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93
Capítulo
Processo
de análise
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O processo de avaliação de impactos para pólos geradores de tráfego pode ser mais
detalhado, conforme é feito a seguir.
Na fase I, é estabelecido o projeto de estudo e verificado o pico horário do tráfego
existente, desenvolvendo-se as seguintes atividades:
a) confirmar o programa do desenvolvimento local (PGT), isto é, o uso do solo proposto,
o ano em que estará plenamente desenvolvido, a circulação, o estacionamento etc.;
b) realizar encontro com órgãos locais para estabelecimento de área de estudos e parâ-
metros;
c) estabelecer os parâmetros do projeto de estudo referentes ao ano 0 e aos anos 5, 10 e
20 após a abertura do PGT; esses aspectos compreendem definição da área de estudo,
dos sistemas viários principal e secundário, volumes de tráfego, estudo de interseções
e acessos etc.;
d) avaliar os dados necessários;
e) tabular os dados e calcular o nível de serviço;
f) identificar os acessos, as restrições de circulação e as oportunidades, o que envolve um
sumário escrito e um gráfico da situação do tráfego em geral.
Na fase II, estima-se o pico horário do tráfego futuro, sem o PGT. Essa avaliação en-
volve outras operações, como:
a) estabelecer as taxas de crescimento passado nos corredores-chaves;
b) identificar as mudanças na rede viária e as características do tipo e da densidade do uso
do solo;
c) projetar o pico horário da fase I para o horizonte de projeto;
d) calcular o nível de serviço;
e) identificar possíveis mudanças entre a situação existente e a futura.
Na fase III, estima-se o pico horário de tráfego a partir da abertura do PGT ao público.
Para isso é necessário:
a) selecionar e aplicar apropriadas taxas de geração de viagens;
b) determinar modelos de distribuição e alocação de viagens para a rede viária.
O resultado da fase III é combinado com o da fase II.
Na fase IV, projeta-se o futuro pico horário, depois do desenvolvimento do PGT. Nesse
objetivo deve-se:
a) combinar o background do tráfego da fase II com sua alocação da fase III para encon-
trar o pico horário total do tráfego; leve-se em conta que os picos horários da manhã
e da tarde da fase II, sem o PGT, mais os picos horários da manhã e da tarde, a partir
da abertura do PGT, proveniente da geração de viagens, é igual ao volume total do pico
horário da rede com o PGT;
Metodologia americana do Departamento de Transportes 97
b) calcular o nível de serviço da situação final e comparar com os níveis de serviço das
fases I e II;
c) identificar as mudanças entre os resultados das fases I, II e IV.
5. selecionar a taxa de viagens mais apropriada e aplicar nas unidades propostas para en-
contrar o máximo total de viagens a serem geradas fora do local. Se o conjunto de lojas
que constituem o empreendimento for muito diversificado, fornecer possível variação
nas viagens geradas. Testar se a variação pode influenciar os resultados.
c) Taxa de crescimento
Método usado tipicamente em pequenos projetos, que serão construídos em 1 ou 2
anos, quando as taxas dos 5 anos anteriores se mostrarem estáveis em relação às taxas
de crescimento.
c) Dados circunvizinhos
A origem e a distribuição de destinos podem ser desenvolvidas quando uma base de dados
socioeconômicos e demográficos detalhados por zona está disponível para o ano de estudo.
Na maioria dos casos, a população pode ser usada como uma base para a estimativa de
distribuição, por exemplo, de comércio. A distribuição do tráfego local pode ser estimada e
representada em percentagem, para cada zona ou direção de viagem.
Quando não se utiliza o modelo gravitacional de distribuição de viagens, uma curva de
comprimento de viagem pode ser adotada. Quanto à alocação do tráfego, essa pode ser
feita manualmente ou pela aplicação de modelos computadorizados.
Qualquer que seja o tipo utilizado para alocação, deve-se levar em consideração o
comprimento da viagem, especialmente em grandes áreas de estudo, pois muitas viagens
poderão se realizar para destinos a poucos quilômetros do local.
fatores de pico horário variam de 10 a 18%, sendo mais freqüente 14% para os dias de
semana e 11% para o sábado. Tais valores são de 20 a 40% superiores aos observados no
Brasil, em virtude de refletirem a acumulação máxima de veículos e não o fluxo de entrada,
que nesse caso exigiria a aplicação do tempo médio de permanência. Em ambas as situa-
ções, o comportamento da demanda ao longo do tempo é mais estável no sábado. Ainda, o
volume médio do sábado em relação ao da sexta-feira tende a variar em Barcelona de 1,07
a 1,46. O limite superior, mais associado aos shoppings periféricos, é bem maior que o
valor recomendado por Goldner (1,099), o que indica que, no primeiro caso, a participação
do sábado é mais significativa no total da demanda.
A distribuição modal, no caso espanhol, não é definida a partir de modelos específicos
e, sim, com base na experiência do planejador, que parte das condições geográficas e so-
cioeconômicas, dos tipos de clientes, da acessibilidade e da existência de outros meios de
transportes.
No que se refere a distribuição de viagens, tanto Goldner (1994) como os trabalhos de
Barcelona sugerem a utilização do modelo gravitacional simples. O parâmetro b, que avalia
a resistência dos clientes à realização de um determinado tipo de deslocamento, é posi-
cionado pelo autor Calvet y Borrull (1995) entre 0,5 e 1,0. Segue a tendência observada
para os casos brasileiros, cujos valores de b são normalmente inferiores a 1 (ver item 4.7,
equação 4.1), apesar de diferir do valor 3 encontrado para a constante b pela pesquisa do
TRB (1978).
Para o dimensionamento do estacionamento, Goldner (1994) sugere que o número
mínimo de vagas seja igual ao volume horário estimado pelo projeto multiplicado pelo
tempo médio de permanência dos automóveis no estacionamento, cujos valores seriam
equivalentes a 1,72 hora para as sextas e 1,96 para os sábados. Em Barcelona também se
verifica um tempo médio de permanência maior nos sábados (2,0 a 2,5 horas) que nos dias
úteis (1,5 a 2,0 horas). Calvet y Borrull (1995) faz o dimensionamento multiplicando o
número máximo de automóveis no estacionamento pela percentagem de automóveis que o
utilizam e divide ainda esse produto por 1,05, que é o fator que contempla os automóveis
em circulação dentro do estacionamento.
Quanto à “categoria de viagem”, que define dentre o tráfego gerado a parcela efeti-
vamente nova e aquela desviada do fluxo já existente, apesar da sua relevância na deter-
minação dos impactos viários derivados dos PGTs (Goldner, 1994 e ITE, 2001), não é ela
considerada explicitamente nos estudos analisados feitos em Barcelona.
Em relação a ocupação média dos automóveis, Goldner (1994) adota um valor corres-
pondente a 2,8 pessoas por veículo, enquanto os estudos de Barcelona comumente indicam
valores um pouco menores: de 1,8 a 2,0 para os dias de semana e de 2,0 a 2,7 para os
sábados.
Metodologia espanhola 103
Área de estudo
Rede viária
Rede de transporte público (linhas, freqüência)
Demanda de tráfego (vias de acesso, interseções críticas,
percentagem na hora do pico)
Geração de viagens
Distribuição de viagens
Área de influência (isócronas < 45 minutos que englobam
cerca de 95% da demanda)
Modelo gravitacional
Variáveis intervenientes: população,
motorização, tempo de viagem
Análise
Fluxos atuais
Taxas de crescimento do tráfego veicular (2 a 3% ao ano)
Alocação qualitativa do tráfego gerado
Determinação dos locais críticos (acesso ao estacionamento,
vias adjacentes e rede em geral)
Proposições
Acessos e saídas
Controle e sinalização do tráfego (interno e externo)
Intervenções viárias
Estacionamento e carga/descarga
Outras, como as relacionadas ao transporte público
Dimensionamento do
Avaliação de desempenho estacionamento
A geração de viagens é obtida pela utilização de índices, como, por exemplo, o número
de viagens por 100 m2 de ABL (área bruta locável) para o automóvel.
A etapa de distribuição de viagens é feita empiricamente e considera uma percentagem
das viagens atraídas, a partir da população de cada zona, da distância do empreendimento,
das facilidades de acesso e de aspectos econômicos.
A área de influência é dividida em primária, secundária e terciária, conforme aspectos
de mercado e distância de viagem.
A alocação do tráfego não é explicitada claramente nos relatórios, que declaram apenas
ser essa função do melhor acesso.
Na avaliação de desempenho do sistema viário, são calculados os volumes horários de
pico gerados e levantados os fluxos nos trechos de vias principais.
O índice de desempenho utilizado é a relação volume/capacidade, e é levada em consi-
deração a categoria de viagens, no caso viagens geradas e viagens desviadas.
O dimensionamento do estacionamento se dá a partir de índices tradicionais, obtidos
empiricamente por meio de dados observados nas construções existentes. Por exemplo, no
caso de shopping centers, a dimensão aproximada é de 5 vagas por 100 m2 de ABL.
Metodologia da CET-SP 105
do trecho da via é utilizada para analisar o grau de impacto, cuja avaliação a CET-SP sugere
que seja feita em três níveis:
a) impacto na área de entorno: relacionado com as características físicas do projeto, tais
como a localização e o dimensionamento de acessos, as vagas de estacionamento, a
área de carga e descarga e local de embarque e desembarque;
b) impacto nas vias de acesso: segundo o procedimento já descrito;
c) impacto na área: a ser utilizado num agrupamento de grandes pólos. Esse estudo
conduz a soluções mais amplas com novas ligações, aberturas de novas vias, novos
esquemas de circulação, regulamentação do estacionamento e controle do uso do solo
adjacente.
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Escolha modal
É um estudo qualitativo, isto é, apenas uma análise dos diferentes meios de transporte
que servem o PGT.
Geração de viagens
O objetivo aqui é sugerir modelos econométricos de geração de viagens, para o dia
típico considerado, ou seja, no caso de shopping center, a média dos sábados do ano.
É estabelecida então a relação entre o sábado médio e a sexta-feira média. Definem-se
os horários do pico de entrada e saída, bem como o volume horário de projeto para a
sexta-feira e o sábado. Ainda leva-se em consideração a categoria de viagens.
108 Processo de análise
Distribuição de viagens
Define-se um modelo empírico, com subdivisão da área de influência em quadrantes
e definição das percentagens das viagens por zona de tráfego, baseado em dados da
população, frota de veículos etc.
Delimitação da área crítica
Essa é a área, nas proximidades do PGT, onde se realizam os movimentos de acesso ao
pólo. Para os shopping centers, essa área varia de 500 a 2.000 metros de distância do
estabelecimento.
Estudo dos pontos críticos
Faz-se uma seleção dos trechos de vias, interseções e demais componentes viários que
sofrem impacto direto das viagens ao PGT.
Alocação do tráfego gerado aos pontos críticos
Baseia-se no método do “tudo ou nada”, levando em consideração a relação entre o
tráfego de entrada e o tráfego de saída do PGT. É necessário ressaltar que na meto-
dologia a etapa de alocação foi colocada junto ao bloco denominado demanda, já que
essa etapa representa uma interface entre a demanda e a oferta e porque a maioria das
bibliografias assim o faz.
Levantamento da situação atual e cálculo da capacidade
Corresponde ao levantamento do volume de tráfego existente e ao cálculo da capaci-
dade de vias e interseções.
Determinação dos volumes totais de tráfego, definição dos níveis de desempenho e análise
dos resultados
Envolve a soma dos volumes existentes mais os volumes gerados, a avaliação da re-
lação volume/capacidade (V/C), no caso de trechos de vias, e do grau de saturação e
atraso médio de veículos, em caso de interseções.
Dimensionamento do estacionamento
Para isso define-se o número mínimo de vagas como produto entre o volume horário
de projeto e o tempo médio de permanência dos veículos no estacionamento.
A seguir, Goldner & Portugal (1993), com base nessa estrutura, evoluíram e desenvol-
veram a proposta apresentada esquematicamente na Figura 4.6.
As etapas que compõem a metodologia são descritas resumidamente a seguir (Goldner
& Portugal, 2002).
1. Caracterização do problema
Constitui-se no conhecimento do problema, isto é, a localização do PGT a ser construí-
do, seu tamanho, o número de vagas de estacionamento etc.
Em seguida faz-se o traçado da área de influência, utilizando-se como critérios o tem-
po de viagem e a distância de viagem, bem como a localização do comércio concorrente.
Estuda-se também o local onde será implantado o PGT, no que se refere ao sistema
viário e à disponibilidade de transporte coletivo.
Metodologia de Grando 109
Início
Caracterização do problema
Conhecimento do PGT e condições
locais
Limites da área de influência
Aspectos gerais do sistema
Geração de de transporte
viagens Escolha modal
Número
de viagens
por carro
Número de Número de
Número de viagens individuais Número de
viagens a pé viagens individuais
vagas por carro por ônibus
estacionamento
Pedestre
Demanda Delimitação atravessando Pontos de
Distribuição da da oferta da Circulação parada, localização e
escolha do área e pontos interna dimensionamento
tráfego críticos
Identificação da
situação real
Projeção da
situação real,
anos: 0; 5 e 10
Análise de
desempenho nos
anos: 0; 5 e 10
Desenvolvimento
de situações
alternativas
Grando 86
Decisão
Proposta
Fim US Department of
Transportation
2. Geração de viagens
Considerando-se o dia e a hora de projeto para o PGT e o modelo disponível, estabe-
lecem-se as viagens geradas pelo empreendimento. Destaque-se que esses aspectos podem
variar de acordo com o propósito, ou seja, definição dos impactos no sistema viário ou
dimensionamento do estacionamento, e com a classe de PGT, que é função do porte e da
natureza do empreendimento, assim como do alcance e das características de vizinhança
da área em que se encontra localizado. Aplica-se também a percentagem da hora de pico
ao fluxo diário.
Com o modelo de geração de viagens por automóvel adotado e multiplicado pela taxa de
ocupação média dos automóveis — usualmente de 1 a 3, no geral, mas 2,8 para shopping
centers, segundo Grando —, obtém-se o número de viagens individuais por automóvel.
Com o número de viagens por automóvel na hora de pico multiplicado pelo tempo
médio de permanência dos automóveis no estacionamento, obtém-se o número mínimo de
vagas necessárias.
3. Demanda
A etapa assim denominada compreende a distribuição de viagens e a alocação do trá-
fego gerado (ver capítulo 10, para mais informações).
Na distribuição de viagens, sugere-se a utilização do modelo gravitacional, observando-
se que o valor da constante b que aparece no modelo assume normalmente valores inferio-
res a 1, em casos brasileiros, e 3 seguindo a recomendação do TRB (1978).
b) Calcular as viagens vindas do PGT para cada setor, segundo a orientação geográ-
fica
Pi ⋅ xs (4.2)
Tis =
Σ xs
Onde: Tis = viagens vindas da origem i para o setor s
Pi = viagens geradas na origem i
xs = índice de acessibilidade do setor s
c) Calcular as viagens vindas do PGT para cada isócrona dentro do setor de estudo,
para efeito de atenuação
Pi ⋅ AB
b
Tis, B = ts ⋅ B (4.3)
Σ xs
4. Oferta
A oferta engloba a delimitação da área crítica e dos pontos críticos. Define-se como
área crítica aquela área no entorno do PGT para a qual o tráfego converge. Segundo estu-
dos anteriores realizados por Goldner (1994), essa área está compreendida num raio de
500 metros para pequenos shopping centers, de 1.000 a 2.000 metros para shoppings de
tamanho médio e de mais de 2.000 metros para os grandes.
São chamados pontos críticos, as interseções e trechos de vias dentro da área crítica,
nos quais serão realizados os estudos de tráfego.
5. Escolha modal
A etapa de escolha modal recebe um tratamento diferenciado das demais etapas, pois
representa um fator importante e tem sido amplamente estudada por meio de abordagens
agregada e desagregada (Goldner, 1994).
112 Processo de análise
2. Geração de viagens
Nesse estudo considerou-se:
a) que cada um dos estabelecimentos do complexo possui um potencial diferenciado de
geração de viagens;
b) que os horários de pico dos diferentes estabelecimentos implicam mais intensidade da
rede viária em tais períodos;
c) que a rede viária apresenta variabilidade de fluxos ao longo do dia, ao longo da semana
e até do mês; deve-se, assim, analisar a pior situação, aquela resultante da combinação
de tráfego existente mais tráfego gerado que carregue de forma mais intensa a rede
viária;
116 Processo de análise
d) que uma determinada proporção das viagens atraídas pelo complexo origina-se do
fluxo que hoje carrega a rede viária.
A literatura técnica brasileira refere-se, para o caso de shopping centers, a dois modelos
de geração que determinam o total de automóveis atraídos durante a hora de pico. Ambos
são formulados a partir de observações realizadas em vários empreendimentos. O modelo
mais antigo é o da CET-SP (1983), enquanto o outro modelo de geração é o de Goldner
(1994), sendo este último o utilizado, por ser mais recente e por representar melhor um
padrão mais atual de uso de shoppings no Brasil. Além disso, o total de tráfego gerado é
maior que o obtido pelo modelo da CET e, por conseqüência, possibilita mais segurança na
análise. Ainda, verificou-se que o modelo de Grando (1986), aplicado à configuração do
Shopping Praia de Belas, complexo de grande porte em Porto Alegre, apresentou uma boa
aproximação das viagens por automóvel, a partir dos registros históricos de controle da
freqüência em estacionamento daquele estabelecimento.
Para as taxas de geração de hotéis e centros de eventos, na falta de valores nacionais,
utilizaram-se aqueles indicados pela Federal Highway Administration – FHWA dos EUA
(Mehra & Keller, 1985). Essas taxas norte-americanas também dizem respeito à hora de
pico, que, nesse caso, pode ser distinta da hora pico do shopping. Como dos cálculos resul-
taram valores equivalentes a 10% do total de automóveis gerado pelo shopping, novamen-
te, em favor da segurança da avaliação, foram consideradas as horas de pico dos distintos
estabelecimentos.
Para fins de carregamento da rede, a maior preocupação reside com as viagens primá-
rias, ou seja, no tráfego adicional gerado pelo complexo na rede viária. Dados norte-ameri-
canos indicam que, para um complexo com as dimensões do estudado, o número de viagens
primárias deve se aproximar dos 70%, valor também observado em estudo realizado com
usuários do Shopping Rio-Sul, no Rio de Janeiro, em uma sexta-feira entre as 17h30 e as
20h30 (Conceição, 1984), circunstância em que as viagens desviadas eram da ordem de
10% e as viagens não desviadas respondiam por 20%. Decidiu-se, portanto, utilizar esses
valores no presente estudo.
Foi também necessário estimar o fluxo de saída do complexo, que ocorre no mesmo
período de pico e que também contribui para a rede viária circunvizinha. Levantamento
realizado com relação ao Shopping Center Praia de Belas em Porto Alegre indicou que, no
período das 18 às 19 horas, o fluxo que sai do estabelecimento representa 98% do que
entra. O equilíbrio entre fluxo de entrada e saída é também apontado nas recomendações
do Institute of Transportation Engineers dos EUA (ITE, 1986).
essas viagens também já estão na rede, embora não passem pelas vias adjacentes e que dão
acesso ao empreendimento, e que representam apenas 10% das viagens por ele atraídas,
elas não foram explicitamente incluídas no procedimento de distribuição.
Nesse processo foi utilizado um modelo de tipo gravitacional, similar ao usado por
Grando (1986), expresso pela equação 4.3, em que se pressume que:
a) o potencial de atração de viagens de cada ZT para o empreendimento é proporcional à
frota de automóveis da zona: parte-se do princípio que a frota seja um indício do nível
de renda e do nível de mobilidade da população da ZT;
b) a incidência de viagens da ZT ao empreendimento é inversamente proporcional ao
tempo de viagem entre eles.
A formulação adotada no modelo gravitacional, portanto, foi:
Fi
Ti b
Vi = n
× V total (4.4)
Fi
∑tb
i =1 i
onde Vtotal é o total de viagens geradas pelo shopping ; Vi é a parcela das viagens geradas
pelo shopping na ZT i ; Fi é a frota de veículos da ZT i ; ti é a impedância, ou seja, o tempo de
viagem da ZT i até o shopping ; n é total de zonas de tráfego; b é o expoente da impedância
no modelo gravitacional.
No estudo, foi presumida a simetria entre viagens atraídas e produzidas pelo empre-
endimento. O processo de distribuição das viagens geradas pelo empreendimento sobre as
zonas de tráfego do estudo obedeceu às seguintes fases:
a) determinação dos tempos de viagem das ZTs ao empreendimento, obtidos a partir do
mapa de isócronas;
b) determinação dos fatores de ponderação Fi /Tib de cada ZT;
c) calibração do modelo gravitacional, isto é, definição do parâmetro b ;
d) identificação das viagens atraídas e produzidas pelo empreendimento às zonas de trá-
fego do estudo.
5. Alocação de viagens
Considerando os objetivos e o horizonte temporal definidos para o trabalho, foram
aqui empregadas técnicas de planejamento de tráfego recomendadas para estudos estra-
tégicos, isto é, modelos tradicionais de alocação de tráfego cujo custo de viagem decorre
do tempo de percurso nos trechos viários (arcos). Para um horizonte futuro de 10 anos,
não é possível estabelecer, com precisão adequada, as características operacionais do sis-
tema viário que possibilitem projeto a nível tático. A programação semafórica, os sentidos
de circulação e as restrições de conversão nas interseções são exemplos de características
operacionais que devem sofrer grandes alterações em um período longo de tempo. Assim,
no processo de planejamento empregado, não se buscou a estimativa de indicadores ope-
racionais como, por exemplo, o tamanho de filas e o tempo de espera nas interseções. Os
parâmetros utilizados na análise comparativa dos diversos cenários avaliados nesse estudo
são de natureza agregada, como o fluxo nos segmentos viários disponíveis e a relação entre
volume de tráfego e capacidade viária.
Na identificação das rotas utilizadas para os deslocamentos na área de estudo, utilizou-
se o modelo computadorizado Saturn, cujo grande potencial reside na simulação detalhada
do comportamento dos veículos nas interseções, aspecto não explorado no presente estu-
do, mas muito importante para a continuidade da análise de tráfego, que requer o detalha-
mento das modificações no sistema viário.
Os dados operacionais requeridos para a rede viária são: velocidade em fluxo livre,
velocidade na capacidade total, e no comprimento de cada segmento viário projetado. Para
efeito de caracterização das condições operacionais, as vias modeladas foram classificadas
em 5 categorias. Vias de alta hierarquia apresentam velocidades mais altas e maior capa-
cidade por faixa. A classificação das vias representadas no modelo foi realizada a partir de
visitas ao local. Foram considerados fatores como alinhamento viário, condições do pavi-
mento, largura das faixas, densidade e natureza dos cruzamentos, entre outros.
Considerando a natureza do fluxo em regiões urbanas, a definição das capacidades
dos arcos está associada à capacidade das interseções. As capacidades dos arcos foram
definidas, portanto, em função do número de faixas na aproximação a jusante e da relação
entre as hierarquias das vias que compõem essa interseção. Esse processo não reproduz
fielmente os fluxos de saturação da configuração atual da rede; entretanto ele garante uma
coerência entre as condições operacionais das redes nos diversos cenários. Abordagem se-
melhante é apresentada em Kurth et al. (1996).
As velocidades em fluxo livre foram estimadas a partir de levantamentos em campo.
Os valores de velocidade na capacidade adotados neste estudo, assim como os valores dos
expoentes das relações entre fluxo e velocidade foram baseados nas recomendações do
manual do modelo Saturn (Van Vliet & Hall, 1996).
Foram modeladas quatro configurações para o sistema viário:
a) rede viária atual (R1);
b) rede viária somente com modificações no entorno do empreendimento (R2);
c) rede viária R2 com melhoria das condições operacionais de vias de acesso (R3);
d) rede viária R2 acrescida de intervenções físicas e construções em vias de acesso (R4).
As redes futuras envolvem trechos viários gravados pelo Plano Diretor e recomenda-
ções de outros estudos e projetos ora em desenvolvimento.
III
IV
V
VI
Localização e
caracterização do
PGT
Determinação da
área de influência
do PGT
Fluxo de
veículos nas vias
Sem o empreendimento:
nível de serviço viário (NSs)
nível ambiental da região (NAs)
NSs corresponde N
ao menos ao
nível D?
S Há como
melhorar o NSs do
componente N
S crítico?
Há como
S melhorar o NAs da N
S área crítica?
1 Figura 4.7b
Figura 4.7a
1
Determinação do
número de
viagens gerado
pelo PGT
Alocação das
viagens geradas
Com o empreendimento:
nível de serviço viário (NSc)
nível ambiental da região (NAc)
NSc corresponde N
ao menos ao nível E?
S
Há como melhorar N
o NSc do componente
S crítico?
N Redimensionamento
NAc corresponde ao do projeto para
menos ao nível E? redução do número
de viagens geradas
S
Há como melhorar o
NAc da área crítica?
S N
Aprovação do
licenciamento
do PGT
10. Níveis de serviço das vias incluídas na área de influência do PGT após sua implantação
Esta etapa envolve procedimentos idênticos aos da determinação da capacidade de
níveis de serviço da rede viária.
Inventários Caracterização
Levantamento do
de dados problema
Geração Escolha
viagens modal
Número
Número de Transporte
táxis, motos, Autos A pé
caminhões coletivo
bicicletas
Análise de desempenho
Soluções alternativas
Avaliação e tomada de decisões
Etapas da análise Aspectos/produtos
tante que se gerem soluções para os dois cenários distintamente — com e sem o PGT —,
para que se possa avaliar adequadamente o impacto causado por esse tipo de empreendi-
mento. O que se observa no Brasil é que as vezes as soluções são impostas pelos empreen-
dedores, e por falta de capacitação técnica dos órgãos locais são aceitas sem discussão por
esses órgãos.
No que diz respeito à geração de viagens, as taxas ou os modelos disponíveis refe-
rem-se, no caso brasileiro, fundamentalmente aos shoppings e, quanto aos demais usos
de solo, os dados são derivados de estudos realizados nos Estados Unidos. Nesse sentido,
é essencial que pesquisas sejam efetuadas sistematicamente, com vistas à definição de
modelos e parâmetros atuais e compatíveis com as nossas especificidades. Por outro lado,
torna-se necessário investigar a geração de viagens de veículos de carga, como também
estabelecer parâmetros relacionados às categorias de viagens e às percentagens da hora de
pico para todos os tipos de usos de solo. Ainda, deve-se melhor elaborar os procedimentos
e a formulação da distribuição das viagens, particularmente a determinação do fator b de
resistência à viagem (ver equação 4.1), principalmente em circunstâncias com restrições de
informações sobre origem—destino.
Quanto à escolha modal, essa etapa foi amplamente estudada por Goldner (1994),
por modelos agregados e desagregados. Na abordagem agregada, as variáveis utilizadas
para o caso brasileiro foram: a renda média do consumidor do shopping center, o número
de vagas dividido pela área bruta locável, o número de empregados do shopping center e
a distância do shopping ao centro da cidade. Para a abordagem desagregada, as variáveis
utilizadas foram: o tempo de viagem, o custo da viagem dividido pela renda familiar e a
variável dummy, referente à existência de automóvel no domicílio. Entretanto, esse esforço
deve ser estendido aos demais tipos de empreendimentos.
Enfatiza-se por fim o uso de simuladores de tráfego nesse processo de análise, bem
como o teste de diferentes cenários — atuais e futuros, com e sem o PGT.
Bibliografia
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