previstos nos Planos Municipais de Saneamento Básico, do Verde, de Recursos Hídricos,
no Plano Municipal de Educação Ambiental, além da Política Municipal de Meio Ambiente,
a elaboração do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental de Campinas.

2.2 Orientação Técnica e Conceitual

Este Plano compõe, junto à Política Municipal de Educação Ambiental – Lei 14.961 de 06
de janeiro de 2015 –, o processo de ações estruturadoras para a Educação Ambiental no
município de Campinas.
O Plano Municipal tem como princípio a melhoria contínua, a qual não se encerra em si,
mas busca, por meio do monitoramento dos programas, retroalimentar, não apenas as
ações, mas seus objetivos e diretrizes. Sendo assim, é necessário que, durante o processo
de implantação desse Plano, as informações sejam constantemente monitoradas e as
orientações e ações sejam continuamente revistas como forma de aprimoramento e
manutenção da sua qualidade.
Os objetivos, as diretrizes e os princípios apresentados neste documento resultam da
construção e da elaboração da própria Política.
22 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Dessa forma, espera-se que juntos, população e governança municipal, possam trabalhar,
ininterruptamente, nesse contexto em direção à sustentabilidade das práticas de Educação
Ambiental no município de Campinas.
As orientações técnicas e conceituais que embasaram a construção do PMEA são frutos
de pesquisas acadêmicas, referências técnicas e legais e vivências regionais englobando
diferentes áreas de conhecimento em interface com a Educação Ambiental.
No processo construtivo do PMEA, foram consultados pedagogos, geógrafos, ecólogos,
educadores ambientais, biólogos, ambientalistas, pessoas ligadas ao poder público, civis,
entre outros. Enfim, o embasamento conceitual pôde tecer suas raízes em diferentes
segmentos com diferentes saberes.
Entre as bases teóricas que mais contribuíram para o desenvolvimento do PMEA, merece
destaque a visão da Educação Ambiental como um campo social. Como afirmam
LAYRARGUES e LIMA8:
Observando a Educação Ambiental a partir da noção de Campo Social pode-se dizer
que ela é composta por uma diversidade de atores e instituições sociais que
compartilham um núcleo de valores e normas comuns. Contudo, tais atores também se
diferenciam em suas concepções sobre a questão ambiental e nas propostas políticas,
pedagógicas e epistemológicas que defendem para abordar os problemas ambientais.
Esses diferentes grupos sociais disputam a hegemonia do campo e a possibilidade de
orientá-lo de acordo com sua interpretação da realidade e seus interesses que oscilam
entre tendências à conservação ou à transformação das relações sociais e das relações
que a sociedade mantém com o seu ambiente. Ressalte-se que as tendências à
conservação ou à transformação social referidas acima, expressam a representação de
uma multiplicidade de posições ao longo de um Eixo imaginário polarizado pelas duas
tendências, nunca um esquema binário e maniqueísta, que só reduziria a análise.

Nessa reflexão, a ideia de Campo Social agrega à análise da Educação Ambiental os


conceitos de pluralidade, diversidade e de disputa pela definição legítima deste universo e
pelo direito de orientar os rumos de suas práxis.
Com essa questão em foco, é possível observar que não há como desenvolver a Educação
Ambiental sem pensar no coletivo – no estudo compartilhado de pensamentos e ações que
embasam o processo de aprendizagem.
A Educação Ambiental que se pretende para Campinas possui uma visão democrática,
participativa, crítica, autônoma e interdisciplinar. Ou seja, no desenvolvimento de uma
atividade, esta não pode ser imposta em sua realização. Ela pode e deve ser construída de

8
As Macrotendências Político-Pedagógicas da Educação Ambiental Brasileira.
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=31730630003
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 23
forma coletiva em que os seres sociais dialoguem entre si e enxerguem quais são as
dinâmicas que melhor traduzem a identificação da temática com o contexto local.
Como afirma Mauro Guimarães (2000):
O meio ambiente como um tema transversal no currículo escolar (proposto no PCN),
tratado de forma articulada entre as diversas áreas do conhecimento, de forma a
impregnar toda a prática educativa é um indicativo natural do tratamento interdisciplinar
que deve ser dado a questão ambiental. Entendendo que o conhecimento científico é
supervalorizado na sociedade ocidental moderna e este, como já foi dito, é por si
fragmentado. Esta interpretação da realidade formula uma realidade escolar cristalizada
em diferentes áreas de conhecimento. A cultura da separação das áreas de
conhecimento, em que cada uma tem seu conteúdo específico sem nenhuma ou quase
nenhuma integração entre elas, e mais, a desconsideração de outras formas de
conhecimento da realidade (filosófico, religioso, artístico, popular), produz um
descolamento, uma grande alienação entre o que se ensina na escola e a realidade na
qual ela está inserida, ou pelo menos deveria estar.
Sendo assim, a interdisciplinaridade é um processo de construção do conhecimento
capaz de superar a visão disciplinar elaborando uma nova interpretação ampliada da
realidade; no entanto esta é uma conduta a ser introduzida no cotidiano escolar.

O autor ainda complementa o papel da interdisciplinaridade na compreensão do sujeito


como um agente social neste mundo globalizado:

Na vivência de um processo interdisciplinar em sua integralidade, em que novos


conhecimentos vão sendo construídos e que novos valores e atitudes podem ser
gerados, resultando em práticas sociais diferenciadas; essas possibilidades de
transformação são propícias ao processo educativo que objetiva a formação da
cidadania, mas uma cidadania que seu exercício seja resultado de práticas críticas e
criativas de sujeitos aptos a atuar nessa sociedade mundializada. O atual cidadão
necessita desta compreensão de totalidade para se situar e ser eminentemente um
agente social neste mundo globalizado e complexificado.

Dessa forma, a Educação Ambiental precisa ser pensada como um terreno fértil onde as
práticas sociais e o cuidado com o meio ambiente predominam sobre os modelos que
adotam uma prática mais unilateral e, muitas vezes, impositiva.

2.2.1 Diretrizes do Plano Municipal de Educação Ambiental

Como parte do diagnóstico, há alguns embasamentos teóricos que provêm de legislações


e documentos sobre Educação Ambiental.
Entre essas legislações, estão as diretrizes contidas na Política Municipal de Educação
Ambiental, que contribuem para a reflexão sobre como o PMEA deve atuar.
24 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Abaixo, seguem as diretrizes da Política com algumas complementações que muito


contribuíram para a elaboração do PMEA. São elas:
I. Promover a participação da sociedade nos processos de Educação Ambiental;
II. Estimular as parcerias entre os setores público e privado, Terceiro Setor, as
entidades de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade em
projetos que promovam a melhoria das condições socioambientais e da qualidade
de vida da população;
III. Fomentar parcerias com o Terceiro Setor, Institutos de ensino e pesquisa, visando à
produção, divulgação e disponibilização do conhecimento científico e à formulação
de soluções tecnológicas socioambientalmente adequadas às políticas públicas de
Educação Ambiental;
IV. Promover a inter-relação entre os processos e tecnologias da informação e da
comunicação, e as demais áreas do conhecimento, ampliando as habilidades e
competências, envolvendo as diversas linguagens e formas de expressão para a
construção da cidadania;
V. Fomentar e viabilizar ações socioeducativas nas Unidades de Conservação,
parques, outras áreas verdes, destinadas à conservação ambiental para diferentes
públicos, respeitando as potencialidades de cada área;
VI. Promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino de forma transversal,
interdisciplinar e transdisciplinar e o engajamento da sociedade na conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente, bem como sensibilizar sobre a inclusão
como forma de interação sustentável com o meio ambiente;
VII. Propor e oferecer instrumentos para a eficácia e efetividade das Leis municipais que
versam sobre Educação Ambiental;
VIII. Promover a formação continuada e a instrumentalização de educadores ambientais;
IX. Facilitar o acesso à informação do inventário dos recursos naturais, tecnológicos,
científicos, educacionais, equipamentos sociais e culturais do Município;
X. Desenvolver ações articuladas com cidades integrantes da Região Metropolitana de
Campinas, com os governos estadual e federal, visando equacionar e buscar
soluções de problemas de interesse comum no quesito Educação Ambiental.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 25

2.2.2 Princípios básicos da Educação Ambiental

Os princípios básicos da Educação Ambiental para o PMEA também se pautaram na Lei


Municipal nº 14.961 de 06 de janeiro de 2015.
Assim, os princípios que regeram este plano, com algumas considerações, são:
I. O enfoque holístico, diplomático e interativo;
II. A concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência
entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da
sustentabilidade;
III. O pluralismo de ideias e concepções pedagógicas interdisciplinares e
transdisciplinares, que propiciem surgimento de novos paradigmas;
IV. A vinculação entre a ética, a educação, o trabalho, as práticas sociais e o meio
ambiente;
V. A garantia da continuidade e permanência do processo educativo;
VI. A permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII. Abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e
globais;
VIII. O reconhecimento e respeito à inclusão, à pluralidade e à diversidade individual,
étnica, social e cultural.

2.3 Conhecendo a Educação Ambiental em Campinas

2.3.1 O COEDUCA e sua história no município

O Coletivo Educador Ambiental de Campinas (COEDUCA) foi um grupo formado por


representantes de várias instituições governamentais, não-governamentais, públicas e
privadas, lideranças comunitárias e munícipes com conhecimentos diversos, que se
dedicou ao processo de formação de Educadores Ambientais no âmbito municipal.
Sua principal proposta era formar Coletivos Educadores Ambientais em todo o município,
que formariam outros Coletivos Educadores Ambientais Populares nos seus bairros e
regiões, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população de Campinas.
26 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Ele foi constituído com base nas diretrizes do ProFEA, Programa de Formação de
Educadoras e Educadores Ambientais, e foi implementado pela Diretoria de Educação
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA).
Ele presava por congregar diversas entidades que consideravam possuir uma ação
educativa em termos socioambientais. Entre essas instituições estavam: a UNICAMP, PUC-
Campinas, diversas secretarias da Prefeitura Municipal de Campinas, CEASA-Campinas,
Fundação José Pedro de Oliveira "Mata de Santa Genebra", SANASA, IAC, CATI, Diretoria
Regional de Ensino Leste e Oeste, Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, ONG GAIA -
Grupo de Articulação Interdisciplinar à Aprendizagem, Movimento Sonha Barão, IPES -
Instituto de Pesquisas Especiais para a Sociedade, Associação de Proteção Ambiental
Jaguatibaia, além de inúmeros colaboradores desvinculados de instituições.
O processo de implantação do COEDUCA foi aprovado pelo Edital FNMA 05/2005 e contou
com o apoio financeiro do próprio FNMA – Fundo Nacional de Meio Ambiente, além dos
diferentes apoios dos diversos parceiros locais.9
O COEDUCA atuou, formalmente, em Campinas/SP de 2005 a 2012. Entretanto, até hoje,
membros dos coletivos se reúnem para reviver as experiências que ele proporcionou no
segmento da Educação Ambiental.
Assim, o PMEA também se apresenta como ferramenta de fomento à reunião desse tipo
de coletivo para que se mantenham vivas as ações de Educação Ambiental social e
coletiva.

2.3.2 Espaços e centros de Educação Ambiental

Por meio de pesquisas e buscas por espaços e centros de Educação Ambiental em


Campinas, desenvolvidas entre os anos de 2014 e 2015, verificou-se que a existência de
locais adequados ao exercício do trabalho de Educação Ambiental tem caráter de urgência
no município. Não há possibilidade de alcançar resultados significativos sem infraestrutura
adequada.
Diversos podem ser esses espaços, desde os mais conhecidos, como as unidades
escolares e centros de saúde, até bases de policiamento, praças e jardins, museus,

9
Consultado em agosto/2016 – http://www.culturaambientalnasescolas.com.br/noticia/economia/projeto-
coeduca-forma-educadores-ambientais-em-campinas
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 27
bibliotecas, centros culturais etc. O mais importante é que eles sejam estruturados de modo
a viabilizar a prática da Educação Ambiental com qualidade.
As ações ambientais podem acontecer a qualquer momento e em qualquer local, porém,
espaços estruturados e providos de equipamentos, documentação, infraestrutura adequada
e pessoal para a realização dessas proporcionarão condições para o desenvolvimento de
programas, projetos e ações continuadas, além de assegurar uma melhor segurança e
qualidade de infraestrutura para a prática de Educação Ambiental.
Concedidos à população e a agentes multiplicadores, atores da mudança desejada, esses
locais poderão estar inseridos ou próximos a áreas verdes tais como parques, bosques,
adjacências de Áreas de Preservação Permanente (APP) e/ou Unidades de Conservação
(UC).
Eles também poderão ser construídos ou instalados em espaços preexistentes e poderão
contemplar, além da temática ambiental, outras demandas da comunidade e instituições,
tendo assim um caráter multiuso, social, servindo desde uma sede para atividades de
grupos culturais como para reuniões das associações de moradores e outros encontros de
cunho socioambiental.
Esses espaços, ainda, poderão ser utilizados para campanhas diversas, em apoio a
instituições, tais como castração de animais domésticos, vacinação, prevenção e combate
à dengue etc.

2.3.2.1 Levantamento de dados sobre Espaços e Centros de


Educação Ambiental no município

Entre os anos de 2014 e 2015, foi iniciado um trabalho de identificação de Espaços e


Centros de Educação Ambiental, que já eram destinados para esse fim e também os que
seriam espaços em potencial para o desenvolvimento de atividades de Educação
Ambiental, incluindo as Unidades de Conservação de Campinas.
O objetivo foi qualificá-los a fim de reconhecer ações de reestruturação e adequação
necessárias para que a distribuição e o acesso a esses espaços funcionassem de forma
socialmente equitativa sobre o território municipal.
Nesse primeiro momento, visando uma avaliação qualitativa dos espaços educadores,
contemplou-se também as unidades de saúde porque algumas funcionam como espaços
28 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

de suporte a ações, considerando o caráter educador no atendimento ao público quando


se trata de programas, projetos e/ou ações vinculados à saúde ambiental.
A Lei Municipal nº 14.961/2015 instrui que a Educação Ambiental seja executada por
instituições públicas e privadas do sistema de ensino e pesquisa, e órgãos públicos do
Município, envolvendo Conselhos Municipais, entidades do Terceiro Setor, entidades de
classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade.
Assim, como parte de um processo educativo amplo, a Educação Ambiental deverá ser
executada pela contribuição das várias instituições, na forma dessa Lei, incumbindo:
I. Ao poder público, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e
dos órgãos da administração pública, bem como o engajamento da sociedade nas
questões socioambientais;
II. Às instituições educativas, promover a Educação Ambiental de maneira integrada
aos projetos e programas curriculares que desenvolvem;
III. Aos conselhos municipais, promover um engajamento da sociedade nas ações da
Educação Ambiental, bem como através das suas deliberações;
IV. Às empresas e entidades de classe, promover os programas destinados aos
profissionais para incorporar o conceito da sustentabilidade ao ambiente de trabalho,
nos processos produtivos e na logística reversa;
V. Aos órgãos de comunicação, públicos e privados, promover a Educação Ambiental
através das diversas mídias.

Como as práticas de Educação Ambiental são dinâmicas e, muitas vezes, não são
enraizadas em espaços físicos por muito tempo, faz-se necessária uma constante
atualização do banco de dados de espaços onde ocorre a prática da Educação Ambiental.
Por isso, mais a frente, será possível verificar que o PMEA enseja suprir essa condicionante
com a disponibilização de uma plataforma virtual que permita a atualização remota
constante dessas informações.

2.3.3 As Oficinas do Plano Municipal de Educação Ambiental

Durante o processo de construção do PMEA, houve a preocupação pelo desenvolvimento


de atividades que possibilitassem a participação de todos aqueles que desejassem
contribuir com o processo de construção do PMEA.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 29

O processo participativo é um mecanismo longo, que possui diversos estágios e níveis de


envolvimento da sociedade e deve ser construído gradativamente, de acordo com a
capacidade de empoderamento alcançada. Esse processo necessita de ser atingido. Por
isso, o GTEA se esforçou ao máximo para fazer do PMEA um documento o mais coletivo
possível.
Por meio de reuniões, oficinas, rodas de conversas e oitivas ativas, o PMEA foi sendo
desenhado e tomou a forma que encontramos hoje.
Ao todo, foram realizadas 13 (treze) oficinas:

x 4 (quatro) em 2015 – uma para cada programa;


x 1 (uma) no primeiro semestre de 2016 – bairro Costa e Silva (Campinas/SP), visando
ouvir a população sobre suas opiniões em relação ao PMEA;
x 8 (oito) Oficinas de Escrita Participativa do PMEA no segundo semestre de 2016;

Mais detalhes sobre essas oficinas podem ser encontrados no documento denominado
Caderno de Subsídios (VOLUME III do Plano).
30 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

2.4 Compreendendo a dinâmica institucional

2.4.1 O Modelo Conceitual para a Condução e Estruturação do Plano


Municipal de Educação Ambiental

Para a condução do PMEA, foi necessário pensar a estrutura de como se encontra o


contexto no qual ele está inserido. Dessa forma, iniciou-se a reflexão pelas articulações
institucionais chegando ao conceito dos Eixos que norteariam a construção do PMEA.

2.4.1.1 Articulação institucional

No contexto da articulação institucional, na fase de diagnóstico preliminar, observou-se que


o município precisa promover, com urgência, a articulação das redes de comunicação e
apoio à Educação Ambiental.
Assim, compreendeu-se que, para o desenvolvimento do PMEA e efetividade de sua
implementação, o relacionamento entre as secretarias municipais, conselhos e outras
instituições diretamente envolvidas com a gestão pública precisa, necessariamente, ser
estreitado. Por isso, recomenda-se que haja o reconhecimento da interdependência entre
as secretarias e a internalização do sentimento de pertencimento e horizontalidade de
relações.
Caso esse relacionamento não seja efetuado de maneira mais ativa, efetiva e conectada,
não é possível o desenvolvimento de programas, projetos e ações integradas que envolvam
diferentes esferas de interesses em Educação Ambiental.

2.4.1.2 Eixos de orientação

O arcabouço conceitual desse Plano Municipal se apoia em 3 principais Eixos de orientação


– o Institucional, o Estruturador e o Articulador.
Representando graficamente, as imagens que melhor traduzem a dinâmica dos três Eixos
se apresentam a seguir:
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 31

Figura 3 - Eixos de orientação do PMEA (2D)


32 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 4 - Eixos de orientação do PMEA (3D – visão frontal)

O primeiro dos Eixos é o Eixo Institucional. Ele está consistente na base, a fim de favorecer
a articulação político-institucional, financeira e material necessária à implantação e
execução do PMEA.
Nesse Eixo (por princípio, horizontal), sustenta-se o que é necessário para que a Educação
Ambiental se consolide, seja pelo comprometimento inter e intrainstitucional, pela
identificação de fontes de recursos e sua disponibilização, pelas parcerias estabelecidas,
potenciais e futuras, e pela estruturação dos espaços e centros de Educação Ambiental
que proporcionam o atendimento físico para tais ações.
Sua posição horizontal demonstra a potencialidade em se tornar mais espessa e sólida a
cada processo concluído.

O Eixo Estruturador, por sua vez, indica o universo de atores sociais que estão e/ou serão
incorporados no processo, seja por meio da educação formal, não formal ou informal,
jovens, crianças e/ou adultos, homens e/ou mulheres.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 33

Sua posição vertical indica uma condição para o crescimento, somando continuamente
cidadãos ao processo.
Por princípio, rejeita-se a perspectiva hierárquica de atores sociais, assim como o da
segregação entre os diferentes grupos envolvidos.

Por fim, o Eixo Articulador, que compreende, por meio dos programas, projetos e/ou
ações, todas as estratégias que dão corpo e movimento à Educação Ambiental do
Município de Campinas.
Sua forma em espiral indica que ele envolve todos os atores sociais compreendidos no Eixo
estrutural, e pressupõe que a continuidade de todo o processo depende da base oferecida
pelo Eixo Institucional.

2.4.1.3 Eixo Institucional

Conforme ressaltado no Documento Orientador do PMEA, o bom desempenho do Plano


Municipal de Educação Ambiental depende de uma base que ofereça o suporte político,
institucional, financeiro e mecanismos para envolver os diversos segmentos da sociedade
em todo o processo que abranja a Educação Ambiental municipal. Dessa forma, o Eixo
Institucional deve ser suficientemente resistente para suportar o Eixo Estruturador e fazer
circular sobre ele o Eixo Articulador.
No primeiro momento de implantação do PMEA, faz-se necessário o fortalecimento da
articulação política e institucional. Por isso, recomenda-se que se trabalhe três contextos:

x Relacionamento Institucional;
x Fontes de financiamento e equipe;
x Espaços físicos de atuação (Espaços e Centros de Educação Ambiental).

Entende-se que são esses contextos que, se bem estruturados, poderão fornecer
condições adequadas ao desempenho de bom êxito da Educação Ambiental no município
de Campinas.
Dessa forma, o primeiro momento de aplicação do PMEA focará na estruturação da matéria
sólida do Eixo Articulador, o qual é o catalisador para que os programas, projetos e ações
se desenvolvam.
34 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

O objetivo principal de implantação do PMEA é dividir sua execução, temporalmente, em


três momentos:

x Momento 1: reconhecimento e fortalecimento do Eixo Articulador, por meio da


criação de uma plataforma virtual de mapeamento e integração de atores;
x Momento 2: implantação de ações para cumprimento de metas do PMEA;
x Momento 3: análise das ações e revisão do PMEA para nova implantação.

2.4.1.4 Eixo Estruturador

Capilarizar a Educação Ambiental é uma das principais e mais importantes metas da


Política Municipal de Educação Ambiental e, consequentemente, do PMEA.
Essa meta enseja que cada indivíduo e a coletividade, em qualquer parte do território do
Município de Campinas, possa ser capaz de construir valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas à conservação do meio ambiente. Dessa
forma, é imprescindível que os programas, projetos e ações estejam ou sejam legitimados
pela comunidade envolvida, visando o bem comum e a melhoria da qualidade de vida.
Assim como indica a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), a Educação
Ambiental deve estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, seja em caráter formal, não formal e informal.
Remetendo, novamente, à Lei Municipal 14.961 de 06/01/2015, entende-se por segmentos
de atuação da Educação Ambiental as esferas de ensino formal, não formal e informal.

2.4.1.4.1 Educação Ambiental no ensino formal

Entende-se por Educação Ambiental no ensino formal a desenvolvida no âmbito dos


currículos das instituições escolares públicas e privadas, segundo Capítulo III, Art. 11 da
Lei Municipal nº 14.961 de 06 de janeiro de 201510:
I. Educação Básica:
a) Educação Infantil

10
Consultado em agosto/2016 – http://www.campinas.sp.gov.br/uploads/pdf/880358072.pdf
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 35
b) Ensino Fundamental
c) Ensino Médio
d) Educação de Jovens e Adultos
e) Educação Especial
f) Educação para as populações tradicionais
II. Educação Profissional e Tecnológica
III. Educação Superior:
a) Graduação
b) Pós-graduação
c) Extensão e/ou Especialização

2.4.1.4.2 Educação Ambiental não formal

De acordo com a PNEA, no desenvolvimento da Educação Ambiental não formal e na sua


organização, o poder público, em âmbito municipal, incentivará:
I. A difusão, através dos meios de comunicação, de programas educativos e das
informações acerca dos temas relacionados ao meio ambiente.
II. A participação das escolas, universidades, instituições de pesquisa, organizações
governamentais e não governamentais na formulação e execução de programas e
atividades da Educação Ambiental não formal.
III. A participação das empresas públicas e privadas no desenvolvimento dos
programas de Educação Ambiental em parceria com escolas, universidades,
instituições de pesquisa, organizações governamentais e não governamentais, as
cooperativas e associações legalmente constituídas.
IV. O trabalho de sensibilização junto à população.
V. A participação das empresas privadas no desenvolvimento de ações, projetos e
programas internos de Educação Ambiental, de forma a promover entre os seus
funcionários diretos, indiretos e demais colaboradores, práticas adequadas à
sustentabilidade.

2.4.1.4.3 Educação Ambiental informal

A educação informal ocorre de forma espontânea, na vida cotidiana, por meio de conversas
e vivências com familiares, amigos, colegas, interlocutores ocasionais e/ou da mídia. Tais
experiências e vivências acontecem inclusive em espaços institucionalizados, formais e não
36 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

formais, e a apreensão se dá de forma individualizada, podendo ser posteriormente


socializada.
Educação informal pode ocorrer, por exemplo, quando um pescador ensina ao filho trançar
uma rede; isso não ocorre de forma homogênea e sistemática num território, o que torna
difícil (se não impossível) identificar, quantificar, qualificar e mapear tais ações. Decorre
desse processo um alto grau de subjetividade, pois não se pode “institucionalizar” esse tipo
de evento.
Uma das formas de potencializar esse processo é oferecendo espaços públicos de vivência,
favorecendo aos multiplicadores o empoderamento a fim de potencializar tais vivências e
oferendo a oportunidade da experimentação da prática de Educação Ambiental.

2.4.1.5 Eixo Articulador

Considerando que os dois primeiros Eixos (Institucional e Estruturador) fornecem as bases


necessárias para favorecer e promover estratégias, meios e atores no processo, o terceiro
Eixo tem a função de efetivar e consolidar as ações de Educação Ambiental, na perspectiva
de ser retroalimentado constantemente.

Assim, espera-se que esse Eixo seja:


I. Contínuo;
II. Capilar;
III. Democrático;
IV. Transparente;
V. Flexível;
VI. Inovador;
VII. Monitorável;
VIII. Coletivo;
IX. Participativo;
X. Mensurável;
XI. Histórico.

A Lei Municipal 14.961 de 06/01/2015 considerou como linhas de atuação inter-


relacionadas da educação formal e não formal:
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 37

I. Formação permanente e continuada dos recursos humanos;


II. Desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III. Produção de material educativo;
IV. Acompanhamento e avaliação;
V. Desenvolvimento de Projeto Interdisciplinar e transdisciplinar de Educação
Ambiental, com a anuência do corpo docente, coordenação e direção e deverá estar
à disposição de todo munícipe que solicite vista.

Essa Lei também indica, para a consecução da Política Municipal de Educação Ambiental,
utilizar os seguintes instrumentos de gestão (com complementações):
I. Acompanhamento e avaliação, por meio de indicadores;
II. Desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III. Inventário e diagnóstico das ações;
IV. Produção e divulgação do material educativo;
V. Mecanismos de incentivos;
VI. Fontes de financiamento;
VII. Parcerias;
VIII. Capacitação de recursos humanos;11

Por último, para a construção desse Eixo, a referida Lei abrange que os planos, programas,
projetos e ações devam identificar os problemas ambientais do município em relação a:
I. Áreas verdes, próprios públicos, inclusive nas escolas e na região;
II. Conhecimento e combate à poluição em todas as suas formas (ar, solo, água,
eletromagnética, visual e sonora);
III. Adensamento populacional na região;
IV. Grau de inclusão e exclusão social;
V. Saneamento básico na escola e na região;
VI. Trânsito e transporte público na região;
VII. Proteção dos bens ambientais e construídos (solo, subsolo, fauna, flora, ar, água,
edifícios históricos);
VIII. Políticas de urbanização da cidade e da região;
IX. Conhecer as ações ambientais previstas no Plano Diretor e as principais normas
sobre o meio ambiente em todas as suas formas;

11
Acessado em Agosto/2016 – http://www.campinas.sp.gov.br/uploads/pdf/880358072.pdf
38 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

X. Avaliar ações ambientais propostas pelos movimentos em defesa do meio ambiente,


em especial as previstas na Agenda 21;
XI. Ações relacionadas à gestão de resíduos;
XII. Proteção das águas e medidas para o combate à escassez hídrica;
XIII. Sensibilização aos modelos de consumo e padrão civilizatório da sociedade;
XIV. Outras questões ou fatores socioambientais.

Assim, conclui-se que os programas, projetos e ações incorporados ao PMEA precisam


admitir esse orbe de considerações contidas na Lei Municipal 14.961 de 06 de janeiro de
2015 além de outras que surgiram durante o processo de participação promovido na
elaboração do PMEA.

2.4.1.5.1 Mapeamento piloto

A fim de realizar um processo de reconhecimento das interações sociais e dos principais


atores do processo, optou-se por iniciar uma pesquisa de contexto piloto junto às
comunidades de unidades escolares (municipal, estadual e particular), unidades de saúde
e espaços culturais. Essa primeira leitura serviu como base para se entender melhor como
o mapeamento e o georeferenciamento proposto pelo Plano poderia ser desenvolvido.
Assim, foram priorizadas, em um primeiro momento, as unidades que já desenvolviam
atividades de Educação Ambiental, com o objetivo de atingir toda a rede que será
futuramente mapeada quando da aplicação do PMEA.
Assim, foram identificados e georeferenciadas algumas unidades citadas. Para cada
unidade, foi criado um código, com o objetivo de qualificações posteriores.
Essa dinâmica servirá como modelo para o mapeamento dos atores sociais e dos
espaços/centros de Educação Ambiental do município de Campinas.
Como exemplos, é possível observar os espaços georeferenciados a seguir:
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 39

Figura 5 – Espaços culturais e educadores que possuem interfaces com Educação Ambiental
40 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 6 – Cursos de graduação que possuem interfaces com Educação Ambiental


Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 41

Figura 7 – Centros de saúde de atendimento da rede municipal


42 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 8 – Unidades de ensino da rede municipal selecionadas para a primeira fase do processo de participação
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 43

Figura 9 – Unidades de ensino da rede municipal


44 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 10 – Unidades de ensino da rede estadual


Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 45

Figura 11 – Unidades de ensino da rede particular


46 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Além desse mapeamento piloto, um questionário para preenchimento online ficou no sítio
da Secretaria Municipal da Educação e no site da SVDS de 2015 a fevereiro de 2016 para
que as unidades de ensino municipal pudessem participar e auxiliar na compreensão do
cenário de como se desenvolve a Educação Ambiental na rede de ensino municipal. Dessa
forma, a dinâmica de mapeamento e qualificação dos atores sociais e espaços educadores
ambientais serviram de alicerce para a escrita das metas dos programas desse PMEA.

3. JUSTIFICATIVA

Durante o processo de mapeamento preliminar, reconheceu-se que, no município de


Campinas, há muitas ações de Educação Ambiental dispersas no território. Essas ações
são realizadas por um grande número de diferentes atores sociais e se encontram
espalhadas. Assim, sentiu-se a necessidade de realizar um mapeamento e a integração
desses atores e ações para que fosse possível construir a Grande Rede Campinas de
Educação Ambiental, cenário em que os atores sociais pudessem estabelecer contato entre
si e a Educação Ambiental pudesse receber o apoio que precisa para crescer a cada dia.

Dessa forma, a elaboração do presente Plano se justifica pela necessidade de articular e


fortalecer os processos de Educação Ambiental. Além disso, visa a auxiliar no
fortalecimento das políticas públicas municipais de Educação Ambiental.

4. OBJETIVO

Conforme diagnóstico inicial, observou-se que os atores sociais ligados à Educação


Ambiental são muitos, mas, encontram-se espalhados. O principal objetivo desse plano é,
portanto, fazê-los se reconhecerem e conectá-los no universo da Rede Campinas de
Educação Ambiental.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 47

12

Figura 12 - Armandinho

Com a criação dessa Rede, pretende-se concretizar os objetivos a seguir:

I. Promover e apoiar processos contínuos de formação de Educadores Ambientais;


II. Promover o papel educador de estruturas e espaços no município de Campinas, nos
quais ou a partir dos quais se desenvolvam projetos e ações voltados à reflexão
sobre a relação estabelecida com o meio ambiente em que se vive e sobre como
essa relação afeta a qualidade de vida e a capacidade de manutenção e recuperação
da qualidade ambiental;
III. Fortalecer os processos de Educomunicação;
IV. Fortalecer a atuação de Coletivos Educadores Ambientais no município;
V. Fortalecer e apoiar o desenvolvimento de projetos e ações construídos de forma
coletiva e participativa, permanente e responsável;
VI. Estimular o desenvolvimento da Educação Ambiental crítica no município;
VII. Estimular a cooperação entre o município, a Região Metropolitana de Campinas e
os Comitês das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí;
VIII. Estimular a promoção do cuidado com toda espécie de vida;
IX. Apoiar o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos, a solidariedade
e a cultura de paz como fundamentos para o futuro da humanidade, assim como a
construção de uma visão holística sobre a temática ambiental;
X. Possibilitar o registro de atividades de Educação Ambiental realizadas no município;
XI. Subsidiar processos de avaliação dos programas, projetos e ações de Educação
Ambiental realizados em Campinas;
XII. Criar e fomentar a perpetuidade, de forma contínua e coletiva, da Rede Campinas
de Educação Ambiental;
XIII. Atuar em conjunto com os mecanismos municipais que dialoguem com a Educação
Ambiental.

12 http://tirasarmandinho.tumblr.com/post/109203386834/tirinha-original (Consultado em 12/08/2016)

44
48 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

5. PROGRAMAS E AÇOES AMBIENTAIS

Durante o período de reuniões do GTEA para construção do PMEA, definiu-se, em reunião


participativa, 4 (quatro) programas para guiarem a implantação do PMEA. Foram eles:

x Espaços Educadores;
x Formação de Educadores;
x Educomunicação;
x Monitoramento e Avaliação.

Em seguida, também ficou acordado que os programas seguiriam a estrutura abaixo:

x CONTEXTO
Visa promover uma reflexão de como o GTEA compreende o cenário atual referente
ao programa no município.

x OBJETIVOS
Estabelece os objetivos para a efetividade do PMEA.
o METAS
Nesse tópico, serão listadas as metas a serem atingidas. Norteadas pelos
atores sociais e pelas linhas de ação, os resultados esperados receberão
ferramentas necessárias para serem executados (por exemplo, materiais,
recursos etc). As metas do PMEA apresentarão:
ƒ Ações
Este tópico lista as ações sugeridas para que se atinja a meta
estipulada. Na definição das linhas de ação a seguir e ao delinear o
projeto de Educação Ambiental que se pretende desenvolver, o plano
seguiu e intende continuar seguindo o modelo PDCA (vide ANEXO I)
de organização.

ƒ Responsáveis
Neste tópico, encontram-se as instituições responsáveis por monitorar
e avaliar a execução das metas, podendo ou não estar, diretamente ou
indiretamente, ligadas à sua execução.
ƒ Principais atores envolvidos
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 49

Este tópico lista os atores que poderão operar de forma conjunta para
a execução das metas. Esses serão agentes que atuarão em conjunto
aos responsáveis, podendo contar com a participação de instituições,
grupos sociais e/ou agentes sociais, públicos ou privados, entre outros,
que participarão das ações propostas pelos programas.
Como afirma Tonso e Luz (2015):
Pensamento ambiental é complexo, interdisciplinar, de múltiplos
saberes e de âmbito político. Nesse sentido, ele exige de todos que
participam da construção de um saber ambiental, um
posicionamento político, uma visão de mundo, do que considera
justo ou inadequado.

Por ser essa visão sempre subjetiva, incompleta e inacabada, os atores


se encontram para a construção de uma percepção da complexidade
ambiental fundamental para o enfrentamento das questões
socioambientais. Por isso, os responsáveis envolvidos no
planejamento, na execução e no monitoramento e avaliação do PMEA
precisam estar cientes da complexidade exigida pelo assunto.
É recomendado que, na elaboração das atividades, seja definida a
forma como ocorrerá a participação e a continuidade da ação visando
a autonomia do processo. Não é aconselhável que uma atividade de
Educação Ambiental se esgote entre quatro paredes. Faz-se
necessário que ela produza frutos e que esses frutos contem com a
participação social.
50 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

5.1.1 Contexto

Durante as discussões realizadas para a elaboração do PMEA, foi reiteradamente


apresentado o desejo de que pudéssemos trabalhar de forma contínua e permanente as
estruturas e espaços de nosso município promovendo seu papel educador e valorizando
bens naturais, sociais, culturais, econômicos e institucionais.
A efetivação do papel educador desses espaços, no entanto, ainda representa um grande
desafio. Falta de recursos financeiros, de meios para integração de projetos e ideias e de
formação para gestores e educadores são frequentemente apontados, não apenas como
grandes obstáculos ao cumprimento do papel educador de espaços e estruturas, mas como
os principais responsáveis pela descontinuidade de projetos que tanto frustra os
educadores e a comunidade.
Mas, considerando a variedade de ideias, espaços e contextos encontrados em um
município como Campinas, como pode uma política pública contribuir a superação de tais
obstáculos?
As conversas realizadas nos indicam que o caminho passa pela criação de meios para a
integração e divulgação desses espaços, por um planejamento de nossos centros de
Educação Ambiental que vá muito além da dimensão arquitetônica e pela formação de
gestores e educadores para a atuação local.
No âmbito do Plano Municipal de Educação Ambiental, foram imaginadas ações a serem
desenvolvida em duas categorias de espaços aqui nomeadas como “Espaços Educadores”
e “Centros de Educação Ambiental”.
Na primeira categoria, estão incluídos todos os locais ou estruturas nos quais ou a partir
dos quais se desenvolvem atividades voltadas à reflexão sobre a relação que
estabelecemos com o ambiente. De praças a hortas, de unidades de conservação a
cooperativas de resíduos sólidos, essa categoria inclui locais que não necessariamente
foram construídos para o desenvolvimento de atividades educativas, não contam com uma
equipe de educadores permanente, nem estão sob a gestão de alguma instituição, mas,
pelo seu potencial transformador, são utilizados cotidianamente pela comunidade em
processos de aprendizagem.
A debater ações para esses espaços, no entanto, algumas questões desafiavam a equipe
envolvida: “Quais são as ações desenvolvidas em nosso município? ”; “Onde são
desenvolvidas? ”; “Quem são os envolvidos? ”.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 51

Infelizmente, mesmo após termos avançado na elaboração de propostas para a Educação


Ambiental em Campinas, essas perguntas permanecem em grande medida não
respondidas. Ainda mais, durante as conversas com diversos atores envolvidos na
elaboração do PMEA, percebemos que são questões que angustiam de maneira
generalizada aqueles que se envolvem com a Educação Ambiental em nosso município.
A falta de registro das atividades e a dificuldade de sistematização e acesso a informações
relacionados à Educação Ambiental dificultam o compartilhamento de experiências,
impossibilitam a avaliação e monitoramento das ações e colaboram para que parte
importante da história de nosso município seja perdida.
Nesse contexto, a despeito de seu grande potencial transformador, muitos espaços
permanecem desconhecidos de boa parte da população.
A segunda categoria aqui proposta inclui os Centros de Educação Ambiental (CEA) que, a
partir do final da década de 1990, tem se destacado como uma das principais estratégias
adotadas por diversos setores da sociedade em projetos de Educação Ambiental, variando
enormemente quanto aos objetivos, referenciais teóricos e disponibilidade de recursos. Em
comum, os Centros de Educação Ambiental têm a intencionalidade de uma instituição ou
ator no desenvolvimento de ações educativas.
A implantação desses espaços, todavia, tem se dado majoritariamente a partir da dimensão
arquitetônica, levando ao surgimento de estruturas pouco relacionadas à comunidade de
seu entorno, subutilizadas e, com grande frequência, abandonadas.
Essa realidade tem representado não apenas um desperdício de recursos, mas de
oportunidades de aproveitamento do potencial de espaços na realização de uma Educação
Ambiental crítica e emancipatória.
Partindo da reflexão contida nesse Contexto, as metas desse programa também foram
redigidas segundo recomendação Conama nº11, de 04 de maio de 2011, Art 1º, a qual
afirma que os Centros de Educação Ambiental devem dispor das seguintes dimensões13:
x Espaços e equipamentos educativos;
x Equipe educativa;
x Projeto Político Pedagógico (PPP).
Essa recomendação está no documento do PRoNEA.

13
Consultado em setembro/2016 – http://www.mma.gov.br/port/conama/recomen/recomen11/recom112011.pdf
52 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

5.1.2 Objetivo 1: Instituir Centros de Educação Ambiental

5.1.2.1 Meta 1
Instituir 6 (seis) Centros de Educação Ambiental,
Descrição preferencialmente, 1 (um) por região (segundo divisão de regiões
adotada pelo PMEA)
Período Até 2020
Realizar o levantamento de potenciais locais para a instituição de
Centros de Educação Ambiental
Realizar a qualificação dos potenciais locais para a instituição de
Centros de Educação Ambiental
Ações
Instituir equipe permanente para os Centros
Elaborar Projeto Político Pedagógico para cada Centro
Adequar a infraestrutura segundo o Projeto Político Pedagógico
Realizar atividades de Educação Ambiental dentro dos CEAs
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SMSP, SMC, SME, FJPO, SMA

5.1.3 Objetivo 2: Instituir Circuito Educador

5.1.3.1 Meta 1
Instituir um Circuito Educador com a promoção de 10 (dez)
Descrição
atividades em espaços educadores do município
Período Anualmente, a partir de 2018
Levantar atividades realizadas por educadores em espaços
educadores
Elaborar calendário anual do circuito educador
Ações Planejar as atividades sob temáticas
Realizar atividades em conjunto com educadores locais
Realizar o reconhecimento de participação dos atores sociais
desenvolvedores das atividades
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SMSP, SMC, SME, FJPO, SMA, SMDEST
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 53

5.2 FORMAÇÃO DE EDUCADORES

5.2.1 Contexto

A Formação de Educadores Ambientais em um município como Campinas – com uma


extensa dimensão territorial e múltiplas características relacionadas às diferenças sociais,
diversidade de vegetação, lacunas no planejamento para ocupação do espaço, muitos
centros de pesquisa e tecnologia, além da grande densidade populacional – é um grande
desafio, pois requer conhecer o território de forma global e verificar quais as fragilidades e
potencialidades que se apresenta em todas as esferas e setores.

Com um pequeno mapeamento já foi possível observar que muitas ações relacionadas às
questões ambientais são desenvolvidas no município. Certamente, um número muito maior
de ações ocorre, mas não são publicizadas e, portanto, não são (re)conhecidas em
Campinas.

Muitas vezes, os trabalhos desenvolvidos são realizados de forma pontual, isolada, tratando
somente dos aspectos naturais. Outras vezes, o trabalho é realizado a partir de projetos
envolvendo vários atores de forma a integrar os conhecimentos de diferentes áreas e suas
relações.

De acordo com esse quadro, é necessário e urgente pensar em ações formativas que
envolvam todos os atores sociais do município em um processo contínuo, propiciando a
integração das ações e dos educadores, a troca de saberes, potencializando o
envolvimento de cada indivíduo e do coletivo nas transformações socioambientais.

A concepção do trabalho deve proporcionar um olhar para além dos aspectos naturais,
promovendo a percepção das relações homem-natureza, as relações socioambientais em
uma abordagem de mundo crítica e integradora/sistêmica/holística.

Dentro dessa concepção de Educação Ambiental, as propostas de formação de educadores


ambientais e os projetos propostos precisam contemplar as experiências e os saberes que
as crianças, adolescentes, jovens e adultos vivenciam no cotidiano, de forma a
problematizá-las e compreendê-las nas suas várias dimensões possibilitando que os
estudantes, as famílias, os educadores e a sociedade em geral repensem sua postura e
seu modo de interagir com o meio.

O processo de formação precisa focar na resolução de problemas, potencializando o


trabalho interdisciplinar de forma permanente, possibilitar a participação de todos nas
54 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

discussões e argumentações, sugerir formas de solucioná-los, valorizar e fortalecer os


aspectos positivos da comunidade. Assim, não se deve desenvolver as ações de forma
estanque, fragmentada, limitada, e sim privilegiar discussões mais aprofundadas que as
temáticas possam gerar.

A partir da realidade tratada nesse contexto, da concepção que se pretende adotar, o


Programa Formação de Educadores Ambientais foi discutido de forma a pensar, envolver
e integrar os atores sociais no município de Campinas.

É importante que a formação e a discussão no ensino formal, não formal e informal sejam
realizadas de forma integrada e complementar, buscando a construção de novos saberes
e conhecimentos, respeitando as realidades e especificidades de cada indivíduo e de cada
espaço, como é citado no texto introdutório do Livro Encontros e Caminhos, que cita que a
formação:

[...] está pautada na ideia de que cada indivíduo, cada grupo, cada coletivo é
responsável pela sua constante formação por ser conhecedor de suas dificuldades e
potencialidades e, dessa maneira, ser capaz de diagnosticar e interpretar a realidade,
sonhar sua transformação, planejar intervenções educadoras, implementá-las e avaliá-
las. Uma formação que se constrói pelos encontros de saberes, de caminhos, de
desejos e onde não há necessariamente “o” conhecimento que precisa ser reproduzido,
coisas para serem ensinadas ou explicadas, mas realidades para serem compreendidas
e transformadas.

A formação de educadores ambientais, em todos os espaços do município, necessita da


participação efetiva do poder executivo municipal, para a integração entre os atores e as
instituições envolvidas e o acesso aos recursos financeiros, humanos e materiais. A partir
desse compromisso, é possível pensar em políticas públicas estruturadas em direção às
sociedades sustentáveis.

Faz-se importante diagnosticar o que já é realizado em relação aos processos formativos,


detectar as necessidades e demandas que são prioritárias na construção de uma proposta
que seja coletiva e participativa a qual tende a proporcionar o protagonismo social.

No ensino formal, o trabalho com Educação Ambiental está previsto nos currículos das
escolas de Educação Básica, incluindo EJA e Educação Especial, como prática educativa
contínua, permanente, Inter e transdisciplinar em todos os níveis e modalidades
educacionais das redes municipais, estaduais, federais e particulares, oportunizando a
discussão e construção de conhecimento pelas crianças, jovens e adultos.
Com o mesmo objetivo, as universidades, faculdades, cursos técnicos e de especialização,
devem oferecer formação relacionada aos princípios e objetivos da Política Nacional de
51
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 55

Educação Ambiental, de forma que a dimensão ambiental esteja presente em todos os


cursos de todas as áreas. Assim, esse conhecimento pode ser discutido nos cursos de
formação e em outras áreas e locais de trabalho, valorizando as relações e trazendo uma
perspectiva de cuidado e responsabilidade partilhada.
Dentro deste contexto, a Ambientalização Curricular é necessária, sendo uma proposta de
mudanças curriculares e institucionais visando integrar temas socioambientais aos seus
conteúdos e práticas, bem como, possibilitar a implementação das políticas públicas de
Educação Ambiental e aproximar os currículos com a realidade socioambiental dos
educandos.

A proposta de Ambientalização curricular, na sua essência, é o processo de inovação e


mudança que surgem das demandas socioambientais atuais.

Ela está interligada a um currículo que propõe ser desenvolvido de forma interdisciplinar,
descentralizado e flexível proporcionando mudanças de valores, hábitos, atitudes e
comportamentos perante à sociedade e à comunidade na qual está inserido. Essas
mudanças proporcionarão uma integração entre a comunidade e a escola, quiçá uma
mudança de pensamento de como trabalhar as coisas do local e que venha a refletir no
territorial e no global.

Uma das formas de integrar a comunidade escolar é a formação de Coletivos Educadores


Ambientais. A Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA) é um exemplo
de organização de coletivo que se baseia na participação de estudantes, professores,
funcionários, diretores, comunidade, entre outros. O seu principal papel é contribuir para
um dia a dia participativo, democrático, animado e saudável na escola, promovendo o
intercâmbio entre a escola e a comunidade. Surgiu a partir da Conferência Nacional Infanto-
Juvenil pelo Meio Ambiente organizada pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ministério
da Educação em 2003. Participaram jovens de 16 mil escolas, que propuseram uma Carta
que pede a criação de conselhos jovens e Agendas 21 nas escolas como espaços de
participação em defesa do meio ambiente. Por isso, a COM-VIDA chega para somar
esforços com outras organizações da escola, como o Grêmio Estudantil, a Associação de
Pais e Mestres e o Conselho da Escola, trazendo a Educação Ambiental, de forma
transversal, aos componentes do currículo escolar.
Ela envolve a comunidade escolar para pensar nas soluções para os problemas
socioambientais atuais. Seus objetivos são:
x Construir a Agenda 21 na Escola;
x Desenvolver e acompanhar a Educação Ambiental na escola de forma permanente;
56 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

x Contribuir com a construção do projeto político-pedagógico da escola;


x Realizar a Conferência de Meio Ambiente na Escola;
x Promover intercâmbios com outras COM-VIDAs e com as Agendas 21 Locais;
x Debater quais são os outros objetivos específicos da sua COM-VIDA.

Na Agenda 21, estão marcados os compromissos da humanidade com o Século XXI,


visando a garantir um futuro melhor para o planeta, respeitando-se o ser humano e o seu
ambiente. Além desse compromisso global, os países participantes da Conferência Rio-92
decidiram criar Agendas 21 nacionais e propor que todos os municípios, bairros e
comunidades realizassem Agendas 21 Locais. A Agenda 21 Brasileira tem 21 objetivos que
buscam tornar o nosso país um exemplo de proteção da natureza, fortalecendo a economia
e a justiça social. A Agenda 21 Local pode ser o resultado dos compromissos de cada grupo
social, incluindo as escolas.
De acordo com o Artigo 13, da Lei n.º 9.795/99, que dispõe sobre a Política Nacional de
Educação Ambiental (EA): “entendem-se por Educação Ambiental não-formal as ações e
práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais
e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. ”

No Ensino Não Formal, as atividades, ações e projetos relacionados à Educação Ambiental


são realizadas em espaços institucionais com a comunidade, como instituições/empresas
público e privada, ONGs, museus, bosques, Unidades de Conservação, movimentos
sociais e em espaços não institucionalizados como praças, áreas verdes e parques.

A Educação Informal ocorre de forma espontânea na vida cotidiana por meio de conversas
e vivências com familiares, amigos, colegas, interlocutores ocasionais, letras de músicas,
embalagens de produtos, histórias em quadrinhos, da mídia, entre outros. Tais experiências
e vivências acontecem inclusive nos espaços institucionalizados, formais e não formais, e
a apreensão se dá de forma individualizada, podendo ser, posteriormente, socializada. É
importante que o conteúdo, a linguagem e os objetivos dessas informações sejam
analisados antes da sua veiculação.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 57

5.2.2 Objetivo 1: Promover a formação continuada e complementar

5.2.2.1 Meta 1:
Realizar 1 (um) curso de formação continuada voltado a
Descrição
profissionais da educação sob a temática da Educação Ambiental.
Período Anualmente, a partir de 2017
Promover cursos, palestras, oficinas, workshops
Promover formações em diferentes espaços de Campinas
Promover fóruns, seminários e encontros para discussão sobre EA
Ações Divulgar a formação junto às instituições educacionais do
município de Campinas
Disponibilizar, em plataforma virtual, materiais de formação de
educadores ambientais
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SME, SMS, SMC, EGDS, FJPO

5.2.2.2 Meta 2:
Realizar 6 (seis) encontros, 1 (um) por região conforme regiões
Descrição estabelecidas no PMEA, voltados à formação de educadores
ambientais, atendendo às demandas da comunidade local
Período Anualmente, a partir de 2018
Contatar e verificar junto a instituições públicas, privadas e/ou
sociedade civil a possibilidade de formações relacionadas à
Educação Ambiental em seus espaços educadores.
Ações Divulgar os eventos de formação que ocorrerão nos espaços
educadores
Promover seminários, cursos, fóruns, palestras, oficinas, vivências,
experiências, trilhas ecopedagógicas, entre outros
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SME, SMS, SMC, EGDS, SMDEST, FJPO
58 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

5.2.3 Objetivo 2: Fortalecer os Coletivos Educadores Ambientais

5.2.3.1 Meta 1:
Criar 1 (um) coletivo educador ambiental por região (conforme
regiões do PMEA), a partir de instituições educacionais (podendo
Descrição
ser baseados no modelo do COMVIDAS para atuação na agenda
21)
Período Até 2020
Realizar o levantamento das unidades educacionais potenciais
Realizar uma formação sobre os princípios e conceitos que
Ações
subsidiam os Coletivos Educadores
Apoiar a estruturação dos coletivos
Responsável SVDS
SME, SMC, SMS, SMCAIS, universidades e outras instituições de
ensino e pesquisa, SANASA, comunidade local, ONGs,
Principais atores envolvidos
associação de bairros, instituições religiosas, clubes, comunidade
escolar

5.2.4 Objetivo 3: Estimular a Ambientalização Curricular

5.2.4.1 Meta 1:
Elaborar 1 (uma) proposta de Ambientalização Curricular para o
Descrição
ensino infantil e fundamental
Período Até 2020
Identificar atores que possuam conhecimento na temática de
Ambientalização Curricular
Promover seminários, congressos, fóruns, entre outros eventos,
que possibilitem a troca de experiências sobre a temática da
Ambientalização Curricular
Ações Elaborar um plano de ação relacionado a Ambientalização
Curricular que dê ênfase ao processo educativo contemplando os
saberes, as práticas, os valores, a ética, a sensibilidade ambiental
- produção da cultura, o ensino/aprendizagem, a pesquisa, a
extensão e a gestão
Apresentar a proposta
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SME e Instituições de Ensino
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 59
5.3 EDUCOMUNICAÇÃO

5.3.1 Contexto

Para se entender a Educomunicação, é preciso trazer à luz alguns conceitos:

x Comunicação: partilha dialógica e crítica de sentidos e saberes constituindo uma


comunidade interpretativa e de aprendizagem.14
x Educomunicação: leitura crítica dos meios de comunicação e produção de
informação e de sentidos sobre informação por meio de um processo educador
(emancipatório).15

Assim, entende-se por Educomunicação como o conjunto das práticas voltadas à formação
e desenvolvimento de sistemas comunicativos, em espaços educativos formais e não
formais, mediados pelos processos e tecnologias da informação.
Espera-se com processos de Educomunicação Socioambiental que sejam ampliadas às
formas de expressão dos membros das comunidades e a melhoria do coeficiente
comunicativo das ações educativas, tendo como meta o pleno desenvolvimento da
compreensão e atuação emancipada sobre as questões socioambientais do território na
direção da construção de sociedades sustentáveis.
O campo da Educomunicação Socioambiental é o resultado da inter-relação entre a
Comunicação e a Educação e abrange quatro áreas de intervenção:

x A educação para os meios, que promove reflexões e forma receptores críticos;


x O uso e manejo dos processos de produção midiática;
x A utilização das tecnologias de informação e comunicação no contexto
ensino/aprendizagem;
x A comunicação interpessoal no relacionamento entre grupos.

Em termos dos objetivos específicos, a Educomunicação Socioambiental deveria:

14
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:lKkAEV0brxwJ:https://online.unisc.br/seer/index.php/riz
oma/article/download/4058/3131+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br (Consultado em setembro/2016)
15
http://www.cca.eca.usp.br/node/647 (Consultado em setembro/2016)
60 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

x Promover o acesso democrático à produção e difusão de informação;


x Facilitar a percepção da maneira como o mundo é editado nos meios;
x Facilitar o ensino/aprendizado através do uso criativo dos meios de comunicação
(não do ponto de vista instrumentalista, mas partindo da percepção de suas
peculiaridades e da importância de democratizar o acesso a eles);
x Promover a expressão comunicativa dos membros da comunidade educativa.
O principal ator de um processo educomunicativo é o público (comunidades e suas
lideranças, instituições e setores do governo, solidariamente) produtor, tanto dos
conteúdos, quanto dos sentidos de cada conteúdo, produzindo, mais que tudo, sua
emancipação/autonomia/protagonismo na construção de uma visão de mundo. Por isso, as
ações de Educomunicação Socioambiental devem presar pelo processo participativo em
sua forma mais abrangente.

5.3.2 Objetivo 1: Fortalecer processos de Educomunicação no município


de Campinas

5.3.2.1 Meta 1:
Realizar 6 (seis) formações, 1 (uma) por região segundo divisão
Descrição
por regiões adotada pelo PMEA, em Educomunicação
Período Até 2020
Realizar o levantamento de ações já existentes de
Educomunicação no município
Ação Promover Encontros de Formação em Educomunicação
Disponibilizar, em cada região, ferramentas para o
desenvolvimento de ações em Educomunicação
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SME, SMC, SMCAIS, SMS, IMA, DECOM, EGDS
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 61

5.3.3 Objetivo 2: Promover eventos de Educomunicação

5.3.3.1 Meta 1:
Realizar, no mínimo, 10 (dez) atividades artístico-culturais-
Descrição
educacionais durante a semana do meio ambiente (SEMEIA)
Período Anualmente, a partir de 2017
Promover atividades artísticas-ambientais
Promover atividades culturais-ambientais
Promover atividades que presem pelo bem-estar físico e mental
Ações do ser humano
Promover atividades que versem sobre a melhoria da qualidade
de vida de todo tipo de vida
Produzir 3 materiais Educomunicativos
Responsável SVDS
Grupo responsável pela SEMEIA (Lei nº 10.450 de 30 de março
Principais atores envolvidos
de 2000)

5.3.3.2 Meta 2:
Descrição Realizar a 1ª Conferência de Educação Ambiental de Campinas
Período Até 2020
Convidar/contratar profissionais para coordenar, mediar e ministrar
palestras
Realizar workshops, oficinas, debates e/ou palestras sob a
temática da Educação Ambiental
Ações Promover o encontro de atores sociais componentes da Rede
Campinas de Educação Ambiental e outros interessados na
temática ambiental
Promover roda de conversas, oficinas e/ou troca de experiências
com especialistas em Educomunicação
Responsável SVDS
Principais atores envolvidos SME, SMCAIS, SMS, IMA, DECOM, EGDS, SMC
62 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

5.4 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

5.4.1 Contexto

Considerando o Art. 9º, inciso IV, da Lei nº 14.961 de 06 de janeiro de 2015, a qual institui
a Política Municipal de Educação Ambiental no município de Campinas, e dá outras
providências, a saber:
Art. 9º As atividades vinculadas à Política Municipal de Educação Ambiental devem ser
as desenvolvidas na educação formal e não formal, por meio das seguintes linhas de
atuação inter-relacionadas:
IV - acompanhamento e avaliação;

Considerando o Art. 4º e 08º, inciso VI, da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, a qual dispõe
sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências, a saber:
Art. 4º São princípios básicos da Educação Ambiental:
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
[...]
Art. 8º As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser
desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes
linhas de atuação inter-relacionadas:
IV - acompanhamento e avaliação.

Considerando o Art 3º, incisos VIII e XI, do decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002, que
regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de
Educação Ambiental, e dá outras providências, a saber:
Art. 3º Compete ao Órgão Gestor:
VIII - estimular o desenvolvimento de instrumentos e metodologias visando o
acompanhamento e avaliação de projetos de Educação Ambiental;
[...]
XI - assegurar que sejam contemplados como objetivos do acompanhamento e
avaliação das iniciativas em Educação Ambiental:
a) a orientação e consolidação de projetos;
b) o incentivo e multiplicação dos projetos bem-sucedidos; e,
c) a compatibilização com os objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Fica evidenciada a necessidade do desenvolvimento de um acompanhamento e avaliação


na esfera da Educação Ambiental, tanto no quesito avaliação das atividades quanto no
quesito avaliação do planejamento de projetos e ações.
Compreendendo que o horizonte para o desenvolvimento de indicadores de monitoramento
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 63
adotou-se como estratégia de ação o planejamento estratégico com a implementação de
uma nova dimensão nessa esfera no município de Campinas. Para isso, quatro programas
foram cuidadosamente desenhados, entre eles, este de monitoramento e avaliação, para
que os problemas reconhecidamente elencados fossem abrandados e suas causas
geradoras fossem amenizadas.
Conforme mencionado na análise SWOT desenvolvida neste Plano, foi possível observar
que, diante do cenário encontrado, próximo ao da “sobrevivência”, em que pontos fracos e
as ameaças predominam sobre pontos fortes e oportunidades, e associando esse fato à
análise da articulação institucional deficiente, percebe-se que são urgentes:

x As ações para o fortalecimento das articulações institucionais;


x A identificação:
o Dos principais atores sociais
o De ações em prol da Educação Ambiental;
o De fontes de recursos materiais e financeiros;
x O monitoramento dos projetos e ações que são desenvolvidos no município.

Assim, os Programas definidos foram desenvolvidos e primaram por oferecer ações


essenciais ao desenvolvimento da Educação Ambiental municipal, na busca pela
capilaridade, continuidade e flexibilidade, apontados como a missão desse Plano.
Antes de dissertar sobre os principais objetivos que permearam a elaboração desse
programa de monitoramento e avaliação, faz-se necessário estabelecer os pressupostos
teóricos e metodológicos que nortearam sua escrita.

5.4.1.1 Abordagem Teórica e Conceitual

A Educação Ambiental não pode ser definida e limitada como única, ou seja, não existe
apenas uma maneira de se fazer Educação Ambiental. Consequentemente, não existe
apenas uma maneira de acompanhar e avaliar as atividades desenvolvidas nesse contexto.
Ousa-se dizer que a Educação Ambiental é um ramo tão abrangente que limitá-lo ao artigo
definido “a” seria o mesmo que podar o crescimento de uma ideologia contextual.
Com essa consciência latente, esse programa foi escrito na compreensão de que é preciso
abandonar algumas premissas sobre medição, afinal, a Educação Ambiental não faz parte
de um universo numérico, metricamente delineado para cumprir indicadores de
desempenhos quantitativos que produzirão resultados exclusivamente lógico-matemáticos
64 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

sobre os avanços alcançados. Por ser uma esfera predominantemente subjetiva e social,
ela estabelece contato direto com o ser humano e com o meio ambiente: esses são vistos
como seres em total sinergia, sociais, sensitivos e emocionais. Logo, impor uma métrica
exclusivamente quantitativa de medição seria o mesmo que tentar quantificar algo
imensurável como os sentimentos, por exemplo.
Assim como não é possível medir numericamente a intensidade de um sentimento, não é
justo limitar o monitoramento e a avaliação de ações de Educação Ambiental com
indicadores exclusivamente quantitativos.
Contudo, a esfera quantitativa não pode ser abandonada. No pensamento de uma gestão
de projetos de Educação Ambiental, é possível mapear a abrangência de alcance das
atividades fazendo com que isso se torne um indicador de obtenção de resultados
esperados para solução de problemas. Por isso, é possível afirmar que a Educação
Ambiental não pode ser encarada exclusivamente como um contexto limitado ao social.
Afinal, ela também possui alguns mecanismos que produzem resultados quantitativos, tais
como quantidade de pessoas que concluíram cursos de formação de educadores
ambientais, quantidade de espaços que praticam Educação Ambiental formal, não-formal
e/ou informal, número de munícipes beneficiados com as ações etc.
Portanto, os indicadores de desempenho devem abranger tanto os aspectos qualitativos e
quantitativos.
Os objetivos principais deste Programa de Monitoramento e Avaliação visam a:

x Realizar o georeferenciamento dos atores sociais que desenvolvem ações de


Educação Ambiental no município de Campinas, sejam eles pessoas ou espaços;
x Estimular o fortalecimento das relações institucionais para que os atores possam
atuar em regime de cooperação;
x Prezar pela atualização e manutenção frequente deste Plano;
x Monitorar e avaliar o cumprimento das metas dos outros três programas deste Plano;
x Auxiliar no cumprimento de avaliações das atividades de Educação Ambiental
baseadas em conhecimentos derivados de oficinas participativas.

Para isso, faz-se necessário traçar uma estratégia de ação que possa permear os círculos
dos espaços educadores, da formação de educadores e da Educomunicação.
Faz-se importante ressaltar que os três programas de ações diretas – Educomunicação,
Espaços Educadores e Formação de Educadores – inter-relacionam-se e compõem o pilar
que estrutura os projetos e as ações de Educação Ambiental do município.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 65

Em sinergia com eles, está o universo do Programa de Monitoramento e Avaliação que


interage com os três e os mantém em constante atividade.
Em termos de simbologia, pode-se compreender a dinâmica do relacionamento entre os
quatro por meio da figura a seguir:

Figura 13 - Programas Pilares do PMEA

É importante a compreensão de que monitoramento e a avaliação das atividades e dos


programas é um processo político-pedagógico. Dessa forma, é imprescindível que a
Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, assim como, no mínimo, um profissional dedicado a essa
atividade de gestão do Plano estejam focados, integralmente, no monitoramento constante
das ações de Educação Ambiental para garantir sua qualidade e a sustentabilidade dos
programas, projetos e ações.
66 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Para a elaboração das atividades e para a constante atualização (checagem e revisão) das
ações, aconselha-se que os gestores do plano e os atores sociais que desenvolvem
atividades de Educação Ambiental façam uso do método interativo de gestão denominado
PDCA (Vide ANEXO I).
Conforme é possível observar, para avaliar atividades de Educação Ambiental, poderão ser
utilizadas duas esferas de avaliação. Pensando estrategicamente, pode-se nomear como
macroambiente e microambiente, em que o macroambiente faz referência à visão global
das atividades e o microambiente as monitora e as avalia de perto, ou seja, essa avaliação
e monitoramento atua na esfera de campo – no local onde as atividades serão
desenvolvidas.
A partir da imagem a seguir, é possível compreender melhor as esferas de monitoramento
para que as estratégias sejam pensadas para cada uma separadamente. A forma
geométrica escolhida foi a estrela de 6 (seis) pontas visando representar as 6 (seis) regiões
do município (vide item 2.1.1.1 deste Plano):

Figura 14 - Esferas de monitoramento


Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 67
Pensando ludicamente, poderíamos enxergar cada círculo colorido como sendo uma
atividade de Educação Ambiental desenvolvida no município.
A área representada pelo hexagrama em verde corresponde à visão do macro, ou seja,
ela enxerga as atividades que estão sendo desenvolvidas no município como um todo em
um plano estratégico.
Já cada círculo pequeno corresponde ao cenário micro. Assim, cada atividade individual
de Educação Ambiental que será realizada reflete em uma circunferência.
Com isso, é possível observar que será necessário contemplar algumas especificidades
que uma avaliação tradicional não contemplaria. Dessa forma, propõe-se englobar, além
de uma análise quantitativa, uma análise também qualitativa, seja ela tanto para a visão do
micro quanto do macro.

5.4.2 Objetivo 1: Implementar a Rede Campinas de Educação Ambiental,


integrando atores ambientais, espaços e instituições voltadas ao meio
ambiente de forma integrada e digital

5.4.2.1 Meta 1
Implantar a Plataforma Virtual que subsidiará a Rede Campinas de
Descrição
Educação Ambiental
Período Até 2017
Estabelecer as características que deverão conter na plataforma,
baseadas no PMEA, que subsidiarão as ações da Rede Campinas
de Educação Ambiental
Recuperar o banco de dados já existente
Ações Realizar o cadastramento de atores sociais de educação
ambiental
Implantar a plataforma
Realizar a divulgação da plataforma
Realizar a melhoria contínua (aprimoramento) da plataforma
virtual
Responsável SVDS
IMA, SME, SMS, SMC, SMSP, SEPLAN, DECOM, SMDEST,
Principais atores envolvidos
SMCAIS
68 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

5.4.3 Objetivo 2: Monitorar e Avaliar ações de Educação Ambiental no


município de Campinas

5.4.3.1 Meta 1
Criar uma proposta com indicadores para monitorar e avaliar o

Descrição desempenho das ações de Educação Ambiental desenvolvidas no


município

Período Até 2019

Estimular o registro e avaliação de cada atividade desenvolvida no


município e registradas na plataforma virtual

Reunir informações com avaliações semelhantes para criar


Ações
conjuntos de informações que possuam identificações entre si

Criar ou adotar indicadores com base nas informações coletadas e


analisadas

Responsável SVDS

Principais atores envolvidos SME, FJPO, SEPLAN, SMA


Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 69

6. FONTES DE FINANCIAMENTO

Como a Política Municipal de Educação Ambiental prevê em seu Art. 18, parágrafo 2º:

Os programas, projetos e ações constantes do Plano Municipal de Educação Ambiental


serão financiados pelos recursos do erário municipal, através do Fundo de
Recuperação, Manutenção e Preservação do Meio Ambiente (PROAMB) e do Fundo de
Direitos Difusos (FUNDIF) ou de outras fontes de financiamentos, desde que projetos
atendam a critérios e condições a serem estabelecidos em Edital. Eles também podem
ser financiados por recursos da Secretaria Municipal de Educação, quando se
relacionarem com ensino público municipal.

Dessa forma, obedecendo ao enquadramento nas normas dos fundos e outras origens e
prezando pelo custeio consciente, os programas, projetos e ações poderão contar com
recursos que subsidiem suas atividades.

7. DEFINIÇÃO DE HORIZONTE DO PLANEJAMENTO

O planejamento desse Plano Municipal de Educação Ambiental seguiu e sempre poderá


seguir a proposta do Design Thinking (Vide ANEXO I), a qual consiste em ouvir e
compreender o contexto em que o plano está inserido para que suas ações sejam
embasadas na necessidade da sociedade.
O planejamento das ações ocorreu em concordância com as necessidades percebidas pela
população do município de Campinas. Por isso, seu embasamento estratégico visou a
atender às necessidades elencadas pelos munícipes.
A aplicação do PMEA está prevista para acontecer em quatro momentos:

x Ano de 2017: Início do levantamento de ferramentas e alimentação de banco de


dados para execução de atividades a partir de 2018. Primeira revisão das propostas
do PMEA.
x Ano de 2018: Ações elencadas nos programas do PMEA e releitura das propostas;
x Ano de 2019: Ações elencadas nos programas do PMEA, revisão do planejamento
e adaptação do conteúdo do Plano;
x Ano de 2020: Ações elencadas nos programas do PMEA, adaptação global e
realização de audiência pública, no primeiro semestre de 2020, para nova versão do
PMEA.
70 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

8. PERIODICIDADE DE REVISÃO

O presente Plano Municipal de Educação Ambiental deverá ser revisto a cada 3 anos.
Dessa forma, o ano de 2020 deverá ser dedicado à releitura e adaptação global do presente
plano para que ele esteja em concordância com o contexto em que está inserido.
O universo da Educação Ambiental é dinâmico e social. Portanto, o grupo gestor do plano
deve realizar avaliações, revisões e adaptações anuais do PMEA. A forma como a revisão
deverá ocorrer está contemplada no programa de monitoramento e avaliação.
Recomenda-se, também, que haja, no mínimo, uma reunião mensal do grupo gestor do
PMEA para que se acompanhe o seu andamento.
Excepcionalmente, a primeira revisão deverá ocorrer no último trimestre do ano de 2017.

9. PROGNÓSTICO

Nessa fase do prognóstico, buscou-se compreender como se encontra o cenário atual da


Educação Ambiental no município sem a existência de um Plano Municipal de Educação
Ambiental, como ele ficaria se não fosse implantada essa ferramenta e o que se espera
com a aplicação do PMEA.
Para isso, procurou-se definir o planejamento estratégico, o que se pretende com a
articulação política e institucional, a avaliação estratégica com uso de ferramentas que
suportaram as tomadas de decisão e a estruturação das ações estabelecidas pelos
Programas desse Plano.
Dessa forma, espera-se, com a aplicação do PMEA, que a Rede Campinas de Educação
Ambiental seja criada, fortalecida e bem-estruturada. Com isso, Campinas poderá contar
com oportunidades de desenvolvimento de formação mais efetiva, com a estruturação de
espaços adequados ao recebimento de atividades de Educação Ambiental e com o
fortalecimento do uso da Educomunicação na esfera educativa-ambiental.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 71

9.1 Planejamento estratégico e ferramentas de condução do PMEA

Todo processo de planejamento envolve a definição prévia de como a condução se dará,


bem como requer fazer escolhas sobre qual a melhor metodologia, objetivos, estratégias,
parcerias, ferramentas e meios utilizados para se atingir a meta final.
Ao compreender o contexto de trabalho, definir o recorte espacial e temporal, para além
das interfaces em que o esforço da implantação do que foi planejado se dê de forma eficaz
e eficiente, o recorte espacial e temporal, em que o técnico pese na escolha, pode ser
orientado também por limitações de recursos financeiros, materiais e humanos, como pela
conjuntura social e política em que o processo está inserido.
Partindo de um contexto histórico, ainda no fim da década de 1980 a meados de 2000,
primava-se por processos de planejamento em que os diagnósticos compunham a parte
mais importante do documento, em muitos casos, tomando mais de dois anos para sua
elaboração. Consumia-se cerca de 80% dos recursos e 90% do tempo para a elaboração
do diagnóstico, do total dos recursos e prazos de todo o processo de planejamento.
Mais recentemente, direcionamentos conceituais e técnicos que fundamentam
planejamentos evoluíram em direção à busca pelo processo contínuo de melhoramento.
Isso significa que essa metodologia se torna mais significativa do que exaurir em
informações técnicas sobre o universo que a envolve.
Por isso, no momento de se pensar em como se deveria agir para que as ações pudessem
fortalecer o desenvolvimento da Educação Ambiental em Campinas, o foco esteve em
definir questões estratégicas de condução para que, futuramente, fosse possível instituir o
monitoramento e avaliação das ações. Afinal, é por meio do monitoramento sobre as ações
implantadas, por meio de indicadores de desempenho, que o ciclo do sistema de gestão
pode ter continuidade e aprimoramento. Dessa maneira, o planejar passa a compor um
sistema de não mais uma etapa que se inicia e se encerra em si mesma, mas, o ponto
inicial de um projeto que tende à sustentabilidade.
Durante os anos de 2015 e 2016, o GTEA também elaborou uma minuta de Decreto para
regulamentar a Política Municipal de Educação Ambiental. Para concretizar os objetivos,
diretrizes e princípios que essa política aborda, a minuta foi encaminhada à Secretaria
Municipal de Assuntos Jurídicos, com a intenção de ser publicada até o final de 2016.
Paralelamente a essa minuta, a fim de concretizar suas estratégias de ação, o Plano
Municipal de Educação Ambiental se primou por definir três linhas condutoras que foram
orientadas com o auxílio de ferramentas de planejamento estratégico:
72 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

x Articulação Político-institucional: Considerando propicio o momento, já que a


escrita do PMEA permeou a construção de outros dois processos de planejamento
dentro da Secretaria do Verde (Plano Municipal de Recursos Hídricos e Plano
Municipal do Verde) e da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano
(SEPLAN) com interface direta com os planos, a ferramenta de articulação se mostra
indispensável visto que lida com o planejamento do município como um todo e com
a interdependência das articulações entre as secretarias;
x Diagnóstico Estratégico: Considerando o aspecto dinâmico e o universo de atores
envolvidos no processo, primou-se pela escolha de ferramentas que pudessem
fornecer informações que norteassem as estratégicas e tomadas de decisões. Por
isso, a ferramenta escolhida foi a análise SWOT de cenário (Vide ANEXO I), com o
intuito de favorecer o direcionamento e (re)conhecimento na condução eficiente do
processo;
x Processo Participativo: Essa ferramenta foi escolhida considerando o
compromisso assumido desde o nascimento da SVDS na construção de ações de
gestão participativa e por ser um valoroso objeto de planejamento em suas
instâncias e interfaces. Obviamente, o processo participativo é, entre todas as
articulações a serem executadas, a mais complicada de ser realizada. Entretanto,
esse PMEA almeja se esforçar ao máximo para que todas as ações propostas sejam
desenvolvidas de forma coletiva e participativa;
x Definição de Programas e Metas: todo plano de ação visa o atingimento de metas.
Para isso, a estratégia de condução operacional desse plano, orientada pela Política
Municipal de Educação Ambiental, primou por dividir seus blocos de ações em
Programas, os quais contêm seus objetivos e esses, suas metas.

9.2 Articulação Política e Institucional

O Plano Municipal de Educação Ambiental compôs o IMG (Indicadores de Metas do


Governo – gestão 2012-2016), assim como o Plano Municipal de Recursos Hídricos e o
Plano Municipal do Verde. Sendo essas, três significativas ferramentas de gestão da SVDS,
cujo tempo de elaboração se sobrepôs, decorrendo paralelamente, o alinhamento sobre as
decisões e articulações institucionais ganharam notoriedade no processo.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 73
Concomitante aos três planos de responsabilidade da SVDS, a Prefeitura Municipal de
Campinas, por meio da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano,
revisou a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e o Plano Diretor do Município. Esses
processos possuem ampla interdependência.
Diante desse desafio, na segunda etapa de construção do PMEA, a SVDS constituiu duas
equipes:

x Uma para o alinhamento institucional entre esses planos;


x Uma que serviu como base para cada plano e os elementos que promoveriam a
interface entre eles.

Nessa direção, em busca pela integração, foi elaborado um cronograma em conjunto em


que os 3 (três) planos da SVDS (Verde, Recursos Hídricos e Educação Ambiental)
buscaram compatibilizar suas atividades com a elaboração dos outros dois documentos de
gestão da PMC (Lei de Uso e Ocupação do Solo e Plano Diretor).
Tal compatibilização não foi somente oportuna, mas necessária, já que os diagnósticos e
prognósticos de ordem ambiental são basilares e preliminares ao traçado de usos,
restrições, diretrizes e vocações do território municipal.
O Grupo Técnico do PMEA avaliou o grau de articulação institucional percebido por ele, em
primeiro momento, entre a SVDS e as instituições que o compõem – Decreto Municipal nº
18.317 de 31 de março de 2014 – e, em segundo momento, entre essas instituições e o
processo de elaboração do PMEA.
As imagens a seguir representam, graficamente, o grau de articulação entre as instituições
e a SVDS. Os graus de articulação vêm representado em três intensidades: Forte, Médio e
Fraco. Para as instituições sem conexão, conclui-se a ausência de articulação.
74 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 15 - Grau de articulação Institucional entre SVDS e instituições do GTEA, segundo GTEA.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 75

Uma observação apontada pelo GTEA para registro foi sobre a relação com o Parque
Ecológico, que era forte até iniciar a transição de sua gestão do Estado para o Município.
Entretanto, como esse processo ainda não foi concluído totalmente, essa articulação foi
reduzida.
Outras instituições não contempladas no Decreto nº 18.317/2014 foram incorporadas nessa
avaliação porque apresentam interação importante com as demais atividades da SVDS, por
meio da Coordenadoria Setorial de Projetos e Educação Ambiental. Dessa forma, foram
incorporadas:

x CATI;
x Secretaria Municipal de Assistência Social;
x Secretaria Municipal de Serviços Públicos;
x Secretaria Municipal de Comunicação;
x Outras instituições cuja atribuições incorporam ações de Educação Ambiental:
o Rede Estadual de Ensino;
o Sistema de Ensino da Rede Privada;
o EGDS;
o Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Turismo;
o Secretaria Municipal de Trabalho e Renda.

A Secretaria Municipal de Relações Institucionais foi apontada como a principal e mais


importante forma de fazer a interligação necessária entre o processo do PMEA e as demais
secretarias municipais.
A mesma estratégia foi usada para avaliar as instituições que compõem o Decreto Municipal
nº 18.317/2014 e o processo de construção do Plano Municipal de Educação Ambiental.
A partir dessa avaliação, o GTEA constatou e reforçou a necessidade urgente de envolver
a Secretaria Municipal de Relações Institucionais na confecção do PMEA a fim de viabilizar
e efetivar a participação de importantes Pastas Municipais no processo, tais como Serviços
Públicos (em especial, DLU e DPJ), Comunicação, Assistência Social, Desenvolvimento
Econômico, Social Turismo e a de Trabalho e Renda. Pelo decreto, essas Secretarias não
compõem o GTEA. Entretanto, elencando as estratégias de ações, verificou-se que a
participação ativa dessas era essencial para o bom andamento do processo.
A avaliação e (re)conhecimento de cenário inicial considerou que não havia necessidade
de ampliar o corpo de representações do GTEA, mas fortalecer a articulação e o apoio entre
as instituições.
76 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

Figura 16 - Grau de articulação Institucional entre instituições do GTEA e o processo de planejamento do PMEA, segundo o GTEA

Figura 17 - Formas que fazem representar as instituições no PMEA


Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 77
Nessa orientação de buscar o fortalecimento da articulação institucional, em conformidade
ao Decreto Municipal nº 18.317/2014, em que no artigo 4º é dada a composição de
coordenação do PMEA, acordou-se entre os representantes das instituições indicadas para
a coordenação que o processo de elaboração do PMEA primaria por cumprir o Decreto
supracitado:

Art. 4º-A O Grupo Técnico Municipal terá:

I. A Coordenação Geral da Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e do


Desenvolvimento Sustentável;

II. Uma Coordenação Adjunta, composta por um representante do Conselho


Municipal do Meio Ambiente - COMDEMA, um representante da Fundação
José Pedro de Oliveira e um representante da Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP; e

III. A Coordenação Executiva da Secretaria Municipal de Educação.

Com relação à implantação do PMEA, foi definido um Grupo Gestor de Coordenação com
tal responsabilidade:

x À Coordenadoria Setorial de Projetos e Educação Ambiental, como representante


da SVDS, coube a coordenação geral, as relações institucionais, a gerência de
cronograma, análise de estratégias e escrita compartilhada do PMEA;
x À Secretaria Municipal de Educação coube responder pelas atividades que
envolvem a educação do ensino municipal e a escrita compartilhada do PMEA;
x À Fundação José Pedro de Oliveira coube a análise e escrita compartilhada do
PMEA;
x À Unicamp coube a análise e escrita compartilhada do PMEA;
x Ao COMDEMA coube a análise, leitura, acompanhamento e escrita compartilhada
do PMEA.

Todas as atividades desenvolvidas pela coordenação do PMEA tiveram autorização para


participação ativa da comunidade em geral pois primou pelo princípio da transparência e
participação pública.
Além da articulação entre as instituições, faz-se necessário entender quais serão os atores
de execução do PMEA a partir do seu primeiro ano de vigência. Assim, o GTEA ficou
78 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

responsável pela pesquisa teórica, análise estratégica de ambiente e plano estratégico de


ações (Programas).
Como mencionado no Eixo Institucional, o PMEA tem sua aplicação prevista para três
momentos e, para executar esses três momentos, faz-se necessária a criação de um grupo
executivo ou grupo gestor, sob a coordenação geral da SVDS. Esse grupo poderá ter a
participação da sociedade governamental e civil, instituições públicas e privadas, desde
que esteja sob a coordenação geral da SVDS, com o apoio e participação efetiva da SME.

9.3 Avaliação Estratégica

A leitura sobre os vários documentos, registros e materiais oficiais sobre as ações


municipais de Educação Ambiental e a inserção orientada pelos diversos atores envolvidos,
direta ou indiretamente, no processo de elaboração do PMEA possibilitaram que fosse
elaborada uma análise qualitativa preliminar sobre o cenário atual na qual está inserida a
Educação Ambiental no município de Campinas.
Um trabalho coletivo junto ao GTEA para validação, complementando e corrigindo essa
avaliação preliminar, foi realizado, resultando em uma matriz, organizada pela ferramenta
do SWOT (Strengths-Weaknesses-Opportunities-Threats) (Vide Anexo I).
Nesse trabalho com o GTEA, também foi realizada uma ordenação por ordem de
importância.

9.3.1 Avaliação Estratégica com o uso do SWOT

Os principais objetivos que determinaram a escolha dessa ferramenta foram:

x Efetuar uma síntese das análises internas e externas;


x Identificar elementos-chave para a condução do processo, o que implicou em
estabelecer prioridades de atuação;
x Pensar em opções estratégicas: entraves para o desempenho do processo e
problemas a resolver;
x Dar início ao diagnóstico nesse contexto, visando:
o Fortalecer os pontos positivos;
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 79

o Indicar os pontos negativos que precisavam ser melhorados;


o Elencar as chances de crescimento, aumentando as oportunidades e
deixando em alerta as ameaças anunciadas.

Além disso, o objetivo principal é essa ferramenta não se esgotar em si. Visto que o cenário
da Educação Ambiental não é estático, a análise SWOT deve ser revista periodicamente
na revisão do PMEA.
As análises de cenário se dividiram e continuarão se dividindo em:

9.3.1.1 Ambiente interno

Entende-se como “Ambiente Interno” aquilo que pode ser controlado pelo o grupo executivo
do PMEA nas figuras das SVDS e da SME, uma vez que ele é resultado das estratégias de
atuação definidas pelos próprios membros do processo.
Dessa forma, todo ponto forte precisou ser ressaltado ao máximo nas ações definidas pelo
PMEA. Assim, para cada ponto fraco, a ação deve ser no sentido de controlá-lo ou, pelo
menos, minimizar seu efeito.
Fazer gestão sobre as principais Forças (Strengths) e Fraquezas (Weaknesses) que
potencializam ou interferem no bom desempenho das ações de Educação Ambiental
municipal tem o objetivo de alcançar a integração dos processos e a redução de ações
pulverizadas e desconectadas.
O ambiente interno e as articulações que ele requer podem ser controlados pela
coordenação do PMEA, uma vez que eles são resultados das estratégias de atuação
definidas pelos próprios membros do processo.
Consequentemente, durante a análise:

x Quando um ponto forte é percebido, ele é ressaltado ao máximo;


x Quando um ponto fraco é percebido, o grupo executivo deve agir para controlá-lo
ou, pelo menos, minimizar seu efeito.
80 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

9.3.1.2 Ambiente externo

Entende-se por ambiente externo todas as situações que fogem da competência e controle
da coordenação, do grupo executivo ou do Grupo Gestor do PMEA.
Mesmo não possuindo um certo "controle" sobre esse contexto, o grupo executivo deve
conhecê-lo e monitorá-lo com frequência de forma a aproveitar as oportunidades
(Opportunities) e evitar as ameaças (Threats).
Sabe-se que evitar ameaças nem sempre é possível. No entanto, é altamente
recomendável realizar um planejamento para enfrentá-las, minimizando seus efeitos.
Conhecer e fazer gestão sobre as principais oportunidades e ameaças de um contexto que
poderá favorecer ou reduzir o bom desempenho das ações municipais de Educação
Ambiental pode resultar na maior confiabilidade nos processos, na obtenção de
informações de apoio à gestão, favorecendo as tomadas de decisões estratégicas.
Como mencionado no tópico sobre ambiente interno, as forças e fraquezas são
determinadas pela situação atual e se relacionam, quase sempre, a fatores internos. Essas
são particularidades importantes para que a análise indique o que há de positivo e promova,
por meio da aplicação do plano, a melhoria sobre seus pontos fracos.
Já nesse contexto do ambiente externo, as oportunidades e ameaças são antecipações do
futuro e estão relacionadas a fatores que permitem a identificação de aspectos que podem
constituir constrangimentos (ameaças) à implementação de determinadas estratégias ou
então podem se constituir como apoios (oportunidades) para alcançar os objetivos
delineados para a Educação Ambiental.

A combinação desses dois ambientes (interno e externo) e de suas variáveis (Forças,


Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) auxiliou na análise e apoiou as tomadas de
decisões na definição das estratégias que nortearam a elaboração e que, futuramente,
guiarão na implantação do Plano Municipal de Educação Ambiental de Campinas.

O PMEA deverá ser revisto no quarto ano de sua aplicação. Assim, tanto o ambiente interno
como o externo deverão ser reanalisados.
Já as ações propostas nos programas terão seu próprio prazo de revisão dependendo de
sua modalidade e característica. Elas determinarão um prazo para revisão de seu conteúdo.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 81

Com a implantação das estratégias, programas, projetos e ações do PMEA, espera-se que
a articulação interinstitucional seja ampliada e solidificada, de forma que o ambiente interno
seja ampliado.
A análise dos resultados foi feita sob a combinação dos elementos preponderantes (interno
e externo).
A aplicação da análise SWOT resultou na matriz apresentada na tabela a seguir.
Após a análise das variáveis, o GTEA pode verificar que a matriz indicou o cenário
correspondente ao da SOBREVIVÊNCIA, transitando para o do Crescimento (o quadrante
que possuiu a predominância foi para os pontos fracos).
82 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

9.3.1.3 SOBREVIVÊNCIA

AMBIENTE EXTERNO AMBIENTE INTERNO

AMEAÇAS PONTOS FRACOS

1. Falta de articulação e integração entre 1. Desconhecimento do que é feito nas diversas


os diversos atores na área de unidades administrativas da gestão municipal.
Educação Ambiental. 2. Comunicação e articulação insuficientes entre
2. Desconhecimento sobre as fontes e ações desenvolvidas pela gestão municipal.
formas de obtenção de recursos e 3. Ações isoladas e pulverizadas por falta de
financiamentos potenciais para articulação e desconhecimento das ações.
desenvolver ações de EA 4. Descontinuidade de ações, projetos e
3. Ausência de continuidade de programas.
programas de Educação Ambiental 5. Falta de recursos financeiros e tecnológicos.
nas instituições 6. Falta de um grupo gestor dos recursos
4. Falta de profissionais nas instituições financeiros.
para atuação na Educação Ambiental. 7. Formação, orientação e estruturação
5. Atividades econômicas desvinculadas insuficientes.
dos princípios de sustentabilidade e 8. Ausência de Centros de EA.
responsabilidade sócio ambiental. 9. Espaços educadores desestruturados.
6. Atividades midiáticas desvinculadas 10. Insuficiência de avaliação sistemática e
das ações de Educação Ambiental. periódica sobre programas, projetos e ações.
7. Falta de identificação da sociedade 11. Parcerias e convênios insuficientes com
com o ambiente natural local. órgãos de diferentes esferas governamentais
8. Atividades de Educação Ambiental e ou sociedade civil.
com pouco embasamento teórico 12. Deficiência da gestão pública dificultando
9. Formação e atualização insuficientes articulação, obtenção de recursos e
de educadores. implantação de ações.
10. Má distribuição geográfica de 13. Falta de servidores capacitados dentro das
equipamentos e de ofertas de ações secretarias.
no município de Campinas. 14. Falta de um grupo gestor para acompanhar e
11. Baixa oferta de atividades de integrar a definição de políticas públicas
Educação Ambiental. municipais que possuem interface com as
12. Ausência de avaliação sistemática e ações de Educação Ambiental.
periódica sobre programas, projetos e 15. Ausência de produção sistemática, orientada
ações. e integradora de material educativo.
16. Má distribuição geográfica de equipamentos e
de ofertas de ações no município de
Campinas.
17. Falta de articulação com os municípios que
compõem a RMC.
18. Insuficiência de divulgação das ações e
resultados.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 83

9.3.2 Processo Participativo

O PMEA sempre se preocupou em tentar garantir a participação social, já que esse foi um
dos princípios adotados para o processo de construção do PMEA, assim como indicado
pela Lei nº 14.961, de 06 de janeiro de 2015. O próprio processo que deflagrou a sua
redação considerou importantes elementos de um processo participativo, resultando em
várias chamadas para o mesmo em seu escopo.
Entende-se que um processo que visa a conhecer o contexto de uma comunidade, por meio
de diversas fontes de informação e de vários atores, oferece a possibilidade de reconhecer
as prioridades e as áreas de intervenção indicadas por quem realmente compõe a
realidade, tornando-o próximo do real.
A importância do diagnóstico participativo é dada, principalmente, por favorecer importantes
processos sociais, como o empoderamento e o pertencimento – elementos indispensáveis
na construção de um cenário real, no qual o êxito das ações projetadas está de fato
consorciado com o contexto dos atores sociais envolvidos.
Para alcançar sua efetividade, algumas informações sobre a comunidade são importantes,
tais como:

x A análise do entorno em que vivem ou desenvolvem relações sociais, econômicas


e/ou culturais;
x O reconhecimento da diversidade cultural e das condições de vida da comunidade;
x A identificação das tecnologias disponíveis;
x A consciência ambiental que elas têm:
o O que é meio ambiente?
o O que é Educação Ambiental?
o Elas se enxergam numa unidade ambiental?
o Como é a relação com o meio?

Infelizmente, o processo participativo é bastante complicado de ser 100% atingido.


Entretanto, o GTEA se esforçou para que o PMEA fosse construído o mais coletivo e
participativo possível. Obviamente, ainda há muito o que fazer. Por isso, as estratégias de
ações propostas pelo PMEA se esforçam para que sua execução e revisão sejam
realizadas do modo mais participativo e coletivo possível.
84 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

9.4 Definição de Programas e Metas

O GTEA, em reunião participativa, definiu 4 (quatro) programas para serem desenvolvidos


durante a elaboração do PMEA. Foram eles:

x Espaços Educadores;
x Formação de Educadores;
x Educomunicação;
x Monitoramento e Avaliação.
Além desses Programas, projetos e ações reconhecidos durante o diagnóstico preliminar
das ações de EA foram trabalhados no Plano.
A coordenação definiu que cada Programa fosse conduzido por cada uma das
coordenações.
Assim, a distribuição ficou conforme indicado abaixo:

x Programa de Espaços Educadores: Fundação José Pedro de Oliveira;


x Programa de Formação de Educadores: Secretaria Municipal de Educação;
x Programa de Educomunicação: SVDS (CPEA) e UNICAMP;
x Programa de Monitoramento e Avaliação: SVDS (CPEA)

Com a aplicação desse PMEA, espera-se que os objetivos possam ser alcançados para
que Campinas possa ser uma referência nacional em Educação Ambiental.

10. FORMAS DE ACOMPANHAMENTO E REPORTE DO ANDAMENTO


DAS AÇÕES

A aplicação do Plano Municipal de Educação Ambiental poderá ser acompanhada via


relatórios mensais de atividades reportados pelos atores sociais envolvidos nas ações.
Caso julgue pertinente, o grupo gestor do PMEA poderá optar, a qualquer momento, pelo
agregar de outras ferramentas de acompanhamento e reporte dos andamentos das ações.
O importante é que essas sejam executadas, monitoradas, sejam significativas e produzam
identificação com os atores envolvidos.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 85

Durante sua elaboração, o PMEA enfrentou alguns obstáculos que dificultaram o


cumprimento de seu cronograma de execução.
Assim, em 2016, sob nova coordenação geral dentro da CPEA (SVDS), um novo
cronograma foi elaborado com a intenção de publicação até o final de 2016.
Dessa forma, o PMEA se desenvolverá em cinco momentos:

x Ano de 2016 – Publicação;


x Ano de 2017 – Reconhecimento de cenário e Inicio de implantação (projetos e ações
para 2017);
x Ano de 2018 – Projetos e Ações para 2018;
x Ano de 2019 – Projetos e Ações para 2018 e início da revisão e da adaptação do
PMEA;
x Ano de 2020 – Monitoramento, avaliação, revisão e adaptação do PMEA.

Ressaltando que nos momentos de Reconhecimento de Cenário e Monitoramento, os


projetos e ações deverão continuar sendo executados.
86 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

11. AÇÕES FINAIS: Condicionantes para a implementação do PMEA

Como foi possível observar no Diagnóstico, o município de Campinas desenvolve várias


ações de Educação Ambiental. Entretanto, essas ações estão dispersas e não estão
recebendo a atenção e o apoio que merecem para desabrochar e gerar mais frutos.
Para que essas ações recebam a atenção que merecem, esse Plano precisa se tornar
efetivo. Para que esse plano se torne efetivo, como foi possível observar ao longo desse
documento, é necessário o fortalecimento de três pilares que sustentarão todos os
programas, projetos e ações propostos. São eles: Equipe, Articulação Institucional e
Infraestrutura.

11.1 Equipe

Para que esse Plano atinja seus objetivos propostos e seja eficaz, faz-se necessária a
instituição de um Grupo de Acompanhamento.

11.2 Articulação Institucional

Sem articulação institucional, não se conseguirá tornar possível as ações propostas nesse
PMEA. Por isso, é imprescindível que haja um fortalecimento das relações institucionais em
prol dessa ferramenta.

11.3 Infraestrutura

Sem ferramentas e locais adequados ao desenvolvimento de atividades de Educação


Ambiental, a concretização dos Programas, Projetos e Ações se torna inviável. Dessa
forma, faz-se necessário o empenho visando assegurar a disponibilidade de infraestrutura
adequada ao desenvolvimento das atividades.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 87
12. REFERÊNCIAS

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UNIGRANRIO Editora, 2000.

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Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 91

13. ANEXO I

13.1 Análise SWOT

A Análise SWOT (ou Análise FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças -


em português) é uma ferramenta usada para fazer análise de cenário (ou análise de
ambiente). Ela pode ser empregada como base para gestão e planejamento estratégico de
planos, projetos e ações que se pretende executar.
Ela visa a efetuar uma síntese das análises internas e externas de cenário, identificar
elementos para a gestão, preparar opções estratégicas (riscos ou problemas a resolver) e
compreender melhor o diagnóstico do seu objeto de análise.
Além disso, ela fortalece os pontos positivos, indica quais os pontos devem melhorar,
mostra as chances de crescimento, aumentando as oportunidades e deixa em alerta diante
de riscos.

A análise de uma matriz SWOT pode obter um dos seguintes cenários:

x SOBREVIVÊNCIA
Fraquezas + Ameaças = Sobrevivência
Para este cenário, as estratégias adotadas devem minimizar ou ultrapassar os
pontos fracos e, tanto quanto possível, fazer face às ameaças.
x MANUTENÇÃO
Forças + Ameaças = Manutenção
Para este cenário, a estratégia é obter o melhor benefício dos pontos fortes para
minimizar os efeitos das ameaças detectadas.
x CRESCIMENTO
Fraquezas + Oportunidades = Crescimento
Para este cenário, a estratégia é desenvolver estratégias que minimizem os efeitos
negativos dos pontos fracos e que, simultaneamente, aproveitem as oportunidades
detectadas.
x DESENVOLVIMENTO
Forças + Oportunidades = Desenvolvimento
Para este cenário, a estratégia é obter o melhor benefício dos pontos fortes para
aproveitar, ao máximo, as oportunidades detectadas.
92 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

A análise se complementa com a ponderação de cada situação identificada, de forma a


reconhecer o impacto (elevado, médio e fraco) que os fatores podem ter no processo e a
tendência (melhorar, manter e piorar) futura que esses fatores têm no processo.
A aplicação da Análise SWOT, em um processo de planejamento, pode representar um
impulso para a mudança cultural da(s) instituição(ões) ou do processo de elaboração e
implantação do Plano Municipal de Educação Ambiental.

Figura 18 - Modelo Conceitual da matriz de análise SWOT


Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 93

13.2 O Método PDCA

O método PDCA, do inglês Plan, Do, Check, Action, foi criado na década de 20 por Walter
A. Shewart. Esse método, também conhecido como “Ciclo de Deming”, é uma das primeiras
ferramentas de gestão da qualidade (ou ferramentas gerenciais) e permite o controle do
processo em questão.
Abaixo, segue uma breve explicação sobre cada etapa do ciclo:

x PLAN: (Planejar) é o primeiro passo para a aplicação do PDCA. Ele faz referência ao
estabelecimento de um plano ou um planejamento que deverá ser estabelecido com
base nas diretrizes ou políticas que se pretende seguir.
No caso do Programa de Monitoramento, faz-se necessário que os projetos e/ou
ações desenvolvidos no âmbito da Educação Ambiental sejam previamente
planejados, principalmente quando se trata da esfera formal. No caso da esfera não-
formal e/ou informal, o planejamento pode ocorrer de maneira simultânea ao
desenvolvimento da atividade. Porém, o mais importante é que ele possua um
direcionamento, ou seja, não seja uma ação sem produção de significados ou
identificação.

x DO: (Fazer) o Realizar é a segunda etapa a ser cumprida no desenvolvimento de uma


atividade de Educação Ambiental. Simultaneamente ao desenvolvimento das ações,
o monitoramento dessas estará presente interagindo com as vivências de produção
de conhecimento que as atividades estão mediando. É por meio do FAZER que as
atividades serão concretizadas.

x CHECK: (Verificar) a verificação constante do que se propõe executar é a etapa mais


latente do programa de monitoramento e avaliação. Além da verificação dos frutos
oriundos das vivências, é necessário o monitoramento constante das estratégias
traçadas no PMEA nos três outros programas. É neste momento que as análises
estatísticas dos dados e verificação dos itens de controle são realizados. Nesta fase,
podem ser detectados erros ou falhas, fazendo disso uma excelente ferramenta de
gestão de qualidade das atividades desenvolvidas e dos projetos planejados.
94 Diário Oficial do Município de Campinas Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017

No caso das atividades de Educação Ambiental, o “check” poderá ser divido em duas
funções:
o A primeira poderá ser usada para cada atividade individualmente: as
atividades poderão ser monitoradas antes, durante e após sua execução, por
meio de todos os participantes, de forma coletiva, para revisão de ações e
entendimento do processo de aprendizagem, assim como a reflexão sobre os
frutos gerados;
o A segunda poderá ser usada no conjunto das atividades, no planejamento
estratégico anual: todos os anos, aconselha-se que os atores sociais façam
um planejamento de como se pretende desenvolver as atividades de
Educação Ambiental no município. É importante pensar em quais serão elas,
quem serão as pessoas que dela participarão etc. Neste momento de “check”
global, é importante fazer uso de indicadores quantitativos para poder elencar
quantas pessoas foram assistidas, quantas atividades foram realizadas, quais
assuntos/temáticas abordadas etc. Nessa função, pode-se fazer o uso dos
INDICADORES abaixo:
o Data da atividade;
o Duração (em horas) da atividade;
o Instituições participantes;
o Faixa etária participante;
o Quantidade de participantes;
o Local da atividade;
o Temáticas abordadas;
o Produtos originários da participação da atividade;
o Desenvolvimento coletivo do PDCA (Sim ou Não);

x ACT ou ACTION: (Ação) é a última fase do PDCA. É nesta fase que são realizadas
as ações corretivas, ou seja, a correção das falhas encontradas no passo anterior. No
caso no PMEA, há um prazo para a sua revisão. Durante essa releitura, faz-se
necessário reparar os erros e falhas diagnosticados durante o processo de verificação
para que as atividades de Educação Ambiental possam continuar cumprindo sua
missão de maneira sustentável. Por isso, é de fundamental importância a presença
de um gestor exclusivo para o plano.
Campinas, terça-feira, 13 de junho de 2017 Diário Oficial do Município de Campinas 95

13.3 O método Design Thinking16

Design Thinking pode ser entendido como o conjunto de métodos e processos relacionados
à aquisição de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções. Ele pode
ser considerado como a capacidade para combinar empatia em um contexto de um
problema, de forma a colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto;
criatividade para geração de soluções e razão para analisar e adaptar as soluções para o
contexto, buscando diversos ângulos e perspectivas para solução de problemas,
priorizando o trabalho colaborativo em equipes multidisciplinares em busca de soluções
inovadoras.
O Design Thinking propõe que um novo olhar seja adotado ao se endereçar problemas
complexos, um ponto de vista mais empático que permita colocar as pessoas no centro do
desenvolvimento de um projeto e gerar resultados que são mais desejáveis para elas, mas
que ao mesmo tempo financeiramente interessantes e tecnicamente possíveis de serem
transformados em realidade.
Ele pode ser dividido, mas não sequenciado, em:

x Imersão preliminar: quando há a aproximação de um problema, a partir das mais


diversas perspectivas e pontos de vistas;
x Imersão em profundidade: ela tem seu início com um Projeto de Pesquisa, seguindo
de uma exploração do contexto do problema. A partir dos dados coletados, criam-se
reflexões e entendimentos. A partir disso, tem-se insumos para a etapa de análise e
síntese;
x Análise e síntese: nessa etapa, as informações coletadas na fase de imersão são
submetidas a uma fase de análise e síntese, de forma a serem organizadas,
possibilitando a identificação de grupos de opiniões e problemáticas em comum, dentro
de uma lógica que permita a compreensão dos problemas em questão;
x Ideação: esta é a fase em que se compreende para quem o plano será direcionado.
Nessa fase, além da equipe multidisciplinar envolvida em todo o projeto, outros sujeitos
são incluídos como interlocutores, de forma a obter várias perspectivas e um resultado
mais rico e diverso. No PMEA, por exemplo, essa foi a fase das oficinas
x Prototipação: este é o momento em que as ideias ganham conteúdo formal e material,
de forma a representar a realidade capturada e propiciar a validação do conteúdo
apreendido.

16 https://pt.wikipedia.org/wiki/Design_thinking - Consultado em setembro/2016

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