Geologia 12 ºano
Cartografia geológica
Carta geológica: Mapa que apresenta os
principais aspetos geológicos superficiais, ou
do subsolo, de uma dada área. Para
representar os diferentes elementos (rochas,
idade, estruturas, construções antrópicas, etc.)
usam-se cores e símbolos distintos.
Estas cartas apresentam a distribuição de
rochas e outros elementos à superfície
terrestre ou no subsolo (caso exista uma
cobertura de solo por cima das rochas, bem
como cobertura vegetal ou construções
humanas). Fornecem informações diversas,
como por exemplo a idade das rochas, a sua
forma e estrutura, e a sua análise permite
interpretar melhor os paleoambientes. A
cartografia geológica é fundamental no
planeamento e no ordenamento do território.
O conhecimento geológico, em paralelo com o
levantamento topográfico do relevo, permite
caracterizar os terrenos em questão.
Importância das cartas geológicas:
Para além de nos darem a conhecer os
principais tipos de rochas à superfície numa
região, as cartas geológicas também fornecem
indicações importantes sobre a posição das
rochas em profundidade, sendo essenciais para
as seguintes atividades:
pesquisa e exploração de recursos
naturais, que incluem os minerais
energéticos e hídricos;
estudos de impacte ambiental;
previsão e minimização dos riscos
naturais, como por exemplo a atividade
sísmica, vulcânica, cheias e movimentos
em massa;
estudos de engenharia relativos à
instalação de grandes obras (túneis,
barragens, centrais nucleares, pontes,
portos, edifícios, etc.), sendo uma
ferramenta essencial no ordenamento do
território;
estudos científicos e didáticos, bem como
inventário do património geológico e
arqueológico, que suporta a
geoconservação.
Para além das cartas geológicas gerais,
existem outras cartas mais específicas e que
tratam determinados domínios, designando-se
por cartas temáticas. Estas incluem, por
exemplo, as cartas hidrogeológicas (águas
subterrâneas), geotécnicas (estabilidade e
resistência dos terrenos), tectónicas
(deformações da crusta), minerais (jazigos
minerais), pedológicas (solos), geoquímicas
(composição química das rochas),
geomagnéticas (propriedades magnéticas das
rochas), radiométricas (radioatividade das
rochas) e as gravimétricas (gravimetria das
rochas).
A elaboração de uma carta geológica é um
trabalho longo e detalhado, dividido em
diversas fases: trabalho de campo; estudos de
gabinete e de laboratório; desenho e
impressão.
Trabalhos de campo:
Os trabalhos de campo geralmente não
necessitam de equipamentos muito
sofisticados. Para além do lápis e um
caderno de campo é necessário uma lupa,
martelo de geólogo, bússola e material
para transporte de amostras.
É necessário uma carta topográfica, que
represente o relevo, no qual são
desenhados os limites entre as diferentes
rochas. Normalmente recorre-se
previamente à fotointerpretação.
O geólogo percorre a área em estudo,
tirando notas das suas observações. Com a
bússola determina a atitude (direção e
inclinação) de corpos rochosos e
xistosidades, eixos de dobramentos, falhas,
fraturas, filões, etc.
Se as rochas possuírem fósseis, estes
deverão ser cuidadosamente recolhidos
para análise.
Todas as amostras recolhidas têm de ser
devidamente identificadas e localizadas no
mapa. É frequente os geólogos
fotografarem as rochas para registo e
posterior análise.
Estudos de gabinete e de laboratório:
A carta desenhada no campo é passada a
limpo, reanalisando-se as fotografias
tiradas.
Com base numa análise bibliográfica
detalhada, os geólogos procuram obter
informações acerca das rochas que
cartografaram.
É possível analisar sondagens obtidas para
estados de prospeção.
Os fósseis são estudados de uma forma
muito detalhada, pois permitem
caracterizar os paleoambientes e avaliar a
idade das rochas.
As rochas são alvo de um estudo
petrográfico e geoquímico. Pode ainda ser
determinada a sua idade com base na
radiometria.
Todos os dados são integrados
graficamente na carta (a base topográfica
pode ser omitida), e explicados com
descrições, caracterizações e conclusões na
noticia explicativa, que normalmente
acompanha as cartas geológicas.
Normalmente existem ainda cortes
geológicos de regiões representativas e
uma coluna cronostratigráfica.
Desenho e impressão:
Com o apoio de profissionais informáticos
especializados, a carta preliminar dos
geólogos é desenhada, com recurso às
informações obtidas.
O desenho final é impresso e pode ser
acompanhado com a notícia explicativa.
Cartas topográficas
As cartas geológicas são elaboradas numa
base topográfica. Estas são representações de
objetos numa superfície a duas dimensões, na
qual o relevo é representado por linhas que
unem pontos com a mesma altitude- curvas de
nível. Nestas cartas, cada curva de nível
encontra-se identificada com a
correspondente altitude (altimetria). A
distância entre os planos horizontais designa-
se por equidistância vertical e varia em função
da carta topográfica. Se são representadas as
curvas de nível de 80, 100, 120 e 140, a
equidistância será de 20 m. De cinco em
cinco curvas é representada uma curva-mestra
através de um traço mais grosso e com
indicação da cota.
 Os vales com linhas de água identificam-se
pelas curvas de nível com a convexidade
voltada para a cota mais elevada. Por sua vez,
as linhas de cumeada apresentam-se
representadas por curvas de nível com a
convexidade voltada para a cota mais baixa.
Para além do relevo, nas cartas topográficas
também devem constar todas as
particularidades naturais ou artificiais que
existem na superfície da área em estudo -
planimetria. As medidas dos objetos no plano
são reduzidas de forma proporcional à
realidade, numa relação representada pela
escala da carta, que deverá ser sempre
indicada. As escalas podem ser numéricas ou
gráficas. Quando referimos que a escala
numérica é 1:50 000 (ou 1/50 000)
significa que a uma unidade de medida na
carta correspondem 50.000 unidades iguais
no terreno. Normalmente, as cartas possuem
escalas gráficas, que correspondem a retas
divididas em segmentos com distâncias bem
determinadas e representadas à escala.
Elaboração de um perfil
topográfico
O perfil topográfico corresponde a um corte
executado numa carta topográfica em que o
relevo é facilmente visualizado. Para desenhar
um perfil é necessário seguir os seguintes
passos:
traçar uma reta na carta ao longo da qual
se pretende elaborar o perfil topográfico;
colocar uma tira de papel milimétrico a
coincidir com a reta traçada, marcando-se
os pontos de interseção entre a tira de
papel e as curvas de nível, identificando os
valores destas;
identificar a cota mais alta e a mais baixa
presentes no perfil;
elaborar um gráfico em que no eixo do x
se representa a distância correspondente à
planimetria (tendo em conta a escala), e
no eixo do y as distâncias altimétricas
(cotas).
a distância vertical no eixo do y deve ser
feita de acordo com a escala da carta,
para mostrar o relevo real. No entanto,
para aumentar o realce, a escala vertical
pode ser exagerada (sobrelevação).
ajustar a tira de papel ao eixo do x e
iniciar a marcação das cotas no gráfico.
unir os pontos com uma linha que
representa o relevo ao longo da reta
desenhada no início.
Nas cartas, o declive é avaliado em função da
proximidade das curvas de nível: quanto mais
próximas as curvas, maior o declive. Nas
regiões planas, as curvas de nível encontram-
se afastadas.
Cartas geológicas
Os cortes geológicos são elaborados a partir
dos mapas geológicos e são realizados sobre
um perfil topográfico previamente traçado.
Este procedimento inicia-se pela escolha do
traçado do corte. Tal como nos perfis
topográficos, usa-se uma tira de papel que é
colocada ao longo da linha de corte. Nesta tira
marcam-se os pontos de interseção com os
limites geológicos e estruturas. Estes dados são
depois transferidos para o perfil. Analisando a
relação entre as diferentes camadas, os
geólogos determinam como se encontram
distribuídas em profundidade. Para tal
recorrem à atitude (direção e inclinação) das
camadas e estruturas presentes, que permitem
a projeção dos seus limites em profundidade
obtendo-se no final um resultado coerente
com a cartografia do terreno
 Coluna estratigráfica: organização de todas as
formações rochosas e episódios geológicos,
constando na carta de acordo com a sua idade
de formação, do mais antigo para o mais
recente.

Blocos-diagrama
Algumas cartas geológicas, principalmente as
mais recentes, possuem blocos-diagrama.
Estes facilitam a perspetiva tridimensional da
geologia de uma área, evidenciando a
continuidade entre as rochas à superfície e em
profundidade. De uma forma simplista, os
blocos-diagrama são elaborados a partir de
dois cortes geológicos, aproximadamente
perpendiculares. Para além dos dois cortes
perpendiculares, o bloco-diagrama também
possui as rochas que afloram à superfície e
representam o relevo.
Os blocos-diagrama são úteis na reconstrução
dos ambientes geológicos, em termos de
tempo e de espaço tridimensional. São
particularmente úteis para estudar as
estruturas geológicas mais significativas, como
por exemplo as dobras ou as falhas.