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CUIDADOS PALIATIVOS
UM OLHAR MULTIDISCIPLINAR
ORGANIZADORAS
THAYANA LOUIZE VICENTINI ZOCCOLI
MELISSA GEBRIM RIBEIRO
FLÁVIA NUNES FONSECA
VERÔNICA CARNEIRO FERRER
ORGANIZADORAS
tHaYana LOUIZe vIcentInI ZOccOLI
MeLISSa GeBRIM RIBeIRO
fLÁvIa nUneS fOnSeca
veRÔnIca caRneIRO feRReR
DeSMIStIfIcanDO
CUIDADOS PALIATIVOS
UM OLHaR MULtIDIScIPLInaR
Www.publicalivros.coM
Copyright © 2019 by Thayana Louize Vicentini Zoccoli, et al.
Produção Editorial
Editora Oxigênio
Editor
Léo Kades
Capa
Camila Ferrer
Revisão
As organizadoras
Apresentação..............................................................................07
Autores.....................................................................................09
6
ApresentAção
7
e morrer com dignidade.
Paliativos.
Boa leitura!
As organizadoras
8
Autores
9
Flávia Nunes Fonseca (Org.)
Psicóloga
Graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília. Mestre
em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília.
Especialista em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto
Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC). Psicóloga
da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF),
atuando no Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital de Base do
Distrito Federal.
10
Alexandra Mendes Barreto Arantes
Médica Geriatra e Paliativista
Graduação em Medicina pela ESCS/ Residência de Clínica
Médica pelo HRAN/ Residência em Geriatra pelo HUB. Título de
Especialista em Geriatra e atuação em Medicina Paliativa pela AMB.
Médica no Hospital de Apoio de Brasília e no Instituto Oncovida/
Oncoclínicas. Preceptora da residência de Medicina Paliativa em
rede da ESCS/ coordenadora da Liga de Medicina Paliativa da
ESCS/ orientadora de PIC/ Cuidados Paliativos/ESCS.
11
Débora Ferreira Reis
Farmacêutica
Graduação em Farmácia e Bioquímica - Tecnologia de
Alimentos pela Universidade Federal de Santa Maria – USFM.
Pós Graduação Lato Sensu Farmácia Hospitalar pela Faculdade
Cambury de Goiânia. Pós Graduação Lato Sensu Oncologia pelo
Centro Universitário Internacional - Uninter. Chefia do Núcleo de
Farmácia Clínica do Hospital de Apoio de Brasília.
12
ambulatório multiprofissional e serviço interdisciplinar de acolhi-
mento e apoio aos enlutados do HAB) e Centro de Referência de
Doenças Neuromusculares. Preceptora da Residência Multiprofis-
sional de Atenção ao Câncer pela Fundação de Ensino e Pesquisadas
Ciências da Saúde -FEPECS/SES/DF.
13
Brasília. Residência Médica em Medicina Paliativa pela Secretaria de
Estado de Saúde do Distrito Federal. Médica assistente no Hospital
de Apoio de Brasília e no Hospital de Base do Distrito Federal.
Preceptora voluntária do Programa de Residência Médica em Medicina
Paliativa pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
14
Sílvia Maria Gonçalves Coutinho
Psicóloga
Graduação em Psicologia pela Universidade de Brasília. Mestre
e Doutora em Psicologia da Saúde e Desenvolvimento Humano
pela Universidade de Brasília. Psicóloga do Hospital de Apoio de
Brasília - SES/DF. Supervisora de estágio em Psicologia da Saúde.
15
Thaís de Deus Vieira Boaventura
Médica Geriatra e Paliativista
Graduação em Medicina pela Universidade de Pouso Alegre
- MG. Residência em Clínica Médica no Hospital Regional de
Taguatinga pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
Especialização em Geriatria pelo Centro de Médicos do Idoso/
HUB. Título de especialista em Geriatria e em Medicina Paliativa
pela AMB. Especialização em Preceptoria de Residência Médica no
SUS, pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Médica no
Hospital de Apoio de Brasília. Preceptora do Programa de Residência
Médica em Medicina Paliativa da SES-DF.
16
MÓDULO
CiCely SaunderS
17
1
IntroDução Aos CuIDADos
pALIAtIVos
normal da vida.
do paciente.
Um olhar multidisciplinar : 19
durante a doença do paciente e a enfrentar o luto.
o curso da doença.
IMPORTANTE
Cuidados Paliativos requerem conhecimento técnico refinado,
aliado à percepção do ser humano como agente de sua história
de vida6.
Conceitos e definições
Avaliação funcional
Um olhar multidisciplinar : 21
Quadro 1: Conceitos e definições essenciais em Cuidados Paliativos.
Terminalidade da vida Quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de
saúde e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e
previsível9,10.
Fase final de vida (fim da vida) Aquela em que o processo ativo de morte se desencadeia de forma
irreversível e o prognóstico pode ser definido em horas a dias11.
Obstinação terapêutica Adotar ou manter procedimentos terapêuticos fúteis, cujos efeitos são
mais nocivos do que o próprio mal a ser curado, ou inúteis, os quais
não garantem benefícios aos pacientes, pois a cura é impossível. Por
gerarem ainda mais sofrimentos, violam a dignidade humana11,12-14.
Adequação de Medidas Condutas médicas restritivas, em que se limita o uso de certos recursos,
Terapêuticas (ou Limite do por serem inadequados ou inúteis11.
Esforço Terapêutico)
Fonte: elaborado pela autora a partir dos trabalhos de Moritz, Rossini, Deicas11; Siqueira,
Pessini12; Torres13; Torres14 e Conselho Federal de Medicina15
Um olhar multidisciplinar : 23
Modalidades de Atenção em Cuidados Paliativos
Um olhar multidisciplinar : 25
de caráter holístico. Precisam ser equipadas para atender ocorrências
clínicas, com assistência médica durante 24 horas, além de exames
laboratoriais e radiológicos, contando com referência para exames
mais complexos. Deve contar com equipe multiprofissional
completa com formação em Cuidados Paliativos16.
Considerações Finais
protocolos.
Um olhar multidisciplinar : 27
2) Ainda sobre o caso 1 e considerando que a paciente tem
dificuldade para executar algumas atividades instrumentais de vida
diária em razão da dor e que sua mãe mostra sinais de sobrecarga
de cuidados, escolha a alternativa correta.
a) A mãe da paciente deve ser encaminhada para acompanha-
mento psicológico, já que ela mesma não é paciente da equipe
de Cuidados Paliativos.
b) A equipe não deve entrar no mérito da questão da sobrecarga
de cuidados da mãe: este papel é do médico assistente da mãe.
c) A equipe de Cuidados Paliativos pode orientar que a mãe
não tem motivos para ficar sobrecarregada, já que a paciente
não tem mais câncer e consegue manter autocuidado.
d) O acolhimento e a assistência à mãe fazem parte da abor-
dagem integral em Cuidados Paliativos: podem ser realizadas
reuniões familiares ou grupos específicos para os cuidadores.
Um olhar multidisciplinar : 29
Referências Bibliográficas
2011. p. 157-85.
15 - Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM 1995/2012.
Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes.
D.O.U. 31 ago. 2012; Seção I, p. 269-70.
16 - Maciel MGS. Organização de serviços de Cuidados Paliativos.
In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de Cuidados Paliativos
ANCP - Ampliado e Atualizado. 2. ed. Academia Nacional de
Cuidados Paliativos; 2012. p. 94-110.
17 – Rodrigues LF. Modalidades de atuação e modelos de assistên-
cia em Cuidados Paliativos. In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.).
Manual de Cuidados Paliativos ANCP - Ampliado e Atualizado.
2. ed. Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012. p. 86-93.
Um olhar multidisciplinar : 31
Questão 1 – c
Questão 2 – d
Questão 3 – c
Questão 4 – d
Um olhar multidisciplinar : 33
humana na área da saúde, é necessário avaliar os casos considerando
os princípios universais da bioética: autonomia, justiça, beneficência
e não maleficência, cuja aplicação é fundamental em Cuidados
Paliativos2-4, como exemplificado no quadro 1.
Princípio da cabe ao médico fazer o bem para o paciente e para a sua família, o que
afasta a possibilidade de uso indiscriminado e abusivo da tecnologia para preservar a vida a qualquer
custo.
Um olhar multidisciplinar : 35
A privacidade dos
indivíduos envolvidos e a confidencialidade de suas informações
devem ser respeitadas. Com esforço máximo possível de proteção,
tais informações não devem ser usadas ou reveladas para outros propó-
sitos que não aqueles para os quais foram coletadas ou consentidas
A igualdade funda-
mental entre todos os seres humanos em termos de dignidade e de
direitos deve ser respeitada de modo que todos sejam tratados de
forma justa e equitativa.
A
importância da diversidade cultural e do pluralismo deve receber
a devida consideração. Todavia, tais considerações não devem ser
invocadas para violar a dignidade humana, os direitos humanos e
as liberdades fundamentais.
Nenhum
indivíduo ou grupo deve ser discriminado ou estigmatizado por
qualquer razão, o que constitui violação à dignidade humana, aos
direitos humanos e liberdades fundamentais.
A solidariedade entre os
seres humanos e cooperação internacional para este fim devem ser
estimuladas.
A promoção da saúde
e do desenvolvimento social para a sua população é objetivo central
dos governos, partilhado por todos os setores da sociedade.
Um olhar multidisciplinar : 37
Código de Ética Médica, 2010: distanásia
IMPORTANTE
A obstinação terapêutica é estimulada pela prática de uma
“medicina defensiva”, consistente na adoção de todos os recursos
e procedimentos disponíveis, ainda que sabidamente inúteis e
desnecessários, muitas vezes com o objetivo de fazer prova de
uma boa atuação profissional2,3.
Um olhar multidisciplinar : 39
de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou
de seu representante legal.
§ 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou
a seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para
cada situação12.” (grifo das autoras)
Um olhar multidisciplinar : 41
análise, estiverem em desacordo com os preceitos ditados pelo
Código de Ética Médica.
§ 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre
qualquer outro parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos
familiares.
§ 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas anteci-
padas de vontade que lhes foram diretamente comunicadas pelo
paciente13.”
Um olhar multidisciplinar : 43
Glossário
As Diretivas Antecipadas de Vontade devem integrar um processo
que propicie um diálogo aberto entre familiares, médicos e o pa-
Um olhar multidisciplinar : 45
Mais uma vez, destaca-se a necessidade de uma boa comunicação
prévia com pacientes e familiares21.
Os principais efeitos positivos das Diretivas Antecipadas de
Vontade se relacionam com realizar o desejo do paciente por trata-
mentos menos invasivos, predominantemente paliativos, no final
de vida; facilitar as discussões sobre final de vida e morte; ajudar
no alcance de um consenso e fornecer clareza para outros membros
da equipe multiprofissional e familiares com relação ao cuidado;
além de propiciar a diminuição de sentimento de culpa e indecisão
dos familiares. Poucos efeitos negativos foram descritos, entre eles
o fato de haver situações em que o cuidado do paciente teve que
Considerações finais
Área de treinamento
Um olhar multidisciplinar : 47
“SGW tem 68 anos de idade e apresenta diagnóstico de
Parkinson há 10 anos. No momento está internado na enfermaria
com quadro de pneumonia aspirativa de repetição, sendo este o
quinto episódio neste ano. Ele tem diretivas antecipadas de vontade
expressando o desejo de não fazer gastrostomia ou traqueostomia,
nem ser intubado ou internado em UTI. No momento, mostra
sinais de insuficiência respiratória, tem respiração ruidosa e está
obnubilado. A família está angustiada com o sofrimento do ente
querido.”
1 – Qual é a melhor conduta a ser adotada nesse caso?
a) Realizar sequência rápida com midazolan, cetamina e
bloqueador neuromuscular, além de IOT e solicitação de
vaga em UTI.
b) Administrar opioide e midazolan em dose alta, visando a
abreviar o processo de morte.
c) Não se necessita qualquer ação adicional, pois o paciente
se encontra nas últimas horas de vida.
d) Colocar o paciente em ventilação não invasiva e desconsi-
derar as diretivas antecipadas de vontade, pois elas não tem
valor legal.
e) Realizar conferência familiar e alinhamento de expectativas
dos familiares e da equipe e dar seguimento ao planejamento
expresso nas diretivas antecipadas de vontade. Manter os an-
tibióticos, avaliar início de opióide em dose para dispneia e
tomar medidas não farmacológicas necessárias.
Referências Bibliográficas
Um olhar multidisciplinar : 49
2 - Torres JH. Ortotanásia não é homicídio, nem eutanásia. Quando
deixar morrer não é matar. In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.).
Manual de Cuidados Paliativos ANCP - Ampliado e Atualizado. 2.
ed. Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012. p. 415-38.
3 - Torres JH. Ortotanásia não é homicídio nem eutanásia. In:
2011. p. 157-85.
4 – Conselho Federal de Medicina. Código de Ética Médica. Re-
solução CFM n. 1931 de 17 set. 2009. Brasília: CFM; 2010. 98 p.
5 - Conferência Geral da UNESCO. Declaração Universal sobre
Bioética e Direitos Humanos da UNESCO. Paris: UNESCO, 19
out. 2005.
6 - Fabri dos anjos, M. Bioética nas desigualdades sociales, en
Garrafa, Volnei, Ibiapina F. Costa, Sergio (org.) A Bioética no século
XXI. Editorial UNB, Brasilia, 2000, pp: 49-65.
7 - Garrafa, V. Da bioética de principios a una bioética interventiva,
en Bioética 2005, Vol. 13, (1):125-134.
1–e
2–b
3-b
Um olhar multidisciplinar : 51
3
CoMunICAção eM CuIDADos
pALIAtIVos
Glossário
Decisão compartilhada: processo no qual médicos e pacientes ou
seus substitutos compartilham informações entre si e participam
conjuntamente na tomada de decisão2-4.
Um olhar multidisciplinar : 53
A comunicação efetiva no contexto da saúde contribui para a adesão
ao tratamento e tem impacto psicológico positivo nos pacientes e em
seus familiares, uma vez que lhes permite compartilhar sentimentos
e, assim, favorece a diminuição do estresse psicológico. Ademais, essa
é uma forma de garantir a manifestação da autonomia do paciente5,8.
Considerando que o comportamento de comunicação pode
ser treinado, atualmente existem técnicas e protocolos de treina-
mento para comunicação e transmissão de más notícias, como o
protocolo SPIKES6,8. Para compreender a relevância das habilidades
de comunicação em Cuidados Paliativos ou Medicina Paliativa, é
possível comparar a importância dessas ferramentas neste contexto
ao papel que as habilidades cirúrgicas têm na atuação de excelência de
cirurgiões7. O objetivo do emprego das habilidades de comunicação
é aumentar a empatia e a clareza ao conversar com os pacientes
e familiares, além de fornecer estratégias sobre como lidar com
situações difíceis durante as abordagens5,6,8,9.
Além disso, é importante considerar que o entendimento do
que está sendo comunicado depende da história de vida, dos valores,
das características pessoais de quem está recebendo a informação.
Deve-se, portanto, evitar qualquer jargão médico, para diminuir a
possibilidade de ruídos semânticos na comunicação10,11.
Glossário
Ruído semântico: dificuldade de compreensão ocasionada pelo
uso de palavras desconhecidas para o receptor11.
IMPORTANTE
Dar informações em pedaços pequenos e suportáveis, para que
não haja iatrogenia da palavra, uma vez que receptores de
informação, muitas vezes, não conseguem manter a atenção por
tempo prolongado10.
Um olhar multidisciplinar : 55
Quadro 1 - Roteiro sugerido para se estabelecer uma boa comunicação
Revise o prontuário e tenha conhecimento do caso.
Preparação Planeje mentalmente o diálogo.
Reserve um tempo adequado e evite interrupções, como a do celular.
Respeite a privacidade: escolha um lugar reservado.
Envolva pessoas importantes para o paciente.
Garanta a confidencialidade do diálogo.
Apresente-se e conheça os familiares pelo nome e grau de parentesco.
Execução Sente-se de maneira a manter contato visual com os interlocutores.
Avalie a percepção do interlocutor com questionamentos amplos e
abertos “O que o senhor sabe sobre o caso?”.
Entenda o quanto o interlocutor deseja saber sobre o quadro.
Forneça conhecimento e informações ao interlocutor.
Mostre empatia com palavras afáveis “infelizmente, sinto muito”.
Evite termos técnicos.
NÃO use frases desestimulantes como “Não há mais nada que
possamos fazer”.
Enfatize que profissionais de saúde nunca param de se importar 1.
Esteja preparado para interrupções e saiba entender as angústias do
paciente e da família.
Diante da manifestação de expectativas e esperança do paciente,
escolha expressar-se de forma empática utilizando os verbos “esperar
e preocupar”: “também espero que você tenha mais tempo, mas me
preocupa que não seja possível, pois o câncer está crescendo”15.
Aborde as emoções do interlocutor com respostas afetivas, como
toque.
Dê pausas para que o interlocutor compreenda as informações
recebidas.
Desfecho Apresente estratégias de tratamento ou plano de cuidados.
Compartilhe as responsabilidades na tomada de decisão.
Avalie a compreensão do interlocutor sobre o caso “O que o senhor
entendeu sobre o que conversamos?”.
Resuma o que foi conversado.
Fonte: Criado pelas autoras com dados extraídos de Bailey, Cogle1; Cook, Rocker 4; Baile et. al.6;
Forte9; Evans, Tulsky, Back,Arnold15
Não verbais
Utilizar-se de toque terapêutico (mãos, braços, ombro), quando
pertinente.
Manter expressão facial e atitude corporal que demonstrem interesse
e respeito.
Fonte: Criado pelas autoras com dados extraídos de Cook, Rocker 4; Forte9; Gustin, Stowers, von
Gunten10
Um olhar multidisciplinar : 57
A comunicação com os familiares
IMPORTANTE
A conspiração do silêncio não evita o sofrimento e ainda
contribui para o isolamento emocional dos envolvidos, que
não compartilham uns com os outros seus sentimentos sobre
a situação vivida5.
Considerações Finais
Um olhar multidisciplinar : 59
Área de Treinamento
Um olhar multidisciplinar : 61
com o intuito de que uma família muito controladora não
interfira nas tomadas de decisão da equipe.
( ) É possível destacar alguns passos básicos para comuni-
cação de más notícias: 1. garantir um ambiente confortável
e privado para a conversa; 2. avaliar o que o paciente sabe
sobre sua doença; 3. informar ao paciente detalhes sobre sua
doença; 4. verificar se o paciente compreendeu as informações
dadas; 5. avaliar as emoções do paciente 6. apressar e encerrar
a reunião caso sejam identificadas emoções negativas, optan-
do por retornar em um segundo momento para concluir a
comunicação.
Referências Bibliográficas
Um olhar multidisciplinar : 63
atendidos em um hospital universitário. Rev Assoc Med Bras. 2004;
50 (1): 41-7.
15 - Evans WG, Tulsky JA, Back AL, Arnold RM. Communication
at times of transitions: how to help patients cope with loss and
re-define hope. Cancer J. 2006 Sep-Oct;12(5):417-24.
16 - Moritz RD, Deicas A, Capalbo M, Forte DN, Kretzer LP, Lago
P, et al. II Fórum do “Grupo de Estudos do Fim da Vida do Cone
Sul”: definições, recomendações e ações integradas para cuidados
paliativos na unidade de terapia intensiva de adultos e pediátrica.
Rev Bras Ter Intensiva. 2011;23(1):24-9.
17 - Gabbard J, Smith T. Communication in Palliative Medicine.
In: Wittenberg E, Ferrell BR, Goldsmith J, Smith T, Ragan SL,
Glajchen M, et al (Ed.). Textbook of Palliative Care Communica-
tion. Oxford University Press; 2016. p. 44-53.
18 - Azoulay E, Kentish-Barnes N, Nelson JE. Communication with
family caregivers in the Intensive Care Unit: answers and questions.
JAMA. 2016 May 17;315(19):2075-7.
Questão 1 – d
Questão 2 – c
Questão 3 – F- F- F- F
Um olhar multidisciplinar : 65
como sinônimos, considerando como comportamento tanto palavras,
com suas configurações e significados, quanto os concomitantes
não-verbais e a linguagem do corpo: “assim, desde essa perspectiva
da pragmática, todo comportamento, não só a fala, é comunicação;
e toda comunicação - mesmo as pistas comunicacionais num contexto
impessoal - afeta o comportamento”3. Com essa definição, os autores
ressaltam a importância do contexto em que a comunicação ocorre,
considerando as manifestações observáveis da relação e focalizando
menos as relações emissor-sinal, receptor-sinal e mais a relação
emissor-receptor, tal como é mediada pela comunicação.
Essa definição auxilia a compreender os fatores funcionalmente
relevantes que devem ser considerados quando se estuda comuni-
cação na área de saúde. Se, como definem os autores, é necessário
considerar o contexto em que a comunicação ocorre, a primeira
medida para uma boa comunicação em saúde é conhecer o contexto
da saúde e compreender como as relações ocorrem nesse contexto.
Outros autores4 reforçam essa ideia ao definir comunicação e saúde
não de forma separada, mas dentro de um binômio ou campo de
atuação. De acordo com essas autoras, a definição de comunicação
e saúde deve seguir uma perspectiva relacional e multidimensional
e se contrapor às perspectivas que reduzem a comunicação a um
conjunto de técnicas e meios utilizados para transmitir informações
de saúde para indivíduos e/ou grupos populacionais.
Na área de comunicação em oncologia, o estudo da comuni-
cação de más notícias tem recebido destaque. Isso se deve tanto
pela relevância social do tema, considerando a frequência com que
o oncologista se encontra em situação de transmitir más notícias a
seus pacientes, quanto pelas dificuldades encontradas na definição e
controle das variáveis envolvidas nessa situação. A definição clássica
conceitua a má notícia (bad news communication) como “qualquer
informação que altere drasticamente a visão do paciente sobre o
Um olhar multidisciplinar : 67
A falta de preparo e treinamento dos profissionais de saúde
em habilidades de comunicação podem fazer com que eles experi-
mentem frustração, ansiedade e medo quando surge a necessidade de
comunicar más notícias às crianças e adolescentes. Essas percepções
podem gerar insatisfação profissional e atitudes defensivas, também
chamadas comportamentos de bloqueio, tais como: fornecer falsas
esperanças, omitir informações essenciais, responder a algumas
perguntas com termos inacessíveis a quem está ouvindo e não ofe-
recer espaço adequado ou oportunidade para ouvir as necessidades
do paciente e do familiar, em uma tentativa de tornar a conversa
menos sofrida, tanto para o profissional quanto para o paciente e
sua família.
É comum, ainda, que o profissional tente adiar o momento
da comunicação ou se esquive completamente da tarefa de comunicar
más notícias diretamente à criança ou adolescente. Dessa forma,
muitas vezes, a comunicação é feita apenas com os pais. Além desse
ser também um contexto difícil para o médico, questiona-se em
que medida os pais estão preparados, ou não, para intermediar essa
comunicação entre seus filhos e as equipes de saúde. Em condição de
consulta de más notícias, geralmente, os pais compreendem menos
da metade do que os médicos falam. Sob as mesmas condições, o
estresse associado ao recebimento de uma má notícia costuma impedir
a retenção de informações importantes pelos pais12.
Os pais que se descrevem em estado de choque após uma
má notícia sobre o câncer de um filho correm maior risco de não
compreender informações passadas pelo médico e, consequentemen-
te, transmitir essas informações a seus filhos (pacientes) de forma
também inadequada. Uma dessas formas consideradas inadequadas,
segundo alguns autores13,14 é a tendência dos pais, quando informa-
dos da gravidade da doença e possibilidade de morte, evitarem ou até
mesmo proibirem que se fale do assunto com os filhos, desenvolvendo
o que se costuma chamar de “conspiração do silêncio”.
Um olhar multidisciplinar : 69
Mas, como oferecer uma comunicação eficiente no contexto
de más notícias para crianças, adolescentes e suas famílias? A
literatura não apresenta uma única resposta para essa pergunta,
mas oferece algumas pistas e possibilidades. A primeira delas é o
reconhecimento da necessidade do treinamento médico17,18,19,20,21.
Existe grande variedade de propostas e programas de treinamento
que empregam, também, grande variedade de métodos. Um dos
métodos mais comuns e presentes em quase todos os programas,
entretanto, é o que usa protocolos de comunicação como forma de
orientar o médico em sua relação com os pacientes e seus familiares
em contextos de más notícias.
Um dos protocolos mais conhecidos e utilizados em comu-
nicação de más notícias é o protocolo SPIKES22. O protocolo é
composto por seis passos: (1) preparação da entrevista, do ambiente
e do vinculo (S = setting up); (2) organização das informações prévias
que se tem sobre o paciente e avaliação da percepção do paciente
sobre a comunicação; é o momento de avaliar o que o paciente sabe
(P = perception); (3) percepção do quanto o paciente quer saber
sobre sua condição clínica e obtenção do consentimento do paciente
sobre o quanto o médico deve falar (I = invitation); (4) comunicação
das informações ao paciente e verificação da compreensão; (K =
knowledge); (5) resposta às reações emocionais do paciente e de
máxima atenção aos sinais não verbais (E = emotions with empathic
responses); e (6) desenvolvimento do plano terapêutico a ser seguido
e resumo das informações fornecidas (S = strategy and summary).
A experiência de treinamento de médicos brasileiros na
utilização do protocolo SPIKES foi descrita em um trabalho do
Instituto Nacional do Câncer em parceria com o Ministério da
Saúde23. Nesse trabalho, a equipe treinada no uso do protocolo
Um olhar multidisciplinar : 71
Observação e acolhimento das necessidades do paciente na
comunicação são um dos princípios do que a literatura define como
comunicação centrada no paciente ou comunicação empática. A
comunicação centrada no paciente tem como pontos centrais: (a)
corresponsabilidade nas tomadas de decisão sobre o tratamento; e
(b) partilha de informações capazes de responder às necessidades
de pacientes e familiares. Já a comunicação empática pode ser
definida como a habilidade de perceber os sentimentos da outra
pessoa e clarificar esses sentimentos, comunicando-os a ela, quer
de forma verbal (por exemplo: “vejo que você não está se sentindo
bem”) ou não verbal (por exemplo: apresentando uma expressão
facial que esteja de acordo com o que se está percebendo)24,25. São
características principais da comunicação empática: (a) identificar
a perspectiva do outro e entendê-la como verdade; (b) não julgar
o outro em hipótese alguma; (c) reconhecer as emoções do outro;
e (d) comunicar ao outro o que percebeu. Assim, na comunicação
empática, na maioria das vezes, é mais importante observar, escutar
e acolher do que falar.
Assim como acontece com os protocolos, o uso desses mode-
los de comunicação, embora esteja bem definido pela literatura,
ainda traz dificuldades práticas para o médico. Observa-se a falta
de propostas de treinamento que auxiliem o profissional também
na identificação, mas principalmente na resposta ao sinais verbais
e não verbais expressos pelo paciente e familiares que denotam
dificuldades e sofrimento. Nesse sentido, Coutinho26 desenvolveu
uma proposta de como realizar esse treinamento em uma unidade de
oncologia pediátrica. A autora desenvolveu um modelo de consulta
psicopediátrica em que o psicólogo estava presente junto com o
médico nas consultas de más notícias com crianças e adolescentes.
Nessas consultas, o psicólogo intervinha, de forma imediata, sobre
comportamentos de comunicação do médico com o paciente pediá-
trico e seu familiar acompanhante. O objetivo era que a presença
Um olhar multidisciplinar : 73
cada comportamento de comunicação pode assumir e oferece uma
indicação de como desenvolver, na prática, um modelo de comu-
nicação centrada no paciente26.
Os resultados indicaram a importância de que propostas de
treinamento, e/ou de ensino-aprendizagem em comunicação, este-
jam atentas às características pessoais e individuais dos médicos,
sejam fundamentadas em práticas de ensino individualizado para
cada profissional e para cada contexto e incluam uma perspectiva
interdisciplinar de atuação. Uma outra vantagem da consulta psico-
pediátrica foi oferecer um modelo para essa atuação interdisciplinar,
sugerindo como cada profissional envolvido pode desempenhar seu
papel e estimulando oportunidades para intervenção conjunta. A
atuação interdisciplinar planejada passa a ser, de acordo com os
dados da pesquisa de Coutinho26, uma alternativa para obtenção
de uma comunicação eficiente em contexto de más notícias com
crianças e adolescentes que pode se expandir, também, para o
contexto com adultos.
Glossário
- Contingências: qualquer relação de dependência entre eventos
ambientais ou entre eventos comportamentais e ambientais.
Glossário
- Relações funcionais: relações de causa e efeito entre duas
variáveis.
Área de Treinamento
Um olhar multidisciplinar : 75
vez, não fazia qualquer pergunta sobre seu estado quando estava
na frente dos pais, especialmente da mãe. Longe dos familiares,
entretanto, pedia à equipe de enfermagem que cuidasse de sua mãe
porque sabia que não ficaria por muito tempo “por aqui”.
Questões:
1) A relação entre paciente, familiares e equipe se configura
como conspiração do silêncio?
( a ) sim
( b) não
(c) depende do ponto de vista
Um olhar multidisciplinar : 77
9 - Ptacek JT, Eberhardt TL. Breaking bad news. A review of the
literature. JAMA. 1996; 276(6): 496-502.
10 – Pinghin S, Bonnefon JF. Facework and uncertain reasoning in
health communication. Patient Educ Couns. 2011; 85:169-172.
11 - Salmon P, Mendick N, Young B. Integrative qualitative com-
munication analysis of consultation and patient and practitioner
perspectives: Towards a theory of authentic caring in clinical rela-
tionships. Patient Educ Couns.2011; 82: 448-454.
12 - Clarke SA, Davies H, Jenney M, Glaser A, Eiser C. Parental
communication and childrens’ behaviour following diagnosis of
childhood leukaemia. Psychooncology. 2005; 14: 274-281.
13 – Crispim DH, Bernardes DCR. Comunicação em cuidados
paliativos. In R. T. Carvalho et al. (Orgs.) Manual da residência de
cuidados paliativos – abordagem multidisciplinar (pp. 41-55). São
Paulo: Manole-HCFMUSP
14 – Rossa, P. (2017). Comunicação em cuidados paliativos pediá-
tricos. Em R. T. Carvalho et al. (Orgs.) Manual da residência
de cuidados paliativos – abordagem multidisciplinar. São Paulo:
Manole-HCFMUSP; 2017. p. 56-58.
15 – Torres WC. A criança diante da morte. São Paulo: Casa do
Psicólogo; 2002.
16 – Torres WC. A criança diante da morte. São Paulo: Casa do
Psicólogo; 2002. p. 150-151.
17 - Dow AW, Leong D, Anderson A, Wenzel RP. Using theater
to teach clincal empathy: A pilot study. J Gen Intern Med. 2008;
22(8): 1114-1118.
18 – Jenkins V, Fallowfield L. Can communication skills training
alter physicians’ beliefs and behavior in clinics? J Clin Oncol. 2002;
20(3): 765-769.
19 - Helitzer DL, LaNoue M, Wilson B, Hernandez BU, Warner T,
Questão 1 – a
Questão 2 – a
Questão 3 – c
Um olhar multidisciplinar : 79
5
espIrItuALIDADe e CuIDADos
pALIAtIVos
Glossário
Religiosidade se refere a DOGMAS, CRENÇAS, RITOS, CELE-
BRAÇÕES – caminhos institucionalizados que podem ajudar a
alcançar a espiritualidade. Cada religião possui seu conjunto de
práticas instituídas que caracterizam uma comunidade em sua
busca por significado transcendente da vida5.
Um olhar multidisciplinar : 81
de que a espiritualidade funciona como um meio para encontrar
sentido e demonstraram ainda que a espiritualidade tem papel na
regulação das emoções dos pacientes, uma vez que eles relataram
se sentirem apoiados por uma força transcendental, possibilidade
de expressão das emoções negativas por meio da prece e aceitação
da situação vivida11.
O papel da espiritualidade e do enfrentamento religioso na
qualidade de vida de pacientes com câncer avançado foi avaliado
por outro estudo. O enfrentamento religioso se refere ao uso de
recursos religiosos/espirituais para lidar com o estresse relacionado
ao adoecimento. Os resultados demonstraram que a maioria dos
participantes indicaram a utilização de crenças religiosas/espirituais
como estratégia de enfrentamento do câncer. Espiritualidade e
enfrentamento religioso dos pacientes foram associados a melhores
escores de qualidade de vida. Além disso, a maior parte dos pacientes
apontou a abordagem das demandas espirituais pela equipe de saúde
como parte importante do tratamento12.
Estudos realizados no Brasil demonstram que a importância
do domínio espiritual também se aplica ao contexto cultural da
população brasileira. Por exemplo, uma pesquisa realizada com
pacientes em tratamento oncológico mostrou que 94,1% dos
pacientes apontaram que é importante que os profissionais abor-
dem suas crenças espirituais; a maioria dos participantes (99,2%)
utilizavam espiritualidade ou religiosidade como ferramenta para o
enfrentamento da doença e 99,6% afirmaram que seria necessário
um suporte espiritual/religioso durante o tratamento13.
Em outro estudo brasileiro que objetivou analisar de que
forma espiritualidade, religião e crenças pessoais estão associadas à
qualidade de vida na saúde de pacientes com diagnóstico de câncer,
utilizou-se o instrumento WHOQOL-SRPB (World Health Orga-
nization Quality of Life-Spirituality, Religion and Personal Beliefs) e
Um olhar multidisciplinar : 83
Diante da consciência da mortalidade, das perdas e limitações
impostas pelo adoecimento, são levantados questionamentos a
respeito do sentido da vida e do sofrimento relacionado à doença,
os quais podem demonstrar . Ressalta-se que pedidos
dos pacientes por medidas para acelerar o processo de morte podem
ser uma expressão deste tipo de sofrimento17.
A profundidade do tema se apresenta como mais uma limi-
tação percebida pelos profissionais de saúde para conversar sobre
Um olhar multidisciplinar : 85
Quadro 1 – Instrumento FICA de abordagem da Espiritualidade
FICA
IMPORTANTE
A questão espiritual colocada pelo paciente frequentemente não
é uma pergunta, mas uma expressão de sua dor espiritual19.
Considerações Finais
-
tamento de doenças graves.
Um olhar multidisciplinar : 87
Área de Treinamento
Um olhar multidisciplinar : 89
Questão 3 - RBC identificou que tem se sentido ansioso e
preocupado com sua saúde. Tem evitado participar das reuniões no
centro espírita que costumava frequentar. No momento, sente-se
angustiado e tem dúvidas sobre a doutrina que sempre seguiu desde
criança. Questiona-se se realmente seria possível escolher passar por
tanto sofrimento. O que teria o motivado a fazer tal escolha? Diante
do exposto, assinale a alternativa correta:
Um olhar multidisciplinar : 91
profissionais de saúde de um hospital oncológico [dissertação de
mestrado]. Barretos: Fundação Pio XII. Hospital de Câncer de
Barretos, 2014.
14. Menezes RR, Kameo SY, Valença TS, Mocó GAA, Santos JMJ.
Qualidade de vida relacionada à saúde e espiritualidade em pessoas
com câncer. Rev Bras Cancerol 2018; 64(1): 9-17.
15. Peres MFP, Arantes ACLQ, Lessa PS, Caous CA. A importância
da integração da espiritualidade e da religiosidade no manejo da
dor e dos cuidados paliativos. Revista de Psiquiatria Clínica, 2007;
34(1): 82-7.
16. Agora Spiritual care guideline working group. Spiritual care,
Nation-wide guideline, Version: 1.0. Tradução de Walton M, Leget
C, van de Geer J, de Graeff A, Slootweg H. IKNL; 2014. 29 p.
17. McClement SE. Spiritual issues in Palliative Medicine. In:
Cherny N, Fallon M, Kaasa S, Portenoy R, Currow DC (Ed.) The
Oxford Textbook of Palliative Medicine. 5 ed. Oxford: Oxford
University Press; 2015. p. 1059-1066.
18. Saporetti, LA. Espiritualidade em Cuidados Paliativos. In:
Santos FS (Org.). Cuidados paliativos: discutindo a vida, a morte
e o morrer. São Paulo: Ed Atheneu; 2009. p. 269-281.
19. Delgado-Guay MO. Spiritual care. In: Bruera E, Higginson I,
von Gunten C, Morita T (Ed.). Textbook of Palliative Medicine
and Supportive Care. 2 ed. NY: CRC Press; 2015. p. 1055-1062.
20. Puchalski C, Romer AL: Taking a spiritual history allows
clinicians to understand patients more fully. J Palliat Med 2000;
3:129–137.
21. Américo AFQ. As últimas quarenta e oito horas de vida. In:
Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de Cuidados Paliativos
ANCP - Ampliado e Atualizado. 2. ed. 2012. p. 533-543.
Questão 1 – b
Questão 2 – c
Questão 3 – d
Um olhar multidisciplinar : 93
6
ABorDAGeM Do Luto eM
CuIDADos pALIAtIVos
Um olhar multidisciplinar : 95
Quadro 1 Reações no processo de luto normal.
Tristeza, raiva, culpa e autocensura,
SENTIMENTOS
ansiedade, solidão, fadiga, desamparo,
choque, saudade, libertação, alívio, torpor.
Vazio no estômago, aperto no peito,
SENSAÇÕES FÍSICAS aperto na garganta, hipersensibilidade a
ruídos, falta de ar, fraqueza muscular.
Descrença, confusão, preocupação,
COGNIÇÃO
sensação de presença do falecido,
alucinações.
Distúrbios do sono, distúrbios de apetite,
isolamento social, sonhos com o morto,
COMPORTAMENTOS evitar a evocação de lembranças, procurar
e chamar pelo falecido, suspiro, choro,
hiperatividade e agitação, visitar locais ou
carregar objetos que lembrem a pessoa
falecida, valorizar objetos que pertenciam
ao morto.
Fonte: Adaptado de Worden7
Um olhar multidisciplinar : 97
viúva e pode haver mudanças no que tange à organização financeira,
aos cuidados com os filhos, à divisão de tarefas domésticas10.
Nessa perspectiva, defende-se que não é possível vivenciar as
dimensões de perda e de recuperação simultaneamente, de forma
que se observa uma oscilação entre os dois pontos. Este seria o
processo dual do luto. Segundo esta abordagem, o movimento entre
as duas dimensões tem função regulatória adaptativa. A oscilação se
dá de acordo com as necessidades do indivíduo, de maneira que este
7,10
.
Um olhar multidisciplinar : 99
Dentro do contexto de assistência em Cuidados Paliativos,
faz-se necessário reconhecer um processo chamado de Luto
Antecipatório7,9,14.
Glossário
Luto Antecipatório: Esse tipo de luto pode ser observado em
situações em que há algum tipo de prenúncio para a morte. As
reações cognitivas, afetivas, culturais e sociais se iniciam antes da
ocorrência da perda de fato, quando se tem a percepção de que há
uma ameaça real da morte7,9,14.
Considerações Finais
Área de Treinamento
o processo de luto.
b) A indicação é que a família participe de algum grupo de
apoio ou terapia que sejam conduzidos sempre por profissionais
da saúde.
c) Manter o contato com o grupo em questão pode ser um
ponto de apoio importante para a família no enfrentamento do
luto, mesmo que eles também necessitem de apoio de profissionais
de saúde treinados.
Referências bibliográficas
1. Matsumoto DY. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e
princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de Cuidados
Paliativos ANCP - Ampliado e Atualizado. 2. ed. Academia Nacional
de Cuidados Paliativos; 2012. p. 28.
2. Matsumoto DY. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e
princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de Cuidados
Paliativos ANCP - Ampliado e Atualizado. 2. ed. Academia Nacional
de Cuidados Paliativos; 2012. p. 23-30.
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Campinas: Editora Livro Pleno; 2000.
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VA, Franco MHP, Kovács MJ, Liberato R P, Macieira RC, Veit MT,
Gomes MJB, Barros LHC (Org.) Temas em Psico-Oncologia. São
Paulo: Summus; 2008. p. 398-402.
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São Paulo: Summus; 1998.
6. Braz MS, Franco MHP. Profissionais paliativistas e suas con-
tribuições na prevenção de Luto Complicado. Psicologia: Ciência e
Profissão. 2017;37(1): 90-105.
7. Worden JW. Aconselhamento do luto e terapia do luto: um
manual para profissionais de saúde mental. 4. ed. Porto Alegre:
Artes Médicas; 2012.
8. Kubler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. 7. ed. São Paulo:
Martins Fontes; 1996
Fraldas e outros Protocolos Clínicos Política de Saúde Paciente com câncer, em todas as
insumos e Diretrizes fases do tratamento.
Terapêuticas do www.saude.gov.br
Ministério da
Saúde10 www.conitec.gov.br
Caso 1
Maria da Silva, 38 anos, natural de Barreiras-BA, evangélica,
casada, uma filha, ensino fundamental completo, diarista sem vínculo
trabalhista, não possui qualidade de segurado junto ao INSS. Re-
side em casa própria na Estrutural-DF (aguarda regularização do
terreno), com o Sr. José, marido; Tereza, filha; e Chico, cachorro.
Sr. José tem 39 anos, natural de Brasília-DF, ensino funda-
mental incompleto, pedreiro, trabalhou por 15 anos em empresa da
construção civil, com vínculo trabalhista, há 2 anos foi dispensado,
sem justa causa, desde então tem trabalhado por conta própria, não
contribui com o INSS.
Tereza, 19 anos, natural de Brasília, ensino médio completo.
Faz curso técnico de enfermagem no Senac (Programa Senac de
Gratuidade).
Sra. Maria, possui 3 irmãs e 2 irmãos, apenas uma irmã, Celia,
reside no DF; os demais, Carmen, Joana, João e Celio residem em
Barreiras.
Renda Familiar: Atualmente é de aproximadamente 1 salário
mínimo (R$ 954,00), advindo do trabalho de Sr. José, que está
desempregado, e tem dificuldade de aceitar trabalhos grandes,
devido o acompanhamento do tratamento de sua esposa.
Rede de apoio: Tereza é a principal cuidadora/acompanhante,
Sr. José acompanha sempre que possível, e Celia ajuda sempre que
necessário. Possui bons vínculos familiares.
Sra. Maria, conta não ser a primeira em sua família a ter Câncer
de Mama, sua mãe e sua irmã mais velha, Carmen, tiveram. O de
sua mãe foi descoberto em fase muito avançada, e a genitora acabou
falecendo. A sua irmã descobriu o diagnóstico em fase moderada,
Caso 2
Joaquim Souza, 62 anos, natural de Teresina-PI, católico,
casado, 3 filhos, ensino médio completo, agente de serviços gerais
da Secretaria de Educação, aposentado por invalidez. Reside em casa
própria em Taguatinga-DF; com a Sra. Isabel, esposa e Viviane, filha.
Sra. Isabel, tem 59 anos, natural de Unaí-MG, ensino fun-
damental incompleto, dona de casa, nunca contribui com o INSS.
Viviane, 28 anos, natural de Brasília, ensino médio completo,
solteira, formada em pedagogia, trabalhava como professora, em
escola particular, deixou o emprego para ajudar nos cuidados do pai
e está estudando para concurso. Foi aprovada, no ultimo certame
para a Secretaria da Educação, aguarda ser nomeada.
Sr. Joaquim possui 3 filhos. Flavio, 39 anos, casado, 1 filho de
7 anos, trabalha na Secretaria de Educação; Carla, 36 anos, casada,
1 filha de 3 anos, trabalha na Secretaria de Saúde e Viviane.
Renda Familiar: Atualmente a única renda fixa é a aposenta-
doria por invalidez, do paciente, em torno de R$ 1784, 81.
Rede de apoio: Isabel e Viviane são as principais cuidadoras/
acompanhantes. Flavio e Carla ajudam sempre que necessário. O
paciente possui bons vínculos familiares.
Referências Bibliográficas
128
MÓDULO
eduardo Bruera
cOntROLe De SIntOMaS
aLtaMente DeScOnfORtÁveIS
129
8
Dor
Introdução
O controle adequado dos sintomas advindos das doenças
ou de seus tratamentos é uma estratégia fundamental em Cuidados
Paliativos em todas as fases da doença crítica, seja de maneira
complementar ao plano terapêutico (permitindo que seja melhor
tolerado), seja como foco principal do cuidado. O plano de controle
de sintomas deve ser individualizado, baseado nas necessidades de
cada paciente1.
O conceito de dor total, criado pela paliativista Cicely Saunders,
mostra a importância de todas as dimensões indissociáveis do sofri-
mento humano (físico, mental, social e espiritual), que devem ser
igualmente investigadas e avaliadas, pois podem contribuir para a
exacerbação ou atenuação dos sintomas. Ampliando esse conceito,
fala-se em “sintoma total”1-3.
Sendo assim, o controle de sintomas deve ser uma abordagem
multidisciplinar, baseada em medidas farmacológicas e não farma-
cológicas (apoio psicológico e social, fisioterapia, apoio religioso),
Avaliação da dor
Itens 0 1 2
Respiração Normal Eventual dificuldade Respiração ruidosa com
independente de na respiração dificuldade
vocalização Período curto de Período longo de
hiperventilação hiperventilação
Respiração Cheyne-Stokes
Vocalização Nenhuma Queixas ou gemido Chama repetidamente de
negativa eventual forma perturbada
Fala em baixo volume Queixas ou gemidos altos
com qualidade Gritos e choro
negativa ou
desaprovativa
Expressão facial Sorri ou inexpressivo Triste Caretas
Assustado
Sobrancelhas
franzidas
Linguagem Relaxado Tenso Rígida
corporal Agitado e aflito Punhos cerrados
Inquieto Joelhos fletidos
Resistência à aproximação
ou ao afastamento
Agressivo
Consolabilidade Sem necessidade de Distraído ou Impossível de ser
consolo tranquilizado pela voz consolado, distraído ou
ou toque tranquilizado
*A intensidade da dor varia entre 3 (nenhuma dor) e 12 (a maior intensidade de dor) pontos
Fonte: Azevedo-Santo et al14
nasoentérica ou vesical)
Fonte: Kretzer1
ou
500mg/mL) de 6/6h
máximo 360mg/dia
ou
ou
OU
IMPORTANTE
É importante lembrar que o fentanil é droga analgésica e seu
1
.
OU
Medicamento de resgate
Deve-se manter a administração regular do analgésico para
manter sua concentração plasmática e administrar doses
adicionais de medicamento de resgate, se necessário4,5,16:
Fonte: Azevedo25
:
o Raríssima! Não ocorre se o aumento da dose for feito cau-
telosamente.
Glossário
Rotação de opioides: troca, substituição.
16,28
:
ao uso do opioide.
Medicamento EV ou SC VO TD
codeína 200mg
Área de treinamento
.
:
30mg divididos em 6 doses = 5mg
* Repostas ao final.
3) Morfina EV 40mg
Considerando que a morfina EV é 3 vezes mais potente do
que a VO:
40mg x 3 = 120mg de morfina VO/dia
120mg divididos em 6 doses =
(OU 60mg de morfina LC de 12/12h)
RESGATE:
A dose de resgate da morfina em questão corresponde a 10 a
15% da dose diária total que a paciente utiliza. Portanto: 10 a 15%
de 120mg =
(para facilitar: 15 mg, correspondente a 01 cp e MEIO de
10mg ou MEIO cp de 30mg)
DISPNEIA
Definição
A American Thoracic Society (ATS) define dispneia como uma
experiência subjetiva de desconforto para respirar, que consiste em
sensações qualitativamente distintas que variam em intensidade1.
Glossário
Breakthrough: termo para designar sintoma incidental ou episódico.
Glossário
Caquexia: síndrome complexa e multifatorial que se caracteriza por
perda de peso, atrofia muscular, fadiga, fraqueza e perda de apetite.
Cianose: sinal ou um sintoma marcado pela coloração azul-arroxeada
da pele, leitos ungueais ou mucosas.
Glossário
Linfangite carcinomatosa: disseminação intrapulmonar de células
neoplásicas metastáticas via vasos linfáticos.
Tromboembolismo pulmonar: síndrome clínica e fisiopatológica
que resulta da oclusão da circulação arterial pulmonar por um ou
mais êmbolos.
IMPORTANTE
Dispneia é um sintoma, portanto, tem caráter essencialmente
subjetivo. Quem determina a presença e a intensidade da dispneia
é o paciente.
SVCS Stent
QT e RT
Corticoide, diurético
Infecção Antibiótico
Sistêmicas
Ascite Paracentese
Sistêmicas
Glossário
Hipercapnia: presença excessiva de dióxido de carbono (CO2) no
plasma sanguíneo.
Opioides
Benzodiazepínicos
Oxigênio
Há evidência de benefício no uso de oxigenioterapia em pacien-
tes portadores de DPOC com hipoxemia (saturação de oxigênio <
90%) em repouso ou ao esforço. Com frequência, entretanto, os
pacientes referem melhora da dispneia com oxigenoterapia mesmo
que não sejam hipoxêmicos ou quando persistem hipoxêmicos a
despeito de seu uso2.
Um estudo com ampla amostra não encontrou diferenças sig-
nificativas entre oxigênio e ar comprimido para o alívio de dispneia
em pacientes com PaO2 > 55 mmHg com sintomas em repouso
ou mínimos esforços. A maioria da amostra era de pacientes com
DPOC, mas havia também pacientes com câncer, e em menor
Sedação Paliativa
A sedação paliativa pode ser utilizada em casos de dispneia
refratária aos demais tratamentos. O planejamento de cuidados,
incluindo sedação paliativa, deve ser discutido entre equipe assis-
tente, paciente e familiares continuamente, ou seja, antes e após a
sedação2.
Uma opção de tratamento é o uso do Midazolam que, além
de promover amnésia retrógrada, possui ação rápida, segura e meia
vida curta. Além disso, em caso de delirium terminal, podem ser
associados neurolépticos3.
Definição
Causas
A tosse pode ser ocasionada pelo próprio câncer e suas
complicações, mas também ocorre devido ao tratamento modificador
de doença ou a outros medicamentos4. Os tumores pulmonares que
apresentam proximidade ou contato com a via aérea tem maior
probabilidade de desencadear tosse, quando comparados com
tumores localizados no parênquima pulmonar1.
Glossário
Bronquiectasia: dilatação crônica dos brônquios com secreção
mucopurulenta.
Avaliação
As características da tosse devem ser identificadas durante a
anamnese: presença de secreção, fatores precipitantes (tabagismo,
medicamentos, alimentação, postura), horário habitual da mani-
festação, além de associação com outros sintomas como dispneia,
insônia, fadiga. Também devem constar na avaliação clínica histórico
de tabagismo, doenças pulmonares ou cardíacas, uso de inibidores
da enzima conversora da angiotensina (IECA) e tratamento para
câncer1.
Tratamento
Antes de escolher qualquer terapêutica é importante ter em
vista a performance do paciente e o potencial de reversibilidade da
causa da tosse. Assim, a avaliação clínica deve guiar exames comple-
mentares para investigação da causa, segundo a proporcionalidade
das medidas1.
Introdução
O acúmulo de secreção no trato respiratório ocorre por vários
fatores. Alguns deles são hipertrofia das células caliciformes e glându-
las submucosas, perda da função ciliar, diminuição do surfactante
e alteração das propriedades do muco do trato respiratório1. O
estímulo de receptores muscarínicos (M3) de glândulas salivares e
brônquicas por neurônios colinérgicos aumentam a produção de
secreção, a qual também ocorre por outros estímulos como presença
5
. O excesso de secreção em vias aéreas pode
precipitar tosse, dispneia ou ruído respiratório como visto na fase
final de vida. Portanto, a identificação e o tratamento do sintoma
são imperativos1.
Há dois sinais de hipersecreção de vias aéreas específicos em
Cuidados Paliativos: a sororoca e a broncorreia5.
Sororoca
Sororoca é o ruído que ocorre quando a secreção acumulada
em vias aéreas borbulha com a passagem de ar da respiração5. Os
familiares de um paciente em fim de vida podem ter a impressão
de que o mesmo está sofrendo, em angústia respiratória ou em
sufocamento, entretanto não há essa associação, sendo importante
ruído respiratório9.
Broncorreia
A broncorreia é definida como produção de escarro maior
que 100mL por dia, sendo comum nos pacientes portadores de
bronquiectasia, bronquite crônica, carcinoma broncoalveolar e
doenças metastáticas (pâncreas, cólon, adenoma cervical). Está
associada a outros sinais e sintomas como hipóxia, dispneia, exaustão,
dor no peito, e tem como consequência a piora de performance e
limitação social1.
Tratamento
O tratamento, a depender da causa subjacente, inclui radiote-
rapia paliativa, macrolídeos, anticolinérgicos, octreotide, esteroide,
IMPORTANTE
Não indicar aspirações de vias aéreas de forma sistemática, pois
se trata de procedimento extremamente desconfortável.
Considerações Finais
Questão 1 – a
Questão 2 – c
Questão 3 – d
Questão 4 – d
Questão 5 – b
“As coisas nunca estão erradas. Errado está nosso jeito de olhar
para elas, aumentando assim nosso próprio sofrimento. A questão está
no significado que os desafios têm para nós, e não nos desafios em si.
Encontrar esse significado é que é o grande desafio, e cada um tem sua
fórmula para fazer isso.”
(Ana Lucia Coradazzi)
Melissa Gebrim Ribeiro
Introdução
Náusea e vômito são sintomas frequentes em pacientes em
Cuidados Paliativos, sendo causas de desconforto e estresse para o
próprio paciente e familiares1-3. Náusea é uma sensação subjetiva
desagradável que sinaliza possibilidade de vômito iminente, o qual
pode ou não ocorrer. Ao passo que, vômito (ou êmese) é a elimi-
nação forçada do conteúdo gástrico por meio de ação sustentada
da musculatura abdominal com abertura da cárdia4,5.
A êmese é mediada por duas áreas centrais distintas no Sistema
Nervoso Central (SNC): o centro do vômito e a zona quimiorrecep-
tora gatilho. Essa última está localizada na área inferior do quarto
ventrículo, onde não há nenhuma barreira hemato-encefálica.
Projeções nervosas quimiossensitivas são banhadas por líquido
cerebroespinhal, o qual possui equilíbrio químico com o sangue dos
capilares fenestrados locais. Trajetos neurais são projetados da zona
A escolha do antiemético
Metoclopramida ++ + ++
Domperidona ++ +++
Ondansetrona +++
Hioscina +++
Haloperidol +++
Clorpromazina ++ ++ +
Fonte: Mercadante5
6
.
IMPORTANTE
Longos períodos e repetidos episódios de vômitos podem acarretar
endovenosa).
-
tribuir para os sintomas5.
Área de treinamento
1) MR, feminina, 43 anos, tabagista, portadora de câncer
de pulmão pequenas células, realizou quimioterapia há 3 semanas.
Procura emergência hospitalar devido vômitos em jato incoercíveis,
associados a cefaléia intensa holocraniana. Qual a causa do sintoma
e possível tratamento inicial?
a) Vômitos tardios devido quimioterapia. Deve ser administrada
ondansetrona.
b) Náuseas e vômitos como sinais de enxaqueca. Deve ser
administrada clorpromazina EV.
c) Vômitos em jato e cefaléia holocraniana são sinais de hiper-
tensão intracraniana. Deve ser administrado corticoide (dexameta-
sona) e paciente deve realizar TC de crânio emergencial.
d) Cefaléia e vômitos causados por gastroparesia. Deve ser
administrado procinético como metoclopramida.
1) c
2) d
3) a
Introdução
A prevalência da constipação em pacientes com câncer
avançado varia de 40% a 90%, sendo mais comum em pacientes
que utilizam opioides para controle de sintomas. Essa prevalência
tende a aumentar com a idade, de forma que os idosos estão 5
vezes mais propensos a ter o sintoma do que os jovens, devido
a polifarmácia, mobilidade reduzida, hidratação e urgência para
defecar reduzidas1,2. A constipação também pode estar associada
ao desenvolvimento de náuseas, vômitos, hemorroida, fissura anal,
obstrução intestinal e retenção urinária. Logo, o não tratamento da
constipação pode sobrecarregar o sistema de saúde, pois acarreta
maior risco de hospitalização e, consequentemente, necessidade de
maior número de horas de trabalho para enfermagem1.
Em Cuidados Paliativos, principalmente no contexto onco-
lógico,
síndrome, não como doença. Portanto, apesar dos critérios para
diagnosticar constipação crônica definidos em 2006, os Critérios
de Roma III, a constipação é uma experiência subjetiva, e o critério
evacuações.
frequência da evacuação),
ao evacuar.
Em pacientes com doença progressiva, a constipação costuma
ser multifatorial2. O quadro 1 mostra alguns fatores que contribuem
para a constipação de pacientes com doença crônica e progressiva.
Dor
Fonte: adaptado de Larkin1
IMPORTANTE:
Pontos chave na avaliação da constipação de paciente em
Cuidados Paliativos1:
-
samento retal)
Tratamento
A ação preventiva é fundamental e deve incluir3:
Tratamento não-medicamentoso
As intervenções não-medicamentosas incluem2,3:
Tratamento Medicamentoso
O tratamento medicamentoso é realizado com uso de laxativos.
Deve-se sempre antecipar-se ao possível efeito constipante no início
do uso de opioides, utilizando-se laxantes profiláticos, dar preferência
aos laxantes orais e, se necessário, combinar os medicamentos5.
Os laxantes são classificados segundo o seu mecanismo de
ação em: formadores de bolo, emolientes/lubrificantes, osmóticos
e estimulantes1-5.
IMPORTANTE
Agentes formadores de bolo não devem ser utilizados em
pacientes acamados, com mobilidade comprometida, e naqueles
que não possam ingerir grande quantidade de líquidos, devido
possibilidade de impactação fecal/obstrução intestinal2,3,5.
3-5
.
IMPORTANTE
Recomenda-se não utilizar óleo mineral e parafina líquida em
pacientes acamados, com disfagia intensa, vômitos, doença do
-
taltismo, possivelmente pela estimulação dos nervos entéricos, e
também pelo aumento da secreção de água e eletrólitos pela mucosa
intestinal2,3,5.
laxantes orais;
medula espinal.
Os lubrificantes mais utilizados são supositório de glicerina,
supositório de bisacodil e fosfato enema3,5.
agressivas.
IMPORTANTE
Obstrução intestinal maligna7
- Evidência clínica de obstrução intestinal (história, exame físico
e radiológico).
- Obstrução intestinal além do ligamento de Treitz (neoplasia
primária não curativa ou metastática).
recusem cirurgias7.
Apesar de diagnóstico e localização da obstrução intestinal
serem sugeridos pela anamnese, exame físico e por radiografias (que
demonstram níveis hidroaéreos), outros exames de imagens podem
auxiliar na tomada de decisão, como tomografia computadorizada
ou ressonância magnética, desde que a decisão quanto a realização
do exame, ou de cirurgia paliativa, seja tomada com base na
proporcionalidade do caso e com adequação de conduta7,8.
A decisão quanto a realização de cirurgias deve levar em
consideração a individualidade e evolução da doença do paciente.
A performance status é o melhor preditor de taxas de complicação e
sobrevida. Fatores associados a resultados cirúrgicos negativos são
idade avançada, estado nutricional baixo, suporte social compro-
metido, presença de ascite e de outras comorbidades. Além disso,
devem ser considerados tipo de tumor, estadiamento da doença,
taxa de resposta ao tratamento oncológico modificador de doença7.
Quanto ao estado nutricional, o uso de nutrição parenteral
em obstrução intestinal maligna não é recomendado. Diretrizes da
ESPEN (European Society for Clinical Nutricion and Metabolism)
recomendam o uso de nutrição parenteral para pacientes que serão
submetidos a intervenções cirúrgicas e para pacientes oncológicos
que não serão submetidos a cirurgias7,8. Isto é:
Tratamento
O tratamento farmacológico da obstrução intestinal devido
a câncer avançado tem como objetivo o alívio de sintomas como
dor, vômitos, náusea7. O quadro 11 apresenta medicamentos e
doses recomendadas.
especificamente.
Área de treinamento
1.1) e
1.2) b
2) e
3) c
Introdução
A diarreia é um sintoma frequente em cuidados paliativos,
em que a qualidade de vida e o controle adequado dos sintomas é
prioridade¹. Apesar de frequente, a diarreia é menos comum do que
a constipação em pacientes com doença avançada, exceção feita aos
pacientes com AIDS em que 27% reportam ter diarreia². Menos
de 10% dos pacientes com câncer admitidos no hospital ou em
unidades de cuidados paliativos têm diarreia³.
Apesar disso, a diarreia pode ser extremamente debilitante,
especialmente nos pacientes com doença avançada. Além da perda
IMPORTANTE
A causa mais comum de diarreia em pacientes com doença
avançada é o uso de laxativos. A simples educação sobre o uso
de laxantes pode resolver o problema3.
Manejo
Glossário
Terapia empírica: tratamento feito com base nos sintomas, sem
que a doença seja comprovada por meio de exames laboratoriais.
Considerações Finais
Área de Treinamento
1. a
2. c
3. a
4. d
IMPORTANTE
O delirium ainda é subdiagnosticado por médicos e enfermeiros.
O subtipo hipoativo é mais frequente em pacientes com câncer,
contudo também é comumente não diagnosticado por equipes
de oncologia3.
Tratamento
O tratamento do delirium se divide em intervenções não
farmacológicas e farmacológicas. A primeira trata-se de prevenir que
o paciente desenvolva essa síndrome. Dentre as ações não farmaco-
lógicas, inclui-se manter calendários, relógio e fotos de familiares
de forma visível para o paciente; não mudá-lo de leito; evitar inter-
venções que limitem a mobilidade, como acessos venosos; manter
o quarto iluminado durante o dia, mas com pouca iluminação e
em silêncio durante a noite; evitar uso de múltiplas medicações,
principalmente aquelas que precipitem o delirium; retirar drogas
Delirium terminal
O delirium pode ser causado por fatores potencialmente
reversíveis, portanto mesmo em doença avançada, os fatores
causais devem ser pesquisados para que se possa reverter o distúrbio
2
.
O delirium terminal é estressante e confuso para familiares
e pacientes3,6. Após revisão sistemática de causas reversíveis e utili-
zação de medicamentos preconizados, naqueles casos em que não
há controle dos sintomas com uso das medicações, pode ser utili-
zada a sedação paliativa. Nesse contexto, é importante explicar aos
familiares que a sedação paliativa não apressa a morte. Nos casos de
sedação paliativa, os familiares podem sofrer luto antecipatório. Para
reduzir esse sofrimento, a família e o paciente (se lúcido) devem ser
incluídos na tomada de decisão da sedação. Conversar com o paciente
nos momentos de lucidez é importante para questionar sobre suas
preocupações, honrar seus desejos e valores e prover conforto. Todas
as medidas são utilizadas com o intuito de preservar a dignidade
e valores individuais do paciente, portanto a comunicação com a
família, paciente e equipe de saúde sobre os objetivos do cuidado
são indispensáveis6.
Em síntese, o delirium possui causas multifatoriais, contribui
para estresse e desconforto do próprio paciente, família e equipe
de saúde; devendo ser reconhecido e propriamente tratado com
abordagem interdisciplinar. O objetivo do tratamento é melhorar
a qualidade de vida11.
do delirium.
Área de treinamento
1-c
2-c
3-a
Glossário
Sangramento sentinela: sangramento prodrômico que ocorre 24 a
48 horas antes da ruptura de uma artéria, o qual pode se resolver
espontaneamente ou com pressão local7.
IMPORTANTE
Em caso de sangramento, sempre suspender medicamentos
desencadeantes como antiagregantes plaquetários, anticoagu-
lantes, trombolíticos e corticóides6.
TRATAMENTO
As opções de tratamento são divididas em medidas gerais,
locais e sistêmicas.
Medidas gerais
É importante informar aos cuidadores sobre o risco de sangra-
mento que o paciente apresenta e sobre as medidas iniciais para lidar
Medidas locais
Sangramento vaginal
O sangramento vaginal é raramente excessivo e pode ser
manejado conservadoramente. Em casos de sangramento de maior
monta, são necessários hidratação vigorosa e tamponamento vaginal.
A radioterapia pode ajudar no controle definitivo do sangramento
e a embolização arterial pode ser factível em casos selecionados1.
Hemorragia gastrintestinal
Radioterapia e cirurgia podem ser indicadas principalmente
em casos de hemorragia digestiva baixa relacionada à neoplasia. Outros
tratamentos incluem intervenção endoscópica com coagulação
termal, crioterapia, ligaduras e injeção de vasoconstrictores, além
de embolização com transcateter por angiografia intervencionista1.
No caso de sangramento secundário a varizes esofágicas, é
recomendado tratamento sistêmico (vasopressina ou terlipressina,
nitroglicerina, somatostatina ou octreotide) e endoscópico (ligadura
elástica ou escleroterapia) combinados5.
sistêmicas.
Área de Treinamento
1 – Paciente AFP, 54 anos, ex-tabagista pesado, portador de
câncer de cabeça e pescoço localmente avançado, sem indicação
cirúrgica. É independente e autônomo. Também possui diabetes
e hipertensão arterial e faz uso de metformina, glicazida, losartana
e AAS. Além disso, está em uso de dexametasona que lhe foi pres-
crita para melhora do apetite. Vem ao ambulatório apresentando
sangramento em ferida oncológica em pequena quantidade há 01
semana. Quais medidas poderiam ser utilizadas no tratamento da
hemorragia, num primeiro momento?
a) Suspender AAS e dexametasona, que predispõem ao
sangramento, e indicar curativos compressivos ou hemostáticos.
b) Concentrado de hemácias e plaquetas, vitamina K,
embolização carotídea.
c) Suporte hemodinâmico com ringer lactato, toalhas escuras
e embolização carotídea.
d) Oxigenioterapia hiperbárica, compressão local, ácido
épsilon aminocapróico.
Referências Bibliográficas
Questão 1 – a
Questão 2 – c
Questão 3 – c
Questão 4 – d
258
MÓDULO
eliSaBeth KüBler-roSS
259
15
HIpoDerMÓCLIse eM CuIDADos
pALIAtIVos: ABorDAGeM
ConCeItuAL e prÁtICA
Introdução
Os pacientes que apresentam doenças para as quais não há
tratamentos que possam modificar o curso da doença representam
um desafio para as equipes de saúde, posto que carecem de assis-
tência na manutenção da qualidade de vida, realidade para a
qual os profissionais de saúde ainda não estão preparados. Apesar
dos avanços tecnológicos no que tange a terapias existentes para o
tratamento de doenças ameaçadoras da vida, estas nos remetem a
situações de sofrimento, inevitabilidade da morte e finitude. Ao
incluir os princípios dos Cuidados Paliativos em suas práticas de
cuidado, os profissionais de saúde têm a possibilidade de, diante
de qualquer doença ameaçadora de vida, direcionar a assistência
prestada de uma perspectiva estritamente clínica para as necessidades
enunciadas pelos próprios pacientes e seus familiares.
Glossário
Fonte: SBGG1
Vantagens
- Baixo custo;
- Menor tempo de execução, maior tolerabilidade, êxito,
comodidade e praticidade na realização e manutenção da
técnica, quando comparada com a via venosa;
- Possibilidade de realização em domicílio;
- Facilidade de autoadministração;
- Permite a realização de atividades de reabilitação, sem
restrição de membros e movimentos, o que favorece a
funcionalidade do paciente;
- Menor susceptibilidade à extração;
- Risco mínimo de complicações locais e sistêmicas (baixos
índices de infecção)
- Favorece a prevenção da obstipação e hidratação da pele,
como complemento na prevenção de úlceras por pressão;
- Mais fácil de obter novos sítios de inserção;
- Pode ser interrompida e reiniciada;
- Boa aceitação por parte dos familiares;
- Não necessita de imobilização do membro.
Desvantagens
- Velocidade de infusão mais lenta do que a via endovenosa;
- Edema local;
de eletrólitos;
- Caquexia neoplásica com redução do subcutâneo dificulta
a realização da técnica e prejudica a absorção de fármacos;
- Impossibilidade de reverter choques hipovolêmicos.
Anterior Posterior
1
Fonte: SBGG
Medicamentos e soluções
Fonte: Quando...,9
10,11
IMPORTANTE:
perfusão tecidual;
os 3.000 ml em 12 horas.
III. A inexistência de alterações da coagulação ou trombo-
citopenia.
a) Apenas I e II
b) Apenas II e III
c) Apenas I e III
d) I, II e III
1–d
2–a
3–d
4-c
2
.
Glossário
Dieta enteral: dieta administrada via sonda enteral, por meio de
cateteres nasoenterais ou ostomias.
Considerações Finais
-
liativos exclusivos devemos ressignificar o alimento e buscar
preparações que despertem a memória afetiva, proporcionando
prazer e qualidade de vida, sem o objetivo de atingir metas
nutricionais específicas.
Área de Treinamento
Questão 1 – b
Questão 2 – c
Questão 3 – d
IMPORTANTE
Quando o paciente portador de doença crônica chega à
emergência:
- Iniciar intervenções médicas não invasivas.
- Acessar prontuário e conversar com familiares para avaliar
necessidade ou não de medidas invasivas.
10
.
IMPORTANTE
A tomada de decisão entre clínicos, pacientes e familiares
responsáveis
quanto ao
Insuficiência renal associada (TFG < 30 SIM ( ) NÃO ( ) Insuficiência cardíaca sintomática (cor
L/min) pulmonale) SIM ( ) NÃO ( )
Problemas de fala com dificuldade Demência Vascular em fase grave SIM ( ) NÃO ( )
crescente de comunicação SIM ( ) NÃO ( )
DEMÊNCIA: FRAGILIDADE:
clínico do paciente.
Considerações Finais
de más notícias.
Área de treinamento
1) F V F
2) c
3) d
2
.
IMPORTANTE
Pacientes com doença incurável e em fase final de vida usual-
mente não se beneficiam do tratamento em UTI e podem ser
tratados com dignidade em outras unidades de internação
(enfermaria, unidades intermediárias e unidades de cuidados
paliativos) ou mesmo em domicílio9.
Glossário
Obstinação terapêutica: adotar ou manter procedimentos tera-
pêuticos fúteis, cujos efeitos são mais nocivos do que o próprio
mal a ser curado, ou inúteis, os quais não garantem benefícios
aos pacientes, pois a cura é impossível. Por gerarem ainda mais
sofrimentos, violam a dignidade humana1,3,12,13.
IMPORTANTE
A principal questão a ser enfrentada por pacientes, familiares e
equipe não é “se” o paciente é candidato a cuidados paliativos,
mas sim “qual” o no contexto
da internação em decorrência do quadro agudo: a cura e o resta-
belecimento funcional ou o conforto e a qualidade de vida2,21.
Glossário
Decisão compartilhada: processo no qual profissionais de saúde e
pacientes, ou seus substitutos, compartilham informações entre si
e participam conjuntamente na tomada de decisão6,7,11.
do paciente);
entre:
- eficácia do tratamento proposto: conhecimento médico
técnico sobre a diferença que o tratamento faria em termos
de prognóstico, incluindo morbidade, mortalidade ou
funcionalidade, segundo as melhores evidências dispo-
níveis;
- benefício: determinação subjetiva do que o paciente ou
seu representante legal percebem como sendo de valor
para seu próprio bem, segundo seus objetivos ligados ao
tratamento proposto;
- onerosidade da intervenção: custos físicos, emocionais,
econômicos ou sociais do tratamento.
Insuficiência renal associada (TFG < 30 SIM ( ) NÃO ( ) Insuficiência cardíaca sintomática (cor
L/min) pulmonale) SIM ( ) NÃO ( )
Problemas de fala com dificuldade Demência Vascular em fase grave SIM ( ) NÃO ( )
crescente de comunicação SIM ( ) NÃO ( )
DEMÊNCIA: FRAGILIDADE:
Fases da assistência Fase 1: morte Fase II: morte Fase III: morte
pouco provável prevista para dias, prevista para
semanas ou meses horas ou dias
Glossário
Adequação de Medidas Terapêuticas: condutas médicas restritivas,
em que se limita o uso de certos recursos, por serem inadequados,
fúteis ou inúteis1.
Considerações Finais
O conhecimento dos Cuidados Paliativos deve fazer parte do
bom atendimento aos pacientes críticos desde sua internação,
a fim de lhes oferecer2,4:
dos pacientes.
, com limitação ou
suspensão de procedimentos terapêuticos fúteis.
às famílias durante a doença crítica
e, às famílias dos pacientes que morreram na UTI, no período
de luto.
2011. p. 157-85.
14 - Carlet J, Thijs LG, Antonelli M, Cassell J, Cox P, Hill N, et
al. Challenges in end-of-life care in the ICU. Statement of the 5th
International Consensus Conference in Critical Care: Brussels,
Belgium, April 2003. Intensive Care Med. 2004;30:770-84.
15 - Truog RD, Campbell ML, Curtis JR, Haas CE, Luce JM,
Rubenfeld GD, et al. Recommendations for end-of-life care in the
intensive care unit: a consensus statement by the American College
of Critical Care Medicine. Crit Care Med. 2008;36:953-63.
16 - Lanken PN, Terry PB, Delisser HM, Fahy BF, Hansen-Flaschen
J, Heffner JE, et al. An official American Thoracic Society clinical
policy statement: palliative care for patients with respiratory diseases
and critical illnesses. Am J Respir Crit Care Med. 2008;177:912-27.
Questão 1 – a
Questão 2 – b
Questão 3 – b
Questão 4 – c
“Se nada nos separa da morte, ao menos que o amor nos salve
da vida.”
(Pablo Neruda)
Thayana Louize Vicentini Zoccoli
Lia Nogueira Lima
Glossário
Sintoma refratário1-3: aquele que não pode ser controlado adequa-
damente, apesar de repetidas e intensas tentativas de tratamen-
to (não invasivo) tolerável, sem que se comprometa o nível de
consciência.
IMPORTANTE
Para que se considere um sintoma como refratário, deve-se ter
conhecimento sobre as opções prévias de tratamento1-4.
Fonte: Kira1
IMPORTANTE
Morfina ou fentanil em bomba de infusão NÃO é sedação
paliativa: é analgesia6.
IMPORTANTE
é MÁ prática médica suspender
analgesia em vigência de sedação1-3.
Considerações Finais
não é eutanásia.
sedação.
Área de Treinamento
Introdução
O , também deno-
minado “últimas quarenta e oito horas de vida”, caracteriza-se por
morte próxima e irreversível, com sobrevida média de horas a dias,
não necessariamente quarenta e oito horas. Alguns sinais e sintomas
são indicativos desse processo: anorexia e nenhuma ingestão de líquidos,
imobilidade, sonolência, alterações cognitivas ou delirium, mioclonus,
dor, dispneia, colapso periférico e ronco final, além de falências fun-
cionais. Nas últimas horas, o paciente se torna progressivamente
mais “ausente” da vida1,2.
Na dúvida sobre tratar-se das últimas horas de vida, além da
presença dos sinais e sintomas citados acima, deve-se avaliar se a
evolução da doença do paciente sugere piora clínica gradual: perda
de peso progressiva, piora da funcionalidade, incluindo dificuldade
de mobilidade, além de mudança no padrão de comunicação e isola-
mento social. A melhora dos sinais e sintomas ou da funcionalidade
pode indicar que o paciente está se estabilizando ou se recuperando,
mesmo que temporariamente3.
IMPORTANTE
Piora funcional abrupta pode indicar intercorrência aguda
passível de tratamento curativo.
o falso otimismo;
Glossário
Obstinação terapêutica: adotar ou manter procedimentos tera-
pêuticos fúteis, cujos efeitos são mais nocivos do que o próprio
mal a ser curado, ou inúteis, os quais não garantem benefícios
aos pacientes, pois a cura é impossível. Por gerarem ainda mais
sofrimentos, violam a dignidade humana5-8.
IMPORTANTE
O adequado manejo dos sintomas desconfortáveis é importante
em qualquer fase da doença, mas se torna prioridade no fim
da vida4.
.
1,2,4
Imobilidade
Quando o paciente em fim de vida não consegue mais se
movimentar, deve-se manter apenas a mobilização passiva cuidadosa,
a fim de prevenir úlceras por pressão, e evitar transferências, pois
são desconfortáveis e dolorosas. Além disso, é importante manter
os cuidados de enfermagem, como cuidados com pele, mucosas e
feridas, e orientar os familiares1,2,4.
Sonolência
O paciente apresenta-se sonolento a maior parte do tempo
no final da vida, embora possa ser despertado em raros momentos
e se comunicar precariamente, abrindo os olhos com dificuldade e
momentaneamente. Este sintoma é esperado e não justifica redução
ou suspensão das doses de sedativos ou analgésicos1,2.
Mioclonus
Mioclonus são abalos musculares involuntários indicativos
de neurotoxicidade, precursores de convulsão. Ocorrem com
frequência no final da vida e podem ser ocasionados por hipóxia,
desidratação, distúrbios metabólicos (como uremia), edema do
sistema nervoso central (em pacientes com tumores ou metástases
centrais) ou medicamentos. Devem ser controlados o mais rápido
possível com anticonvulsivantes. Além disso, é fundamental rever
medicações predisponentes1.
Dor
Aproximadamente 40% dos pacientes hospitalizados têm
dor moderada a intensa nos últimos três dias de vida4. Ainda que o
paciente esteja impossibilitado de expressar o nível de dor, ou mesmo
se estiver em coma, o tratamento da dor deve ser mantido. A
1,2
.
Nas últimas horas de vida, o opioide mais utilizado para
controle da dor é a morfina, pois também promove o controle de
outros sintomas (como dispneia e tosse), com a vantagem de poder
ser administrada por várias vias e não possuir dose teto1,2,4. É impor-
tante lembrar que alguns medicamentos adjuvantes, comumente
utilizados para controle de dor neuropática, podem não fazer o efeito
desejado a tempo. Em caso de dor neuropática aguda, podem ser
empregados corticoides4.
IMPORTANTE
Intubação orotraqueal NÃO é medida de conforto respiratório,
pelo contrário, no paciente em fim de vida, é considerada
procedimento fútil1,2,12.
ao paciente.
:
1,2,4
:4
: 2,4
: 4
-
tinência urinária e fecal2.
:
2,4
:2
Considerações Finais
2
:
o aceitar a finitude como natural;
o manter dignidade e autonomia do paciente;
o não abandonar paciente nem familiares;
o ter habilidades clínicas e de comunicação, empatia e
compaixão.
-
mente tratados e, sempre que possível, prevenidos.
Área de Treinamento
1 – Dona M. é portadora de câncer de ovário com carcino-
matose peritoneal, sem possiblidade de tratamento modificador de
doença, em fim de vida, e evoluiu com obstrução intestinal maligna.
Refere que não deseja passagem de sonda nasogástrica, mas apresenta
vômitos fecaloides refratários. Seguindo os princípios dos Cuidados
Paliativos, qual seria a melhor conduta:
2011. p. 157-85.
9 - Carvalho RT, Taquemori LY. Nutrição em Cuidados Paliativos.
In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de Cuidados Paliativos
ANCP - Ampliado e Atualizado. 2. ed. Academia Nacional de
Cuidados Paliativos; 2012. p. 483-99.
10 - Bruera E, Hui D, Dalal S, Torres-Vigil I, Trumble J, Roosth
J, et al. Parenteral hydration in patients with advanced cancer: a
multicenter, double-blind, placebo-controlled randomized trial. J
Clin Oncol. 2013;31(1):111-8.
11 - Star A, Boland JW. Updates in palliative care – recent advan-
cements in the pharmacological management of symptoms. Clin
Med (Lond). 2018;18(1):11–6.
12 - Carvalho RT. Dispneia, tosse e hipersecreção de vias aéreas.
In: Carvalho RT, Parsons HA (Org.). Manual de Cuidados Paliati-
vos ANCP - Ampliado e Atualizado. 2. ed. Academia Nacional de
Cuidados Paliativos; 2012. p. 151-67.
13 - Azevedo DL (Org.). Uso da via subcutânea em Geriatria e
Cuidados Paliativos: um guia da SBGG e da ANCP para profissionais.
Rio de Janeiro: SBGG; 2016. 56 p.
352
pArA sABer MAIs
Músicas:
- Cuide bem do seu amor, Paralamas do Sucesso
- Como falta de ar, Juliano Gauche
- Daqui só se leva o amor, Jota Quest
- Epitáfio, Titãs
- Ocean, Alok
- Trem bala, Ana Vilela
Filmes:
- A Culpa é das Estrelas (The Fault in our Stars) - 2014 –
distribuição 20th Century Fox
- Antes de partir (The Bucket List) – 2008 – distribuição
Warner Bros. Pictures.
- As invasões bárbaras – (Les Invasion barbares) - 2003 –
distribuição Europa Filmes
- Beleza Oculta (Collateral Beauty) – 2017 – distribuição
Warner Bros. Pictures.
- Como eu era antes de você (Me Before You) – 2016 –
distribuição Warner Bros. Pictures.
- Em busca da luz (Go Toward the Light) – 1988 – distri-
buição Qintex Entertainment
353
- Mar adentro (Mar adentro) – 2004 – distribuição Fox
Filme/Fine Line Features.
- Minha vida sem mim (My Life Without Me) – 2003 –
distribuição Imagem Filmes
- O escafandro e a borboleta (Le scaphandre et le papillon)
– 2008 – distribuição Europa Filmes.
- Perfeita pra você – (Irreplaceable You) - 2018 – distri-
Livros:
- A Culpa é das Estrelas – John Green
- A morte é um dia que vale a pena viver – Ana Cláudia
Quintana Arantes
- A roda da vida – Elizabeth Kübler-Ross
- A última grande lição – Mitch Albom
- Bilhete de plataforma: vivências em cuidados paliativos
– Derik Doyle
354
- No final do corredor – Ana Coradazzi
– Elizabeth Kübler-Ross
- Os cinco convites – Frank Ostaseski
- Sobre a morte e o morrer – Elizabeth Kübler-Ross
- Viver Em Paz Para Morrer Em Paz - Se Você Não Existisse,
Que Falta Faria? – Mário Sérgio Cortella
Sites:
- Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP):
https://paliativo.org.br/
- Asociación Latinoamericana de Cuidados Paliativos:
https://cuidadospaliativos.org/
- Instituto Nacional do Câncer (INCA): www.inca.gov.br
- Instituto George Washington de Espiritualidade e Saúde:
https://smhs.gwu.edu/gwish/about/dr-puchalski
- International Association for Hospice and Palliative Care:
https://hospicecare.com/home/
- Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE):
www.sobope.org.br
- Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP):
www.siop-online.org
- Sociedade Brasileira de Psico-oncologia (SBPO): www.
sbpo.org.br
- Sociedade Internacional de Psico-oncologia (IPOS): www.
ipos-society.org
355