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ISSN 2676-0258
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Desbravadores, especificamente, os voltados ao exercício da
liderança e do serviço nesse ministério.
COMISSÃO EDITORIAL
Victor José Machado de Oliveira (Editor Chefe).
Pr. Ivay Pereira Araújo (Editor Consultivo).
Djeison Cesar Batista (Editor Associado – Conteúdo).
Marcos Paulo Leitzke (Editor Associado – Forma).
Marcus Vinícius Lopes Gouveia (Editor Assistente – Conteúdo).
Thauane Martins Lima (Editora Assistente – Forma).
Lídia Valadares do Nascimento Campos (Secretária Executiva).
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PROJETO GRÁFICO
Lucas Pereira de Freitas.
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publicado nesta revista. Os trabalhos publicados representam o
pensamento dos autores.
O que você encontrará nesta edição
EDITORIAL
4 anos de Revista do Líder! ........................................................................................... e-0052 03
Marcos Paulo Leitzke
MENSAGEM MINISTERIAL
Quando a oposição vem daqueles que estão ao seu lado .............................................. e-0053 04
Diego Oliveira da Costa
SALVAÇÃO E SERVIÇO
“Fazem a diferença”: João 13 ....................................................................................... e-0054 05
René Roald Graf Maiorov
OLHAR DO ESPECIALISTA
O Clube de Desbravadores entre a modernidade sólida e a modernidade líquida:
uma análise sociológica ................................................................................................ e-0055 07
Victor José Machado de Oliveira
PROJETOS E MATERIAIS
Cerimônia do Fogo ....................................................................................................... e-0056 10
Clube de Líderes Monte Everest
ARTIGO
O processo de escrita como parte da formação do líder de desbravadores .................... e-0057 12
Victor José Machado de Oliveira
INOVAÇÃO E ENSINO
A importância do orientador na formação de líderes de desbravadores ........................ e-0058 18
Bruno Batista Coutinho da Silva
ENTREVISTA
Super Desbravador: Entrevista com Silas Silva ............................................................. e-0059 22
Revista do Líder
TESTEMUNHO
Como é bom fazer as coisas corretamente! ................................................................... e-0060 26
Marcos Paulo Leitzke
COMENTÁRIO CRÍTICO
Análise das especialidades da área de Habilidades Domésticas..................................... e-0061 27
Djeison Cesar Batista
marcospauloleitzke@hotmail.com
Editor Associado – Revista do Líder
Líder de Desbravadores – Associação Sul
Espírito Santense, USEB/DSA
rrgraf@hotmail.com
stavam jantando tranquilamente, porém,
Licenciado em Administração
suas mentes não estavam tranquilas. Dis- Tesoureiro assistente – Associação Argentina
frutavam a presença de seu Mestre, mas alguns do Sul, UA/DSA
pensamentos interferiam em seu estado de felici-
dade. Por um lado, viam o rosto de Jesus angustia- mente em poucas horas.
do. Isso não era normal. Sentiam simpatia por seu Não havia tempo a perder. Jesus desejava dei-
Mestre, apesar de não ousarem dizer nada. Por xar alguns ensinamentos gravados de forma inde-
outro lado, a discussão sobre quem seria o maior lével nas mentes de seus seguidores. Ele se levan-
no suposto novo reino que acreditavam que Jesus tou do jantar, removeu os elementos que poderi-
estava prestes a estabelecer havia vindo à tona am atrapalhá-lo, pôs água em uma vasilha e, para
com a falta de servos para lavar os seus pés ali no espanto (e possivelmente terror) de seus discípu-
cenáculo. Os olhares receosos entre si buscavam los, começou a lavar os seus pés e secá-los com
evitar para ser eleitos para essa tarefa “servil”. uma toalha.
Jesus olhava seus discípulos e percebia com O capítulo 13 de João nos deixa pelo menos
tristeza que não estavam espiritualmente prepara- quatro assuntos bem claros:
dos para o que estava por desencadear-se furiosa-
1) O poder do exemplo (v. 14, 15): Somente pala- culpas para não servir aos outros só porque não são
vras não teriam tanto poder e influência. Jesus fez e pessoas das quais não nos agradamos ou porque pare-
exemplificou o que pregou. Isso é o que lhe dava tan- ce que não nos amam e, muito menos, porque não
ta autoridade. Isso é o que lhe tornava irresistível. merecem. Jesus serviu a todos igualmente.
Isso é o que fazia que nada e ninguém pudesse discu- 4) O amor: Jesus deu “um novo mandamento” (v.
tir com Ele. Vocês e eu precisamos dar o exemplo pri- 34). E qual seria o novo? Em Levítico 19:18 já estava
meiro e, se for estritamente essencial, falar depois. escrito: “amarás ao seu próximo como a ti mesmo”.
Queremos enfatizar a outros a necessidade de com- Pois bem, o novo mandamento, que não é outra coisa
partilhar o evangelho? Pois bem, primeiro devemos senão a ampliação do “antigo” mandamento, estabele-
ser exemplos de pessoas que evangelizam. Queremos ce que devemos amar aos outros já não como a nós
falar sobre a necessidade de ser humildes? Então de- mesmos, mas como Jesus os amou. O versículo 1 diz
vemos primeiro ser humildes nas nossas relações que Ele amou aos seus “até o fim”. E o exemplo imedi-
com os demais. Queremos falar sobre o amor e a uni- ato subsequente de Jesus amplia o conceito para que
dade na igreja? Bem, então devemos dar o exemplo, entendamos que “o fim” é a própria morte. Jesus mor-
vivendo uma vida de amor e longanimidade para com reu por amar você e eu. Deixou o céu e doou sua vida,
os demais e sendo fatores de unidade e não de críticas por amor morreu na cruz (Filipenses 2:5-8). Agora “o
e divisão. sarrafo” está mais alto. Porque antes de sua primeira
2) A humildade: Jesus quebrou as aspirações de vinda não tínhamos o exemplo do amor supremo de
seus discípulos e os sentimentos de superioridade ao Cristo demonstrado em ações concretas. E a demons-
lavar os seus pés. Seu Mestre, seu amado Mestre, es- tração prática do seu amor infinito por você e eu des-
tava realizando um trabalho de servo. Com frequên- de a manjedoura até a cruz também nos motiva de
cia, acreditamos que somos melhores que os demais, forma diferente. Neste ponto, Jesus foi incisivo: o
especialmente quando nos detemos em ver seus er- amor é a marca distintiva que os demais verão em
ros. A humildade impede-nos de buscar fazer só as seus discípulos. Se não há amor, não há discípulo.
coisas que são mais importantes ou as que recebem Será que podemos estar falhando neste ponto?
maior reconhecimento e/ou visibilidade. Jesus, embo- Para nós, cristãos do século XXI, estes quatro pon-
ra fosse o Rei do universo, nos mostrou com seu tos inseparáveis FAZEM A DIFERENÇA. Nada mudou
exemplo que aquele que tem um conceito equilibrado sobre isso desde os tempos de Jesus. Entretanto, hoje
de si mesmo e dos outros é mais feliz (v. 17). Ele chama você e eu para sermos servos humildes e
3) O serviço: Está fortemente ligado a humildade. cheios de amor. Um amor prático. Um amor visível.
Quem é humilde não tem problema nenhum em ser- Não importa o nível de estudo que tenha. Não impor-
vir ao seu próximo, sem distinção de posição social, ta o dinheiro que tenha. Não importa o trabalho que
cargo, sexo, nacionalidade etc. Quem vive uma vida tenha. Não importa a idade que tenha. Não importa.
de serviço está disposto a fazer tarefas mais simples Só importa que sua vida seja um exemplo de amor,
em favor de outros. Nós, como discípulos de Cristo humildade e serviço.
(que foi um líder servidor e modelo de humildade), Está disposto a refletir com sua vida os ensinamen-
não somos superiores a Ele (v. 16). Por isso, é natural tos daquela noite tão especial? Está disposto a pagar o
que sejamos felizes em servir ao nosso próximo e a preço de levar aquelas marcas que te diferenciam co-
Deus como Ele serviu. Quem vive uma vida de serviço mo um fiel seguidor do Mestre?
sempre pensa nos outros e em como ajudá-los. Tam-
Deus te abençoe!
bém é necessário ressaltar que Jesus lavou os pés de
Judas, que estava ao ponto de traí-lo. Jesus sabia e,
mesmo assim, lavou seus pés. Não podemos dar des-
peculiaridades
Central Amazonas, UNOB/DSA
este texto, estou propondo um ensaio teórico A modernidade sólida é reconhecida como aquela
para analisar o trabalho da liderança do Clube em que transformações sociais estão acontecendo,
de Desbravadores nos tempos atuais. Cada geração é/ por exemplo, a revolução industrial. A imagem da
foi influenciada por acontecimentos e conformações fábrica e da linha de produção representam bem os
sociais que “moldam” as relações sociais. É muito co- ideais da modernidade sólida. Bauman vai dizer que
mum se ouvir: “na minha época não era assim” ou essa sociedade é percebida como de produtores, ou
“hoje é tudo muito diferente”. Há explicações para seja, de pessoas que estão fortemente vinculadas ao
isso. E elas podem nos ajudar a desenvolver nossa trabalho como produção de suas identidades.
liderança para conduzir a juventude (a nova geração)
Há uma forte influência da solidez moderna na
que está hoje sob nossos cuidados.
educação. Nesse período, as pessoas esperavam por
Quando proponho refletir sobre os tempos atuais, um conhecimento que pudessem levar para toda a
lembro do sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017). vida. E era muito comum, que projetos de vida fos-
Bauman nasceu na Polônia e era descendente de ju- sem estabelecidos com o estudo para conseguir um
deus. Dado isso, sofreu perseguições durante momen- diploma, conseguir um bom emprego e se aposentar
tos de sua vida, tendo que se refugiar em outros paí- nele. Ou seja, os projetos de vida tinham essa pers-
ses como Israel. Depois, tornou-se professor de Socio- pectiva de estabilidade e solidez. E tudo que atacasse
logia na Universidade de Leeds na Inglaterra essa ordem, era considerado fora do padrão e deveria
(REZENDE, s/d). ser eliminado.
O seu trabalho intelectual ficou bem conhecido Ainda mais, o poder está centrado em poucos que
pelas metáforas que cunhou. Dentre elas, citamos as são considerados “legisladores”. Esses, fazem um tra-
de “modernidade sólida” e “modernidade líquida”. balho de educar, cuidar e punir seus seguidores
quando desviam de suas ordens. Logo temos o fenô-
meno do panóptico (um ou poucos vigiando a mui-
tos), para conduzir suas ações. O exemplo clássico
desse modelo é o Estado Nação (também apelidado de Se considerarmos a explicação acima e operarmos
Big Brother = O Grande Irmão). com ela pensando a liderança no Clube de Desbrava-
dores, podemos observar duas gerações que estão em
choque hoje.
Com o passar do tempo, as transformações sociais De um lado, os “antigos”, hoje parte da liderança.
foram afetadas por fenômenos contundentes como a Que receberam uma “educação sólida”, pensando na
globalização. A imagem da fábrica é substituída pela continuidade e na fixidez do mundo. Para esses, ge-
da empresa, que agora pode se situar em qualquer ralmente, há um único modo de fazer algo e um co-
lugar, ou lugar nenhum (basta pensarmos nas empre- nhecimento válido para toda a vida. Provavelmente,
sas online). A sociedade de produtores, agora passa a seja por isso que ouvimos tantas vezes as famigeradas
se identificar com o consumo (sociedade de consumi- lembranças: “Ah! Mas, na minha época éramos ‘raiz’.
dores). Ou seja, o que importa é consumir novas sen- Hoje, essa geração é ‘Nutella’”.
sações a todo o momento – o que vai influenciar a
De outro lado, os “novos”, que são os liderados.
construção das identidades.
Uma geração fortemente influenciada por uma
A educação também é afetada. O conhecimento “educação líquida”, cujo conhecimento é a informa-
para toda a vida, agora é mudado pela informação ção que logo vai se tornar obsoleta. Essa geração tam-
instantânea, que deve ser rapidamente consumida e bém é influenciada pelas informações das redes digi-
descartada. Nada é fixo e as coisas podem rapidamen- tais e busca viver o aqui-agora apenas, sem pensar no
te mudar de lugar. Os projetos de vida tornam-se fle- futuro.
xíveis e agora, por exemplo, não mais se espera que
Podemos, então, falar que temos uma “liderança
alguém entre em um emprego e fique a vida toda nele
sólida” buscando trabalhar com um “liderado líqui-
até a aposentadoria. O diploma de um curso, logo se
do”. Diante disso, o que podemos fazer? Como Clube,
torna obsoleto, fazendo com que o sujeito tenha que
imbuídos pelo nosso objetivo de salvar do pecado e
sempre buscar novos cursos e especializações.
guiar no serviço, como podemos liderar as novas ge-
Se antes existiam poucos legisladores que ditavam rações em um contexto tão complexo? Como atrair
as normas, agora há uma proliferação de essa geração cada vez mais fluída e que não pensa
“conselheiros”. Os conselheiros são especialistas nas muito no futuro, para uma verdade presente e uma
mais variadas áreas que dão conselhos de como as base espiritual centrada na Bíblia?
pessoas devem viver. Nesse sentido, agora temos mui-
tos vigiando a poucos (sinóptico) – por exemplo, nos
programas de reality show que passam na TV. Assim,
há uma privatização da vida, lançando as responsabi-
lidades para as próprias pessoas que precisam resol- O sociólogo Bauman já chamava a atenção para
ver seus problemas buscando os mais variados conse- como podemos educar as novas gerações nesses con-
lhos por sua conta e risco. Temos como exemplo de textos cada vez mais fluídos e flexíveis. Um primeiro
conselheiros os blogueiros, as revistas (de saúde, de conselho que podemos extrair de sua sociologia é que
economia, de fofoca etc.), os programas etc. devemos, primeiramente, aprender a viver nesse
mundo líquido para depois buscar ensinar (e no nos-
so caso, liderar) as novas gerações.
Percebam que em ambos os casos o projeto de mo- O líder sólido precisa abrir-se para novas ideias e
dernidade continua, mas com ênfases diferentes. perspectivas, para assim compreender melhor o seu
Uma não elimina a outra. Porém, hoje, podemos ver liderado líquido. Vejamos o exemplo de Paulo ao pre-
muito mais influências líquidas nas relações sociais gar em Atenas. Ele utilizou uma linguagem próxima
do que antes. E isso gera uma reflexão profunda sobre das pessoas para apresentar verdades eternas (Atos
como trabalhar com os jovens e juvenis desta gera- 17:16-34). Em nossos dias, precisamos reconhecer,
ção. Afinal de contas, estamos em um momento que a por exemplo, que a tecnologia e as redes digitais estão
geração da modernidade sólida está liderando a gera- aí para ficar; e que precisamos nos apropriar delas
ção da modernidade líquida. Quais implicações há para dialogar com nossos liderados de forma a cha-
nisso? mar a atenção deles.
Nós precisamos ser um contraponto diante de tan-
tas “vozes” (de conselheiros) que nossos liderados ou dez mil “seguidores” nas redes sociais. Sendo que,
possuem ao alcance das mãos (em um smartphone, essa relação online retira o contato presencial (cara a
por exemplo). Precisamos guiá-los nesse mundo cara) e o aprofundamento das relações sociais, impor-
“saturado de informações”, fazendo com que usufru- tante para o desenvolvimento humano. Na rede soci-
am daquelas que realmente valha a pena e que edifi- al, por exemplo, quando não se gosta de algo, basta
quem suas vidas para a eternidade. Precisamos apre- apenas clicar em “deixar de seguir” e fugir do assun-
sentar a verdadeira religião, conforme Tiago 1:27. to. Presencialmente, isso não é possível, fazendo com
Mas, não adianta tentar fazer isso dentro de um que as pessoas tenham que aprender a conviver e
Clube da modernidade sólida. Ou seja, um Clube que chegar em consensos.
não está aberto para o novo; ou que rechaça aqueles Em vez de “mil amigos” que mal se sabe quem é, o
que considera “Nutella”. A roupagem precisa mudar, Clube oferece amizades daquelas que se pode “contar
mantendo os princípios. Ellen White (2004, p. 11) de- no dedo” e que são, de fato, oportunidades de apro-
clara que é na oração que recebemos luz de Deus para fundar os laços. São amizades que possibilitam o
discernir “entre o certo e o errado, o bem e o mal”. E, cumprimento do objetivo de “salvar do pecado e guiar
para isso, os líderes precisam de estudar mais, em no serviço”. Nesse sentido, temos um poderoso siste-
espírito de oração, para compreender essa nova gera- ma de unidade que facilita esse processo de constru-
ção e como trabalhar com ela. ção de amizades duradouras. E são essas amizades,
Diante dessa geração, que aprende, praticamente inclusive, aquela estabelecida entre líder e liderado
“ao nascer”, a operar um smartphone ou um tablet, que produz o discipulado e o fortalecimento da obra
temos, como liderança, a missão de apresentar a eles do Mestre de pregar o evangelho ao mundo.
Imagem: Ester Souza - @estersnow_
ALMEIDA, Felipe Quintão; GOMES, Ivan Marcelo; BRACHT, Valter. Bauman & a educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. Legisladores e intérpretes: sobre modernidade, pós-modernidade e intelectuais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.
BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2013a.
BAUMAN, Zygmunt. Sobre educação e juventude. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2013b.
REZENDE, Milka de Oliveira. "Zygmunt Bauman"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/zygmunt-
bauman.htm. Acesso em 23 de maio de 2021.
WHITE, Ellen G. Liderança Cristã. Ellen G. White Estate, Inc. 2004. Disponível em: http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/
Lideran%C3%A7a%20Crist%C3%A3.pdf. Acesso em 12 de fevereiro de 2022.
odo acampamento tem fogueira. E os
desbravadores sempre aguardam por
uma fogueira em especial: o fogo do conselho.
Porém, o fogo do conselho é feito de formas
diferentes nos clubes e regiões. O próprio Ma-
nual Administrativo diz que o fogo do conse-
lho deve ser feito todas as noites do acampa-
mento. E se não for possível, pelo menos, deve
ser feito na última noite. O Manual também
faz referências a vários tipos de fogo do conse-
lho: espiritual, cultural, temático, cerimonial,
administrativo ou liderança e relações públi-
cas (DIVISÃO SUL-AMERICANA, 2020).
Neste texto vamos focar na experiência de-
senvolvida na Região Tupi, da Associação Sul
Espírito Santense, localizada no município de
Vila Velha (ES). Há mais de uma década, é de-
senvolvida a “Cerimônia do Fogo” no acampa-
mento da região chamado de CCAD (Curso de
Capacitação e Aperfeiçoamento de Desbrava-
dores). A cerimônia resguarda algumas peculi-
aridades que a diferencia das demais pratica-
das em outras regiões e localidades.
Imagem: Stella Lima de Freitas - @little_b027
falecom.monteeverest@gmail.com
Região Tupi, Vila Velha/ES – Associação Sul
Espírito Santense, USEB/DSA
O nome “Cerimônia do Fogo” foi adotado como um com o sobrenatural. Alguns participantes expressa-
diferencial da metodologia utilizada. Diferentemente ram em palavras suas experiências com a Cerimônia
do que apregoa o Manual Administrativo com respei- do Fogo.
to ao fogo do conselho, a Cerimônia do Fogo tem um
ritual a ser realizado com o foco totalmente espiritu-
al. Nesse caso, podemos dizer que a Cerimônia do “O momento da minha vida em
Fogo é um tipo de fogo do conselho, mas nem todo que me senti ao lado de Deus pela
fogo do conselho é uma Cerimônia do Fogo. primeira vez”
Com o objetivo de ampliar e orientar essa prática,
a região Tupi, em conjunto com o Clube de Líderes
Monte Everest, lançará em breve o Manual da Ceri- “É um dos encontros mais lindos
mônia do Fogo. Trata-se de uma publicação que visa que você pode ter com Deus”
ensinar a filosofia, a organização e a execução da ceri-
mônia no acampamento. Como principais pontos da
Cerimônia do Fogo, temos: “Deus faz além do que a gente
▷ A cerimônia é realizada na última noite de possa imaginar naquele lugar. As
acampamento. pessoas são usadas por Deus!”
▷ O tema da mensagem deve ser sempre espiritu-
al. Para que resultados como esses sejam alcançados,
é necessário que a Cerimônia do Fogo seja conduzida
▷ A cerimônia se inicia às 2h da manhã, com o
com muito zelo e dedicação por parte de quem o orga-
limite máximo de 60 minutos de duração.
niza. Os desbravadores devem ser levados a compre-
▷ Os desbravadores devem ser despertados cuida- ender a importância desta cerimônia solene. Nada de
dosamente para a cerimônia. bagunça ou algazarra. Nada de fogos ou artefatos pi-
rotécnicos. O foco deve ser a elevação do pensamento
▷ As músicas devem ser calmas e edificantes para
a Deus. Durante a cerimônia há o grande potencial de
elevar o pensamento a Deus. se resgatar princípios, ensinamentos e testemunhos.
▷ A fogueira utilizada é exclusiva da cerimônia O fogo na Bíblia tem passagens importantes: Elias
(não pode ser usada para nenhuma outra finali- no monte Carmelo, a nuvem de fogo que protegia Is-
dade). rael no deserto, Moisés e a Sarça Ardente, as línguas
de fogo que repousaram sobre os discípulos, João Ba-
▷ Quando todos estiverem ao redor da fogueira, o
tista quando disse que Aquele que viria após ele
diretor (ou alguém designado por ele) deve con- (Jesus) batizaria com Espírito e Fogo. Vale frisar, no-
tar a história da origem da cerimônia vamente, que muitas decisões com peso eterno serão
(introdução). tomadas à beira do fogo. Portanto, esta é uma cerimô-
nia em que reside a sagrada e vigorosa reafirmação do
▷ Após a introdução, entra em cena o responsá-
nosso compromisso como desbravadores, servos de
vel por contar a história principal, com pala- Deus e herdeiros do Reino.
vras assertivas e amáveis para elevar o pensa-
Quer saber mais sobre a cerimônia e como realizá-
mento a Deus. la? Acesse o site www.clmonteeverest.org e veja em
Esta cerimônia, praticada há mais de uma década, breve o Manual da Cerimônia do Fogo, entre outros
já teve inúmeros resultados. Os participantes sempre materiais.
relatam que os momentos vividos ao redor do fogo Maranata!
foram significativos. Inclusive, à beira do fogo, mui-
tos decidiram sobre os caminhos espirituais de suas
vidas. Há relatos de pessoas que tiveram experiências
DIVISÃO SUL-AMERICANA. Manual Administrativo do Clube de Desbravadores. Brasília: Divisão Sul-Americana, 2020. Acessado em:
https://deptos.adventistas.org/desbravadores/ManualAdministrativoDesbravadores.pdf. Data de acesso: 14 de abr. 2022.
Deus tem chamado a juventude para uma obra elevada,
na qual necessita-se de jovens com habilidades comuni-
cativas, em especial a de escrever
oliveiravjm@gmail.com
Doutor em Educação Física
Líder Máster de Desbravadores – Associação
Central Amazonas, UNOB/DSA
os 10 anos de idade, ao ingressar no clube, é um líder
potencial em formação devido aos conhecimentos
relacionados à liderança que desenvolverá nas classes
Dicionário Online de Português define escrita
(inclusive na seção Organização e Liderança).
como: “ação ou efeito de escrever, de repre-
sentar algo por sinais gráficos”. Essa definição está No entanto, vamos utilizar a definição de líder em
alinhada com o Trésor de la Langue Française que diz formação inicial como aquele que completou suas
que “a escrita é um sistema de representação gráfica classes, ou está fazendo as classes agrupadas, e inici-
de uma língua” (BACHELOT, 2020, p. 226). ou a classe de Líder. Após a investidura em Líder, o
processo de formação não acabou, como alguns pen-
Essa ideia contribuiu para que a escrita estivesse
sam de forma equivocada. Inicia-se o processo de for-
subordinada a língua falada, ou seja, como um aces-
mação continuada do líder com a realização das de-
sório do que se fala. No entanto, Bachelot (2020) apre-
mais classes de liderança (Líder Máster e Líder Más-
senta argumentos que recuperam a escrita para além
ter Avançado). Ambas as formações têm base no ser-
dessa relação de subordinação: tanto a fala quanto a
viço ao Clube e à Igreja.
escrita são manifestações da atividade simbólica.
Antes de prosseguirmos, é necessário considerar
Sem nos preocuparmos, no momento, em realizar
que a formação do líder não se limita às classes. A
um aprofundamento no estudo de Bachelot (2020),
formação humana não tem fim. A formação escolar,
apenas indicamos dois argumentos que nos ajudarão
profissional, familiar, cultural, social etc., são ele-
a refletir no presente texto. 1) A escrita, tal qual a co-
mentos que interferem na liderança. Além disso, exis-
nhecemos, é um elemento indispensável para a co-
te a formação no serviço, seja nas ocupações secula-
municação e preservação da informação, o que anti-
res que o líder desenvolve ou no próprio trabalho co-
gamente se fazia por meio da tradição oral. 2) Porém,
tidiano do clube em que atua.
em nossa cultura contemporânea, a escrita tradicio-
nal está cada vez mais obsoleta diante das tecnologias As ideias que sustentam esse texto não vieram do
que utilizam de forma crescente o reconhecimento de zero. Fizemos a opção por um texto do tipo ensaio, no
voz. Por exemplo, o uso de smartphones e tablets es- qual tomamos a liberdade de refletir sobre alguns
tão tomando o lugar dos livros e cadernos textos que acessamos sobre a temática da escrita. Ini-
(BACHELOT, 2020). Porém, é interessante ressaltar cialmente, nos apoiamos em conselhos bíblicos e do
que mesmo com as novas tecnologias, uma nova for- Espírito de Profecia. Em segundo lugar, fizemos uma
ma de escrita é praticada: a escrita digitada. busca no Google Acadêmico (portal de busca do Goo-
gle para trabalhos acadêmicos) sobre estudos na área
É diante desse cenário paradoxal da escrita (tão
da formação de professores que consideram o proces-
essencial, mas se tornando cada vez mais obsoleta)
so de escrita. Selecionamos alguns desses textos após
que buscamos responder à questão: como o processo
leitura prévia do título e resumo e os apresentamos
de escrita pode influenciar na formação do líder de
no decorrer do artigo para fundamentar nossa pro-
Desbravadores? Uma primeira ideia que vem à mente
posta.
é a necessidade de escrever os relatórios das classes
de liderança. No entanto, pretendemos ir além da Apesar da característica mais ampla que a escrita
escrita padrão como mera tarefa de produzir um rela- possui, por uma questão de delimitação de ideias e
tório que, depois, pode vir a virar poeira em algum conceitos, nesse texto trataremos com maior ênfase a
depósito. escrita na formação do líder com base no que consta
nas classes. No entanto, consideramos que esse ponto
Também vemos a escrita intimamente ligada na
inicial coloca possibilidades para que o leitor reflita
comunicação dos líderes com seus liderados. Por
sobre os usos da escrita em outros momentos e con-
exemplo, em trocas de mensagens por aplicativos,
textos.
organização de escalas, divulgação de atividades, con-
vites e propagandas, pesquisas e sistematizações de
informações e conteúdo para ensino de uma classe ou
especialidade etc.
Objetivamos tratar a escrita como um processo Para irmos de encontro ao nosso objetivo, que é
comunicativo, criativo e formativo, que, inclusive, compreender como a escrita pode influenciar na for-
tem o poder de transformar. A escrita é algo vivo, pu- mação do líder de Desbravadores, queremos lançar a
jante, que deve fazer parte da prática cotidiana do base nos conselhos de Ellen White. A pena inspirada
líder que está em formação inicial ou continuada. Em diz:
primeiro lugar, entendemos que todo juvenil, desde
1) “Temos hoje em dia um exército de jovens que dores. Era de se esperar que um pescador não soubes-
podem fazer muito, se devidamente dirigidos e ani- se muito de escrita, mas vemos cartas desses homens
mados” (WHITE, 2007, p. 27). que hoje compõem o cânone sagrado. Por outro lado,
2) “Os jovens devem ter ideias amplas e planos sá- observamos o pioneiro adventista Thiago White. A
bios, para poderem tirar o maior proveito de suas escrita desse jovem contribuiu significativamente pa-
oportunidades e captar a inspiração e a coragem que ra a organização da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
animaram os apóstolos” (WHITE, 2004, p. 27). Deus pretende usar a juventude em sua obra por
3) “A causa de Deus requer as mais elevadas facul- meio da escrita. Portanto, independentemente do
dades do ser e, em muitos campos, há urgente neces- grau de estudo, conclamamos os líderes desse Minis-
sidade de jovens com a habilidade de escre- tério a desenvolver a escrita como um processo de
ver” (WHITE, 2004, p. 26). formação para o seu avanço. Você pode escrever pe-
quenas mensagens informativas, inspiradoras e ins-
A escrita é algo importante e deverá estar aliada a
trutivas para o informativo de sua igreja e/ou clube.
um compromisso com Cristo e à sua Palavra. O Minis-
Também pode fazer textos mais elaborados para com-
tério dos Desbravadores necessita de jovens líderes
por uma apostila de ensino de uma especialidade ou
que desenvolvam um “espírito zeloso”, que estejam
um artigo para uma aula de liderança. Até mesmo
“preparados para a ação” e “aptos a assumir responsa-
participar da elaboração de um manual que orientará
bilidades” (WHITE, 2004, p. 25).
ações como ordem unida, planejamento e administra-
Os conselhos de Ellen White estão de acordo com ção etc.
a Bíblia. Vejamos o conselho do apóstolo Paulo ao
jovem Timóteo: “Portanto, você, meu filho, fortifique-
se na graça que há em Cristo Jesus. E as coisas que me
ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, con-
fie a homens fiéis que sejam também capazes de ensi- Desta forma, entendemos que toda pessoa que
nar a outros” (2 Timóteo 2:1,2). atua com Desbravadores (juvenis e jovens em forma-
Vemos aqui a formação de um jovem líder da Igre- ção) necessita, minimamente, de competências e ha-
ja Primitiva, o qual deveria formar a outros para o bilidades para desenvolver seu trabalho. Esse enten-
ministério do ensino. Entendemos que hoje, o Clube dimento toma como base a ideia de que o Clube de
de Desbravadores necessita de jovens preparados pa- Desbravadores é um espaço de educação não formal
ra o ensino e a escrita é um dos talentos que precisam (MARTINS; SOUZA, 2017).
desenvolver para o avanço da obra de Cristo. Ou seja, se um professor necessita passar por um
O próprio apóstolo Paulo utilizou a escrita para processo de formação profissional para atuar (e por-
ensinar as igrejas através de cartas. Essas cartas, além tar um diploma reconhecido), precisamos nos preo-
de uma ação educativa pontual para a comunidade a cupar com a formação de nossos líderes que irão tra-
qual foram endereçadas, se tornaram parte do cânone balhar com pessoas em formação. Podemos acrescen-
sagrado e hoje continuam ensinando a todos os que tar, inclusive, que a educação que o Clube de Desbra-
as leem. Registram ideias, conceitos, orientações e vadores oferece tem consequências eternas, pois, “a
admoestações que, mesmo na ausência (ou, na morte) educação na Terra é a iniciação nos princípios do
de seu autor, poderão educar a muitos. Céu” (WHITE, 2008, p. 245).
A base do estudo e da escrita, deve ser, sem som- Uma vez considerado que o líder de Desbravado-
bra de dúvida, o “Assim diz o Senhor”. “Toda a Escri- res precisa de uma formação à altura de sua atuação,
tura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a passamos a ponderar sobre a escrita. Autores no cam-
repreensão, para a correção e para a instrução na jus- po da educação apontam que a escrita é um fator pri-
tiça, para que o homem de Deus seja apto e plena- mordial na formação de professores, pois lhes permi-
mente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo te fortalecer a identidade docente e a capacidade críti-
3:16,17). De forma complementar, temos outras litera- ca-reflexiva necessária para a prática profissional
turas que estão em conformidade com a Bíblia e que (DOMINGO; SIMAS, 2018; FIORAVANTE; GOMES,
também devem ser lidas para a ampliação de vocabu- 2017; MAGALHÃES; REIS, 2017). No entanto, no con-
lário e ideias. texto brasileiro, é observado que muitos dos alunos
dos cursos de Licenciatura e Pedagogia (formação de
Por fim, para ilustrar a importância da escrita no
professores) ingressam com reais dificuldades de es-
avanço da obra, vemos os apóstolos como grande
crita, por exemplo, na produção de trabalhos e relató-
exemplo. Temos desde doutores e médicos até pesca-
rios (MAGALHÃES; REIS, 2017).
Tomando o contexto citado anteriormente, pode- (MAGALHÃES; REIS, 2017). No entanto, tal processo
mos levantar a hipótese de que muitos de nossos líde- permitirá ao próprio líder compreender a si mesmo
res, incluindo os mais jovens que estão finalizando o tanto quanto suas ideias sobre a educação e a vida
ensino médio, também devem ter dificuldades com a (DOMINGO; SIMAS, 2018).
escrita. No entanto, os autores acima citados conside-
ram que promover a escrita durante a formação des-
ses sujeitos é fundamental, inclusive, para fortalecer No processo de escrita, o líder constrói uma me-
a identidade docente (DOMINGO; SIMAS, 2018; MA- mória em forma de registro, na qual poderá sempre
GALHÃES; REIS, 2017; FIORAVANTE; GOMES, 2017). revisitar as práticas já vivenciadas sempre que neces-
Podemos comparar a estrutura do Clube de Desbrava- sário para poder reutilizá-las ou reelaborá-las
dores com a de uma escola. E nesse sentido, conside- (FIORAVANTE; GOMES, 2017).
ramos que seria benéfico para o Ministério que seus
líderes tivessem uma formação pedagógica.
Ora, a identidade docente não é apenas uma prer-
Escrever não remete apenas a um passado, mas
rogativa do professor, mas, de todos os que, de algu-
permite que se perceba como essas experiências in-
ma forma, se dispõem a ensinar a outros nos mais
fluenciam o presente. Além disso, as reflexões origi-
variados espaços. Logo, observamos que é necessário
nadas nesse processo permitem projeções futuras
compreender que o líder de Desbravadores precisa
sobre perspectivas, possibilidades e caminhos
desenvolver uma identidade docente para atuar com
(DOMINGO; SIMAS, 2018). No processo de escrita, o
juvenis. Tal identidade pode ser fortalecida pelo pro-
líder poderá: a) se perceber no tempo e no espaço,
cesso de escrita.
identificando boas ou más práticas vivenciadas en-
É importante esclarecer que não se trata de se cri- quanto desbravador; b) refletir como elas influenciam
ar um “curso em nível superior” para formação de o seu modo de ser e agir no presente; c) projetar sua
líderes de Desbravadores, mas necessitamos refletir atuação de liderança, buscando superar as más práti-
com maior atenção como estamos formando nossos cas e implementar as boas. Esse processo, não apenas
líderes e, assim, elaborar propostas de formação cada desenvolve a identidade docente, como também for-
vez mais condizentes com a função social que o líder talece o compromisso social (DOMINGO; SIMAS,
desempenha na comunidade. Nesse sentido, devería- 2018). Ou seja, não se trata apenas de uma formação
mos também contemplar os aspectos didático- técnica, mas de uma formação de atitudes frente ao
pedagógicos nessa formação. objetivo de “salvar do pecado e guiar no serviço”.
A seguir, apontamos alguns elementos extraídos
dos estudos já referidos para apoiar o desenvolvimen-
to de uma cultura de escrita na formação dos líderes
de desbravadores e o fortalecimento de sua identida- A prática da escrita em si não é suficiente, sendo
de docente: necessária a mediação de um orientador que dê um
feedback constante sobre esse processo
(MAGALHÃES; REIS, 2017). O Manual Administrativo
Observa-se que os relatórios de liderança têm uma do Clube de Desbravadores (2013) faz referência à
tendência descritiva, ou seja, de apenas relatar o que figura do líder orientador. Cabe a esse auxiliar como
foi feito. Logo, a escrita se expressa de forma mecâni- mediador, tanto no cumprimento da classe como no
ca e acrítica (sem reflexão). Contrário a isso está a processo de aperfeiçoamento da escrita. Nesse senti-
perspectiva de que, mesmo considerando a importân- do, o orientador precisará compreender as fases da
cia da descrição, é necessário ir além dela, refletindo escrita: o planejamento (criação de um esboço), a es-
sobre a prática descrita. Desse modo, a descrição é crita (propriamente dita) e a reescrita (com leituras e
um alimento para a reflexão (FIORAVANTE; GOMES, releituras no processo de orientação) (MAGALHÃES;
2017). REIS, 2017).
Escrever não é apenas replicar uma teoria, ou seja, O que mais observamos são relatórios colocados
o processo de escrita não se trata apenas de ideias e em depósitos ou estantes. Ao contrário dessa perspec-
conceitos teóricos, mas da relação desses com as prá- tiva, a escrita precisa circular em espaços de divulga-
ticas vivenciadas. A escrita precisa fomentar interpre- ção (MAGALHÃES; REIS, 2017). A escrita não pode ser
tações críticas sobre o próprio fazer do líder apenas uma tarefa, ela precisa ser tomada como um
processo formativo com potencial comunicação em vidas nos relatórios das classes de liderança)
cursos, revistas, blogs, websites etc. Isso, inclusive, precisam estar em uma base de dados. O acú-
permitiria que os conteúdos de cursos de liderança mulo de conhecimento e a circulação dele po-
fossem renovados periodicamente, com assuntos con-
derão fomentar novas pesquisas e, assim, fazer
textualizados e que façam o Ministério avançar.
avançar ideias, conceitos e até teorias sobre
Magalhães e Reis (2017, p. 221) afirmam que “é
questões vinculadas ao Ministério dos Desbra-
necessário criar espaços e situações para fazer circu-
vadores.
lar o discurso escrito”. O projeto da Revista do Líder
busca, no Ministério dos Desbravadores, colaborar na 2. A escrita dos líderes tem caráter formativo. Lí-
criação de um espaço para veiculação das escritas dos deres em formação poderão utilizar as pesqui-
líderes em formação e dos já investidos. Esse projeto sas produzidas e materializadas nos relatórios
compreende que a circulação do conhecimento de
para melhor compreender sua formação como
forma aberta e gratuita auxilia no avanço do Ministé-
rio. líder de desbravadores.
3. Os dois pontos acima também indicam algu-
mas funções da escrita dos líderes: 1) o acúmu-
Uma vez que a escrita é considerada importante
lo de conhecimento; 2) a formação de outros
no processo de formação inicial do líder, ela precisa
compor o cotidiano do trabalho dos líderes já investi- líderes e do próprio líder que escreve. Também
dos (FIORAVANTE; GOMES, 2017). Com essa base, são funções possíveis da escrita o caráter infor-
podemos considerar que o líder investido deverá dar mativo, inspirador, formador e transformador.
continuidade a sua formação continuada lançando Como já dito, o líder precisa saber escrever pa-
mão da escrita como processo reflexivo, já apontado ra lidar com diversas ações no cotidiano do clu-
anteriormente. A reflexão constante do seu contexto e
be, desde a simples comunicação até a produ-
práticas se faz necessário, pois os sujeitos sempre es-
ção de materiais de instrução.
tão em desenvolvimento. Diante disso, o líder investi-
do, além de continuar seu processo de escrita, precisa 4. Apostamos que o local para o líder desenvolver
ensinar os líderes em formação a se constituírem nes- sua escrita é a Escola de Líderes (ou Clube de
se mesmo processo. Líderes, como alguns conhecem). É necessário
Os sete elementos extraídos dos estudos que to- que os que coordenam esse espaço de formação
mam a formação de professores indicam as possibili- compreendam que a escrita é um fator impor-
dades para repensarmos a formação dos líderes de
tante na formação dos líderes e na produção de
desbravadores a partir de uma perspectiva da escrita.
conhecimentos para o Ministério dos Desbrava-
Uma escrita que não é mecânica e nem uma simples
tarefa descritiva. Mas, uma escrita que é autoral, con- dores.
textualizada e capaz de fazer o líder refletir sobre suas 5. Reconhecemos que é na Escola de Líderes que
práticas, inclusive, fortalecendo o senso de compro- pessoas mais experientes (inclusive em relação
misso com o Ministério.
à escrita, produção e aplicação do conhecimen-
to) poderão avaliar as produções dos líderes em
formação. Isso se chama avaliação por pares,
quando um igual analisa a pertinência e a apli-
Os elementos teóricos apresentados nos permitem cabilidade de uma produção. Precisamos que
considerar algumas consequências práticas que pode- os relatórios de liderança passem por momen-
rão orientar a formação dos líderes no Ministério dos
tos de avaliação por pares, que auxiliarão no
Desbravadores. Nesse sentido, enumeramos uma lista
que pode responder às questões: Quem serão as pes- amadurecimento do trabalho. Ou seja, além do
soas que irão ler a escrita dos líderes? Qual a função líder orientador, existirá uma banca (que pode
dessa escrita? Onde o líder poderá desenvolver essa ser de dois outros líderes experientes) que fa-
escrita? Como essa escrita poderá ser compartilhada? rão essa análise do trabalho apresentado.
1. Basicamente, o líder precisa escrever para ou- 6. Como já dito, as escritas dos líderes precisam
tros líderes. Os textos produzidos ser compartilhadas. A Divisão Sul-Americana
(principalmente aqueles de pesquisas desenvol-
passará a compartilhar os relatórios de lideran- O líder que se permite desenvolver sua escrita não
ça no Sistema de Gerenciamento de Clubes apenas escreverá para si, mas produzirá reflexões
(SGC). Só que não basta apenas compartilhar o capazes de mudar suas formas de pensar e agir, fa-
zendo, assim, com que avance no Ministério. É neces-
relatório, ele precisa passar por um crivo de
sário que a escrita passe de uma perspectiva mecâni-
avaliação por pares para atestar sua qualidade
ca e descritiva para uma orientação reflexiva e con-
e aplicabilidade (quando for o caso). textualizada. Nesse sentido, os líderes orientadores
7. Outros espaços para compartilhamento são as são fundamentais para a implementação de uma nova
publicações, que podem ser blogs, apostilas, cultura de formação que tem a escrita como parte
essencial.
guias, informativos, livros e revistas. Mais uma
vez, é necessário que em qualquer desses espa- Por fim, textos produzidos não podem ficar ape-
nas em depósitos ou prateleiras se empoeirando. É
ços o material publicado seja revisado por pa-
necessário a criação de espaços para a veiculação
res para garantir a qualidade. Nessa perspecti- dessas escritas. Consideramos importante que os cur-
va, a Revista do Líder tem buscado contribuir sos de liderança absorvam essas escritas como reno-
com o Ministério dos Desbravadores. vação de seus conteúdos. Também compreendemos
que outros espaços são necessários, como websites,
blogs e revistas. Nesse sentido, a Revista do Líder
vem colaborando como um veículo online e gratuito
Após as reflexões apresentadas, podemos conside- para a publicação dessas escritas. Convidamos você a
rar que a escrita é um processo essencial (dentre tan- escrever e submeter seu texto.
tos outros) para a formação do líder de Desbravado-
res, uma vez que Deus tem chamado jovens para atu-
ar em frentes que envolvem, também, o ministério da
escrita. A escrita permite a reflexão e o desenvolvi-
mento das faculdades mentais e reflexivas, tanto
quanto permite o fortalecimento do compromisso
social.
BACHELOT, Luc. Aventuras e desventuras da escrita. A propósito da interpretação do nascimento da escrita na Mesopotâmia. Cadernos
do LEPAARQ, v. 17, n. 33, p. 223-250, jan/jun 2020. Acessado em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/lepaarq/article/
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FIORAVANTE, Ana Paula Gonçalves; GOMES, Vanise dos Santos. No rastro da escrita de professores em formação: descrever para refletir.
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, v. 17, n. 1, p. 360-372, jan/mar 2017. Acessado em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/
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EDUCERE – Congresso Nacional de Educação, XIII, Anais..., 2017. Acessado em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/
pdf2017/24689_11900.pdf. Data de acesso: 03 de out. 2020.
WHITE, Ellen G. Mensagens aos Jovens. Ellen G. White Estate, 2004. Acessado em: http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/
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WHITE, Ellen G. Serviço Cristão. Ellen G. White Estate, 2007. Acessado em: http://www.centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/Servi%C3%
83%C2%A7o%20Crist%C3%83%C2%A3o.pdf. Data de acesso: 25 de jul. 2020.
WHITE, Ellen G. Educação. Ellen G. White Estate, 2008. Acessado em: http://www.centrowhite.org.br/files/audiobooks/Educacao/Educa%
C3%83%C2%A7%C3%83%C2%A3o.pdf. Data de acesso: 03 de out. 2020.
Imagem: nugroho dwi hartawan por Pixabay
1
Não entraremos no mérito de discutir a terminologia a ser utilizada: clube, escola ou fábrica. Apenas cita-
mos os três termos que temos observado circular no Ministério dos Desbravadores.
DIVISÃO SUL-AMERICANA. Desbravadores - Cartão de Liderança: Líder, Líder Máster, Líder Máster Avançado. Brasília: Ministério de
Desbravadores, Divisão Sul-Americana, 2020a.
DIVISÃO SUL-AMERICANA. Manual Administrativo do Clube de Desbravadores. Brasília: Ministério de Desbravadores, Divisão Sul-
Americana, 2020b. Acessado em: https://deptos.adventistas.org/desbravadores/ManualAdministrativoDesbravadores.pdf. Data de acesso: 13
de mar. 2022.
NORTH AMERICAN DIVISION. Teen Leadership Training: Director’s Guide. Ed. 2. Columbia: North American Division Office of Pathfin-
der Ministries, 2014. Acessado em: http://clubministries.org/wp-content/uploads/TLT_DirectorsGuide.pdf. Data de acesso: 13 de mar. 2022.
Entrevista com Silas Silva
▷ HD-11 Nutrição – avançado passou a CS010 Nu- ▷ Os requisitos devem ser prioritariamente práti-
trição – avançado; cos, proporcionando ao desbravador o desen-
volvimento de habilidades, como o nome da
▷ HD-12 Ofício de Alfaiate passou a AP020 Ofício
área indica;
de Alfaiate;
▷ Os requisitos práticos devem ser realizados no
▷ Ingressou HD010 Comidas Típicas (não consta-
âmbito da casa, no sentido de lar. Ou seja, as
va no manual anterior da DSA);
especialidades devem beneficiar a vida domés-
▷ Ingressou HD003 Cuidado de Bebês, oriunda do tica familiar;
manual de 2002, onde constava como ER-07
▷ Deve-se dar prioridade à realização das práticas ▷ Todas as especialidades deveriam conter algu-
dos requisitos na própria casa do desbravador, ma aplicação espiritual para estarem em har-
promovendo-se o envolvimento da família com monia com o tripé de atividades do Clube de
as atividades. De fato, na maioria dos casos, os Desbravadores: físico, mental e espiritual. Con-
pais/responsáveis serão os instrutores das ativi- forme a análise apresentada no Quadro 2, ape-
dades práticas. Isso também proporcionará à nas as especialidades HD006 Orçamento Fami-
família o envolvimento com o clube e a identifi- liar e HD 007 Panificação têm algum requisito
cação de um benefício da participação do juve- com aplicação espiritual e as demais não. Suge-
nil no Clube; re-se, inclusive, que esse critério deveria cons-
▷ Algumas especialidades dessa área podem ser tar no manual de especialidades na seção das
confundidas com as da área de Atividades Pro- orientações para novas especialidades. Por
fissionais, pela sobreposição das áreas do co- exemplo, na especialidade HD004 Cuidados da
nhecimento. Vide, por exemplo, HD009 Costu- Casa, poderia haver algum requisito sobre a
ra Básica e AP008 Corte e Costura ou AP020 Ofí- parábola da dracma perdida (Lucas 15: 8-10);
cio de Alfaiate. Para evitar problemas na corre- na especialidade HD003 Cuidado de Bebês, po-
ta classificação, sugere-se que as especialidades deria ser recapitulada a história de como a filha
de HD tenham um viés menos técnico e teóri- do Faraó encontrou um bebê hebreu (Moisés)
co, com foco sempre o benefício doméstico da em um cesto no rio (Êxodo 2: 1-10).
atividade. Por outro lado, as especialidades de
Atividades Profissionais devem ser mais técni-
cas, com um viés mais relacionado com a quali-
ficação para a prática profissional. As especiali- Por ser uma área com poucas especialidades, foi
dades da área de Atividades Profissionais serão possível analisar cada especialidade individualmente.
analisadas em outro artigo. A análise foi feita com base nos critérios expostos na
seção anterior e sumarizada no Quadro 1.
Especialidade Observação
HD001 Arte Culi- Incluir requisito com aplicação espiritual.
nária
HD008 Arte Culi- A especialidade contempla todos os critérios sugeridos. Como a culinária é uma área vasta e popular,
nária – avançado e que demanda grande atenção entre as atividades domésticas (pela importância, tempo despendido
diariamente e custos no orçamento), sugere-se a criação de outras especialidades nessa temática. Por
exemplo, “culinária vegetariana” e “culinária internacional”.
HD010 Comidas Incluir requisito com aplicação espiritual.
Típicas
HD011 Congela- Incluir requisito com aplicação espiritual.
mento de Alimen-
tos
HD009 Costura Incluir requisito com aplicação espiritual.
Básica
HD003 Cuidado Incluir requisito com aplicação espiritual.
de Bebês Como cuidar de um bebê é algo complexo e de muita responsabilidade, sugere-se a divisão da especi-
alidade em nível básico e avançado e a concomitante adequação dos requisitos.
HD004 Cuidados Incluir requisito com aplicação espiritual.
da Casa Também se sugere a eliminação do requisito 1 “Ter a especialidade de Técnicas de Lavande-
ria” (HD002), por dois motivos: primeiro, o conhecimento adquirido em HD002 não é fundamental para
a realização da especialidade HD004; segundo, a especialidade HD002, da forma como está apresenta-
da hoje, possui uma grande quantidade de requisitos (vide comentário sobre HD002 abaixo), o que a
torna difícil de ser executada pelos juvenis, implicando na não realização da HD004. Destaca-se que as
habilidades desenvolvidas em ambas as especialidades são fundamentais para a vida de qualquer
pessoa e que o clube deveria promovê-las entre os juvenis e suas famílias.
Especialidade Observação
HD012 Desidrata- Incluir requisito com aplicação espiritual
ção de Alimentos
HD006 Orçamento Incluir requisito com aplicação espiritual.
Familiar Trata-se de uma especialidade com grande quantidade de requisitos e elevado nível de dificuldade.
Acredita-se que isso tenha motivado a emissão da OMD 001/2013 (MINISTÉRIO DE DESBRAVADORES
DA DIVISÃO SUL-AMERICANA, 2013), que a transferiu da Classe de Guia para a Classe de Guia de Explo-
ração. Assim, sugere-se a divisão da especialidade em nível básico e avançado e a adequação dos re-
quisitos.
HD007 Panifica- Incluir requisito com aplicação espiritual.
ção Da mesma forma que a “arte culinária”, a panificação é uma área muito vasta e popular. A especialida-
de em si tem grande quantidade de requisitos e poderia facilmente ser dividida em nível básico e
avançado. Poderia ainda ser dividida em especialidades diferentes conforme os diferentes produtos
da panificação, por exemplo, pães, bolos e tortas e biscoitos.
HD005 Técnicas Incluir requisito com aplicação espiritual
de Fazer Conser-
vas
HD002 Técnicas Incluir requisito com aplicação espiritual.
de Lavanderia Propõe-se a divisão desta especialidade em duas, uma abordando as habilidades de lavar roupa e
outra com as habilidades de passar roupa. Isso tornaria as especialidades mais fáceis de serem reali-
zadas e resultaria em aumento das especialidades da área.
BATISTA, D. C. Análise geral dos critérios das áreas das especialidades do Clube de Desbravadores. Revista do Líder, Manaus, v. 2, n. 4, e-
0024, jul/dez 2020. Disponível em: https://revistadolider.com/?p=908. Acesso em: 24/05/2021.
MINISTÉRIO DE DESBRAVADORES DA DIVISÃO SUL-AMERICANA. Orientação do Ministério de Desbravadores 001/2013. Brasília, 2013.
1p. Disponível em: https://deptos.adventistas.org/desbravadores/Normativas/OMDs/OMD_001-2013.pdf. Acesso em: 26/05/2021.
MINISTÉRIO DE DESBRAVADORES E AVENTUREIROS DA DIVISÃO SUL-AMERICANA. Manual de especialidades. Brasília: Ministério
Jovem, Divisão Sul-Americana, 2012.
MINISTÉRIO JOVEM DA DIVISÃO SUL-AMERICANA. Manual de especialidades. 2. ed. Brasília: Ministério Jovem, Divisão Sul-Americana,
2002.