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Datação das rochas e idade da

Terra

Biologia e Geologia
10.o ano
Conceitos prévios

Estratigrafia – ramo da Geologia que estuda os estratos.

Paleontologia – ramo da Geologia que estuda os fósseis.

Estrato – conjunto diferenciado de rochas sedimentares com


características e com registos fósseis distintos de outras camadas
que as podem preceder ou suceder.
QUAL A IDADE DA TERRA??

A Terra terá uma idade aproximada de 4600 milhões de anos


(M.a.).
Na tentativa de representar o decorrer do tempo geológico, a
geologia desenvolveu métodos de datação das rochas e de
interpretação da informação nelas contida, nomeadamente no que
se refere aos estratos sedimentares e aos fósseis.
Datação relativa e datação absoluta
Datação relativa

• A idade relativa foi a primeira a ser utilizada.

• Não depende de conhecimentos tecnológicos.

• Permite estabelecer a sucessão temporal das


rochas numa determinada região.

• Efetua-se com base em princípios de


estratigrafia ou em fósseis de idade.
Datação relativa  Princípios da
estratigrafia
Princípio da horizontalidade inicial

• Definido por Nicolau


Steno, que refere
que a deposição dos
sedimentos ocorre
numa posição
horizontal ou perto
desta.
Qualquer fenómeno que altere a horizontalidade das camadas é
sempre posterior à sedimentação.
Princípio da continuidade lateral
É possível estabelecer correlações entre sequências sedimentares de
locais distintos, mesmo quando afastadas vários quilómetros.

Se em dois locais afastados existirem


sequências de estratos iguais, podemos
admitir que se formaram na mesma
altura. A interrupção na continuidade
dessas camadas pode ser devida à
erosão ou à ação humana.
Princípio da sobreposição
Numa sucessão de estratos não deformados, um estrato é
sempre mais recente do que aquele que lhe serve de base
e mais antigo do que aquele que o cobre.
As falhas e o dobramento dos materiais
podem dificultar o uso da sobreposição
do estratos, colocando estratos mais
antigos por cima dos mais recentes,
sendo frequente nos Alpes.
Princípio da identidade paleontológica
Estratos de diferentes locais têm a mesma idade,
desde que possuam o mesmo conteúdo fóssil.

Relativamente à figura, podemos concluir que os estratos C, F e M terão a mesma


idade, pois apresentam o mesmo fóssil de amonite e, por sua vez, os estratos J e P
também têm a mesma idade, uma vez que ambos apresentam um mesmo fóssil
de trilobite.
Princípio da inclusão
Fragmentos de rochas incorporados numa rocha são mais
antigos do que a rocha que os engloba.

Mais antigo

Mais recente
Princípio da interseção
Estruturas geológicas (como as fraturas, as falhas,
os filões e as intrusões magmáticas) que intersetam
outras, são mais recentes que estas.
Aplicando o Princípio da Interseção à figura, podemos
estabelecer a seguinte sequência cronológica para os factos
que se observam:
1.º Deposição dos estratos A, B, C e D.
2.º Instalação/intrusão do filão H.
3.º Deposição dos estratos E, F e G.
Como estabelecer a idade das formações rochosas?

3 Posteriormente à erosão
ocorreu um novo ciclo de
sedimentação com
formação de novos
estratos

2 Superfície irregular
mostra erosão da
sequência de estratos.

1 Sequência de estratos
mostra ciclo de
sedimentação
e posterior deformação
Como estabelecer a idade das formações rochosas?

2 Rocha basáltica,
mais recente,
resultante da solidificação
de escoada lávica

1 Formação rochosa
mais antiga
com erosão da superfície
Como estabelecer a idade das formações rochosas?

1 Terraços antigos,
anteriores à instalação
do rio

2 Erosão dos solos


pelas águas do rio

3 Depósitos recentes,
pela acumulação de sedimentos
com origem na erosão das vertentes
e no transporte pelo rio
O estrato mais recente é o F e o mais antigo é o A. Quanto mais
profundo estiver o estrato mais antigo é.
Esses acidentes são posteriores à deposição das camadas
sedimentares. Quando as camadas se formam, ocupam uma posição
horizontal, logo qualquer acidente que altere essa deposição é
posterior. A falha, ao afetar a disposição das camadas é posterior à
sua deposição.
- Deposição dos sedimentos em camadas/estratos pela ordem A, B, C, D, E, F.
- Dobramento das camadas formadas.
- Instalação de uma intrusão magmática e formação de um filão.
- Ocorrência de falhas devido à atuação de forças sobre as rochas.
As falhas podem alterar o Princípio da Sobreposição dos estratos e as dobras
afetam a horizontalidade dos estratos.
Importância dos fósseis na
datação relativa de rochas
• Os fósseis são restos
ou vestígios de
organismos que
viveram no passado
mas ficaram
preservados,
geralmente em rochas
sedimentares.
• Ossos, conchas,
carapaças, dentes,
ovos ou pegadas são
exemplos de fósseis.
Datação relativa  Fósseis de idade
Permitem determinar a idade das rochas que os contêm.
Nem todos os fósseis possuem as características ideais para
datações relativas dos estratos.
Fósseis de idade
Trilobites – viveram no
Paleozóico Amonites – viveram no
Mesozóico
Atividade da página 68
1. Posição horizontal.
2. A formação dos estratos da série inferior ocorreu por deposição e diagénese de sedimentos
que originaram rochas sedimentares consolidadas. Essas rochas foram posteriormente
deformadas, tendo sofrido metamorfismo.
3. A deposição de sedimentos, a erosão e a deformação dos estratos.
4. C – D – E – A - B
5. Entre a série inferior e a superior existe uma superfície de erosão (descontinuidade), o que
deixa supor que pode ter havido destruição de algumas das camadas que se tenham
depositado ou que não tenha ocorrido deposição de novas camadas, uma vez que estes
terrenos estariam emersos. Desta forma, entre as duas séries existe um lapso temporal com
cerca de 90 Ma, não havendo registo da História geológica correspondente.
Datação absoluta ou radiométrica
Datação absoluta
• Uma rocha, quando se forma, adquire sempre uma certa quantidade de isótopos
radioativos (U, K, C, etc). Com o passar do tempo, estes isótopos tornam-se instáveis e
vão-se desintegrando, transformando-se em átomos estáveis. Há desintegração
radioativa.
• Os isótopos instáveis são chamados isótopos-pai.
• Os átomos estáveis que resultam da desintegração são designados isótopos-filho.
À medida que o magma arrefece e se inicia a
cristalização, apenas os isótopos-pais são
incorporados em certos minerais, como o zircão.

Os isótopos-filhos presentes no zircão


resultaram do decaimento do isótopo-pai.
Datação absoluta
O tempo necessário para que metade dos isótopos-pai
se transforme em isótopos-filho é chamado de tempo de
semivida.
• Quando a rocha se forma tem:
100% Isótopo pai e 0% Isótopo filho

• A rocha com 1 semivida tem:


50% Isótopo pai e 50% Isótopo filho

• A rocha com 2 semividas tem:


25% Isótopo pai e 75% Isótopo filho

• A rocha com 3 semividas tem:


12,5% Isótopo pai e 87,5% Isótopo filho

No decaimento radioativo, a velocidade de conversão de átomos-pai


(instáveis) em átomos-filho (mais estáveis) é constante / regular.
Rocha antiga Rocha recente
- isótopo-pai + isótopo-pai
+ isótopo-filho - isótopo-filho
Razão isótopo-pai/isótopo-filho:
Isótopo-pai – Isótopo-pai +

Isótopo-filho + < Isótopo-filho –

Razão isótopo-filho/isótopo-pai:
Isótopo-filho + Isótopo-filho –

Isótopo-pai –
> Isótopo-pai +
Cálculo da idade absoluta

Espectrómetro de Massa

• Quando se pretende determinar a idade de uma rocha ou de um


mineral, deve-se começar por determinar a percentagem de
isótopos-pai e de isótopos-filho presentes nessa rocha ou mineral.
• Posteriormente, determina-se o número de semividas que a rocha
ou mineral possui.
• Conhecendo o tempo de semivida do isótopo radioativo, isótopo-
pai que está a ser usado, chegar-se-á a um valor para a idade dessa
rocha.
Datação absoluta
O sistema isotópico Hf-W (háfnio-tungsténio) caracteriza-se
por ter um período de semivida de 9 Ma, logo, o tempo
necessário para a desintegração de 75% de háfnio é

(A)36 M.a.
(B)18 M.a.
(C)13,5 M.a.
(D)9 M.a.
As rochas vulcânicas submarinas mais antigas apresentam,
para um determinado elemento _______, uma razão de
isótopos-pai/isótopos-filho _______ do que as rochas
vulcânicas submarinas mais recentes.

(A) instável … maior


(B) instável … menor
(C) estável … maior
(D) estável … menor
Questões da página 70

1. No final de três semividas, a


quantidade de isótopo-pai é 12,5% e
a de isótopo-filho é 87,5%.

2. São necessários dois tempos de


semivida, o que corresponde a 2600
milhões de anos.
Atividade da página 71
1. Isótopo-pai, samário, pois ainda não decorreu uma semivida.
2. Obter uma amostra não alterada dos granulitos; quantificar os teores de isótopo-pai e isótopo-
filho; estabelecer a razão entre os dois isótopos; determinar a idade com base no tempo de
semivida.
3. As rochas que originaram os granulitos são anteriores à colisão dos continentes que deram
origem ao supercontinente Rodínia, uma vez que os granulitos se formaram em consequência
do metamorfismo resultante da colisão.
4. Os granulitos de Bragança formaram-se por metamorfismo a grandes profundidades e, por
isso, raramente são expostos à superfície.
5. Os granulitos permitem reconstituir as condições de pressão e de temperatura a que as rochas
foram sujeitas aquando da sua génese e permitem datar a formação do supercontinente
Rodínia. Desta forma, é necessária a sua preservação, de forma a permitir a reconstituição da
história geológica regional.
1- Com o passar dos anos diminui a concentração de IP e aumenta a de IF.
2- 1,26x109 anos
3.1- Realizaria uma quantificação dos dois isótopos e somaria a concentração do IP e do IF para obter a
concentração inicial de 40K
3.2- Comparando a concentração inicial de IP com a concentração atual, e com base no tempo de semivida, é
possível determinar a idade da amostra (fóssil).
3.3- 2,52x109 anos
4- Permite obter uma datação fiável.
Limitações da datação absoluta
• Pode ser usado em datações das rochas magmáticas (quando o magma inicia o processo
de cristalização, transfere para os seus cristais uma certa quantidade de isótopos-pai
radioativos; a quantidade de isótopos-filho é nula).

• Relativamente às rochas metamórficas e sedimentares, não fornece a idade da sua


génese, pois os seus constituintes minerais provêm de rochas pré-existentes.

• As rochas metamórficas resultam de modificações, devidas a pressão e temperatura,


sofridas por outras rochas, o metamorfismo que as afetou não elimina os átomos-filho
que elas possam conter nesse momento e, dessa forma, obtém-se uma idade superior à
que deveria corresponder à última fase de metamorfismo.
Datação relativa Datação absoluta

• Não permite obter uma idade • Tecnologicamente


numérica. complexa.
Limitações • A erosão dos estratos e do • Depende da incorporação
conteúdo fóssil limita o uso da de isótopos radioativos
datação relativa. instáveis em minerais.
• Mais complexa de aplicar
a rochas sedimentares e
metamórficas.

• Aplica-se com mais


facilidade a rochas • Permite obter uma idade
sedimentares, em especial as numérica.
Vantagens que contêm abundante registo • Pode ser aplicada em
fóssil. rochas magmáticas.
MEMÓRIA DOS TEMPOS
GEOLÓGICOS
Escala do tempo geológico

• A Terra tem 4600 M.a


• A Escala de Tempo Geológico
é dividida em grandes
intervalos de tempo,
designados EONS.
• Os éons dividem-se em ERAS.
• As Eras dividem-se em
PERÍODOS.
• Os períodos dividem-se em
ÉPOCAS.
As divisões na escala geológica surgem devido a acontecimentos
como extinções em massa ou o aparecimento de novas espécies.

Fenómenos geológicos:
•queda de meteoritos
•vulcanismo intenso
•atividade tectónica

provocam

•alterações climáticas profundas


•regressões marinhas (descida do
nível dos oceanos) ou transgressões
marinhas (subida do nível dos
oceanos)
•anóxia (redução significativa dos
níveis de oxigénio nos oceanos)
Questões da página 73

1. Final do Pérmico.
2. Paleozoico.
3. Após uma extinção
em massa, a
biodiversidade
tende a aumentar
de forma
significativa.
Extinção dos dinossauros

Extinção de muitas espécies


marinhas

Expansão da vida marinha


O aparecimento
dos primeiros
organismos
fotossintéticos – as
cianobactérias –
levou ao início da
acumulação de
oxigénio nos
oceanos e na
atmosfera.
As cianobactérias
fossilizaram em As rochas mais
estromatólitos, antigas que se
estruturas conhecem
sedimentares localizam-se na
resultantes da Gnaisse de Acasta,
Gronelândia, na
Canadá, com idade a
acumulação de Austrália e no apontar os 4000 Ma.
cianobactérias e Canadá. Imagem de Emmanuel Douzery,
Estromatólito com idade compreendida entre 3600 e Obra própria, CC BY-SA 4.0
sedimentos finos. 3200 Ma, Austrália.
No
Proterozoico,
a Terra
chegou a
estar
praticamente
coberta de
gelo, exceto
em algumas
O registoregiões
fóssil do
do Pré-Câmbrico é
muito reduzido,
equador.destacando-se a
fauna de Ediacara, com 600 Ma.
No Paleozoico
ocorreu a
diversificação rápida
dos seres
multicelulares com
revestimento e
partes duras, que
favoreceram a
fossilização,
destacando-se as
trilobites.

Fóssil de
trilobite do
Silúrico
(Dalmanites
limulurus)
No Mesozoico ocorreu a
diversificação dos dinossauros, o
Esqueleto de aparecimento dos primeiros
Triceratops no mamíferos e a diversificação das
Museu de História plantas com flor.
Natural de Los
Angeles, EUA.
No Mesozoico ocorreu a
diversificação dos
dinossauros, o aparecimento
dos primeiros mamíferos e a
diversificação das plantas
com flor.
Atividade da página 76
1. Final do Pérmico - vulcanismo muito intenso; final do Cretácico – impacto de um meteorito
de grande dimensão.
2. Doc.1 – final do Pérmico, marcando também o fim da Era Paleozoica; Doc. 2 – extinção em
massa do final do Cretácico, que marca o fim da Era Mesozoica.
3. De acordo com o registo fóssil, as trilobites tiveram uma dispersão geográfica alargada,
restrita à Era Paleozoica (desde o Câmbrico até ao final do Pérmico). Assim, a presença de
fósseis de trilobite nas rochas, identifica que estas se formaram na era Paleozoica.
4. A extinção do final do Cretácico ocorreu há 66 Ma e a do final do Pérmico, há cerca de 250
Ma. Desta forma, existem mais registos nas rochas para estudar a extinção do final do
Cretácico, pois as rochas sofrem reciclagem no ciclo das rochas, destruindo os registos mais
antigos.
PARA
PARAPRATICAR
PRATICAR
1. Selecione a opção correta.

Para um mesmo isótopo radioativo, quando se comparam granitos mais antigos com

granitos mais recentes, é de esperar que

a. o período de semivida do isótopo-pai seja menor nos granitos mais recentes.

b. a razão isótopo-pai/isótopo-filho seja maior nos granitos mais antigos.

c. o período de semivida do isótopo-pai seja maior nos granitos mais recentes.

d. a razão isótopo-pai/isótopo-filho seja menor nos granitos mais antigos.


2. Selecione a opção correta.

A presença de fósseis de trilobites em estratos sedimentares do período Ordovícico da era

paleozoica permite determinar a idade _________ dessas rochas, pois estes seres tiveram

uma reduzida distribuição _________.

a. absoluta […] geográfica

b. relativa […] geográfica

c. absoluta […] estratigráfica

d. relativa […] estratigráfica


3. Selecione a opção correta.

Os isótopos-filhos

a. são menos radioativos do que os isótopos-pais.

b. decrescem com o tempo.

c. só são encontrados em rochas metamórficas.

d. são sempre mais pesados do que os isótopos-pais correspondentes.


Exercícios das páginas 80 a 83
 Realiza os exercícios do
caderno de atividades –
páginas 22 a 25

 Efetua autocorreção e
esclarece as dúvidas com a
professora

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