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MATERIAL COMPLEMENTAR DE PAPILOSCOPIA

RETIRADO DO ENDEREÇO ELETRÔNICO:

HTTPS://MONOGRAFIAS.BRASILESCOLA.UOL.COM.BR/DIREITO/A-
IMPORTANCIA-LEVANTAMENTO-IMPRESSAO-DIGITAL-LOCAL-
CRIME.HTM

A IMPORTÂNCIA DO LEVANTAMENTO DE IMPRESSÃO DIGITAL

DIREITO
A papiloscopia tem contribuído efetivamente na solução de crime e na
individualização e localização de pessoas. Os dados mostram que noventa por
cento (90%) dos vestígios encontrados nos locais de crimes são de natureza
biológica e papiloscópica.

ÍNDICE

1. 1. RESUMO
2. 2. INTRODUÇÃO
3. 3. A CIÊNCIA PAPILOSCÓPICA
1. 3.1 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PAPILOSCOPIA
2. 3.2 AS IMPRESSÕES PAPILARES E SEUS ELEMENTOS
1. 3.2.1 Os Elementos Constitutivos do Datilograma
2. 3.2.2 Cristas Papilares, Sulcos Interpapilares ou intercristais
e Poros
3. 3.2.3 Linhas diretrizes e Sistema de Linha
4. 3.2.4 Delta
5. 3.2.5 Pontos Característicos
4. 4. PROCESSO HISTÓRICO
5. 5. SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA DE JUAN
VUCETICH
6. 6. CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DE LOCAL DE CRIME
7. 7. VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS
8. 8. PERÍCIA PAPILOSCÓPICA
1. 8.1 REQUISIÇÃO DOS EXAMES PERICIAIS
2. 8.2 LEVANTAMENTO E REVELAÇÃO DE FRAGMENTOS DE
IMPRESSÕES PAPILARES
1. 8.2.1 Reveladores e reagentes químicos
3. 8.3 CADEIA DE CUSTÓDIA
4. 8.4 CONFRONTO DE IMPRESSÕES PAPILARES
5. 8.5 SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DE
IMPRESSÕES DIGITAIS (AFIS)
9. 9. LESGISLAÇÃO APLICADA AO TEMA
10. 10. DO LAUDO PAPILOSCÓPICO
11. 11. ALGUMAS DECISÕES JUDICIAIS
12. 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
13. 13. REFERÊNCIAS

1. RESUMO
A papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana através das
papilas dérmicas. O especialista em impressões papilares utiliza diversas
técnicas e procedimentos, baseados no rigor técnico e na objetividade do
conhecimento adquirido ao longo da sua carreira, na aplicação do método
papiloscópico na individualização de seres humanos. Os fragmentos de
impressões papilares levantados e revelados nos locais de crimes são
evidências fundamentais para desvendar a autoria de um crime com base nos
princípio da ciência papiloscópica, Perenidade, Imutabilidade e Variabilidade.
Para isso, os especialistas utilizam de reveladores de impressões papilares que
são produtos químicos desenvolvidos especificamente para reagirem com as
substâncias expelidas pelas glândulas sudoríparas e sebáceas presente nas
mãos e dedos das pessoas. A cadeia de custódia é essencial para preservar as
evidências papilares, como também, para assegurar a legalidade da prova
material dentro do processo penal. O confronto das impressões coletadas nos
locais de crimes com as ficha de identificação nos arquivadas datiloscópicos
dos Institutos de Identificação, o perito pode ter a confirmação se o suspeito é
ou não o autor de determinado crime, com base nas minúcias ou pontos
característicos extraídos do papilograma das peças examinadas. O laudo
papiloscópico é a prova objetiva da infração penal e tem como objetivo oferecer
às autoridades que atuam na persecução criminal os subsídios técnicos e
científicos necessários à elucidação do delito e sua autoria e,
consequentemente a aplicação da sentença condenatória ao réu.

Palavras-chave: Papiloscopia. Levantamento. Revelação. Fragmentos de


impressões. Local de Crime. Reveladores. Evidências Papilares. Autor. Laudo.

ABSTRACT

The Papiloscopy is the science that deals with human identification through the
dermal papillae. The specialist in papillary impressions uses several techniques
and procedures, based on the technical rigor and objectivity of the knowledge
acquired throughout his career, on the application of the papillary method in the
individualization of human beings. The fragments of papillary impressions
raised and revealed at crime sites are fundamental evidences for uncovering
the authorship of a crime based on the principles of papillary science,
Perenniality, Immutability and Variability. For this, the experts use papillary print
developers that are chemicals developed specifically to react with the
substances expelled by the sweat glands and sebaceous present in the hands
and fingers of the people. The chain of custody is essential to preserve the
papillary evidence, as well as to ensure the legality of the physical evidence
within the criminal process. The comparison of the impressions collected at the
crime sites with the identification forms on the filed fingerprint of the
Identification Institutes, the expert can have confirmation as to whether or not
the suspect is the perpetrator of a crime, based on the minutiae or characteristic
points extracted from the papillogram of the parts examined. The papillological
report is the objective proof of the criminal infraction and its objective is to offer
to the authorities that act in the criminal prosecution the technical and scientific
subsidies necessary for the elucidation of the crime and its authorship, and
consequently the application of the condemnatory sentence to the defendant.

Key words: Papiloscopy. Survey. Revelation. Fragments of Impressions. Crime


scene. Revelators. Papillary Evidence. Author. Report.

2. INTRODUÇÃO
A papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana através das
papilas dérmicas. Não existe argumento negativo o quanto o método
datiloscópico contribuiu bastante para a identificação humana, bem como, para
a persecução criminal, na elucidação de crime. Foi através de pesquisas
científicas que a papiloscopia se desenvolveu baseados em técnica e princípios
científicos que contribuíram bastante para a descoberta da identidade de
milhares de assassinos.

Quem nunca ouviu falar que não existe uma impressão digital igual à outra?
Pois é, a impressão digital é única. Dessa maneira, com a finalidade de evitar
que inocentes sejam punidos ou autores de delitos fiquem impune, os peritos
devem tomar precauções e traçar procedimentos e métodos adequados na
coleta de material papiloscópico nos locais de delitos.

O processamento dos vestígios nos locais de crime envolve minucioso registro


fotográfico do ambiente com intuito de estabelecer o vínculo entre as
impressões papilares obtidas e as circunstâncias dos fatos.

O especialista em impressões papilares utiliza diversas técnicas e


procedimentos, baseados no rigor técnico e na objetividade do conhecimento
adquirido ao longo da sua carreira, com sucesso, do método papiloscópico na
individualização de seres humanos.

Outro propósito é conscientizar todos da essência de preservar os fragmentos


de impressões papilares deixados pelo autor, no local de crime, bem como,
orientar aqueles desatentos sobre a importância da cadeia de custódia da
prova pericial.

Analisar um vestígio papilar e transformá-lo em evidência exigem


conhecimentos técnicos e científicos a fim de revelar a autoria delitiva e provar
a veracidade de certo fato ou circunstância. O profissional forense deve possuir
conhecimento suficiente para processar tais vestígios papilares no local e
manter a integridade destes.

No decorrer dessa atividade abordaremos como, quando e onde os fragmentos


de impressão papilar são encontrados? E quais os seus conceitos e elementos
fundamentais que os compõem? Serão abordadas também as definições de
fragmento, de vestígio e de evidência papilar como meio de prova para os
inquéritos policiais e para subsidiar a justiça.

Ademais, conceituaremos os tipos fundamentais de impressões digitais e seus


elementos técnicos, como também, iremos compreender os aspectos da
perícia papiloscópica em locais de crime e de laboratório, relacionados ao
levantamento, confronto, e revelação dos vestígios papilares.

Enumeramos os cuidados essenciais para a preservação dos vestígios


papilares dentro da cadeia de custódia da prova pericial.

Acompanhamos diariamente no noticiário várias reportagens sobre assaltos,


estupro, homicídios, etc. e alguns eventos dessa natureza desafiam a polícia e
a justiça criminal na procura do suspeito. Diversos são os casos que são
arquivados sem saber a verdadeira identidade do assassino. Um dos nortes
para auxiliar a investigação criminal é um trabalho pericial bem feito de
levantamento e revelação de fragmentos de impressões papilares no local ou
até mesmo no laboratório.

A papiloscopia tem contribuído efetivamente na solução de crime e na


individualização e localização de pessoas. Os dados mostram que noventa por
cento (90%) dos vestígios encontrados nos locais de crimes são de natureza
biológica e papiloscópica.

Os fragmentos de impressões papilares encontrados onde ocorreu um crime,


após serem processados pelo perito e formalizados em laudo pericial, são sem
sombra de dúvida, provas robustas e inquestionáveis, que contribuirão para o
magistrado fundamentar sua decisão na aplicação da penalidade.

A escolha desse tema é, também, uma curiosidade em aprofundar os meus


conhecimentos na área, bem como, ajudar os profissionais que atuam no dia a
dia no campo da investigação criminal, tendo por foco o sucesso do processo
investigativo baseado na produção das evidências papilares.

Outra justificativa é chamar atenção dos gestores públicos para carência de


investimento em tecnologia para os órgãos periciais que excutam trabalhos de
busca da prova material. O panorama da perícia no Brasil é muito disperso,
alguns estados estão mais avançados, outros encolhidos em termo de
estrutura, com pouco investimento nos seus órgãos periciais.

Também, faremos uma descrição breve e mais focada ao tema, relatando o


processo histórico dos primeiros crimes elucidados por meio do exame
papiloscópicos. No final do desenvolvimento dessa atividade, citaremos
algumas sentenças judiciais onde os delinquentes que praticaram crime foram
julgados com provas alicerçadas nos fragmentos de impressões papilares
deixados no local do delito.

A metodologia empregada nessa pesquisa científica é exploratória e


explicativa. A coleta dos dados é com base bibliográfica ou estudo de casos, as
fontes de informações serão levantadas em livros, sites, textos, revistas, etc.,
(bibliográfica), e os dados obtidos são de natureza qualitativa.

3. A CIÊNCIA PAPILOSCÓPICA
A papiloscopia é a ciência de que trata a identificação humana através das
papilas dérmicas. Segundo Araújo (2000), a papiloscopia é comumente
conceituada como sendo a ciência que trata da identificação humana por meio
das papilas dérmicas. A palavra papiloscopia é de origem greco-latino que
significa papilla = papila e skopêin = examinar.

Para a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), papilas são


pequenas saliências de natureza neurovascular, situadas na parte externa
(superficial) da derme, estando seus ápices reproduzidos pelos relevos
observáveis na epiderme.

O objetivo da papiloscopia é a identificação humana por meio das impressões


digitais, palmares e plantares. Como qualquer outra ciência, ela apresenta
divisão:

DATILOSCOPIA é o processo de identificação por meio das


impressões digitais

QUIROSCOPIA é o processo de identificação por meio das


impressões palmares, isto é, das palmas das mãos.

PODOSCOPIA é o processo de identificação por meio das


impressões plantares, isto é, das plantas dos pés. (MANUAL DE
IDENTIFICAÇÃO PAPILOSCÓPICA - INI, 1987)

Essas três divisões é que formam a papiloscopia, e esta se torna mais


abrangente. A princípio, os estudiosos se dedicavam somente a datiloscopia, e
com o passar do tempo, as pesquisas evoluíam e outras subdivisões passaram
a ser utilizadas.

3.1. OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PAPILOSCOPIA


Assim como qualquer outra ciência, a papiloscopia possui princípios
fundamentais que afirma que ela é ciência. Os desenhos papilares são
individuais (variabilidade), perene e imutável, mesmo possuindo a mesma
classificação fundamental, tipo e subtipo.

Perenidade – os desenhos formados pelo sistema de linha que


compões as impressões digitais, especialmente aqueles
localizados na falanginha e falangeta (extremidades dos dedos),
permanece os mesmos desenhos desde o seu aparecimento,
ao sexto mês de vida intra-uterina, até a decomposição do
corpo, após a morte.

Imutabilidade – os desenhos datiloscópicos das extremidades


dos dedos não se modificam, nem mesmo patologicamente,
permanecendo sempre sua disposição original.

Variabilidade – os desenhos das extremidades dos dedos


(falanginha e falangeta) são sempre diferentes de indivíduo para
indivíduo, de mão para mão, dedo para dedo.
Classificabilidade: - é a propriedade que tem as impressões
digitais de serem agrupadas em arquivos que possam ser
facilmente consultados. (TOCCHETO; FIGINI, 2012).

Estes são os postulados fundamentais da papiloscopia e são aceitos de forma


universal em todos os países do mundo porque são verdadeiros princípio
testados.

3.2. AS IMPRESSÕES PAPILARES E SEUS ELEMENTOS


Visualizamos o conceito de desenho papilar como sendo aquele formado da
combinação de cristas (linhas impressas do datilograma) e sulcos
interpapilares (intervalos que separam as linhas impressas) que se encontram
nas extremidades digitais (polpa digital), palmas das mãos e planta dos pés
(AZEVEDO; AGUIAR FILHO, 2016).

O desenho papilar se projeta nas extremidades mais externa da pele humana e


pode ser observado diretamente nos dedos, nas palmas das mãos e nas
plantas dos pés.

Figura 01 - Fotografia direta das extremidades externa do dedo mostrando o


desenho papilar (cristas e sulcos).

Fonte: https://escolakids.uol.com.br

A reprodução desses desenhos papilares, em qualquer suporte, damos o nome


de impressões papilares que recebe denominações específicas: datilograma,
quirograma e pudograma que significam qualquer símbolo escrito ou impresso.
É a reprodução do desenho papilar em qualquer suporte primário (papel, vidro,
alumínio, etc.).

Figura 02 – reprodução de um datilograma (cristas e sulcos) no papel


Fonte: http://www.wikiwand.com

Note que (Figura 02) as linhas negras são formadas pelas cristas papilares e
os espaços em branco formados pelos sulcos interpapilares, constituindo dessa
forma um papilograma.

3.2.1. Os Elementos Constitutivos do Datilograma


Em uma impressão papilar há particularidades anatômicas de caráter congênito
que variam na sua apresentação, formato, dimensão, localização e direção.
Esses caracteres são minúcias (pontos característicos), que diferenciam e
individualizam cada impressão. É a base sólida na afirmativa da identidade
entre dois papilogramas. Todos esses detalhes anatômicos, as marcas e
cicatrizes são sinais imutáveis presentes nas cristas papilares e permitem ao
perito que analisa os papilogramas, afirmar com precisão absoluta a identidade
de um ser humano. (GALVÃO).

Figura 03 - Datilograma uma evidente demonstração de variedades de Pontos


Característicos.
Fonte: Manual de Papiloscopia do INI

Segundo o Manual de Papiloscopia do INI (1987), “Cristas Papilares, Sulcos


Interpapilares ou intercristais, Poros, Pontos Característicos, Sistemas de
Linhas, Linhas diretrizes e Deltas são elementos constitutivos de um
datilograma”.

3.2.2. Cristas Papilares, Sulcos Interpapilares ou intercristais e Poros


A impressão digital compõe de linhas negras que correspondem às cristas
papilares; linhas brancas que representam os sulcos interpapilares. Os poros
são pontos brancos observados sobre as linhas negras.

-CRISTAS PAPILARES correspondem às linhas impressas do


datilograma.

-SULCOS INTERPAPILARES OU INTERCRISTAIS


correspondem aos intervalos que separam as linhas impressas
do datilograma.
-POROS são pequenos orifícios que se veem nas linhas
impressas do datilograma. (MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO
INI, 1987)

Observe a seguir, que a Figura 04 visualiza os três elementos supracitados


(cristas papilares, sulcos interpapilares e poros):

Figura 04 - Papilograma com detalhe das cristas papilares, sulcos


interpapilares e poros

Fonte: Imagem da internet

As cristas papilares são de formação linear e saliente e os sulcos são os


espaços que separam as cristas entre si. Esses elementos são essenciais na
hora do perito analisar as impressões papilares para confronto.

3.2.3. Linhas diretrizes e Sistema de Linha


O datilograma apresenta três sistemas de linhas perfeitamente caracterizados
e limitados por linhas chamadas DIRETRIZES, excetuando-se o Arco, que
apresenta apenas dois sistemas, o marginal e o basilar. Assim temos:

- Sistema Marginal - é o conjunto de linhas que constituem a


parte superior do desenho digital, situadas acima da diretriz
marginal.

- Sistema Nuclear - é o conjunto de linhas que formam o centro


do datilograma e que, envolvidas pelas linhas diretrizes,
distinguem-se perfeitamente daquelas que formam os sistemas
marginal e basilar.

- Sistema Basilar - é o conjunto de linhas que constituem a parte


inferior do desenho digital, situadas abaixo da diretriz basilar.
(MANUAL TÉCNICO DE DATILOSCOPIA, 2002).

Figura 05 – Linhas diretrizes e Sistema de linhas de uma impressão digital


Fonte: MANUAL
IDENTIFICAÇÃO
DE PAPILOSCOPIA
DO DO INSTITUTO DE
PARANÁ

A princípio o perito deve se atentar para a trajetória das linhas diretrizes, em


ambas as peças de confronto, o experto terá uma visão panorâmica dos
papilogramas, decidirá pela exclusão ou para uma análise pormenorizada em
busca de pontos característicos.

3.2.4. Delta
Para a SENASP (2009), “os deltas são encontrados entre os três sistemas de
linhas, algumas linhas neutras, um ponto, uma linha, uma bifurcação ou um
pequeno agrupamento de linhas neutras, ou seja, não faz parte de nenhum dos
sistemas de linha.”.

O delta é um espaço triangular formado por três sistemas de linhas. Este é


utilizado como critério de subdivisão na classificação datiloscópica.

Na classificação datiloscópica, a presença ou ausência do delta em uma


impressão digital, que são determinados os quatro tipos fundamentais.
Ausência de delta na impressão digital classifica a impressão como “Arco”. A
presença de um delta a direita do observador define a impressão como
“Presilha interna”. A presença de um delta à esquerda do observador
caracteriza a impressão como “Presilha externa”. A presença de dois deltas,
um à direita e outro a esquerda do observador determina a impressão como
“Verticilo” (MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO
DO PARANÁ).
Há vários tipos de deltas: ponto, ilhota, branco, angular, trípode, etc.

Figura 06 - Detalhe de um delta à esquerda do observador

Fonte: Manual de Papiloscopia do INI

Alguns subtipos de impressão digital que não há a presença do delta, são as


que é o datilograma
classificadas
formado
comopor
arcos
linhas abauladas e
mais ou menos paralelas que atravessam o campo digital.

3.2.5. Pontos Característicos


Os desenhos digitais não são formados por linhas contínuas. As cristas
papilares apresentam, em seu curso, acidentes mais ou menos ponderáveis,
cuja formação e disposição no desenho digital lhe conferem a individualidade.
Esses acidentes são denominados pontos característicos e, modernamente,
são também chamados de figuras características [...]. Através da comparação
dos pontos característicos é que se pode realmente confirmar a identidade
entre duas impressões digitais. (MANUAL TÉCNICO DE DATILOSCOPIA,
2002).

Figura 07 – Principais pontos característicos de uma impressão papilar


Fonte: Manual de Papiloscopia do Instituto de Identificação do Paraná

A SENASP define pontos característicos como sendo “particularidades


morfológicas provocadas por descontinuidade ou interrupção das linhas
papilares.”.

Os pontos característicos são minúcias classificadas por estudiosos em todo o


planeta, e há diversas variedades destes que seriam aplicados em todos os
datilogramas de forma universal.

4. PROCESSO HISTÓRICO
Não iremos aprofundar muito no contexto histórico da ciência papiloscópica,
seremos mais específico e direto ao que realmente nos interessa. Nosso foco
aqui é a importância de tal ciência para elucidação de crimes. Então citaremos
alguns protagonistas que foram os primeiros a realizar análises de impressões
digitais em locais de crime.

As impressões digitais reveladas e coletadas pela primeira vez


como um meio de relacionar um criminoso à cena do crime,
através de vestígios papilares encontrados no local, foram
relatadas em 1880, por Henry Faulds, médico britânico que
trabalhava no hospital de Tsukiji, em Tóquio no Japão. Ele
advogou o uso das impressões digitais para detecção científica
de criminosos e solucionou alguns crimes no Japão.
(TOCCHETO; FIGINI, 2012).

Citou dois casos resolvidos nos quais participou a pedido da polícia japonesa;
num deles, as impressões oleosas que foram deixadas, permitiram descobrir
quem bebera álcool retificado; em outro caso, impressões foram deixadas
numa parede caiada que tinha sido escala, foram usadas como prova de
inocência de uma pessoa suspeita, em ambos os casos por comparação das
impressões (TOCCHETO; FIGINI, 2012).

Henry Faulds nasceu em 01 de junho de 1843, ele foi


um médico e datiloscopista britânico, que trabalhou como cirurgião
superintendente no Hospital de Tsukiji em Tóquio, no Japão. Ele começou
desenvolver seus estudos em cerâmicas pré-históricas.

Outro protagonista e bastante conhecido quando o assunto é papiloscopia, é


Juan Vucetich Kovacevich que nasceu na cidade de Dalmácia, na Iugoslávia,
no dia 20 de Julho de 1858, naturalizou-se argentino, e aos 24 anos de idade
tomou posse na polícia de La Plata - Buenos Aires. Vucetich foi lotado no setor
de identificação de La Plata, ainda com o sistema de Bertillonage.

O ponto de partida para o uso das evidências papilares como prova material na
elucidação de crime e revelação de autoria delitiva, ocorreu em 1892, na
Argentina, com Juan Vucetich. O caso é referente à Teresa Francisca
Rojas. Na ocasião foram assassinados dois filhos da mesma, e a culpa era
atribuída ao seu vizinho.

Não demorou muito para que casos delituosos começassem a ser


solucionados através do novo método adotado por Juan Vucetich. Este
identificou uma criminosa, em Buenos Aires, que assassinou dois filhos e
atribuía a ação a um vizinho seu. Vucetich coletou por meio de fotografias,
impressões digitais latentes impregnadas em manchas de sangue na porta da
residência da suspeita, que foram aceitas como provas pela justiça.
(AZEVEDO; AGUIAR FILHO, 2016).

Segundo relato de Márcico, “a polícia encontra na porta da casa a marca de


vários dedos molhados de sangue. As impressões encontradas coincidiam
exatamente com as de Francisca, que é tida como verdadeira culpada”.

Vucetich lançou em seu sistema, quatro tipos fundamentais de desenhos


digitais, dando a seguinte classificação: arco, presilha interna, presilha externa
e verticilo (Manual do Instituto Nacional de Identificação, 1987).

Como a Argentina é vizinha do Brasil, não demorou muito para ser adota o
Sistema de Identificação com base no método de Juan Vucetich, através da
iniciativa de Félix Pacheco:

Já no início do século XX, por iniciativa do jornalista e


estudiosos, Félix Pacheco, a Datiloscopia chegou ao Brasil.
Este tomou conhecimento do novo processo de identificação ao
assistir a uma palestra de Juan Vucetich [...], no Uruguai, em
1901. A partir disso, em cinco de fevereiro de 1903, o Brasil
oficializou o método de Juan Vucetich, através do decreto de nº
4.764. (AZEVEDO; AGUIAR FILHO, 2016).

Félix Pacheco (José Félix Alves Pacheco), jornalista, político, poeta e tradutor,
nasceu em Teresina, PI, em 02 de agosto de 1879, e faleceu no Rio de
Janeiro, RJ, em 06 de dezembro de 1935. Foi o fundador e primeiro diretor do
Gabinete de Identificação e Estatística da Polícia do Distrito Federal, hoje
Instituto Félix Pacheco. Foi o introdutor, no Brasil, do sistema datiloscópico.
Representou, por muitos anos, o Estado do Piauí, primeiro na Câmara e depois
no Senado da República. No governo de Artur Bernardes, foi ministro das
Relações Exteriores. (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS)

Os institutos de Identificação em todo o Brasil passaram a utilizar método de


identificação de Juan Vucetich. Adotaram-se modelo de ficha de identificação
(dactilar) para tomada de impressões digitais dos dez dedos das mãos de cada
indivíduo, e foram criados arquivos com essas fichas.

O Manual do Instituto Nacional de Identificação (1968) relata um pouco do


processo histórico da papiloscopia no Brasil:

1906 - A lei 445 autorizou o Governo do estado de Minas Gerais


a Instituir o gabinete de Identificação pela Datiloscopia.

1912 - É assinado em São Paulo o primeiro convênio Brasileiro


para permuta de individuais dactiloscópica entre as polícias dos
estados

1918 – Decreto Estadual 71, cria o Gabinete de Identificação e


Estatística criminal do Rio Grande do Norte.

1921 O– gabinete
é criado de Identificação e Estatística
Criminal do estado do Mato Grosso.

1941-Decreto-Lei 3.689, de 03 de outubro promulga o Código


de Processo Penal com a obrigatoriedade da identificação
criminal no país.

1963 – é inaugurado em Brasília, o Instituto Nacional de


Identificação, com objetivo fundamental de centralizar a
identificação criminal e de estrangeiro no Brasil.

1973 - O decreto presidencial 7.901, institui a denominação


oficial de Papiloscopista Policial no Departamento de Polícia
Fderal.

1979 - Instala o Instituto de Identificação Ricardo Glumbleton


Daunt, em São Paulo, o sistema automático de leitura,
classificação e comparações de Impressões digitais.

1980 – Instala o Instituto de Identificação Pedro Melo, na Bahia,


o sistema automático de leitura, classificação e comparação de
impressões digitais.
Desse processo histórico, foi instituída a papiloscopia no Brasil como um dos
sistemas de identificação utilizado pela polícia brasileira para identificar
criminosos por meios das impressões digitais.

5. SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA DE JUAN VUCETICH


No decorrer da trajetória do homem na terra, mostrou-se que a identificação
humana foi, e será um marco para a humanidade, pois é de importância vital
para que não ocorram injustiças, dentre os sistemas científicos definidores da
identidade do indivíduo, três tiveram sua época, o antropométrico de
BERTILLON, o retrato falado do mesmo mestre e o datiloscópico de JUAN
VUCETICH. Deles o destaque para o datiloscópico como a ciência que oferece
um dos meios mais eficazes e seguros de identificação humana. (MANUAL DE
PAPILOSCOPIA DO IIPR).

No sistema datiloscópico lançado por JUAN VUCETICH, as impressões digitais


são classificadas em quatro grandes grupos: Arco (A - para os polegares e 1
para os demais dedos), Presilha Interna (I – para os polegares e 2 para os
demais dedos), Presilha Externa (E – para os polegares e 3 para os demais
dedos), Verticilo (V – para os polegares e 4 para os demais dedos), vide Figura
08.

Foram citamos apenas a classificação fundamental de Vucetich, no entanto,


outros grupos de subclassificação foram criados, não vamos entrar tanto em
detalhe, apenas para ter uma noção da importância deste sistema de
identificação na revelação de autoria delitiva.

Figura 08 – Tipos fundamentais


Fonte: MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO IIPR

No sistema de Vucetich, o arquivamento é do tipo decadactilar, ou seja, são


utilizadas as impressões digitais dos dez dedos das mãos do indivíduo para a
classificação e arquivamento. Essas impressões são coletadas e dispostas em
uma ficha específica [Figura 09] que contém em um dos lados dez campos na
sequência polegar, indicador, médio, anular e mínimo, sendo os cinco da mão
direita em cima e os cinco da mão esquerda em baixo tendo para cada um dos
dedos três campos na parte superior onde é registrado o tipo fundamental
(MÁRCICO, 2002).
Figura 09 – Ficha de identificação – modelo utilizado pelos Institutos de
Identificação

No verso da ficha de identificação, é preenchida com a qualificação do


identificado como nome, filiação, data de nascimento, naturalidade, etc., e a
sequência dos dedos indicador, médio, anular e mínimo de cada uma das
mãos, como também a impressão de cada um dos polegares nos lugares
definidos. Isso serve para conferir a sequência das impressões dos dedos
coletada no anverso da ficha. A assinatura do identificado, o local, a data e
órgão tomador das impressões também são importantes.

ivo dactilar?
QualLogo
é o objetivo
todos vão
deste
responder
arqu que este
serve para futura identificação de individuo ignorado ou que cometeram crime.
É rotina observar que logo após a prática de um delito, as providências a ser
tomada, a princípio, é a identificação da vítima e do autor. Quando o autor é de
identificação ignorada, buscam-se através de investigação criminal, dados e
elementos que possam levar a sua elucidação. É notório existir duas situações
para o caso: primeira, a existência de suspeitos; segunda, o levantamento e
revelação de fragmentos datiloscópicos encontrados no local de crime.

A papiloscopia é de extrema importância, uma vez que serão confrontados os


fragmentos datiloscópicos levantados com as impressões digitais dos
suspeitos, arquivadas no Instituto de Identificação (arquivo decadatilar com
fichas contendo impressões digitais dos dez dedos das mãos). Esse exame
pode não apontar o criminoso, mas provará que determinada pessoa esteve na
cena do crime (se foram colhidos fragmentos de suas impressões digitais no
local). (MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO IIPR).

6. CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DE LOCAL DE CRIME


A SENASP (2008) define local de crime como sendo uma área física onde
ocorreu um fato esclarecido ou não até então, que apresente características
e/ou configurações de um delito.

Figura 10 – Cena de local de crime


Fonte: https://imperiothanatus.com.br

Para Araújo (2000) local de crime é toda área que apresenta evidências
materiais, resultantes de um fato que requer providências afetas à esfera
policial. Umas das evidências materiais encontradas no local são os
fragmentos de impressões papilares deixados pelo autor.

Nas áreas onde tenha ocorrido homicídio, suicídio, acidente, incêndio, furto
qualificado, etc., são tratadas de forma geral como local de crime ou local de
corpo de delito.

Alguns autores define o local onde ocorreu um evento criminoso como “sítio da
ocorrência”, “cena do crime”, “sede da ocorrência”.

Segundo Moura Malimith (2007) o local de crime é dividido em:

Local imediato: É aquele abrangido pelo corpo de delito e o seu


entorno, local em que está, também, a maioria dos vestígios
materiais. Em geral, todos os vestígios que servirão de base
para os peritos esclarecerem o fato concentram-se no local
imediato.

Local mediato: É a área adjacente ao local imediato. É toda a


região espacialmente próxima ao local imediato e a ele
geograficamente ligada, passível de conter vestígios
relacionados com a perícia em execução.
Local relacionado: É todo e qualquer lugar sem ligação
geográfica direta com o local do crime e que possa conter
algum vestígio ou informação que propicie ser relacionado ou
venha a auxiliar no contexto do exame pericial.

Um delito nem sempre terá um desfecho no local onde começou a ação, a


dinâmica de um evento delituoso pode ser mais ampla do que imaginamos, e
pode abranger um perímetro maior e longo. Há fatos que o autor dá início à
ação no interior de uma residência, ambiente fechado, e a execução é
concluída em outro local, que pode ser um espaço público ou o interior de um
veículo, afastado do local mediato. Essa delimitação do local de crime é
importante na hora de analisar os modus operandi.

O local de crime também é classificação quanto a sua preservação: Idôneo -


local preservado em todas as suas características até a chegada do perito; e
Inidôneo - local alterado, isto é que sofreu qualquer alteração após a ocorrência
do fato, ou depois que a polícia tomou conhecimento do mesmo. (ARAÚJO,
2000)

7. VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS


Os peritos de natureza criminal ao analisarem um local de crime em busca de
objetos, marcas, pegadas, sinais sensíveis que possam ter relação com o fato
investigado, estão examinando os vestígios e evidências de um crime.

O que vem a ser esse vestígio? É todo material bruto coletado no local de uma
infração penal, mesmo que não haja a certeza da sua relação com o fato, é
considerado vestígio.

Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível


que possa ter relação com o fato investigado. A existência do vestígio
pressupõe a existência de um agente provocador (que o causou ou contribuiu
para tanto) e de um suporte adequado (local em que o vestígio se
materializou). (MOURA MALLMITH (2007))

Ao examinar um vestígio papilar ou papiloscópico, o signatário deve realizar


com bastante cautela, uma vez que, este é sensível e pode se deteriorar
quando do seu processamento na superfície aposta pelo autor (suporte
primário) e para o suporte secundário. Os especialistas nessa área são
profissionais treinados para levantar, revelar e coletar os vestígios papilares
com o intuito de identificar o autor do delito.

Figura 11 – Vestígio papiloscópico revelado e coletado no local de crime


Fonte: laudo nº M34/2012 – SSP/SP. Disponível em:
http://www.papiloscopia.com.br/laudos/34.12.pdf

“Quando os peritos chegam à conclusão que determinado vestígio está de fato


relacionado ao evento periciado, ele deixa de ser um vestígio e passa a
denominar se evidência [...] evidência é qualquer material ou objeto que esteja
relacionado com a ocorrência do delito” (SENASP, 2008).

Porém, é importante uma análise pormenorizada dos vestígios no local de


crime. No âmbito de uma área onde tenha ocorrido um crime, vários serão os
elementos deixados pela ação dos agentes da infração, o perito pode encontrar
tantoseostestemunha,
uzidos pela vítima vestígios prod
como pelo agressor.

No local de evento delituoso o perito pode deparar com vestígios forjado e


ilusório. Por vestígio forjado entendemos todo elemento encontrado no local de
crime, cujo autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o
conjunto de elementos originais produzidos pelos autores da infração. Já o
vestígio ilusório é todo elemento encontrado no local de crime que não esteja
relacionado às ações dos autores da infração e desde que sua produção não
tenha ocorrido de maneira intencional. (SENASP, 2007)

Então, vestígios e evidências papilares são as pegadas encontradas, de


diversas formas, nos locais dos crimes deixadas pelo autor em forma de
desenho papilar (cristas e sulcos) formado pelos dedos, pelas palmas da mão e
pelas plantas dos pés.

As evidências são, portanto, os vestígios expurgados pelos peritos, ou seja, é


decorrente dos vestígios, as quais são elementos exclusivamente materiais e,
por conseguinte, de natureza puramente objetiva. (MOURA MALLMITH, 2007).

Quando falamos da importância dos fragmentos de impressão papilares


levantados e revelados no local de infração penal, estes têm haver com
vestígios e evidências.

Fragmentos de impressão são impressões (digital, palmar ou plantar)


incompletas que não permite uma exata classificação ou determinação de
região papilar. Geralmente são impressões questionadas deixadas no local
Já indício encontra-se explicitamente conceituado no artigo 239 do Código de
Processo Penal: “Considera-se indício a circunstância conhecida e provada
que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência
de outra ou outras circunstâncias”. Indício vai além da prova material, ou seja,
pode ser elementos de natureza subjetiva e que possam ser inclusos nos
demais meios de provas.

8. PERÍCIA PAPILOSCÓPICA
A perícia é um meio de prova em que profissionais qualificados tecnicamente
(os peritos), nomeados pelo juiz, ou oficialmente empossados através de
concurso público, analisam fatos juridicamente relevantes à causa examinada,
elaborando laudo pericial. É um exame que exige conhecimentos técnicos e
científicos a fim de comprovar (provar) a veracidade de certo fato ou
circunstância. Nesse sentido, a perícia papiloscópica utiliza conhecimentos
técnico-científicos da papiloscopia para analisar fatos relevantes que
necessitam de informações relativas à identificação humana. (SENASP, 2010).

É o conjunto de técnicas utilizadas na busca e exame de impressões papilares


com a finalidade de estabelecer a identidade das pessoas que as produziram.
Avaliando o valor dos vestígios de impressões papilares como prova física e
esclarecendo o papel destas impressões no cenário do crime. (ARAÚJO,
2000).

A perícia papiloscópica segue várias etapas e procedimentos, desde o


levantamento e revelação de fragmentos de impressões papilares no local, a
cadeia de custódia das provas, o confronto de impressões e a confecção do
laudo pericial.

8.1. REQUISIÇÃO DOS EXAMES PERICIAIS


Quando? Onde? E como começam os exames papiloscópicos? O
levantamento e revelação de fragmento de impressão é um tipo específico de
exame pericial (exame de corpo de delito) dos vestígios papilares deixados no
local pelo autor, toda vez que ocorrer uma infração penal:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável


o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.

No artigo 6º, inciso VII, do CPP, existe uma determinação processual para que
a autoridade policial requisite a perícia, caso seja necessário ou haja vestígios
do crime “determinar, se for o caso, que se proceda a exames de corpo de
delito e a quaisquer outras periciais”.

As primeiras ações da autoridade policial segundo o CPP:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração


penal, a autoridade policial deverá:
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais;

II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após


liberados pelos peritos criminais;

III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento


do fato e suas circunstâncias;
[...]
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
de delito e a quaisquer outras perícias;

VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo


datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes;

Analisando rapidamente o texto do art. 6º do CPP, percebe-se que a função de


isolamento do local de crime seria de responsabilidade da autoridade policial,
tão logo ela tiver conhecimento da infração. Entretanto, percebe-se que, na
maioria dos casos, em todos os estados brasileiros, o primeiro agente público a
chegar a um local de crime é o policial militar. Geralmente são esses
profissionais os responsáveis pelas primeiras providências de isolamento.
Admitindo-se que tais militares são agentes da autoridade policial, ao isolar o
local estão representando essa autoridade que ainda não foi cientificada da
ocorrência do ilícito. (SENASP, 2012)

A requisição da perícia não é uma prerrogativa do delegado de polícia, mas,


sim, uma determinação de ofício para que ele proceda dessa forma visando
garantir a preservação de todas as informações e vestígios produzidos na ação
delituosa. O delegado com poderes processual para requisitar a perícia, deverá
avaliar a existência de vestígios e requisitar a equipe de perícia se for o caso. A
solicitação de perícia é obrigatória com determinação no código de processo
penal (SENASP, 2007);

A equipe da perícia deve atender de imediato a solicitação da autoridade, de


acordo com as normas legais. Na Guia Pericial deve consta o tipo e objetivo
dos exames, bem como, o endereço onde ocorreu o fato, data, horário,
histórico.

A investigação policial começa, na grande maioria das vezes, no local de crime.


Sob essa ótica, a busca de provas objetivas e subjetivas depende da qualidade
do trabalho logo após a chegada ao ambiente onde ocorreu a infração. Ao
chegar à cena do crime, o perito inicia a sua análise antes mesmo de adentrar
no local, examinando a qualidade e o método de isolamento para verificar se
está adequado. Um bom isolamento de local terá como consequência a correta
preservação da prova objetiva. (SENASP, 2012)

8.2. LEVANTAMENTO E REVELAÇÃO DE FRAGMENTOS DE IMPRESSÕES


PAPILARES
O levantamento e revelação de impressões papilares é uma etapa da perícia
papiloscópica, e tem como objetivo localizar, revelar, analisar qualitativamente,
registrar e coletar estes fragmentos de impressão.

Segundo a SENASP, as etapas de levantamento de impressões papilares em


local são:

 Preparação do material de trabalho


 Levantamento preliminar do local
 Localização e revelação de impressões
 Seleção das impressões encontradas
 Marcação e enumeração das impressões selecionadas
 Registro fotográfico
 Preparo de croquis

A revelação de impressões papilares é a técnica utilizada objetivando a busca


e a visualização de impressões papilares, através da aplicação de reveladores
e reagentes químicos específicos.

Alguns fatores podem influenciar a nitidez das impressões papilares: exposição


dos vestígios papilares às intempéries climáticas; superfície de natureza
irregular; pressão insuficiente do papilograma; precauções por parte do
criminoso; deslizamento e sobreposição de impressão, etc.

de Por que revelação


impressão? de fragmento
Na maioria dos locais de
infração penal, o que se observa são vestígios papilares em forma de
fragmentos. A probabilidade é mínima de autor deixar completamente sua
impressão digital, palmar ou plantar em algum tipo de superfície. O perito nos
seus exames periciais diariamente se depara normalmente com fragmentos de
impressões (digital, palmar ou plantar) incompletas que não permite uma exata
classificação ou determinação de região papilar.

Figura 12 – Perita da Polícia Federal revelando fragmentos de impressões


digitais em local de crime.
Fonte: http://g1.globo.com

Vários são os ambiente e superfícies que são revelados os fragmentos de


impressões papilares. Para a Senasp, os locais onde esse levantamento pode
ser realizado:

Em materiais: São aqueles realizados em materiais


encaminhados para exame a fim de localizar e identificar
impressões papilares de pessoas que a manusearam.

Em veículo – São aqueles realizados em veículo a fim de


localizar e identificar impressões papilares de pessoas que
tiveram contato com o mesmo.

Em local: São realizados em cenas de crime, a fim de localizar e


identificar impressões papilares de pessoas que estiveram no
local.

Em cadáver (perícia necropapilocópica) – São para o


tratamento e aproveitamento do tecido epidérmico de
cadáveres, reconstituindo as impressões papilares visando à
identificação do de cujus.
O perito utiliza de conjunto de técnicas e procedimentos, visando localizar,
revelar e individualizar as impressões papilares, que contribuam para o
esclarecimento dos fatos.

Os fragmentos de impressões papilares podem ser encontrados nas seguintes


condições:

VISÍVEIS - São impressões visíveis a olho nu, geralmente


impregnado com substâncias corantes, como, tinta, sangue, e
outros produtos, sendo, por isso, facilmente localizadas sem
instrumentos ópticos.

MODELADAS - São aquelas encontradas moldadas em


superfícies como: massa de vidraceiro, goma de mascar, argila,
etc.

LATENTES – São aquelas não prontamente perceptíveis a olho


nu. Necessitam, portanto, de tratamento com reveladores ou
reagentes específicos. (ARAÚJO, 2000).

Nos locais de delito, pode ocorrer de o perito visualizar impressões papilares


de diversas condições (visível ou latente) ao mesmo tempo. Podemos citar
como exemplo, um crime de homicídio que ocorreu no interior de uma
residência, onde o autor tocou com as mãos em algum local antes de executar
o delito (poderemos encontrar neste suporte primário, impressão latente), e
logo após o crime, o infrator pode ter se sujado de sangue da
uga
vítima e na f
deixar impressões visíveis (impregnadas com sangue) em alguma superfície.

As impressões digitais são essencialmente compostas de elementos de suor


depositados nas cristas papilares que se transferem para a superfície do
suporte primário (objetos, etc.). Suas linhas impressas devem ter continuidade
suficiente que permitam à visualização dos seus elementos identificadores,
caso contrário, a impressão se torna inútil à identificação. Alguns materiais não
são recomendados para levantamentos de impressão, os quais são: material
texturizado, muito fibroso, rudes, como padra bruta, madeira bruta, concreto,
etc. Pequenas superfícies irregulares são contraindicadas (prego, parafuso,
alfinete), como também, em material sujo não se encontra boas impressões.
(INSTITUTO NACIONAL DE IDENTFICAÇÃO - INI).

O Suporte é a superfície onde a impressão papilar se encontra. Suporte


primário é a superfície onde originalmente se encontrou uma impressão;
Suporte secundário é aquele preparado para receber a impressão transportada
do suporte original. (ARÁUJO, 2000).

Veja a seguir os tipos de superfícies onde é possível encontrar impressões


digitais:

Superfícies não porosas – São aquelas que não absorvem os


elementos químicos expelidos pela pele humana. Exemplos:
Plástico, vidro, porcelana esmaltada, metais polidos, etc. A
superfície não absorve a parte líquida, por isso podem ser
utilizados reveladores sólidos e gasosos, como pó e
cianoacrilato.

Superfícies porosas – São superfícies que absorvem o líquido


do suor, exemplo: todos os tipos de papeis, papelões, cartões,
etc. A superfície absorve a parte líquida, fazendo-a evaporar, no
entanto, ficam retidos os elementos sólidos em suas fibras.
Neste caso empregam-se reveladores líquidos ou gasosos,
como ninidrina, nitrato de prata e iodo.

Superfície adesiva – São as superfícies que retiram líquidos e


células descamadas da pele. São todos os tipos de fitas e
etiquetas auto-adesivas. Neste caso utilizamos pós especiais
com detergente e violeta de genciana. (SENASP, 2012)

As impressões latentes na maioria dos casos, só serão localizadas por meio de


emprego de reveladores. Se possível cada fase do processo de revelação deve
ser registrada fotograficamente. Depois de realizar a revelação selecionar as
impressões que apresentam condições de confronto, todos os fragmentos de
impressão receberão uma marcação própria, com a anotação precisa de sua
localização no material examinado.

8.2.1. Reveladores e reagentes químicos


Os reveladores de impressões papilares são produtos químicos desenvolvidos
especificamente para reagirem com as substâncias expelidas pelas glândulas
sudoríparas e sebáceas presente nas mãos e dedos das pessoas. Esses
processos de reação química proporcionam uma melhor visualização das
impressões papilares. O suor é composto por água, aminoácidos, uréia, acido
lático, colina, ácido úrico, creatinina, açúcar, cloretos, íons metálicos, amônia,
sulfatos e fosfatos. (ARAÚJO, 2000).

Pós Reveladores

Há uma enorme variedade de produtos que se prestam ao uso como pós


reveladores de impressões papilares. Cada um apresenta vantagens e
desvantagens. Um bom pó para revelação deve possibilitar contraste em
relação ao suporte, para permitir fotografias diretas da impressão revelada, e
aderir somente aos componentes úmidos da impressão, liberando os espaços
intercristais de forma a produzir impressões perfeitamente definidas. Os pós
atuam aderindo-se nas substâncias úmidas deixadas pelas secreções contidas
nas papilas dérmicas, portanto sua eficiência está relacionada ao tempo em
que a impressão foi produzida, apresentando os melhores resultados em
impressões recentes. (ARAÚJO, 2000).

Figura 13 – Uso do pó preto com um pincel para revelar fragmentos de


impressão papilar.
Não importando método de aplicação, o pó tem uma tendência a aderir aos
componentes úmidos das impressões digitais latentes, fazendo, assim, com
que elas apareçam visíveis em contraste com o fundo da superfície. Em
princípio, estes pós reveladores são empregados de acordo com a cor do
suporte, de modo a formar contraste com o fundo da superfície. Para revelação
em suporte claro, polido (papel, vidro, plástico, etc.), por exemplo, empregam
se os pós escuros,
AL DE
grafite
IDENTIFICAÇÃO
e negro de fumo. (MANU
- INI). PAPILOSCÓPOICA

Figura 14 – Pós fluorescentes e as impressões ao lado reveladas por estes.


Fonte: Conecta190 - Tecnologia em Segurança Pública.

Os pós fluorescentes para impressões latentes podem ser usados sobre os


mesmos tipos de superfícies como pós não fluorescentes. Os pós fluorescentes
para impressões latentes funcionam especialmente bem sobre superfícies
escuras ou multicoloridas - realçando enormemente os detalhes das papilas ao
serem iluminadas com uma lanterna de luz ultravioleta. (CONECTA190, 2006)

Não podemos esquecer que o perito para usar os pós reveladores, este deve
utilizar-se pincéis para revelar os fragmentos de impressões.

Figura 15 – Pincel de fibra de carbono.


Fonte: Conecta190 - Tecnologia em Segurança Pública.

Os pincéis de fibra de carbono são inigualáveis devido à suavidade natural das


fibras de carbono e por apresentarem a qualidade de baixa fricção. Além disso,
as fibras de carbono são à prova de corrosão e umidade - garantindo um bom
funcionamento até mesmo em situações de extrema umidade. Os filamentos
bem estreitos são dispostos ao acaso - permitindo que o técnico possa mudar a
cor do pó rapidamente bastando para isso sacudir o pincel eliminando restos
do pó anteriormente usado. (CONECTA190, 2006)

Serão utilizados levantadores que são fitas ou películas adesivas utilizadas no


transporte/decalque de impressões reveladas com pó para o suporte
secundário (coletor).

Figura 16 – Impressão revelada após o levantamento, e sua transferência para


o suporte secundário.
Fonte: ARAUJO (2000)

Revelação com Gás (Iodo)

Os cristais de iodo são submetidos ao calor, acontece à sublimação,


produzindo vapores que são absorvidos pela matéria gordurosa ou oleosa das
impressões. Aplicam-se em superfícies lisas, porosas, não porosas, não
metálicas, tais como: vidros, PVC, papéis acetinados, papel-moeda, etc.

Figura 17 – Empolas de vidros com cristais de iodo.


Fonte: Conecta190 - Tecnologia em Segurança Pública.

mais
O levantamento pode ser feito de várias maneiras O método
convenientemente aplicado no laboratório é através do uso de um gabinete
para absorção do iodo. Este gabinete é uma Caixa com uma ou mais paredes
de vidros. Utiliza-se uma lâmpada comum para aquecer os cristais e fazer com
o que o material evapore enchendo o recipiente, e dará início ao processo de
revelação das impressões papilares na cor marrom.

Cianoacrilato

Foi desenvolvido em 1951, no Tennessee, EUA. Na guerra do Vietnã (1966)


era empregado pelas tropas americanas como adesivo de rápida ação em
ferimentos. A partir de 1984 passou a ser utilizado pela Polícia Federal Alemã
na revelação de impressões digitais. É encontrado no mercado como
componente ativo das SUPERCOLAS (Superbonder). Além de sua eficiência
como revelador sua utilização também objetiva a fixação dos vestígios
papilares proporcionando segurança e tranquilidade para o Papiloscopista. O
vapor do cianoacrilato polimeriza (solidifica) as substâncias úmidas das
impressões papilares latentes (sais minerais e as gorduras contidas nas
impressões papilares), o que permite o seu processamento (fotografia,
transporte, aplicação de reveladores), maximizando, assim, a qualidade da
evidência para o posterior exame de confronto. (ARAÚJO, 2000).

Figura 18 - Processamento de evidência em Câmara de Vácuo


Fonte: ARAUJO (2000)

O controle do vapor é conseguido através de uma câmara, que pode ser de


vidro, plástico, ou qualquer outro material que possibilite o máximo de
confinamento do gás. O material é colocado na câmara de maneira que toda a
sua superfície fique exposta ao vapor. Após o tratamento e a revelação das
impressões papilares aplica-se o pó, que se fixará no cianoacrilato
polimerizado. (ARAÚJO, 2000).
Ninidrina

A ninidrina foi descoberta em 1910, sendo também chamada de “púrpura de


Ruhermann”. Seu nome oficial é HIDRATO DE TRIKETOHIDRINDENO. É
reconhecida como de grande eficiência, ela reage com os aminoácidos
contidos na impressão latente. A maior parte dos fluidos corporais (leite,
sêmen, suor, sangue, etc.) reage com o composto químico da ninidrina.
Comumente apresenta-se na forma líquida, mas também é encontrada na
forma de cristal, com a aparência de pó branco, disponível em potes de 5, 10 e
25 gramas da maioria das lojas de produtos químicos. Após a aplicação, à
temperatura ambiente, as impressões começarão a surgir em uma ou duas
horas. A maior parte delas será revelada em 24 horas, porém há impressões
que necessitarão de até 72 horas. A ninidrina revela bem tanto as impressões
recentes quanto aquelas produzidas há alguns anos. (ARAÚJO, 2000).

Figura 19 – Spray de Ninidrina

Violeta de Genciana

Método de revelação de impressões papilares latentes muito eficaz e simples,


relativamente barato, aplicado em superfícies adesivas. Adequado para uso em
laboratório.

Figura 20 – Técnica da Violeta de Genciana em fita adesiva.


Fonte: Araújo (2000)

Araújo (2000) comenta que a Violeta de Genciana atua:

Em superfícies não porosas, na parte aderente de fitas crepe,


fitas isolante, esparadrapos, durex, etc
[...]
Para revelar as impressões, o material examinado é colocado
na solução e agitado por alguns segundos. O material também
pode ser imerso na solução e deixado em repouso; neste caso,
a revelação será processada em alguns minutos. O excesso de
violeta é retirado simplesmente deixando o material sob água
corrente.
[...]
Impressões reveladas em fitas adesivas de fundo branco ou de
tonalidade clara são fotografados diretamente.

São diversos os métodos e técnicas utilizadas para revelar fragmentos de


impressões papilares. Nos locais de crime, a técnica mais usual é a do
empoamento, com uso dos pós reveladores. Nos laboratórios, o signatário
aplica as substâncias gasosas para revelar impressão. Nesse processo de
revelação também é importante o uso de luzes forense e a fotografia direta
sobre o suporte primário onde está o papilograma a ser revelado.

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8.3. CADEIA DE CUSTÓDIA
Todas as provas coletadas no local de crime devem ser acondicionas em
recipientes apropriados e depois preservados. O processamento do material
pericial, relacionado à prova, contribui para manter a credibilidade de uma
perícia.

Segundo CAMPOS (2007, p.3) conforme citado por MULLER (2012), em seu
trabalho sobre a relevância da custódia da evidência na investigação judicial,
define cadeia de custódia como o conjunto de etapas desenvolvidas de forma
científica e legítima em uma investigação judicial, com a finalidade de evitar a
alteração ou destruição dos indícios materiais no momento de sua coleta, ou
após, e dar garantia científica de que o material que foi analisado no laboratório
forense é o mesmo recolhido no local do delito. O autor afirma a necessidade
de se introduzir todas as garantias processuais possíveis para que se obtenha
uma maior confiabilidade nas conclusões derivadas das provas apresentadas,
adotando-se uma rígida obediência aos procedimentos legais e científicos, o
que justificaria a origem do conceito jurídico da denominada cadeia de custódia
da evidência.

A cadeia de custódia tem o objetivo de manter e documentar a história


cronológica da evidência, para rastrear a posse e o manuseio da prova material
a partir do invólucro, da coleta, do transporte, do recebimento, do
armazenamento e da análise.

MULLER (2012) recomenda sobre o transporte de material papiloscópico para


o laboratório:

vez transportado o material


Uma do local, a perícia
papiloscópica
prosseguimento
terá no laboratório de revelação
de impressões latentes, onde serão utilizados reveladores cuja
utilização no local se torna inviável (devido à toxidez ou
equipamentos de difícil remoção para o local), ou se entenda
que os recursos laboratoriais possam garantir um melhor
resultado nos exames dos objetos.

Tanto nos cursos de formação profissional como nos de


atualização em perícia papiloscópica, o Instituto Nacional de
Identificação busca obter um padrão de atuação nos
levantamentos papiloscópicos, incluindo todas as suas etapas,
e na organização de todos os papéis de trabalho e dos Laudos
de Perícia Papiloscópica confeccionados, que devem ser
arquivados no setor de identificação para, caso necessário,
serem objetos de futuras análises.

Existem alguns documentos utilizados durante esses


procedimentos que são apresentados como modelo, como: o
Formulário de Levantamento de Impressões Papilares em
Local, Relatório de Impressões Papilares e o Suporte
Secundário de Impressões Papilares. Também são
disponibilizados alguns materiais como lacres e caixas para
empacotamento.
[...]
Os objetos somente podem ser retirados do local mediante o
recibo em formulário próprio assinado pelo proprietário e pelo
policial envolvido na coleta. Um detalhe importante é a
demonstração das evidências com uma numeração indicativa,
com o respectivo registro fotográfico de cada uma, seja
revelada no local do delito ou em laboratório. Existe um
formulário específico onde devem ser relatadas informações
sobre todas as impressões reveladas em um caso, inclusive os
resultados das comparações com as impressões papilares de
exclusão ou CADERNOS ANP 3suspeitos. Todas as
impressões papilares em condições de confronto não
identificadas devem ser incluídas no Sistema Automatizado de
Identificação de Impressões Digitais-AFIS.

Figura 21 – modelo que atende os requisitos para um suporte secundário


eficiente para compor a cadeia de custódia..
Fonte: MJ/INI

A cadeia de custódia e a documentação legal e oficial de uma evidência


papiloscópica encontrada em um local de crime, a qual passou por diversas
pessoas e locais deve ser capaz de informar quem, quando e de que maneira a
evidência foi descoberta, protegida, coletada, transportada, preservada e
testada. (MULLER (2012).

Os métodos de revelação de fragmentos papilares latentes em laboratórios


podem ser classificados em: Físicos, Químicos e Mistos. Os reagentes
utilizados em laboratórios de perícia papiloscópica para revelação de
impressões papilares latente são: cianoacrilato, pós reveladores (regular e
magnético), reagentes de pequenas partículas, corantes fluorescentes
(amarelo básico), iodo, ninidrina, DFO, dentre outros. (SENASP, 2016)

8.4. CONFRONTO DE IMPRESSÕES PAPILARES


A Senasp (2010) define confronto de impressões papilares como sendo o
exame comparativo entre duas ou mais impressões papilares objetivando sua
identificação. Nas análises de confronto o perito utiliza vários recursos: lupas,
comparadores ópticos, ampliações fotográficas e programas/ferramentas de
computador como o GIMP e Fotoshop.

A Senasp (2016) define quatro fases para os exames:

A FASE DE ANÁLISE é a apreciação da impressão papilar para


determinar suas condições técnicas para confronto.

Na FASE DE CONFRONTO, é feita a observação direta (lado a


lado) dos detalhes das impressões para determinar regiões
coincidentes, baseada em critérios de similaridade, sequência e
relação espacial.

Na FASE DE AVALIAÇÃO, a formulação da conclusão é


baseada na análise e comparação das impressões papilares.
Por fim, a FASE DE VERIFICAÇÃO é o exame independente
efetuado por outro perito papiloscopista e que resulta na mesma
conclusão.

O confronto de impressões papilares efetua-se por meio do assinalamento dos


pontos característicos que devem ser coincidentes e homologadamente
dispostos estabelecendo desta forma a identificação entre as impressões, ou
seja, as questionadas e a padrão. (MANUAL DE PAPILOSCOPIA – IIPR).

Figura 22 – Assinalamento de pontos característicos

Fonte: MANUAL DE PAPILOSCOPIA – IIPR

Observe [Fig. 22] que a extremidade de cada linha é colocado um número, de


forma que cada impressão tenha linhas se radiando em ângulos similares e
com a mesma designação numérica. Com tal amostra, o observador poderá
verificar que cada número corresponde a um ponto característico coincidente
em ambas as impressões. (MANUAL DE PAPILOSCOPIA – IIPR).

Para obter a peça padrão (ficha de identificação), o perito poderá solicitar


cópias da Ficha de Identificação junto ao Instituto de Identificação e/ou aos
órgãos oficiais de identificação e de expedição de documentos (civis e
militares) que contenha impressões papilares do suspeito; ou como também,
pode efetuar a coleta diretamente das mãos do mesmo (suspeito/autor),
encaminhado pela autoridade policial, em Ficha de Identificação apropriada.
Segundo a SENASP, a localização das impressões digitais na cena do crime é
uma das etapas da perícia papiloscópica. Quando considerada de forma
isolada não é suficiente para a identificação humana, sendo necessária a
realização do confronto e comparação das impressões obtidas no local de
crime com aquelas de suspeitos ou armazenadas em bancos de dados - como,
por exemplo, o sistema AFIS (Veremos mais adiante um tópico específico para
o AFIS).

A conclusão do trabalho de papiloscopia requer muita cautela. O objetivo é a


licitude da prova papiloscópica e garantia da aplicação da lei de forma
imparcial, por isso, depois das análises de confronto, o perito pode alcançar os
seguintes resultados:

IDENTIFICAÇÃO – comparação de duas ou mais impressões


com qualidade para confronto e com quantidade suficiente de
coincidências de pontos característicos ou minúcias. A
identificação ocorre quando o perito papiloscopista conclui que
duas ou mais impressões papilares foram produzidas pela
mesma pessoa;

EXCLUSÃO – comparação de duas ou mais impressões


papilares com qualidade para confronto e com quantidade
suficiente de divergências entre os pontos característicos ou
A exclusão ocorre quando o perito papiloscopista
minúcias.
que duas ou mais impressões
concluipapilares não foram
produzidaspessoa;
pela mesma

INCONCLUSÃO – a inconclusão ocorre quando as impressões


papilares analisadas pelo perito papiloscopista não possuem
qualidade suficiente para permitir a identificação ou exclusão da
pessoa que a produziu. (SENASP, 2016)

Araújo (2000) utiliza alguns termos técnicos que são importantes na hora de
confeccionar o laudo pericial. Vejamos:

PAPILOGRAMA
É a impressão que apresenta campo de observação suficiente
para que sejam examinados todos os seus elementos
classificadores. É dividido em Datilograma, Quirograma e
Podograma.

FRAGMENTO DE IMPRESSÃO PAPILAR


É a impressão cuja parte que permite sua classificação está
ausente ou incompleta. É dividida em Digital, Palmar e Plantar.

IMPRESSÃO QUESTIONADA
É a impressão de autoria desconhecida, cuja identidade se
pretende estabelecer.
Exemplos: 1 - Impressões colhidas em locais de crime; 2 -
Impressões apostas em documentos cuja identidade suscite
dúvida quanto ao seu autor.

IMPRESSÃO PADRÃO
É a impressão de origem certa, portanto de autoria conhecida
ou cuja identidade não está sendo objeto de questionamentos.
Serve de base de comparação com a impressão questionada.

PADRÃO DE EXCLUSÃO
Impressões das VÍTIMAS e outras pessoas fora do rol de
suspeitos;

PADRÃO DE CONFIRMAÇÃO
Impressões de SUSPEITOS.
[...]
CONFRONTO DE IMPRESSÕES
É o exame comparativo de duas ou mais impressões papilares,
geralmente o perito utiliza o auxílio de instrumentos óticos como
lupas, comparadores e ampliações fotográficas.

Duas impressões serão convergentes se apresentarem pontos característicos


de mesmo formato, direção, sentido, posição no campo papilar, posição relativa
entre si e mesmo número de linhas separando-os. A identidade é estabelecida
com base na análise destas variáveis, em conjunto. (ARAÚJO, 2000)

O perito deve se atentar para algumas técnicas e procedimentos para


realização do confronto, que segundo Araújo (2000).

1. Inicialmente, observa-se a configuração geral e a classificação


primária das impressões comparadas. Se possível, serão
analisados outros elementos, como desenvolvimento das linhas
diretrizes, contagem de linhas, etc.
2. Ocorrendo divergências desses elementos será fornecido um
parecer negativo de identidade.
3. Persistindo as semelhanças, as regiões correspondentes serão
analisadas através do exame de dois ou três pontos característicos
mais definidos na impressão questionada.
4. Procura-se, em seguida, os pontos correspondentes na impressão
padrão. Tais pontos devem apresentar a mesma natureza e posição
no campo papilar.
5. Havendo coincidência desses pontos característicos, novos pontos
serão selecionados e analisados na impressão questionada, para
comparação com outros existentes na impressão padrão.
6. Caso estes pontos não sejam localizados, serão feitas novas
tentativas com outros pontos da impressão questionada.
7. Igualmente, serão examinadas possíveis distorções ou erros quanto
à correspondência de região papilar. Existindo discordâncias entres
as impressões que não tenham explicações nas possíveis
distorções pela diferença na técnica de coleta, tipo de tinta
empregada, ou papel de suporte, conclui-se que se tratam de
impressões diferentes entre si.
8. Sendo encontrados na impressão padrão, repete-se o processo até
atingir um número de pontos suficientes para o convencimento
técnico do perito.
9. Nos Relatórios Técnicos estas coincidências deverão ser
demonstradas por meio de assinalamentos, por meio de linhas em
formato de raios enumeradas em sentido horário. Se os pontos não
forem coincidentes, não haverá necessidade de assinalamentos.

 Ampliadores ópticos, transparências, réguas, escalas e compassos


são recursos que podem auxiliar no exame de confronto.

Não existe um número mínimo de pontos característicos coincidentes, que


permitam determinar a identidade da impressão papilar. Isto porque o técnico,
ao fazer o confronto das impressões, não observa somente a quantidade de
pontos, mas também a configuração do desenho quanto à raridade, o formato
das linhas e até mesmo estrutura dos poros [...] esses elementos são
igualmente importantes e gozam dos princípios perenidade, imutabilidade e
variabilidade. [...] Quanto mais sinalética for a impressão e maior grau de
visibilidade de sua estrutura de linha menor será a quantidade de pontos
característicos necessários à identificação. (ARAÚJO, 2000).

Segundo o Manual de Papiloscopia do Instituto de Identificação do Paraná, o


especialista em papiloscopia tem independência e autonomia para concluir o
resultado seu trabalho:

Portanto, podemos afirmar que o especialista, baseado em seus


conhecimentos técnico-científico, poderá e deverá, se for o
caso, afirmar que duas impressões ou fragmento de impressões
foram produzidas por uma mesma pessoa, mesmo com
quantidades mínimas de minúcias.

Ademais, vem afirmar, que a conclusão do especialista forense que realiza o


confronto de impressão é feita por meio de parecer e laudo técnico, os quais se
fundamentam nos pontos característicos coincidentes ou divergentes, que irão
auxiliar o trabalho de investigação policial, identificando e elucidando muitos
crimes de natureza desconhecida.

Outrossim, vejamos partes de um texto extraindo de um laudo papiloscópico,


onde o perito faz a sua a conclusão: “pela análise comparativa e exames nas
estruturas morfológicas das impressões digitais apostas nos documentos
examinados, constataram os signatários que as mesmas apresentam pontos
característicos coincidentes quanto à forma, direção e sentido de suas
estruturas de linhas formadoras do campo digital, de forma a tornar inequívoca
a constatação de identidade entre elas. Portanto, concluem os signatários que
as impressões digitais apostas nos documentos examinados foram produzidas
pela mesma pessoa.” (Laudo do PPP MARCELO ORTEGA AMARAL,
conforme Memorando 7085/2007 – INTERPOL/DIREX/DPF, referente ao
IP/SEGOP/TB/DOC).
Figura 23 – Confronto de impressões digitais, linhas vermelhas e numeradas
visualizando coincidências entre duas impressões.

Fonte: Laudo do PPP MARCELO ORTEGA AMARAL,morando


conforme Me
7085/2007 – INTERPOL/DIREX/DPF, referente ao IP/SEGOP/TB/DOC

Com a evolução da tecnologia, facilitou muito o trabalho da perícia


papiloscópica. Há algumas ferramentas úteis e grátis para baixar na internet,
como o GIMP e o Fotoshop que podem ser usados para confrontar impressões
digitais, são de fáceis manuseios. São softwares com recurso de edição,
tratamento e inversão de imagem, muitos utilizados no meio policial.

8.5. SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DE IMPRESSÕES


DIGITAIS (AFIS)
Segundo Márcico (2002), com o advento da informática foi possível adquirir
uma resposta mais eficiente e satisfatória na elucidação de crimes. Sabe-se
que a identificação através das impressões digitais é extremamente eficiente e
com o emprego de recursos oferecidos pela informática, sua eficácia torna-se
ainda maior.

O Sistema Automatizado de Impressões Digitais (AFIS) une a papiloscopia à


informática de forma que agilize o processo de identificação, promover sua
ampla utilização e potencializar as vantagens inerente à identificação
papiloscópica. As pesquisas tiveram início na década de 60 nos Estados
Unidos da América e rapidamente o sistema foi difundido e adotado
internacionalmente (SENASP, 2010).

A segunda função que pode ser executada pelo AFIS é a


habilidade que ele tem de procurar em seu banco de dados,
impressões similares as cópias latentes encontradas em locais
de crime. Por exemplo: uma impressão digital é coletada de
uma arma utilizada em um crime. A cópia é trazida ao
laboratório para ser confrontada com a base de dados do AFIS.
O computador seleciona as impressões que são similares para
serem examinadas pelo perito, isso tudo em questão de
segundos e caso a identificação seja confirmada, o crime
poderá ser esclarecido em menos de um minuto. (MÁRCICO,
2002).

Para viabilizar a sua utilização, o processo automatizado deve ter capacidade


de extrai minúcias de uma impressão papilar com suficiente velocidade e
precisão e comparar e identificar impressões papilares automaticamente a
partir dos dados da imagem gerada pelo dispositivo que extraiu as minúcias
(SENASP, 2010).

O Instituto Nacional de Identificação, da Polícia Federal, desde 2004 possui o


seu próprio Sistema AFIS. Além da Polícia Federal, vários Institutos de
Identificação vêm, ao longo dos anos, adquirindo sistemas para pesquisas em
seus bancos de dados civis e criminais. (SENASP, 2016). Ademais:

Módulo e características do sistema AFIS

AFIS é exclusivoOpara
sistema
o trabalho com impressões
e promoveu uma quebra dedigitais
paradigma no contexto da
Perícia Papiloscópica,
uma vez que ocasionou a substituição
das pesquisas manuais 32 baseadas na classificação
datiloscópica pelas pesquisas automatizadas. A pesquisa
tornou-se muito mais célere e o banco de dado mais seguro.

O Sistema AFIS, como um bom sistema biométrico de


reconhecimento de padrões que é, possui os cinco módulos
característicos desse tipo de sistema. Contudo, algum destaque
se faz necessário:

Aquisição: Com relação ao módulo de aquisição, ocorre que a


impressão a ser reconhecida é digitalizada, o que pode ser feito
via equipamento do tipo live scan, que dispensa o uso de tinta e
papel.

Transmissão: No que se refere ao módulo de transmissão, o


Sistema AFIS pode ser considerado como de rápida
transmissão de dados. A título de exemplo, os Sistemas do
Instituto de Identificação de Brasília e do Mato Grosso do Sul
transmitem as informações em grande velocidade, permitindo o
acesso instantâneo ao banco de dados e resultados de
pesquisas em alguns minutos.

Processamento: No módulo de processamento ocorre a


chamada “extração de minúcias”: uma representação digital do
padrão é extraída da imagem, consistindo numa espécie de
mapa contendo uma distribuição geográfica de características
da impressão.

Tomada de Decisão: Com relação ao módulo de tomada de


decisão, o “mapa” derivado da imagem digitalizada é
comparado com mapas armazenados no banco de dados.

Armazenamento: A capacidade do módulo de armazenamento


irá variar de acordo com a população abrangida no banco de
dados.
[...]
3.2 Buscas no sistema

Para a realização de uma busca no sistema, alguns filtros


podem ser realizados restringindo a busca, por exemplo, pelo
tipo fundamental da impressão ou mesmo pelo dedo específico
(ex. polegar direito) que se deseja buscar no banco de dados.

Impressões latentes recuperadas de locais de crime,


impressões coletadas de cadáveres ignorados, bem como as
impressões de indivíduos submetidos à identificação civil e
criminal são cotidianamente inseridas nos Sistemas AFIS
mundo afora.

A partir
impressão
de cada
inserida, é realizada uma pesquisa
nos bancos de dados de impressões digitais. Considerando a
pesquisa com impressões digitais questionadas (de locais de
crime, cadáveres ou documentos de origem questionada), as
pesquisas podem ser conduzidas em bancos de dados civis
(RGs - identificação civil), criminais (BICs – identificação
criminal) e, em diversas situações, nos bancos do Instituto
Nacional de Identificação, da Polícia Federal. Este último banco
é alimentado por diferentes processos de identificação em todo
o território nacional. 33
[...]
3.3 A comparação

Tipicamente, a comparação entre o “mapa” derivado da imagem


digitalizada é realizada com mapas armazenados no banco de
dados e retorna com um placar quantificando as similaridades
entre as duas representações.

A presença de um Perito Papiloscopista é fundamental, seja na


digitalização das impressões e marcação das características,
como no tratamento das imagens, tornando-as legíveis para o
sistema (Figura 18), ou mesmo na comparação com os
candidatos oferecidos pelo sistema biométrico.
Esse especialista emite um veredicto sobre a compatibilidade
da impressão inserida com aquela presente no banco de dados.
Uma vez encontrada a compatibilidade e a pessoa identificada
possa figurar como suspeita no caso, o Laudo de Perícia
Papiloscópica será confeccionado.

Figura 24 – Diagrama ilustrando a etapa de processamento de imagens de


impressões digitais.

Fonte: Senasp/MJ - 2004

A desvantagem é que o AFIS aponta uma lista de prováveis candidatos para


uma impressão digital questionada, desse jeito, para determinar a identidade
de um indivíduo é necessária à análise final de um especialista em
papiloscopia.

Nas palavras de MACICO (2002), um AFIS trabalha tanto com as impressões


digitais completas quanto com fragmentos encontrados em locais de crime.
Através de algoritmos poderosos, um AFIS compara uma impressão digital, ou
até mesmo um fragmento de impressão, com milhões de outras impressões de
um banco de dados, detectando uma ou mais impressões similares para serem
confrontadas pelo perito.

Figura 25 – Tela do AFIS mostrando o confronto entre duas impressões


despois de efetuada a busca.
Fonte: DPF/MJ/SENASP

O grande ponto negativo é que não há tanto interesse dos gestores público em
implantar uma ferramenta tão eficaz na solução de crime. O objetivo seria
expandir em todos os institutos e coordenações de perícia, no entanto, as
verbas públicas são aplicadas em outros setores da segurança pública, e este
sistema gera custo de instalação e manutenção. O uso desta ferramenta ainda
é restrito, poucos profissionais tem acesso. O ideal seria, depois de implantado,
interligar com os demais estados da federação, na troca de informações e
compartilhamento dos bancos de dados, uma vez que, o crime organizado não
tem fronteira, o criminoso está sempre migrando para outras regiões do Brasil.

9. LESGISLAÇÃO APLICADA AO TEMA


Além da Constituição Federal de 1988, que abrange de forma geral esse tema,
outras normas jurídicas são fundamentais para assegurar a legitimada da prova
pericial e garantir os princípios constitucionais.

Segundo o artigo 5º inciso LVIII, da Carta Magna “o civilmente identificado não


será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”.
É importante frisar que antes de efetuar a coleta de impressões digitais em
pessoas vivas, os órgãos encarregados da identificação civil deve seguir uma
legislação. O processo de coleta de impressões digitais em ficha apropriada
para a identificação civil dará início quando o cidadão for emitir sua primeira
Carteira de Identidade com foto. Cada Unidade da Federal tem um instituto de
identificação próprio responsável pela identificação civil. Segundo a Lei 7.116,
de 29 de agosto de 1983:

Art 1º - A Carteira de Identidade emitida por órgãos de


Identificação dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
tem fé pública e validade em todo o território nacional.

Art 2º - Para a expedição da Carteira de Identidade de que trata


esta Lei não será exigida do interessado a apresentação de
qualquer outro documento, além da certidão de nascimento ou
de casamento.
[...]
Art 3º - A Carteira de Identidade conterá os seguintes
elementos:

a) Armas da República e inscrição "República Federativa do


Brasil";

b) nome da Unidade da Federação;

c) identificação
órgão expedidor;
do

d) registro geral no órgão emitente, local e data da expedição;

e) nome, filiação, local e data de nascimento do identificado,


bem como, de forma resumida, a comarca, cartório, livro, folha e
número do registro de nascimento;

f) fotografia, no formato 3 x 4 cm, assinatura e impressão digital


do polegar direito do identificado;

g) assinatura do dirigente do órgão expedidor.

§ 2º - A inclusão na Carteira de Identidade dos dados referidos


neste artigo poderá ser parcial e dependerá exclusivamente da
apresentação dos respectivos documentos com probatórios.
[...]
Art 6º - A Carteira de Identidade fará prova de todos os dados
nela incluídos, dispensando a apresentação dos documentos
que lhe deram origem ou que nela tenham sido mencionados.
[...]
Art 8º - A Carteira de Identidade de que trata esta Lei será
expedida com base no processo de identificação datiloscópica.
Art 9º - A apresentação dos documentos a que se refere o art.
2º desta Lei poderá ser feita por cópia regularmente
autenticada.

Art 10 - O Poder Executivo Federal aprovará o modelo da


Carteira de Identidade e expedirá as normas complementares
que se fizerem necessárias ao cumprimento desta Lei.

Emite-se a carteira de Identidade com base no processo de identificação


datiloscópica. Além do polegar direito do indivíduo que será coletado na
planilha do documento de Identidade, serão coletados em ficha de identificação
todos os dez datilogramas da pessoa identificada, e depois arquivados. Essas
impressões poderão ser utilizadas para diversos fins de identificação, seja para
identificação necropapiloscópica, identificação civil e criminal, seja para
confronto com fragmentos de suspeitos encontrados nos locais de crime.
Alguns estados já digitalizaram todas as fichas em sistema de impressão digital
automatizado para facilitar a busca de indivíduo.

Figura 26 – As Impressões digitais são usadas para identificação desde 1903


http://redeglobo.globo.com (Foto: Thinkstock/Getty Images)

Essas fichas com impressões digitais são úteis para confronto com evidências
papilares encontradas em locais de crimes. Sem a peça padrão (Ficha Dactilar)
não há possibilidade de atestar se os fragmentos de impressão encontrados no
local foram produzidos por determinado suspeito.

No processo de identificação civil, a geração do documento de identidade é


uma etapa da perícia papiloscópica necessária para a realização da
identificação humana no âmbito cível. O civilmente identificado pode atestar
seus caracteres pessoais para a garantia dos direitos fundamentais previsto
constitucionalmente, como o direito à propriedade, dentre outros. Essa etapa
pericial é significativamente importante para a perícia papiloscópica, pois neste
momento são coletadas as impressões digitais do civilmente identificado e no
próprio documento público há a inserção da impressão do polegar direito,
conforme a previsão legal. (SENASP, 2012)

Por que o Estado necessita que as pessoas sejam identificadas civilmente?


Ainda segundo a Senasp, “esse processo permite que as instituições públicas
de identificação tenham um banco de dados contendo as impressões das
pessoas que podem ser utilizadas para a identificação humana em outros
momentos diante da necessidade de tutela de direitos ou da garantia do
cumprimento de determinados deveres. Esse banco pode ser físico ou
eletrônico a partir do uso de sistemas biométricos”.

A vida em sociedade precisa ser organizada, principalmente nos grandes


centros urbanos, exige que todos saibam quem somos e com quem estamos
nos relacionando. Essa inter-relação social, comerciais, trabalhistas,
contratuais, etc., e, principalmente, as relações complexas que o Estado
mantém com seus cidadãos, exigem que sejam alicerçadas num patamar exato
de segurança. Por isso, o Estado mantém o maior e mais completo banco de
dados civil dos cidadãos, localizado nos Institutos de Identificação. O objetivo
da identificação civil é tornar o Estado detentor de um banco de dados com um
maior número de informações possível sobre as características dos cidadãos,
garantindo segurança absoluta nas relações que eles mantêm entre si e
mantêm com o próprio Estado. (NICOLETTI PEREIRA).

Ademais, com base na legislação, todos devem ser identificados ou pelo


menos apresentar um documento de identificação com foto. No entanto, caso
contrário, em alguns casos, o indivíduo será submetido ao processo de
identificação criminal que é parecido com a identificação civil.

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos


seguintes documentos:

I – carteira de identidade;

II – carteira de trabalho;

III – carteira profissional;


IV – passaporte;

V – carteira de identificação funcional;

VI – outro documento público que permita a identificação do


indiciado.

Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se


aos documentos de identificação civis os documentos de
identificação militares.

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação,


poderá ocorrer identificação criminal quando:

I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de


falsificação;

II – o documento apresentado for insuficiente para identificar


cabalmente o indiciado;

III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com


informações conflitantes entre si;

IV – a identificação criminal for essencial às investigações


s, segundo despacho policiai
da autoridade judiciária
competente, que decidirá de ofício ou mediante representação
da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa;

V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou


diferentes qualificações;

VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da


localidade da expedição do documento apresentado
impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais.

Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados


deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de
investigação, ainda que consideradas insuficientes para
identificar o indiciado.

Art. 4º Quando houver necessidade de identificação criminal, a


autoridade encarregada tomará as providências necessárias
para evitar o constrangimento do identificado. (LEI FEDERAL Nº
12.037, 2009).

Não há como proceder com uma investigação criminal sem antes identificar o
autor ou até mesmo a vítima. Não se pode puni ninguém sem antes saber
quem está sendo punido. A identificação datiloscópica é um dos requisitos legal
do inquérito policial. Consoante o artigo 6º, inciso VIII, do Código de Processo
Penal, o delegado tem atribuição de “ordenar a identificação do indiciado pelo
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes”.

A legislação aplicada aos trabalhos de levantamento e revelação de


fragmentos de impressão papilar é o Código de Processo Penal (CPP)

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração


penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais;

Qualquer informação de ocorrência de crime, de obrigação, deve noticiar-se o


delegado de Polícia (a autoridade policial) sobre o fato, e este de imediato, se
deslocará para o local com a equipe de investigação, e requisitará os exames
periciais necessários.

O levantamento e revelação de fragmento de impressão é um tipo específico


de exame pericial (exame de corpo de delito) dos vestígios papilares deixados
no local pelo autor, toda vez que ocorrer uma infração penal:

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável


o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado.

Art. 159.
de corpo
O exame
de delito e outras perícias serão
realizados por perito oficial, portador de diploma de curso
superior.(CPP).

Logo após o delito, a autoridade policial deverá isolar e preservar o local, e


requisitar a equipe pericial, os especialistas, começarão a realização dos
exames periciais.

Rotineiramente esses trabalhos são efetuados por peritos da polícia judiciária,


Polícia Civil ou da Polícia Federal, que ingressaram mediante concurso público,
e fazem partes dos quadros de peritos oficiais dos estados ou da União.

§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,


organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se a:

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou


em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser
em lei;
[...]
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária
da União.
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares. (ART 144 DA CF/1988)

Existem situações de atuar mais de um especialista numa cena de crime:

“ART 159, $ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja


mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á
designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte
indicar mais de um assistente técnico.” (CPP, art. 159, $7º)

O processamento de fragmentos de impressões digitais em locais de crime


requer habilidade, cautela, precisão, perseverança do técnico que realizará os
exames. Em vários os estados e na Polícia Federal quem realiza esses
trabalhos são os peritos papiloscopistas:

5 - PAPILOSCOPISTA POLICIAL FEDERAL

REQUISITO: diploma, devidamente registrado, de conclusão


de qualquer curso superior em nível de graduação, fornecido
por instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC.

executar, orientar, supervisionar e fiscalizar os


ATRIBUIÇÕES:
trabalhos
papiloscópicos de coleta, análise, classificação,
subclassificação,
pesquisa, arquivamento e perícias, bem como
assistir à autoridade policial e desenvolver estudos na área de
papiloscopia [...]. (DPF, 2018).

A Lei 12.030, de 17 de setembro de 2009:

Art. 1o [...] estabelece normas gerais para as perícias oficiais de


natureza criminal.

Art. 2o No exercício da atividade de perícia oficial de natureza


criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e funcional,
exigido concurso público, com formação acadêmica específica,
para o provimento do cargo de perito oficial.

Art. 3o Em razão do exercício das atividades de perícia oficial


de natureza criminal, os peritos de natureza criminal estão
sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação
específica de cada ente a que se encontrem vinculados.

O trabalho técnico-científico na busca de provas materiais não pode sofrer


influências de outros profissionais de segurança pública em local de crime. O
experto deve ter autonomia técnica, científica e funcional nas suas tarefas.

10. DO LAUDO PAPILOSCÓPICO


Depois de concluir os exames de local, todas as análises feitas, como
revelação e coleta do material papilar, o trabalho será formalizado em Laudo
Pericial que pode ser ilustrado por fotografias, conforme CPP:

Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde


descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão
aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em
casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

No prazo de 10 dias, o laudo pericial será encaminhado para a juntada nos


autos do inquérito policial e depois seguirá para a justiça para ser anexado no
processo criminal como meio de prova.

Para Rocha (2014):

A produção da prova técnica é de fundamental importância para


interpretação substancial não só da execução, mas também do
inter criminis. Pois a prova objetiva tem um caráter imparcial,
científico, legal e coerente, na interpretação de toda dinâmica
do crime, que certamente influenciará na dosimetria da pena,
mediante a comprovação da materialidade e autoria do crime.

Então, o laudo pericial é a prova material (prova objetiva) da infração penal


(crime), e todo o seu conteúdo deve ser integro, cheio de robustez, que
servirão de auxílio para a justiça criminal para julgamento do processo e
aplicação da sentença condenatória ao réu. A prova material: é todo objeto que
se presta ao fim de prova (pedra, carro, faca, revólver, pegada, impressões
digitais, etc.).

As partes do laudo papiloscópico segundo a SENASP (2010) são:

 Título
 Subtítulo (Exame de confronto de impressões papilares em material;
Levantamento de impressão digital em local de crime; Levantamento de
impressão papilar em veículo)
 Preâmbulo
 Material Examinado (PQ e PP)
 Objetivo
 Exames realizados
 Conclusão/Resposta aos quesitos
 Encerramento
 Anexos

Laudo é o documento escrito, fundamentado e impessoal, onde se descrevem


objetos ou fatos, de maneira clara, concisa, metódica e exata, relatando, ainda,
quando necessário, todas as fases e estudos realizados durante o exame de
identificação de impressões papilares, com base no qual emitirá sua conclusão
e responderá aos quesitos apresentados e formalizados pela autoridade
solicitante. (ARAÚJO, 2000).

Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão


consignadas no auto do exame as declarações e respostas de
um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo,
e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos,
a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros
peritos.

Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso


de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou
esclarecer o laudo.

Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se


proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente
(CPP).

É da natureza humana o cometimento de erros. Não é raro encontrarmos


profissionais com baixa qualificação técnica, realizando trabalhos duvidosos. O
magistrado ordenará a correção do laudo nos casos em que seu conteúdo
haver contradições e obscuridade.

Depois de realizado o confronto das peças de exames papilares, e o perito


venha concluir que os fragmentos de impressões digitais pertencem a certo
indivíduo, sem nenhum elemento técnico que confirme de forma positiva a
identificação, o signatário pode estar cometendo um erro gravíssimo que
resultará na condenação de um inocente.

A impressão papilar é tão importante que a sua finalidade não é apenas indiciar
o autor de crime, mas também, inocentar e excluir aqueles que não têm relação
com o fato.

11. ALGUMAS DECISÕES JUDICIAIS


O caso mais recente que repercutiu na mídia brasileira foi envolvendo o político
Geddel Vieira preso pela Polícia Federal (PF), em 2017, por crime de lavagem
de dinheiro. Encontrou-se no apartamento alugado pelo ex-ministro, em
Salvador, 51 milhões de reais dentro de sacolas plásticas. Todo o material foi
apreendido para análises periciais. Os trabalhos de levantamento, revelação e
confronto de impressões digitais foram realizados pelos peritos da PF e
formalizados em laudo pericial. O Juiz Federal, Vallisney de Souza Oliveira,
Titular da 10ª Vara – JF/DF, aplicou a medida cautelar, com bases nas
evidências papilares.

A autoridade policial explica que foi realizado exame pericial no


dinheiro apreendido, no qual os Peritos lograram localizar
alguns fragmentos de impressões digitais de GEDDEL
QUADROS VIEIRA LIMA. Por esses supervenientes fatos
(apreensão dos valores), observo que é atual o descrito crime
de Lavagem de capitais e, haja vista a prova técnica das
impressões digitais, conforme o Laudo de Perícia Papiloscópica,
são fortes os elementos que apontam as autorias desse delito
para GEDDEL LIMA. (MEDIDA CAUTELAR N. 36743-
33.2017.4.01.3400 - TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA
PRIMEIRA REGIÃO).

Geddel ainda continua preso aguardando o julgamento do processo. A justiça


embasou sua decisão nos fragmentos de impressões encontrados no material,
no interior da residência do pemedebista.

Outro caso, em 2015, a Polícia Civil do DF elucidou um crime de furto em uma


residência. Veja a decisão da apelação:

APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO


PELOROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA
COISA.CONDENAÇÃO. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS. PROVA PERICIAL.
IMPRESSÕES DIGITAIS NO INTERIOR DA RESIDÊNCIA
ARROMBADA. SUFICIENTE PARA EMBASAR
CONDENAÇÃO.

1. Evidenciado pelo conjunto probatório constituído de prova


pericial (laudo
de perícia papiloscópica), o qual demonstrou com
a autoria do crime de segurança
furto qualificado mediante
arrombamento da
porta da residência, impõe a condenação do
réu.

2. O resultado da perícia papiloscópica, que afirma ser do réu a


impressão digital coletada num objeto que se encontrava num
dos cômodos da residência furtada, constitui prova suficiente da
autoria, tanto mais quando o acusado não apresentou qualquer
justificativa para a presença de suas impressões digitais no
local do crime decorreu de ato lícito e a vítima afirmou não o
conhecer.

3. Recursos conhecidos, negado provimento ao recurso do réu


e dado provimento ao recurso do Ministério Público do Distrito.
(Apelação 20150110773324APR).

A conclusão do magistrado foi para manter o réu preso e condená-lo pelo crime
contra o patrimônio.

Ademais, outro julgamento (decisão) envolveu a própria justiça do Estado da


Bahia, trata-se do furto de armas e drogas no interior do Fórum da cidade de
João Dourado, em 2016. Na ocasião, foi indiciado Thiago Marcel Silva de Góis.
O Ministério Público não manifestou pelo arquivamento do Inquérito Policial, no
entanto, os trabalhos realizados pelo Departamento de Polícia Técnica da
Bahia, requisitados pela autoridade, foram juntados aos autos, laudo pericial,
em 21/07/2016, concluindo pela coincidência das impressões digitais coletadas
no local do crime com as do acusado. Diante dos fatos, o juiz Leandro Ferreira
de Moraes indeferiu o pedido de revogação de prisão, mantendo-se os
requisitos da prisão preventiva, como forma de garantir a ordem pública.
(TJBA. Comarca de João Dourado. Processo nº 0000611-32.2016.805.0145,
22 de Julho de 2016).

Outrossim, aconteceu no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, na Apelação


Criminal nº 00109913520148240023 Capital 0010991-35.2014.8.24.0023, em
2014:

Impossível a absolvição quando os elementos contidos nos


autos, corroborados pela existência de impressão digital do
acusado no obstáculo rompido para o ingresso na residência da
vítima e pela ausência de comprovação da versão do réu,
formam um conjunto sólido, dando segurança ao juízo para a
condenação.

Pela decisão nota-se que o perito encontrou fragmentos de impressões digitais


na residência da vítima que depois de reveladas e confrontadas com a do
suspeito, revelou a autoria delitiva. O juiz considerou tal prova como sólida e
segura para fundamentar sua decisão.

Vide também a Apelação Criminal nº 70055675102 N° CNJ: 0292137-


56.2013.8.21.7000, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

APELAÇÃO
CRIMES
CRIMINAL.
CONTRA O PATRIMÔNIO.
FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS.
MATERIALIDADE E AUTORIA.

Uma vez comprovadas, estreme de dúvidas, a materialidade e a


autoria do crime diante da prova coligida aos autos,
especialmente o laudo pericial papiloscópico efetuado, não
vinga a pretensão de absolvição por insuficiência de provas

Como resultado de tal procedimento, foram colhidas impressões


digitais, as quais, submetidas a exame papiloscópico (fls.
133/137) e comparadas com o banco de dados da polícia civil,
resultou em conclusão no sentido de haver “total identidade
papiloscópica entre o fragmento de impressão digital
questionado (...) e a impressão digital (...) em nome de [...].

Na apelação supracitada, o magistrado afirma que não há de se questionar


insuficiência de provas, uma vez que, o laudo papiloscópico demonstra a
materialidade e autoria delitiva.

É normal a defesa alegar insuficiência de provas, mas os laudos periciais são


importantíssimos, os magistrados fundamentam suas decisões com base nas
provas materiais. Em Mato Grosso, por exemplo, a Justiça decidiu na Apelação
- Nº 0004030-92.2015.8.12.0018 que:
A defesa alega não haver provas suficientes de autoria, visto
que a condenação está somente embasada no Exame Pericial
de Confronto Papiloscópico (fls. 14-18) e Levantamento de
Impressões Papilares em Local de Crime (fls. 30-32), os quais
apontaram resultado positivo de que haviam impressões digitais
do acusado na residência da vítima.

Desta forma, não há se falar em ausência de provas de autoria


ou insuficiência probatória para condenação, visto que as
digitais do acusado estavam presentes na residência da vítima
e ele não apresentou qualquer justificativa em razão disto.
Ademais, o apelante era conhecido pelos policiais locais por
possuir diversas passagens em crimes semelhantes e possuía
contato com pessoas que adquirem produtos de furto do tipo
“Ouro”, objeto pelo qual se refere o caso em tela. Nesse
sentido, colaciono os seguintes julgados:

São várias decisões espalhadas pelos Tribunais de Justiça em todo o Brasil,


em que as evidências papilares, como meio de provas, contribuíram de forma
sólida e robusta para punição de autores que praticaram diversos tipos de
delitos.

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Este trabalho possibilitou entender a importância do levantamento e revelação
de fragmentos de impressões papilares -se
em locais de crime. Com isso, pôde
perceber a necessidade de um banco de dados que compreenda nem só as
impressões digitais como também as impressões palmares e plantares.

Vimos que a papiloscopia é a ciência de que trata a identificação humana


através das papilas dérmicas, a qual possui princípios fundamentais:
perenidade, imutabilidade, variabilidade e classificabilidade.

O trabalho buscou também conceituar os elementos técnicos das impressões


papilares: pontos característicos, papilas dérmicas, sulcos, linha diretrizes,
poros.

Relatamos um pouco do contexto histórico da papiloscopia que teve como


protagonista na época, o Henry Faulds, médico britânico que trabalhava no
hospital de Tsukiji, em Tóquio no Japão, e Juan Vucetich que elucidara um
crime através da revelação de impressões digitais, ocorrido em 1892, na
Argentina. Aqui no Brasil não demorou muito para ser adota o Sistema de
Identificação com base no método de Juan Vucetich, através da iniciativa
de Félix Pacheco. Pelo Sistema datiloscópico lançado por JUAN VUCETICH,
as impressões digitais são classificadas em: Arco, Presilha Interna, Presilha
Externa e Verticilo. O sistema datiloscópico é o método mais prático e seguro
de identificação humana, razão pela qual tem sido largamente utilizado, desde
a sua descoberta ate os dias atuais.
Vestígios e evidências papilares são as pegadas encontradas, de diversas
formas, nos locais dos crimes deixadas pelo autor em forma de desenho
papilar.

Observamos que a perícia é um meio de prova em que o profissional forense,


analisa fatos juridicamente relevantes à causa examinada, elaborando laudo
pericial; O levantamento e revelação de impressões papilares é uma etapa da
perícia papiloscópica, e tem como objetivo localizar, revelar, analisar
qualitativamente, registrar e coletar estes fragmentos de impressão.

Os reveladores de impressões papilares são produtos químicos desenvolvidos


especificamente para reagirem com as substâncias expelidas pelas glândulas
sudoríparas e sebáceas presente nas mãos e dedos das pessoas.

Além do mais, evidenciamos que a cadeia de custódia é um conjunto de etapas


desenvolvidas de forma científica e legítima em uma investigação judicial, com
a finalidade de evitar a alteração ou destruição da prova material, no momento
de sua coleta, ou após.

Verificamos que o Sistema Automatizado de Impressões Digitais (AFIS) une a


papiloscopia à informática de forma que agilize o processo de identificação,
promover sua ampla utilização e potencializar as vantagens inerente à
identificação papiloscópica.

Ademais, os exames periciais, especificamente os de levantamento e


revelação de impressões papilares em locais de crime seguem uma legislação,
como foi mostrado neste trabalho, seja a Constituição Federal, seja o Código
de Processo Penal e as demais leis do que trata a identificação civil e criminal.

No final dessa atividade, citamos algumas sentenças judiciais de alguns


Tribunais de Justiças, decisões estas que foram importantes para auxiliar a
justiça na aplicação da pena, com base no laudo papiloscópico que identificara
o autor pelos fragmentos de impressões digitais deixados no local de crime.

O índice de elucidação de crime no Brasil é muito baixo em comparação com


os países desenvolvidos, isso é decorrente de falta de investimentos em
pesquisas, em ferramentas e em sistemas sofisticados, como também, a falta
de valorização do profissional de investigação que percebe remuneração não
condizente com a atividade, o qual acaba procurando outros meios de
complementar sua a renda, deixando de se dedicar mais tempo na elucidação
de crime.

Outro fator está relacionado aos sistemas automatizados de Identificação por


impressão digital que são centralizados nos Instituto de Identificação, nas
capitais brasileiras. Todavia, o crime se expandiu também pelo interior, os
profissionais que atuam nestas áreas geográficas têm pouco recurso disponível
para consulta e alimentação de dados, e há uma dificuldade devido à
burocracia de envio de material, perde-se muito tempo para analisar
impressões digitais, e, com isso, as ações são intempestivas na positivação
dos casos. O ideal seria instalar terminais de consulta a banco de dados em
todas as unidades de polícia científica do interior.

Talvez uma das saídas esteja no banco de dados do Tribunal superior Eleitoral
(TSE) que contêm impressões digitais da maioria dos brasileiros, captada
através da biometria. Futuramente será feito convênio com os Estados e
disponibilizados para os Institutos de identificação, esse banco de dados
contendo as impressões digitais. Essas informações serão úteis para confronto
de impressões digitais com os fragmentos de impressões digitais levantados e
revelados em locais de crime.

Nesse sentido, a identificação humana através das impressões papilares é sem


sombra de dúvida, a maneira pela qual se pode afirmar ou negar a identidade
de uma pessoa, uma vez que não existem duas impressões papilares iguais,
devido ao fato dos papilogramas possuírem minúcias que garantem a sua
unicidade.

No entanto, as impressões digitais não identificam cor, raça e sexo de pessoas.

13. REFERÊNCIAS
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Fonte: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-importancia-
levantamento-impressao-digital-local-crime.htm

AUTOR: Publicado por: jozinei barbosa de miranda

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