Você está na página 1de 3

Ficha de Gramática 8

Funçõesfonológicos
Processos sintáticas (global)

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Lê atentamente o texto que se segue.

De como a personagem
foi mestre e o autor seu aprendiz
[…] Muitos anos depois, escrevendo pela primeira vez sobre
este meu avô Jerónimo e esta minha avó Josefa (faltou-me dizer
que ela tinha sido, no dizer de quantos a conheceram quando
rapariga, de uma formosura invulgar), tive consciência de que
5 estava a transformar as pessoas comuns que eles haviam sido em
personagens literárias e que essa era, provavelmente, a maneira
de não os esquecer, desenhando e tornando a desenhar os seus
rostos com o lápis sempre cambiante da recordação, colorindo
e iluminando a monotonia de um quotidiano baço e sem hori-
10 zontes, como quem vai recriando, por cima do instável mapa da
memória, a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu pas-
sar a viver. A mesma atitude de espírito que, depois de haver evo- Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha, avós
cado a fascinante e enigmática figura de um certo bisavô ber- maternos de José Saramago, Azinhaga do
Ribatejo, anos 60.
bere, me levaria a descrever, mais ou menos nestes termos, um
velho retrato (hoje já com quase oitenta anos) onde os meus Arquivo da Fundação José Saramago.
15
pais aparecem: «Estão os dois de pé, belos e jovens, de frente Faz parte de um conjunto de postais com-
prados, em julho de 2008, aquando da Ex-
para o fotógrafo, mostrando no rosto uma expressão de solene posição «José Saramago: A consistência dos
gravidade que é talvez temor diante da câmara, no instante em sonhos», que esteve patente no Palácio da
que a objetiva vai fixar, de um e de outro, a imagem que nunca Ajuda.

20 mais tornarão a ter, porque o dia seguinte será implacavelmente (consultado em http://caisdoolhar.blogspot.
com/, em outubro de 2022).
outro dia... Nada disto tem importância, a não ser para mim. Um
avô berbere, vindo do Norte de África, um outro avô pastor de porcos, uma avó maravilhosamente
bela, uns pais graves e formosos, uma flor num retrato – que outra genealogia pode importar-me?
A que melhor árvore me encontraria?».
25 Escrevi estas palavras há quase trinta anos, sem outra intenção que não fosse reconstituir e registar
instantes da vida das pessoas que me geraram e que mais perto de mim estiveram, pensando que nada
mais precisaria de explicar para que se soubesse de onde venho e de que materiais se fez a pessoa que
comecei por ser e esta em que, pouco a pouco, me vim tornando. Afinal, estava enganado, a biologia
não determina tudo, e, quanto à genética, muito misteriosos deverão ter sido os seus caminhos para
30 terem dado uma volta tão larga... À minha árvore genealógica (perdoe-se-me a presunção de a designar
assim, sendo tão minguada a substância da sua seiva) não faltavam apenas alguns daqueles ramos
que o tempo e os sucessivos encontros da vida vão fazendo romper do tronco central, também lhe fal-
tava quem ajudasse as suas raízes a penetrar até às camadas subterrâneas mais fundas, quem apurasse a
consistência e o sabor dos seus frutos, quem ampliasse e robustecesse a sua copa para fazer dela abrigo
35 de aves migrantes e amparo de ninhos.

José Saramago, in Público (texto com supressões,


consultado em https://www.publico.pt/, em outubro de 2022).

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 87


Seleciona a opção que completa corretamente cada uma das afirmações.

1. O pronome «me» (linha 2) desempenha a função sintática de


A. sujeito. C. complemento indireto.
B. complemento direto. D. complemento oblíquo.

2. A oração «que eles haviam sido» (linha 5) desempenha a função sintática de


A. complemento direto. C. modificador do nome apositivo.
B. modificador do nome restritivo. D. complemento do nome.

3. O constituinte «em personagens literárias» (linhas 5-6) desempenha a função sintática de


A. complemento direto. C. modificador (do grupo verbal).
B. complemento oblíquo. D. complemento do nome.

4. O constituinte «a irrealidade sobrenatural do país em que decidiu passar a viver» (linhas 11-12)
desempenha a função sintática de
A. complemento oblíquo. C. complemento indireto.
B. complemento direto. D. modificador (do grupo verbal).

5. O pronome «me» (linha 14) desempenha a função sintática de


A. complemento direto. C. complemento oblíquo.
B. complemento indireto. D. sujeito.

6. A oração «onde os meus pais aparecem» (linhas 15-16) desempenha a função sintática de
A. modificador do nome restritivo. C. complemento direto.
B. complemento do nome. D. modificador (do grupo verbal).

7. O constituinte «os dois» (linha 16) desempenha a função sintática de


A. sujeito. C. modificador do nome restritivo.
B. predicativo do sujeito. D. predicativo do complemento direto.

8. O constituinte «belos e jovens» (linha 16) desempenha a função sintática de


A. sujeito. C. modificador (do grupo verbal).
B. modificador do nome apositivo. D. modificador do nome restritivo.

9. O constituinte «À minha árvore genealógica» (linha 30) desempenha a função sintática de


A. complemento direto. C. complemento indireto.
B. sujeito. D. complemento oblíquo.

10. O pronome «que» (linha 32) desempenha a função sintática de


A. sujeito. C. complemento direto.
B. complemento indireto. D. complemento oblíquo.

88 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano


Ficha 8 – Funções sintáticas (global) (p. 87)
1. C; 2. B; 3. B; 4. B; 5. A; 6. A; 7. A; 8. B; 9. C; 10. C.

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 89

Você também pode gostar