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".

Notas sôbre Geomorfolàgia Estrutural


Notas elo Prof. Bans A. ThofehT1l,
Cartógrafo

CAPITULO I - GENERALIDADES. Significa~ão da geomorfologia


o têrmo e sua significa~ão:
para o Geógrafo
j
Para o geógrafo 'o conhecimento da
O têrmo Geomorhlogia provem' do
grego, gê--terras, morpho-forma e 10- geomorfologia é a chave para a Ínter-
gis--fala. Etmolõgicamente a geomor- pretação da paisagem geográfica. Tôda
fologia significa pois: «a descrição das , a pesquisa "de campo" necessàriamen-
formas da terra". te .envolve o estudo das deter~inantes
físicas do meio ambiente. Êste estudo
Procurou~e definir a geomorfe,lo-
baseia-se, em essência, no reconheci-
gia como «a ciência do desenvolvimento
da configuração da superfície da terra" mento e na interpretação dos elementos
'Ou seja a modelagem das montanhas, co- que constituem e que atuam sôbre a pai-
xilhas, vales e litorais, a acumulação sagem. A correta interpretação dos mo-
dos depósitos eólicos, desenvolvimento delados e sua -reconstituição geocrono-
de planos, terraços e taludes, a acumu- lógica revelam à geologia as estruturas,
lação de águas freáticas e congênitas, o clima, as ri<]uezas minerais e a atua-
recifes de coral e escarpas de falhas, ção humana sôbre a paisagem geográ-
bem 'como as relações entre as formas fica, no presente, passado e futuro.
topográficas e a estruturadas rochas.
'E' também a história dos levantamen- Desenvolvimento d~ nova ciência
tos sucessivos verificados na superfície "
terrestre, de sua degradação erosional o maior incremento do estudo da
e das formas topográficas daí resultan- geomorfologia estrutural deve.:se· ao de-
tes. senvolvimento recente da estéreoaerofo-
togrametria, a qual traz para o gabine-
A geomorfologia é, em sentido am- te do geomorfologista o próprio terre-
plo, um dos ramos da geologia, uma no, reduzido à escala convemente, per-
vez que todos os seus processos estão . mitindo estudar as características ge-
no campo da geologia e da climatologia. rais da região, por vezes difíceis de re-
~o entanto seus resultados são essen- conhecer no próprio terreno. O recen-
cialmente fisiológicos. Considera-se, por te desenvolvimento da foto análise alar-
isso, a qeomorfologia como integrante gou consideravelmente- as possibilida-
do estudo da geografia fí,sica, tendo se des da aerofotogrametria como base dos
designado a geomorfologia ligada ao estudos geológicos, estruturais, edafoló-
estudo da geologia de ((Morfogenia!'. gicos e potamográfico das regiões.
COLABORAçoES 97

Interrelacões com a cartolrrafia: cesso tem sido apontado pelos excelen-
tes trabalhos de J. Dudley Stamp em
A geomorfologi~ tem contato ínti- "A New Approach to Geology". O au-
mo com a cartografia que traduz, tan- tor apontou nesta tese, um meio de es-
to as fotografias como o próprio terre- tender 'O "método da maquete natural"
no levant{tdo, para o mapa geográfico. à mapas geográficos de grande exten-
Os resultados dos estudos do geomor- são. Uma das grandes vantagens deste
fólogo tem sua expressão final através método é, ainda, a "generalizaçção me-
de sinais cartográficos sôbre o mapa e- cânica" que forçosamente ' toma lugar
laborado. Neste particular exige-se do durante a confeção do modêlo na esca-
geomorfologista sólidos conhecimentos la conveniente. Êste processo, apon-
de cartografia, sem os quais estará ini- tado principalmente para cartas aero-
:bido de dar expressão ' conveniente a náuticas, é também de inestimável va-
seus estudor;. Por outro lado é tam- lor para o geomorfologista, que desta
. bém mistér ter o cartógrafo conheci- maneira fica habilitado a representar,
mentos básicos de geomorfologia, a fim com maior perfeição, o resultado de
de saber representar, cartogràficamen- seus estudos.
te, as características morfológicas lo-
cais e estruturais. Mapas elaborados ,Curso de Geomorfologia estrutu"
sem êstes conhecimentos básicos, repre- ral na PUC do R. G. S.
sentam paisagens convencionais, divor-
ciadas inteiramente de suas caracterís- O curso de Extensão Universitá-
ticas, impossibilitando assim qualquer ria, "Morfologia Estrutural" realizado
interpretaç.ão, com o 'agravante de con- em 1757 e ministrado pelo ilustre pro-
duzir à deduções errôneas. fessor DI'. Aziz Ab' Sáber, foi de gran-
de aproveitamento para os geóg-rafos
Novos rumos na renresentacãô gaúchos, tanto pela oPoI'tunidad~ do as-
: cartográfiêa: sunto como pelos excepcionais conheci-
mentos do prof. A7.is. a par de uma
Além da ignorância dos princípios destacada personalidade.
geomorfológicos, são responsáveis, pela
. "Na tr.anscrição de alguns dos ele-
representação cartográfica precaria, a , /lentos dados em aula, solicitamos, de
rigidez das convenções e sinais geomé~
antemã'O, nossas escusas ao ilustre pro-
tricos, bem como o desconhecimento dv fessor Azis pelas falhas que forGosa-
terreno a ser cartografado. mente, venhamos a cometer. Da mesma
I Em favor de uma melhor represen- forma agradecemos, desde iá, os opor-
ta<:ão 'cartográfica foi apresentado ao tunos reparos Que o presado professor
XVIII Congresso Internacional de Geo venha a fazer bem como a c'Olaboração
grafia, realizado no Rio de Janeiro em que prestou 'ao B.G.R.G.S.
1956, uma tese propugnando por con.
venções cartográficas mais ligadas à Fatos essenciais nara o e~tndl)
natureza, como seria a foto composição da geomorfologia estrutural
de ' "maquetes" do terreno, sob forma
de mapas geográficos, emcôres natu- O estudo da geomorfologia estru-
rais e ,sem a rigidêz da intervenção ex~ tural envolve um certo número de co-
clusiva da convenção e simbolisão car- nhecimentos básicos, necessários à per-
tográfica, em grande parte inexpressi, ~eita compreensão da matéria. Inicial-
va e difícil d~ traduzir para a realidade mente 'O estudante deve familiarizar-se
topomorfa. A possibilidade dêste pro- com:
98 COLABORAÇOES

a) o conhecimento das rochas b) o conhecimento dos agentes mode-


Iadores ·1
\

FIGURA 1
FORMAÇAO DAS ' MONTANHAS
.!

Riscado horizontal - lago epicontinental, ha- formam-se «pontas de abanico» (a esquerda


churiado vertical - costa t'errestre em corte, em cima) que prontamente . são erodidas. E)
pontilhados - sedimentos no geosinclinal" fle- o novo sistema de «montanhas» já está, em
chas - direção .e intensidade das pressões, sua maior parte, penepla nizado pela erosão, os
riscos fortes - falhas. A) Formação dos geo- sedimentos estão colocados em ambos os lados.
sinclinal sob a pressão dos sedimentos, B) A parte central do dobramento tornou-se, com ·
pelas falhas laterais os sedimentos recebem isto, mais leve, e eleva-se, as partes -laterai!; .
pressão para cima, a pressão sobre o «fundO) afundam sob . o pêso dos novos sedimentos, '
aumenta, e novas falhas aparecem. C) o pro- causando pela fi xação novas falhas nas quais
cesso continua assim como também em D): se injeta o mag ma.

,
"

*1 - Modernamente procura-se substituir o 1!J necessá rio distinguir os tipos espe-


têrmo «agentes modeladores» pela de- ciais de clima, que variam conforme a
signação de «processo morfoclimáticos .. , latitude, maritimidade, altitude etc.,
tendo-se em conta que a erosão é, antes trabalhando a rocha diferent~mente. As
de tudo, uma componente de «rocha- I- mesmas paisagens geológiclr\l não te-
clima» e que, em sentido amplo, a se- rão, necessariamente, semelhança geo-
dimentaçção e o modela.do desta são, morfológica uma vez que as diferenças .
também, agentes morfológicos de pri-. de clima são responsáveis pela diversi-
meira ordem, assim: dade da modelagem topográfica destas
paisagens.
I erosão
Processos morf?climáticosl sed!mentaç~
I edafisação
COLABORAÇõES 99

.. _ . ~,... ...
............ ,., _...

SINOPTIGRAMA MORFOlÓGICO DA AMÉRICA DO SUL


Segundo MACHATSCHEK

LEGENDA
América do Sul Andlno
J..- UNHAS or ESTRUTURA' PRINCI'AI'
_ ,"-IIU"" \.ESTE" 00 CO"'1."IO ..... oawO
........ "IMHA. DE ,aLMA
___....... ES IEGlõn.e "U' I U(lU
'UNA
~ , ' ... AA&:.()
~- CONE YULclllco
Amérjco do Sul Eltra -Andlno
ESCUOOS ''' ... AIUOS E '''1.I:010ICO' ANTI-lOS
UfA ATOS Esca"ONACO.s 00 P.",'01-o1(0 SU'llfOI
"-ANOS OI CORRIDA DE toAVA
GRUPOS O,E MONTANHAS UIV\aAJli' De UVA

-
ENCOSTAS 1'''OIllT$
UC'UaES .E , . . . . .

c::::I ... [ .... OS I .... ICI . . COU(I.U UlOC' . "O' o.OuUÚalOI


t=:J .CSI'" l n""o. 15'''0''001 ,.. . . SII1CO.

FIGURA 2
100 COLABORAçoES

Processos geodinâmico8 internos: CAPITULO 11


c) Interferência
isostática A natureza dos continentes
orogênese
{ diastrófica
Os continentes formam provincias
plutônica geológicas estruturais. São componen-
epirogênese vulcânica -tes presentes em todos os blocos conti-
1 metamórfica nentais:
Processos Geodinâmicos exte.rno8: a) Areas dos Escudos
d) Tectônia residual Compostas das antigas massas ro--
.dos velhos escudos1modelado
alterações
.chosas (cristalinas) arqueadas, a prin-
cípio inst~sivas, relativamente aplai-
nadas pela erosão. Todos os continentes
se.d imentos tem .escudos que constituem a base das
e) Estágio de"erosão demais formações. O têrmo escudo *3
tem significação geológica.... o geógrafo
rochas designa-o com o têrmo: Macisso.
processos ~ uma sequência para cada j

estágios ( clima e cada arranjo


b) Geosinclinais

f) Estudo das formas de acumulação: Do ponto de vista geomorfológico,


Pontós preferenciais; os geosinclinais correspondem à bacias
lagos alongadas, sujeitas a sedimentação in-
deltas tensa durante longos períodos. Estão
sinclinais inicialmente, na maioria dos casos, ocu-
planícies' costeiras pados por mares de pouca profundida-
de - o's lagos epicontinentais. ·4
g) Interferência Geo-potâmica:
Movimentos eustáticos :estes "pacotes" de sedimentos so-
frem um deseqúilíbrio isostático, e do-
a) em conseqüência da brados por pressões diastróficas, for-
mudança independen- mam cordilheiras do tipo Andino, OU
te do níve1 do mar. arcos insulares, e por vezes, ambos. Os
b) em conseqüência do Andes formam , por exemplo, uma espi-
I arqueament~ 'das terras nha dorsal desde a Terra do Fogo até
as Antilhas, e daí em diante um Ji,rco in-
h) Superfícies fósseis exhumadas. ·2 sular. \
\
*2 Para maiores referências podem ser reco- provincia geológica» com o escudo Rto
mendadas as obras de Max Derruaux - Grandense-Uruguaio que chama-se, geo-
1956 - Pré eis de Géomorphologie; Thorn- gràficamente, do Macisso dos Pampas.
buny - 1954 - Principales of Geomorpho- constitui do de granito e gnais como ele·
logy, mentos mais expressivos.
. *3 O Rio 'Grande do Sul ao SO" junto com a
República Oriental do Uruguai forma uma *4 Mares em cima da superficie continental.
COLABORAÇO,E S 101

.c) Bacias lntercratônicas nômico, pois nos sedimentos cretáceos,


As bacias 's edimentares em geral, compostos de arenitos, calcáreos e fo-
percorridas por rios meânctricos em re- lhetos, está contido o petróleo da .costa
gime senil, no dorso de antigas cordi- atlântica brasileira. A criptodepressãu
lheiras, tomam o nome de "bacias inter- da Bahia foi descoberta por ocasião das
cratônicas" ':' 5 (a exemplo da bacia do perfurações .de pesquisas de petroleo.
Rio S~ Francisco e do .t'araná, esta úl- Com a sonda a 2 000 metros, atingiu-se
tima aninhada no escudo) As bacias o fundo da fossa·
intercratônicas são elevadas, junto com Tem-se levantado a .hipótese de que
a sua base, 'sempre que houver um le- a lagôa dos Patos serià uma destas crip-
vantamento epirogênico ou arque8;~en­ todepressões. Faltam, no: entanto, ele-
to. mentos de pesquiza que autorizem uma
\ hipótese consistente.
As camadas costumam ser sedi- e) Ãreasde sedimentação" moderna e
mentos de arÍtigas bacias que' foram, em processo.
também , levantàdas. A drenagem. das Há grandes .áreas de sedimentação
bacias intercratônicas é oéntrípeda, a ~­ moderna e em processo nos continentes.
xemplo da bacia do Paraná. Os antigos escudos contribuem com
Segundo Krumbein, a diferença .eIl:- material próprio e alterado para os pro~
tre o geosinclinal e a bacia interC'rat011 ~ ­ cessos da sedimentação recente. Existe
ca (autosinclinal) reside no de~~nv~lvl~ uma geosinclinal pré-andina, que se de-
mento destas. Enquanto a geosm~llllal senvolve mais ou menos paralela ao Es-
apresenta características pronu::c~ada~ te dos Andes atuais e a qual contêm se-
de "Graben», a bacia intercratomca e dimentos ricos em oleo mineral. Desen-
uma espécie de geosinclina.l que teve sua volvendo-se em arco .desde o Golfo de
formação abortada. Maracaibo, na Venezuela, através da Co ..
lombia, Perú, Bolivia, Paraguai e Arr
d) Criptodepressões: gentina, onde volta a atingir o AUânti-
l . ' A co, constitue esta área sedimentar o ce-
. Existem antigas bac~as sobre os es- leiro petrolífero da América do Sul. Ou-
cudos que foram preenchld~s e. extrava- , ' ~ tra das áreas de sediment~ção moderna
sadas, deixando de ter aparencIa n;orfo- ~é a, bacia Amazônica, onde tem ocorrido
lógica; são as chamadas "depr~ssao. es- presÉmça de petróleo se bem que por ora
colididas". Na altura da BahIa eXIste em modesta escala. '
uma fos's a criptodepressiva bem carate-
rizada. Durante o, período do cretácio, AM1!JRICA DO ÉUL:
da era Mesosoica, esta depressão foi se-
dimentada com depósitos marinhos, a) Os escudos:
sendo finalmente aplainada (tampona- . A América do Sul apresenta quatro
da) · no período terciário, da era Ceno- escudos importantes:
zoica. No período quaternáriJo, da mes- 1) Escudo Guiano: O eScU,do Guiano
ma era, a erosão fluvial removeu 'Parte tem reduzido capeamento · sedimentar,
dos sedimentos, sendo a depressão pos- no entanto, na Venezuela nota-se, em
teriormente, invadida pelo mar, em con- pleno planalto uma antiga bacia inter-
sequência de :movimentos ~ustáticos for- cratônica. Encontra-se a 2.100 metros
mando então a baía de Todos os Santos. de altitude, vestigios de um manto se-
Tais formações tem grande valor eco- dimentar.

-5 Bacias entre escudos,


102 COLABORAÇõES

2) Escudo Brasileiro: O esoudo brasi- 3) Escudo Uruguaio: O escudo Uru-


lei} que registra alturas até 1.800 me- guaio) também chamado Sul Riogran-
tros, é muito 'arqueado, dando origem de~se forma a ({província geológica dos
a serras e relêvos pronunciados, que fa- pampa~/). De menores proporções do que
vorecem a ação tectônica residual, a- os demais, é o escudo Uruguaio ra-
través de um rejuvenecimento pelo a zoàvelmente arqueado. (Considera-se
rios· ainda o batoli to onde ,a ssenta a cidade
de Pôrto Alegre como pertencente a ês-
te sistema).

..................................
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FIGURA 3
\
Mapa localizando grandes escudos brasileiros com indicação das possibilidades pe-
troliferas, segundo Victor Leinz. Area 1 - Rochas cristalinas :· Impossibilidade de
petróleo. 2 - Rochas sedimentares terrigenas, com proximidade de embasamento
cristalino: impossibilidade de petróleo. 3a - Rochas sedimentares marinhas: possi-
bilidade de petróleo. 3b - Rochas sedimentares marinhas, com cobertura de lava:
possibilidade de petróleo. 3c - Rochas sedimentares m arinhas, com algumas estru- '
turas reveladas: maior possibilidade de petróleo. 4 - Rochas sedimentares mari-
. nhas: probabilidade de petróleo. 5 - Rochas com petróleo comprovado.
,

COLABORAÇOES 103

b) Denominação dos Escudos: Prata e pelas planícies costeiras. A for-


mação destes planos sedimentares vem
A denominação dOIs escudos deve desde o terciário e quaternário da era
ser de âmbito muito geral, devido sua zeoozoica.
antiguidade e consequênte desgaste. Ge-
ralmente procura-se têrmos de localiza- d) Elementos que formam a geomor-
ção de ~bientes amplos. Nêste sentido fologia brasileira.
foi feita, a denominação d os escudos ge-
rais Sul Americanos e também suas sub- Os elementos essenciais da forma-
divisões. Assim temos, por exemplo, ção geomorfológica do Brasil, são, em
a seguinte divisão do ((Escud!o Brasilei- princípio:
ro".
,N ordestineano a) Os escudos antigos, que ocupam
Brasileiro 'Oriental e Sul cerca de 70% da área brasileira,
Guiano-Matogrossense
Escudo Boliviano-Matogrossense b) As bacias intercratônicas,
Sul-Amazônico
c) As áreas de sedimentação mo-
c) Oapeamento Sedimentar derna. .

N OSf vasios entre os escudos exis- J!:stes elementos estão distribuidos


tem vastas áreas de sedimentos em pro- pelas unidades federadas por grupos e
ceSiSO. Estão êles representados pela sistemas geológicos; da seguinte ma-
planície do Orenoco, da Amazônia, 10 neira:

..
•«

DISTRIBUIÇÃO DA ÃREA DO BRASIL E DAS SUAS UNIDAE>ES FEDERADAS POR GRUPOS E SISTEMAS GEOLOGICOS EM Km2
,
, ,
GRUPOS Protero- PALEOZOICO 'f ~ MESOZOICO CENOZOICO Areas I .
II
\ Arqueo-
zóico zóico . , I I
.
SISTEMAS
I
Arqueano Algon-
I queano
I
I
Siluriano IDevoniano
I'.
11 carbonü!1;\
.
~ermiano 1I Triássico 11 Cretácio Terciá- I Quater-
rio nário
não I TO'rAL
Estuda- I
das'l
, J I
Unidades Federadas I ,
t ....

I
/ " I ,
Acre. ... ....... . . - - - - - - - 9.590 126.437 12.000 - 148.027
Amazonas. ..... . . 527.580 12.510 24.030 8.640 7.560 - -
"
43.830 891.977 309.870 I - 1.825.997
Pará . ...... .. .. .. 642.781 4.449 12.743 26.918 24.732 13.648 - 76.005 162.642 200.418 I 216.630 1.380.966
Maranhão ... . .. ...
Piauí .... ... . ...
21.420
25.030
-- -
- -.
- -
-
138.691
167.617
89.840
-
28.823
49.985
69.330 I 18.113
1.286 1.664
-
-
346.217
245.582
Ceará . . . ... ... . .. 111.961 7.000 - - - \l" - - 16.710 11.520 1.400 - 148.591
Rio Grande do Norte
Paraíba . . . . . . . . . .
32.491
51.482
-
-- -
- -
-
-
-- -
-
I
-
-
11.503
11.418
8.417
3.020 I
-
- I
-
-
I 52.411
55.920
Pernambuco . .. . ..
Alagoas. . .... .. ..
86.897
22.048 - -
- -
- - 1, i -
- -
-
9.587
610
2.770
5.913
-
-
-
-
99.254
28.571
Sergipe . .... . ... 8.301 - - - - - - 5.844 7.035 - - 21.552
Bahia. . ........ .. 198.939 78.280 82.560 - - "
- - 73.120 52.360 I
- 529.379

---
44.120
Espírito Santo /. ... 32.544 - -
-
- -
-
-
-
-
-
5.800 6.340
186 I 7.235 I
-
-
44.684
I 42.404
Rio de Janeiro .. ... 34.981
• --
-,,'

Distrito Federal ... 597 - - - , - I - - , 570 - 1.167


Minas Gerais . ... . . 213.603 113.310 149.400 - - 990 35.190' 79.920 450 - - 592.863
São Paulo ....... . . 48.630 12.850 - 700 - 25.710 94.759 56.890I 3.100 4.600 - 247.239
, -- - -
Paraná . . . ....... 15.930 6.630 - 5.610 31.930 137.137 430 2.230 199.897
Santa Catarina .. .. 18.272 2.664 - - ;
')1. 18.939 52.595 - I - 2.518 - 94.998
Rio Grande ckJ Sul . . . 39.734 2.203 2.469 - - 16.836 200.555 - - 23.492 - 285.289
Goiaz . ........... . 146.227 27.040 63.480 - - 54.840 37.440 7.360 - - 324.753 661.140
Mato Grosso ...... . 493.560 66.780 11.250 5.310 - Od· 14.130' 145.710 214.920 -
" o .... '
169.020 356.361 1.477.041

BRASIL Km2 .' ... 2.755.018 344.088 345.932 47.178 32.292 473.331 773.226 ' 676.115 1352.675 803.590 879.744 8.511.189
% . ... .. .. . . .. ... 32,37 3,92 4,07 0,55 0,38 \ 5,68 9,09 8,06 15,88 9,45 10,55 100,00
I • I
Organizado com dados colh1dos no ATLAS GEOLOGICO DO BRASIL, publicado pelo s~rr.OGeoI6g!CO do MInistério da Agricultura, aegundo c/Uculo. feito. pelo eng. AJ'tnr Oardoso de Abreu
- ... ,~ .
, \
106 COLABORAçoES

CAPITULOm Desta forma, a despeito dos esfprços do


a) Breve História dos Estudos Conselho Nacional de Geografia para
atender o recobrimento cartográfico pa-
Geomorfológicos no Brasil. ra o resto do país, não mudou muito a
Aula do CURSO DE GEOMOR- situação real dêsse importante setor da
FOLOGIA ESTRUTURAL) ministrado documentação ciel').tífica entre nós. Po-
pelo Prof. Dr. Aziz Nacib Ab)Saber e'l'n de-se dizer que as considerações tecidas
1958 no DEPARTAMENTO DE GEO· pelo saudoso mestre Emmanuel De Mar- '
GRAFIA da Faauldade de Filosofia da tonne a respeito do assunto, em 1940,
Univ,ersidade do Rio Grande do Sul. continuam dotadas de bastante atuali-
O estudo do relêvo brasileiro equi- dade até os dias que correm.
vale à análise de 11m bloco territorial Ao par com estas limitações bási-
correspondente à metade de um conti- cas há que lembrar o fato de uma boa
nente. Entretanto, para a realização de parte. do território já ter sido 'cobertó
uma síntese dos fatos morfológicos es- por levantamentos aerofotográficos.
senciais de uma área tão grande, exis- Desta forma, antes de se ter mapeado o
te uma bibliografia especializada ainll!l. território pelos métodos clássicos, já se
muito escassa e desigual. pôde fotografá-lo, obtendo-se uma extra
Na realidade, um século e meio de ordinária documentação para pesquisas
estudos geológicos dispersos e pouco geomorfológicas e para a feitura de
mais de três décadas de estudos geo- cartas debaixo de outros critérios técni-
morfológicos - desiguais quanto à ex- cos e sob outro grau de precisã:o.
tensão e à profundidade de tratamento Cumpre reconhecer, ainda, que se
"
- permitiram tão somente um ligeiro realmente existem dificuldades de toda
reconhecimento dos traços mais gerais a sorte para um estudo minucioso de
do relêvo e de geomorfogênese do bloc() tão grande área territorial, em compen-
continental oriental da América do Sul. sação existem algumas facilidades, ad-
No que diz respeito à mapeação geoló- vindas da homogeneidade e da extensi-
gica é sabido que ela é aceitável para a vidade relativas, de determinadas con-
compreensão das grandes provincias dições topográficas e geológicas, domi-
geológicas do território, porém, muito nantes no território. Trata-se, entretan-
deficiente quanto à representação das to, de fatos que não podem ser exage-
condições estruturais e litológicas. Por rados, já que a experiência demonstrou
outro lado, forçoso se torna reconhecer muitas vêzes o caráter )lusório daquela
que a despeito da intensificação recen- repisada monotonia que muitos preten-
te dos estudos de geologia regional, ain- deram reconhecer nas paisagens mor-
da sobreexistem no país extensas áreas fológicas dêste grande país intertropí·
. mal conhecidas. cal.
No que diz · respeito à cobertura O certo, porém, é que na base dos
cartográfica de escala topográfica su- conhecimentos geológicos, topográficos
ficiente, para a complementação de es~ e geomorfológicos existentes , sôbre o
tudos geomorfológicos de campo, a si- Brasil é lícito realizar uma síIitese pre-
tuação continua digna dos maiores re- liminar sôbre o seu relêvo e equacionar
paros. A verdade é que, salvo as boas alguns de seus grandes problemas. Nes-
cartas topográficas na escala de 1.: sa tentativa, como não poderia deixar
100.000, mandadas elaborar pelos go- de haver, existirá sempre um tom de
vernos de São Paulo e Minas Gerais a marcante proviscriedade, que o tempo
partir dos fins do século passado, não e o acúmulo de novos conhecimentos se
temos um acêrvo cartográfico util para encarregará de' .ir corrigindo e acertan-
a realização de análises m~rfológicas. do sistemàticamente.
COLABORAÇOES 107

A EVOLUÇÃO DOS CONHECI- plantação das técnicas modernas (1940


MEN TOS SôBRE O RELÊVO BRASI- -1949) . Não fôsse e negligência e a
LEIRO. - Se é relativamente fácil a- falta de iniciativa dos principais respon-
companhar a história recente<l'da ciência sá veis pelo ensino e pesquisas de Geo-
do r elêvo no Brasil, bem difícil se tor- morfologia nas jovens universidades
na a reMnstituição de suas raízes e a brasileiras já poderíamos nalar num
discriminação de suas fontes. quarto período, ou seja o período brasi-
leiro contemporâneo) esboçado a partir
Ê bastante compreensível que a de 1949, o qual está ameaçado de se
Geomorfologia tenha sido um campo de comportar historicamente como um me-
pesquisas que só muito t ardiamente te- ro período de transição.
nha encontrado oportunidade para se
implantár em ilOSSO país. De fato, tendo o primeiro dos citados períodos
adquirido suas bases conceituais e me- constitui como que uma "pré-história"
todológicas nos Estados Unidos, na dos conhecimentos geomorfológicos sô-
França e na Alemanha, a partir da se- bre o Brasil, representado pelos escri-
gunda metade do século XIX, êsse cam- tos esparsos de viajantes e naturalistas
po científico de contacto entre a Geolo- que percorrem nosso território na pri-
gia e a Geografia, por fôrça das contin- meira metade do século XIX, e . docu-
gências habituais de nossa evolução cul- mentado nas entrelinhas dOS estudos e
tural, somente através de um grande ensaios dos geólogos e estrangeiros que
retardo pôde aquí se enraizar e progre- aquí operaram desde a segunda meta-
dir. . de do século passado até a primeira dé-
Nos Estados Unidos, por exemplo, cada do século xx. Trata-se de uma.
os antecedentes da ciência geomormoló longa ,fase de acumulação de fontes de
gica se situam nos três primeiros q~a~­ estudos morfológicos não sistemáticos
téis do século XIX, enquanto o naSCI- e de contribuições indiretas, de desigual
mento e o desenvolvimento da Geomor- valor científico.
fologia propriamente dita, lider~da pe~a
figura ímpar de William Morns DaVlS Cumpre lembrar, entretanto, que
(1850-1934), preenche todo o último êsse longo período predecessor de nossa
" quarto do século passado e os primeiros Geomorfologia envolh duas das mais
. trinta anos do atual. bem definidas épocas da Geologia bra··
Entre nós, as primeiras observa- sileira ( época · dos viajantes (1810-
ções geomorfológicas, mais diretas e 1875), e, época das comissões geológi-
sistemáticas, sôbre partes do \erritó- cas (1875-1907), segundo divisão re-
rio brasileiro, têm menos de meio sécu- centemente proposta por Viktor
lo. Numa tentativa preliminar de di- Leinz 1*. Não seria descabido mesmo
visão em fases) poderíamos reconhecer subdividir também aquele longo e com-
três grandes períodos, mais ou menos plexo . período da história dos estudos
bem definidos, na evolução históric9. sôbre o relêvo brasileiro~ em duas fa-
dos estudos sôbre o relêvo prasileiro: ses ou sub-períodos: o·dos naturalistas-
1) período dos predecessores (1817- viajantes (+810-1870), e o dos geólo-
1910); 2) período dos estudos pionei- gos estrangeiros · e das comissões geo-
ros (1910-1940); e, 3) período de im- lógicas. (1870-1910).

1 * Leinz Viktor, A Geologia e Paleontolo-


gia no Brasil, in «As ciências no Brasil:.
I, pags, 243-264.
108 COLABORAÇOES

Enquanto o primeiro dêsses perío- morfológicos de Preston James sôbre o


dos representa a fase dos antecedentes Brasil Sudeste (1933) e as observações
remotos, o segundo constitui a fase dos sôbre o gênese do relêvo do Estado de
antecedentes imediatos ,responsável pe- São PaUW, da lavra do insígne cientis-.
las fontes mais objetivas e ao qual se ta brasileiro Luiz Flores de Moraes Re-
deve o pr;imeiro importante acêrvo de go (1930; 1932; 1941),
documentação cartográfica moderna pa- Deve-se notar, de antemão, que nês-
.r:a a realização ulterior de estudos geo- ses profícuos 30 anos de atividades cien-
morfológicos, prõpr!amente . ditos. Per- tíffcas, ao par com uns poucos trabalhos
tencem ao primeiro ·caso, os escritos e propriamente geomorfológicos, acUIpu-
observações de Casal, Eschwege, Mawc, laram-se documentos geológicos e car-
os irmãos Andradas, Spix .e Martius, tográficos, fundamentais para o desen-
Saint-Hilaire, Câmara, Cunha Matos, volvimento da ciência do relêvo no Bra-
Pohl, Humboldt, d'Oribigny, Pissis, Cas- sil. - Ponderável sobretudo é a contribui-
telnau, Lund e Agassiz. No segundo, se ção indireta deixada pelos estudos geo-
enquadram as pesquisas, estudos e rea- lógicos à Geomorfologia -brasileira du-
lizações de Hartt, Derby, Gorceix,.J,Ç,a- rante essas três décadas. E' assim que
panema, Katzer, Smith, Reclus, White, nos perfís, nos cortes ou secções geoló-
Evans e Branner. A mais importante gicas, nos croquis e nos pequenos levan-
síntese, que' documenta os conhecimen- tamimtos de campo, existe uma contri-
tos sôbre o relêvo brasileiro nesta épo- ' buição de grande importância para &.
ca, encontra-se nos escritos de Orvilles geomorfologia estrutural do território
Adalbert Derby inseridos na "Geogra- brasileiro, numa espécie ae herança
phia do Imperio do Brasil", edição por- muito superior e mais valiosa do que
tuguêsa, aumentada e modificada, da aquela existente nos textos e escritos
obra original de J. E. Wappoeus, da época. Entre os pesquisadores ad-
A essa primeira grande época pre- ventícios, pertencentes a êsse período,
paratória, longa e complexa, que durou há que destacar: Crandall, Small, Sop-
todo o século XIX, seguiu-se um perío- per, Waring, Williams, Walls, Rube,
do pioneiro de estudos geomorfológi~os, Marbut, Maniford, Bran4t, Maull, De-
propriamente ditos, em que pesqwsa- nis Maack, Backer, Du Toit, Passarge,
dores, dominantemente estrangeiros, Freise, Freiberg, Washburne e Oppe-,
, treinados em Geologia e Geomorfologia, nheim. John Casper Branner que escre-
deixaram observações de valor em seu;; veu a maior parte de sua obra geológi-
trabalhos geológicos ou em seus estudos ca sôbre o Brasil no período anterior,
geográficos. A coptribuição de naci~­ participou ainda dêsse novo período co-
nais durante essa epoca, embora nume· mo figura exponencial pelas suas novaS
ricamente importante, em geral foi ci- contribuições, Tendo escrito em 1906
entíficamente inferior à dos pesquisa- uma "Geologia elementar, preparada
dores estrangeiros. Essa fase, po~ nó.s com referência especial aos estudantes
denominada período dos estudos pwnev- brasileiros", nos legou um dos ' poucos
1'Os (1910-1940), foi iniciada com a livros de texto para o ensinÕ d~ geologia
publicação de ~~ excele~te estudo ~eo­ física editados no país, Por outro la-
gráfico e geologlco de Mlguel Arr?Jado do, em 1919, num esfôrço notável de
Ribeiro Lisbôa sôbre o oeste paullsta e compilação e consulta bibliográfica edi-
o sul de Mato Grosso (1909) e com a di- tou o primeiro mapa geológico de con-
vulgação dos resultados das pesquisas junto sôbre o território brasileiro, acom-
de Roderic Crandall sôbre o nordeste o- panhado por um exemplar resumo dos
riental brasileiro (1910). Por seu turno, conhecimentos geológicos sôbre o Bra-
viria a culminar com os estudos geo- sil da época.
. 1

COLABORAçoES

Os brasileiros que entre 1910 e quipe não muito numerosa, porém bas-
1940 contribuiram direta ou indireta- tante ativa (Fernando Flávio, Marques
mente para o desenvolvimento da ciên- de Almeida, João Dias da Silveira, Or-
cia do relêvo entre nós foram: lando Vai verde, Ruy Osório de Freitas,
Arrojado' Lisboa, Delgado de Car- Alfredo José Porto Domingues, João
valho, Theodoro Sampaio, Everardo José Bigarella, Aziz Nacib Ab' Sáber,
Backheu'ser, Euzébio de Oliveira, Al- Antonio Teixeira Guerra, Pedro Geiger,
berto Betim Paes Leme, Luciano Jae- Hilgard O'Reilly Stamburg, Elina de O-
ques de Moraes, Avelino Ignacio de Oli- liveira Santos, Victor Antônio Peluso,
.' veira, Pedro de Moura, Paulino Franco Gilberto Osório de Andrade, Manut'l
de Carvalho, Alberto Ribeiro Lamego, Correia de Andrade, Carlos de Castro
Othon Henry Leonardos, Glycon de Pai- Botelho e outros).
va e Luiz Flores de Moraes Rego. Os Dos pesquisadores mais experimen-
escritos de Theodoro Sampaio para o tados, vindos da fase anterior, por ra-
"Diccionario Histórico Geographico do zões diversas, merecem destaque os tra-
Brasil", em 1922 ao 'lado da "Physiogra.- balhos de publicação recentemente fir-
phia do Brasil" (1923), de Carlos Mi- mados por Reinhard Maack, Glyson Pai-
guel, Delgado de Carvalho, publicada à va, Alberto Ribeiro Lamego, Otávio
guisa do. primeiro volume de uma Geo- Barbosa, Silvio Froes Abreu, Djalma
grafia do Brasil preparada pelo autor, Guimarães, Viktor Leinz e Pedro Mou- '
constituiram os dois principais traba- ra. Preston Edward James que reali-
i lhos de síntese sôbre o conjurito do re-
zou seus primeiros estudos sôbre o Bra-
lêvo brasileiro na época. sil há mais de três décadas, voltou pes-
Por fim, queremos nos referir a.o quisar em nossa terra por volta de 1950, .
período de implantação da moderna Cl- escrevendo um interessante · estudo sô-
ência geomorfológica no Brasil, que so- bre a geografia física do Nordeste.
mente se processou após a criação d'a s Nessa fase de implantação da mo-
primeiras Faculdades de Filosofia no derna Geomorfologia do Brasil, que de
país e após a fundação do Conselho Na- certa forma continua em aberto até n03-
cional de Geografia. Cronologicamen- sos dias, operaram em nosso território,
te esta fase se iniciou com a publicação em estudos de geologia e geomorfologia,
do famoso artigo de Emmanuel De Mar- entiquecendo de vários modos nossa bi-
tonne (1940) a respeito dos "problem3:s bliografia especializada, os seguintes
morfológicos do Brasil tropical atlânb- cientistas: Francis Ruellan, Johan Ly-
co", tendo se desenvolvido, depois, por on Rich, Jorge Chetaroff, Pierre Gou-
vários anos, através as atividades, as rou, Luiz Papy, Pierre Monbeig, Ma-
publicações e a orientação de Francis riano Feio, H. Wilhelmy,· H. Weber,
Ruellan. Fábio Macedo Soares Guima- Wilhelm Kegel, Boris Brajnikov, Karl
rães, em 1943, e, mais tarde, Aroldo de Bourlen, Glof Odman, P. T-altasse, Jean
Azevedo, em 1949, redigiram trabalhos Pimienta, Hannfrit Putzre e Laster
gerais a respeito do relêvo brasileiro e King, M. Czeijka.
suas divisões, procurando atualizar a- Entretanto, ainda está por se fa-
través de artigos sintéticos os conhed- zer a verdadeira história da evolução da
mentos novos em acumulação. Geomorfologia no Brasil, nas últimas
Menos de dez anos depois da publi- três décadas. Para compensar um pou-
cação dos primeiros trabalhos de De co essa deficiência de nossa historiogra-
. M-artonne e Ruellan, começaram a sur- fia científica, naquele setor, em dois de
gir estudos, ensaios e monografias fir- nossos trabalhos mais recentes deixa-
mados por jovens pesquisadores brasi- mos achegados os que futuramente vol-
leiros, os quais constituem hoje uma e- tarem ao assunto.
110 COLABORAÇõES

Durante a realização do XVITI Con- tretanto, vencer o espírito científico


gresso Internacional de Geografia. (Rio reacionário dos que detêm -em suas
de J aneiro-1956), tivemos a excepcio- mãos os cargos-chaves e 'bloqueiam sis-
nal oportunidade de entrar em contato temáticamente o progresso e o desen-
com geomorfologistas do mundo intei- volvimento, entre nós, de um dos niais
ro, alguns dos quais nas diversas excur- notáveis setores modernos das ciências
~ões realizadas por ocasião do aludido da Terra.
certame, puderam realizar pesquisas em
diferentes partes do território nacional. Oontinua no prõximo número:
Ao que sabemos, naquela oportunidade,
fizeram observações sôbre o relêvo bra- CAPITULO IV
sileiro, os seguintes pesquisadores : Jean Relêvo, estrutura e rêde hidrográ-
Dresch, Jean Tricart. Pierre Bizot, An- fica do Brasil - Prof Azziz N acib
dré Cailleux, CarIl Troll, René Raynal, .Ab'Saber ..
Max Derruaux, Jacqueline Beaujeau
Garnier, Paul Fénelon, M. Mme. Paul CAPITULO V.
Veyret, Henry Enjalbert, André Jciw.- Esbôço do relêvo e rêde hidrográ-
naux, Paul Macar, P. Mortensen, Lester fica do Rio Gran(le do Sul - Prof.
Klin, I. P. Guerassimov e outros: Dresch Hans Augusto Thofehrn
Birot Fénelon, Raynald, J. Beaujeau,
Garnier, M: Lefevre, Pardé e Veyret, em CAPITULO VI.
princípios de 1957, os primeiros resul- ,: . Bibliografia de Geografia Física do
tados de suas observações geográficas Brasil ~ Prof. Azziz Nacib Ab'
e geomorfológicas sôbre diversas áreas Saber
do território brasileiro.
. Por último, lembramos que é bas- CAPITULO vn.
tante delicado o momento atravessado Padrões de drenagem - Morfolo-
pela ciência do relêvo, entre nós, em fa- gia, Prof. Azztz Nacib Ab'Saber;
ce da crise atual da geomorfologia da- . Cartografia, Prof. HansA. Tho-
visiana no mundo científico. Nem bem fehrn.
sé formou a primeira equipe de geomor- BIBLIOGRAFIA A CONSULTAR
fologistas brasileiros, e já, com um cer-
to retardo, se pronuncia os reflexos de AB'SABER (AZZ1Z NACID ). :mtat actual
uma crise de caráter universal, que en- des connalsances sur l~s niveaux d'eroslon
volve questões de método, de conceitos et les surfaces d'aplanl~sement au Brésll
e de técnicas de trabalho. Estamos na e - Conhecimentos sôbre as flutuações
ante-véspera de uma verdadeira revo- climáticas da Quaternário no Brasil.
lução interna nos quadros da moderna AB'SABER (AZZIZNACID), :mtat actu'll
Geomorfologia brasileira, fato que so- (Recentemente Jean TRICART, em seu
mente se concretizará a custa de um artigo La géomorphologle et la
, notlon d'e-
novo apela à experiência e à' orienta-
ção de cientistas estrangeiros e através
chQlle (1952) .
CAILLEUX e TRICART no ensaio inUtu-
.
a fundação de laboratórios de pesquisas Iado Le probléme de la c1assification des
ativos e bem dirigidos. faits géomorphologlque (1956).
Por parte dos mais bem avisados e Retomam o problema das ordens de gran-
criteriosos há uma grita geral para deza do relêvo, multo embora sem amarrar
a renovação de métodos e técnica dt o assunto às observações pioneiras de R. D .
pesquisa e para a recuperação de uni SALISBURY.
precioso tempo perdido. E' difícil, en- 4* DENIS (Plerre), L'Amerlque du Sud, 1,

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