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SERIE GESTAOD EM SAUDE Gestao de custos em saude Betovem Coura Alfredo Augusto Goncalves Pinto Femando Faria Salgado Mauro Barros Dantas Ian ATR 22h Copyright © 2000 Hetueern Coura, Albedo Muginbe Gencale Pink, Fernanda Faris Salgado, Mauna Barren: iret Direitos desta edge reservados & EDITORA Fav Rua Jorsallsta Orluady Dantas, 37 222714008 — Rlede Janetry RJ — Brasil Tels 0898 ONN-T777 — 31-17-4477 Fax: £11704 E-mail: editereaifiy br — pedidoneditoraiitge be ene. fpe br feditona ‘Todos os direitos reervudis., A repradigde nis autociadda desta poblicints, ao bade ou et parte. constitul iolagio do copyright [Lei nt .otay's8. conceitos exitidas neste lwo sbode inceira respamiabilidade dos autores, Este fiero fii editado: segundo as noemas do Acordo Oetogrdfico da Lingua Portuguesa, aprovade pelo: Decrete Legislative of 54, de 18 de abril de 1995, © promulzads pelo Decrete 4.583, de 29 de setembro de mm, Vedio — 2008 Propararin de ariginaia: Manflar Rocha Editnragio elotrénica: FActidieoragdin Hetrinica Rievindie When de Beltran e Futisus Canin Capa aspectosdesign Mustragiio de capar Felipe A. de Sousa ‘Conversto para eBook: Freftas Bastos Coura, Betovenn ‘Getto decuatns em saikde J Metovem Coura.,.[et al|. — Tein de janeiza : Editora PG, 2600. ‘Heestio em sade (0G Management) Ee coluberagio cost Alfred Augusto Uonigalves Pato, Femunds Faria Sulgide, Mauro Barres Dantas. Inechul bibliegrati. 1, Contabibidads de cusin. 2, Cuateia hamsadn om atheidaades, 1, Sarvigoa de sais — Cunt, Pinta, Alireds Augie Goncalwa. © Salgada, Mermands Paria. tL anisa, Mauro Barn 1. Futdacio Getulie Vargas. ¥.Tihubo, WI. Sérte, OO — 48s Sumario alos nosses alunos ¢ aos nossos colegas docentes. que nos levam a pensar ¢ repensar as nessas priticas, Capa Folha de Resto Créditas Dedicatéria Apresentagdo Introdugie 1 | Visdo geral e conceitos basicos da gestdo de custos em sate: Contabilidade de custes, contabilidade financeirae contabilidade gerencial A gestiode custos no Brasil Por que estudar gestio de custo? Terminologia de custos Classificagaa de custas O conceite de relevancia para a gestao de custos Resumo do capitulo 2|O-sistema de custelo por absorgla Osistema de custelo por absorgae simples. Oaistema de custeio por absorgdo departamentalizada Os passes para o custeio dos produtos/servigos com a departamentalicagia Analisando as dois modelos par absorcio estudadax simples © departamentalizada Resume do capitulo + | Custeio baseado em atividades (activity based costing — ABC) Alguns problemas do métede de absorgae que levaram a criagdio do ABC O sistema de custeio por atividade (ABC) © ABE passo a passa O sistema ABC em servigas Custo padirado hespitalar Gestiio baseada em atividades (activity based management — ABM) Resume do capitulo 4 | Sistema de custeio varidvel ou direto Sistema de custeio varidvel fou direto) Margem de contribuigia DecisSes utilizande a margem de cantribuigio Resume do capitulo Conclusdo Referincias bibliogréficas Sobre as autores Apresentagao Este livra compée as Publicagdes FGV Management, programa de educagdo continuada da Fundaghe Getullo Vargas (FOV), Institubgdo de direito privado com mals de meio séoulo de extsténcla, a FOV vem gerands conhecimento por meio da pesquisa, transmiltinds informaches ¢ formando habilidades por meio da educagiio, prestando assisténcia thenica As organizagtes € contribuinds para ura Brasil sustentivel e competitive to cendria internacional, A estrutura académica da PGV ¢ composta por cite escolas ¢ institutes: a Escola Brasileira de Administragio Piblica ¢ de Empresas (Ebape), dirigida pelo professor Flavie Carvalho de Vasconcelos; a Escola de Administragdo de Empresas de Sao Paulo (Caesp), dirigida pela professora Maria Tereza Leme Fleury; a Escola de Pés-Graduacio em Economia (EPGE), dirigida pelo professor Renato Fragelli Cardoso; o Centro de Pesquisa © Decumentagdo de Histria Contempordnea do Brasil (Cpdoc), dirigido pelo professor Celso Castro; a Escola de Direito de So Paulo (Direito GV), dirigida pelo professor Ary Oswaldo Mattos Filleo; a Escola de Direito do Rio de Janeiro (Direito Rio}, dirigida pelo professor Joaquim Falco; a Escola de Economia de Sho Paulo (Eesp), dirigida pelo professor Yoshiaki Nakano; o Institut Brusilelra de Economia {ibre), dirigida pelo professor Luiz Guilherme Schyraura de Oliveira, So diversas unidades: com a marca FGV, trabalhanda com a mesma filosofia: gerar @ disseninar o conhecimerite pelo pals, Deritro de suas dreas especificas de conhecimento, cada escola é responsivel pela eriagio ¢ elsboragde dos curses oferecides pelo Instituto de Desenvolvimento Educucional {IDE}, criade em 2003 com o ebjetive de coordenar ¢ gerenciar uma rede de distribuicde tiniea para os produtes © services educacionais da PGW, par meio de suas escolas, Dirigids pelo professor Clovis de Taro e¢ cantando com a diregio académica do professor Carlos Qsmar Bertero, o IDE engloba o programa FGV Management ¢ sua rede conveniada, distribuida em todo o pais (ver www. fgv.be/fgvmanagement), o programa de ensino a distincia FGV Online (ver www.fgv.be/fgvoniine}, a Central de Quatidade e tnteligéncia de Negécies ¢ o Programa de Curses In Company. Por melo de seus programas, o IDE desenvalve solugies em educagio presencial ¢ a distincia ¢ em freinamenta corporativo: customizado, prestands apoio efetive & rede FOV, de acordo com oo padrises dip exceltircia da instituigio, Este lives representa mais um esforgo da FOV em socializar seu aprendizade ¢ suas conquistas. Ele ¢ escrito por professores do FGV Management, profissionais de reconhecida competineia académica ¢ pritica, o que torna possivel atender as demandas de mercado, tendo como suporte sélida fundamentayao tedrica. A EGY espera, com mais essa iniciativa, oferecer a estudantes, gestores, técnices — a todos, enfim, que tém internalizado o conceito de educagio continuada, tio relevante nesta era do conhecimento — insumos que, agregades 4s suas priticas, passam contribuir para sua especializagdo, atualizacio e aperfeigcamenta, Clovis de Faro Diretor do Instituto de Desenvolvimento Educacional Ricardo Spinelli de Carvalho Diretor Executive da PGW Management ‘Sytvin Constant Vergara Coordensdora das Publicagies PGW Management Introdugao Avpesar de a contabllidade de custos ter sido criada na época da Revolugda Industrial, basicamente para fins de apuragio de estoque, seu desenvolvimento para fins gerenclals, isto, apolo A tomada de decisto ¢controle, tem poucas décadas de vida, principalmente no Brasil, ¢ 36-30 pode notar algun desenvolvimento expressive apis os lenges ¢ turbulentes anos de hiperinflagdo, ainda recentes em nossa memdria. A inflagio distorcia os relatérios financeires, dificultands imensarmente a conparagdo entre periodes diferentes, o que deststimulou sebremaneira o desenvolvimento dessa ciéncia em nosso pais. Newe cendrio, 0 hospitals brasileiro desenvolyeram medicina comparada aos paises de Primeiro Mundo, mas a gestio de custos nao acompanhou esse avango. No mundo atusl, em que a competitividade © a velocidade das mudancas so brutais ¢ as empresas reportam resultados percentuais de um © ndo mais de dois digitos como na passada, o estude da contabilidade de custas se afasta cada vex mais do cbjetive que criow ¢ caminha para o desenvelvimento de sistemas gerenciais que fornecam nipids feedback acs gestores sobre desempenho econSmico de peodutas, processas, unidedes de negdcio, relacionamentos com clientes ¢ fornecedares, cam o objetive de trazer vantagem competitiva relevante nesse oenirin, Bseado nessa argumeitagdo, este liveo pretende estudar ferramentas de custos que auxiliem o gestor na formulagtee inplementaghe de estratégias que possibilitemn a conversa do plana estratégico een medidas administrativas © operacionais que povsam criar valor para a empresa, Este livra etd estruturade em quatro capitulos, nes quais sio tratados os conbeidos a seguir. No primeiro capitulo estudaremos os motivos que levaram a contabilidade de custas a ser criada, 9 impacto do longo periods inflaciondrio vivide pelo Brasil nessa ciéncia, as justificativas para se estudar gestio de custos em sadde, além de Percorrermos os canceitos bisicos mecessdrios ao bom desenvolvimento do nosso estado. Os trés capitulos seguintes tratam dos trés métodos de custeio mais utilizados: pelo mercadce custelo por absargio, custelo por atividade e custeto vartével/‘direto, No segunda capétulo falaremos do miteda de custelo por absorcio, Iniclaremos com o miedo de absorgio simples ¢, aps deseavelvernos o conceito de departamentalizagao, evoluireenes para o endtodo de absorgio departamentalizada, No terceiro capitulo, estudaremes o métede de custeio por atividade, defininde: atividades, drivers ¢ evoluindo para o comcemte de gestio baseada em atividades, Complementaremos nosao estudo falande do custeio padrio @ do seu uso para o gerenciamento dos pacates (diagnosis related group — DRG). No tltimo capitulo, abordaremos o sistema de custeio varidvel, um método criado exclusivamente para fins gerenciais, que traz excelentes ferramentas para tomarmos decisées. Boa leitural Visdo geral e conceitos basicos da gestao de custos em salide Noste capitube estudaremes os motives que levaram 4 crisgdo da contebilidade de custos ¢ de como a inflagdo foi responsdvel por atrasar o seu desenvolvimento no Brasil. Alem disso, trataremnos da importineia do estudo da gestiio de custes para o aumento da competitividade na drea de aaide e, por fim, abardaremos os principais conceitas dessa cifncia, que servini de base para o desenvolvimento dos priximas capitulas. Contabilidade de custos, contabllidade financeira « contabilidade gerencial Segunda Martins (2009), a contabilidade de custos nasceu ne sécubo XVI, para atender 43 newss demandas de informagio exigidas pela Revolugdo Industrial, Abe essa época ad existia a contabilidade financeira, ¢ a apuragio do custo das mercadocias vendidas, necessiria 4 apuragdo do resultado nos relatérics financeiros, era extremamente simples. A produsdo ficava a cargo dos artesies que néo constituiam pessoas juridicas e nao precisavam apurar custos, As empresas comerciais, que constituiam a grande maioria das pessoas juridicas da ¢poca, apontavam os custos, nos relatérios financeiras, como o valor pago pela compras, uma vez que os produtos que seriam comercializades [4 estavam, em geral, prontos para a sua camerciallzagio, As indistrias que comegaram a nascer naquela época trouxeram escala ac trabalho que antertormente era exclusive dos artestios, ¢ 0 processo de apuragio de custos tornou-se mals complexe. Tal processe de apuragao de custo do produto wendide na indistria nod tio simples quanto na empresa mercantile 6 formade pela utilizagio dos fatores de produgio. Para esse fim, o trabalho dos contadores de apuragdo de custo des produtes versdidos passou a ser muito mais complexe e uma contabilidade especifiea foi desenvelvida. Apesar de a contabilidade de custes ter sido criada para atender a objetivos contabeis, sua fungdio mais nobre talver seja ade apoic 4 tomada de decisdio gerencial. Essa vertente mais nova teve o seu desenvolvimento marcadamente iniciado no meio: do séculs pasado. Entretanto, diferentemente daquela usada para fins de apuragio de resultado na demonstrate de resultado de exercicta, “engessada” pelos peincipios da contabilidade geralmente aceites, a contabilidade de custos para flns gerenclals incorperau conceites de economia, administracho, engeriharia, entre outros, visando acompanhar 23 ripidas mudangs do mundo moderia, ¢ fornecendo feedback aos gerentes. 4 contabilidade de custes para fins gerenciais tormou-se, entio, a ferramenta bésica para a contabilidade gerencial que tem coma palavras de ordem: inferéncia furura, flexibilidade, velocidade de mudanca, relevdneia das decisies, ligica © feedback, c que difere muito da contabitidade financeira, que usa a contabilidade de custes para apuragéo de resultado, ¢ suas agies sio pautadas em palavras como: avaliagdo do passado, confiabilidade e padrio. Este livro tem como foco a contabilidade gerencial, Nesse cendrio, saber a nomenclatura contébil correta ¢ muito importante porque a contabilidade registra as dados financeiros da empresa, que servirfio de base para as decisdes gerenciats, ¢ entender a linguagem dos contadores facilita multe esse processo, Porém, vale destacar que o gestor multas vezes adapta a nonenclatura contabil ¢ ajusta suas contas para fins de decisio. Um exemple sdo a8 comissdes € a8 impastos sobre a receita. Pela dtiea contébil, eles gio deapesas varidveis ¢ ndo custes dos produbos ou serviges. Panim, para efeita de precificagdo, nds asseciames esses gastos aos produtos para tomar melhores decises. Muitos caminhos Jevam ao sucesso ou ao fracasso corporative, Meias completamente diferentes podem levar empresas distintas a ter rentabilidades espetaculares cu mediocres, Reportar de forma conflivel esses resultados ¢ fungio da contabilidade financeira, cabendo 4 gerencial estudar os melhores caminhos para chegar li. Agora, vamos entender um pouco de histirice da gestiio-de custas no Brasil A gestao de custos no Brasil Para falarmos sobre a evolugdo da gestio de custes no Brasil precisamas, primeiramente, entender coma o ainda recente histérica inflaciondrio impactau essa clancia, Histines inflacianana A gestio de custos para tomada de decisto gerenclal ainda ¢ multe recente no Brasil, se comparada A da América do Norte ¢ da Europa. Um dos principals problemas que levou a esse atrasa fol a perfodo Inflaciondrio que nés vivemsas. Multas pequenas empresas sonham om ser grandes. Imagine sera Vale, a Embratel ou a Petrobras. Nio seria interessante? Todas Js tris empresas menchonadas tim faturamentes giganbesoos, porém, faturamento nie ¢ singnimo de lucro. men de bons reaultades para os acionistas, Olhe, por exemple, a empresa reportada na tabela 1. £ um grande hospital brasileiro ¢ as dedos foram dividides por wm mimero aleatirio para proteger a wentidade da empresa, 0 alto Eaturamernto ribo se converte em resultado operacional positive. Tabela 1 FATURAMENTO DE UM HOSPITAL BRASILEIRO ‘aoe an sam an _aeee an Webeta tata mT be ahs a) ne toes ea eT, a ence beusee ans 106 ata 108 ater 1B Deapenas eperacisrais esa) 400 gkaasy HR BATT) Be Deepens howpiniores gaa) 100 aaa) AEG Deepens ecrnitoaen pana] wo mm eT) BD Coeapenas Roden amy Wo esa easy = meauitey eperacional ches) eT) He TTS TH = Reauniaao abo aperacoral 7a 106 RE eae ‘1 Drage. ana 106 abe Bo Gara ca ia ane 10 ane want 4 > Rsauftesn guido sa ee ga) At rea, Acoluna AH é a andlise horizontal da demonstragio do resultado do exercicio (DRE) et pontos, iste d, andlise de una conta da DRE de unm ano em relagio a cutra, tendo 100 como base. A andlise horizontal mostra a evoluydo das contas da DRE em anos seguicles. Como estamos usando a andlise horizontal em portes, todo crescimento acinna de 100 @ percentual, Por exemplo, podemos reparar que a receita bruta do hospital cresceu 16% em 2006 em relagSo a 2004. Ghserve que a anilise foi leita de forma real, tirando a efeito da inflagic, sendo um crescimento muita superior ao mercado hospitalar nese perfodo. O prejuizo operacional real aumentou 62%, mostrando que nem sempre o crescimento em faturamento se reflete na linha do resultado. Roberta Goizueta, chainnan ¢ CEO da Coca-Cola de 1980 2 1997, considerads © executive que mats criou riqueza para a empresa em todos os tempos, designava como exacerbada a preocuparde par recelta de “mal da recelta", Segundo ele, as empresas que se preocupam de forma exagerada com a receita terdem a ter resultados decepeionantes. No Brasil, devide ao nosso ainda recente periods inflacionétio, o faturamento acubou tendo importineis exagerada como indicador de controle pels empresas, E isso tinha razto de ser, Mos periodos de alta inflagio a3 aplicacdes financeiras rendiam muitissimo bem, ¢ os empresdrios agrenderama gerar resultade positive por meio do resultado financeiro ¢ nio de resultado operacianal. Coelha, Limeira ¢ Pinto (2008:15) destacam que, durante as décadas de 1960 ¢ 1950, o Brasil vivea um longo periodo inflaciondrio, com o seu mercado interno fechado, As empresas, na sua gestia operacional, procuravam produzir, comercializar ou prestar servicos praticamente sem controtes administrativos na operara, Naquela época, era muita dificil medir o resultado operacional. Quando apurdvames o resultado do periodo, o nikmero encontrada rho fazia mals sentido & vvestir, por exemplo, em sistemas de custeio ness cerskrio era, praticamente, “jogar dinheiro fora”. Esse foi un forte motive para nao termed desenvolvido sistemas de custeio mais Hficienbes no Brasil, quando comparades a paises de Primeira Mundo, Figura 1 InPLAgAD ANUIAL NOS PERIDOOS COL LOM eHE EM Femando Collor de Mello itamar Franco = Femando Henrique Cardoso] 1990-92 1992-94 1994-98 (1° mandato) 1989 = 1.509,34 1991 = 458,37 1995 = 2.56734 1990 = 1.699.595 152 = | 174,67 1994 — 1.24662 1992 = 1,174.67 1994 = |.246,62 1995= 15,24 96= 9,19 1997 = ara 1998= = 1,78 Ponda Ey Isso no quer dizer que crescer seja ruim, mas, como tudo na vida, tem pontas fortes ¢ fracos, Esse Gator levoa muitos empresdrios, donas de hospitals, a alguns equivocos estrabégicos. A grande maioria dos hospltais queria fazer um pouce de tudo, jd que a Fogra ef aumetibar a receita.e, portanto, fazer todas os procedimentes posal veis, fiesultade: todos achavam que ed hospitais tinham que prover tode o tipa die servico de saide ¢ ox “hospitais gerais”, que tentavam proceder dessa forma, proliferaram além do racional nas dltimas décadas. Nos paises em que a gestdo dx medicina avangou tanto quanto a medicina propriamente dita, mio é 0 caso do Brasil, es executives desse setor aprenderam que os bospitais gerais, antes de saber os procedimentos que devem fazer, precisam saber os que ndo devem fazer, Nesses: contros, o feco precisa ser nos procedimentos busicos, doicando a comploxidade para os cenmros de especialidade que sho mais preparados para fazer melhor e mais barato og procedimentes complenas, Tentande reverter este caso ¢ ganhar em eficiineia, o mercado brasileira de sade tem importado modelos de gestdo que tentarn racionalizar os custos com os tratamentos de exide ¢ um dos mais importantes é 0 pagamente por pacote. Segunda La Forgia ¢ Couttolenc (2008), nos Estados Unidos observou-se que © sistema de pagamento dos grupos relacionados a diagndstico (ORGs) melhorava a eficiéneia e controlava os custos, 2 o Brasil tem utilizado mecanismos assemethadas aos DRGs, Os pagamentas por pacate (dlagnsats related group — ORG) AcrelagSo entre sequradoras ¢ provedores de satide tem mudado muito ne mundo toda. Se, por um lado, o avanga tecnoldgico trouxe Inegavels garhos na qualidade do tratamenta dos pacientes, possibilitanda procedimentas médicos melhores e mals resolutivos, aparelhos mals modernas ¢ medicagies mats eficazes, por exemplo, por outro elewou os gastos com sade, Com o objetive de controlar taks gastos, os morte americanos criaram mecanismos, reunidas no sistema de satide des Estados Unidas, denominado managed care. Capitagio total ou parcial (fall capitation, sub capitation), pagamente por dia (per diem) ¢ peincipalmente o pagamente por pacote (diagnosis related group — DRG) so noves mecanismos de reembolso que estio dividindo espago com o8 pagamentos por procedimentos (fee for service} que, ha alguns anos, reinavam absolutos, As mudancas nas formas de reembolso que as seguradaras fazem aos servigos prestados pels provedores avs seus pacientes sio tentativas que as planos de satide tam feito para pressicnar os pravedores a racionalizar as recursos, 0 sistema novo traz como principal expoente o pagamento por pacote (diagrosis related groap — DRG). Nesse sistema. o provedor de saide recebe um valor fixe pelo procedimento, assumindo o risca par eventuals gastos acima da média. A recelta, que varlava na mesma proporgio dos custes, no sistema antigo, no sistema nove passa a ser fixa eo provedor de satide assume parte dos riscos das varkages no custo, proporcionaidas poles variabilidades inerentes ao processo de tratamento de sade, Alden do atraso gerade pela inflagdo ma gestio de custos ne Brasil ¢ a maior asungae de isco que o proveder de saide assume com os pagamentos por pacote, alguns fatores reforgam a importincia da gestiio de custos. Por que estudar gosto de custos? Alden dos fatoves anteriormente citados, outros pantos reforgam a importincia do estude da gestio estratégica de custos no segmente de sadde brasileiro, segundo Ching (2000): aumento da competitividade devide 4 entrada de empresas estrangelras nessa mercado, tanto par meio de redes de hospitals, quanto participando ae mercado de planos de satide; crescimente do nimero de pessoas que poasuem planes de sadde, em ver de arriscarem custear como particulares oa gastas com sadde ou dependeren da rede publica, o que possibilita aos referides planes terem um poder de barganha muito forte em relardo a médices, hospitals, laboratéeios e fabricantes de medicaments; possibilidade de, mediante certos planos de sate, realizar tratamentos © cirungias no exterior, a pregos infericres aos cobrados peles hospitais beasileiros, caracterizando uma verdadeira concorréncia resultante do fendmeno da glabalizacic que estd alcancande também a drea de saiide; continua clevaga nos gastos com saide em consequéncla dos constantes avanges tecnolégices que permitem maior eficicia nes tratamentos, porém: cara custos elevades, ao mesmo temper em que a estabilidade econdmica e de preges impossibilita o repasse automatica de aumento de custos para as pregas, ‘Tenda contextualizado a disciplina ¢ abordada os fatares que tornam impartante o seu estuda, vamos agora canhecer um pouco da sua terminotogia. Tarminologia da custos As terminologias mais utilizadas no ambiente da contabilidade de custos sdoc gasto, investimento, custo, despesa © perda. Vejamos do que trata. ‘Gano Esforgo que a empresa realiza para a abtengio de um bem ou servico, representada par entrega au promessa de entrega de atives. 0 gasto se concretiza quande- os servigas ou bens adquiridns sto prestados ou passam a ser de propriedade da empresa. Safdes de caina para atender A aquisko de um bem ou servigo representam desembolso, 0 desembolso pade ocorrer antes, durante ou apis a entrada da utilidade: comprada, partarta, defasada ou nado do gasto, Exeraphas: * gasto com mic de obra (salirios © encarges socials) — enfermagem ¢ plantonistas; = gasto com aquisigdo de materials e medicamentas: * gasto com energia elétrica — aquisi¢io de servigos de fornecimento de energlas © gasto com aluguel de edifice (aquisig¢ka de seevigas); © gusto com reorganizagio administrativa (servigo), Investment Gaste com bem ou servico ativada (que fard parte do ative da empresa}, em furngde desua vida dtil ou de beneficies atribuiveis a periodes futures, Portanta, o gasto que ¢ investimento beneliciard a empresa niio apenas ne periode- corrente, mas também em periodes futures. Por exemplo, o gasto com salario de um enfermeiro nio ¢ um investimento porque nio beneficiard periodos futuros. Para que oenfermeiro possa trabalhar novamente no periodo seguinte, precisamos pagar outro salirio a ele. Jd o gasto que fizemos na compra de um tomdgrafe é um investimento, porque o uso do tomdgrafo beneliciand a empresa no periedo corrente ¢ em virions periodes futuros. Exemplos: aquisigdo de maveis, utensilios e equiparmentas; aquisigio de imiveis; despesas pré-operacionais, aquisigdo de marcas © patentes; aquisigio de materiais ¢ medicamentas (estoquel: contas a receber. Custo Existem tris grandes definicies de custos: uma para o comércio, uma para 2 indistria ¢ outra para servicos, Assim, custos sho os gastos acumulados para adquirir uma mercadoria {comércio), fabricar um produto {indistria) ou para executar um servign. No comeéncio No comércia, o custo é prego de aquisicfo da mercadoria, Portanto, em uma farmicia que vende penicilina G benzatina o custo desse antibidtice seed o progo de compra pelo qual a farmicia adquiriu o medicamento de fabricante ow distribaidar, Chamamos o custo no comércio de custo da mercadoria vendida, Na indastria E para o laboratério que fabricou a penicilina, qual o caste? Na inddstria 0 custo seni compost par todas os fatores de predugio do medicamento. Assim, para producir o antibidtica foram mecesshries mio de obra (saldrios, encarges ¢ beneficics), ahiguel do espage para produgio, energia elétrica, equipamentos [o cute é a depreciagio desses equipamentos} © tudo gue estiver envolvide na predugio do medicaments. Em outras palavras, o que estd relacionada a produgdo, ma indistria, ¢ custo, 0 que niio estiver relacionada, no ¢. Chamamos custo na indiistria de custo do produto vendido. Em servigas E para o hospital que trateu o pactente com a penciling, o que é custo? MaJirea de services, ako todos os Fatores assoclados & prestagio daquele service. Ou sea, no servige de tratar o pactente de una infecgto, entrariio no cust, slim da penicilins benzatina usada no tratamenta, salirios, encarges ¢ benelicios dos profissionais eewolvides no procedimento (médicos, enfermeiras, téenicos), energia elétrica que lumina espace, depreciagdo dos equipamentos utilizades (maca, por exempla) ¢ tudo que est associado ao procedimento. Chamamos custos em service de custo do servign: prestado, Despesa Despesas sto gastos com bens ¢ servigas comsumides direta ou indiretamente com a finalidade de cbtengio de receitas. Os impostos so um exemplo. Perda Perda é um gasbo nao intenciomal decorrente de fatores externos fortuites ou da atividade produtiva normal da empresa. O primeiro caso, isto é, fatores externos fortuites, é considerado da mesma natureza que as despesas ¢ é apropriado diretamente contra o resultado do periode. Exemgplos; incndic; obsolescéncia de esteques; periade de greve; enchente: furto,roube, O segunda caso, ou seja, afividade produtiva normal, na qual se enquadram, por exemple, a5 perdas normals em procedimentos cirdrgicos, integra a custo de prestagio de servign, Exemplo: urna cirurgia em que o médico aproveita 80% dos fhas cirirgicos fieando 20% como perda. Da mesena forma, ¢ considerade po custo da cirurgia o prego total do fie, ndo importands os pedages descartados. Em termos priticus, nem sempre ¢ facil distinguir custos e despesas de investimentes. A forma como ot gastos impactam o resultado redefinird sua classificagdo. Se esses gastos nfio impactam o resultado, mas o farSono futuro, serio estocados e, portanto, representam investimentos. Se esses gastos impactam © resultado de forma direta, ou seja, so os responsaveis diretos pela geragio de receita, Fepresentam custo das mercadorias vendidas (comércta), custo das produtos vendidas Uinddistria) ou custo dos services prestados (servigas). Se esses gastos Impactam o resultado de forma indireta, ou seja, so responsivels indiretamente pela geragdo de receita ¢ estiverem correlactonados com a operacio dos negiicios, serio despesas operacionals, porim, se nao estiverem correlactonados com 4 operapie das negicios, serio despesas nfo operacionals. Finalmente, se esses gastos nde forat utilizades para geragho de receita € 0 serae no futuro, representam perdas (figura 2), Figura 2 GasTos investimento |» Cust: Gastos que Uso dos atives parac serio usackes a executer athidades; para gerse uw adquine mercadotas: recess fabricar produtcs pata gerar receita O gasto corm saliria do pessoal do setor de faturamento de um hospital é uma despesa operacional. Ease gasto no estd relacionade de forma direta ao procedimenta mitdice e, por isso, é uma despera e nic um custo, mas é uma atividade que di suporte acs procedimentos médicos senda, portanto, considerado na operacio. gasto com aluguel de um esparo para fazer uma festa de fim de ano é uma despesa nia operacional, porque esses gastos nido esto relacionados com a atividade fim do hospital. A figura 3 mostra, esquematicamente, o proceso de apeaprlacho de custas & despesas, Figura 3 ‘CUSTOS E DESFESAS Produtiva: | Receita a (-) CN/CP/CSP Marketing = Lucro beuto Finangas (-) Despesas operacionais Administragao [= Lucrs oparacanal entre outros... ‘OMV — custo da mercadoria vendida (comeénco); CPV — custo do produto vendido: ((edietia); CSP — custo do senigo prestado (servigo) CMY — cums da rercadota werd (ronieis| CPV — aunts ee procs weds (rein: CSP —cxatoca warvg prmaae taereeh. Exemplos: salérios © encarges sociais da atividade comercial; salaries ¢ encargos sociais da atividade administrative: energia elétrica consumida na sede administrativa; gasto com combustivel ¢ refeigfes do pessoal de vendas; conta telefimica da administracéo e de vendas; aluguéis © seguros da sede administrativa. ‘Gusta da qpotunidade Entende-se, abjetivamente, que custa de opartunidade significa o desejo minimo de remuneragiio do investidar para o capital investido, Podemos entender que esse valor seria a vantage (lucro) que a empresa (investider) pode obter abrindo m&o de determinadas aplicagses em prol de-outras, Efaltos econdminas Sao valores registrados na demonstrative do resultado do exerckia que nfo representardo desembelso no fluwo de caixa, Esses valores, que normalmente so registrados/apurades para a identificagdo do resultado do exercicio, nao representardo saidai monetdrias do caixa da empresa, Coma exensplos mais reconhecides de efeites exondmicos podemos citar: depreciagio, amortizaio ¢ exautstiio, Vejames cada umn. Depreciagiia Concelto que visa & preservagio de receitas, no patrimdnio da empresa, para a reposipbe des bens consumides pela operagho, A depreclacdo eevolve « perda do valor dos bens tanglivels, sujeitos a desgaste (terreno nfo deprecia) pelo uso ou obsolesoincia, A tabela 2 apresenta, resumidamente, alguns items de ativo permanente imobilizado cod sini respectivas taxas anuais de deprectagio ¢ oa carrespondentes anos de vida util. Tabela 2 EXEMPLOS Of ATIVOS PERMAMENTES MeL @Apos Teed baw Tama orveal ace oe vee an — = = eras 4 = ane ener 0 © acura easinemerios 0 0 vesaaon » 5 Fouporeasin de elorremca. = 5 Amortizagao A amertizagio envolve a perda de valor do capital aplicado na aquisigo de intangivets, coma, por exemplo, marcas, patentes, direitos autorals. No use dessa nomenclatura, é comum a confusta cam o conceit de amortizagio referents & quitagio de parcelas de dividas existentes no passive exigivel (passive circulant ¢ no circulante) oriumdo de empréstioos, financiamentos ou fornecedores; entretanto, a classificagio dessa conta lamortizagdo acunuladal, bem come a contas de depreciagse e exaustda, no balango patrimonial, so apresentadas no alive, como contas retificadoras, subtraindo valor dos atives permanentes. Exausiio A exaustie corresponde 4 perda do valor das imobilizagies de recursas da naturea, que sofrem exploracie ¢ que se eagotam com o passar do tempo, tendo como exemplos as reservas minerais ¢ vegetais (minério de ferro, petréleo, bauxita etc Vamos estudar agora as classificagiies dos custos, Classificagie de custos O custe pode ter a3 seguintes classificagdes: direto, indireto, fixe, varidvel, semifixo, semivaridvel, imputade, por falhas internas, por falhas externas, irrecuperiveis, evitdveis ¢ inevitaveis. Custo direto

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