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EDUCATIONAL INTERFACE DESIGN - EDU660-2.

A MENTE HUMANA E A ERA DIGITAL DA


SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
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A MENTE HUMANA E A ERA DIGITAL DA SOCIEDADE DA


INFORMAÇÃO
Conteúdo organizado por Deborah Costa do livro Future Minds: How the Digital
Age is Changing Our Minds, Why this Matters, and What We Can Do About It,
publicado em 2010 por Nicholas Brealey. Atualizado em 2022.

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer como a era digital têm alterado nossas capacidades cognitivas.
• Entender o impacto tecnológico na vida dos indivíduos que se tornam
digitais
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Introdução
Cada vez mais, fazemos uso dos aplicativos móveis, das redes sociais, das mensagens de
texto e e-mail eletrônicos para a comunicação de todos os tipos, seja ela profissional ou
pessoal. Temos centenas de “amigos” on-line, admiradores e seguidores que acionam
os “likes” ou curtem nossas postagens, embora não os conheçamos pessoalmente.
Hoje, ter informação sobre alguém não depende de um diálogo ou de uma interação
presencial, antes configura-se a partir de uma simples procura no Google ou em redes
sociais.
Assim, a onipresença tecnológica na vida dos indivíduos proveniente da
avalanche eletrônica resulta em mudanças significativas nas atitudes e no
comportamento humanos. A preferência por relacionamentos via celular, a escolha
de cursos on-line, por exemplo, são bons exemplos dessa mudança.
Vivemos em meio à sociedade da informação que segundo Takahashi (2000), é
resultante da convergência da base tecnológica que possibilitou a representação da
informação em forma digital sob a dinâmica da internet.
Para sua reflexão, propomos a seguinte questão: uma pesquisa aparentemente simples
e inocente via celular ou uma busca no Google pode realmente mudar a forma como
as pessoas pensam e agem? Cientistas que estudam a fisiologia do cérebro tentam
responder tal pergunta, exatamente porque acredita-se que a era digital pode ser
capaz de mudar nossos cérebros.
A neurociência descobriu por meio de experimentos que o cérebro humano é
“plástico”, pois responde a qualquer novo estímulo ou experiência. Assim, o
pensamento se adapta às ferramentas que escolhemos usar no dia a dia. Estamos tão
intensamente conectados nas redes digitais que nosso cérebro desenvolveu uma
cultura de resposta rápida. Atualmente, estamos ocupados com as conexões a ponto
de não nos restar tempo para pensar adequadamente sobre o que fazemos. O impulso
reativo é imediatista e automático. Desse modo, preocupamo-nos se algo pode ser
feito, mas não consideramos se devemos ou não fazer. O objetivo é concluir o mais
breve possível o nosso desejo.
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É importante observar os efeitos negativos do abuso do uso dos meios eletrônicos


em nossas vidas, em especial quando tratamos do público infantil. Quando as crianças
fazem algo de que gostam, como entreter-se com um jogo eletrônico, o cérebro recebe
uma explosão de dopamina no córtex pré-frontal. Entretanto, se muita dopamina é
produzida – se elas brincam com muita frequência – as partes do córtex pré-frontal
associadas ao raciocínio podem ser comprometidas.
Assim, observamos que os dispositivos digitais têm nos transformado em uma
sociedade de cérebros dispersos. Alguns podem questionar: se as informações
podem ser obtidas a partir de poucos cliques de um mouse ou dos toques na
tela de um smartphone, por que se preocupar em aprender alguma coisa em
uma instituição escolar? A educação é colocada em xeque sob o contexto dessa
nova realidade?
Pense, também, na seguinte situação: a leitura da tela de um computador é uma prática
rápida para busca de informações. A leitura no papel, ainda que possa instigar melhor a
reflexão, possui menos adeptos. Ainda assim, as múltiplas formas de leitura são capazes
de conviver lado a lado. Mas, qual seria o perigo de tal prática de leitura digital?
Como os livros digitais estão se tornando, instantaneamente, disponíveis e baratos, há
o perigo de começarmos a vê-los como apenas mais um produto descartável, algo a
ser consumido rapidamente e jogado fora. Se por outro lado, mantivermos as palavras
digitais e descartarmos os livros físicos, perderemos algo de grande significado, pois
os livros físicos envolvem nossos sentidos de maneiras que os artefatos digitais não
fazem. Ler um livro físico é uma experiência tátil que proporciona uma sensação de
progressão. Em meio a tal contexto, o ideal é motivar as duas práticas: de leitura digital
e física.
Outra consequência do mundo digital na vida dos indivíduos é a escassez de
atenção, bem como relacionamentos atomizados. Estamos conectados globalmente,
mas nossos relacionamentos locais movem-se mais frágeis e efêmeros. Corremos o
risco de desenvolver uma sociedade globalmente conectada e colaborativa, mas ao
mesmo tempo impaciente, isolada e desconectada da realidade? Será que estamos
produzindo uma sociedade de muitas respostas prontas, mas de poucas perguntas
assertivas? Estamos formando uma sociedade composta por indivíduos incapazes de
pensar sozinhos no mundo real?
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Os nossos pensamentos profundos estão associados à criação de novas ideias,


movendo o mundo na direção do progresso. Esse é o tipo de pensamento inerente
ao planejamento estratégico, à descoberta científica e à invenção artística. O pensar
rigoroso, focado, deliberado, ponderado, independente, original, imaginativo,
amplo, calmo, relaxado, atencioso, contemplativo e reflexivo produz um fluxo
de informações importantes que podemos chamar de “fluxo lento”.
Uma reflexão intensa precisa ser avaliada com calma, em um ambiente sem interrupções,
longe do caos da multitarefa. A qualidade do nosso pensamento em meio a uma
vida acelerada, sem pausa ou descanso é prejudicada. A vida moderna está, de fato,
mudando a qualidade do nosso pensamento, mas, talvez, só teremos clareza acerca
dessa realidade quando tomamos distância dos fatos – e então, conseguimos perceber
o quanto o silêncio é produtivo para tantas atividades, como por exemplo, a leitura e
atenção a um livro.
Você pode até acreditar que esses detalhes não impactam na saúde mental dos seres
humanos, mas a verdade é que impactam diretamente. A revolução do conhecimento
substituiu a força humana pelo cérebro humano como a principal ferramenta da
produção econômica. Caso este esteja saturado, exausto por pertencer a um indivíduo
que não dá atenção ao descanso mental, sua resposta produtiva é comprometida.
O capital intelectual – o produto das mentes humanas é agora o que mais importa.
Nossas mentes competem com máquinas inteligentes criadas pelo próprio homem.
As máquinas tornam-se cada vez mais hábeis em mesclar conhecimento armazenado
com padrões de comportamento humano. Assim, transpomos um mundo onde as
pessoas são pagas para acumular e distribuir informações fixas e estáticas para uma
economia de inovação fluida, ou seja, um lugar em que elas são recompensadas por
serem pensadoras criativas.
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Como devemos, como indivíduos e organizações, lidar com nosso modo de pensar em
mudança? Como podemos valer-nos o potencial da era digital enquanto minimizamos
suas desvantagens?
Precisamos ir além ao analisarmos sobre tais questões. Como isso é possível?
Desacelerando o modo automático de nossa rotina de vida para dedicarmos maior
foco ao que realmente se faz importante. É necessário parar de confundir movimento
com progresso e fugir da ideia de que toda comunicação e tomada de decisão
precisam ser feitas instantaneamente.
Muitas vezes, temos o sentimento de que o próprio tempo está sendo comprimido.
Ter alguns minutos ou horas para pensar ou escrever, sem interrupções, é um luxo
para muitos, principalmente em meio ao uso ininterrupto da tecnologia.
Atualmente, o consumo diário de informações de uma pessoa é 300% maior do
que cinco décadas atrás. Podemos ler jornais e sites de todo o mundo, a qualquer
momento e lugar, podemos nos comunicar com autores, com influenciadores. É uma
oportunidade de liberar o extraordinário potencial criativo da mente humana.
Capital intelectual é o conjunto de conhecimentos e informações, ou seja, a soma do
capital humano e o capital estrutural. Pode ser definido como sendo a inteligência, a
habilidade e os conhecimentos humanos.
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Saiba Mais
Conceitos Fundamentais:

Capital intelectual Capital intelectual é o conjunto de conhecimentos


e informações, ou seja, a soma do capital humano e o capital estrutural.
Pode ser definido como sendo a inteligência, a habilidade e os
conhecimentos humanos.

Materiais Complementares:

1. O corpo, o desenvolvimento humano e as tecnologias.


Disponível em: <https://www.scielo.br/j/motriz/a/8Z76SJhZLT8Jjvk
ZDVHLvZK/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 06 fev. 2022.
2. Impactos das mídias digitais e o fazer humano: em foco a
memória. Disponível em: <https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.
php/biblio/article/view/25588>. Acesso em: 10 jul. 2017.

EM RESUMO

É fato que a cultura digital e a inundação eletrônica resultam em mudanças


significativas nas atitudes e no comportamento das pessoas, já que impactam
a mente humana. Diante desse contexto, precisamos refletir sobre os aspectos
positivos e negativos dessa realidade, aproveitando o que ela traz de oportunidades
e minimizando os seus pontos fracos. Assim, não podemos deixar de refletir se
desenvolvemos uma sociedade conectada, no entanto isolada e fria.
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Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Takahashi, T .org (2000). Sociedade de informação no Brasil: Livro Verde. Brasília:
MCT.
Watson, R. (2010) Future minds: How the Digital Age is Changing Our Minds, Why
this Matters, and What We Can Do About It. Nicholas Brealey Publishing.
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Você pode acessar o livro base deste tema


na Biblioteca Lirn:

Future Minds: How the Digital Age is Changing Our Minds,


Why this Matters, and What We Can Do About It

Richard Watson
Nicholas Brealey Publishing © 2010

Imagens: Shutterstock

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