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VIGAS
Sc=20 kN/m
CP=30 kN/m
6.00 6.00
série ESTRUTURAS
Este texto resulta do trabalho de aplicação realizado pelos alunos de sucessivos cursos de
Engenharia Civil da Universidade Fernando Pessoa, vindo a ser gradualmente melhorado e
actualizado.
A sua fonte assenta em sebentas das cadeiras congéneres de diversas Escolas e Faculdade de
Engenharia (Universidade do Porto, Instituto Superior Técnico de Lisboa, Universidade de Coimbra
e outras), bem como outros documentos de entidades de reconhecida idoneidade (caso do
L.N.E.C.), além dos tratados clássicos desta área e outra bibliografia mais recente, cuja referência se
encontra no final deste trabalho.
Contributo decisivo teve, igualmente, o Eng.º Fernando Tavares Machado, sendo parte importante
do texto apresentado conteúdo revisto da monografia de licenciatura por si elaborada.
Apresenta-se, deste modo, aquilo que se poderá designar de um texto bastante compacto, completo
e claro, entendido não só como suficiente para a aprendizagem elementar do aluno de engenharia
civil, quer para a prática do projecto de estruturas correntes.
Certo é ainda que pretende o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à
especificidade dos cursos da UFP, como contrair-se ao que se julga pertinente e alargar-se ao que se
pensa omitido.
Para tanto conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os contributos técnicos que
possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.
ÍNDICE
CAPITULO I
INTRODUÇÃO
CAPITULO II
FLEXÃO SIMPLES
3. Flexão simples
4. Exemplos de aplicação
Índices e Bibliografia I
Estruturas Betão Armado
CAPÍTULO III
ESFORÇO TRANSVERSO
1. Abordagem global
2. Disposições do REBAP
2.3. O termo Vcd quando existem armaduras específicas de esforço transverso ............ 16
2.4. O termo Vcd quando não existem armaduras específicas de esforço transverso ..... 18
3. Exemplos
Índices e Bibliografia II
Estruturas Betão Armado
CAPITULO IV
TORÇÃO
1. Abordagem global
2. Disposições do REBAP
3. Exemplos práticos
CAPITULO V
FENDILHAÇÃO E DEFORMAÇÃO
Índices e Bibliografia IV
Estruturas Betão Armado
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES CONTRUTIVAS
1. Introdução ........................................................................................................................ 1
3. Armaduras
Índices e Bibliografia V
Estruturas Betão Armado
3.5.3.1. Ligação entre uma viga secundária e uma viga principal ................. 24
CAPITULO VII
APLICAÇÕES NUMÉRICAS
Índices e Bibliografia VI
Estruturas Betão Armado
CAPITULO II
FLEXÃO SIMPLES
3,5 × 10 −3
Fig. 7 – Rotura pelo betão com valores de < α < 1.
3,5 ×10 −3 + ε syd 15
3,5 ×10 −3
Fig. 12 – Diagrama parábola rectângulo para 0,167 < α ≤ .
3,5 ×10 −3 + ε syd 22
3,5 × 10 −3
Fig. 13 – Diagrama parábola rectângulo para < α < 1.
3,5 ×10 −3 + ε syd 24
Quadro I – Valores de µ , a partir dos quais são mais económicas as vigas duplamente armadas. 19
CAPÍTULO III
ESFORÇO TRANSVERSO
QUADRO I – Expressões gerais dos esforços nos diversos elementos da treliça para um valor de θ = 45º . 8
QUADRO II – Valores de τ 1 . 17
CAPITULO IV
TORÇÃO
CAPITULO V
FENDILHAÇÃO E DEFORMAÇÃO
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES CONTRUTIVAS
Índices e Bibliografia IX
Estruturas Betão Armado
Fig. 14 – Varões inclinados são pouco adequados para dar apoio às bielas de compressão inclinadas. 17
Fig. 15 – Largura média das fendas por esforço transverso para diversos tipos de armaduras transversais. 18
Fig. 16 – Formas de executar os estribos. 19
Fig. 17 - Alguns arranjos de armaduras transversais a adoptar em vigas T. 20
Fig. 18 – Disposição da armadura de torção. 21
Fig. 19 – Altura hw onde deve ser colocada a armadura de alma. 22
Fig. 20 – Armadura de alma (h ≥ 1,00 m ) . 23
Índices e Bibliografia X
Série Estruturas Betão Armado
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação
É a melhor solução, pois possuem uma maior rigidez e consequentemente menor deformação,
porém deixam a desejar um pouco quanto à estética e à resistência à torção.
Características:
q Mais rígidas;
q Lajes mais delgadas;
q Menos armadura para esforços de flexão e transversos;
q Situação mais económica.
VA
h1
Esta por sua vez possui menor inércia e logo uma maior deformação, já quanto à torção pode
actuar de melhor forma que as vigas aparentes, quando a sua geometria se aproxima mais de
um quadrado.
Características:
q Mais flexíveis,
q Lajes mais espessas;
q Mais armadura para esforços de flexão e transversos;
q Situação menos económica.
VE VE VA
h2
b
De modo geral, utiliza-se as vigas invertidas em terraços, pois em outras situações correntes
não justifiquem, até mesmo devido o efeito estético negativo que causam.
Deslocamentos
Ou seja, tendo os pilares a mesma rigidez em ambos os casos, a viga mais rígida terá menor
flecha (menos deformabilidade).
Esforços
Flexão
Ac1 Ac2
fc1 fc2
Z2
M2
Z1
M1 fs2
As2
fs1
As1
M = f * Z = f1 * Z1 = f 2 * Z 2
Esforço Transverso
Vcd = τ 1 × bw × d
d
Coeficiente de aproveitamento =
h
d1
h1
d2
h2
a1
a2
b1 b2
d1 d 2
Se: a1 = a 2 => > , logo maior rendimento ao Esforço Transverso em vigas aparentes.
h1 h2
Deslocamentos
Vigas mais rígidas => Menores deslocações ( ∆ ), devido à mobilidade existente ser inferior.
1 2
H H
1 2
Q Q
Q Q
> M-
> M+
Q*l 4
Flecha instantânea = f = α *
EI
Em que α para as duas situações acima é:
5
• Simplesmente apoiadas: α = ;
384
1
• Encastrada: α = .
384
Pelo que a viga encastrada tem 5 vezes menos flecha que a simplesmente apoiada, mas
a inércia da própria viga tem importância igualmente linear (no denominador).
Ø
a b
l
Ø
c d
l
a b
Uma coisa é certa, para o mesmo vão e viga de igual rigidez: ?c, ?d < ?a, ?b.
CAPITULO II
FLEXÃO SIMPLES
limites.
Tal quantificação não foi fácil de estabelecer. Com efeito, a primeira solução que surgiu foi a
de identificar o estado limite em causa com a máxima capacidade resistente e, assim, o estado
limite seria definido pelo esforço resistente máximo da peça. No entanto, conclui-se que tal
definição não correspondia ao pretendido, pois, bastante antes de se alcançar a capacidade
resistente máxima, a deformação e a fendilhação verificadas já eram suficientes para que a
peça não cumprisse a função a que se destinava. O estado limite teria que ser definido,
consequentemente, como um estado anterior ao esgotamento da resistência, em termos de
parâmetros relacionados com uma deformação e fendilhação ruinosas.
Verifica-se, por exemplo, que a resistência à tracção por flexão é bastante maior que em
tracção simples, e ainda que a fendilhação microscópica que se verifica antes da rotura por
compressão surge para tensões mais elevadas no caso de flexão do que no caso da compressão
simples.
Estes factos são explicáveis em virtude de a existência de gradientes de tensão dar lugar a uma
migração dos esforços existentes numas fibras para as suas adjacentes menos solicitadas, isto
é, os gradientes permitem uma redistribuição de esforços, evitando que a fendilhação
incipiente em dado ponto conduza desde logo á rotura.
Este fenómeno penaliza a compressão simples no que se refere à extensão máxima admissível
relativamente à flexão e, por isso, a regulamentação portuguesa estipulou para a compressão
simples uma extensão limite de 2 × 10 −3 que varia gradualmente até 3,5 × 10 −3 à medida que a
flexão vai introduzindo gradientes de tensão nas secções.
De acordo com o artigo 52.º do REBAP, tais hipóteses podem enunciar-se resumidamente da
seguinte forma:
εc
α=
εc + ε s
+10 x 10 -3 0 -2 x 10 -3 -3,5 x 10 -3
A's
x 0,0 ,16
7d
3/7 h
x= 0
x= αεsydd
x =
L. N.
2
59d
1 = 0,2
x
h d
x = - infinito
limd
h
x = + infinito
α
x=
d
x=
3
x=
5
4a
As
εsyd
Alongamento Encurtamento
+10 x 10 -3 0 -2 x 10 -3 -3,5 x 10 -3
εc
2x 10 -3 Aço εsyd α= ε εsyd
α= = 0,167 c+
2x 10 -3 + 10 x10 -3
A235 1,020 x 10 -3 0,774
-3
α= 3,5 x 10 = 0,259 A400 1,740 x 10 -3 0,668
3,5x 10 -3 + 10 x 10 -3 A500 2,175 x 10 -3 0,617
• (
O estado limite é ainda definido pela extensão máxima na armadura + 10 × 10 −3 , com )
extensões de encurtamento no betão inferiores a − 3,5 × 10 −3 (só no final do domínio
atingirão este valor).
• O eixo neutro é interior à secção, entre o bordo superior da secção e uma profundidade
x = 0,259d .
Ø uma em que a extensão do betão varia entre 0 e − 2,0 ×10 −3 , sendo, pois,a tensão no
betão inferior a 0,85fcd e o diagrama de tensões da parábola é incompleto;
Ø outra em que a extensão do betão varia entre − 2,0 ×10 −3 e − 3,5 × 10 −3 , onde o
diagrama de tensões da parábola é completo e uma parte já é rectangular.
Nota: esta zona também se poderia dividir em outras duas possibilidades, que seriam quando
εs ≤ εsyd ou εs = εsyd.
• ( )
O estado limite é definido pela extensão máxima no betão − 3,5 × 10 −3 com extensões na
armadura inferiores a + 10 × 10 −3 .
• A linha neutra situa-se entre a profundidade x = 0,259d e até αlimd, dependendo αlim do
tipo de aço, pois que é igual a εc / (εc + εsyd), sendo neste caso εc fixo e igual a
− 3,5 × 10 −3 .
• Rotura provavelmente frágil e eventualmente dúctil (conforme for pelo betão ou pelo
aço).
• ( )
O estado limite é definido pela extensão máxima no betão − 3,5 × 10 −3 com extensões na
armadura inferiores a εsyd.
• O aço das armaduras não está bem aproveitado (tensão abaixo do patamar de cedência).
O problema da determinação dos esforços resistentes pode ser formulado da seguinte forma:
1. Define-se a secção pela sua geometria, tanto no que se refere ao betão como às
armaduras, e ainda a classe de betão e tipo de aço utilizados.
Note-se que na prática o problema da verificação da segurança não se põe, de um modo geral,
nos termos referidos anteriormente. Na verdade, em geral, o projectista o que pretende é
determinar as dimensões dos elementos da sua estrutura de modo a que ela possa suportar
com segurança as acções actuantes. Para tal, e na generalidade dos casos, ele procederá da
seguinte forma:
3. Flexão simples
A flexão simples corresponde a um estado limite último situado nas zonas 2 a 4 do esquema
da figura 3, quando não existe esforço axial.
É a partir da análise dos diagramas das extensões e das tensões, em termos de serem
resolvidas as equações de equilíbrio das forças em jogo, que se pode determinar a capacidade
resistente duma secção.
M Rd
Momento flector reduzido, µ : µ=
bd 2 f cd
As f syd
Percentagem mecânica de armadura, ω : ω= ⋅
bd f cd
x
Profundidade relativa da linha neutra, α : α=
d
sendo b a largura da viga.
parábola até que a extensão atinja os 3,5 × 10 −3 , valor a partir do qual se dá a plastificação do
betão e o diagrama passa a linear rectangular.
h d
As Fs
ε s = +10x10 -3
b
Temos que:
x y y
ε c máx = × 10 × 10 −3 ε c = ε c máx εc = × 10 × 10 −3
d −x x d−x
10 y
( )
σ c = 0 ,85 f cd ε c − 250 ε c2 × 10 3 = 0 ,85 f cd −
25 y 2
d − x (d − x )
2
x 5x 25 x 2
Fc = ∫0
σ c b .d y = 0 ,85 f cd bx −
d − x 3 (d − x )
2
x
como α = , vem x = αd , substituindo e simplificando fica:
d
5α (3 − 8α )
Fc = 0,85 f cd bα d ×
3(1 − α )
2
fazendo:
5α (3 − 8 α )
ϕ = 0 , 85 ×
3 (1 − α )2
surge:
F c = ϕ f cd b α d
que é a resultante das tensões de compressão no betão, determinando-se agora c, que demarca
a sua posição.
x 10 x 25 x 2 5α (8 − 23α )
∫o c y
σ = × − = 0 ,85 f cd bx 2 ×
2
by .d 0 ,85 f bx 3(d − x ) 4 (d − x )2 12 (1 − α )
cd 2
Este momento é igual ao da resultante, pelo que fazendo c = λ. x = λαd , fornece a equação:
5α (8 − 23α )
Fc (1 − λ )x = 0 ,85 f cd bx 2 ×
12 (1 − α )
2
4 − 9α
λ=
12 − 32α
Fc = Fs
Fs = As f syd
F c = ϕ f cd b α d
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
A s f syd = ϕ f cd b α d
ω = ϕα
M Rd = F c (d − c ) = ϕ f cd b α d (d − λα d )
ou seja:
M Rd = ϕ f cd b α d 2
(1 − λα )
µ = ϕα (1 − λα )
ω
ou, substituindo α = ,
ϕ
λ
µ = ω 1 − ω
ϕ
5α (3 − 8α ) 4 − 9α
com: ϕ = 0 ,85 × e λ =
3(1 − α )2
12 − 32 α
x
L. N. Fc
O
h d
As Fs
εs = +10 x 10 -3
b
x y y d −x
ε c máx = × 10 × 10 −3 ε c = ε c máx εc = × 10 × 10 −3 y0 =
d −x x d−x 5
No troço parabólico, do mesmo modo que para 0 < α ≤ 0,167 , salvo no limite do integral:
d−x d−x
10 y 25 y 2
F c1 = ∫
0
5
σ c b .d y = 0 ,85 f cd b ∫
0
5 −
d − x (d − x )2
.d y
2 1
F c 1 = 0 , 85 f cd bx × − 1
15 α
No troço rectangular:
1 1
Fc 2 = 0,85 f cd b( x − y0 ) = 0,85 f cd bx × 6 −
15 α
1 1
Fc = Fc1 + Fc 2 = 0,85 f cd bx × 16 −
15 α
x
como α = , vem x = αd , substituindo e simplificando fica:
d
1 1
F c = 0 ,85 f cd b α d × 16 −
15 α
fazendo:
1 1
ϕ = 0,85 × 16 −
15 α
surgindo:
F c = ϕ f cd b α d
que é a resultante das tensões de compressão no betão, determinando-se agora c, que fixa a
sua posição.
d −x
2(d − x )3 (d − x )4 2
= 0,85 f cd bx 2 × − 1
1 1
∫o
5
σ c by.d y =0,85 f cd b −
75(d − x ) 100(d − x )
2
60 α
Este momento é igual ao da resultante, pelo que fazendo c = λ. x = λαd , fornece a equação
149α 2 + 2α − 1
Fc (1 − λ )x = 0,85 f cd bx × 2
300α 2
171α 2 − 22α + 1
λ=
320α 2 − 20α
Fc = Fs
Fs = As f syd
F c = ϕ f cd b α d
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
A s f syd = ϕ f cd b α d
ω = ϕα
M Rd = F c (d − c ) = ϕ f cd b α d (d − λα d )
ou seja:
M Rd = ϕ f cd b α d 2
(1 − λα )
que, dividindo ambos os membros por bd 2 f cd , fornece:
µ = ϕα (1 − λα )
ω
ou, substituindo α = :
ϕ
λ
µ = ω 1 − ω
ϕ
1 1 171α 2 − 22α + 1
com: ϕ = 0,85 × 16 − e λ =
15 α 320α 2 − 20α
3,5 ×10−3
Zona 3 (fig. 3) Para 0,259 < α ≤
3,5 ×10−3 + ε syd
Para os diversos tipos de aço, de acordo com o gráfico da relação tensões-extensões (Fig. 2) e
com o quadro da figura 3, será:
−3 εc 3,5 × 10 −3
A235: ε syd = 1,020 × 10 ⇒ = = 0,774
ε c + ε syd 3,5 × 10 −3 + 1,020 × 10 −3
εc 3,5 × 10 −3
A400: ε syd = 1,740 × 10 −3 ⇒ = = 0,668
ε c + ε syd 3,5 × 10 −3 + 1,740 × 10 −3
−3 εc 3,5 × 10 −3
A500: ε syd = 2,175 × 10 ⇒ = = 0,617
ε c + ε syd 3,5 × 10 −3 + 2,175 × 10 −3
x Fc
L. N.
O
h d
As Fs
εsyd < ε s < +10 x10 -3
b
4
ε c = 3,5 × 10 −3 y0 = x
7
No troço parabólico:
y2
( ) y
σ c = 0,85 f cd ε c − 250ε c2 × 10 3 = 0,85 f cd 3.5 × − 3,0625 × 2
x x
4 3,5 4 2 3,0625 4 3
Fc1 = ∫ 7 σ c b.d y = 0,85 f cd bx × − ×
0 2 7 3 7
No troço rectangular:
3
Fc 2 = 0,85 f cd b x
7
3,5 4 2 3,0625 4 3 3
Fc = Fc1 + Fc 2 = 0,85 f cd bx × − × +
2 7 3 7 7
x
como α = , vem x = αd , substituindo e fazendo:
d
F c = 0 , 6881 f cd b α d
que é a resultante das tensões de compressão no betão, determinando-se agora c, que delimita
a sua posição.
4 3.5 4 3 3,0625 4 4
∫ σ c by.d y =0,85 f cd bx × − ×
3 7
7 2
o
4 7
3 5,5
0,85 f cd bx 2 × ×
7 7
4
7 7 7
Este momento é igual ao da resultante, pelo que fazendo c = λ. x = λαd , fornece a equação:
Fc (1 − λ )x = 0,4019 f cd bx 2
λ = 0,4159
Fc = Fs
Fs = As f syd
Fc = 0,6881 f cd bαd
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
A s f syd = 0 ,6881 f cd b α d
ω = 0,6881α
Como:
c = λα d = 0 , 4159 α d , vem
M Rd = F c (d − c ) = 0 , 6881 f cd b α d (d − 0 , 4159 α d )
ou seja:
M Rd = 0 ,6881 f cd b α d 2
(1 − 0 , 4159 α )
µ = 0,6881α (1 − 0, 4159α )
ω
ou, substituindo α = ,
0,6881
µ = ω (1 − 0,6044ω )
3,5 × 10 −3
Zona 4 ( fig. 3) Para <α <1
3,5 × 10 −3 + ε syd
−3 3,5 × 10 −3 1
ε c = 3,5 × 10 α= −3
⇒ ε s = − 1 × 3,5 × 10 −3
3,5 × 10 + ε s α
x
Fc
h d
L. N.
O
As Fs
εs < εsyd
b
3,5 × 10 −3
Fig. 7 – Rotura pelo betão com valores de < α < 1.
3,5 ×10 −3 + ε syd
εs 3,5 × 10 −3 1
σs = f syd = − 1 f syd
ε syd ε syd α
Fs = Fc
Fs = As σ s
Fc = 0,6881 f cd bαd
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
As σ s = 0,6881 f cd bαd
3,5 × 10 −3 1
As − 1 f syd = 0,6881 f cd bαd
ε syd α
3,5 × 10 −3 1
ω − 1 = 0,6881α
ε syd α
ε syd α2
ω = 0,6881 × ×
3,5 × 10 −3 1− α
que, substituindo ε syd pelos valores vistos anteriormente para os diversos tipos de aço, assume
o seguinte aspecto:
0, 2005α 2
A235: ω=
1−α
0,3421α 2
A400: ω=
1−α
0,4286α 2
A500: ω=
1−α
ou seja,
µ = 0,6881α (1 − 0, 4159α )
Um problema que por vezes surge é o de utilizar vigas simplesmente armadas, isto é, sem
armadura de compressão ou duplamente armadas, isto é, com armadura de compressão. A
dúvida põe-se devido ao facto de, a partir de valores elevados do momento flector, a armadura
traccionada ficar sujeita a tensões inferiores à de cedência e ser consequentemente mais
rentável colocar armadura de compressão (que aumenta o braço das forças interiores) do que
apenas aumentar a armadura de tracção.
εc σc = 0,85 fcd
A's a F's
ε's
x Fc
L. N.
h d
As Fs
εs
b
Fig. 8 – Diagrama parábola-rectângulo em viga duplamente armada.
Fs = Fc + Fs'
Fs = As σ s
a
M Rd = Fc (d − c ) + Fs' ( d − a) = Fc (d − c ) + Fs' d 1 −
d
Neste caso, a complexidade do problema aumenta, no que diz respeito à dedução das
expressões da percentagem mecânica de armadura, ω , e do momento flector reduzido, µ .
Do mesmo modo que para as secções simplesmente armadas, existem tabelas e ábacos
elaborados através das expressões anteriores (por exemplo “Esforços Normais e de Flexão”,
L.N.E.C.) que nos dão, em relação às razões a / d e β = As' / As , a percentagem mecânica de
Verifica-se que as vigas rectangulares duplamente armadas são mais económicas do que as
simplesmente armadas a partir dos valores de momentos flectores reduzidos, conforme o tipo
de aço e a relação a / d , constantes do quadro I.
a
d A235 A400 A500
QUADRO I – Valores de µ , a partir dos quais são mais económicas as vigas duplamente armadas.
• numa zona igual a 0,2 x medida a partir da linha neutra, a tensão é nula;
εc σc = 0,85 fcd
A's F's
ε's 0.8x
x Fc
L. N.
h d
As Fs
εs
Fig. 9 – Diagrama rectangular para secções de largura constante ou em que esta aumente
εc σc = 0,80 fcd
A's F's
ε's 0.8x
x Fc
L. N.
h d
As Fs
εs
Fig. 10 – Diagrama rectangular para secções em que a largura diminui na direcção da fibra mais comprimida.
A utilização deste diagrama conduz, quase sempre, a resultados satisfatórios, podendo com
1
Esta disposição faz sentido uma vez que conforme no afastamos da linha neutra, e as tensões aumentam,
estamos a diminuir à área de compressão, o que será contra a segurança no que à avaliação da força total.
vantagem ser empregue quando as secções são irregulares e para as quais não se disponham
de tabelas.
h d
As Fs
εs = +10 x10 -3
b
x ε c máx x
ε c máx = × 10 × 10 −3 σ c = 0,85 f cd −3
= 0,85 f cd × 5 ×
d −x 2 × 10 d−x
x x
Fc = 0,8 xσ c b = 0,8x × 0,85 f cd × 5 × = 3, 4bx f cd
d −x d−x
ou, como x = αd ,
α2
Fc = 3,4bd f cd
1−α
Equações de equilíbrio:
Fc = Fs
Fs = As f syd
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
3, 4α 2
As f syd = bd f cd
1−α
3,4α 2
ω=
1−α
M Rd = Fs (d − c ) = As f syd (d − 0,4 x )
ou seja, como x = αd ,
M Rd = As f syd bd (1 − 0,4α )
µ = ω (1 − 0,4α )
3,5 × 10 −3
Zonas 2 e 3 ( fig. 3) Para: 0,167 < α ≤
3,5 × 10 −3 + ε syd
x 0.8x
Fc
O
h d
As Fs
ε syd < ε s < +10 x 1 0 -3
3,5 ×10 −3
Fig. 12 – Diagrama parábola rectângulo para 0,167 < α ≤ .
3,5 ×10 −3 + ε syd
Para os diversos tipos de aço, de acordo com o gráfico da relação tensões-extensões (Fig. 2) e
com o quadro da figura 3, será:
εc 3,5 × 10 −3
A235: ε syd = 1,020 × 10 −3 ⇒ = = 0,774
ε c + ε syd 3,5 × 10 −3 + 1,020 × 10 −3
εc 3,5 × 10 −3
A400: ε syd = 1,740 × 10 −3 ⇒ = = 0,668
ε c + ε syd 3,5 × 10 −3 + 1,740 × 10 −3
εc 3,5 × 10 −3
A500: ε syd = 2,175 × 10 −3 ⇒ = = 0,617
ε c + ε syd 3,5 × 10 −3 + 2,175 × 10 −3
e para o betão:
ε c = 3,5 × 10 −3
ou, como x = αd ,
Fc = 0, 68αbd f cd
Equações de equilíbrio:
Fc = Fs
Fs = As f syd
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
As f syd = 0,68αbd f cd
ω = 0,68α
M Rd = Fs (d − c ) = As f syd (d − 0,4 x )
ou seja, como x = αd ,
M Rd = As f syd bd (1 − 0,4α )
µ = ω (1 − 0,4α )
ou:
µ = 0,68α (1 − 0,4α )
3,5 × 10 −3
Zona 4 ( fig. 3) Para <α <1
3,5 × 10 −3 + ε syd
0.8x
x Fc
h L. d
N.
O
As Fs
εs < ε syd
b
3,5 × 10 −3
Fig. 13 – Diagrama parábola rectângulo para < α < 1.
3,5 ×10 −3 + ε syd
3,5 × 10 −3 1
ε c = 3,5 × 10 −3 α= −3
⇒ ε s = − 1 × 3,5 × 10 −3
3,5 × 10 + ε s α
εs 3,5 × 10 −3 1
σs = f syd = − 1 f syd
ε syd ε syd α
3,5 × 10 −3 1
Fs = As σ s = As − 1 f syd
ε syd α
Equações de equilíbrio:
Fs = Fc
M Rd = Fc (d − c ) = Fs (d − c )
logo:
3,5 × 10 −3 1
As − 1 f syd = 0,68αbd f cd
ε syd α
0,68ε syd α2
ω= ⋅
3,5 × 10 −3 1−α
que, substituindo ε syd pelos valores vistos anteriormente para os diversos tipos de aço, assume
o seguinte aspecto:
0,1982α 2
A235: ω=
1−α
0,3381α 2
A400: ω=
1−α
0,4226α 2
A500: ω=
1−α
M Rd = Fc (d − c )
ou seja, como x = αd ,
µ = 0,68α (1 − 0,4α )
À custa dum menor rigor é possível admitir certas hipóteses que conduzem a fórmulas
simplificadas que nos dão valores de armadura por excesso (pelo lado da segurança, portanto).
α ≤ 0,601
µ ≤ 0,31
ω ≤ 0,41
Então, considerando que as vigas rectangulares serão duplamente armadas se µ > 0,31 , poder-
se-ão adoptar as seguintes fórmulas:
ω' = 0
ω = µ (1 + µ )
µ − 0,31
ω' =
a
1−
d
ω = ω ' + 0, 41
As' f syd
ω =
'
⋅ ,
bd f cd
As' = ? As
a
?M Rd = ? A s f syd (d − a ) = A s' f syd d 1 −
d
a
? µ = ω ' 1 − = µ − 0,31
d
donde :
µ − 0,31
ω' =
a
1−
d
ω = ω ' + 0,41 .
3.4.2. Vigas em T
Em muitos casos correntes a verificação da segurança de uma viga em T pode ser realizada
como se tratasse de uma viga rectangular com largura igual á largura do banzo daquela.
espessura do banzo.
hf h
µ = 0,6881 1 − 0,4159 f
d d
hf
ω = 0,6881
d
Para valores superiores a estes ter-se-á α > h f d , ficando a linha neutra fora do banzo. Nestes
'
M Rd = 0,85 f cd bh f (d − 0,5h f )
Para valores do momento inferiores a este poderá determinar-se a armadura necessária,
admitindo que o aço está em cedência, pela expressão:
M Rd
As =
(d − 0,5h f ) f syd
4. Exemplos de aplicação
Nota: Refira-se que há disposições de projecto e construtivas, fixadas pelo REBAP, que
4.1. Exemplo 1
As = 19,63 cm 2
4Ø25
b
Resolução
Calculamos:
ω = 0,6881α
Então,
µ = ω (1 − 0,6044ω )
Como:
M Rd
µ=
bd 2 f cd
vem:
M Rd
0,248 = ⇒ M Rd = 251,6 kN.m
0,30 × 0,45 2 × 16,7 × 10 3
M Rd
µ=
bd 2 f cd
vem:
M Rd
0,248 = ⇒ M Rd = 251,6 kN.m
0,30 × 0,45 2 × 16,7 × 10 3
ω = 0,68α
que é o caso, pois α está dentro dos limites, confirmado o resultado considerando o
diagrama parábola-rectângulo.
Então,
µ = ω (1 − 0,4α )
Como:
M Rd
µ=
bd 2 f cd
M Rd
vem: 0,249 = ⇒ M Rd = 252,6 kN.m
0,30 × 0,45 2 × 16,7 × 103
Fc = Fs
do que:
b . x . fcd = As . fsyd
ou seja:
x = As . fsyd / (b . fcd)
sendo x (profundidade da linha neutra) a única incógnita que se estima tendo por
bom que o aço está no patamar de cedência.
4.2. Exemplo 2
Calcular a armadura necessária para uma secção rectangular de 0,30 × 0,60 m sujeita a um
momento flector cujo valor de cálculo é de 350 kN.m. O betão é da classe B25 e o aço do tipo
A400.
h d b = 0,30 m
h = 0,60 m
As d = 0,55 m
M Sd = 350 kN.m
Resolução
M Rd 350
Calcula-se: µ= = = 0,290
bd f cd 0,30 × 0,55 2 × 13,3 × 10 3
2
µ = 0,6881α (1 − 0, 4159α )
ω = 0,6881α
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As = 0,375 × 0,30 × 0,55 × × 10 4 = 23,65 cm 2
348 × 10 3
então:
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As = 0,375 × 0,30 × 0,55 × × 10 4 = 23,65 cm 2
348 × 10 3
µ = 0,68α (1 − 0,4α )
ω = 0,68α
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As = 0,371 × 0,30 × 0,55 × × 10 4 = 23, 40 cm 2
348 × 10 3
ω' = 0
então:
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As = 0,374 × 0,30 × 0,55 × × 10 4 = 23,58 cm 2
348 × 10 3
4.3. Exemplo 3
a
A's f cd = 13,3 MPa = 13,3 × 10 3 kN/m 2
b = 0,30 m
h d
h = 0,50 m
d = 0,45 m
As M Sd = 375 kN.m
Resolução
a 0,05
Vamos considerar a = 0,05 m , então: = = 0,11
d 0, 45
M Rd 375
Calcula-se: µ= = = 0,464
bd f cd 0,30 × 0, 45 2 × 13,3 × 10 3
2
então:
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As = 0,583 × 0,30 × 0,45 × × 10 4 = 30,08 cm 2
348 × 10 3
As' f syd f
ω' = ⋅ ⇒ As' = ω 'bd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As' = 0,173 × 0,30 × 0, 45 × × 10 4 = 8,93 cm 2
348 × 10 3
As' 8,93
β= = = 0,30
As 30,08
a 0,05
µ = 0,464 e = = 0,11 ≈ 0,10
d 0, 45
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
13,3 × 10 3
As = 0,581 × 0,30 × 0, 45 × × 10 4 = 29,98 cm 2 ,
348 × 10 3
As'
β= ⇒ As' = βAs
As
4.4. Exemplo 4
hf
h d
As
bw
Dados:
b = 1,30 m
bw = 0,30 m
h = 1, 00 m
d = 0,95 m
h f = 0,10 m
M Sd = 1400 kN.m
Resolução
M Rd 1400
Calcula-se: µ= = = 0,071
bd f cd 1,30 × 0,95 2 × 16,7 × 10 3
2
O valor de µ , a partir do qual a secção deixa de poder ser tratada como rectangular
com base igual à largura do banzo é:
hf h 0,10 0,10
µ = 0,6881 1 − 0,4159 f = 0,6881 × × 1 − 0, 4159 × = 0,069 < 0,071
d 0,95 0,95
d
A armadura será:
M Sd 1400
As = = × 10 4 = 44,70 cm 2
f syd (d − 0,5h f ) 348 × 10 × (0,95 − 0,5 × 0,10 )
3
Calcula-se
b 1,30 hf 0,10
µ = 0,071 = = 4,3 ≈ 4 = = 0,11
bw 0,30 d 0,95
As f syd f
ω= ⋅ ⇒ As = ωbd cd
bd f cd f syd
16,7 × 10 3
As = 0,075 × 1,30 × 0,95 × × 10 4 = 44,45 cm 2
348 × 10 3
Tendo as solicitações na viga – cargas permanentes (sem peso próprio) e sobrecargas – que
valores adoptar para as dimensões da secção da viga?
pl 2
n
M Sd
µ= ,
bd 2 f cd
do que:
M Sd
0,25 =
0,4 d 3 f cd
M Sd
d3 =
0,25 × 0,4 f cd
donde:
M Sd
d =3
0,1 f cd
Quando existe possibilidade de contar com armadura de compressão (sobretudo nas secções
de apoio de vigas contínuas), pode ser atribuído um valor de:
M Sd
µ=
bd 2 f cd
M Sd
0,25 =
bd 2 f cd
M Sd
d2 =
0, 25bf cd
donde:
M Sd
d=
0,25bf cd
M Sd
µ=
bd 2 f cd
M Sd
0,25 =
bd 2 f cd
donde:
M Sd
b=
0, 25d 2 f cd
bw × d ×τ 2 ≥ VSd
do que:
VSd V Sd
bw ≥ ou d ≥
τ2 × d τ 2 × bw
se b ≈ 0,4d :
VSd VSd
bw ≥ ou d ≥
τ 2 × 0 ,4 τ 2 × 0, 4
Obviamente que outras condicionantes podem ser introduzidas, como a altura mínima para
dispensa de verificação dos estados limites de deformação, que será vista no capítulo V.
M Sd M Sd
As = ou As =
0,85hf syd 0,9df syd
Exemplo
Sc=20 kN/m
CP=30 kN/m
6.00 6.00
75 × 6,00 2
Momento positivo, M Sd = = 192,8 kN.m
14
75 × 6,00 2
Momento negativo, M Sd = − = −337,5 kN.m
8
337,5
d =3 = 0,63 m
0,1× 13,3 × 10 3
Poderíamos adoptar:
Verificação:
81,6 × 6,00 2
M Sd = = 367, 2 kN.m
8
M Sd 367, 2
µ= = = 0, 261 ,
bd f cd 0,25 × 0,65 2 × 13,3 × 10 3
2
M Sd 337,5
d= = = 0,58 m
0,25bf cd 0,25 × 0,30 × 13,3 × 10 3
Verificação:
82, 4 × 6,00 2
M Sd = = 370,8 kN.m
8
M Sd 370,8
µ= = = 0,258
bd f cd 0,30 × 0,60 2 × 13,3 × 10 3
2
Admitindo agora que a altura, por razões arquitectónicas, seria de h ≤ 0,60 m, teríamos:
h = 0,60m e d = 0,55 m
M Sd 337,5
b= = = 0,34
0, 25d f cd 0, 25 × 0,55 2 × 13,3 × 10 3
2
Verificação:
83,0 × 6,00 2
M Sd = = 373,5 kN.m
8
M Sd 373,5
µ= = = 0,265
bd f cd 0,35 × 0,55 2 × 13,3 × 10 3
2
CAPITULO III
ESFORÇO TRANSVERSO
1. Abordagem global
1.1. Generalidades
O estudo do comportamento de peças de betão armado sujeitas a esforços que dão origem a
tensões tangenciais, e em particular o esforço transverso, tem sido feita normalmente por
sistemas simplificados assentes em quantificações directas de dados experimentais, visando a
resolução simples dos problemas correntes da prática.
O Bulletin d’Information n.º 126 do CEB (Comité Euro-International du Béton) dá-nos uma
visão global sobre esta matéria e fornece dados para a compreensão das disposições relativas
a esta matéria, que constam do Model Code, 1978, (MC78) do CEB.
Neste boletim destacam-se duas séries de artigos: uma, da autoria de Thurlimann, em que é
exposto um método para determinação da capacidade resistente de peças de betão armado
sujeitas a esforço transverso, baseado em hipóteses de cálculo plástico e em que a rotura
corresponde a serem atingidas as tensões de cedência nas armaduras específicas de esforço
transverso e nas armaduras longitudinais de tracção; a outra, de autoria de Leonhardt, Taylor e
Regan, são apresentadas interpretações justificativas do comportamento dos elementos
sujeitos esforço transverso, bem como os resultados dos ensaios que permitem estabelecer
fórmulas para o dimensionamento.
Estes artigos pretendem justificar os dois métodos preconizados no Model Code 78 do CEB
relativos ao esforço transverso: o artigo de Thurlimann refere-se ao método aí designado por
“accurate method”, os artigos dos outros autores ao método aí referido como “standard
method”.
No REBAP resolveu-se que apenas deveria figurar um destes métodos o optou-se pelo de
mais simples aplicação, ou seja, o método “standard” do MC78. Por isso, o que se segue
baseia-se nas ideias expostas nos artigos de Leonhardt, Taylor e Regan (método “standard” do
Model Code).
No comportamento, até à rotura por esforço transverso, dum elemento de betão armado é
possível distinguir nos casos correntes três fases (figura 1):
3ª fase
2ª fase
1ª fase
fendas de flexão
fendas devidas ao efeito
de ferrolho ( 2ª e 3ª fase )
Analisemos com maior pormenor cada um dos fenómenos descritos. A fendilhação da 1ª fase
corresponde ao aparecimento de tensões de tracção elevadas na face inferior do elemento,
tensões essas provocadas pela acção do momento flector. Esta fendilhação dá lugar à
existência no elemento de pequenas consolas ou "dentes" (figura 2), ligadas na parte inferior
pela armadura longitudinal da peça, encastradas na parte superior desta, sendo o deslizamento
efeito de consola
efeito de interbloqueamento
dos inertes
F- F F
efeito de ferrolho
Estes "dentes" dão assim lugar, quando da deformação da peça, aos seguintes efeitos;
Todos estes efeitos têm como consequência travar a deformação da armadura longitudinal e,
por isso, observa-se nesta primeira fase – apesar de se tratar já duma fase fendilhada – que a
tensão nessa armadura segue, praticamente, o diagrama de tensões correspondente ao
momento flector (figura 3).
Esta descrição do comportamento até à rotura por esforço transverso não pode, como é
evidente, conduzir a dados quantitativos, mas tem o mérito de poder orientar a
experimentação no sentido de os obter, o que, aliás, de facto tem sido feito.
Assim, poderá dizer-se, em resumo, que tal tipo de rotura é fortemente condicionado pela
Verifica-se, ainda, que também aumenta a resistência ao esforço transverso à medida que
diminui a altura dos elementos, o que pode ser explicado por haver nas peças pouco altas um
efeito de interbloqueamento dos inertes bastante pronunciado e por em tais elementos os
"dentes" entre fendas disporem de grande rigidez à flexão.
M
Este facto dá lugar à conhecida regra, da translação do diagrama dos esforços , adoptada
z
pelo REBAP.
α z /2
Fc Fs z
Fs
θ α θ
T
s
V z (cotg θ + cotg α) V
Fig. 5 – Treliça de Mörsch e sua generalização para uma inclinação qualquer das bielas.
De acordo com a figura 5 podemos deduzir expressões gerais dos esforços nos diversos
elementos da treliça para um valor de θ qualquer:
Forças interiores:
Fs = Asσ s
z
(cotgθ + cotgα )
s
Equilíbrio de forças:
V = Fs senα
V = Fc senθ
e, portanto:
V = Asσ s
z
(cotgθ + cotgα ) senα (1)
s
1
σc =V
b z (cotgθ + cotgα ) sen 2θ
Distância al
al =
z
(cotgθ − cotgα ) (2)
2
V s 1
al = - z cotgα
2 Asσ s senα
T z = V (ao + al )
e:
Vao Val M V
T= + = + (cotgθ − cotgα )
z z z 2
θ = 45º
V Asσ s
z
(1 + cotg α ) sen α As σ s
z
2 Asσ s
z
s s s
1 V 2V
σc 2V
b z (1 + cotg α ) bz bz
+ (1 − cotg α )
M V M M V
T +
z 2 z z 2
al
z
(1 − cotg α ) -
z
2 2
QUADRO I – Expressões gerais dos esforços nos diversos elementos da treliça para um valor de θ = 45º .
Evidentemente que tal facto vai aumentar também a tensão na armadura longitudinal de
tracção, em relação à que aí se implanta só por efeito do momento flector.
comprimidas serem inclinadas, em geral, a menos que 45º e, ainda, a que parte desse esforço
transverso é transmitido, por efeito de arco, directamente aos apoios.
V
outros efeitos
efeito de arco
treliça bw
1 2 3 6 15 b/b w
Há ainda a salientar que a regra da translação do diagrama dos esforços M / z que pretende
ter em conta o aumento das tensões na armadura longitudinal de tracção, que foi referido
anteriormente, quando se tratou de elementos sem armadura específica de esforço transverso,
encontra também uma justificação importante no caso presente, ou seja, de elementos em que
existam tais armaduras.
Uma força aplicada junto a um apoio transmite-se directamente a este (figura 8), sendo que
todos os outros efeitos de resistência ao esforço transverso, de que se falou anteriormente
(consola, ferrolho, interbloqueamento, treliça), têm pouca importância em face do efeito de
arco.
Haverá, portanto, nestas zonas um aumento da resistência ao esforço transverso, que será
dependente, como é evidente, da inclinação da biela comprida, o que pode ser traduzido cm
função da relação d / a v , ou seja, entre a altura útil da viga e a distância da carga ao apoio.
O CEB considera que neste caso a resistência ao esforço transverso se pode obter
multiplicando o valor corrente pelo factor 2d / a v , o que equivale a dizer que para
av
Note-se, no entanto, que o mecanismo referido constituído por uma biela de compressão e por
um tirante (armadura longitudinal) exige que tanto as forças que actuem na parte superior das
vigas como a armadura longitudinal resistam ao esforço em causa, sendo esta última
convenientemente amarrada no apoio.
No caso dum elemento de betão armado, trabalhando à flexão, estar sujeito a um esforço
normal de compressão, quer devido a uma acção exterior, quer devido a um pré-esforço,
verifica-se que a sua resistência ao esforço transverso é maior do que a de igual elemento em
que o esforço normal não existisse.
A razão deste facto deve-se a vários factores, entre os quais se podem citar, como mais
importantes, os seguintes:
- O efeito de arco é bastante mais importante no caso da existência dum esforço normal
de compressão do que no caso da não existência de tal esforço, favorecendo,
significativamente, o aparecimento e a resistência da biela comprimida que descarrega
a solicitação no apoio.
Uma quantificação simplificada do fenómeno pode fazer-se impondo que o esforço transverso
resistente ( V ) dum elemento flectido sujeito à acção dum esforço normal de compressão, seja
obtido somando o esforço transverso relativo ao início da fendilhação por flexão ( V0 ), com o
esforço transverso correspondente ao acréscimo do momento flector até à formação completa
da fendilhação de flexão e de esforço transverso ( V1 ).
O valor V0 pode identificar-se com o que corresponde ao valor do momento que anula a
Então temos:
V = V0 + V1
M0
V0 =
x
A
R x
M0 ⎛ M0 ⎞
V = + V1 = V1 ⎜⎜1 + ⎟⎟
x ⎝ V1 ⋅ x ⎠
e como:
V1 ⋅ x < M
⎛ M ⎞
V > V1 ⎜1 + 0 ⎟
⎝ M ⎠
Deve notar-se que poderá ocorrer outro tipo de fendilhação de esforço transverso que não
surge a partir de fendas de flexão, mas antes aparece a meio da alma do elemento flectido.
Esta fendilhação está relacionada com as tensões principais de tracção e com a tensão de
rotura do betão à tracção e é tida em conta no CEB impondo a condição:
M0
1+ ≤2
M
M /z
βs
M/z.Tg ( β1 )
C
β1 C
V M z d V´ V
M/z.Tg ( β 2)
T
T
βi β2
M /z
Para ter em conta tais efeitos bastará corrigir o valor do esforço transverso actuante, como
seguidamente se indica.
V' =V −
M
(tg β1 + tg β 2 )
z
tomando:
tg β 1 tg β s
= e β2 = βi
z d
Ter-se-á:
⎛ tg β s tg β i ⎞
V ' =V − M⎜ + ⎟
⎝ d z ⎠
Na figura 11 exemplificam-se algumas situações típicas, devendo notar-se que, enquanto nos
casos a) e b) a inclinação do banzo conduz a uma redução do esforço transverso actuante, no
caso c) , pelo contrário, verifica-se um acréscimo deste esforço.
c
c T
V V V
V´ V´ V´
a) b) c)
Fig. 11 - Variação do esforço transverso devido à inclinação dos banzos.
2. Disposições do REBAP
2.1. Generalidades
VSd ≤ VRd
em que VSd é o valor de cálculo do esforço transverso actuante e VRd é o valor de cálculo do
esforço transverso resistente.
Note-se que no caso de elementos de altura variável haverá que corrigir o valor de VSd tal
como se indicou anteriormente. Também no caso de elementos pré-esforçados com cabos
inclinados há lugar à correcção do valor do esforço transverso actuante, diminuindo-o ou
aumentando-o do valor da componente vertical do pré-esforço, conforme esta for ascendente
ou descendente.
Assim, o REBAP estipula que, em geral, o valor de cálculo do esforço transverso resistente
(VRd ) pode ser calculado pela expressão:
VRd = Vcd + Vwd
em que o termo Vwd traduz a resistência das armaduras de esforço transverso segundo a teoria
da treliça de Mörsch (bielas inclinadas a 45º) e o termo Vcd representa, não só uma correcção
a fazer ao termo Vwd (por nele não se ter considerado o efeito de arco, nem o facto das bielas
terem em geral uma inclinação inferior a 45º), mas também uma parte do esforço transverso
Como se disse, o termo Vwd corresponde à resistência das armaduras específicas de esforço
transverso segundo a teoria de Mörsch, em que a inclinação das bielas é de 45º.
Asw
Vwd = 0,9d f syd (1 + cotg α ) senα
s
em que:
O REBAP estipula que neste caso o termo Vcd pode ser calculado pela expressão:
Vcd = τ 1bw d
onde bw é a largura da secção (no caso de esta não ser constante dever-se-á tomar para este
valor a menor largura existente numa altura de três quartos da altura útil da secção, contada a
partir da armadura longitudinal de tracção), d é a altura útil da secção e τ 1 é uma tensão dada
z
1
Sendo V = Asσ s (1 + cotg α ) sen α , tomando z ≅ 0,9d, σ s = f syd .
s
pela expressão
0,085
τ 1 = 0,085 f ck2 / 3 = f ctk = 0,4 f ctk = 0,6 f ctd
0,21
em que:
Classe do betão B15 B20 B25 B30 B35 B40 B45 B50 B55
τ 1 (MPa) 0,50 0,60 0,65 0,75 0,85 0,90 1,00 1,10 1,15
QUADRO II – Valores de τ1 .
Tal expressão que, como se referiu, se destina principalmente a corrigir os valores que se
obtém para o termo Vwd correspondente à treliça de Mörsch, é baseada em resultados
experimentais que evidenciam uma dependência directa da resistência do betão e conduz a
resultados do lado da segurança, normalmente.
Sobre esta matéria o REBAP estipula que nas zonas junto dos apoios e numa distância igual a
2d , contada a partir do eixo do apoio, o valor de Vcd a considerar pode obter-se a partir do
VSd
VSd ,red
em que VSd é o valor de cálculo do esforço transverso actuante e VSd ,red é o valor de cálculo
do esforço transverso reduzido, considerando que, na zona em causa, as cargas são minoradas
a
na proporção de , sendo a a distância de cada carga ao eixo do apoio.
2d
Esta correcção, que tem interesse no caso da existência de fortes cargas concentradas, só pode
contudo ser utilizada se as cargas são aplicadas de modo a formar biela de compressão
diagonal com a reacção de apoio. Além disso, no caso de apoios extremos com liberdade de
rotação (ou fraco grau de encastramento), a armadura longitudinal de tracção necessária na
secção de aplicação das cargas deve ser prolongada até ao apoio e aí convenientemente
amarrada. No caso de apoios intermédios de elementos contínuos, a armadura de tracção
necessária na secção do apoio deve ser prolongada até à secção de aplicação das cargas e
amarrada para além dessa secção.
No caso de elementos sujeitos a flexão composta com compressão (ou pré-esforço), os valores
de Vcd podem ser majorados, como atrás se demonstrou, pelo factor:
M0
1+
M Sd
O valor deste último factor não deve ser tomado superior a 2, e para o cálculo de M 0 –
momento de descompressão – devem adoptar-se as hipóteses correspondentes a considerar-se
a fase não fendilhada do betão e comportamento elástico perfeito dos materiais. Os momentos
M Sd e M 0 devem ser referidos à secção em estudo, obviamente.
Uma outra disposição do REBAP, aliás constante também do MC78 do CEB, é a que estipula
que o termo Vcd deve ser considerado igual a zero se o elemento estiver sujeito a esforços
normais de tracção significativos, isto é, tais que a fibra neutra, determinada com base nas
2.4. O termo Vcd quando não existem armaduras específicas de esforço transverso
Convém, primeiramente, chamar a atenção para que, em geral, os elementos de betão armado
devem dispor duma armadura mínima de esforço transverso, pois, no caso contrário, não
poderá evitar-se uma elevada dispersão dos valores da sua resistência ao esforço transverso.
Esta imposição poderá ser dispensada no caso de lajes, quer porque este tipo de elementos
apresentam grande capacidade de redistribuição de esforços, quer porque, normalmente, as
tensões tangenciais nelas desenvolvidas são pouco elevadas.
Resulta, assim, que só para as lajes o REBAP permita a não existência duma armadura
mínima de esforço transverso, sendo então o esforço resistente dado pela seguinte expressão:
na qual o factor (1,6 − d ) , com d expresso em metros, não deve ser tomado inferior à
unidade.
Em primeiro lugar, no MC78 do CEB, como aliás duma maneira geral em toda a literatura da
especialidade, há um tratamento totalmente diferenciado para os problemas de resistência ao
esforço transverso de elementos com armaduras específicas e de elementos que não
contenham tais armaduras. Neste segundo caso, que é o que presentemente interessa, o MC78
preconiza a expressão:
V Rd = τ Rd η (1 + 50 ρ )bw d
em que:
0 , 035
- τ Rd = 0 , 035 f ck2 / 3 = f ctk = 0 ,17 f ctk = 0 , 25 f ctd ;
0 , 21
- d é a altura útil.
Na expressão em causa figuram os parâmetros que, como se viu anteriormente (em 1.2),
influenciam o comportamento, como seja a percentagem de armadura longitudinal
(deformabilidade do tirante), a altura do elemento (efeito de interbloqueamento dos inertes e
rigidez das consolas) e a resistência do betão.
valor de τ 1 = 0,6 f ctd , isto é, τ Rd = 0,42τ 1 , obter-se-á exactamente a expressão do REBAP que
não é mais do que a preconizada pelo MC78, em que, por simplificação prática (contudo nem
sempre do lado da segurança) se fixou a percentagem de armadura longitudinal em 0,8%.
Ainda como se viu, o REBAP permite também (e é até para esta situação da não existência de
armaduras de esforço transverso que os comportamentos em causa são directamente
deduzidos) que no presente caso o valor de cálculo do esforço resistente sofra acréscimos
quando da existência de cargas concentradas junto dos apoios ou quando os elementos
estejam submetidos a esforços de compressão apreciáveis. Os dois efeitos podem ser
cumulativos e a sua quantificação é feita da forma indicada em 2.3.
Para atender a que uma das possíveis formas de rotura por esforço transverso, no caso da
existência de armadura específica para absorver este esforço, corresponde ao esgotamento da
resistência das bielas comprimidas da treliça, há que limitar a tensão de compressão nestas, o
que, para efeitos práticos, se consegue limitando, para uma dada secção, o valor do esforço
transverso que ela é capaz de absorver.
Classe do betão B15 B20 B25 B30 B35 B40 B45 B50 B55
τ 2 (MPa) 2,4 3,2 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
Observe-se que o valor de τ 2 deveria, em princípio, ser função do facto das armaduras
específicas de esforço transverso serem constituídas por varões a 90º ou inclinados a 45º, pois
as tensões nas bielas comprimidas (figura 5) são no primeiro caso duplas das que lhe
correspondem no segundo caso, podendo identificar-se, dum ponto de vista prático, com os
valores de 2τ 2 e τ 2 , respectivamente.
tensões máximas nas bielas comprimidas da ordem de 0,6 f cd enquanto que tais tensões não
excederão 0,3 f cd no caso de varões inclinados a 45º. Existe, assim, uma segurança adicional
neste último caso em comparação com o primeiro, em que o valor máximo da tensão de
compressão é relativamente elevado, tendo em conta não só a possibilidade de fendimento e
destacamento do betão das bielas comprimidas, devido à existência de armaduras no seu
interior, mas também ao eventual surgimento de encurvadura nos estribos verticais.
As armaduras de esforço transverso podem ser constituídas por varões inclinados ou por
estribos, podendo estes ser inclinados segundo o eixo do elemento ou normais a este.
Muitos regulamentos fixam mesmo uma percentagem mínima do esforço transverso que deve
ser absorvido por estribos, no caso em se utilizam conjuntamente estribos e varões inclinados.
O REBAP, embora não quantifique tal percentagem, sugere também que se dê preferência à
utilização de estribos.
Os estribos devem abranger a totalidade da altura da viga, os seus ramos não devem estar
espaçados mais do que essa altura, com um máximo de 60 cm, devendo envolver as
armaduras longitudinais e, nas suas extremidades, devem existir ganchos ou, pelo menos,
cotovelos no caso de varões de alta aderência. Recomenda-se, além disso, para valores
elevados de esforço transverso, o emprego de estribos fechados.
Quanto ao espaçamento dos estribos, o esquema da treliça obriga, para que qualquer fenda a
45º seja atravessada por armaduras, a que ele seja no máximo igual a 0,9d (1 + cotgα ) , o que
para estribos verticais conduz ao valor 0,9d .
É, porém, necessário, quando os esforços transversos são grandes, diminuir tal espaçamento a
fim de permitir uma boa distribuição da armadura e, como tal, um melhor controle da
fendilhação devida a esforço transverso. Nesse sentido o REBAP estipula os seguintes valores
para estribos verticais:
1
Nas zonas em que VSd ≤ τ 2 bw d : s ≤ 0,9d , com o máximo de 30 cm.
6
1 2
Nas zonas em que τ 2 bw d < VSd ≤ τ 2 bw d : s ≤ 0,5d , com o máximo de 25 cm.
6 3
2
Nas zonas em que VSd > τ 2 bw d : s ≤ 0,3d , com o máximo de 20 cm.
3
No que se refere ao espaçamento dos varões inclinados, ele não deve exceder
0,9d (1 + cotgα ) , o que para varões a 45º conduz ao valor 1,8d , que deve porém ser reduzido
2
para metade quando o valor de cálculo do esforço transverso actuante, VSd , exceder τ 2 bw d .
3
Tal armadura, no caso das vigas, deve ser constituída por estribos e numa quantidade tal que
evite roturas súbitas dos varões quando surja a fendilhação do betão (roturas frágeis). Deste
facto deriva a imposição de dispor de uma percentagem mínima de armadura que deveria, em
princípio, ser função da resistência do betão do elemento e da resistência do aço dessa
armadura. No entanto, por simplificação, o REBAP fixa as percentagens em causa apenas
atendendo ao tipo de aço. Tais percentagens, ρ w , são definidas pela expressão
Asw
ρw = × 100
bw s senα
em que:
Em geral o valor de ρ w não deve ser inferior a 0,16 para o aço A235, a 0,10 para o aço A400
e a 0,08 para o aço A500. No entanto, se a viga tiver dimensões tais que para absorver o
esforço transverso actuante não seja, em princípio, necessário dispor de armadura específica,
ou seja, se tivermos VSd < τ 1bw d , os valores das percentagens mínimas de estribos
anteriormente fixados podem ser reduzidos multiplicando-os por
VSd
τ 1 bw d
Nas secções anteriores por várias vezes foi chamada a atenção para que, devido à formação de
fendas de esforço transverso, as tensões nas armaduras longitudinais de tracção dos elementos
submetidos à flexão são maiores do que as que se obtêm pela simples consideração dos
momentos flectores actuantes. Tal facto dá lugar à obrigatoriedade da translação do diagrama
de momentos para o dimensionamento das armaduras longitudinais, o que aliás é considerado
no REBAP quando trata do assunto em causa.
É evidente que tal problema não diz directamente respeito à determinação da resistência ao
esforço transverso, mas, dado que com este esforço está ligado, faz-se seguidamente um
resumo das disposições regulamentares pertinentes.
Assim, o REBAP especifica que a armadura longitudinal de tracção das vigas só pode ser
interrompida desde que garanta a absorção das forças de tracção correspondentes a um
diagrama obtido por translação, paralela ao eixo da viga, do diagrama de M Sd / z , em que
M Sd é o valor de cálculo do momento actuante numa dada secção e z é o braço do binário das
forças interiores na mesma secção, (figura 12).
al
b a
al al
a
b
al al
2
Nas zonas em que VSd ≤ τ 2 bw d :
3
2
Nas zonas em que VSd > τ 2 bw d :
3
diminuídos de 0,25d
O valor fixado para a translação al está nas suas linhas gerais de acordo com a expressão
aplicável que consta da página 7, pois aumenta quando se passa de estribos a 45º para estribos
a 90º (acréscimo do ângulo α ), mas diminui quando aumenta a percentagem de armadura de
esforço transverso.
3. Exemplos de aplicação
3.1. Exemplo 1
Vamos considerar a viga em betão armado a seguir representada sujeita à flexão simples.
2Ø12 2Ø12
0,60
4Ø25
1,50 4Ø25
0,30
Est. 2 r Ø8//0.15 m Est. 2 r Ø6//0.20 m
bw = 0,30 m
(Art.º 78.2 – recobrimento mínimo 2,0 cm não devendo ser inferior ao diâmetro das armaduras
ordinárias, neste caso recob.=2,5cm )
1
d = h - ( recob. + φ est. + φ arm. ord. )
2
Logo,
A sw
Vwd = 0,9 d f syd (1 + cotgα ) senα
s
s = 0,15m
Logo,
1,01 × 10 -4
Vwd1 = 0,9 × 0,55 × × 348 × 10 3 × (1 + 0) × 1 ≈ 116 kN
0,15
Portanto,
VRd ≤ τ 2 bw d
τ 2 = 4,0 MPa
Logo,
A distância entre 2 ramos consecutivos do mesmo estribo não deve exceder a altura útil da
viga nem 60 cm (Art.º 94.1)
A sw 1,01E - 4
ρw = × 100 ⇒ ρw = × 100 ≈ 0,22 > 0,10 ( verifica)
b w s sin α 0,30 × 0,15 × 1
Espaçamento dos estribos s, no caso de estribos normais ao eixo da viga (Art.º 94.3)
1
Vsd ≤ × 4,0 × 10 3 × 0,30 × 0,55 ⇒ 223 kN > 110 kN (não é o caso)
6
logo,
Vcd =107KN
A sw
Vwd = 0,9 d f syd (1 + cotgα ) sinα
s
0,56 × E - 4
Vwd2 = 0,9 × 0,55 × × 348E3 × (1 + 0) × 1 ≈ 48 kN
0,20
Logo,
A sw 0,57 E - 4
ρw = × 100 ⇒ ρw = × 100 ≈ 0,10 = 0,10 ( verifica)
b w s sin α 0,30 × 0,20 × 1
c) Comentários
A viga dada está sujeita, na secção mais desfavorável, a um esforço transverso actuante
máximo VSd = 223 kN e a 1,50m do apoio a VSd = 155 kN , que corresponde ao diagrama a
seguir representado (no caso de uma carga uniformemente distribuída):
Vsd (KN)
Vsd <= t1 bw d
Vcd A
1,50 L(m)
Poder-se-ia, de acordo com o Art.º 94.2, calcular a distância a partir da qual VSd < τ 1 b w d <107
kN (zona A), isto é, distância a partir da qual o betão resistiria por si só ao esforço transverso
actuante e reduzir a percentagem mínima de estribos multiplicando-os pela relação
VSd / τ 1 b w d , em que VSd é o valor de cálculo do esforço transverso actuante.
Teríamos contudo de observar o disposto no Art.º 94.3 (s ≤ 0,9d, com o máximo de 30cm).
3.2. Exemplo 2
Resolução:
Dados
bw = 0,30 m d = 0, 45 m
VSd = 180 kN
ρ w = 0,10
temos:
Armadura mínima
Armadura necessária
Asw
Vwd = 0,9d f syd (1 + cotg α ) sen α
s
Asw 78,75
= = 0,00056 = 5,60 cm2/m > 3,00 cm2/m
s 0,9 × 0,45 × 348 × 10 3
Temos,
1 2
τ 2 bw d < 180 < τ 2 bw d ⇒ s ≤ 0,5d , com o máximo de 25 cm
6 3
s ≤ 22,5 cm
Asw 1,00
= 5,60 cm2/m ⇒ s= = 0,178 m < 22,5 cm (satisfaz)
s 5,60
CAPITULO IV
TORÇÃO
1. Abordagem global
1.1. Generalidades
As considerações gerais que se podem fazer relativamente à torção são as mesmas que,
anteriormente, foram feitas a propósito do esforço transverso, ou seja, o assunto está longe de
ter alcançado um tratamento teórico totalmente satisfatório. No entanto, nos últimos anos, têm
sido nesse sentido desenvolvidos muitos esforços, do que resultou dispor-se, presentemente,
de teorias que servem bem os fins práticos a que se destinam.
Diga-se, porém, que ao contrário do que sucede para o esforço transverso, em que o CEB
preconiza dois métodos – um simplificado, "standard", e outro mais rigoroso, "accurate" – no
caso da torção apenas é especificado o "accurate" baseado na teoria da plasticidade com
inclinação variável das bielas comprimidas. É tal método, consequentemente, que se expõe no
que se segue, até porque nele se fundamenta o REBAP quando trata desta matéria, tendo
porém, como adiante se verá, introduzido algumas simplificações.
Uma questão que convém desde já abordar é a distinção entre torção de compatibilidade e
torção de equilíbrio.
Designa-se por torção de compatibilidade (figura 1) aquela que resulta para um elemento
duma estrutura em virtude de condições de compatibilidade de deformação: se a resistência à
torção for nula há possibilidade de grandes deformações e fendilhação excessiva, mas a
estrutura é estável, ou seja e sobretudo, está salvaguardo o seu equilíbrio estático.
Pelo contrário, na torção de equilíbrio é necessário existir resistência à torção para que este
equilíbrio se verifique: na falta de resistência à torção a estrutura, ou parte dela, a mesma é
instável.
Este modelo, tal como aqui foi exposto simplificadamente, pressupõe uma torção pura (sem
outros esforços em conjunto), contudo o mesmo à adaptável mesmo na presença de outros
efeitos, embora corrigido, como veremos.
Σl=u
As - área do varão dos estribos
Fendas
Al - área dda totalidade dos varões longitudinais
l
τ= T
2 Ae he
T
θ
s Área interior Ae
l cotg θ
lc
os
θ
F F F
θ
l Fs Fc Fs Fc Fs τ Fs Fc
θ
F F
l cot gθ
Forças interiores: Fs = Asσ s
s
∑F = Aσ l s
Fc = σ c he l cosθ
Tl
Equilíbrio de forças: Fs = τhe l ∴ Fs =
2 Ae
Tu
∑F = ∑F s cot gθ ∴ ∑ F = 2A cot gθ
e
Fs Tl
Fc = ∴ Fc =
senθ 2 Ae senθ
As Al
e portanto: T = 2 Ae σ s cot gθ ∴ T = 2 Ae σ s t gθ
s u
T
σc =
2 Ae he senθ cosθ
As Al
Para θ = 45º : T = 2 Ae σs ∴ T = 2 Ae σs
s u
T
σc =
Ae he
T
τ=
2 Ae he
em que Ae representa a área interior à linha média da secção oca e he é a espessura da parede
dessa secção.
Partindo desta expressão e atendendo às equações de equilíbrio, acima estão deduzidos dois
valores para o momento torsor, um em que entram os estribos, outro em que entram as
armaduras longitudinais e, ainda, uma expressão que dá o valor da tensão de compressão nas
bielas. Em todas as expressões deduzidas figura o ângulo de inclinação das bielas, θ .
Ora, o critério de rotura da teoria da plasticidade obriga a que sejam atingidas as tensões de
cedência nas armaduras longitudinais e nos estribos, o que, evidentemente, só se consegue
fazendo variar o ângulo θ . Tal facto verifica-se nos ensaios, verificando que ao aumentar o
momento torsor há uma redistribuição de esforços pelas duas armaduras, acompanhada duma
variação do ângulo θ .
Tal variação, segundo Thurliman, para que a largura das fendas se mantenha dentro de certos
limites e não haja uma deterioração completa do efeito de interbloqueamento dos inertes, deve
estar compreendida entre 1 / 2 ≤ cot gθ ≤ 2 , ou seja, o ângulo θ pode variar entre,
aproximadamente 26,6º e 63,4º. Segundo o MC78 do CEB, do lado da segurança, são
admitidas variações para e entre 31º e 59º ( 3 / 5 ≤ cotgθ ≤ 5 / 3 ).
Chama-se a atenção para que o que ficou dito diz respeito a um comportamento depois da
peça fendilhada, pois antes da fendilhação, há apenas que contar com a resistência do betão,
praticamente.
Observe-se ainda que o aparecimento da fendilhação faz cair abruptamente a rigidez da peça à
torção. Idêntico fenómeno se passa para a flexão, mas a queda que se verifica é, neste último
caso, bastante menor.
Finalmente, no que se refere à possível rotura por esmagamento do betão das bielas
comprimidas, ela é normalmente evitada pela adopção de valores de cálculo da resistência do
betão à compressão, suficientemente seguros, que têm em conta não só os valores das tensões
de compressão deduzidos atrás, mas também os importantes acréscimos dessas tensões
devidos à distorção das paredes que constituem os lados da peça (figura 3).
A B
CORTE A - B
T
Por via teórica e experimental foi possível concluir que, no caso da torção de elementos de
betão armado de secção cheia, a parte interior da secção pouca ou nenhuma influência tem na
capacidade resistente da peça. Assim, as secções cheias podem ser tratadas como secções
ocas, sendo-lhes então arbitradas uma espessura de parede fictícia, hef , a que corresponde
Os ensaios mostraram também que o valor de hef pode ser tomado igual a 1/6 do diâmetro do
maior círculo inscrito no polígono cujos vértices coincidem com a posição dos varões da
armadura longitudinal (figura 4).
d
hef = 6
d
Fig. 4 – Espessura fictícia das secções cheias.
Impunha-se ainda que tal processo de cálculo devia ser aplicado somente se a relação h / b
entre os lados maior e menor de cada rectângulo fosse no máximo igual a 3. Se tal relação
fosse maior que 3 apenas devia ser considerada a secção com h = 3b .
em que:
No caso de se considerar o ângulo de inclinação das bielas com o valor fixo de 45º, as
expressões são idênticas, apenas desaparecem os quadrados dos termos de torção.
A análise das expressões de interacção e dos diagramas que as representam permite fazer as
seguintes observações:
- A existência duma flexão é benéfica para a resistência à torção no caso da secção das
armaduras longitudinais inferiores ser superior à secção das armaduras longitudinais
superiores. Com efeito, após se ter atingido a cedência nas armaduras superiores (as
inferiores têm uma secção maior), devido apenas à actuação do momento torsor, o
efeito do momento flector vai aliviar essas armaduras (figura 6) e o esgotamento da
Tu
TM = 0
cedência 2
cedência Asl,inf
=3
√3 Asl,sup
√2
Asl,inf
=1 cedência de estribo θ = 45º
Asl,sup
θ = 45°
θ variável
-1 - 1/3 0 + 1/3 +1 Mu
MT = 0
T F T+F
T F T+F
T F T+F
T F T+F
É possível para a acção simultânea de torção, flexão e esforço transverso calcular curvas da
interacção da mesma forma que o foi anteriormente para a acção combinada de apenas torção-
flexão. As conclusões, do ponto de vista prático, a tirar de tais curvas não diferem, porém,
grandemente, do que aí foi dito. Deve, no entanto, chamar-se a atenção para que as tensões
tangenciais se vão repartir desigualmente pelas faces do elemento (figura 7), havendo,
contudo, uma face em que as tensões tangenciais devidas à torção se somam às tensões
tangenciais devidas ao esforço transverso.
τT τT
τT τV τT+τV
τT τV τT+τV
τT τT
Torção Torção + Esforço
Esforço transverso
transverso
2. Disposições do REBAP
2.1. Generalidades
TSd ≤ TRd
em que TSd é o valor de cálculo do momento torsor actuante e TRd é o valor de cálculo do
Vigas / Torção Capítulo IV – 9 / 22
Estruturas Betão Armado
Da mesma forma que para o esforço transverso o REBAP trata do problema da determinação
do momento torsor resistente apoiando-se nas disposições do MC78 do CEB, que
anteriormente se resumiram, adopta, porém, a hipótese simplificada de considerar a inclinação
das bielas comprimidas constante e igual a 45º.
Assim estipula-se que o valor de cálculo do momento torsor resistente, TRd , é dado pelo
menor dos valores obtidos pelas expressões seguintes:
TRd = Tld
O termo Ttd refere-se à contribuição da armadura transversal (estribos) e é dado por (ver 1.2):
Ast
Ttd = 2 Aef f syd
s
em que:
- Aef é a área interior à linha média das paredes da peça no caso de secções ocas ou da
secção oca eficaz no caso de secções cheias (a secção oca eficaz é definida em 2.2);
Quanto ao termo Tld , ele refere-se à contribuição da armadura longitudinal e é dado por (ver
1.2):
Asl
Tld = 2 Aef f syd
u ef
em que:
- Asl é a área total das secções dos varões que constituem a armadura longitudinal;
Finalmente o termo Tcd tem em conta a contribuição do betão devido a vários efeitos entre os
quais o interbloqueamento dos inertes e ainda o facto de, no caso presente, se adoptar para
inclinação das bielas um valor fixo e igual a 45º. O seu valor é dado por:
em que:
- hef é a espessura da parede da secção no caso de secções ocas ou da secção oca eficaz
Note-se que, para valores elevados do momento torsor actuante, da ordem de 3,6 f ctd hef Aef , o
MC78 do CEB, que adopta método idêntico mas permitindo variar o ângulo θ de inclinação
das bielas comprimidas, prescreve que o termo Tcd se deve anular. A razão deste facto está
em que para valores elevados do momento torsor a fendilhação é grande, sendo neste caso
duvidoso contar com a resistência do betão.
O REBAP ( θ = 45º ) mantém porém tal termo pelas razões já apontadas. No entanto, como se
verá, também considera a sua anulação no caso da torção associada a esforço transverso.
No caso de secções cheias o REBAP define uma secção fictícia equivalente que designa por
secção oca eficaz e que é definida pelos parâmetros hef , Aef e u ef . Tal secção obtém-se
traçando uma linha poligonal fechada cujos vértices coincidem com as armaduras
longitudinais de torção (figura 8) e tomando para um e outro lado desta linha distâncias iguais
a d ef / 12 , sendo d ef o diâmetro do maior círculo que nela pode ser inscrito, não podendo a
A área interior à linha média de secção oca eficaz é designada por Aef , a espessura das suas
rectângulo para rectângulo, devendo considerar-se o menor valor de hef para o cálculo de Tcd
e para a definição do valor limite superior de TRd , que se refere em 2.3. Além disso o
comprimento de cada rectângulo componente do banzo não deve exceder 3 vezes a espessura
deste (figura 9).
h ef def
≤ def
12 12
b2
b'2
hef1
b'1
hef1 =
6
a1
b'2
hef2 =
6
a2 ≤ 3b2
b'1
b1 a2
Como já foi referido, um dos possíveis modos de rotura na torção é por esmagamento do
betão das bielas comprimidas, razão pela qual, e da mesma forma que para o esforço
transverso, se evita que tal ocorra limitando o momento torsor máximo ao valor:
A armadura transversal de torção deve ser constituída por estribos fechados por meio de
emendas executadas de acordo com as regras gerais sobre esta matéria contidas no REBAP.
Assim, as extremidades dos estribos devem sobrepor-se num comprimento lb ,0 dado por:
As ,cal
l b , 0 = α 1l b
As ,ef
com:
φ f syd
lb = ⋅
4 f bd
em que:
Na figura 10 apresentam-se três formatos de estribos fechados que podem ser adoptados. O
formato indicado na figura 10 c) só deve, porém, ser utilizado no caso de varões de alta
aderência.
lb,o lb,o
≥ 10Ø
≥10Ø
≥ 10Ø
lb,o
a) b) c)
No que se refere à armadura longitudinal, os varões devem ser dispostos ao longo do contorno
interior dos estribos, com um espaçamento máximo de 35 cm, bem como em cada vértice do
contorno referido deverá existir um varão, pelo menos.
Nas armaduras superiores das vigas poder-se-ia, em princípio, considerar o efeito benéfico da
compressão aí existente devida à flexão, efeito, no entanto, de pouca monta e que a regu-
lamentação portuguesa não contempla.
No caso da torção existir simultaneamente com flexão e esforço transverso há que determinar,
separadamente para cada um desses esforços, as armaduras necessárias e, seguidamente,
somá-las.
No que se refere aos termos Vcd e Tcd deverão, de acordo com o REBAP, observar-se as
seguintes condições:
- No caso de τ V + τ T ≤ τ 1 :
⎛ τV ⎞
Vcd = τ 1 ⎜⎜ ⎟⎟bw d
⎝τV + τT ⎠
⎛ τT ⎞
Tcd = 2τ 1 ⎜⎜ ⎟⎟hef Aef
⎝τV + τT ⎠
- No caso de τ V + τ T > τ 1 :
Vcd = τ 1bw d
Tcd = 0
VSd TSd
τV = e τT = .
bw d 2hef Aef
⎛ τV ⎞
τ 1 ⎜⎜ ⎟⎟ ≥ τ V
⎝τV + τT ⎠
⎛ τT ⎞
τ 1 ⎜⎜ ⎟⎟ ≥ τ T
τ
⎝ V + τ T ⎠
donde resulta:
Vcd ≥ VSd
Tcd ≥ TSd
Finalmente, há que ter em conta a possibilidade de rotura por esmagamento do betão das
bielas comprimidas e para tal a regulamentação portuguesa estipula que os valores de cálculo
do esforço transverso e do momento torsor resistentes não podem ser superiores a
⎛ τV ⎞
V Rd = τ 2 ⎜⎜ ⎟⎟bw d
⎝τV + τT ⎠
⎛ τT ⎞
Tcd = 2τ 2 ⎜⎜ ⎟⎟hef Aef
⎝τV + τT ⎠
3. Exemplos práticos
3.1. Exemplo 1
Consideremos uma secção rectangular de uma viga com base 0,30 m e altura 0,60 m,
submetida a um momento torsor de 20 kN.m.
Resolução:
Dados:
b = 0,30 m h = 0,60 m
TSd = 20 kN.m
d ef 21,4
d ef = 30 − 2 × (3 + 0,8 + 1 / 2) = 21,4 cm = ≈ 1,8 cm
12 12
Temos:
Armadura transversal
Ast A 14,9
Ttd = 2 Aef f syd ⇒ st = = 0,000195 m 4 /m = 1,95 cm 2 /m
s s 2 × 0,11 × 348 × 10 3
⎧ u ef 1,46
⎪ = = 0,18 m
s≤⎨ 8 8 ⇒ vamos adoptar 0,17 m
⎪0,30 m
⎩
Então temos:
Ast
= 1,95 cm 2 /m ⇒ Ast = 1,95 × 0,17 = 0,33 cm 2
s
Armadura longitudinal
Asl 20 × 1,46
Tld = 2 Aef f syd ⇒ Asl = = 0,00038 m 4 = 3,80 cm 2
u ef 2 × 0,11 × 348 × 10 3
s ≤ 0,35 m
3.2. Exemplo 2
0.40 0.20
8.00
0.30
0.70
Resolução
Tem-se :
8 8
VSd = 1,35 × 30 × + 1,5 × 20 × = 282 kN
2 2
8
TSd = 1,5 × 20 × 0,40 × = 48 kN.m
2
d ≈ 75 cm
b1' 30,5
hef 1 = = = 5,1 cm
6 6
b2' 22,8
hef 2 = = = 3,8 cm
6 6
⎡ ⎛ 3,8 5,1 ⎞⎤
Aef = ⎢30,5 × (80 − 9,5) + 22,8 × ⎜ 30 − + ⎟⎥ = 2849,1 cm 2 = 0,285 m 2
⎣ ⎝ 2 2 ⎠⎦
⎡ ⎛ 3,8 5,1 ⎞⎤
u ef = 2 × ⎢30,5 + (80 − 9,5) + ⎜ 30 − + ⎟⎥ = 263,3 cm = 2,63 m
⎣ ⎝ 2 2 ⎠⎦
VSd 282
τV = = = 940 kN/m 2
bd 0,40 × 0,75
TSd 48
τT = = = 2216 kN/m 2
2hef Aef 2 × 0,038 × 0,285
⎛ τV ⎞ ⎛ 940 ⎞
V Rd = τ 2 ⎜⎜ ⎟⎟bw d = 5,0 × 10 3 × ⎜ ⎟ × 0,40 × 0,75
⎝τV + τT ⎠ ⎝ 940 + 2216 ⎠
⎛ τT ⎞
⎟⎟hef Aef = 2 × 5,0 × 10 3 × ⎛⎜
2216 ⎞
TRd = 2τ 2 ⎜⎜ ⎟ × 0,038 × 0,285
⎝τV + τT ⎠ ⎝ 940 + 2216 ⎠
Tcd = 0 kN
Asw A Vwd 57
Vwd = 0,9d f syd ⇒ sw = =
s s 0,9df syd 0,9 × 0,75 × 348 × 10 3
Ast A Ttd 48
Ttd = 2 Aef f syd ⇒ st = =
s s 2 Aef f syd 2 × 0,285 × 348 × 10 3
Armadura de suspensão:
Fs 1,5 × 20
As /m = = = 0,000086 m 2 = 0,86 cm 2 (para 2 ramos)
f syd 348 × 10 3
As 2,43 0,86
= + 2,42 + = 4,07 cm 2 /m
s 2 2
( )
adopta-se 4φ 12 + 4φ 10 7,66 cm 2 , a compatibilizar com a armadura de flexão.
0.40 0.20
2Ø12
20 kN/m
Estr Ø10//0.15 m
0.50
Estr Ø6//0.15 m
4Ø10
2Ø12
0.30
0.70
2Ø10
4Ø25+2Ø20
Os dois varões de 12mm de torção da face inferior poderiam ser absorvidos pela armadura de
( )
flexão de 4φ 25 + 2φ 20 25,92 cm 2 , de que resultariam 6φ 25 (29,45 cm 2 ) , por exemplo, que
Nota: Refira-se que há disposições de projecto e construtivas fixadas pelo REBAP, que
poderiam condicionar o dimensionamento da secção, pressupondo a sua necessária
verificação. Estes condicionamentos não foram tidos em conta nos exemplos
anteriores, interessando-nos apenas o problema da torção, isolada ou conjugada com
outros esforços.
FENDILHAÇÃO E DEFORMAÇÃO
1
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
INDICE Pag.
1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
2.2.1 – APARÊNCIA.............................................................................................................................34
2
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
3.4.4.1 – EXEMPLO.......................................................................................................................72
3.4.5.1 – EXEMPLO.......................................................................................................................79
BIBLIOGRAFIA
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4
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 – REGRAS PARA VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA EM RELAÇÃO À
FENDILHAÇÃO E DEFORMAÇÃO
1.1.1 – INTRODUÇÃO
5
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Já que nos estados limites de utilização se referem aos requisitos funcionais a que
as estruturas devem obedecer, os quais podem variar consideravelmente dependendo do
tipo de estrutura, os valores representativos dos estados limites de utilização para uma
estrutura particular podem resultar de um acordo entre o projetista e o cliente em vez de
serem tomados os correspondentes valores regulamentares. Os valores limites
estabelecidos no REBAP, dizem respeito apenas aos elementos estruturais mais
frequentes e não sendo considerados determinados requisitos funcionais e estéticos que
por vezes devem ser tidos em conta.
A verificação dos estados limites de fendilhação e deformação dos elementos de
uma estrutura em condições de serviço pode ser feita mostrando que:
6
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
em que:
Gm - Valor médio das acções permanentes (peso próprio, etc.)
P - Valor do pré-esforço
7
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Acção Ψ1 Ψ2
Variações de temperatura 0,5 0,3
Vento 0,2 0
Neve 0,3 0
Sismos 0 0
Sobrecargas em pavimentos
- caracter privado 0,3 0,2
- escritórios 0,6 0,4
- garagens 0,7 0,6
8
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Por isso, em geral só se pode confiar na resistência do betão à tracção numa escala
muito limitada. Essa razão porque se dimensiona as armaduras de uma viga de betão
para atender a todo o esforço de tracção, partindo-se da hipótese que o betão não
colabora na absorção deste esforço.
Para cargas de serviço as peças de betão armado encontram-se fendilhadas em
zonas mais ou menos extensas, e o comportamento do betão armado fendilhado tem
implicações directas na verificação dos estados limites de utilização. É este
comportamento não-linear do betão armado fendilhado que torna mais laborioso o
cálculo aos estados limites de fendilhação e de deformação.
Pretende-se, com a breve apresentação do comportamento do betão armado à
tracção que se vai seguir, explicitar as definições e os princípios fundamentais que o
REBAP adopta para proceder à verificação aos estados limites de utilização. As
disposições para verificação e cálculo da fendilhação e da deformação podem assim ser
utilizadas de forma mais clara, permitindo que resolução de situações menos correntes e
aparentemente não cobertas pelo regulamento possam ser tratadas pelos projectistas.
9
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σc = N = N e σs = α σc
Ac + (α-1) As Aeq
sendo,
α = ES
Ec
10
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11
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σ 1s = α f1ct
para
donde se conclui que ∆σs aumenta com fct e com a redução da percentagem de armadura
ρ. As variações de tensão no aço podem atingir valores de 20 a 500 MPa. A figura 1.3
mostra as tensões no aço no local da fissura para diferentes percentagens de armaduras
para valores crescentes de N ou M. Na fissura surgem então elevadas tensões de
aderência devido à diferença de deformações entre o aço e o betão o que leva em geral à
destruição de aderência numa zona restrita vo (figura 1.1 b). As tensões de aderência, tb,
desenvolvidas na zona de contacto aço-betão fazem a transferência de tensões de
tracção do aço para o betão (figura 1.2). A partir duma dada distancia, sr , a transferencia
de tensões do aço para o betão foi total e as tensões de aderência anulam-se. O
comprimento s pode ser obtido aproximadamente por,
τbm = fctm
Sr . τbm . Σu = f 1ctm.Ac
em que,
τbm – é a tensão média de aderência
Σu – é o somatório do perímetro das armaduras.
12
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
13
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Fig. 1.4 – Ilustração do princípio da difusão das tensões de tracção no betão, entre duas
fendas.
Srm = 1 vo + sr + k1 (c, s)
2
sendo,
vo – comprimento de aderência destruída, dado aproximadamente por
∆σ
s φ (Kg, cm)
450
14
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k1 (c,s) = 2 (c + s ) (8)
10
Sr = ( fctm ) ( Ac ) = η1 η2 φ (9)
τbm Σu σ
sendo,
A
c = As = nπφ2 = 1 φ = η2 φ
Σu nπφρ 4nπφρ 4 ρ ρ
15
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
À expressão da distância média entre fendas pode assim dar-se a seguinte forma,
Srm = 2 (c + s ) + η1 η2 φ (10)
10 ρr
Como pode ser observado na figura 1.2 a tensão no aço, σs atinge um valor
máximo na secção da fenda e um valor mínimo a meio da distância entre fendas. O
valor médio da extensão na armadura, εsm , para um dado comprimento da peça
corresponderá ao valor médio da tensão, σsm, a dividir pelo módulo de elasticidade Es,
16
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Fig. 1.6 – Resposta tensões no aço – versus – extensão média de barras traccionadas
axialmente
onde ∆εs, representando a contribuição do betão traccionado, segue uma lei hiperbólica
aproximando-se assimptoticamente da recta εs2 para as tensões superiores a σsr , lei que
foi estabelecida experimentalmente:
17
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
18
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
ζ = 1 - σ2sr (15)
σ2s2
σs2 – tensão da armadura numa secção fendilhada, sob a combinação das acções
consideradas;
Nós tratamos o caso dum tirante sujeito à tracção pura; as mesmas expressões são
no entanto válidas também para a flexão. A extensão média da armadura, tendo em
conta a contribuição do betão traccionado, pode ser definida duma forma geral pela
expressão (ver figura 1.9 a):
19
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
ζ = 1 - β1 . β2 . ( σsr )2 (17)
σs2
ζ = 0 para σs2 < σsr
com,
β1 = ___1__ - coeficiente caracterizando as características de aderência dos
. 2 . 5η1
varões (pode ser retirado do REBAP art. 70.2 b).
20
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
O valor da extensão média das armaduras não pode em caso algum ser inferior a 0,4
σs/Es, o que quer dizer que
σ
1 - β1 β2 ( s2 )2 ≥ 0,4
σs
21
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
22
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
ao valor médio. Esta partição é dada pelo coeficiente re repartição ζ que define os
comprimentos:
l1 = ( 1 - ζ ) – l e
l2 = ζ . l
23
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
com,
(1-ζ)= l1 e ζ = l2
l l
ζ = 1 - β1 . β2 . ( σsr )2 = 1 - β1 . β2 ( Nr )2 (22)
σs2 N
Nr = A1 , fctm ≅ Ac . fctm
25
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
donde,
com,
( 1 - ζ ) = l1 e ζ = l2
l l
ζ = 1 - β1 . β2 ( σsr )2 = 1 - β1 . β2 ( Mr )2
σs2 M
26
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Nesta secção será dada uma breve descrição das diferentes causas da fendilhação
em estruturas de betão assim como as características das fendas resultantes.
27
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
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Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
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Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
suas ligações para o deslocamento imposto, maiores serão as tensões e mais abertas
serão as fendas. As juntas de dilatação nas pontes e nos edifícios constituem uma
medida para minimizar os efeitos das acções indirectas.
Um caso típico de uma fendilhação precoce de origem térmica associada também
à retracção é a que se pode desenvolver num muro de comprimento bastante superior à
altura, encastrado na fundação ou ligado a uma etapa precedente de betonagem. Quando
a parede arrefece e tende a encurtar é impedida pela fundação e a fendilhação pode
desenvolver-se. A fendilhação típica dum muro sem juntas é a ilustrada na figura 2.3.
Uma tal fendilhação pode ser controlada: i) limitando a elevação de temperatura devida
à hidratação; ii) betonando etapas de pequeno comprimento; ou iii) por uma disposição
adequada da armadura.
30
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31
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2.1.5 – RESUMO
32
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33
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Fig. 2.6 – Indicação da idade para a qual podem ocorrer as várias formas de fendilhação
2.2.1 – APARÊNCIA
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maior recobrimento é mais aconselhável (corrosão) do que uma menor abertura com um
menor recobrimento.
4 Largura de fendas
Idem, com a abertura limite de 0,2 mm
W2 = 0,2 mm
5 Largura de fendas
Idem, com a abertura limite de 0,3 mm
W3 = 0,3 mm
37
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Categoria Definição
Ambientes em que a humidade relativa é habitualmente
baixa e em que não é de esperar a presença de agentes
Ambientes pouco agressivos
corrosivos (ex. interiores de edifícios de habitação, de
escritórios, etc)
Ambientes interiores em que a humidade relativa é
habitualmente elevada ou em que é de esperar a presença
Ambientes moderadamente agressivos temporária de agentes corrosivos; ambientes exteriores
sem concentração especial de agentes corrosivos; águas e
solos não especialmente agressivos
38
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Largura de fendas
Pouco agressivo Freqüentes
W = 0,3 mm
Largura de fendas
Muito agressivo raras
W = 0,1 mm
Largura de fendas
Freqüentes
Pouco W = 0,2 mm
agressivo
Quase frequentes Descompressão
Largura de fendas
Freqüentes
W = 0,1 mm
Moderadamente agressivo
Largura de fendas
Raras
W = 0,1 mm
Muito agressivo
Frequentes Descompressão
39
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Por definição, nenhuma tensão de tracção deve estar presente na secção para este
estado limite. O cálculo das tensões pode assim ser efectuado de acordo com a teoria
elástica, admitindo como activa toda a secção de betão. Quando a secção contiver uma
percentagem considerável de armaduras aderentes (sejam ordinárias ou de pré-esforço),
elas devem ser tidas em conta na definição das características da secção efectiva.
As tensões podem então ser obtidas pelas fórmulas usuais:
N ± M.y = σ
A I
onde,
τ= V.S
I .b
onde,
τ - tensão tangencial na fibra considerada
V – esforço transverso
S – momento estático em relação ao eixo neutro da área acima da fibra
considerada
40
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
41
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Regulamento nos seus artos. 91 e 105, define valores de espaçamento nas vigas que só
obedecidos dispensam a verificação explicita no estado limite de abertura de fendas.
Tal regra é baseada nas hipóteses de admitir a tensão nos aços em serviço para as
combinações freqüentes de acções iguais a 0,5 fsyd e de desprezar a participação do
betão entre fendas, além de outras pequenas hipóteses de pormenor.
Os valores regulamentares são os apresentados:
Espaçamento de varões
TIPOS DE
AÇO
AMBIENTE A235 A400 A500
POUCO AGRESSIVO
⎯ 12,5 10
W = 0,3 mm
MODERADAMENTE AGRESSIVO
⎯ 7,5 5
W = 0,2 mm
wk = 1.7 wm
wm = srm . εsm
em que,
Os valores de srm e εsm já foram discutidos para o caso de uma barra traccionada
axialmente. Segundo o REBAP (art.º 70), para o caso de elementos sujeitos a tracção ou
a flexão, simples ou composta, estas quantidades podem ser definidas como se indica:
42
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srm = 2 ( c + s ) + η1.η2 φ
10 ρr
em que:
c – recobrimento da armadura
s – espaçamento dos varões da armadura s > 15 φ
η1 – coeficiente que depende das características de aderência dos varões
= 0,4 varões de alta aderência
(A400 EL e redes electrosoldadas de A500EL são incluídos)
= 0,8 varões de aderência normal
η2 – coeficiente que representa a influencia da forma do diagrama de extensões
η2 = 0,125 em flexão
η2 = 0,25 tracção axial
η2 = 0,25 . ε1 + ε2 em tracção excêntrica ou para a zona da alma de uma viga
2.ε1
φ - diâmetro dos varões
ρr – As/Ac,r
43
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em que,
σsr = fctm [ Ac + ( α - 1 ) As ]
As
44
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Para efeito de cálculo da abertura das fendas o valor da extensão média das
armaduras não deve ser considerado inferior a:
donde teremos:
Para a determinação das tensões nas armaduras em secção fendilhação (σs, σsr)
pode admitir-se comportamento elástico perfeito dos materiais com um coeficiente de
homogeneização que pode ser simplificadamente tomar-se α = 15. Para elementos
lineares (vigas) pode adoptar-se simplificadamente.
σs = 0.7 . fsyk
45
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REBA REBAP
67. AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE
Ambientes pouco, moderadamente ou muito
agressivos;
- Sensibilidade das armaduras à corrosão
Muito sensíveis (armaduras de préesforço);
Pouco sensíveis (armaduras ordinárias)
46
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
47
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
fendilhação não é por conseqüência possível. Daqui resulta que será necessário prever
uma secção mínima da armadura, para resistir pelo menos às forças libertadas quando
da fendilhação, em qualquer situação em que a tracção se possa desenvolver sob o efeito
de cargas ou de uma restrição às deformações. Deverá por conseqüência ser prevista
uma armadura mínima, definida como segue:
Pelas Tabelas dos anexos do REBAP podemos comprovar que o valor que satisfaz a
armadura mínima são 5 φ 16
48
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Já vimos na secção anterior que será de prever sempre uma quantidade mínima de
armadura:
ρr = As = fctm
Ac,ef fsyk
A percentagem apropriada da armadura mínima pode ser obtida, sem cálculo, com a
ajuda da figura 2.10, admitindo que Ac,ef é igual à área da secção total no caso de
elementos solicitados à tracção, ou que Ac,ef é igual a 1/3 da área da alma no caso de
elementos flectidos (ver figura 2.9).
49
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Para limitar a abertura das fendas que resultam duma restrição às deformações
impostas poderemos utilizar as equações já descritas na secção 2.42 e tomando wk igual
a 1.3.wm em vez de 1.7.wm . A razão de tomar um valor característico da abertura das
fendas menor é devido ao seguinte:
As figuras 2.11 e 2.12 fornecem valores (pelo lado da segurança) das percentagens
de armadura e dos diâmetros de varões a usar para proceder ao controle da fendilhação.
50
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
51
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
Existem numerosas situações praticas nas quais é necessário prever uma armadura
construtiva para controlar a fendilhação. As figuras 2.13 a 2.16 ilustram algumas destas
situações.
52
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
53
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
3.1 – INTRODUÇÃO
54
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
55
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
É geralmente considerado que flechas maiores que l (vão) / 250 devem ser evitadas
sob ponto de vista da aparência. A manifestação mais típica das flechas excessivas é no
entanto a fissuração de paredes não estruturais ou problemas com janelas. Há dois
possíveis caminhos para tratar este problema: ou as flechas são limitadas a um nível que
não cause fissuração nos panos de enchimento ou os elementos não estruturais devem
ser projectados para acomodar os movimentos da estrutura. Casos típicos de fendilhação
em paredes (alvenarias, tijolo) podem ser observados nas figuras 3.1 e 3.2. Os valores
usualmente especificados para as flechas de forma a atenuar estes problemas são de
1 /500 ou 1 cm (o menor dos dois), para flechas que ocorrem depois da construção dos
panos de enchimento.
Um outro factor a ter em conta é a possível diminuição de utilidade da estrutura por
efeito do apodrecimento de deformações excessivas. Alguns casos podem ser
mencionados:
56
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Fig. 3.1
57
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
58
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
limites apertados que encarecem a estrutura ou então adoptar valores menos severos que
podem levar mais tarde a gastos com a conservação.
Entre os meios para limitar as flechas, particularmente sob acções de longa
duração, os seguintes pontos devem ser tidos em conta:
- uso de sistemas estruturais que forneçam restrição às rotações nos suportes, por
exemplo, por meio de continuidade;
- betões de alta resistência, tendo baixa relação água/cimento, boa cura e
endurecimento adequado antes da aplicação da carga, evitar carga excessiva
durante a construção;
- reduzir as zonas fendilhadas pré-esforçando;
- adicionar armadura de compressão, se as tensões de compressão para acções de
longa duração são altas;
- reduzir as tensões sobre-dimensionado a armadura de tracção longitudinal.
ou f ≤ 1.5 cm (divisórias)
Segundo o REBAP, a verificação da segurança à deformação de vigas e lajes de
edifícios considera-se satisfeita desde que se cumpram as disposições construtivas
expressas nos art.º 89.º, 102.º e 113.º.
Estas disposições limitam o valor máximo da relação l/h em função das condições
60
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
61
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
62
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
1 / rc = M / EIc
- o efeito da armadura;
- o efeito da fluência;
- o efeito da retracção.
63
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
ζ = 1 - β1 . β2 . ( Mr )2
M
= 0 para M < Mr
Mr = W1 . fct ≅ Wc . fct
Com,
fct = fctk0.05 – se se trata de evitar danos
= fctm – se se trata de calcular contra flechas
W1 – modulo de flexão da secção no estado I (com armadura)
Wc – módulo de flexão da secção de betão apenas.
64
Estruturas Especiais – Fendilhação e Deformação Universidade Fernando Pessoa
65
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a) o momento da fissuração
Mcr = f ctm . I
yt
66
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1 = dθ = d2y = M = εs + εc = εs
r dx dx2 EI2 d d-x
Sendo Z o braço das forças interiores. Assim das três equações anteriores, eliminando
εs, y e σs resulta:
(EI)2 = Es . As . Z ( d – x )
Assim, o cálculo da flecha instantânea σ0, de uma viga à flexão simples é dado
pela expressão,
σ0 = α M
k . l2
Ec . Ic
67
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B- Flechas Reais
Chamamos flechas reais, às que aparecem no decorrer do tempo, debaixo de
cargas de longa duração. Estas flechas, vêm somar-se às flechas instantâneas, são
originadas pelos efeitos de retracção e fluência. O seu cálculo preciso é praticamente
inabordável, por depender de vários factores, ou variáveis; temperatura, humidade, cura
e idade do betão, quantidade de armadura de compressão, valor da carga permanente,
etc. Por outra parte, a fissuração do betão vem a complicar o problema, ao variar as
condições de deformação da secção
Um procedimento simples consiste em calcular a flecha diferida de igual forma
que a instantânea, mas empregando o modulo de deformação E do betão mais pequeno.
Segundo as normas Noruegas, o valor de E pode tomar-se igual à terceira parte do
modulo inicial instantâneo.
C- Método Bilinear
M = As . σs . Z
(EI)2 = Es . As . Z (d – x )
68
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a0 = α Mk . l2
Ec . Ic
Flexão simples
ζ = 1 - β1 . β2 . M2r
M2
ζ = 0 para M < Mr
70
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M= MrD . MD
ζ = 1 - β1 . β2 MrD
MD
ζ = 0 para MD < MrD
com,
β1 β2 – coeficientes já definidos.
71
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3.4.4.1 – EXEMPLO
d) – Coeficiente de repartição ζd
72
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Admitamos,
As = 12.5 cm²
α = Es = 200 = 10
Ec 21
a flecha a2 pode ser obtida por proporção simples pois admite-se que toda a viga tem as
características da secção determinante,
a = ( 1 - ζ b ) . a1 + ζ b . a2
a = 1.25 cm
a = 1.25 ≅ 1_
l 600 480
73
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A ) EM VIGAS
FISSURA
ALÇADO SECÇÃO
PLANTA
B) EM MUROS C) EMBUTIDAS
75
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P.D.
ELÁSTICA DEFERIDA (E.D.)
E.D.
E
DEFORMAÇÕES
C
F
E.I
PLÁSTICA DEFERIDA (E.D.)
O
B
T0 T1 TI T2 Tn T
TEMPO
01
TENSÕES
0 T1 T2 T
TEMPO DE APLICAÇÃO DA CARGA TEMPO
76
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Medidas preventivas contra as fissuras de retracção, são todas aquelas que evitam os
efeitos e causas provocadas que se tenha respostas.
77
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Métodos de RILEM
78
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3.4.5.1 – EXEMPLO
A aplicação deste método ao exemplo iniciado na secção 1.13 vai permitir que se
faça um resumo dos passos para aplicação deste método.
Para o caso de combinações freqüentes de acções, esta flecha já foi obtida (secção
1.13 – pág. 7 )
Ac = 0.74 cm
b) Cálculo de MD na secção determinante
79
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Fig. 3.9 – Método dos coeficientes globais para cálculo da flecha instantânea
80
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Fig. 3.10 – Método dos coeficientes globais para cálculo da flecha sob cargas de longa duração
As = 25 * 50 = 12,5 → ρ = 12.5 = 1%
ρ’ = 0.25%
h = 50 cm ; d = 46 cm d/h ≅ 0.9
Por consulta dos gráficos (β2 = 0.5 ; d/h = 0.9) da figura 3.9, ou do
correspondente gráfico do anexo, obtêm-se:
Ko ≅ 1.9
ao = ko . ac – carga instantânea
at = η . kt . ac – carga de longa duração
82
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Ac = 0.64 cm
Admitamos:
MD = 70 kN.m, e
ϕ = 2.5
obtemos sucessivamente,
as = 1.88 ≅ 1 . l
320
83
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84
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4.4. (1)
85
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4.4. (2)
86
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4.4 (3)
87
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4.4. (4)
88
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4.4. (5)
89
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90
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entanto podem usar-se aços diferentes para armaduras principais, por uma parte e
estribos por outra.
96
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BIBLIOGRAFIA
1 – CEB – FIP Model Code for Concrete Structures – Comité Euro- internacional du
béton, 1976.
2 – Comité Euro – international du Béton – Bulletin d’ information n.º 153 – F, Manuel
CEB Fissuration e Deformations, 1983.
3 – Comité Euro – international du Béton – Bulletin d’information n.º 143, Manuel de
Calcul “Fissuration et deformations”, 1981.
4 – F. Leonhardt, Construções de Concreto, Volume 4, Editora Interciencia, 1979.
5 – J. A . S Appleton e J. C. F. Almeida, Fendilhação e Deformação em Estruturas de
Betão, curso de especialização, IST, 1983.
6 – Regulamento de Estruturas de betão armado e pré-esforçado (REBAP), 1984.
7 – Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes (RSA),
1983.
8 – Regulamento de Estruturas de Betão Armado (REBA), 1970.
9 - Montoya –Meseguer –Moraán-Volume 1,Betão Armado, Editorial Gustavo Gili,
S.A.-Barcelona 1987-1988.
10 – Nova Regulamentação de Estruturas –FEUP-1988.
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Estruturas Betão Armado
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES COTRUTIVAS
1. Introdução
2. Condicionantes geométricas
O Art.º 89 do REBAP apresenta considerações sobre a altura mínima de vigas, as quais sendo
adoptadas, dispensa a verificação ao estado limite de deformação (Art.º 72 e 73), no caso
corrente de vigas para edifícios.
li
≤ 20η
h
em que:
- η é um coeficiente dependente do tipo de aço: 1,4 para o A235, 1,0 para o A400 e 0,8
para o A500.
O vão equivalente é o vão de uma viga simplesmente apoiada de secção constante que
apresenta a mesma relação entre a flecha e o vão, que a viga em estudo quando sujeita a uma
carga uniformemente distribuída que lhe provoque na sua zona central uma curvatura,
M/(E.I), igual àquela que a viga real apresenta na mesma zona.
TIPO
AÇO
=1.0 =0.6 =0.8 =2.4 =0.8 =0.6
Em casos especiais, tais como vigas em betão pré–esforçado, devemos utilizar a relação l/h
com valores duplos dos definidos no quadro I para o aço A500 (ou considerar η = 1,6 ).
Se a deformação da viga afecta paredes divisórias é exigida, para além da verificação anterior,
uma limitação da flecha máxima a 1,5 cm, que corresponde á formula
li 120η
≤
h li
Em casos correntes é condicionante para a determinação da altura das vigas, a sua verificação
aos estados limites últimos de resistência, pelo que se podem seguir as regras expostas no
ponto 5 do capítulo II sobre o pré-dimensionamento de vigas rectangulares.
3. Armaduras
- limitar a fendilhação
3.2.1. Percentagem mínima e máxima de armadura (Art.º 90, 91, 92, e 93)
Pretende-se, impor uma percentagem mínima de armadura longitudinal, para dotar as vigas de
uma armadura capaz de equilibrar o momento correspondente à 1ª fissuração da secção
transversal.
L.N.
~ d/2
As Rt
bw f ctm
bw d
Rt ≈ f ctm .
4
bw d
As . f syd = f ctm
4
As f
= 0,25 ctm
bw d f syd
As
ρ= × 100
bw d
A percentagem mínima depende, quer da classe do betão, quer da classe do aço. Por aplicação
da fórmula, obtemos a percentagem mínima para os betões e aços correntes.
AÇO
A235 A400 A500
BETÃO
O Art.º 90º do REBAP apresenta as percentagens mínimas a respeitar, com o valor de tensão
de cedência do aço e independentes das classes de betão (0,25 para o aço A235, 0,15 para o
aço A400 e 0,12 para o aço A500):
As
ρ= × 100
bt d
em que,
φn = ∑φi
i
2
agrupamento na horizontal
agrupamento na vertical
As disposições deste artigo têm por objectivo a dispensa da verificação ao estado limite de
fendilhação (Art.º 68 e 70 ).
Os valores indicados no quadro III, para o espaçamento máximo dos varões longitudinais,
foram calculados, tendo em consideração a largura das fendas em vigas, tendo-se adoptado
para σ s valores da ordem de σ s = 0,5 f syd e desprezado a contribuição do betão entre fendas.
AÇO
A235 A400 A500
AMBIENTE
QUADRO III – Espaçamento máximo dos varões da armadura longitudinal de vigas (cm).
O recobrimento mínimo deve ser adoptado de acordo com o diâmetro dos varões e o risco da
corrosão (ver quadros IV e V).
moderadamente agressivos
muito agressivos
paredes
cascas
lajes
B35 B50
B40 B55
CLASSE DE BETÃO
CONDIÇÕES
B15, B20, B25 B30, B35, B40 B45, B50, B55
AMBIENTAIS
paredes paredes paredes
em geral lajes em geral lajes em geral lajes
cascas cascas cascas
ambiente pouco
agressivo 2.0 1.5 1.5 1.5 1.5 1.5
ambiente
moderadamente 3.0 2.5 2.5 2.0 2.0 1.5
agressivo
ambiente muito
agressivo 4.0 3.5 3.5 3.0 3.0 2.5
O recobrimento mínimo da armadura deve ainda ser limitado pelo diâmetro dos varões (ou
agrupamento).
< 600mm
d-x
s > 100mm
O REBAP fixa, no art.º 92, os valores da translação, que dependem do valor de cálculo e do
tipo de armadura do esforço transverso actuante, VSd .
2 2
VSd ≤ τ 2 bw d VSd > τ 2 bw d
3 3
2
A diminuição dos valores de a l , quando VSd > τ 2 bw d , resulta de termos uma grande parcela
3
de esforços transversos a ser coberta pela armadura.
Vsd2
-
Mmáx
Vsd1 a
b a
a a
a
b
+
Mmáx
Os varões dispensados devem ser prolongados para além da secção em que o diagrama o
permita dos comprimentos de amarração definidos nos artigos 81º e 82º do REBAP.
b, mín.
b, net
-
Mmáx
b a
a a
a
b
+
Mmáx
b, net
As ,cal
l b, net = l b α .1
As ,ef
Onde:
φ f syd
lb = .
4 f bd
e em que:
proporcionalidade .
O REBAP, no art.º 93, prevê que sejam mantidos até ao apoio das vigas pelo menos ¼ da
armadura máxima de tracção, devendo esta armadura ser capaz de absorver o esforço
al
Fs = Vsd
d
Fs
Vsd ⋅ a l = Fs ⋅ z
Z
Vsd al
Fs = Vsd ⋅
d
Fs
Vsd
a a
b
2/3 b, net b
a> 3 a> b, net
10Ø
Apoio de encastramento
Apoio de continuidade
a a
As1 As2
As,ap
2/3 b, net 2/3 b, net
a> a>
10Ø 10Ø
a
b,net a
b,net
d
b
a b,net
d
b
Apoio de continuidade
aço endurecido
aço macio
micro-fissuração
na zona de curvatura
biela comprimida
3º- garantir a não ocorrência de fendilhação com destacamento do betão no plano de um laço
de ancoragem.
PLANTA
ALÇADO
>3Ø início da ancoragem
F 2F
C1
d
Ø
F 2F
C2 C>3Ø>3cm
No caso de armaduras ordinárias, formando laços, o diâmetro de dobragem não deve ser
inferior ao dado por:
φ σ ssd
d = (0,7 + 1,4 ). .φ
α 1,5 f cd
Em que:
α – menor dos valores: distância entre o plano do laço e a face da peça e a distância
entre o plano do laço e o plano do laço vizinho.
CASO GERAL
ESTRIBO LAÇO
D2=20Ø=500mm
>50mm Ø8
Ø25
D1=8Ø=200mm
D1=5Ø=40mm D3
Ø25mm
a ) VARÕES INCLINADOS
Seria uma solução ideal, pois permitiria a utilização das barras de flexão longitudinal
dispensadas e a sua colocação perpendicular em relação à direcção das fissuras, mas apresenta
o grande inconveniente de originar a fendilhação das bielas de betão que nelas se apoiam.
fenda de esforço
transverso
Zs
Fig. 14 – Varões inclinados são pouco adequados para dar apoio às bielas de compressão inclinadas.
O regulamento recomenda que no caso da sua utilização seja atribuída aos estribos um valor
elevado do esforço transverso atribuído às armaduras (aproximadamente 2/3 do valor a
absorver por armaduras transversais).
b) ESTRIBOS VERTICAIS
c) ESTRIBOS INCLINADOS.
Teoricamente são o ideal para o esforço transverso, controlam melhor a abertura de fendas,
diminuem o valor dos esforços de compressão nas bielas de betão e o valor do deslocamento
do diagrama dos esforços de tracção.
ABERTURA DE FENDAS
0.80
a
0.70 b a
0.60
0.50 b
c
0.40
0.30 c
d
0.20
0.10 d
0
carregamento
Fig. 15 – Largura média das fendas por esforço transverso para diversos tipos de armaduras transversais.
As vigas devem ser armadas ao longo de todo o vão com estribos que abranjam a totalidade
da sua altura, os quais devem envolver a armadura longitudinal de tracção e compressão,
quando esta seja considerada como resistente.
A distância entre dois ramos consecutivos não deve exceder a altura útil da viga, nem 60cm.
Asw
ρw = × 100
bw s sen α
Em que:
ρ w toma os seguintes valores: 0,16 para o aço A225, 0,10 para o aço A400 e 0,08 para o aço
A500.
armaduras
transversais
a b c d
armaduras
transversais
e f g h i
Na figura 16 estão representadas formas de estribos. O estribo se for armado numa zona que
está sempre à compressão, não necessita ser fechado (caso a) e termina em gancho, podendo
terminar em cotovelo (caso b) para varões de alta aderência.
As soluções g), h) e i), são soluções que nos permitem garantir uma melhor transmissão de
momentos viga/laje.
grandes secções
2
Se VSd ≤ τ 2 bw d , s < 0,9d (1 + cotgα )
3
2 1
Se VSd > τ 2 bw d , s < 0,9d (1 + cotgα )
3 2
A armadura mais favorável seria constituída por uma hélice com inclinação a 45º em relação
ao eixo da peça, no entanto este tipo de armadura, para além da dificuldade de execução.
Apresenta a desvantagem de só trabalhar num sentido de torção, por esse motivo é normal que
a armadura de torção seja constituída por cintas fechadas e varões longitudinais.
(recomendável 10 a 20 cm)
<35cm
t<30cm
>1
0Ø
O REBAP, define para espaçamento entre cintas, um valor que não deve exceder 1/8 uef, nem
30 cm, sendo uef, o perímetro da linha média da secção oca eficaz, definida no Art.º 55. Por
outro lado os varões da armadura longitudinal de torção devem ser colocados ao longo do
contorno interior das cintas, com um espaçamento máximo de 35 cm, devendo em cada
vértice do contorno existir pelo menos um varão.
O REBAP, no art. 96º, impõe nas vigas de altura superior a 1 m, seja disposta uma armadura
na alma, constituída por varões colocados junto às faces laterais da viga e distribuídas ao
longo da altura da secção transversal, na sua zona traccionada, a qual deve ter em cada face,
uma área total não inferior a 4% da área da secção da armadura longitudinal.
A armadura principal deve ser colocada numa zona com cerca de 0,2 d.
hw (mm)
800
m m m
m m 4m
0 .1 0.2 0.
600 k= k= k=
W W W
400
200
x2
L. N.
h-x2
hw
Em vigas com banzo é necessário assegurar a ligação banzo/alma, (quer se trate de uma zona
à tracção ou à compressão), com armaduras horizontais perpendiculares ao plano de flexão.
Estas armaduras, deverão absorver as forças de corte que se desenvolvem na ligação da aba ao
banzo (e deverão ser dimensionadas pela “regra das costuras”).
No caso de não existir uma junta de betonagem na zona de corte, pode dispensar-se o
dimensionamento, desde que a área da sua secção não seja inferior a metade da área total da
secção dos estribos e tenha o mesmo espaçamento destes.
80
HS 5 Fe=10.3 cm2
60
40
Abertura das fendas
[1/100mm]
20
HQ 2 Fe=10.2 cm2
0
0 10 20 30 40 50
P P
Carga 2P [Mp]
No apoio de uma viga secundária numa viga principal, a transmissão das acções faz-se na
parte inferior, através de bielas de compressão, o que se torna necessário a utilização de uma
armadura de suspensão que transmita a reacção aos membros comprimidos da viga principal.
Esta armadura de suspensão deve ser realizada por estribos adicionais na viga principal, cuja
secção seja suficiente para absorver a força de reacção de apoio da viga secundária, ou seja:
Rsd
As ,est =
f syd
1 2
esquema estático
1/2R
1
R R
1 2 2
1/2R
Fig. 22 – Transmissão de carga da viga secundária à viga principal é feita na parte inferior desta.
Estes estribos devem ser distribuídos na zona de intersecção das duas vigas, zona que pode
estender-se ao longo da viga principal, para um e para outro lado da viga secundária, de um
comprimento igual ao maior dos valores b2/2 e h1/2, sendo b2 a largura da viga secundária e h1
a altura da viga principal. No caso de vigas de alturas diferentes, a área da secção dos estribos
de suspensão pode ser reduzida na relação h2/h1, no caso de as vigas terem as faces superiores
ao mesmo nível.
h1/2>b2/2 h1/2>b2/2
viga 1
b1
h2/2>b1/2
zona de cruzamento V1, V2
viga 2
h1, h2 - altura de V1, V2
b2
As armaduras longitudinais da viga secundária que termina na viga principal, devem ser
amarradas nesta, segundo as regras do art.º 93.
2 2
esquema estático
corte a-a1
a
h2
2 1 2 1 2
h1
a1
estribos de suspensão
esquema estático
corte a-a1
a
h2
1 2 1 2
h1
a1
estribos de suspensão
No caso de cargas aplicadas à parte inferior das vigas ( por exemplo, quando a nervura está
para a parte de cima da laje, deve dispor-se uma armadura de suspensão ligando a zona de
aplicação da carga à parte superior da viga, onde deve ser amarrada.
armadura de
suspensão
laje
A área da armadura de suspensão deve ser dimensionada para absorver a totalidade da carga
em causa.
No caso de uma viga invertida, com laje inferior, esta deve ser tratada como suspensa.
a)
Db
U
b) U Db
secção transversal
Db Db
estribos para
M U=2.Db.sen. /2
Z Z
A solução de pormenor a adoptar na absorção das forças de desvio, que se formam em barras
traccionadas de cantos reentrantes, depende da intensidade dessas forças e da geometria do
problema. As figuras ilustram várias soluções usuais em vigas.
Fc
b,net
Fs
h>50cm
estribos de canto
dispostos em leque
Fc Fs
Fig. 28 – Armadura de nós de pórticos com grandes dimensões, sob acção de momento positivo.
Fc
Fc Fs
Fs
CAPÍTULO VII
APLICAÇÕES NUMÈRICAS
PROBLEMA 1
Resolução:
Assim da igualdade
(1) = (2) (=) Fc.z = Fs.z ó Fc = Fs
Em que:
Fc - Resultante das tensões de compressão.
Fc - Resultante das tensões de tracção.
z - Braço do binário realizado entre as forças de compressão e tracção.
Dados:
0,006 0,014
α’ 0,01 αf = 0,258 + α’
α’ = 0,0043 αf = 0,262
Pela equação (1) :
0,262d = x ⇔ x = 0,108
Analisando na viga através da parábola + rectângulo a respectiva situação se
0,85 fcd
y x
Fc
d
Z=d- y x
Fs
αf =0,262
Ζ = d - λx (3)
Como αf = 0,262 estamos então no domínio 3 já que 0,52 <0,617 por este motivo temos:
Logo
Fc=247,1 KN
Calculo de Mrd
Mrd tirado pelo diagrama rectangular é aproximadamente igual ao valor tirado pelo diagrama
parábola + rectângulo.
ANEXO II
PROBLEMA 2.4
0,2
0,2
0,75
0,35
0,25
RESOLUÇÃO:
Conforme foi analisado nos problemas anteriores e já que não foi dado o valor do
esforço transverso actuante na secção, adopta-se para o esforço transverso o valor da
armadura mínima. (art.º 91 do REBAP)
Assim temos,
0,35
0,85 fcd
0,8
Fc
0,70
Z = d - 0,4x
As
Fs
0,25
• Na flexão simples
• Fc = Fs (1)
• z = d – 0,4x
Resultante das tensões de tracção considerando σs = fsyd que no caso em estudo para o
Msd = z * Fc
400 = z * 3,1654x * 103 sendo Z = d – 0,4x ⇔ Z = 0,7 – 0,4x
Valor de x da LN = 0,208 m
Assim temos:
Embora a armadura não seja muito alta poderá melhorar-se a quantidade de armadura
considerando a peça dividida em 3 zonas conforme as assinaladas na figura
Zona 1
Zona 2
Zona 3
Da analise da peça é previsível que a linha neutra se situa na zona 1, daí que no
diagrama rectangular se considere em vez de 0,85 fcd, 0,8 fcd devido à secção estreitar no
sentido das fibras que sofrem maiores deformações.
0,20
b
M
0,20 0,05
x y
donde se tira:
0,20 y = 0,05 * x
y = 0,05x ⇔ y = 0,25x
0,20
0,8 fcd
0,8x
Fc
Z = d - 0,4x
As
Fs
2 2
A = 0,28x + 0,16x2
Calculo da força Fc
Fc = 2979,2x + 1702,4x2
Calculo de z
C3
C1 C1 h
bM
XG = h . ( b + 2 bm )
3 b + bm
donde
XG = 0,28x + 0,21x2
0,7 + 0,4x
Como M = Z * Fc temos:
X(m) MKNm
0,20 409,94
0,19 390,1
0,195 400,03
Assim como era de esperar a linha neutra está na zona 1. Logo adopta-se x = 0,195
Calculo agora de Fc
εs = 10% ⇔
xG d - xG
εs = 10% * (0,195) ⇔
0,70 – 0,195
εs = 3,38%
Armadura mínima
Asmin = ρbd ⇔ Asmin = 0,12 *0,25 * 0,7 *104 ⇔ Asmin = 2,1 cm2
100 100
Armadura máxima
Pormenorização da armadura:
φ est = φ 8
logo s = 8,8 cm
4 Ø 22
Pormenor da Armadura
10 Ø 10
0,75
Est. Ø 8
0,25
4 Ø 22
ANEXO III
PROBLEMA 2.5
0,55
0,25
RESOLUÇÃO:
a)
0,85 fcd
0,8 x Fc
d
Z = d - 0,4x
Fs
Flexão simples
Msd = Fc . z (1)
Fc = As . σs (2)
Como também
Msd = Fs . z (4)
Varão
Estribo
Msd = Fc . z
x2 = 0,187 m
εc
d-x
εs
εc = εc
d–x x
εs = 3,5%
0,50 – 0,187 0,187
εs = 5,86%
εs < 10%
Do aço A500 temos εsyd ≅ 2,16% logo εs > εsyd
Calculo da armadura:
Fc = 422,81 KN
Fc = Fs donde:
Z = 0,4252 cm
s = 30 cm
Nas zonas em que 1/6 τ2 bwd < Vsd < 2/3 τ2 bwd
εc 0,85 fcd
λ
Fc
d
h
Z=d-λ
d-
εs Fs
(5,86%)
b
εc = εs
x d-x
α = xd (1)
Msd = Fc . z (2)
z = d - λx
Calculo de λ:
temos λ = 0,472
Substituindo em (2)
180 = Fc * 0,412
180 = Fc ⇔ Fc = 436,89 KN
0,412
Como Fs = As . fsyd ∧ Fs = Fc
436,89 = As
435 x 103
10,04 cm2 = As
Verificação z ≅ 0,9 d
z = 0,9 * 0,50
z = 0,45 como z = 0,41 está em conformidade
Asmax = 0,04 * b * d
Assim
Vamos então optar pela armadura calculada já que ela é superior à armadura mínima e
inferior à máxima.
Atendendo ao art.º 77.2 do REBAP que nos diz que no caso de armaduras ordinárias a
distância livre entre varões não deve ser inferior ao maior diâmetro dos varões em causa.
Temos:
0,035 > 0,020 (com um máximo 30 cm)
Pormenor da Armadura.
Ø 8 estribo
2 Ø 10 (armadura mínima)
2 Ø 8 (armadura construtiva)
rec 2,5 cm
0,55
Est. Ø 8
4 Ø 20
0,25
ANEXO IV
PROBLEMA 2.7
1,00
0,15
1,00 = d
As
0,30
Resolução:
1) Características da secção
b = 1,00 m
bw = 0,30 m
hf = 0,15 m
d = 1,00 m
µsd = 0,075
Pagina 100
1,00
0,85 fcd
0,15
X 0,8 x
Fc
1,00 1,00
1,00 Fs
εc
εs
Fs = As . σs
1000 = x
0,85. 13,3 .0,8 x 10-3
1 = x ⇔ x = 0.11 m
0,85 *13,3 * 0,8
Então temos:
α=x *d
α = 0,11 * 1 ⇔ α = 0,11
As = 22,9 cm2
Art.º 90 do REBAP
As = 22,9 cm2
Adoptam-se 5 φ 25 ou 8 φ 20
ρW = Asw x 100
bw * s * senα
ρW = 0,08 % no caso do A500
bw = 0,25
1.ª Hipotese
Vsd ≤ 1 τ2 bw d
6
b ≤ 0,9 d com um máximo de 30 cm
2.ª Hipotese
3.ª Hipotese
Assim atendendo a
(Asw)/ramo = 1 cm2/m
s
Assim atendendo ao art.º 94.1, não deve exceder a altura útil da viga com o máximo de 60
cm.
Adoptam-se então estribos de φ8 afastados de 20 cm com 2 ramos (Asw ≅ 1,00 cm2)
Pormenor da Armadura para As =22,9 cm2 no fim da resolução do exercício.
Em casos correntes a verificação de uma viga em T pode ser realizada como se tratasse de
uma viga rectangular com largura igual à largura do banzo. Poderão portanto utilizar todo o
processo de calculo das vigas rectangulares bastando verificar se alinha neutra não sai for ado
banzo, isto é α ≤ hf/d, sendo hf a espessura do banzo .
µ=0,688 hf (1-0,416 hf )
d d
W = 0,688 hf
d
Para valores superiores a estes ter-se-á α> hf a linha neutra estará fora do banzo.
d
Nestes casos pode-se desprezar o comprimento da alma da viga para a absorção de forças de
compressão o que corresponde a tomar b =∝
bw
b= Largura do banzo
bw = Largura da alma
Mrd = 0,85 fcd * bhf (d- 0,5 hf) para valores de momentos inferiores a este poder-se-á
determinar a armadura necessária admitindo que o aço está na cedência por:
As= Mdr
fsy (d-0,5 hf)
bw = 0,30 m
b = 1,0 m
d = 1,0 m
h = 0,15 m
µ = 0,688 hf (1-0,416 hf )
d d
µ = 0,688 * 0,15 (1-0,416 * 0,15)
1 1
µ = 0,097
w = 0,688 hf
d
w = 0,103
Pode então ser considerada como viga rectangular, já que µ < 0,097 e w < 0,103
Assim, utilizamos as formulas simplificadas das vigas rectangulares com µ < 0,35
Temos:
W’= 0
W = µ (1+ µ )
W= 0,075 (1+ 0,075 ) ⇔ W= 0,0806
Atendendo a que
W = As fsyd
bd fcd
As = W . bd . fcd ⇔ As= 0,0806 *1* 1* 13,3 x 103
Fsyd 435 x 103
As= 2,46 x 10 –3 ⇔ As= 24,6 cm2
Pormenor da Armadura
12 Ø 12
EST. Ø 8 // 0.20
1,00
0,15
4Ø8
EST. Ø 8 // 0.20
0,30 5 Ø 25
ANEXO V
PROBLEMA 4
f
de
0,60
0,40
Resolução:
Trd = Tcd + Ttd (1) entraremos em linha de conta com o menor dos valores
Ttd = 2 Aef Asf fsyd (4); Ted = 2 Aef Asl fsyd (5)
s µef
Calculo Aef
def
(secção eficaz)
O momento torsor resistente vem pelo menor valor de Trd tirado pela expressão (1), (5) e (6)
Pormenor da Armadura
3 Ø 12
EST. Ø 8 // 0.175
8 Ø 12
0,40
ANEXO VI
PROBLEMA 4.6
0,60
0,30
Resolução:
art.º 55
Para que o problema tenha solução é necessário verificar que Tsd ≤ Trd
Assim temos substituído em (6)
- Cálculos def
Recobrimento 3 cm
Temos:
- Cálculo de hef
Cálculo Aef:
Calculo de µef
Perímetro da secção
def
Cálculo de h1
Da expressão (1)
Da expressão (4)
Armadura longitudinal
4 φ 10 + 4 φ 8 (5,15 cm2)
Pormenor da Armadura
2 Ø 12
EST. Ø 6 // 0.15
0,60
2Ø8
4 Ø 12
0,30
ANEXO VII
PROBLEMA DO TESTE 22/05/86 (T1)
Q 0,30
Cp 0,25
0,75
Q/2
0,20
6,50
0,55
Dados:
B25 A500
Pp = 30 KN/m h = 0.75
Q = 20 KN/m
Vigas / Aplicações Numéricas Capítulo VII – 44/84
Estruturas Betão Armado
γg = 1,35 γq = 1.5
com 0 ≤ x ≤ 6,5
Diagrama de Momentos Flectores
6,50 m
A B
243,2 KNm
W’ = 0
W = µ (1 + µ) ⇔ W = 0,149 (1 + 0,149) ⇔ W = 0,171
W = As . fsyd
bd fcd
6 φ 16 = 12,06 cm2
0,85 fcd
0,8 x
Fc
Z = d - 0,4x
Fs
Fc = Fs
0,8 x * 0,85 fcd * b = Fc ⇔
x= Fc
0,8.0,85fcd.b
x= 524,6
0,8*0,85*13,3*103*0,3
Mrd > Msd logo a secção é a correcta equivalente à solicitada já que xLN = 0,193
Asmax = 84 cm2
Vrdmax = 840 KN
Vwd = Vsd – Vcd ⇔ Vwd = 180,4 – 136,5 ⇔ Vwd = 43,9 KN (art.º 53.3)
então toma-se Asw = 2,4 cm2/m como temos estribos de 2 ramos ( Asw ) = 1,2 cm2/m
s s
Vamos considerar t 2 = 0,20 afastamento dos estribos considerando estribos de 2 ramos temos:
( Asw ) = 2,4 ⇔ ( Asw ) = 1,2 cm2/m teremos então:
s /ramo 2 s
4 φ 8 /m → 2,01 cm2/m logo o afastamento não é 0,20 mas 0,25 φ 8 af. 0,20
b) os varões estão em condições de boa aderência, dai que, atendendo ao art.º 93 REBAP
temos:
Fsd = Vsd
As = 4,15 cm2
lb = φ fswd (2)
4 fbd
lb, o valor de fbd é retirado do art.º 80, que no nosso caso é varões de alta aderência no caso
10 φ = 10 * 0,016 ⇔ 10 φ = 0,16 m
como lb ≅ 0,18
Q 0,25
2
Q
2
As
0,20
d
- Cálculo de carga R
R = γq . Q ⇔ R = 1,5 . 20 ⇔ R = 15 KN
2 2
- Cálculo do momento
W’ = 0
W = µ. (1 + µ) ⇔
W = 0,013 * 1,013 ⇔
W ≅ 0,013
- Cálculo da armadura
Dimensionamento por/m
Q = 10 KN
2
Asw = F (1)
s fsyd
Zona central:
Sendo a armadura de suspensão inferior à mínima, adopta-se a mínima, logo
Est. φ 8 af. 0,25
Armadura de ligação do banzo à alma pelo art.º 97 fica dispensado o cálculo de
armadura, colocando armadura no banzo igual à da alma.
0,30
0,25
0,75 10 KN
0,25
0,55
6 φ 16 (12,06 cm2)
Msd = 0
Vsd = 180,4 KN
O REBAP no seu art.º 55, refere que para secções em L, no caso do banzo ser muito
esbelto, relativo à alma, poderá esta não ser considerada para a determinação do momento
torsor resistente. No mesmo artigo refere que sendo a espessura de hef diferente de rectângulo
para rectângulo, deve considerar-se o menor valor hef para o cálculo de Tcd e para a definição
do limite superior Trd.
def
1 0,75 2
def 0,25
0,55
Se calcularmos Trd com hef(2) e Aef(2) e se obtiver um valor inferior ao obtido considerando
hef(1) e Aef(1), deve desprezar-se a contribuição do banzo.
hef = 0,038 m
Aef = 0,183 m2
Como Trd para a secção 1 é maior que Trd 2, deve desprezar-se a contribuição do banzo
Assim temos:
hef = 0,038 m
Aef = 0,163 m²
µef = 1,884 m
Vsd = 180,4 KN
Cálculo
τv = Vsd (1)
bwd
τt = Tsd (2)
2 hef Aef
Substituindo em (1)
τv = 180,4 ⇔
0,3 * 0,7
τv = 859,04 KN/m2
Substituindo em (2)
τt = 19,5 ⇔
2 * 0,038 * 0,163
τt = 1574,1 KN/m2
τv + τt > τ1 (3)
Verificação da segurança
Vrdmax = τ2 bd ( τv )
τv + τt
Vrdmax = 353, 06 KN
Trdmax = 2τ2 ( τt ) . hef . Aef
τv + τt
Logo fica garantida a segurança das escoras da treliça, logo é possível atendendo à expressão
(3) e ao art.º 56 a)
Logo
Logo:
Ttd = Tsd
(Ast ) = Tsd ⇔
s 2.Aef. fsyd
( Ast ) = 19,5_____
s 2*0,163*435*103
Vsd al = 4,15
fsyd d
Logo:
Pormenor da Armadura
0,30 2 Ø 12 + 1 Ø 8
2 est. Ø 8 // 0,25
3 Ø 12
0,75
0,20
0,55 6 Ø 16
ANEXO VIII
PROBLEMA 6
Sc
Cp
0,65
6,50
0,35
SECÇÃO A - A'
Dados:
Cp = 15 KN/m
Sc = 25 KN/m
Ψc= 0,6
Ambiente pouco agressivo
Resolução:
Sobrecarga – 25 KN/m
Recobrimento – 5 cm
W’ = 0
W = µ . (1 + µ ) ⇔ W = 0,223
Calculo da armadura
Sd = Gm + ΨQk + Σ Ψ2 Qjk
Acções:
Gm = 15 KN/m
Qk = 25 KN/m
Ψ = 0,6
Sd = 15 + 0,6 . 25 ⇔ Sd = 30 KN/m
Calculo do Momento:
σ fctm
σ = M.v
I
Pelo art.º 16 do REBAP temos que o valor médio da tensão de rotura do betão à tracção
simples (fctm) para um B25 é 2,2 MPa (Quadro II)
Pode-se no entanto estimar o valor de fctm (Flexão) atendendo ao mesmo Art.º que nos diz
que:
Substituindo em (1)
εs σs
- Fs = As . σs
- σs = Es . εs
Fs = As . Es . εs
Substituindo a área de armadura por uma equivalente de betão (que absorva a mesma força
calculada em 1)
Fc’ = As’ . Ec . εs
xG
0,35
Calculo de X G
xG = 0,326 m
I = 0,35 * 0,653 + 0,35 * 0,65 * (0,326 – 0,65)2 + 14,73 * 10-4 * (0,60 – 0,326)2 * 0,35
12 2
I = 8,01 * 10-3 + 2 * 10-7 + 2,92 * 10-5
I = 8,1 *10-3m4
I x G = 0,0081 m4
Pode-se notar então que houve uma ligeira subida em relação ao Mcr sem a contabilização de
armadura e com a contabilização da mesma, o que era de esperar já que o centro de gravidade
(xG; desceu 0,026m)
εc σc2 = fctm
εs σs
σc1 = fctm
α . 2,2 . ( d – h )
σs = 2 .
h
2
b
εc2
Fc
εs σs As
Ft
εc1
Fc = b * x * εc2 * Ec,
como Fc = Fs temos:
Fs = Es * εs * As
bx εc2 . Ec = Es εs As (1)
2
bx * εs * x * Ec = Es * εs * As
2 d–x
I = bx3 + α As (d – x)2
3
I = 0,0024m4
σc2 = -Mcr x
III
σc1 = α Mcr (d – x)
III
Cálculo dos Cc e Cs
β=0
εs = M
N
Como a peça não está sujeita a esforço axial temos N = 0, se N = 0 então εs = ∞
αρ Cc Cs
0,05 8.14 21.98
0,0564
0,06 7.60 18.46
Cc = 7,79
Cs = 19,76
Substituindo em (4):
Substituindo em (3):
εc 9,8
εs
171,4
M
(KNm)
211,25
158,44
54,22
Wk = 1,7 Wm
Wm = Srm . esm
0,35
Ø 8 estribo
3 Ø 25
C = rec + Ø est
S = Min { b – 2 * c – Øv ; 15Ø}
2
C = 3 + 0,8 = 3,8 cm
Considerando S= 0,125
De acordo com o art.º 91 o espaçamento máximo das armaduras longitudinais será para o aço
A500 10cm, o que não despensa a verificação do limite de abertura de fendas.
ε2
Ø7,5
ε1
16 cm
0,65
d1
0,35
Calculo de d1
d1 = 3,8 + Ø + 7,5 Ø
d1 = 23,8 cm
-4
3,4 x 10
0,60
ε2
-4 d1
8,6 x 10
ε1
Calculo de e1 :
Calculo de e2:
e1 = 4,66 x 10-4
? 2 = 0,25 e1 + e2
2 e1
? 2 = 0,25 (9,38 * 10-4 + 4,66 * 10-4)
2 * 9,38 * 10-4
? 2 = 0,187
No caso de flexão simples para secções baixas poder-se-á considerar e2 = 0, pelo que:
ρr = As
Acr
Acr = 0,35 x 0,24 <=> Acr = 0,084 cm2 <=> Acr = 840 cm2
Vigas / Aplicações Numéricas Capítulo VII – 81/84
Estruturas Betão Armado
Vamos então calcular a distância média entre fendas (art.º 70.2 do REBAP)
Srm = 2 ( c + s ) + ? 1 . ? 2 Ø
10 ρr
c – recobrimento (3,8 cm)
s – toma-se 10 cm já que para ambientes pouco agressivos e com A500 temos espaçamento
máximo dos varões 10 cm.
Calculo de Srm:
es2 = s s [ 1 – ß1 ß2 ( s sr )2 ] (1)
Es ss
É necessário verificar se a extensão média é ou não inferior a (2) 0,4 s s/Es, pois em caso
algum isto poderá acontecer. Feita a analise da formula anterior teremos que verificar se c
comparando (1) com (2)
s s = 171,4 MPa
Assim pelo art.º 70.1 REBAP vamos calcular o valor médio da largura de fendas
Wm = Srm . esm
Wm = 202,9 * 8,57 * 10-4 <=> Wm = 0,174 mm
Do art.º 68.2 do REBAP Quadro VIII em ambiente pouco agressivo para combinações de
acções frequentes temos w = 0,3 mm como 0,29 < 0,3 está verificado e estado limite de
abertura de fendas.
Anexo
• Calculo do valor de µ :
µ = Mrd
b d2 f cd
sendo:
Mrd o momento actuante na secção
b a largura da secção
d a altura útil da viga
fcd é a tensão de rotura do betão à compressão dado do Artº 19 quadro IV do REBAP e
que depende do tipo de betão.
ω = ω’+0.41
BIBLIOGRAFIA
Lima, J. d’Arga e, Coelho, A. Teixeira, Monteiro, Victor (1977). Manual de Betão Armado.
Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Lima, J. d’Arga e, Monteiro, Vitor e Pipa, Manuel (1989). Esforços Transversos, de Torção e
de Punçoamento. Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Lima, J. d’Arga e, Monteiro, Vitor e Nun, Mary (1985). Esforços Normais e de Flexão.
Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Índices e Bibliografia XI