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Material Teórico
Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Fundamentos de Contabilidade e
Finanças - Noções Preliminares I
• Noções Preliminares I;
• Princípios da Contabilidade;
• Balanço Patrimonial;
• Anexo I.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Discorrer sobre Noções Preliminares I da Contabilidade, para que você consiga compreen-
der o conceito, a finalidade e o objetivo desta ciência;
• Entender também que essa ciência é regida por Princípios Contábeis que nos direcionam
e fornecem parâmetros para realizarmos nossas atividades.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Contextualização
Antes de iniciarmos o estudo teórico da disciplina, gostaríamos que você assistis-
se a um filme que selecionamos sobre a História da Contabilidade.
Vamos lá, sente-se confortavelmente e aproveite para assistir a uma breve história sobre a
Explor
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Noções Preliminares I
Conceito de Contabilidade
Essa ciência é, possivelmente, a mais antiga do mundo. Constam registros, na
história, de que há seis mil anos o homem já se utilizava de métodos para o controle
do seu patrimônio, que, naquela época, era constituído basicamente de ovelhas ou
outras criações. Inconscientemente ele já fazia a contabilidade de seus bens, quan-
do, para cada ovelha existente em seu rebanho, ele colocava uma pedrinha dentro
de um invólucro qualquer, a fim de comparar, depois, a quantidade de pedrinhas
com a quantidade de ovelhas do rebanho.
O que o homem fazia há seis mil anos e sem qualquer conhecimento, movido
única e exclusivamente pela necessidade de controlar a sua riqueza, os contadores
fazem hoje e chamam de inventário. Quando dissemos acima que a contabilidade
tem por função apresentar a posição do patrimônio da entidade em determinado
momento, devemos entender a expressão “posição” como sendo um inventário de-
talhado de todos os Bens, Direitos e Obrigações da entidade objeto da contabilidade.
Contabilidade: ciência que tem por função apresentar a posição do patrimônio da entidade
Explor
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Tabela 1
Contabilidade Característica
Industrial Utilizada para controlar o Patrimônio das empresas Industriais.
Pública Utilizada para controlar o Patrimônio das entidades e órgãos públicos.
Bancária Utilizada para o controle do Patrimônio das Instituições Financeiras etc.
Informações Contábeis
As informações geradas pela Contabilidade são de interesse de vários grupos de
pessoas, que podem ser divididos em usuários internos e usuários externos.
Usuários Internos
• Sócios, acionistas, proprietários: estão interessados na rentabilidade e segu-
rança de seus investimentos;
• Administradores, diretores e executivos: esses usuários avaliam as informa-
ções contábeis com uma profundidade e análise mais detalhadas, pois é com
base nessas informações que as decisões e estratégias serão tomadas.
Usuários Externos
• Bancos, capitalistas: neste caso, os usuários estão interessados na situação
financeira da entidade, ou seja, em sua rentabilidade e nos fluxos de caixa;
• Governo e economistas governamentais: primeiramente, têm a intenção
de obter conhecimento das informações contábeis para exercer seu poder de
tributar, arrecadando, assim, impostos, taxas e contribuições. Além disso,
compreender a economia de um modo geral, com base em análises globais
e setoriais.
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• Finalidade de planejamento: Planejamento é o processo de decidir que curso
de ação deverá ser tomado para o futuro;
• Finalidade de controle: Controle pode ser conceituado como um processo
pelo qual a alta administração se certifica, na medida do possível, de que a
organização está agindo em conformidade com os planos e políticas traçadas
pela administração;
• Finalidade de auxílio no processo decisório: Processo decisório é o proces-
so de escolher uma dentre um conjunto de alternativas.
Princípios da Contabilidade
Os princípios de contabilidade, como o próprio nome indica, são normas de pro-
cedimentos para a elaboração da escrita e das demonstrações contábeis. Eles pa-
dronizam os procedimentos, visando à facilidade de comparações entre demonstra-
tivos contábeis feitos por diferentes profissionais, ou seja, ao examinar um Balanço
Patrimonial de uma empresa estabelecida em São Paulo e outro de uma empresa
estabelecida no Amazonas, pode-se ter certeza de que as duas demonstrações fo-
ram feitas com os mesmos critérios de escrituração, pois, nós contadores, somos
obrigados a conhecer e praticar esses princípios.
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Em virtude de ser um documento que caminha para uma versão final, o capítulo 2
ainda não foi editado, bem como todos os demais itens constantes do texto original
de 1989 (ainda não revisados) concentram-se no capítulo provisório de número 4,
chamado “texto remanescente”.
• Relevância;
Fundamentais • Representação fidedigna.
• Comparabilidade;
• Verificabilidade;
De melhoria • Tempestividade;
• Compreensibilidade.
Figura 1
Relevância
De acordo com a Estrutura Conceitual (CPC, 2011, grifo nosso):
QC6. Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer
diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A in-
formação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo no
caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração, ou já
tiver tomado ciência de sua existência por outras fontes.
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O valor preditivo significa uma informação que possa ser utilizada pelos usu-
ários para projetar o futuro (por exemplo, receitas históricas que podem ser
usadas para projeções de receitas futuras). O valor confirmatório diz respeito
à informação que pode atestar / validar expectativas passadas (por exemplo,
informações de liquidação de empréstimos, confirmando expectativa passada
de liquidação pela data de vencimento).
Representação Fidedigna
Nos termos da Estrutura Conceitual (CPC, 2011, grifo nosso):
QC12. Os relatórios contábil-financeiros representam um fenômeno
econômico em palavras e números. Para ser útil, a informação contá-
bil-financeira não tem só que representar um fenômeno relevante, mas
tem também que representar com fidedignidade o fenômeno que se
propõe representar. Para ser representação perfeitamente fidedigna, a
realidade retratada precisa ter três atributos. Ela tem que ser completa,
neutra e livre de erro. É claro, a perfeição é rara, se de fato alcançável.
O objetivo é maximizar referidos atributos na extensão que seja possível.
Informação neutra é aquela que não está enviesada por qualquer interesse
particular dos preparadores das demonstrações, gestores da empresa, usuários
da informação, entre outros. Por exemplo, a empresa não pode computar uma
receita no ano 1 em vez de computá-la no ano 2 para mostrar um resultado
melhor no ano 1 se a essência econômica da transação e o disposto por nor-
mas técnicas específicas claramente indicarem que é apropriado reconhecer a
receita no ano 2. Se esta receita for contabilizada em um momento inapropria-
do, meramente para atender aos interesses de qualquer pessoa que é parte do
negócio, a neutralidade da informação estará comprometida.
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Comparabilidade
Conforme a Estrutura Conceitual (CPC, 2011, grifo nosso):
QC20. As decisões de usuários implicam escolhas entre alternativas,
como, por exemplo, vender ou manter um investimento, ou investir em
uma entidade ou noutra. Consequentemente, a informação acerca da
entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser comparada
com informação similar sobre outras entidades e com informação simi-
lar sobre a mesma entidade para outro período ou para outra data.
Verificabilidade
A Estrutura Conceitual (CPC, 2011, grifo nosso) diz que:
QC26. A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a informa-
ção representa fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe
representar. A verificabilidade significa que diferentes observadores,
cônscios e independentes, podem chegar a um consenso, embora não
cheguem necessariamente a um completo acordo, quanto ao retrato
de uma realidade econômica em particular ser uma representação
fidedigna. Informação quantificável não necessita ser um único ponto
estimado para ser verificável. Uma faixa de possíveis montantes com suas
probabilidades respectivas pode também ser verificável.
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a informação está apresentada de forma apropriada (ou seja, é representação
fidedigna do evento econômico).
Tempestividade
De acordo com a Estrutura Conceitual (CPC, 2011, grifo nosso):
QC29. Tempestividade significa ter informação disponível para tomado-
res de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em
geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo,
certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após
o encerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários,
por exemplo, necessitarem identificar e avaliar tendências.
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Compreensibilidade
De acordo com a Estrutura Conceitual (CPC, 2011, grifo nosso):
QC30. Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza
e concisão torna-a compreensível.
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da receita em 02/05/x2 (pela essência econômica da transação), e não em
28/04/x2 (pela forma jurídica da transação);
Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é um demonstrativo (Relatório) contábil que apresenta,
de forma organizada e estruturada, a situação da empresa (Patrimônio) em deter-
minado momento.
Tabela 3
Alfenas S.A
Balanço Patrimonial em 31-01-20x1
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Caixa 1.000,00 Passivo
Bancos 800,00 Contas a pagar 3.500,00
Contas a receber 3.000,00 Fornecedores 1.800,00 5.300,00
Estoques Patrmônio Líquido
de Materiais 3.000,00 Capital 4.000,00
Terrenos 1.700,00 Lucros Acumulados 700,00 4.700,00
Veículos 500,00
Total 10.000,00 Total 10.000,00
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
e um Passivo de $5.300
Olhe novamente nosso Balanço Patrimonial, por favor, e perceba que o apre-
sentamos de forma simplificada, incluindo algumas contas para o ATIVO e outras
para o PASSIVO; as nomenclaturas e a quantidade de contas contábeis variam de
entidade para entidade.
Veja como a Equipe dos Professores da FEA/USP (2010, p. 20) ilustra muito
bem a configuração do Balanço Patrimonial com o seguinte exemplo:
A seguir, vamos exemplificar a criação de uma empresa, bem como suas opera-
ções, preparando, assim, um Balanço Patrimonial:
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Iniciamos as atividades da empresa Alfa S.A. em 15-janeiro-x, no ramo de presta-
ção de serviços, de reparos (consertos) de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos.
Tabela 4
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 15-01-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Patrimônio Líquido
Caixa 4.000 4.000
Capital subscrito
Total 4.000 Total 4.000
Neste caso, nossa “balança” está em total equilíbrio, $4.000 para cada lado.
Veja, com essa transação, a empresa adquire um novo ATIVO que deve ser
classificado na conta Imóveis. Todavia, sabemos que o pagamento foi à vista, sendo
assim, o valor do CAIXA vai diminuir.
Tabela 5
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 10-02-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Caixa 2.800 Patrimônio Líquido
4.000
Imóveis 1.200 Capital subscrito
Total 4.000 Total 4.000
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Tabela 6
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 13-02-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 2.800 Fornecedores 2.000
Por essa transação, a empresa adquiriu um novo ATIVO, que são os materiais
reconhecidos na conta de Estoques. Neste caso, movimentamos também o lado do
PASSIVO, porque não efetuamos nenhum pagamento à vista e, sim, assumimos
uma obrigação de pagamento futuro.
Como você aprendeu anteriormente, toda e qualquer obrigação deve ser regis-
trada do lado direito, lado do passivo.
Tabela 7
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 20-02-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 2.600 Fornecedores 2.000
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5ª Operação – Venda de parte do Edifício
Os diretores percebem que o edifício excede as necessidades da empresa, moti-
vo pelo qual decidem vender o pavimento superior.
Desse modo, a venda ocorre, em 23-2-x, por $800.
Lembre-se de que o imóvel custou à Alfa S.A a importância de $1.200; se di-
vidirmos por 2, já que está sendo vendida a metade do edifício, cada parte valeria
$600. Tudo bem?
Tabela 8
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 23-02-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 2.600 Fornecedores 2.000
Imóveis 600 Patrimônio Líquido
Estoque de Materiais 2.000 Capital subscrito 4.000
Veículos 200 Lucro 200
Títulos a receber 800
Total 6.200 Total 6.200
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Tabela 9
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 05-03-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 1.300 Fornecedores 700
Imóveis 600 Patrimônio Líquido
Estoque de Materiais 2.000 Capital subscrito 4.000
Veículos 200 Lucro 200
Títulos a receber 800
Total Ativo 4.900 Total Passivo + PL 4.900
Tabela 10
Alfa S.A.
Balanço Patrimonial 10-03-x
Em $ mil
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido
Passivo
Caixa 1.700 Fornecedores 700
Imóveis 600 Patrimônio Líquido
Estoque de Materiais 2.000 Capital subscrito 4.000
Veículos 200 Lucro 200
Títulos a receber 400
Total Ativo 4.900 Total Passivo + PL 4.900
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Importante! Importante!
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Anexo I
Como material complementar de estudo, sugerimos a leitura do texto a seguir,
extraído do livro Contabilidade Básica – 7º edição Modernizada da editora NCC
Atlas, de 2003, autoria de José Carlos Marion, que trata do início da Contabilidade
como ciência.
Caixa 2.000
15.000
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pertencem a uma pessoa física ou jurídica. Esse conceito ele expressou matemati-
camente, por meio da seguinte equação:
b) B + D – O = PL ou
Diante desse conceito, frei Lucca começou a pensar sobre o que significava o
valor de $11.000. Seria o valor de mercado da empresa? Seria o valor real? Ou
o valor contábil? Ele concluiu que o patrimônio líquido ($11.000) representava o
valor contábil da empresa, de acordo com os registros efetuados pela contabilidade,
isto é, se todos os valores a receber fossem recebidos exatamente pelos mesmos
valores constantes dos registros contábeis, se os bens fossem vendidos pelos mes-
mos valores registrados pela contabilidade, e suas obrigações fossem pagas pelos
mesmos valores que haviam sido inscritos nos livros contábeis, o valor final da
empresa, em dinheiro, seria exatamente o valor do patrimônio líquido determina-
do pela contabilidade. É evidente que essa coincidência de valores é praticamente
impossível de acontecer. Os valores a receber, assim como os valores a pagar, nem
sempre são recebidos e pagos pelos mesmos valores constantes nos registros con-
tábeis, sobretudo os bens, que dificilmente seriam realizados pelos mesmos valores
da contabilidade.
A Equação do Balanço
Diante da equação (b) que formulou para explicar o conceito de patrimônio líqui-
do, o frei, como bom matemático que era, fez o seguinte raciocínio: se eu colocar,
de um lado da equação, os valores positivos do patrimônio, e do outro, os valores
negativos, mais a diferença entre eles, terei uma equação perfeitamente equilibrada.
Agindo dessa maneira, a equação (b) foi transformada na seguinte:
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
c) B + D = O + PL ou
Casa 7.000
13.000 13.000
Muitos anos mais tarde, essa forma de apresentação do patrimônio de uma em-
presa passou a ser chamada de Balanço, devido ao equilíbrio sugerido por ela. Esse
formato se assemelha a uma balança com dois pratos de peso exatamente iguais.
Aliás, balança é uma palavra grega composta por duas partes: bi e lancis – bi sig-
nifica dois, e lancis é traduzido por pratos de balança.
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Receitas e Despesas
Diz a história que, mal o frei acabara de ter arrumado o convento, apareceu um
grupo de tropeiros pedindo para passar a noite lá porque não havia hotéis na cida-
de. O frei aceitou sob condição de receber o equivalente, hoje, a $500.
Balanço
Casa 7.000
13.500 13.500
Balanço
Casa 7.000
13.480 13.480
Como bom administrador que era, Lucca Pacciolo, a cada alteração no patrimô-
nio líquido do convento, enviava uma cópia do balanço para seu chefe. Dessa vez,
porém, a reação do Papa foi inversa à anterior.
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
O santo padre observou que o Caixa havia sido reduzido e também o patrimônio
líquido, o que, para ele, era um absurdo. Imediatamente, convocou o frei para ir
a Roma dar pessoalmente as devidas explicações. Pacciolo foi até lá e mostrou ao
chefe da Igreja que aquela não era tão absurda como podia parecer à primeira vista.
Seus argumentos surtiram bons efeitos, pois o Sumo Pontífice ficou satisfeito com
a explicação, e Pacciolo continuou gerenciando o convento.
Nosso frei, contudo, não ficou nada satisfeito de ter ido a Roma dar explicações
sobre fatos tão simples. E, muito pior, pensou ele, ter que ir novamente dar expli-
cações banais toda vez que ocorressem alterações no patrimônio líquido do con-
vento, principalmente quando fossem negativas. Diante desse quadro, ele começou
a pensar em como registrar essas operações na contabilidade de maneira tal que
não houvesse necessidade de explicações adicionais para que fossem entendidas.
A Solução Milagrosa
Evidentemente que se, para cada despesa ou receita, houvesse alteração imedia-
ta do patrimônio líquido – sem que elas fossem registradas – após várias despesas
e receitas, ao final de um determinado período, não se poderia dizer ou entender
como um resultado fora obtido. Poder-se-ia, é verdade, dizer que houve um resul-
tado no período, positivo ou negativo. Para isso, bastaria comparar o patrimônio
líquido do final do período em questão com o do período anterior; porém, não seria
possível dizer como o resultado foi constituído: quais as receitas e as despesas, e o
valor de cada uma delas.
Frei Lucca, que, como já sabemos, era matemático, resolveu aplicar no balanço
atual a equação do Patrimônio Líquido (b) e observar o resultado.
b) B + D – O = PL ou
Ele notou que o Patrimônio Líquido agora era $11.480, de acordo com a equa-
ção (b). Esse valor apresentava uma diferença, a maior, de $480 em relação ao Pa-
trimônio Líquido inicial, ou seja, aquele antes das operações de receitas e despesas.
Na realidade, essa diferença era exatamente o lucro do convento no período, isto é,
receitas ($500 recebidos pelos tropeiros) menos despesas ($20 pagos pela limpeza).
Portando, esse problema estava resolvido. O frei colocou a sua ideia em prática,
desenvolvendo a equação do balanço (c) da seguinte maneira:
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c) B + D = O + PLI ou
Para registrar o dinheiro recebido dos tropeiros ou a receita (R) de $500, a equa-
ção (e) se transformou na equação (d):
d) B + D = O + PLI + R ou
e) B + D + DE = O + PLI + R ou
Assim como a equação (c) representa o balanço, a equação (e) diz respeito ao
balancete, e pode ser apresentada da forma a seguir:
Despesa Limpeza 20
13.500 13.500
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Parte de Cima
Casa 7.000
13.480 13.000
Parte de Baixo
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Contabilidade Básica – 7º edição
Como material complementar de estudo, sugerimos a leitura do texto a seguir, extraído
do livro Contabilidade Básica – 7º edição Modernizada da editora NCC Atlas, de
2003, autoria de José Carlos Marion, que trata do início da Contabilidade como ciência.
Vídeos
História da Contabilidade
https://youtu.be/qw5wbbPwXTg
Leitura
Evolução do Ensino da Contabilidade no Brasil: Uma Análise Histórica
https://bit.ly/2lEU8R8
Estrutura Conceitual Básica de Controladoria nos Artigos sobre Controladoria em Periódicos Nacionais
de Contabilidade
https://bit.ly/2kkEqe1
Educação Contábil Brasileira: Reflexão sobre a Qualidade do Ensino Superior da Contabilidade no Brasil
https://bit.ly/38JhAG5
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UNIDADE Fundamentos de Contabilidade e Finanças - Noções Preliminares I
Referências
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento con-
ceitual básico (R1): estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório
contábil-financeiro. Brasília: 2011. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/
Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em 13 de ago. 2019.
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