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Geologia 12 ºano

Os relógios sedimentológicos
Os "relógios" sedimentológicos são usados Para procederem à datação relativa do
pela litostratigrafia no estudo das camadas diferentes estratos, os geólogos recorrem aos
rochosas que compõem os estratos. A princípios litostratigráficos fundamentais.
litostratigrafia é uma subdisciplina da Princípio da Horizontalidade Original: A
estratigrafia que estuda a composição acumulação de sedimentos ocorre na
litológica (rochosa) dos estratos. horizontal ou muito próximos desta. Os
Os "relógios" sedimentológicos permitem uma: estratos que se encontram atualmente na
Datação relativa com base na diagonal ou vertical sofreram
litostratigrafia, que recorre a princípios modificações após a sua deposição.
estratigráficos: Princípio da Sobreposição: A deposição
Horizontalidade original dos estratos ocorre sempre por ordem
Sobreposição cronológica, da base para o topo. Se não
Interseção ocorreram perturbações de natureza
Inclusão tectónica, um estrato é mais recente que o
Continuidade lateral dos que serve de base, e mais antigo do que os
estratos estratos depositados por cima.
Datação absoluta com base nos ciclos de Princípio da Interceção: Aplica-se a
gelo-degelo estratos que são afetados por estruturas
(por exemplo, falhas, diques, filões, etc.),
A litostratigrafia estuda os diferentes estratos, em que estes elementos são mais recentes
definindo unidades litostratigráficas. Estas são do que os estratos que intersetam.
formadas por estratos individualizados e Princípio da Inclusão: Aplica-se
definidas de acordo com as suas propriedades essencialmente a rochas compostas por
litológicas, independentemente da sua idade. fragmentos de outras rochas. Um estrato é
Podem definir-se diversas unidades mais recente do que as rochas ou
litostratigráficas, sendo a Formação a unidade sedimentos que incluiu ou assimilou.
fundamental. Esta é composta por um Princípio da Continuidade Lateral dos
conjunto de rochas com propriedades Estratos: Embora o estrato se estenda
litológicas e posição estratigráfica semelhantes lateralmente por longas distâncias, possui
e que é facilmente distinguível das restantes. A a mesma idade em toda a sua extensão
formação deverá ser suficientemente ampla, lateral. Este principio é fundamental para
para que possa ser detetada e cartografada caracterizar o ambiente de formação das
nos mapas da região. diferentes rochas e correlacionar litologias
A definição de uma Formação, de um que se podem encontrar distantes, pois
Membro ou de uma camada implica sempre a num mesmo estrato podem ocorrer
definição de um estratotipo, com teto e muro variações litológicas.
devidamente localizados.
Ciclos de gelo-degelo
No verão, com o aumento da temperatura, Nem todos os fósseis podem ser usados na
ocorre o degelo parcial dos glaciares. O datação dos estratos. Os mais usados na
aumento do caudal dos rios permite que estes biostratigrafia são os fósseis de identidade
transportem os sedimentos originados pela estratigráfica (fósseis de idade). Estes fósseis
ação dos glaciares, Os sedimentos mais caracterizam-se por apresentarem uma
grosseiros (balastros) depositam-se a distribuição limitada no tempo (rápida
montante. enquanto os mais finos (areias, evolução), uma ampla distribuição geográfica
siltes e argilas) podem ser depositados em e serem abundantes nos estratos.
lagos próximos dos glaciares. No inverno, com Os fósseis permitem definir unidades
temperaturas reduzidas, não ocorre o degelo. biostratigráficas (biozonas), que corresponde
Os rios reduzem o transporte de sedimentos ao conjunto de estratos caracterizados pela
para os lagos, que se encontram presença do mesmo conteúdo fossilífero.
frequentemente congelados à superfície. Embora algumas biozonas sejam definidas
Assim, as condições de sedimentação são apenas pela presença de uma espécie fóssil, a
diferentes no inverno: os sedimentos argilosos maioria é definida por uma associação de
muito finos depositam-se, juntamente com o diferentes fósseis.
material orgânico que se encontrava em
suspensão.
Dendrocronologia
A alternância rítmica de estratos formados no
verão e no inverno origina varvitos (também A idade de uma árvore pode ser determinada
conhecidos por varvas ou ritmitos). Um contando o número de anéis que existem no
varvito é composto por um par de estratos que tronco. Todos os anos, as árvores produzem
se deposita anualmente. dois novos anéis. O anel que se forma durante
a primavera e o verão tende a ser claro e mais
Os relógios paleontológicos espesso do que o anel formado durante o
inverno, que é muito fino e escuro.
Os "relógios" paleontológicos são usados pela Para além da idade, os anéis permitem obter
biostratigrafia no estabelecimento da idade informações importantes sobre as condições
relativa das formações rochosas, com base no ambientais a que as árvores estiveram
seu conteúdo paleontológico. O principal expostas, como por exemplo a temperatura e
objetivo é a classificação e a correlação de a precipitação. Nos períodos de maior
estratos em diferentes locais, de acordo com precipitação as árvores crescem mais e
os fósseis presentes. produzem anéis mais largos. Nos verões muito
Os fósseis são a principal fonte de dados para secos tendem a formar-se anéis mais finos. 0
correlacionar as rochas. Estratos com a padrão dos anéis tende a ser semelhante em
mesma idade podem ser litologicamente árvores de uma mesma região. uma vez que se
diferentes e difíceis de correlacionar, mas se encontram sujeitas a condições ambientais
possuírem o mesmo conteúdo fóssil idênticas. O estudo destes anéis permite
depositam-se simultaneamente em diferentes perceber e datar de forma absoluta as
locais. Este pressuposto está na base do condições ambientais dos últimos milhares de
Princípio da Identidade Paleontológica. anos - dendrocronologia.
Métodos de datação físicos Tabela cronostratigráfica
Para além do registo estratigráfico e A tabela cronostratigráfica é composta pela
biostratigráfico, os cientistas também sobreposição de unidades cronostratigráficas
recorrem a métodos físicos. Estes métodos (correspondem a corpos rochosos
permitem uma datação absoluta e baseiam-se frequentemente sob a forma de estratos), que
no decaimento radioativo de alguns elementos se formaram num intervalo de tempo
químicos presentes no nosso planeta-datações especifico.
radiométricas - ou na magnetostratigrafia. A organização sistemática das rochas em
O decaimento radioativo ocorre em núcleos de diferentes unidades cronostratigráficas
átomos de elementos instáveis. Nestes núcleos, permitiu elaborar a tabela cronostratigráfica,
a força que une os protões e os neutrões não é com os correspondentes intervalos do tempo
suficientemente elevada para impedir que geológico (unidades geocronológicas).
ocorram modificações no seu número, que são Eonotema Éon
acompanhadas pela libertação de partículas Eratema Era
atómicas ou ondas eletromagnéticas- Sistema Período
decaimento radioativo. Série Época
O tempo que demora a que metade dos Andar Idade
núcleos dos elementos instáveis sofram
decaimento designa-se por tempo de semivida O Andar é considerado a unidade básica da
ou semitransformação. cronostratigrafia e é a hierarquia mais baixa
que pode ser reconhecida numa escala
cronostratigráfica. Esta divisão inclui todas as
Magnetostratigrafia rochas formadas numa idade específica. A
divisão entre os Andares é definida pelo limite
Este método baseia-se no pressuposto de que dos estratotipos. A designação de Andar
os minerais com propriedades magnéticas, deriva normalmente da localização geográfica
como por exemplo a magnetite (presente nas do estratotipo. O equivalente geocronológico
rochas ígneas), são capazes de registar a do Andar é a Idade.
orientação do campo magnético, no momento As Séries correspondem a unidades
em que se formaram, a partir da cristalização cronostratigráficas superiores ao Andar e
de um magma. Podem apresentar uma inferiores ao Sistema. A sua designação pode
polaridade normal, quando o norte magnético derivar da localização geográfica ou da sua
coincide com o norte geográfico, ou posição na sequência de estratos (inicio, meio,
polaridade inversa, quando o norte magnético fim). O equivalente geocronológico da Série é
se orienta para o sul geográfico. O registo do a Época.
campo magnético mantém-se após a Os Sistemas são unidades cronostratigráficas
cristalização dos cristais - paleomagnetismo localizadas entre as Séries e o Eratema. As
remanescente. Para além das rochas designações derivam: da localização na
magmáticas, as rochas sedimentares também sequência (Quaternário, por exemplo); de
podem registar o paleomagnetismo, pois os conotações litológicas (Carbónico e
grãos dos minerais magnéticos podem Cretácico); da área geográfica (Devónico e
orientar-se de acordo com o campo Pérmico, por exemplo). O equivalente
magnético. geocronológico de Sistema é o Período.
O Eratema consiste num grupo de Sistemas. A
designação dos Eratemas reflete variações
significativas nas formas de Vida presentes no
registo fóssil: Paleozoico-corresponde às
formas de Vida mais antigas; o Mesozoico-
formas intermédias e o Cenozoico- formas
mais recentes. O seu equivalente
geocronológico é a Era.
O Eonotema é a unidade cronostratigráfica de
maior hierarquia, e estão definidos
formalmente três: Arcaico, Proterozoico e
Fanerozoico. O equivalente geocronológico do
Eonotema é o Éon

Recordar
Os métodos de datação relativa e absoluta
são essenciais na construção da tabela
cronostratigráfica, pois permitem
correlacionar estratos formados em locais
geograficamente afastados e cuja litologia
ou conteúdo fossilífero não sejam
suficientes para determinar a posição na
tabela.

As extinções em massa, ao provocarem o


desaparecimento de um elevado número
de espécies, criando as condições para o
desenvolvimento posterior de novas
formas de Vida, constituem elementos
essenciais na elaboração das tabelas
cronostratigráficas.

Os limites entre as principais unidades


cronostratigráficas foram criados tendo
em conta as variações significativas no
registo fóssil, em resultado dos eventos de
extinção.

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