Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
ABSTRACT
This work presents the general engineering geological zoning map of the Piracicaba
region at the I: 100.000 scale and the rules adopted for the elaboration of this graphic docu-
ment in regional engineering geological mapping. Other aspects are discussed, such as the
importance of the general engineering geological zoning map in the elaboration of other
most specific maps and the fundamental attributes.
G~NESE
[ RESIDUAL RETRABALHADO
~
/S S\ S~S~
TEXTURA [ SILTO ARGILO ARENOSO ARENOSO
ARG:~~;;OS) « 20 • de finos)
~~--
SURA
r \ "':~:~~-~
N ________
DECLIVI-
DADE [ A 1 A2 81 82 Cl C2 C3 C4
;j\N\~~
FORMAÇÕES [IT 1 IT 2 IT 3 TAT. IRA. COR. BOT. PIR. SB. ITQ. NO
GEoLóGICAS
FIGURA I - Exemplo de definição das unidades da área mapeada utilizando-se o método da árvore lógica.
66
Rev. IG. São Paulo, Volume Especial, 1995
deram origem, mas sim a interpretação que, no senta-se um exemplo de definição das unidades
exemplo citado, corresponderia a indicar as de zoneamento.
áreas mais ou menos susceptíveis à erosão. O método da árvore lógica prevê a análise
Uma grande vantagem do método da sobre- de todas as situações de combinação teorica-
posição simples é também permitir com facilida- mente possíveis. Algumas destas combinações
de o uso de métodos computacionais na elabora- devem ser excluídas por não serem possíveis;
ção das cartas de zoneamento geotécnico. por exemplo, materiais arenosos residuais de
b) Método baseado em uma hierarquia de argilitos, ou ao contrário, materiais residuais
fatores e atributos argilosos de arenitos. Desta forma, as combina-
As unidades de zoneamento são definidas ções logicamente possíveis recebem um "sim"
em função de uma hierarquia de atributos rela- e as não-possíveis um "não" e a análise inter-
cionados à escala e às características do meio rompe-se neste ponto.
físico, constituindo assim unidades taxonôrnicas. As combinações logicamente possíveis
Essa maneira de elaboração das cartas de zonea- devem ser comparadas com a realidade da área
mento é adotada pela proposta IAEG-UNESCO mapeada para verificação de sua ocorrência ou
(1976), onde é definida uma seqüência de atribu- não. Caso ocorram, recebem um "sim"; caso
tos a serem analisados em cada nível. contrário, um "não" e o processo de análise
pára neste ponto.
4 ELABORAÇÃO DA No exemplo da figura 1 inicia-se com o
CART A DE ZONEAMENTO atributo gênese, com o material classificado
GEOTÉCNICO GERAL DA FOLHA como residual. O atributo seguinte é a textura,
DE PIRACICABA que apresenta quatro opções, as quais são viá-
veis e ocorrem na área mapeada; portanto,
A carta foi elaborada por meio da sobrepo-
todas recebem um "sim". Logo , o processo
sição de informações dos mapas do substrato
deve continuar a partir das quatro opções. Para
rochoso, dos materiais inconsolidados e da efeito de exemplo, analisa-se a partir da textura
carta de declividade generalizada (PEJON, silto-argilosa, que poderia teoricamente ocorrer
1992). A sobreposição destes documentos grá- em quatro diferentes espessuras, das quais
ficos permitiu a definição de zonas caracteriza- somente duas estão presentes na área e as
das por: textura, espessura e gênese dos mate- outras duas não. No caso das duas outras
riais inconsolidados, declividade e tipo de subs- opções o processo de análise pára, pois não se
trato rochoso. A importância destes atributos observou na área nenhuma zona com material
foi estudada em matrizes do tipo atributo x atri- residual, textura silto-argilosa e espessura
buto, onde se verificou que apresentavam rela- maior que 5,0 metros.
ção com mais de 50% dos demais atributos do Entre as duas opções que receberam um
meio físico. Portanto, pressupõe-se que uma "sim", utiliza-se a classe de espessura inferior a
carta de zoneamento geotécnico geral, obtida 0,5 metro para continuar a análise com o atribu-
pela sobreposição simples desses atributos, per- to declividade. Das oito classes de declividade
mite o estabelecimento de unidades (zonas) existentes (classe AI - < 5% em mais que 85%
com características bastante uniformes em ter- de sua área; classe A2 - < 5% em 70 a 85% de
mos de uma série de propriedades geotécnicas. sua área; classe B1 - 5 a 10% em mais que 85%
4.1 Definição das unidades de zoneamento de sua área; classe C1 - > 10%, com valores
superiores a 20% em menos que 25% da área;
A combinação dos cinco atributos anterior- classe C2 - >10% com valores superiores a
mente citados possibilita o estabelecimento de 20%, em 25 a 50% de sua área; classe C3 -
um número muito elevado de unidades. Quanto > 10%, com declividades superiores a 20% em
à gênese, os materiais foram classificados em 50 a 75 % de sua área e classe C4 - >10%, com
duas classes, quanto à textura e espessura, em valores superiores a 20% em mais que 75% da
quatro classes. O número de formações geoló- área), em cinco delas ocorrem materiais com
gicas que pode ter originado os materiais incon- menos que 0,5 metro de espessura e em três
solidados é igual a dez, havendo mais uma não. A partir destas cinco, analisa-se a classe
opção para o caso da não-identificação da for- A2, que apresenta onze opções quanto às for-
mação à qual estaria associado o material. O mações geológicas que poderiam ter originado
número de classes de declividade é igual a oito, este material inconsolidado . Da análise da
resultando, portanto, na possibilidade de esta- região verifica-se que somente duas se confir-
belecimento de 2.816 unidades diferentes. mam, que são os magmatitos básicos perten-
Desta forma, optou-se pelo uso do método centes à Formação Serra Geral ou Suítes
da árvore lógica para a definição das unidades Básicas e as litologias da Formação Irati.
que realmente podem existir. Na Fig. 1 apre- Portanto, no caso do exemplo, foram obti-
67
Rev. IG. São Paulo, Volume Especial, 1995
47'45' 47'30'
22' 30'~:""':-:::--=--:-",---r----~-r------------o;~r--------"-l-122' 30'
1/2-2-2-4-2
2-~-"-5-5
B
LEGENDA
3 2 4 5
-----=-
üf:NESE
DOS MATERIAIS
INCONSOLIDADOS
----- TEXTURA
DOS MATERIAIS
INCONSOLIDADOS
ESPESSURA
DOS MATERIAIS
INCONSOLIDADOS
~----
DECLIVIDADE
'*
GENERALIZADA
TIPO DE SUBSTRATO
ROCHOSO ASSOCIADO
68
Rev. IG . São Paulo, Volume Especial, 1995
das duas unidades de zoneamento, que apresen- número elevado de informações em uma única
tam como única diferença as litologias que lhes carta.
deram origem. Este procedimento foi repetido
para cada classe dos atributos, resultando em 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
107 unidades diferentes, que estão representa-
das na carta de zoneamento geotécnico geral. A Esta carta destina-se aos técnicos familiari-
figura 2 apresenta uma porção da área mapea- zados com a área de geotecnia e a interpretação
da, correspondendo a uma área de aproximada- das unidades deve ser feita com objetivos defi-
mente 730 km 2 (Folha de Piracicaba - escala nidos, ou seja, para a elaboração de uma carta
1:50.000). de zoneamento específico ou para a análise de
As unidades obtidas diferem umas das um determinado tipo de ocupação do terreno.
outras pela variação de um ou até todos os atri- Assim, o zoneamento visando a uma utilização
butos, motivo pelo qual se optou pelo uso de específica pode alterar a divisão atual. Por
uma legenda numérica para identificar cada exemplo, duas zonas distintas poderão ter igual
unidade, onde se registra a variação referente a comportamento quanto ao escoamento superfi-
cada atributo que lhe deu origem. Este tipo de cial de água e diferente quanto a fundações.
legenda elimina a necessidade da utilização de Isto se deve ao fato de o mesmo atributo poder
contatos diferenciados, pois permite que se apresentar maior ou menor importância, frente
identifique com facilidade qual o atributo e/ou a diferentes tipos de uso do terreno.
nível que está variando de uma unidade a outra. Como a carta de zoneamento geotécnico
Mais uma vantagem deste tipo de legenda é geral reúne um grupo de atributos de grande
permitir ao usuário que tenha um número maior importância na caracterização natural do meio
de informações disponíveis sobre as caracterís- físico, quase sempre poderá ser utilizada como
ticas de cada unidade, uma vez que se trata de base para a maioria das cartas de zoneamento
um zoneamento geral, sem finalidades específi- geotécnico específico. A obtenção destas cartas
cas. depende da avaliação dos pesos dos atributos
O zoneamento geotécnico geral tem grande considerados, ou da análise de novos atributos
importâ ncia em mapeamentos geotécnicos diretamente relacionados à finalidade conside-
regionai s , pois permite a associação de um rada.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, A.M.L.G. 1980. A cartografia geo- IAEG-UNESCO 1976. Guide pour la prépara-
técnica no planejamento regional e urba- tion des cartes géotechniques. Paris. Les
no, experiência de aplicação na região de Presses de l'Unesco. 79 p.
Setúbal. Tese apresentada ao concurso de PElON, 1992 . Mapeamento geotécnico da
especialista - LNEC. Lisboa, 157 p. Folha de Piracicaba-SP (escala
DEARMAN, W .R .; MONEY, M .S .; STRA- 1: 100.000): estudo de aspectos metodoló-
CHAN , A .D.; COFFEY , l.R. ; MARD- gicos , de caracterização e de apresenta-
SEN, A. 1979. A regional engineering ção dos atributos. Tese de doutorado,
geological maps of the Tyne and Wear Escola de Engenharia de São Carlos -
County, N.E. England. BulI. of the USP, 2 vols., 224 p.
Intemational Association of Engineering RADBRUCH-HALL, D .H.; EDWARDS, K.;
geology, Krefeld, (19): 5-17. BATSON, R.M. 1979. Experimental
ERSHOVA, S .B. & SERGEEV , E.M . 1979. engineering geologic maps of the conter-
Principies of the typological engineering minous United Stats prepared using com-
geological zoning of the earth. Buli of the puter techniques. Buli. LA.E.G. (19) : p.
Intemational Association of Engineering 358-363, Germany.
Geology. Krefeld. (19) : 87-92. VARNES, DJ. 1974. The logic of geological
HUMBERT, M . 1973. La carte géotechnique à maps, with reference to their interpreta-
1:50.000 de Clermont-Ferrand (France) tion and use for engineering purposes.
et la planification urbaine . Buli. U .S.A., Geological Survey - profissional
B.R.G.M. (2) , III, 3. p. 179-190. paper 837, 48 p.
69