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Harmonia na Adversidade: Uma Resposta aos Desafios da Comunidade Cristã

Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas
contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição
diária. Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram:
— Não é correto que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Por
isso, irmãos, escolham entre vocês sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e
de sabedoria, para os encarregarmos desse serviço. Quanto a nós, nos consagraremos à
oração e ao ministério da palavra.
O parecer agradou a todos. Então elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito
Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram estes homens aos apóstolos, que, orando, lhes impuseram as mãos.
A palavra de Deus crescia e, em Jerusalém, o número dos discípulos aumentava.
Também um grande grupo de sacerdotes obedecia à fé.

Atos 6.1-7

Introdução

Gostaria de iniciar nossa reflexão de hoje fazendo uma breve jornada por um universo
de fantasia e sabedoria, imortalizado na obra literária "O Senhor dos Anéis". Nas
palavras de J.R.R. Tolkien, na obra O Senhor dos Anéis, nós encontramos uma
narrativa épica que ecoa verdades eternas e a luta entre o bem e o mal, simbolizada na
saga da Terra Média.

Imaginemos um cenário similar à Terra Média: uma terra afligida por sombras e
trevas, onde os corações dos habitantes estavam repletos de inquietação e desafios. E,
contudo, mesmo em meio à escuridão, surge uma comunidade de personagens, cada um
com habilidades e dons únicos, reunidos para enfrentar um mal que parecia
insuperável: o maligno Senhor do Escuro, Sauron.
Essa comunidade, composta por hobbits, elfos, anões, humanos e magos, representava
uma diversidade de culturas, habilidades e histórias de vida. Cada integrante possuía
sua própria trajetória, desafios e perspectivas. No entanto, sob o chamado de um
propósito comum, eles se uniram, superando diferenças e unindo forças para enfrentar
o mal.

Assim como na Terra Média, a comunidade da igreja primitiva, narrada em Atos 6:1-
7, também enfrentava suas próprias adversidades e desafios. Em meio a um mundo em
transformação, os discípulos de Cristo, unidos pelo chamado à Grande Comissão, se
encontravam em uma encruzilhada.

No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos uma narrativa que é muito mais que um
simples relato histórico. É uma janela para o passado que projeta luz sobre nossa
jornada presente como povo de Deus.

Veja, até então, estamos sendo transportados para os primeiros passos de uma
comunidade que florescia com a luz da ressurreição de Cristo, irradiando esperança e
transformação a todos ao seu redor. Contudo, como é comum em toda jornada de fé, os
desafios não se abstiveram de se apresentar.

Imaginemos a cena: Jerusalém, os cristãos ainda reverberantes com a notícia da


ressurreição de Jesus Cristo e a efusão do Espírito Santo sobre os discípulos. A igreja
recém-nascida, um organismo vivo e pulsante, crescia rapidamente, agregando uma
diversidade de indivíduos unidos pelo poder da mensagem da salvação. Essa ebulição
de fé, entusiasmo e amor cristão, entretanto, não estava isenta de suas próprias
complexidades e desafios.

A comunidade estava crescendo, as necessidades eram variadas, mas as viúvas estavam


sendo negligenciadas na distribuição diária. Era um momento crucial, exigindo
harmonia, sabedoria e cooperação para garantir que cada membro da comunidade
fosse atendido justamente.
O texto em questão é conhecido pelo fato da instituição dos diáconos. Mas quando
olhamos a fundo podemos notar que o foco não é apenas a instituição do primeiro corpo
diaconal da igreja.

Mas aqui Lucas introduz uma nova fase no desenvolvimento da igreja. Seu crescimento
incessante cria problemas administrativos que afetam sua união. Os doze apóstolos
ensinam ao povo a doutrina apostólica (2.42) e evangelizam as circunvizinhanças de
Jerusalém. Mas eles têm também a responsabilidade de distribuir as ofertas colocadas
em seu poder para aliviar as necessidades dos pobres. Agora surge um problema entre
os judeus de fala grega, cujas viúvas sofrem de negligência em relação à distribuição
diária de alimentos.

John Stott em seu comentário, diz que a igreja nos seus primórdios sofre três ataques
satânicos. No capítulo 4 e a segunda parte do capítulo 5 vemos a perseguição, ainda no
capítulo 5 vemos a infiltração da mentira e hipocrisia e já que satanás não conseguiu
derrotar a igreja de fora para dentro e nem de dentro para fora por meio da corrupção,
agora ele tenta desviar o foco dos líderes da igreja.

Note que curiosamente o que está ameaçando a igreja agora não é uma coisa ruim, mas
boa, a assistência social devido ao crescimento da mesma. O problema é que os apóstolos
estavam perdendo a sua prioridade, correndo de um lado para o outro, ocupados com
o atendimento às pessoas necessitadas, deixando de lado a oração e o ministério da
Palavra.

Os discípulos da igreja primitiva eram uma família em Cristo, mas não estavam isentos
de conflitos e desafios. Eles também enfrentaram situações onde as necessidades de
alguns membros não estavam sendo atendidas adequadamente.

Este é o contexto de Atos 6:1-7. Esta narrativa não é apenas um relato histórico, mas
um manual vivo sobre como a harmonia na adversidade pode ser uma resposta
poderosa aos desafios que enfrentamos na comunidade cristã de hoje.
Vejamos as lições atemporais sobre a importância da unidade, sabedoria e cooperação,
mesmo em meio às adversidades.

1. O desafio da união (v.1)

1Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, houve murmuração dos


helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na
distribuição diária.

A comunidade cristã é chamada a ser uma irmandade de crentes, cada um com dons e
chamados únicos. E o desafio que ela sempre enfretou é a questão da união. Nos
versículos iniciais de Atos 6, vemos essa diversidade, mas também a necessidade de
manter a unidade e a harmonia, apesar das diferenças.

Com o crescente aumento da igreja, era natural que alguns problemas viessem à tona.
Veja, um crescimento numérico da igreja sempre trará na bagagem problemas
potenciais que precisam ser enfrentados com urgência e sabedoria.

Note que Lucas inicia falando que “Naqueles dias, aumentando o número dos
discípulos”, veja já não podemos determinar a época exata deste episódio, mas podemos
observar que este aumento se deu após o julgamento dos apóstolos. Note que mesmo
sendo perseguidos e presos eles continuaram a se empenhar para ensinar e pregar o
evangelho. O resultado desta ação é que a membresia da igreja em Jerusalém estava
crescendo.

A esta altura, Lucas já não conseguia mais contabilizar o número de crentes. O que
vemos é que nos primórdios da igreja, o número dos discípulos multiplicou-se. Havia os
judeus palestinos de língua hebraica e os judeus da Diáspora que falavam o grego, os
quais voltaram para Jerusalém e se tornaram parte da comunidade do Novo
Testamento.

E note que Lucas identifica os crentes como discípulos. No tempo do ministério de Jesus,
eram conhecidos como discípulos os Doze e também os setenta. Agora estes doze
apóstolos se tornaram mestres e os novos convertidos são seus discípulos (por exemplo,
6.1,2,7;9.1,10,19).

E aí surgiu o problema surgiu, um debate entre os judeus cristãos de língua grega e os


judeus cristãos de língua hebraica, sobre a distribuição do dinheiro, tempo e energia
que a igreja estava despendendo com o cuidado das viúvas. Essa foi a primeira crise
que contagiou a comunidade cristã. Alguns dentre eles se sentiram negligenciados
porque suas viúvas não estavam sendo assistidas.

As viúvas dos helenistas, que eram aqueles convertidos que vieram da dispersão e não
falavam o hebraico, começaram a ser esquecidas na distribuição diária. A injusta
distribuição dos recursos gerou murmuração na igreja. O som da palavra grega
murmuração sugere o zumbir das abelhas.

Um tumulto no meio da comunidade cristã estava colocando em risco a comunhão da


igreja. A comunhão, que fora atacada pela hipocrisia de Ananias e Safira, estava
novamente sendo ameaçada pela injustiça.

Só que aqui precisamos ir a fundo para entendermos o problema. Os comentaristas


dizem que haviam duas classes de judeus na igreja cristã.

O primeiro grupo era composto pelos judeus que moravam em Jerusalém e Palestina e
falavam o aramaico, o idioma ancestral. Esse grupo orgulhava-se de não ter assimilado
nenhum hábito estrangeiro em sua cultura.

O segundo grupo era formado pelos judeus que haviam morado fora da Palestina por
muitas gerações, mas que, depois do Pentecostes, permaneceram em Jerusalém. Esses
judeus haviam esquecido o hebraico e falavam o grego.

Os orgulhosos judeus de fala aramaica tratavam com desprezo os judeus estrangeiros.


Essa fissura no relacionamento manifestou-se na distribuição diária dos recursos.
A queixa acerca da ajuda aos pobres não passava de mero sintoma de um problema
mais profundo, a saber: os cristãos de língua hebraica e os de língua grega estavam
divididos em dois grupos separados.

Apesar de a harmonia e a união constituírem a característica da igreja cristã, diferenças


linguísticas e culturais causavam inevitável separação.

É muito provável que o esquecimento das viúvas helenistas não fosse proposital. Mas a
queixa acabava recaindo sobre os apóstolos, que estavam encarregados dessa
distribuição (4.35,37).

E aqui temos um alerta sobre as divisões na igreja. Elas chegam de forma sutil.

A questão aqui é que problemas sempre irão surgir no meio do povo de Deus. Somos
pecadores, porém, devemos lidar com eles de maneira bíblica. Infelizmente quando
problemas surgem a primeira reação nossa é murmurar e fazer fofoca.

A Bíblia oferece orientações sobre como resolver problemas e conflitos dentro da igreja,
promovendo a unidade, o perdão, a comunhão e a busca pela paz. Abaixo estão alguns
versículos que abordam esse tema:

1. Mateus 18:15-17 (NVI): "Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele,
mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele não o ouvir,
leve consigo mais um ou dois outros, de modo que 'qualquer acusação seja
confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas'. Se ele se recusar a
ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como
pagão ou publicano."
2. Efésios 4:1-3 (NVI): "Eu, prisioneiro do Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira
digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e
sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço
para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz."
3. Gálatas 6:1-2 (NVI): "Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado,
vocês que são espirituais deverão restaurá-lo com mansidão. Cuide-se, porém,
cada um para que também não seja tentado. Levem os fardos pesados uns dos
outros e, assim, cumpram a lei de Cristo."
4. Colossenses 3:13-14 (NVI): "Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas
que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima
de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito."
5. Tiago 1:19-20 (NVI): "Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos
prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem
não produz a justiça de Deus."

2. Solução e Unidade na Comunidade (v.2-6)

E aqui vemos que os apóstolos não foram negligentes nem remissos. Agiram com
rapidez e sabedoria para estancar aquela hemorragia que colocava em risco a paz
interna da igreja e o seu testemunho externo.

Tanto em "O Senhor dos Anéis" quanto em Atos 6, vemos a importância da liderança
sábia. Gandalf, Aragorn e outros líderes são fundamentais para guiar e capacitar a
Comunidade do Anel. Da mesma forma, na igreja primitiva, os apóstolos discerniram
a necessidade de líderes espirituais sábios, como os diáconos, para resolver os problemas
internos e manter a harmonia.

Na igreja primitiva, a solução foi a escolha dos sete diáconos para cuidar das
necessidades práticas, permitindo que os apóstolos se concentrassem na oração e no
ministério da Palavra. Ambas as soluções promoveram unidade e harmonia na busca
de um propósito maior.

O problema foi identificado (6.1) e os apóstolos encontraram uma imediata solução (6.2-
6), e o resultado foi o crescimento da igreja (6.7).
Temos um ensino pratico de como solucionar problemas: reconhecer o problema
(6.1,2a); recusar-se a subordinar o que é essencial (6.2b); remover as causas de
reclamações (6.3-6); e colher os resultados de uma solução sensata (6.7). Os apóstolos
não ficaram na defensiva.

Em vez dos apóstolos se desgastarem ainda mais no trabalho do serviço às mesas,


ampliaram o quadro de obreiros.

E aqui temos alguns alertas sobre a condução da igreja:

a) O cuidado com as distrações: O ponto aqui era garantir que as


necessidades das viúvas sejam atendidas ou ocupar-se de questões
financeiras e administrativas. Concordo com John Stott em que não há
aqui nenhuma sugestão de que os apóstolos vissem a obra social inferior
à obra pastoral, ou a considerassem pouco digna para eles. Era apenas
uma questão de chamado. Aos apóstolos foram confiados os oráculos de
Deus. Eles foram encarregados de ensinar a Palavra e fazer discípulos de
todas as nações. Cabia a eles a diaconia da palavra, e não a diaconia das
mesas. Embora fosse um trabalho justo e necessário, a assistência às
viúvas pobres não era a prioridade dos apóstolos. Eles não podiam
abandonar as trincheiras da oração e do ministério da palavra para focar
noutra área. A distração seria uma armadilha mortal.

b) O cuidado com o serviço: Os apóstolos entenderam a legitimidade da


diaconia das mesas. Eles reafirmaram a necessidade de continuar o
serviço de assistência aos pobres. A evangelização não anula a ação social,
nem esta dispensa aquela. A solução, porém, não era os apóstolos
deixarem a oração e a Palavra para se dedicarem àquela causa urgente,
mas escolherem homens com credenciais para exercer esse ministério.
Sou da opinião de que começa aqui o ministério diaconal na igreja. Os
diáconos foram escolhidos não pelos apóstolos, mas pela igreja. Dentre os
membros da igreja, com credenciais preestabelecidas, sete homens foram
eleitos para exercerem a diaconia das mesas. A escolha destes homens
seguiu três parâmetros: Moral, espiritual e funcional. Em outras
palavras, deviam ser homens íntegros, corretos, que davam bom
testemunho dentro de fora da igreja, piedosos no viver e no falar,
comprometidos com o evangelho, com discernimento espiritual e aptidão
para o oficio. Mais a frente Paulo em 1ª Timoteo 3.8-12 vai ampliar esta
lista de qualificações e incluir o testemunho da mulher e dos filhos.

c) O cuidado com a Palavra: Deus chama todo o seu povo para o ministério;
ele chama pessoas diferentes para ministérios diferentes, e aqueles
chamados para a oração e o ministério da palavra não devem desviar-se
de suas prioridades.

Desta forma, Lucas destaca dois ministérios na igreja: a diaconia das mesas (6.2,3) e a
diaconia da palavra (6.4); a ação social e a pregação do evangelho.

Esta decisão dos apóstolos é um divisor de águas na história da igreja. Aqueles que
foram chamados para pregar a palavra precisam esmerar-se no ensino e afadigar-se na
Palavra, a fim de serem obreiros aprovados. Se os apóstolos tivessem abandonado a
oração e o ministério da palavra para servir às mesas, a igreja teria perdido seu foco e
seu poder.

O crescimento da igreja vem por meio da oração e da Palavra. Esses sempre foram os
dois principais instrumentos usados por Deus para levar sua igreja ao crescimento
saudável.

Ao cuidamos destas áreas garantiremos o bom funcionamento da vida da igreja.


3. Frutos da Unidade e Cooperação (v.7)

E como resultado em Atos 6, a Palavra de Deus se espalhou e o número de discípulos


aumentou. Isso nos mostra que, quando a comunidade se une em harmonia para
enfrentar desafios, os frutos do Espírito são evidentes.

A decisão dos apóstolos trouxe glória ao nome de Deus, paz para a igreja e solução para
os problemas. Lucas registra o fato assim: O parecer agradou a toda a comunidade e
elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor,
Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia (6.5).

Aqui podemos notar que as decisões tomadas em conformidade com a vontade de Deus
agradam a igreja de Deus. Quando a igreja age em obediência à Palavra, reina paz em
seu meio. Quando os líderes da igreja são governados pelos princípios de Deus, o
trabalho é dividido e não há sobrecarga. Quando a igreja escolhe sua liderança sob a
égide dos preceitos divinos, as tensões são resolvidas, as necessidades são supridas e a
igreja cresce com mais ousadia (6.7).

Os comentaristas observam que que os nomes dos eleitos têm uma entonação grega.
Devem ter sido nomeados justamente helenistas porque a negligência em relação às
viúvas dessa origem havia sido a causa de toda essa ação. Nicolau é chamado
expressamente de prosélito de Antioquia. Pela primeira vez, aparece um grego de
nascença, um gentio no contexto da igreja de Jesus, ainda que pela via do ingresso na
cidadania israelita.

O resultado da medida tomada pelos apóstolos serenou os ânimos dos helenistas,


estancou a murmuração, trouxe contentamento para a igreja, distribuiu o trabalho e
liberou os apóstolos para focarem no ministério que lhes havia sido confiado.

Isso nos mostra que o serviço na igreja é feito de uma unidade em meio a diversidade.
O resultado foi a propagação da palavra de Deus, a multiplicação do número de
discípulos e a conversão de muitíssimos sacerdotes.

Este é o relato de Lucas: Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o


número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé (6.7).

Os dois verbos “crescia e multiplicava” estão no tempo imperfeito, indicando que a


propagação da palavra e a multiplicação da igreja eram contínuos (6.7; 9.31; 12.24;
16.5; 19.20; 28.30,31).

A palavra é o principal instrumento usado por Deus para levar sua igreja ao
crescimento espiritual e numérico. Sempre que a palavra de Deus foi proclamada com
fidelidade e poder, integridade e relevância, a igreja cresceu. Sempre que a palavra de
Deus foi negligenciada, a igreja perdeu o seu vigor e se corrompeu.

O crescimento da igreja agora atinge também muitíssimos sacerdotes, do partido dos


saduceus, a classe religiosa que liderava a perseguição à igreja.

O crescimento da igreja depende da sua união.

Lucas faz questão de relatar o espantoso crescimento da igreja, vejam as estatísticas:

Atos 1.15: 120 pessoas.


Atos 2.41: Quase três mil pessoas.
Atos 4.4: Quase cinco mil pessoas.
Atos 5.14: E crescia mais e mais a multidão de crentes.
Atos 6.1: Multiplica-se o número dos discípulos.
Atos 6.7: Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos
discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé.
Atos 9.31: A igreja crescia em número.
Atos 16.5: As igrejas aumentavam em número.
Conclusão e Aplicação

A narrativa em Atos 6:1-7 nos oferece lições profundas e atemporais sobre a


importância da unidade, sabedoria e cooperação dentro da comunidade cristã diante
das adversidades. Assim como na jornada épica retratada em "O Senhor dos Anéis",
onde diferentes personagens se unem para enfrentar o mal, a igreja primitiva enfrentou
desafios e divergências internas, exigindo uma resposta sábia e unificada.

A diversidade na comunidade cristã é celebrada, mas também é uma fonte potencial de


desafios. A murmuração e a negligência das viúvas ilustram como as diferenças podem
gerar conflitos, exigindo discernimento e ação eficaz. Nesse contexto, os apóstolos
demonstraram sabedoria ao designar líderes específicos para lidar com a questão
prática, enquanto eles se concentravam no ministério da oração e da Palavra.

A lição aqui é clara: a igreja é um corpo com muitos membros, cada um com um papel
e uma contribuição valiosa. É fundamental reconhecer e respeitar essas diferenças,
garantindo que todos sejam atendidos justamente e que as responsabilidades sejam
distribuídas de forma eficaz. A unidade na diversidade é um princípio-chave para
enfrentar os desafios e garantir o crescimento saudável da comunidade cristã.

Além disso, a narrativa destaca a importância da priorização correta. Os apóstolos


reconheceram a necessidade de manter o foco nas tarefas que estavam chamados a
desempenhar, evitando distrações que poderiam desviar sua atenção do ministério da
Palavra e da oração. Essa sabedoria na administração das responsabilidades é crucial
para o sucesso e a eficácia da igreja.

Por fim, os frutos dessa resposta sábia e unificada foram evidentes: a Palavra de Deus
se espalhou e o número de discípulos aumentou. Essa história nos lembra que quando
a comunidade cristã se une em harmonia, guiada pela sabedoria e cooperação, o
testemunho da igreja se fortalece, a Palavra de Deus é proclamada com eficácia e vidas
são transformadas.
Portanto, a aplicação moderna dessa narrativa é clara: em meio aos desafios e
diversidades da comunidade cristã, devemos buscar a unidade, a sabedoria e a
cooperação, priorizando as responsabilidades conforme nosso chamado e contribuindo
juntos para o avanço do Reino de Deus. Isso nos permitirá enfrentar os desafios atuais
e futuros, mantendo o foco na missão central da igreja: proclamar a Palavra de Deus e
fazer discípulos.

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