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A medida do tempo

geológico e a idade da
Terra

Idade relativa e idade radiométrica


Qual a figura que representa a época
mais recuada?
Datações relativas e datações absolutas

São 2 os principais processos


de datação das rochas:
• datação relativa;
• datação radiométrica ou absoluta.
Datações relativas e datações absolutas

DATAÇÃO RELATIVA
Permite datar um estrato ou
fenómeno relativamente a outro,
em mais antigo ou mais recente,
sem atribuir uma idade numérica.
Datações relativas e datações absolutas

DATAÇÃO RADIOMÉTRICA OU
ABSOLUTA
Corresponde a uma datação mais
exata, que permite determinar a
idade da rocha em termos de
milhões de anos (M.a.)
Datações relativas

Os sedimentos e as rochas sedimentares são caracterizados pela presença de


estratificação - que resulta da formação de camadas paralelas e horizontais, pela
deposição contínua de partículas no fundo de um oceano, de um lago, de um rio
ou numa superfície continental.
Datações relativas

É quando se dá a deposição de sedimentos que ocorre o enterramento de


organismos que poderão originar fósseis.
Nos casos em que ocorre boa preservação das evidências orgânicas, reúnem-se
geralmente quatro condições:
- enterramento rápido;
- com sedimentos finos;
- em ambiente marinho;
- o organismo contém partes duras.
Datações relativas

Na datação relativa são importantes os fósseis de idade.

Ex: amonites; trilobites

•São restos ou vestígios de seres vivos contemporâneos da


Os fósseis de amonites e de
formação da rocha em que aparecem (formaram-se na
trilobites permitem datar as
mesma altura);
rochas que os contêm, como
• Existiram num curto período de tempo geológico;
sendo, respetivamente, do
• Apresentam uma ampla distribuição geográfica;
Mesozoico e do Paleozoico.
• Existiram em grande número (capacidade de reprodução)
• Estruturas fossilizáveis.
Datações relativas

Amonite

Trilobite
Datações relativas

Para além dos fósseis, a datação relativa baseia-se em vários princípios:


• Horizontalidade Inicial;
• Sobreposição de estratos;
• Identidade Paleontológica;
• Interseção ou corte;
• Inclusão.
• Continuidade lateral
Datações relativas

Princípio da horizontalidade inicial – definido por Nicolau Stenon, este


princípio estabelece que os estratos sedimentares formam-se na posição horizontal
ou próximo desta, à medida que vão chegando à bacia de sedimentação, por efeito
gravítico.

Qualquer fenómeno que altere a


horizontalidade das camadas é sempre
posterior à sedimentação.
Datações relativas
Princípio da sobreposição dos estratos (ou Lei de Stenon)
Numa sucessão de estratos não deformados, qualquer um deles (por baixo) é mais
antigo do que aquele que o cobre (por cima) e mais recente (por cima) do que aquele que
lhe serve de base (por baixo), ou seja, o estrato mais recente encontra-se no topo e o
mais antigo na base da sequência.
Datações relativas

Princípios da horizontalidade inicial e da sobreposição dos estratos.

O estrato mais recente encontra-se no topo e o mais antigo na base da sequência.


Os estratos
formam-se na
posição
horizontal ou
próximo desta.
Datações relativas

Princípios da horizontalidade inicial e da sobreposição dos estratos.

Qualquer alteração da posição dos estratos como, por exemplo, a inclinação


dos estratos na região da Nazaré, foi posterior à formação dos estratos.
Os estratos
formam-se na
posição
horizontal ou
próximo desta.
Datações relativas
Princípio da Identidade Paleontológica - dois estratos que apresentem o
mesmo conteúdo fóssil têm a mesma idade relativa.
Datações relativas
A velocidade e as condições de sedimentação variam ao longo do tempo e pode
haver mesmo interrupções da sedimentação. Se, posteriormente, a sedimentação,
devido a nova imersão, prosseguir, forma-se um estrato que assenta numa
superfície erodida – superfície de descontinuidade.
Datações relativas
As grandes descontinuidades no registo geológico, marcadas pela ausência de
camadas mais ou menos espessas, designam-se discordâncias estratigráficas ou
lacunas estratigráficas (ausência de camadas eliminadas pelos agentes erosivos
ou que nem sequer se chegaram a constituir).
Datações relativas
EXERCÍCIO

Indica um estrato que tenha aproximadamente a mesma idade do estrato A.


Indica o estrato mais antigo da figura.
Datações relativas
Continuidade lateral – Em diferentes (locais) pontos da Terra, pode haver a
mesma sequência estratigráfica, isto é, há correlação entre estratos distanciados
lateralmente.
Datações relativas
Princípio da Interseção – toda a estrutura que interseta outra (como as fraturas, as
falhas e as intrusões magmáticas) é mais recente do que ela (o filão F interseta os
estratos A, B, C, D e E, sendo, portanto, mais recente que estes).
Datações relativas
Princípio da Inclusão – fragmentos de rocha incorporados noutra rocha são mais
antigos do que a rocha que os engloba (o estrato E contém fragmentos do estrato D,
sendo, portanto, mais recente que este).
Datações relativas
Os fragmentos de rocha incorporados ou incluídos numa rocha são designados
xenólitos ou encraves.
São exemplo: fragmentos de rochas antigas em rochas sedimentares recentes;
porções de rochas mais antigas no seio de intrusões ou extrusões magmáticas.
EXERCÍCIO – História geológica

Qual o estrato que se


formou primeiro?

Qual o estrato que se


formou em último lugar?

Indique dois tipos de


deformação que se pode
observar no esquema.
X
Quais os estratos que se
depositaram após a
deformação X?

Quais os princípios
geológicos em que te
baseaste?
EXERCÍCIO – História geológica
EXERCÍCIO
EXERCÍCIO
Princípio do Atualismo ou das Causas Atuais
Pode explicar-se o passado a partir do que se observa no presente.

• Os fenómenos geológicos existentes na atualidade são idênticos aos que


ocorreram no passado;
• Os acontecimentos geológicos do passado, explicam-se através dos mesmos
processos naturais que se observam na atualidade;
• “ O presente é a chave do passado”.

Marcas de ondulação antigas registadas numa rocha. Marcas de ondulação numa praia, atualmente.
Princípio do Atualismo ou das Causas Atuais
“ O presente é a chave no passado”.

Fendas de dessecação ou fendas de


Marcas das gotas da chuva – muitas vezes retração – estas fendas, que frequentemente
patentes em rochas antigas, com aspeto se observam em terrenos argilosos atuais,
idêntico ao que acontece na atualidade. aparecem muitas vezes conservadas em
rochas antigas.
Datações absolutas
A datação absoluta permite estimar a idade das rochas em milhões de anos
(M.a.).
A técnica mais rigorosa para determinar a idade absoluta é a datação
radiométrica ou isotópica.

Esta técnica baseia-se na desintegração regular de isótopos radioativos naturais presentes


nas rochas.
-potássio (K-40)
-rubídio (Rb-87)
-urânio (U-235 e U-238)
-carbono (C-14)
Datações absolutas
Os isótopos são átomos do mesmo elemento químico, com números de massa diferentes e
números atómicos iguais (átomos em que o número de protões é diferente do número de
neutrões) . A diferença está no número de neutrões.

O mesmo elemento químico (carbono, por exemplo), pode ter no núcleo do átomo:
Datações absolutas
Um mesmo elemento químico pode apresentar-se:
 com igual número de protões e de neutrões, que é a forma mais abundante e representa,
geralmente, cerca de 95 a 99% desse elemento;
 com diferente número de protões e de neutrões, que é uma forma sempre minoritária,
mas estável;
 com diferente número de protões e de neutrões, que é uma forma também minoritária,
mas instável, estando em constante transformação.
Datações absolutas

Os isótopos radioativos desintegram-se espontaneamente e a uma velocidade


constante.
A velocidade varia de elemento para elemento mas não é afetada por condições
ambientais, como a temperatura ou a pressão.
Aos isótopos instáveis é comum chamar-se isótopos-pai e os átomos que
resultam da desintegração são designados isótopos-filho.
Datações absolutas
O tempo necessário para que metade dos isótopos-pai se transforme em isótopos-
filho é chamado tempo de semivida ou de semitransformação.
O período de semivida de um par de isótopos é sempre igual.
A desintegração é irreversível: o isótopo-pai não volta a adquirir as propriedades
iniciais.
Datações absolutas
No final de um período de semivida, 50% dos isótopos-pai já foram
transformados em isótopos-filho.
Datações absolutas
No final do 2º período de semivida, metade da metade que restou (¼) do nº
original de isótopos-pai ainda permanecem na rocha... No 3º período de semivida
1/8 e assim por diante!
Basta conhecer o período de semivida e o nº de isótopos-pai e filho existentes na
rocha para que se possa calcular o tempo decorrido desde que o processo de
.
desintegração se iniciou.
A relação isótopo-pai/ isótopo-filho permite determinar a idade da rocha.
EXERCÍCIO
1.Supondo que uma semivida corresponde a 4 Milhões de Anos, calcule a idade
da rocha no processo 4.
2.Se a idade da rocha no processo 3 fosse de 10 Milhões qual seria o tempo de
semivida?
EXERCÍCIO - resolução
1. No processo 4 a rocha possui 3 semividas logo a sua idade será
3x4M.a.=12M.a.
2. Sabemos que a rocha no processo 3 tem 10M.a. E que em termos de semividas
já passaram 2 semividas –10M.a./2=5M.a.
Se quisermos datar uma rocha que pensamos ser muito antiga, deveremos
escolher um átomo-pai com um tempo de semivida elevado, como, por
exemplo, o potássio-40.
Se quisermos datar uma rocha que julguemos ser de um período relativamente
recente, deveremos optar por um átomo-pai com um tempo de semivida
reduzido, como, por exemplo, o carbono-14.

Estes métodos de datação são mais eficazes quando aplicados a rochas magmáticas. Na
datação de rochas metamórficas e de rochas sedimentares, estes métodos apresentam
algumas limitações.
•Qual o período de semivida do isótopo X?
1M.a. (1 semivida)
•Qual a idade de uma rocha em que a proporção de isótopos X/Y é 25/75?
2 M.a. (2 semividas)
•Numa rocha com 4 M. a., qual a proporção de isótopos X/Y?
93,25%/6,25% (4 semividas)
Datações absolutas
Questão: Qual o melhor isótopo para datar rochas jovens?
Resposta: O C-14 pois tem o tempo de semivida mais curto.

Se a rocha for “velha” e a taxa de decaimento for rápida, os isótopos-pai já se


transformaram quase todos em isótopos-filho: sabemos que o relógio isotópico
parou, não sabemos é há quanto tempo isso aconteceu!

Questão: O Carbono-14 é muito usado na arqueologia e é o ideal para datar


fósseis ou quaisquer outros resíduos orgânicos... Porquê?

Resposta: Todos os seres vivos contém carbono. Ele é absorvido pelos seres
fotossintéticos e daí segue por toda a cadeia alimentar! Quando os seres morrem
inicia-se o decaimento! E a arqueologia estuda eventos recentes –interessam
isótopos com menor tempo de semivida!
Datações absolutas
Datações absolutas

As rochas magmáticas costumam


conter muitos isótopos radioativos
diferentes.
A solidificação das rochas
magmáticas dá-se bruscamente, o que
tem uma consequência feliz: todos os
relógios de um dado fragmento de
rocha são calibrados em simultâneo.
Apenas as rochas ígneas
proporcionam bons relógios
radioativos!
Em teoria, o método da datação radiométrica é simples, mas difícil de pôr em prática,
porque as concentrações de isótopos radioativos presentes nas rochas são muito baixas e
difíceis de avaliar com precisão.
Os resultados podem também não ser significativos se o isótopo-pai presente na rocha
se juntar a outro isótopo após a formação ou se o isótopo-filho tiver podido escapar da
rocha.
São necessários testes muito sofisticados para assegurar que nada disto tenha
acontecido.
Datação das rochas e idade da Terra

Datação absoluta

Datação relativa Datação absoluta

• Não permite obter uma idade • Tecnologicamente complexa.


numérica. • Depende da incorporação de isótopos
Limitações • A erosão dos estratos e do radioativos instáveis em minerais.
conteúdo fóssil limita o uso da • Mais complexa de aplicar a rochas
datação relativa. sedimentares.

• Aplica-se com mais facilidade a • Permite obter uma idade numérica.


rochas sedimentares, em especial • Pode ser aplicada em rochas
Vantagens as que contêm abundante registo magmáticas e metamórficas.
fóssil.
A escala do tempo geológico
Combinando técnicas de datação absoluta e A escala do tempo geológico, ou escala
de datação relativa, os geólogos estratigráfica, baseia-se na seriação
determinaram a sequência cronológica dos cronológica dos acontecimentos que
acontecimentos que marcaram, ao longo marcaram a História da Terra, deste a sua
dos tempos, a história da Terra. A partir formação até à atualidade.
desta sequência construíram a escala de Nela, as divisões da 1ª ordem são
tempo geológico. designadas EON.
A escala do tempo geológico

Esta escala está


graduada em divisões
de várias ordens: eon,
era, período, época e
idade.
A escala do tempo geológico
As eras em que se divide a história da Terra são: Pré-Câmbrica, Paleozóica,
Mesozóica e Cenozóica.
A transição de eras corresponde a períodos marcados por grandes extinções.
A extinção de uma espécie verifica-se quando esta desaparece sem deixar
descendentes, pelo que a linha evolutiva poderá ser quebrada deixando de ter
continuidade.
A escala do tempo geológico

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