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CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DE MEIO AMBIENTE – CONDEMA

RESOLUÇÃO Nº 002/2011

Aprova o Manual de Orientação Técnica de


Arborização de Mossoró (MAM).

O Conselho Municipal de Defesa de Meio Ambiente (CONDEMA), no uso das


atribuições que lhe são conferidas pelo art. 118, incisos V, VII, XVII e XVIII da
Lei Complementar nº 026/2008

CONSIDERANDO;

A necessidade de estabelecimento de normas técnicas pelas instancias


responsáveis da Prefeitura Municipal de Mossoró, necessárias à adequada
implantação e manejo da arborização no espaço público, visando prevenir
distorções causadas pela arborização não planejada;

Que uma boa arborização é essencial à qualidade da vida humana local, e


assim está sujeita às limitações administrativas para permanente preservação,
a vegetação de porte arbóreo existente no município, nos termos e de acordo
com a Lei Complementar n° ......./2021 – Dispõe sobre o Plano Diretor de
Arborização de Mossoró, Lei Complementar n° 026/2008 – Código Municipal de
Meio Ambiente, e Lei Complementar n° 012/2006 – Plano Diretor de Mossoró.

Que o Manual de Orientação Técnica de Arborização de Mossoró criado pela


Lei Complementar nº........./2021 é instrumento do Plano Diretor de Arborização
de Mossoró (PDAM), que compete a este Conselho a sua regulamentação;

R E S O L V E:

Art. 1º. Fica aprovado o Manual de Orientação Técnica de


Arborização de Mossoró (MAM), instituído pela Lei Complementar nº......./2021
estabelecendo parâmetros para implantação e manejo da arborização urbana,
nos termos do Anexo Único desta Resolução.

Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação,


revogadas as disposições em contrário.

Sala de Seções do Conselho Municipal de Defesa de Meio


Ambiente (CONDEMA), em .... de ........... de 2021.

Presidente do Conselho
ANEXO ÚNICO À RESOLUÇÃO CONDEMA Nº 002/2021

MANUAL DE ORIENTAÇÃO TÉCNICA DE ARBORIZAÇÃO DE


MOSSORÓ - MAM

1. Introdução

A implantação da arborização não significa simplesmente plantar uma árvore


em um espaço qualquer. Ela envolve ações de Educação Ambiental,
estratégias de conscientização e mobilização comunitária, aspectos político
administrativos, legislação e planejamento. Exige também conhecimentos
básicos agronômicos e florestais a serem utilizadas na introdução,
desenvolvimento, consolidação e manutenção da arborização no meio urbano
e rural.

Uma arborização bem-sucedida, ao mesmo tempo em que espelha a cultura e


o grau de civilidade de uma cidade, constitui-se num dos mais sólidos
elementos de sua valorização. Assim, surge a necessidade do Plano Diretor de
Arborização ser condizente às condições urbanas e naturais existentes no
ambiente a ser aplicado.

Nesse sentido, as árvores possuem uma função nas cidades que vai além do
aspecto paisagístico e de embelezamento estético: elas proporcionam
benefícios à população absorvendo parte dos raios solares e da poluição
atmosférica, oferecendo sombreamento, auxiliando na diminuição da poluição
sonora, proporcionando melhor conforto térmico, além de, associada à flora
nativa, contribuir para a conservação da biodiversidade local.

Portanto, considerando que o município de Mossoró está exposto às condições


do semiárido, que se caracteriza por altas temperaturas e baixa umidade; que o
município se insere completamente na Caatinga, considerado um dos mais
fragilizados biomas brasileiros; e de que as árvores têm potencial para a
mitigação desses problemas, é que se propõe o Plano Diretor de Arborização
para o município de Mossoró no estado do Rio Grande do Norte.

2. Princípios do Plano de Arborização

A arborização bem planejada é importante, pois torna-se mais fácil implantar


quando se tem um planejamento adequado a realidade em que se encontra a
cidade. Caso contrário, a arborização passa a ter um caráter de remediação,
que se caracteriza pelo plantio indiscriminado de mudas e pelo excesso de
podas e de supressões.

O conhecimento das características e condições do ambiente urbano é uma


pré-condição ao sucesso da arborização. Daí surge a necessidade da
elaboração de procedimentos técnicos para uma paisagem urbana sadia e sem
conflitos com equipamentos públicos, como fiação, rede de água e esgoto,
calçadas, postes, sinalizações e edificações.

O Plano de Arborização deve definir critérios para o planejamento, a


implantação e o manejo da arborização, promovendo-a como um instrumento
de desenvolvimento do município, de melhoria na qualidade de vida e de
conservação biológica.

As orientações do Plano devem abranger não apenas a realidade das zonas


urbanas, mas também das zonas de expansão urbana e rural, envolvendo a
população na manutenção e na preservação da arborização urbana.

Por fim, também deve estabelecer critérios técnicos de monitoramento para os


órgãos públicos e privados cujas atividades tenham reflexos na arborização
urbana.

Responsabilidade sobre a arborização

Promover a qualidade ambiental salutar à população é de responsabilidade do


Poder Público. A arborização, nesse sentido, desempenha papel fundamental
na manutenção desta qualidade nos ambientes urbanizados, de forma que a
responsabilidade pela autorização para interferências (poda, corte etc.) na
arborização da cidade pertence ao município.

Por arborização urbana se entende como toda a população de espécies


arbóreas existentes nas vias e lugares de domínio público, ou seja, ruas,
avenidas, praças etc.; excluindo-se assim as árvores em áreas particulares,
cuja responsabilidade é do proprietário. Todavia, a árvore trata-se de um
elemento de interesse público, sendo qualquer intervenção a ser realizada em
árvore localizada dentro de propriedade privada passível de autorização do
Poder Público.

3. Implantação da arborização em vias públicas

O planejamento da arborização urbana deve considerar dois critérios básicos: o


espaço disponível para a implantação e a espécie a ser implantada. Portanto
vários aspectos devem ser observados, tais como a largura das ruas e
passeios, presença de fiação elétrica e o tipo de raízes desenvolvidas. Em
relação a dimensão de elementos físicos (ruas, passeios etc.), critérios
estabelecidos no Plano diretor do município de Mossoró, devem ser
observados (Disponível em
https://www.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/RedeAvaliacao/Mossoro
_PlanoDiretorRN.pdf).
3.1. Largura das ruas e dos passeios

Não se recomenda arborizar em ruas estreitas, ou seja, aquelas com menos de


7 metros de largura. Quando estas se apresentam mais largas, deve-se
considerar ainda a largura dos passeios e a existência ou não de recuo das
casas para definição do porte da árvore a ser utilizada.

Para efeitos de padronização, nesse Plano foram definidos os intervalos de


altura das árvores, como mostra a Tabela 01.

Tabela 01: Definição do porte das árvores e seus respectivos intervalos


de altura.
Porte da árvore Comprimento na
fase adulta
Pequeno Até 5 metros
Médio De 5 a 10 metros
Grande A partir de 10 metros
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011

A arborização nas vias públicas ocorre predominantemente nos passeios, que


se caracterizam pelo uso exclusivo dos pedestres. Nesse sentido, esses
passeios devem oferecer condições adequadas ao livre trânsito da população,
inclusive para pessoas com necessidades especiais. Assim, as árvores devem
atender essas exigências para que haja harmonia com o meio urbano. A
definição do porte máximo das árvores a ser utilizado baseia-se nos aspectos
apresentados na Tabela 02:

Tabela 02: Indicação do porte máximo das árvores baseado na largura


dos passeios.
Largura do Recuo das Porte de árvore
Largura da rua
Passeio edificações (3m) Recomendado
Sem recuo -
Rua estreita (< 7m) < 3m
Com recuo Pequeno
Sem recuo Pequeno
< 3m
Com recuo Médio
Rua larga (> 7m)
Sem recuo Médio
> 3m
Com recuo Grande
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011

3.2. Fiação aérea

A presença de fiação aérea é um dos fatores mais importantes no


planejamento da arborização das ruas. A recomendação é que a rede de
energia elétrica aérea seja implantada apenas em um lado dos passeios e sob
elas é permitido apenas árvores de pequeno porte. Na ausência de fiação é
permitido o plantio de árvores de médio e grande porte, desde que se atenda
as recomendações deste Plano.
No caso de árvores já existentes e com porte inadequado para plantio sob
fiação, cujas copas estão em contato com a rede aérea, uma opção é implantar
soluções de engenharia, como redes isoladas, protegidas ou compactas, que
permitam melhor convivência com a arborização existente. Se a adoção de tais
práticas não for possível, técnicas adequadas de poda devem ser
implementadas sob a orientação de um técnico. Cabe ressaltar que palmeiras
nunca devem ser plantadas sob fiação elétrica, devido a não poderem ser
submetidas a poda.

3.3. Estabelecimento de canteiros e faixas permeáveis

Em volta das árvores plantadas deverá ser adotada uma área permeável, seja
na forma de canteiro, faixa ou piso drenante, que permita a infiltração de água
e a aeração do solo. As dimensões recomendadas para essas áreas não
impermeabilizadas, sempre que as características dos passeios ou canteiros
centrais permitirem, deverão ser de, no mínimo, 0,64 m² para árvores de
pequeno porte, de 1,00 m² para árvores de médio porte e de 2,00 m² para
árvores de grande porte, conforme Tabela 03. O espaço livre mínimo para o
trânsito de pedestre em passeios públicos deverá ser de 1,20 metros, conforme
NBR 9050/94, que estabelece regras de acessibilidade.

Tabela 03: Dimensionamento do espaço permeável em função do porte


da árvore

Porte da Altura (m), quando Espaço permeável


árvore adulto mínimo (m2)
Pequeno Até 5,0 0,64
Médio De 5,0 a 10,0 1,0
Grande Acima de 10,0 2,0
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011

3.4. Afastamento das árvores

A distância mínima em relação aos diversos tipos de equipamentos urbanos


existentes nas vias públicas deverá obedecer ao orientado na Tabela 04,
abaixo especificada:

Tabela 04: Distâncias mínimas entre as árvores e os equipamentos


urbanos presentes nas calçadas
Elementos físicos e equipamentos urbanos Distância mínima de acordo
com porte da
árvore
Pequeno Médio Grande
Porte Porte Porte
Caixa de inspeção, boca-de-lobo, poço de visita 2,0m 2,0m 3,0m
etc.
Espécies arbóreas1 5,0m 8,0m 12,0m
Esquina (confluência do alinhamento das guias) 5,0m 5,0m 5,0m
Fachadas de edificações 1,5m 2,4m 3,0m
Guia rebaixada 1,0m 1,0m 1,0m
Instalações aéreas (energia, telecomunicações etc)2 2,0m 2,0m 2,0m

Instalações subterrâneas (gás, água, energia, 1,0m 2,0m 2,0m


telecomunicações, esgoto, drenagem)
Meio-fio 0,5m 0,5m 0,5m
Mobiliário Urbano (bancas, cabines, guaritas, 2,0m 2,0m 3,0m
telefones públicos)
Placas de identificação e sinalizações 3,0m 3,0m 3,0m
Portas e portões de entrada 1,0m 1,0m 1,0m
Pontos de ônibus 4,0m 4,0m 4,0m
Postes de iluminação pública 4,0m 5,0m 7,0m
Semáforos 6,0m 8,0m 10,0m
Transformadores 5,0m 8,0m 12,0m
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011
1
No caso de distanciamento de espécies arbóreas de portes diferentes, deve-se usar a média
aritmética das distâncias adotadas. 2 Trata-se do distanciamento da copa.

3.5. Áreas livres públicas

São caracterizadas como áreas livres públicas as praças, os canteiros centrais,


as áreas remanescentes de desapropriação, parques e demais áreas verdes
destinadas à utilização pública. Nesses ambientes, pode-se utilizar árvores de
diversos portes, desde que observadas as distancias mínimas de
equipamentos e edificações existentes; devendo ser evitado o plantio de
árvores cuja incidência de copas possa apresentar perigo de derrama ou de
queda de frutos pesados e volumosos.

4. Arborização temática e espécies recomendadas

4.1. Arborização temática

O município de Mossoró situa-se completamente dentro da Caatinga, o único


bioma exclusivamente brasileiro e possuidor de um patrimônio biológico
inestimável. Além disso, a cidade localiza-se às margens do rio Apodi-Mossoró
e no mesmo ocorre a formação da Mata Ciliar. Ambas as formações vegetais
possuem conjunto de espécies distintas, as quais são adaptadas às condições
ambientais existentes.
Nesse contexto surge o conceito de Arborização Temática, em que as espécies
utilizadas devem obedecer à faixa de domínio de seus ecossistemas de
origem, mesmo dentro do ambiente urbanizado. Esse método, além de
personalizar a arborização utilizada, facilitará o estabelecimento de corredores
ecológicos, a polinização das espécies e a conservação da biodiversidade. A
faixa de domínio da Mata Ciliar, que se caracteriza pelo uso de espécies
características desse tipo de vegetação nas vias públicas inseridas nessa faixa,
deve se estender por 200 metros a partir da margem do rio Apodi-Mossoró,
diferenciando da faixa de domínio exclusivo da Caatinga, como demonstrado
no Figura 01. No que se refere a preservação da Mata Ciliar, deve-se seguir o
que orienta o Novo Código Florestal – Lei n. 12.651/2012.

Figura 01: Exemplo esquemático da proposta de arborização temática. A


arborização das vias públicas que se inserem dentro da faixa de 200
metros a partir do rio deve ser composta por espécies típicas da Mata
Ciliar da Caatinga.

Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011

4.2. Espécies recomendadas

A escolha das espécies deve privilegiar o uso de espécies nativas em razão da


adequação as condições de baixa precipitação na região Semiárida. As plantas
da Caatinga apresentam propriedades diversas que lhes permitem viver em
condições desfavoráveis, como baixa pluviosidade, clima seco, ventos fortes e
alta insolação. Apesar da aparência predominante da Caatinga ser composta
por árvores e arbustos retorcidos, existem muitas espécies lenhosas de porte
variado que podem ser utilizadas na arborização urbana e, diferente das
espécies exóticas, com o benefício de serem adaptadas às condições
ambientais locais, o que poderá repercutir no baixo custo de manutenção e
valorização da biodiversidade local.

A partir da análise do local, serão escolhidas as espécies adequadas para o


plantio no logradouro público, bem como será definido o seu espaçamento. As
espécies devem ter porte adequado ao espaço disponível e ter forma e
tamanho de copa compatíveis com o espaço disponível. Neste sentido, deve-se
obedecer a proporção de 20% com espécies exóticas e 80% com espécies
nativas de modo que estas correspondam a maior diversidade possível.

Assim, foi elaborada uma lista de espécies, nativas da Caatinga e da Mata


Ciliar norte-rio-grandense, recomendadas à arborização urbana do município
de Mossoró (Tabela 05).

Tabela 05: Lista de espécies nativas da Caatinga e da Mata Ciliar


recomendadas para fins de arborização do município de Mossoró.
Nome comum Nome científico Porte Mata
ciliar
Ameixa Ximenia americana Pequeno
Angico Anadenanthera colubrina Grande x
Arapiraca Chloroleucon dumosum Médio
Aroeira Myracrodruon urundeuva Grande
Braúna Schinopsis brasiliensis Grande
Burra leiteira Sapium glandulosum Grande
Canafístula Senna spectabilis Pequeno x
Carnaúba Copernicia prunifera Grande x1
Catanduva Piptadenia moniliformis Médio
Catingueira Cenostigma pyramidale Médio
Craibeira Tabebuia aurea Médio
Cumaru Amburana cearensis Médio x
Espinheiro Acacia glomerosa Pequeno x
Faveleiro Cnidoscolus quercifolius Médio x
Feijão bravo Capparis flexuosa Médio
Freijorge Cordia trichotoma Médio x
Imburana Commiphora Médio
leptophloeos
Juazeiro Ziziphus joazeiro Médio
Jucá Libidibia ferrea Médio x
Jurema-branca Piptadenia stipulacea Pequeno
Jurema-preta Mimosa tenuiflora Médio x
Jurema de Mimosa ophthalmocentra Médio
embira
Marizeiro Calliandra spinosa Pequeno X1
Marmeleiro Croton sonderianus Médio x
preto
Mofumbo Combretum leprosum Pequeno x
Mororó Bauhinia cheilantha Pequeno
Mulungu Erythrina velutina Grande
Oitizeiro Licania tomentosa Grande
Oiticica Licania rigida Grande X1
Pacoté Cochlospermum Médio
vitifolium
Pau-branco Auxemma oncocalyx Médio
Pau-branco Auxemma glazioviana Grande
louro
Pau-d’arco Handroanthus Grande
roxo impetiginosus
Pau-mocó Luetzelburgia auriculata Médio
Pereiro Aspidosperma pyrifolium Médio x
Timbaúba Enterolobium Grande
contortisiliquum
Trapiá Crateva tapia Médio x
Umbuzeiro Spondias tuberosa Médio
Violete Dalbergia sp. Médio x
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011

1
Espécie exclusiva para faixa de Mata Ciliar.

Apesar da prioridade às espécies nativas, é aceitável o uso de espécies


exóticas, desde que não ultrapasse 20% da arborização de uma via. Nesse
sentindo, deve-se dar preferência às espécies de frutos pequenos, de flores
pequenas e folhas coriáceas pouco suculentas, não apesentando princípios
tóxicos perigosos, ter sistema radicular que não prejudique o calçamento e não
ter espinhos.

É aconselhável evitar espécies que tornem necessária a poda frequente,


tenham cerne frágil ou caule e ramos quebradiços e que sejam suscetíveis ao
ataque de parasitas (cupins, brocas ou outros agentes patogênicos).

O espaçamento entre os indivíduos nas calçadas dependerá da espécie


escolhida, de acordo com o diâmetro alcançado pela sua copa quando adulta.
Caso seja desejável sombra contínua o espaçamento deverá ser igual ao
diâmetro da copa da árvore e em caso contrário deverá ser o diâmetro da copa
da espécie mais 1m (Figura 2).

Figura 02. Recomendação de espaçamento para indivíduos arbóreos nos


passeios considerando o diâmetro da copa adulta e a necessidade ou não
de sombra contínua.
5. Lista de espécies proibidas

As espécies exóticas invasoras são organismos que, mesmo introduzidos fora


da sua área de distribuição natural, encontram condições ambientais ótimas
para seu desenvolvimento, aumentando sensivelmente o tamanho de sua
população. As superpopulações de espécies invasoras ameaçam
ecossistemas, habitats ou outras espécies nativas da região afetada, sendo tal
condição considerada a segunda maior causa de extinção de espécies,
afetando diretamente a biodiversidade, a economia e a saúde humana.

Reconhecendo a importância do problema causado pelas invasões biológicas,


deve-se impedir a introdução, fazer o controle ou erradicar as espécies
exóticas invasoras. Caso não exceda os 20% recomendados para o plantio de
exóticas, estas poderão ser implantadas seguindo todas as recomendações de
plantio e cuidados com a infraestrutura local.

A lista de espécies exóticas invasoras, que devem ser evitadas na arborização


de Mossoró-RN, consta na Tabela 06.

Tabela 06: Lista de espécies exóticas invasoras que devem ser evitadas
na arborização do município de Mossoró-RN.
Nome comum Nome científico
Acácia Acacia auriculiformis
Acácia australiana
Acacia mangium
Acácia-Negra Acacia mearnsii
Acácia-trinervis Acacia longifolia
Alfeneiro Ligustrum japonicum
Alfeneiro Ligustrum lucidum
Alfeneiro Ligustrum vulgare
Algaroba Prosopis juliflora
Amoreira Morus alba
Amoreira Morus nigra
Azeitona preta Syzygium cumini,
Banana-flor Musa rosacea
Bananeira Musa ornata
Café Coffea arábica
Casuarina Casuarina equisetifolia
Cinamomo Melia azedarach
Eucalipto Eucalyptus sp.
Eucalipto Eucalyptus robusta
Grevilha Grevillea robusta
Jambo amarelo Syzygium jambos
Jaqueira Artocarpus heterophyllus
Leucena Leucaena leucocephala
Limão Citrus limon
Limão-cravo Citrus aurantium
Nespereira Eriobotrya japônica
Nim Azadirachta indica
Nogueira-de iguape Aleurites moluccana
Pau-incenso Pittosporum undulatum
Pinus Pinus sp.
Pinus Pinus caribaea
Pinus Pinus elliottii
Pinus Pinus taeda
Portia-tree Thespesia populnea
Tulipeiro da África Spathodea campanulata
Uva-do-japão Hovenia dulcis
Vassoura vermelha Dodonaea viscosa
Fonte: Start Pesquisa e Consultoria, 2011

6. Instruções para a implantação e manejo da arborização

6.1. Características da muda

A muda deve ser retirada da embalagem com cuidado e apenas no momento


do plantio. O colo da muda deve ficar 0,15m abaixo do nível da calçada. As
mudas a serem plantadas em vias públicas deverão obedecer às seguintes
características mínimas:

• Altura mínima de 2 metros;

• D.A.P. (diâmetro a altura do peito) de 0,03 metros;

• Altura da primeira bifurcação de 1,8 metros;

• Apresentar ótimo estado fitossanitário e de desenvolvimento;


• Ter sistema radicular bem formado e consolidado nas embalagens;

• Ter copa formada por 3 (três) pernadas (ramos) alternadas;

• O volume do torrão, na embalagem, deverá conter de 15 a 20 litros de


substrato;

• Embalagem de plástico ou latões de 18 litros.

6.2. Preparo do local de plantio

A cova deve ter dimensões mínimas de 0,60 m x 0,60 m x 0,60 m, devendo


conter, com folga, o torrão. Deve ser aberta de modo que a muda fique
centralizada, prevendo a manutenção da faixa de passagem de 1,20 metros. O
solo de preenchimento da cova deve estar livre de entulho e lixo, sendo que o
solo inadequado - compactado, subsolo, ou com excesso de entulho - deve ser
substituído por outro com constituição, porosidade, estrutura e permeabilidade
adequadas ao bom desenvolvimento da muda plantada. O solo ao redor da
muda deve ser preparado de forma a criar condições para a captação de água
e, sempre que as características do passeio público permitir, devem ser
mantidas área não impermeabilizada em torno das árvores na forma de
canteiro, faixa ou soluções similares.

O uso dos tutores é importante para que a árvore desenvolva um tronco


equilibrado e forte. Os tutores não devem prejudicar o torrão onde estão as
raízes, devendo para tanto serem fincados no fundo da cova ao lado do torrão.
Esses tutores devem apresentar altura total maior ou igual a 2,30 metros,
sendo enterrado cerca de 0,60 metro. As mudas plantadas devem ser
amarradas, com uma folga de 0,05 metro, ao tutor.

Os protetores são utilizados para evitar danos mecânicos, principalmente ao


tronco das árvores, até sua completa consolidação. Eles devem atender às
seguintes especificações:

• Altura mínima, acima do nível do solo, de 1,60 metros;

• A área interna deve permitir inscrever um círculo com diâmetro maior ou


igual a 0,40 metro;

• As laterais devem permitir os tratos silviculturais;

• Os protetores devem permanecer, no mínimo, por dois anos, sendo


conservados em perfeitas condições.

Em relação a adubação, feita diretamente na cova, esta deve ser


preferencialmente orgânica, de acordo com análise prévia do solo ou
recomendação geral de 2,5 Kg / por cova de composto orgânico ou esterco
curtido.
6.3. Manejo da arborização

O manejo da arborização é um processo contínuo, de forma que a participação


da população é fundamental para o sucesso dessa etapa. Nesse ponto, torna-
se importante criar um sistema dinâmico e abrangente a todos, para que
sempre estejam atentos aos problemas relacionados a arborização.

A manutenção deve se iniciar com ações de Educação Ambiental, a qual se


constitui numa forma abrangente de educação que atinge todos os cidadãos
através de um processo pedagógico participativo permanente, que procura
incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental.
Por meio da Educação Ambiental é possível conscientizar a população e fazê-
la participar, fiscalizar e se sentir responsável pela qualidade ambiental
existente em sua cidade. As atividades educativas devem vir atreladas ao
processo de plantio, devido à grande visibilidade da atividade e ao clima
propenso à participação.

O plantio deve ser feito, preferencialmente, na estação chuvosa ou qualquer


época do ano, desde que se irrigue durante a época seca. Após o plantio inicia-
se o período das ações de manutenção e conservação, quando deverá se
cuidar da irrigação, das adubações de restituição, das podas, da manutenção
da permeabilidade dos canteiros ou faixas, de tratamento fitossanitário e, por
fim, quando necessário, da renovação do plantio, seja em razão de acidentes
ou maus tratos.

Todas as árvores dependem do enraizamento da camada superficial do solo,


de aproximadamente 20 cm de espessura. É nesta camada de solo que está a
maior massa de raízes, as raízes absorventes de minerais e as raízes com
micorrizas. Assim, a planta deve ser irrigada nos períodos de estiagem, sempre
mantendo uma camada de cobertura morta em seu canteiro para conservar a
umidade do solo e o ciclo de nutrientes.

As podas nas árvores, sejam elas de limpeza, de formação ou de segurança,


ou a supressão vegetal, deverão ser realizadas por profissionais capacitados
para não proporcionar danos ao vegetal, às pessoas e à propriedade, devido à
queda constante de galhos. Essas atividades são de responsabilidade do poder
público, as quais podem ser requeridas pela população por meio do Órgão
Municipal competente.

Muitas pragas ocorrem em árvores no meio urbano, sendo algumas de caráter


crônico, outros de caráter sazonal, esporádico ou eventual. O tratamento
fitossanitário também deve ser efetuado por profissional habilitado sempre que
necessário.
6.4. Poda e supressão

A poda e a supressão têm o potencial de reduzir o risco de um acidente ou de


evitar interferências maiores no futuro. Porém, tais atividades devem ser
consideradas como última solução.

A realização de corte ou poda de árvores em vias públicas deve ser autorizada


e acompanhada pelo Poder Público, sendo a execução das atividades por
técnicos capacitados para tais atividades, com ferramentas e equipamentos
adequados, inclusive de proteção e segurança, supervisionados por
profissional devidamente habilitado.

As podas são práticas que visam beneficiar a planta ou evitar acidentes. Na


prática da arborização urbana existem basicamente três tipos de podas:

• Poda de formação: utilizada para suprimir temporariamente o modelo


arquitetônico natural da planta em função de obstáculos próximos ao
solo (permitir acessibilidade, placas, fiação elétrica etc.). Procura-se
também eliminar precocemente futuros fatores de risco, como
bifurcações muito fechadas ou galhos muito próximos uns dos outros;

• Poda de manutenção: após a copa formada, a dinâmica natural do


crescimento gera galhos secos que devem ser removidos, antes que
caiam causando algum dano. A retirada da erva-de-passarinho ou de
galhos secos (mortos) também se enquadram nesta prática;

• Poda de segurança: utilizada em caso extremo, serve para eliminar


galhos de grandes dimensões, secos ou não, que ofereçam risco de
queda.

A poda não deve eliminar mais que 20% da copa da árvore, cujo foco deve ser
os galhos já com perda de vitalidade, ou seja, aqueles localizados na parte
inferior e do interior da copa.

Recomenda-se que a poda seja realizada apenas após o período de floração


visando diminuir a brotação de ramos e, consequentemente, a intensidade de
podas posteriores. O corte resultante da poda deve ser tratado com calda
bordalesa, parafina, mastique ou pastas fúngicas. Não se deve usar produtos
corrosivos como piche, tintas, graxas ou alcatrão.

Outra modalidade de poda seria a “poda de rebaixamento”, cujo objetivo é de


reduzir a altura da árvore. Esta prática é extremamente prejudicial à árvore,
sendo o uso aceitável apenas em casos de contato com a fiação. Essa prática
permite a formação de vários pontos de ruptura nos galhos.

A supressão de árvores em vias ou logradouros públicos só poderá ser


autorizada em circunstâncias excepcionais, como realização de obra, quando o
estado fitossanitário a justificar, em casos em que a árvore esteja causando
danos ao patrimônio público ou privado, quando se tratar de espécies
invasoras com propagação prejudicial etc. Assim como na realização de podas,
a execução das atividades de supressão deve ser feita por técnicos
capacitados, com ferramentas e equipamentos adequados, inclusive de
proteção e segurança, supervisionados por profissional devidamente habilitado.

6.5. Fatores estéticos

A arborização, além das contribuições ambientais, é uma importante


ferramenta na sensibilização da população quanto a valorização da flora,
principalmente a nativa. Nesse sentido, ações que descaracterizem o aspecto
natural das árvores não são recomendadas, tais como a caiação ou pintura, a
fixação de publicidade em árvores, uso de enfeites ou instalação de iluminação
(apenas em caráter extraordinário com proteção adequada). Todas essas
ações, além de serem antiestéticas e dispendiosas, podem prejudicar o
desenvolvimento da planta. A poda tipo topiaria também deve ser evitada com
o objetivo de manter a forma natural das copas (Figura 03). No caso do uso de
placas de identificação das árvores ou publicidade nas grades de proteção das
mudas, não podem usar o vegetal como suporte.

Figura 03 Formas de copas de diferentes árvores.

Fonte: Lázaro et al. (2002)


Considerações finais

Considerando o item planejamento, recomenda-se anexar ao presente manual:

- Mapa do município de Mossoró contemplando o zoneamento do município;

- Mapear e cadastrar das áreas verdes públicas disponíveis para plantio;

- Localização do horto municipal e informações de como adquirir as mudas;

- Realizar inventário florístico do município identificando e qualificando as


espécies que estão plantadas em áreas públicas e monitoramento dessas
áreas (conforme ficha de inventário florístico anexa);

- Elaboração de cartilha ilustrativa com orientações didáticas para a população.

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