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PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA, MEIO AMBIENTE E HISTÓRIA

FABIANA FERREIRA

ENTRE RIOS, SAVANAS, DESERTOS E MONTANHAS: HISTÓRIAS DOS


MINERAIS NO CONTINENTE AFRICANO

SÃO PAULO
2022
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA, MEIO AMBIENTE E HISTÓRIA

FABIANA FERREIRA

ENTRE RIOS, SAVANAS, DESERTOS E MONTANHAS: HISTÓRIA DOS


MINERAIS NO CONTINENTE AFRICANO

Monografia apresentada à Faculdade Serra


Geral, como requisito para obtenção do título
de pós-graduação em Geografia, Meio
Ambiente e História, sob orientação da
professora Carolina Martins.

SÃO PAULO

2022
EPÍGRAFE

Prefiro acreditar na poesia a crer nos


políticos

Entro no tempo e abro uma janela no chão


da memória

A janela do meu quarto é a melhor e a maior


vista do mundo

Eu vivo em poesias

Viver em poesia é saber dançar com


palavras e sonhos

O que me dói nesta minha África

É ver alguma parte dela que vai deixando de


ser África

Vivo longe dos africanos que estão se


tornando ocidentais

Vivo próximo dos africanos originais

África, sinto-te aqui no meu coração

África é para ti minha dedicação

África és magia que inunda minha vida

Minha poesia se abre para teu olhar

O inimigo pode roubar todas as grandezas e


riquezas da África

Mas o inimigo jamais poderá roubar

A beleza do meu sonho africano

(Morgado Mbalate)
RESUMO

As gemas são minerais belos e atrativos que a humanidade vem utilizando desde a
antiguidade, a grande variedade delas encontradas na natureza, pode ser
considerado um presente divino para aqueles que são apaixonados por elas. Suas
cores provocam sensações e emoções, seu brilho e estrutura cristalina encantam e
fascinam o homem há milhares de anos. A quem defenda que a procura por ouro e
pedras preciosas foi um dos fatores responsáveis para a difusão da civilização. A
gema mais antiga que se tem registro é a esmeralda, encontrada pela primeira vez
no subsolo do inóspito e fumegante deserto a 900 quilômetros ao sul da cidade de
Cairo, hoje em dia essas jazidas não têm mais produção e é citada apenas como
referência histórica. Nas profundezas das colinas do monte de Kilimanjaro, ponto
mais alto do continente africano, localizado no norte da Tanzânia, cercado por uma
planície de savanas e habitado pelo grupo étnico massai, encontra-se uma da mais
bela, rara e cobiçada gema, a tanzanita, descoberta em 1967, foi batizada por Henry
Platt e é encontrada somente no continente africano. Além dela, é o território
africano palco de outras raridades geológicas como a marroquina e a jeremejewita,
cristais alongados oriundos de Erongo na Namíbia, terra das baunilhas e das
lêmures.

Palavras-chaves: aspectos geográficos, continente africano, minerais, pedras


preciosas.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa do vale da grande fenda ............................................................10

Figura 2: Ruínas do Grande Zimbábue................................................................12

Figura 3: Monte Kilimanjaro..................................................................................16

Figura 4: Templo antigo na encosta, entrada da mina de Gebel Sikait, Egito......22

Figura 5: Rocha de kimberlito...............................................................................25

Figura 6: Animais típicos da ilha de Madagascar: lêmure e fossa........................29

Figura 7: Orquídea/baunilha.................................................................................30

Figura 8: Avenida dos baobás..............................................................................30

Figura 9: Fragmentos de tanzanita.......................................................................32


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................7
1.1 JUSTIFICATIVA..........................................................................................9
2. ÁFRICA: O BERÇO DA HUMANIDADE........................................................10
2.1 OS POVOS DO VALE DA GRANDE FENDA...........................................13
2.2 ÁFRICA CENTRAL OCIDENTAL: ONDE PULSAVA O CORAÇÃO……14
2.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ÁFRICA.............................................15
3. AS PEDRAS PRECIOSAS NA ANTIGUIDADE............................................18
3.1 PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE GEMAS ................................19
3.2 O EGITO E A DESCOBERTA DAS ESMERALDAS.................................21
3.3 A HISTÓRIA DOS DIAMANTES...............................................................23
3.3.1 OS DIAMANTES NO CONTINENTE AFRICANO..........................26

3.4 A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO E O COLTAN...................27

4. AS PECULARIDADES DA ILHA DE MADAGASCAR .................................29


4.1 TANZANITA: O TESOURO AZUL DA ÁFRICA .......................................31
4.2 OUTRAS GEMAS RARAS DO CONTINENTE AFRICANO ....................32
5. METODOLIGIA...............................................................................................34
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................36
7. CONCLUSÃO.................................................................................................37
REFERENCIAS..............................................................................................38
1.INTRODUÇÃO

Os minerais são as principais fontes de matérias-primas responsáveis pelo


desenvolvimento da humanidade. Primeiro foi o sílex que o homem primitivo
escolheu para criar as primeiras armas, ferramentas e objetos pessoais, seguiu-se o
ferro, o cobre, substancias de origem mineral como o carvão, restos fossilizados de
plantas que existe há milhões de anos, além do gás e do petróleo, marcando cada
uma delas, períodos distintos da história da humanidade (SVIZZZERO, 2006).

É certo que aproximadamente 4000 anos a.c. os egípcios já utilizavam metais


como o ferro, o cobre e a prata para confeccionar coroas, joias, armas e
instrumentos de proteção. Ao longo da história, foram registradas inúmeras batalhas
e guerras por disputa pelos territórios que continham minerais como o ouro, o
diamante e a esmeralda (LIMA, 2015).

A importância dos minerais no desenvolvimento da tecnologia humana


durante a pré-história vai além da fabricação de ferramentas, armas e
recipientes, abrange também a construção de moradias, onde o barro
substituía o gesso. Monumentos como as pirâmides do Egito exigiram
grandes quantidades de rochas graníticas duras ou de quartzito. Os
minerais forneciam também os pigmentos para as pinturas rupestres. Mas
foi o ferro o minério de maior importância para o desenvolvimento da África
no fim da era pré-histórica (SILVÉRIO, 2013 p.82-83).

A África é um continente imenso, com muitos povos, etnias, nações, muita


diversidade cultural e milhares de habitantes que falam diversas línguas. Mas essa
diversidade guarda aspectos compartilhados, que tem raízes nos tempos remotos de
suas origens (NASCIMENTO, 2007).

As fases férteis do Saara e sua lenta transformação em deserto provocaram


migrações e intercâmbios entre seus habitantes e vizinhos. Seguiam
populações em direção ao leste, nordeste, norte e sul, onde se misturavam
aos povos locais. Assim, do Saara e do Sudão difundiam-se elementos
culturais e simbólicos, bem como instituições e atitudes sociais, comuns a
povos africanos geograficamente muito distantes entre si. O domínio da
tecnologia do ferro se integra a esses fluxos, formando um fator de
desenvolvimento comum entre os povos do continente (NASCIMENTO,
2007 p. 15).

As pedras preciosas encantam e fascinam a humanidade desde os tempos


mais remotos, prova disso foi seu uso na antiguidade. Através de escavações
arqueológicas, foram encontradas conchas do mar Vermelho e do mar Mediterrâneo
nas aldeias pré-históricas do Egito. E, em alguns túmulos desse mesmo país, são

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encontrados, em quantidade cada vez maiores malaquita, ametista e turquesa
(CHILDE, 1981).

Os egípcios valorizavam a malaquita pela sua propriedade mística, o ouro e


as pedras brilhantes encontradas no deserto como a cornalina, a opala e a ágata,
bem como as pedras consideradas mais raras, como a turquesa e o lápis-lazúli eram
valorizadas não só por sua cor ou beleza, mas também porque acreditavam nos
poderes mágicos delas (CHILDE, 1981).

Por falar em Egito, o país é considerado o berço das esmeraldas, pois foi em
seu território, que há aproximadamente 5 mil anos que elas foram descobertas. As
esmeraldas eram sagradas para o povo egípcio, além de símbolo da imortalidade
eram utilizadas em cerimonias religiosas (CARVALHO, 2012).

A África do Sul é um dos maiores produtores de gemas naturais e de


diamante do planeta. A maioria dos diamantes são encontrados em rochas de
kimberlito, nome que vem de Kimberley, cidade sul-africana (SVIZZERO, 2010).

Além das esmeraldas e dos diamantes, o continente africano é rico em pedras


preciosas. Algumas rara e pouca conhecida, outras apresentam registro somente em
uma determinada localidade, como a burangaíta, gema de cor verde azulada
encontrada em Ruanda, a jeremewita, cristais azuis alongados procedente de
Erongo, na Namíbia e a tanzanita, variedade de zoisita azul encontrada somente na
Tanzânia, precisamente, no vale do monte Kilimanjaro.

O homem sempre foi atraído pela beleza dos cristais, durante séculos
acreditou-se que os cristais de rocha, variedade do quartzo, fosse um gelo que não
derretia. Cada cristal difere um do outro devido às condições em que se desenvolve.
Em Marrocos é encontrado a marroquita, cristais de cor preta associada a calcita
(SYMES, 1990).

No decorrer deste estudo, será apresentado a história de alguns minerais e


sua relação com o continente africano, entre eles, o diamante, símbolo de poder
usado por reis, rainhas e mandatários, a esmeralda que muito encantou a rainha
Cleópatra e algumas gemas raras e ainda pouco conhecida, além de apresentar
breves apontamentos da história da África e alguns aspetos geográficos desse
imenso e fabuloso continente, palco de grandes civilizações e exuberantes impérios.

8
1.1 JUSTIFICATIVA

A história da África é tão antiga quanto à da humanidade, mas somente nos


últimos tempos começou a ser difundida no mundo acadêmico. A academia, em sua
grande maioria comprometida com o euro centrismo histórico, pouca atenção
prestava sobre o continente negro, a não ser a partir do momento em que este
entrou no contexto europeu. Por muito tempo, alegou-se a falta de estudos sobre a
África, devido à ausência de uma literatura escrita em português, o que em parte é
verdade, pois a maior parte dos escritos africanos provem do árabe e francês
(ASSUMPÇÃO, 2008 p. 29).

Mas isso começou a mudar no Brasil com a implementação da Lei nº


10639/2003 que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo
no currículo acadêmico os conteúdos referentes à História e Cultura Africana e Afro-
brasileira, assim como determinou o dia 20 de novembro como o dia da Consciência
Negra.

A promulgação da Lei nº 10639/2003 foi um marco no cenário da educação


brasileira. Depois de anos de luta, persistência e resistência dos grupos que formam
o movimento negro brasileiro, a história e cultura africana e afro-brasileira se tornou
obrigatória na educação básica.

Estudar a história da África e de seus povos é de fundamental importância,


uma vez que a formação da nossa sociedade, assim como a nossa cultura está
relacionada a presença dos africanos aqui no país.

E como menciona o portal Geledes, reconhecer a presença africana amplia a


nossa concepção de mundo e permite perceber aspectos das relações entre povos e
regiões do planeta ao longo do tempo, por nós ainda pouco conhecidos e
compreendidos. Tal aprendizado ilumina nosso entendimento sobre processos
históricos e dinâmicas sociais que a negação secular da história africana nos
currículos escolares e universitários no Brasil nos levou a não perceber e, por
consequência, interpretar de forma equivocada.

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2. ÁFRICA: O BERÇO DA HUMANIDADE

A África é um imenso território que abriga milhares de etnias e culturas


distintas. Possui uma população de aproximadamente 600 milhões de habitantes
que falam diversas línguas. Geograficamente, o deserto do Saara provocou uma
divisão natural do continente em duas partes totalmente desiguais em extensão
territorial. Na África do Norte está o Egito, a Líbia e os países do Magreb, que são o
Marrocos, Argélia e a Tunísia. Já a África subsaariana abriga todos os povos países
da parte ocidental, oriental, central e austral (MUNANGA, 2009).

A ideia da África dividida pelo Saara presume que o deserto seja uma
barreira quase intransponível. Mas o fluxo de viajantes, migrantes e
comerciantes atravessando o Saara criou um intercambio ativo e constante
entre os povos do Norte e do sul do deserto (NASCIMENTO, 2007 p. 20).

Para muitos estudiosos a África é o berço da humanidade, isto é, região onde


apareceu os primeiros ancestrais do homem. Trata-se de uma história que começou
no vale da Grande Fenda há milhares de anos. Esse vale atravessa três países:
Tanzânia, Quênia e Etiópia. Seu fundo é marcado por lagos e vulcões em diferentes
graus de extinção, é também, repleto de sítios arqueológicos rico em fosseis
remanescentes dos nossos ancestrais, foi desse lugar que homens e mulheres
partiram para povoar o próprio continente e as outras regiões do planeta
(MUNANGA, 2009).

Figura 1: Mapa do Vale da Grande Fenda

Fonte: brainly, 2021.

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Além de dar à luz a humanidade, a África foi também palco da primeira
grande revolução tecnológica da história humana: a passagem da existência
como caçador e apanhador de frutos silvestres para a prática da agricultura.
A prática da agricultura no vale do rio Nilo existia há 18 mil anos e na região
do Saara, antes de virar deserto, desde há sete mil anos. Cultivava-se mais
de vinte e cinco espécies no vale do rio Níger àquela época (NASCIMENTO,
2007 P. 14).

Na antiguidade, a África apresentou uma enorme diversidade de povos e


culturas. Provavelmente, a mais conhecida foi a egípcia, mas por volta de 1700 a.c.
num território que correspondia ao atual Sudão, desenvolveu-se uma das mais
autentica civilização africana, a cuxita ou Império de Kush. Ponto estratégico para o
comercio entre os povos do deserto do Saara, do leste da África e do Mediterrâneo
sua economia era baseada no comercio de pedras preciosas, madeira, pele e
marfim, além da produção agrícola (FARIAS, 2014).

A riqueza do império atraiu a cobiça dos faraós do Egito que o conquistaram


por volta do ano de 1530 a.c. Durante 500 anos, as terras de Kush ficaram sob o
domínio egípcio. A partir do século III d.C. o império entra em declínio, dando lugar a
povos nômades. Sua maior contribuição foi a disseminação da metalurgia no
continente africano (MUNANGA, 2009).

Num território que ultrapassa os limites da atual Etiópia, floresceu uma outra
civilização africana: a civilização axumita. Como todas as civilizações, ela também é
produto de processo de evolução caracterizado pelas condições geográficas e
circunstancias históricas. Iniciou-se como um principado, e com o tempo tornou-se a
primeira província de um reino federal. Seus governantes tiveram a tarefa de unificar
o reino anexando os pequenos estados da Etiópia, sobre os quais impôs sua
hegemonia (MUNANGA, 2009).

Entre os séculos IX e XV, surgiram importantes reinos na região conhecida


como Sudão Ocidental, os quais ficaram famosos pelo controle das minas de ouro e
das rotas comerciais do norte do continente. Gana, um desses reinos, abrangia os
territórios do atual Mali e da Mauritânia, a riqueza de Gana estava na abundancia de
ouro encontrado no seu subsolo, a quantidade era tanta que a região ficou
conhecida como a Terra do Ouro (FARIAS, 2014).

Na região do atual Zimbábue, na África Oriental, o produto mais valioso era o


ouro, explorado desde o século XI. A riqueza e o poder resultantes do comercio de
ouro favoreceram a fundação, por volta do século XIII, do Grande Zimbábue, que

11
deixou imponentes vestígios arqueológicos da sua antiga prosperidade (MARZANO;
BITTENCOURT, 2013 p. 111).

Figura 2: Ruínas do Grande Zimbábue

Fonte: viajealpasado, 2011.

Originários do nordeste da Nigéria, o império de Songai era uma potência no


continente entre os séculos XV e XVI. Sua economia girava em torno da agricultura,
comercio, artesanato e exploração das minas de ouro e sal. As cidades bastante
populosas eram abastecidas pelas águas do rio Níger, tinham bibliotecas e as casas
eram de argila e madeira coberta de palha, os palácios e os templos eram feitos de
pedra (FARIAS, 2014).

Antes da chegada dos europeus, o continente africano possuía diferentes


formas de organização política que ia desde as sociedades descentralizadas
comandadas pelo conselho de anciões, as sociedades secretas de caráter mágico
religioso, reinos de diversos tamanhos até chegar aos grandes impérios que
controlavam extensos territórios (MARZANO; BITTENCOURT, 2013).

12
2.1 OS POVOS DO VALE DA GRANDE FENDA

Há milhares de anos, grande parte do Rift Valley como é chamado o vale da


Grande Fenda, comporta um aglomerado de diferentes povos, como os bantu,
hamíticos, nilóticos e nilo-hamítico. Alguns são caçadores, outros agricultores, mas a
maioria são pastores seminômades que dependem dos rebanhos de gado e de
cabras. Os massai, que vagam ao longo do vale entre o Quênia e a Tanzânia, são
talvez os mais conhecidos (WILLOCK, 1984).

Para que não se mantenha a ideia de uma África como um grande


caldeirão, em que todos que de lá saiam tinham uma única identidade, de
um lugar difuso e distante, será necessário saber o que é ser um bantu. A
maioria da população abaixo da região dos Camarões pertence aos povos
de língua bantu, mas, apesar de hoje serem majoritário, os bantu, quando
chegaram à região, encontraram outros povos, os bosquímanos. São
caçadores, muitos dos quais, no encontro com agricultores e metalúrgicos,
passaram pelo processo de integração ou tiveram que migrar para regiões
inóspitas, como o deserto do Kalaari e onde vivem até hoje (PANTOJA,
2011 p. 24)

Os bantu são povos que falam uma mesma língua, ou seja, utilizam o mesmo
tronco linguístico, fazem parte desse grupo inúmeros grupos étnicos existentes no
continente africano.

Willock (1984) relata que nas paisagens que envolve as margens do lago
Turkana, várias tribos etnicamente diferentes sobrevivem em suas áreas mais
remotas e inóspitas, de forma tão primitiva que parecem remanescentes da Idade da
Pedra.

A região do lago Turkana é um dos sertões mais duros e inclementes de


todo o Rift Valley embora possua muitos trechos belo. Pouca coisa cresce
ao longo da margem ocidental, estéril e arenosa, exceto onde uma rara
nascente de água doce brota e dá origem a um oásis de palmeiras
africanas. Poucos animais selvagens grandes sobrevivem ali. A margem
oriental é muito diferente. Trechos de junco verde vivido, atenuam um
áspero parapeito rochoso, onde zebras, órix, leões alcéfalos e kurus matam
sua sede (WILLOCK, 1984 p. 132-133).

As tribos que vivem ao longo das margens do lago Turkana, fazem uso de
técnicas de sobrevivência muitas vezes semelhantes às dos caçadores e coletores
primitivos. O atual meio ambiente da região não sustenta um grande número de
pessoas. Pois é uma área onde a chuva é irregular e os pastos escassos. Por isso, a
maioria das tribos foram obrigadas a se tornarem nômades ou seminômades,

13
mantendo o uso da terra em comum e somente os rebanhos restritos ao seu dono
(WILLOCK, 1984).

O lago se mantém razoavelmente doce graças ao rio Omo, que desagua


através de um dos deltas em suas águas. O local mais inóspito do rio Turkana é a
continuação do rio Omo, por cerca de seis quilômetros lago adentro, entre barrancos
e diques. Essa formação semelhante a um canal é construída pelo próprio rio Omo
(WILLOCK, 1984).

O delta e a zona de meandros se estendem até as fronteiras do Sudão e da


Etiópia e são ocupadas pelas tribos bume, desenech e mursi, que juntos, totalizam
aproximadamente seis mil habitantes. Já a margem oriental do grande lago pertence
aos povos nômades do deserto que descendem, na sua maioria, dos galla, maior
grupo étnico da região central e meridional da Etiópia. As margens ocidentais são
ocupadas pelos pastores nômades conhecidos como turkanas e na ponta meridional
habitam os el molo (WILLOCK, 1984).

2.2 ÁFRICA CENTRAL OCIDENTAL: ONDE PULSAVA O CORAÇÃO

Rios, florestas e savanas formam o cenário onde os povos da África Central


Ocidental desenvolveram suas mais espetaculares formas de vida. Inicialmente,
foram os caçadores e coletores, seguidos pelos agricultores, que se fixaram nas
terras férteis dos vales dos rios e das orlas das florestas (PANTOJA, 2011).

Os caminhos fluviais sempre serviram de verdadeiras estradas para os


povos dessa região africana. Foi por meio deles que o comercio se
disseminou e as rotas se alastraram pelo interior de savana, florestas e
desertos. A maioria dos rios da região da África Central Ocidental não são
completamente navegáveis, mas as viagens eram também de cabotagem e
as vias fluviais eram aproveitadas ao máximo, como conexão entre o interior
e o litoral atlântico (PANTOJA, 2011 p. 10)

A região da África Central Ocidental foi, durante longos períodos,


caracterizada pela sua grande dispersão populacional, mas contrastada por uma
forte unidade histórica, linguística e econômica. Seus fabulosos Estados, Kongo,
Lunda, Ndongo, Cuba, Loango, Tio, Boma e Vili são exemplos de genuína
organização social e cultural. A capacidade de adaptação e criatividade são traços
comuns das sociedades dessa região (PANTOJA, 2011 p. 13).

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Cada um desses povos tem sua importância histórica e merece um estudo
bem aprofundado, mas para não ficar muito extenso, neste estudo será abordado
apenas dois: Lunda e Ndongo.

A região das savanas que compreende hoje os territórios da Zâmbia, Angola


e República Democrática do Congo foi palco das formações de vários povos, entre
os lunda, cujas informações a seu respeito foram conhecidas através da tradição
oral e ainda falta maiores análises para o estudo desse fabuloso império. Os lunda
eram governados por anciãos, denominados de tubungu, os quais impunham
respeito pela sua experiência e dons espirituais (PANTOJA, 2011).

O império Ndongo era uma sociedade agraria que utilizava instrumentos e


ferramentas de ferro para cultivar a terra, sua pratica agrícola pode ser considerada
primitiva. Por ocuparem áreas próximos aos rios Kwanza, Lukala e Bengo a
agricultura era a base desse povo, viviam da agricultura, da caça e da criação de
gado de pequeno porte (PANTOJA, 2011).

Das palmeiras fabricavam tecidos, de outros ramos faziam cordas e das


fibras mais finas saiam os fios mais resistentes que eram utilizados para os
instrumentos musicais. (...). Para efeitos alimentares, retiravam de outras
palmeiras suas bebidas. Das palmeiras de dendê fabricavam o óleo de
palma para uso culinário, para untar o corpo em momentos de celebração,
moldurar penteados e tratamento de doença (PANTOJA, 2011 p. 59)

Cabia as mulheres o trabalho agrícola, eram elas que semeavam, colhiam e


cuidavam das plantações. Os homens eram encarregados da derrubada das
florestas, da queimada e da preparação dos terrenos para a lavoura, assim como a
caça de animais de grande porte (PANTOJA, 2011).

2.3 CARACTERISTICAS GEOGRÁFICAS DA ÁFRICA

A África é o terceiro maior continente em extensão, ocupa uma área de 30


272 292 km². Aproximadamente 75% de seu território está localizado na faixa
intertropical do planeta, ou seja, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. É
cortado pela linha do Equador em sua parte central, ficando com as terras
igualmente distribuídas pelos hemisférios norte e sul. É banhado ao norte pelo mar

15
Mediterrâneo, ao sul pela junção do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico
(LINS, 2019).

Sua hidrografia é formada por poucos rios e lagos. Entre os rios mais
importantes estão o Nilo, o Congo e o Níger. Na parte sul do continente, destacam-
se três rios: Zambeze e Limpopo, que desembocam no oceano Índico e o rio Orange
que desagua no oceano Atlântico. Além disso, em seu território encontra-se
numerosos lagos de grande superfície como o lago Vitória situado entre a Uganda,
Tanzânia e o Quênia (LINS, 2019).

Uma das características geográficas marcantes do continente são as bordas e


as terras rebaixadas ao centro, esse fator faz com que as águas dos rios desaguem
no interior do território (PACHECO, 2008).

A maior parte do relevo africano é formado de planaltos elevados. (...). Por


serem formações muito antigas, esses planaltos sofreram grandes
transformações ao longo das eras geológicas. Em algumas porções do
continente, porém, é visível a influência de processos tectônicos recentes,
ligados principalmente a atividade vulcânicas. Estas contribuem para a
formação de altas montanhas no extremo norte do continente e na sua parte
leste, onde está localizado o monte Kilimanjaro, cujo pico é o mais alto da
África, com 5895 metros de altitude (LINS, 2019 p. 7-8).

Figura 3: Monte Kilimanjaro

Fonte: gooutside, 2019.

O continente africano é formado por pradarias. Elas cobrem cerca de 50% de


sua superfície total, o deserto ocupa aproximadamente 30%, depois, vem a floresta,

16
com menos de 20%. No plano da ocupação humana, essa diversidade foi importante
na medida em que esses meios ambientes garantiam a subsistência da caça,
forneciam frutas e raízes comestíveis, bem como materiais para a fabricação de
utensílios, vestimentas, abrigos e, finalmente, ofereciam plantas passiveis de
aclimatação e transformação em culturas agrícolas (SILVÉRIO, 2013).

A paisagem da região norte do continente é dominada pelo deserto do Saara,


que se transformou em importante elo de contato entre o continente e o
Mediterrâneo, Península Arábica e o Oriente Próximo. A savana toma conta da
paisagem e nas terras de maior altitude encontra-se a tundra. No extremo sul, a
vegetação tipo mediterrânea ocupa espaço na paisagem. Em outras partes do
extenso território o solo, a chuva, o calor, a falta de água, as imensas florestas e a
riquíssima fauna exercem papel vital na história do povo africano (PACHECO, 2008).

Por falar em floresta, a segunda maior do mundo se encontra no continente,


precisamente no centro da África, na República Democrática do Congo (RCD). País
que em virtude de suas diferentes altitudes possui vários climas. Na região norte,
próximo ao rio que dá nome ao país, o clima é tropical e úmido. Ao sul, onde se
localizam as planícies altas é mais ameno e seco. A leste, também composto de
planícies elevadas as temperaturas são médias e o que predomina é a umidade
(VISENTINI, 2010).

A bacia do rio Congo irriga com abundancia a maior parte do país, enquanto
os lagos orientais garantem um estoque adicional de água. Os principais recursos
naturais são cobalto, petróleo, diamante e cobre, além de minerais estratégicos para
as indústrias de tecnologia de ponta. Além disso, por dispor de imensos territórios
férteis, o país tem café e cacau em grande quantidade. A floresta equatorial ainda
cobre grande parte do pais (VISENTINI, 2010 p. 5).

Além dos recursos minerais da República Democrática do Congo, no subsolo


desse imenso continente encontram-se as maiores riquezas naturais do planeta,
como o uranio, o ouro, o ferro, carvão e vários tipos de pedras preciosas, algumas
encontradas somente no continente (PACHECO, 2008).

17
3. AS PEDRAS PRECIOSAS NA ANTIGUIDADE

Há milhares de anos, devido ao calor e a pressão que a terra sofria, os


átomos dos minerais se misturavam com a água, gases e elementos químicos.
Quando a terra assentou e a temperatura caiu essa mistura foi se cristalizado, dando
origem as pedras preciosas (CARVALHO, 2002.)

Entre as características mais marcantes de uma gema, provavelmente a


beleza é a principal. Os fatores que contribuem para a beleza da pedra são a cor, o
brilho e a transparência, além da luminosidade que é adquirida pela lapidação. A
maioria das gemas possuem duas ou mais dessas características, com a exceção a
turquesa onde a cor é seu principal atributo de sua beleza e a opala, onde seu
colorido intenso é seu principal atributo (KLEIN; DUTROW, 2012).

Os materiais gemológicos naturais abrangem por volta de duas centenas de


minerais e entre uma e duas dezenas de rochas. Eles se destacam dos
demais constituintes da crosta terrestre por possuírem certas características
especiais que os tornam adequados para serem utilizados como objetos de
enfeite, adorno e, em certos casos, símbolos de poder. Seu uso pelo
homem pode ser traçado desde a mais remota antiguidade, situando-se na
própria aurora da civilização (SVIZZERO, 2010 p. 96).

As gemas sempre tiveram um papel importante no mundo, o rubi representa o


fogo. O azul celestial é representado pela safira. O verde da terra tem como seu
representante a esmeralda e o diamante representa a pureza do ar (CARVALHO,
2002).

No tempo das antigas civilizações grega e romana, muitos minerais


gemológicos eram conhecidos e a arte do entalhe em minerais era bem
desenvolvida. O povo dessas civilizações valorizava as gemas como objetos
de beleza e as usavam como ornamento pessoal, como nos dias de hoje.
Mas de importância igual ou até superior era a presunção dos poderes
sobrenaturais que elas davam a quem as usava. A crença nessas
propriedades místicas das gemas já é anterior aos tempos romanos e cada
civilização ou cultura sucessiva foi adicionando ou criando suas próprias
crenças. Usar gemas como talismã ou amuletos era comum, sendo
atribuídas diferentes virtudes às diferentes pedras (KLEIN; DUTROW, 2012
p. 586)

Os egípcios valorizavam a propriedade mística da malaquita, esta gema deve


ter chegado ao Egito através do monte Sinai ou do deserto oriental da Núbia. Na

18
Suméria, a obsidiana foi encontrada nos aldeamentos mais antigos, juntamente com
as contas de amazonita, que podem ter vinda da Índia ou da Armênia. No norte da
Síria a obsidiana chegou na mesma época que na Suméria. Pouco tempo depois a
turquesa e o lápis-lazúli chegaram na região (CHILDE, 1981).

Assim, como a malaquita e as pedras brilhantes do deserto, o cauri também


era considerado como portador de alguma virtude mágica, seu uso era associado a
fertilidade. Em algumas partes da África e da Ásia era usado como moeda (CHILDE,
1981).

A virtude mágica de uma pedra seria elevada se esta tivesse a forma de


algum objeto ou animal, como por exemplo, se um pedaço de lápis-lazúli fosse
esculpido na forma de um touro, seu portador adquiria não só a clareza do céu azul,
mas também incorporava a potência de um touro. Surgiu, assim, a difícil arte de
esculpir uma gema. O entalhe e a perfuração de pedras como amuletos são traços
comuns em todas as civilizações do Oriente, de Creta ao Turquistão (CHILDE,
1981).

O desejo por ouro, pedras e conchas, devido as propriedades mágicas que o


homem na antiguidade acreditava que haviam neles, teve consequências
importantes. Foi um fator poderosos que derrubou o isolamento econômico das
comunidades camponesas. Para garantir a fertilidade do campo, o camponês,
acreditando no poder mágico das pedras, cedia grãos e frutas aos nômades do
deserto em troca delas (CHILDE, 1981).

Assim, as pedras preciosas eram desejadas não como simples ornamento,


mas como meios práticos de conseguir êxito, riqueza, vida longa, descendentes e
boas colheitas. Desse ponto de vista, não eram um luxo, mas algo necessário para a
sobrevivência do homem (CHILDE, 1981).

3.1 PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE GEMA

Atualmente, os principais produtores de gemas naturais no mundo são: Brasil,


Rússia, Estados Unidos, Índia, Sri Lanka, República Malgaxe, Austrália, Paquistão,
África do Sul, Mianmar e os países da Indochina, Laos, Camboja e Vietnã. Todos
19
esses países se destacam pela quantidade e diversidade de gemas produzidas
(SVIZZERO, 2010).

O Brasil é o país que mais produz gemas coloridas no mundo, entre as


pedras vale ressaltar as variedades de esmeraldas, água-marinha, morganita,
rubelita, turmalina paraíba, kunzita, amazonita, olho-de-gato, hidenita, granada,
euclásio, opala, citrino. Sem contar os diamantes, o ouro e dezenas de outros metais
(CARVALHO, 2012).

Graças a sua enorme extensão territorial e a consequente diversidade


geológica, a Rússia é outro grande produtor de gemas. É um dos principais
produtores de diamante, ouro e platina. Possuem em seu vasto território fabulosas
jazidas de alexandrita, crisoberilo, malaquita, topázio, lápis-lazúli, turquesa,
turmalina e berilo, além da chaoíta, gema rara (SVIZZZERO, 2010).

Os Estados Unidos não possuem diamantes em seu território, porém são


grandes produtores de gemas coradas, como as variedades dos grupos de
turmalina, berilo e espodumênio (SVIZZERO, 2010).

A Índia é uma terra de contraste, múltiplas religiões, culturas, tradições,


castas e tabus. Edificações majestosas, cidades fortalezas, suntuosos palácios,
desertos polvorosos, vales magníficos, montanhas imponentes, rios sagrados e
pessoas sorridentes com roupas coloridas a tornam um mundo à parte. Porém, o
seu território é famoso pela ocorrência de safiras, rubis, água-marinha e esmeraldas,
além de algumas gemas raras (SAUER, 1992).

Na Ásia, merece destaque as jazidas de rubi, safiras, espenélios e jade da


melhor qualidade que estão localizadas na região de Mianmar. O Sri Lanka,
conhecido na literatura como o paraíso das gemas, é um país pequeno, mas em seu
território é possível encontrar jazidas de rubi, safiras coloridas, zircão, pedra da lua,
alexandrita, assim como as gemas raras e características desse país como a
kornerupina, taafeíta e sinhalita (SVIZZERO, 2010).

Além do ouro e minérios industriais, a Austrália é um produtor da famosa e


rara opala negra e diamantes, as minas de Argyle tornou o país conhecido na
literatura por seus diamantes cor de rosa. Já a República de Malgaxe ou
Madagascar, como é mais conhecido, é famosa por suas jazidas de pegmatitos,

20
rochas graníticas que se destacam pelo grande porte dos grãos, das quais se
extraem diversas variedades de turmalina, berilo, feldspato, topázio e algumas
gemas raras (SVIZZERO, 2010).

Por milhares de anos, o lápis-lazúli foi extraído apenas em algumas minas


localizadas no Afeganistão, especificamente nas montanhas Hindu Kush, na
província de Badakhshan. A exploração dessas minas remonta à era neolítica, há
mais ou menos 6 mil anos e continua até hoje, embora com dificuldades crescentes
(VINÃS, 2021).

Através da Rota da Seda e de outras rotas comerciais, o lápis-lazúli se


espalhou rapidamente pelos principais impérios, civilizações e culturas da
antiguidade. Das minas de Badakhshan começaram a sair caravanas para a
Mesopotâmia, Egito, Índia, China, chegando por vias fluviais à Grécia e Roma
(VINÃS, 2021).

Além dos países acima citado, Sauer (1992) menciona o Congo, país africano
e grande produtor de diamantes e a Colômbia, famosa por suas jazidas de
esmeraldas de alta qualidade.

3.2 O EGITO E A DESCOBERTA DAS ESMERALDAS

Há cinco mil anos, enquanto os europeus ainda viviam em choupanas de


barro, o Egito se orgulhava de uma civilização sofisticada e bem organizada, rica em
recursos naturais, artistas, intelectuais e artesão. Hoje relíquias arqueológicas e as
pirâmides confirmam que esta foi uma das maiores civilizações que já existiram
(SAUER, 1992 p. 17).

O país se situa no nordeste do continente africano, alonga-se de norte a sul


entre planaltos pedregosos, ao longo de um dos maiores rios do mundo, o Nilo. Um
deserto inóspito, onde quase nunca chove, onde o sol é tórrido, a inundação do rio
Nilo que acontece anualmente em junho, tem algo de alegre, de delicioso
(MUNANGA, 2009).

21
Nas terras férteis, situadas ao longo do rio Nilo, os egípcios desenvolveram
uma avançada agricultura de regadio, uma sociedade rigidamente hierarquizada e
um estado teocrático centralizado, que serviam de base a grandes realizações
artísticas, cientificas e literárias. (...) O desenvolvimento das ciências do Egito antigo
estava relacionado, em grande parte, com a necessidade de aumentar o domínio da
sociedade sobre a natureza. As ciências tinham um caráter essencialmente prático e
estavam voltadas para a solução de problemas como o controle das inundações, a
construção do sistema hidráulico, a preparação da terra para a semeadura e o
combate das doenças endêmicas e epidêmicas. Assim sendo, as ciências que mais
se desenvolveram foram a astronomia, a matemática e a medicina (MELLO;
COSTA, 1994 p. 35-37).

As ciências matemáticas, principalmente a aritmética e a geometria, foram


fundamentais para a construção de templos e das pirâmides, que foram construídas
durante o Antigo Império e exaltavam o poder dos faraós. As mais conhecidas são
as de Quéops, Quéfren e Miquerinos (MELLO; COSTA, 1994).

À medida que a população e a riqueza aumentavam, cresciam também a


grandeza e a resistência dos túmulos, até alcançarem o máximo com
Quéops, da quarta dinastia. Sua grande pirâmide mede duzentos e
cinquenta metros laterais e se eleva a uma altura de cento e sessenta
metros. Contém cerca de dois milhões e trezentos mil blocos de pedra, cada
qual pesando em média duas toneladas (CHILDE, 1981 p. 121).

Foi no deserto escaldante, numa região localizada a 900 quilômetros ao sul


de Cairo, conhecido como as Minas de Cleópatra, que pela primeira vez foram
encontradas as esmeraldas. Em tempos remotos, a mineração era feita nas regiões
de Sikait e Zabara, onde os egípcios construíram cidades, templos e alojamentos
para aqueles que lá trabalhavam (SAUER, 1992).

Figura 4: Templo antigo na encosta, perto da entrada da mina de Gebel Sikait, Egito

22
Fonte: aventuras na história, 2021.

O território egípcio foi, durante séculos, invadido por persas, gregos, romanos
e turcos que não resistiram em saquear a famosa mina. Foi durante a ocupação
romana que a produção de esmeraldas atingiu seu apogeu. Essas minas foram
exploradas até 1740, sendo então abandonada e esquecida (SAUER, 1992).

Milhares de vezes mais valiosas que o ouro e muito mais rara que os
diamantes, tem uma história mais turbulenta do que qualquer outra pedra
preciosa. Gregos, romanos e turcos conquistaram o Egito e, à cata de
esmeraldas, saquearam as Minas de Cleópatra. Perseguindo o mesmo
objetivo, os espanhóis violaram e destruíram civilizações. O tesouro
armazenado na caixa-forte do Melli Bank, em Teerã, provavelmente o mais
rico em esmeraldas existente atualmente no mundo, contem pedras
fabulosas, saqueadas na Índia pelo Xá Nadir, durante o século XVIII (Sauer,
1992 P. 9).

Pode-se afirmar que a figura que mais representa a esmeralda na antiguidade


é a rainha Cleópatra. Ela amava as esmeraldas. A rainha viveu entre os anos 69 e
30 a.c. exercendo enorme fascinação sobre escritores, poetas e homens conhecidos
na época. Os detalhes de sua vida são pouco conhecidos, mas diz a lenda que era
linda e encantadora. Adorava presentear mandatários que a visitavam com sua
imagem esculpida nas esmeraldas (CARVALHO, 2012).

Considerada uma das pedras preciosas mais caras do mundo e utilizada na


joalheria de alto padrão, a esmeralda é uma gema nobre, sua coloração é dada pela
substituição parcial do alumínio por cromo na sua estrutura cristalina. A sua cor varia
de verde pálido ao verde intenso com tonalidades azuladas ou amareladas, dadas

23
por resíduos de vanádio ou ferro. A qualidade da gema e seu valor no mercado
dependem de sua cor, sendo mais valiosas e raras as pedras que apresentam uma
tonalidade verde escuro (CARVALHO, 2012).

A esmeralda verde natural era sagrada para o povo egípcio, valorizada como
símbolo de imortalidade, usada em cerimonias religiosas, sua cor natural era
associada com a cheia do rio Nilo, com a fertilidade, plantio e colheita. A dificuldade
encontrada para sua extração contribuiu para a mística que sempre a acompanhou
(SAUER, 1992).

3.3 A HISTÓRIA DOS DIAMANTES

O diamante se destaca de todos os demais minerais pela dureza externa, por


sua utilização diversificada em vários segmentos das atividades humanas, bem
como por suas formas inusitadas de ocorrência na natureza, que incluem ambientes
tão contrastante entre si como poeiras estelares, meteoritos, rochas mantélicas,
crateras resultantes de impactos meteoríticos, rochas metamórficas de alto grau e
choque de blocos crustais (SVIZZERO, 2006 p. 59).

Branco (1982) define em seu dicionário de mineralogia, o diamante como:


carbono cristalizado no sistema cúbico, a altas temperatura e pressão,
frequentemente em octaedros com arestas ou faces encurvadas. Geralmente
incolor, podendo ter cores diversas e forte brilho. Ocorre em brechas ultrabásicas,
chaminés vulcânicas e aluviões, também em meteorito. Usado como gema e quando
não presta para tal, em ferramentas de corte e perfuração, em instrumentos para
cortar vidros, para polir pedras, inclusive o próprio diamante.

Historicamente, o diamante sempre foi a gema mais cobiçada, mas era uma
pedra muito rara entre os antigos. Plinio escreveu em 100 d.C. que “ o
diamante é a mais valiosa das gemas, mas conhecida somente pelos reis”.
O seu grande valor se deve à sua dureza, brilho intenso e alta dispersão da
luz que provoca flashes das cores espectrais no seu interior (KLEIN;
DUTROW, 2012 p. 587)

Os primeiros registros de diamantes datam de 3500 a.c. em depósitos


aluvionares na região de Golcona, cidade fortificada, hoje em ruínas na região
central da Índia. Utilizado por reis e mandatários como símbolo de poder, está

24
presente em coroas representativas da maior parte das nações históricas.
Introduzidos nas cortes europeias no final da Idade Média, era transportado para o
ocidente por duas rotas, uma terrestre, atravessando o Afeganistão, Irã, Turquia até
chegar em Roma e pelas rotas marítimas utilizadas na época e que passavam por
portos da região sul da Península Arábica, Meca e Alexandria e desse porto para
Roma (SVIZZERO, 2006).

Por volta de 1725, o diamante foi descoberto em aluviões do rio


Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais. A essa altura as jazidas da Índia
encontravam-se praticamente esgotadas, a garimpagem em terras brasileiras
desenvolveu-se rapidamente, transformando o Brasil, em pouco tempo, no principal
produtor mundial de diamantes (SVIZZERO, 2006).

No século XIX, o diamante foi descoberto na África do Sul, levando a ida de


milhares de garimpeiros para a região próxima aos rios Orange e Vaal, no interior do
país. Em 1980, foi encontrado jazidas de diamantes na Austrália, o local conhecido
como Argyle, transformou-se na maior mina de diamantes do mundo (SVIZZERO,
2006).

Os diamantes têm uma vasta variedade de cores e são conhecidos dois tipos
de depósitos: primários e secundários. Os primários são associados a kimberlito e
lamproíto, rocha de origem magmática que se formaram a uma profundidade entre
150 e 200 quilômetros. São rochas hídricas, ultrabásicas, ricas em voláteis e
potássicas, compostas de fragmentos de eclogitos e/ou peridotitos, em uma matriz
fina formada de olivina, calcita, serpentina, flogopita, granada entre outros minerais.
Os lamproítos são definidos como kimberlito ultra potássicos, são rochas hídricas w
tem como produto de cristalização primaria, principalmente a olivina (DANESE;
CARLOTTO, 2013).

Figura 5: Rocha de kimberlito

25
Fonte: gemasdobrasil 2017.

Os depósitos secundários podem ser de natureza bem diversificada como


aluvionares, costeiros, marinhos e eólicos. Alguns depósitos apresentam diamantes
com diferentes características de morfologia, como os diamantes das minas De
Beers e Kimberley na África do Sul que possuem uma coloração amarelada
(DANESE; CARLOTTO, 2013).

3.3.1 OS DIAMANTES NO CONTINENTE AFRICANO

Localizada no extremo sul do continente africano a África do Sul possui uma


área de 1,2 milhões de km², há uma variedade de paisagens no país, agrupadas em
três topografias principais, um amplo planalto central, uma escarpa quase continua
de serras e uma estreita faixa de terras baixas ao longo da costa. O clima é
predominantemente subtropical, apresentando períodos bem definidos de chuva e
seca. O maior sistema fluvial do país é o do Orange e seu principal afluente é o Vaal
(VISENTINI, 2011).

26
No final do século XIX, a descoberta de diamantes e o desenvolvimento da
indústria de mineração de ouro fizeram da África do Sul o mais importante produtor
mundial desses dois produtos (SAUER, 1992).

A descoberta de diamante em depósitos aluvionares dos rios Orange e Vaal


ocorreu em 1867, provocando a chegada de milhares de garimpeiros vindos de
todas as partes do mundo para o interior do país. Com a chegada desses
mineradores, sedentos de riquezas, originou em pouco tempo, a Vila de Kimberley
(SVIZZERO, 2006).

Por volta de 1971, um fato curioso para a época despertou a atenção dos
mineradores, na fazenda Koffiefontein, foi encontrado diamante em um ambiente
totalmente diferente daqueles até então conhecido, em um solo amarelo, distante de
qualquer rio, e a medida que as escavações se aprofundavam mais pedras eram
encontradas (SVIZZERO, 2006).

Todos os dados apresentados na literatura sobre a produção de diamantes,


sugerem que a África do Sul vem mantendo sua produção constantemente desde o
final do século XIX até os dias de hoje. No século XX, merece destaque a produção
da Namíbia, Zaire e Angola. As jazidas da Namibia estão localizadas nas praias ao
longo da costa atlântica em direção a África do Sul. A extração de diamantes nessa
região é feita ao longo das praias e por navios providos de sugadores gigantescos
que aspiram o leito oceânico (SVIZZERO, 2006).

3.4 A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO E O COLTAN

A República Democrática do Congo (RDC) é o segundo maior país do


continente africano. Seu território ocupa uma área de aproximadamente 2,3 milhões
de quilômetros quadrados onde habitam cerca de 80 milhões de pessoas. É nessa
imensa área que se encontra a segunda maior floresta do planeta, a floresta do
Congo que cobre cerca 45% do território nacional (CASTELO BRANCO, 2020).

27
Muito provavelmente os primeiros habitantes do país foram os africanos
deslocados do litoral, devido o deslocamento dos povos bantu. Os povos que
ocuparam a região desenvolveram culturas baseadas na metalurgia e no comercio
com as cidades vizinhas, sobretudo aquelas localizadas na costa oriental do
continente (OLIVEIRA, 2019)

A imensa floresta foi uma barreira para as migrações bantos, que adentraram
no país mais pelo leste, enquanto os povos primitivos, os pigmeus, regressavam
para o interior da floresta e a ela se adaptavam. Desde o período medieval ocorreu a
ascensão e queda de vários reinos tanto no sul como no leste do território do país
(VISENTINI, 2010).

Assim como todos os países africanos, o Congo surgiu pela determinação da


Conferencia de Berlim, em 1885, onde os europeus demarcaram as fronteiras que
acabaram estimulando vários conflitos que começaram a eclodir durante todo o
período colonial e persistem até hoje (OLIVEIRA, 2019).

O atual território da atual República Democrática do Congo foi propriedade


particular do rei belga Leopoldo II, que introduziu um dos mais cruéis regimes de
colonização do imperialismo. Os belgas denominavam o território de “escândalo
geológico” devido a quantidade e diversidade de recursos naturais existente no país,
que durante décadas serviu para enriquecer o rei e seu país de origem. Ainda hoje,
em Bruxelas, na Bélgica, é possível notar traços desta riqueza nas diversas
construções suntuosas do final do século XIX e primeiras décadas do XX (NOVA
ÁFRICA, 2016).

O setor de mineração é o mais rentável da economia congolesa. Mas as


sucessivas guerras que ocorreram no país nas últimas décadas provocaram uma
queda no setor e na economia do Congo. A agricultura, que chegou a significar
somente 25% do Produto Interno Bruto, passou a equivaler à metade daquilo que é
produzido na RDC no ano 2000. Há, ainda, um processo que determina uma
produção de subsistência no lugar das grandes multinacionais que exportavam café
e cacau durante períodos anteriores. A taxa de desemprego é considerada alta nos
primeiros anos do século XXI (VISENTINI, 2010).

É na região leste desse país em Bandulu onde fica as maiores reservas


mundiais de coltan, que é a combinação de duas palavras que correspondem aos

28
respectivos minerais: a columbita e a tantalita, dos quais se extrai metais mais
cobiçados que o ouro.

Coltan é a sigla da columbita e da tantalita dos quais se extrai metais de


valor econômico superior ao ouro. Cerca de 80 % das reservas desses
minerais se encontram na República Democrática do Congo. O coltan é
essencial às inovações tecnológicas, e componente essencial para a
construção de estações espaciais, naves espaciais tripuladas e armas
sofisticadas (OLIVEIRA, 2019)

No dicionário de mineralogia de Branco (1982 p.33) consta a seguinte


definição para a columbita: tântalo niobato de ferro e manganês isomórfica com a
tantalita. Ocorre geralmente em cristais prismáticos curtos, pretos, em granitos e
pegmatitos. É o principal mineral minério de nióbio, fornecendo também tântalo e
outros elementos raros. De colúmbio, sinomino de nióbio. Ou de Colômbia, país
onde foi descoberta a amostra em que, pela primeira vez se identificou o nióbio.

A tantalita é definida por Branco (1982 p. 174) como niobotantalato de


manganês e ferro, que forma uma serie isomórfica com a columbita. Preto, denso,
com cristais ortorrômbicos de forma variada, estriados na face. Brilho metálico a
resinoso. Traço branco, preto ou marrom, clivagem pinacoidal, frágil. Transparente a
opaco. Pode ser levemente magnético. Ocorre em pegmatitos e nas areias deles
provindas. Principal mineral minério de tântalo, metal que dá o nome.

Pode-se dizer que o coltan é o rei da era digital, pois é um mineral com
propriedades únicas presente nos mais variados produtos eletrônicos.

4. AS PECULARIDADES DA ILHA DE MADAGASCAR

A ilha de Madagascar está localizada no oceano Índico na costa leste da


África. É uma ilha separada do continente africano, devido ao seu isolamento
geográfico a maioria das plantas e animais encontrados por lá são endêmicos, ou
seja, não existem em outra parte do mundo. É o lar de lêmures, camaleões de
diversas cores e fossas, mamífero muito ativo e especialista em escalar árvores.

29
Figura 6: Animais típicos da Ilha de Madagascar: lêmure e fossa

Fonte: natgeo, 2022

Povoada há aproximadamente dois mil anos, Madagascar é chamada de “a


grande ilha vermelha” por causa de seu solo avermelhado. Apresenta duas estações
bem definidas, uma estação quente e úmida que vai de novembro a abril e outra
estação mais seca, que vai de maio até outubro. A parte da ilha onde ficam as
florestas tropicais é a região mais úmida do país. O planalto central é bem mais seco
e nele se pratica a maior parte da agricultura.

A economia da ilha é baseada na agricultura, pesca e mineração. Um dos


produtos mais conhecido do país é a baunilha, que vem de uma orquídea e á usada
no mundo todo e produzida em alguns lugares específicos como Taiti, México, Índia,
Indonésia e Madagascar, responsável por cerca de 60 % da baunilha consumida no
mundo.

Figura 7: Orquídea/baunilha

30
Fonte: prato fundo, 2022.

É em Madagascar que se encontra a Avenida dos Baobás, trata-se de um


trecho de uma estrada de terra, localizado em Morondava, faixa oeste do país,
ladeados por uma grande quantidade de enormes baobás, a árvore é símbolo da
diversidade biológica do país, onde aproximadamente 80 % das plantas são
endêmicas.

Figura 8: Avenida dos Baobás

Fonte: segredos do mundo, 2022.

No território malgaxe, como é chamada a ilha de Madagascar, encontra-se


algumas gemas raras, entre elas a grandidierite, mineral azul esverdeado, cristalino

31
e translúcido, descoberto em 1902 nas falésias de Andrahomana costa sul de
Madagascar, pelo naturalista francês Alfred Grandidier.

Desde a sua descoberta, só foram encontradas amostras em alguns locais


específicos do mundo como em Malaui, Namíbia e Sri Lanka, mas os poucos
espécimes de qualidade são de Madagascar.

4.1.TANZANITA: O TESOURO AZUL DA ÁFRICA

A Tanzânia é uma nação extensa e pouco desenvolvida do leste africano, é o


31º maior país do mundo, com uma superfície de mais de 900.000 Km², onde vivem
cerca de 42 milhões de pessoas entre planaltos e montanhas. É nessa região que
está localizado o monte Kilimanjaro, pico mais alto do continente. O centro do país é
formado por um planalto relativamente seco e, sem eu litoral o clima é úmido e
quente. Apresenta uma fauna riquíssima, paisagens variadas e muitas belezas
naturais, dentre elas, chamam a atenção de quem visita a região, a cratera de
Ngorongoro, os parques do Serengueti e do Kilimanjaro, além do arquipélago de
Zanzibar (VICENTINI, 2011).

A região que corresponde à atual Tanzânia tem uma história muito antiga e já
abrigou diferentes povos durante séculos. No território encontram-se sítios
arqueológicos com restos fosseis de ancestrais antigos do homem, como o
hominídeo (VICENTINI, 2011).

Um desses povos são os massais, grupo étnico de pastores seminômades


que vivem entre o Quênia e a Tanzânia há aproximadamente 500 anos. São
originários das áreas próximas a nascente do rio Nilo e chegaram à região em busca
de terras mais verdes para alimentar o rebanho. Estima-se que sua população gire
em torno de oitocentos mil indivíduos divididos entre os dois países. É o único grupo
autorizado a viajar livremente pela fronteira dos dois países.

É em uma pequena faixa territorial nas montanhas de Merelani, no norte do


país, que me 1967, foi descoberto uma das pedras preciosas mais bela e rara, a
tanzanita, nome popular dado a um mineral chamado zoisite azul. Conta a lenda que
durante uma noite, um raio caiu em uma árvore na savana, quando o dia
32
amanheceu, integrantes da tribo massai descobriram as pedras que capturavam a
cor azul do céu.

Figura 9: Fragmentos de tanzanita

Fonte: aventuras na história, 2020.

O nome foi batizado pela Tiffany & Co de Nova York, para espécimes de
qualidade das pedras preciosas do mineral zoisite de cor azul. De beleza
incomparável, a exclusividade dessa gema está relacionada ao seu brilho
excepcional e a coloração multidimensional que a torna única.

4.2 OUTRAS GEMAS RARAS DO CONTINENTE AFRICANO

Mineral descoberto há poucas décadas atrás, a burangaíta é definida por


Branco (1982) como fosfato hidratado de sódio, cálcio, ferro, magnésio e alumínio,
monoclínico, verde azulado, traço levemente azul, clivagem perfeita, formando
prismas alongados em pegmatitos. Tem dureza 5 na escala de Mohs. Foi
descoberto em Ruanda, país africano localizado na região dos Grandes Lagos da
África.

Outro mineral que também foi descoberto a pouco tempo é a gatumbaíta,


definida por Branco (1982) em seu dicionário de mineralogia como fosfato básico
hidratado de cálcio e alumínio, monocíclico, formando rosetas e feixes de 3 a 10
milímetros, branco com brilho nacarado, apresenta dureza superior a 5 e ocorre em
um pegmatito perto de Gatumba, Gisensy Ruanda.

33
Localizado na parte sul do continente africano, a Namíbia é banhada pelo
oceano atlântico e limita-se com a Angola, Zâmbia, Botsuana e África do Sul, o país
abriga dois grandes desertos, o da Namibia que dá nome ao país e de Kalahari.
Possui uma economia pouco desenvolvida, a agricultura de subsistência é
promovida pela metade dos habitantes. A pesca é outra fonte importante da
economia local. O clima é geralmente quente e seco como chove pouco na região
quase não há rios perenes. A mineração é um fator importante para a economia da
Namíbia, o país possui reservas minerais de ouro, prata, cobre, zinco e diamantes. É
um dos principais produtores mundiais de uranio (VISENTINI, 2011).

A Namíbia é o país proveniente de uma das mais belas gemas de cor azul, a
jeremejewita, muito rara pelo fato de seus cristais ser praticamente muito pequenos.
Descoberto pela primeira vez na Sibéria no final do século XIX, tem relatos de sua
presença também nas montanhas de Pamir no Tajiquistão e no distrito de Eifel na
Alemanha, mas as gemas com qualidade só foram encontradas em Erongo, na
Namíbia.

O Marrocos está localizado no noroeste do continente africano. É limitado ao


norte pelo Estreito de Gibraltar e pelo mar Mediterrâneo, a leste com a Argélia e ao
sul, através do Saara Ocidental, com a Mauritânia. O território marroquino ocupa
uma área de 711 km² onde vivem 32 milhões de habitantes. As principais cidades
são Rabat, Casablanca, Salé e Fez.

De acordo com o Guia de Negócios do Marrocos (2012) do Ministério das


Relações exteriores, trigo, cevada, frutas e verduras são os principais cultivos
agrícolas do país. No setor comercial, destacam-se o segmento têxtil, o refino de
petróleo e a montagem de produtos eletrônicos. O turismo desempenha um
importante papel na economia local. O país dispõe de poucos recursos minerais,
sendo o fosfato sua principal riqueza.

Apesar de não possuir grandes reservas minerais, o Marrocos é o local de


origem de uma gema rara, a marroquina. Descrita por Branco (1982) como: oxido de
cálcio e manganês, ortorrômbico, formando cristais de até 5 cm, com clivagem
perfeita, cor preta, mostrando reflexões internas vermelho escuras, traço marrom
avermelhado. Associa-se a barita e à calcita. De Marrocos, onde foi descoberta e é
considerada muito rara.

34
METODOLOGIA

O homem é, por sua natureza, um animal curioso. Desde que nasce interage
com a natureza e os objetos à sua volta, interpretando o universo a partir das
referências sociais e culturais do meio em que vive. Apropria-se do conhecimento
através das sensações que os seres e os fenômenos lhe transmitem. A partir dessas
sensações elabora representações. Contudo essas representações, não constituem
o objeto real. O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou
não. O conhecimento humano é na sua essência um esforço para resolver
contradições, entre as representações do objeto e a realidade do mesmo
(FONSECA, 2002 p. 10).

Como menciona o autor acima citado, o conhecimento é classificado pela


forma como se entende essa representação, podendo ser interpretado como senso
comum, adquirido através de ações não planejadas, permeadas pelas opiniões,
emoções e valores de quem o produz e cientifico, produzido pela investigação
científica apor meio de diferentes métodos.

A pesquisa cientifica visa conhecer cientificamente um ou mais aspectos de


determinado assunto. Para tanto, deve ser sistemática, metódica e critica. O produto
da pesquisa cientifica deve contribuir para o avanço do conhecimento humano. Na
vida acadêmica, a pesquisa é um exercício que permite despertar o espirito de
investigação diante dos trabalhos propostos (PRODANOV; FREITAS, 2013 p. 49).

A pesquisa cientifica possui diversas modalidades, cada qual desenvolvida


por um ou mais métodos. Entre essas modalidades há duas que englobam outras
formas de pesquisar: a pesquisa qualitativa e a quantitativa. Enquanto a pesquisa
qualitativa busca compreender fenômenos humanos, procurando obter deles uma
visão complexa e detalhada por meio de uma análise cientifica, a pesquisa
quantitativa é composta por variáveis quantificadas em números analisados de modo
estatístico (KNECHTEL, 2014).

Quanto aos procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual obtemos os


dados necessários para a elaboração da pesquisa, torna-se necessário traçar um
modelo conceitual e operativo dessa, denominado de design, que pode ser traduzido

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como delineamento onde o elemento mais importante é o procedimento adotado
para a coleta de dados (PRODANOV; FREITAS, 2013 p. 54).

A pesquisa bibliográfica compreende todos os tipos de publicações já


publicada sobre o tema como artigos, dissertações, livros, jornais, revistas,
catálogos, mapas, diciónarios etc. Inclui, também, como fontes de pesquisa os
meios de comunicação oral como o rádio, televisão e filmes.

Para que os objetivos propostos neste estudo fossem alcançados, a pesquisa


foi composta de algumas etapas especificas. A primeira etapa foi fazer um
levantamento bibliográfico acerca dos temas principais, como a história da África e a
história de alguns minerais. Para isso, as obras de alguns especialistas foram
consultadas, entre eles Kabengele Munanga, professor titular do Departamento de
Antropologia da Universidade São Paulo. A segunda etapa consistiu na busca por
minerais e pedras preciosa que estão relacionadas ao continente africano, a obra no
caso analisada foi o Dicionário de Mineralogia de Percio Moraes Branco. Portanto, a
metodologia aqui empregada foi uma pesquisa bibliográfica, exploratória qualitativa.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar da obrigatoriedade de inserir nas grades curriculares temas


relacionados à história e cultura da África e afro-brasileira, ao buscar por
bibliografias para elaborar esse estudo, senti certas dificuldades. A maioria das
referências bibliográficas encontrada abordava de forma bem superficial alguns
aspectos relacionados a esse imenso continente.

Muitos livros abordam com maestria o Egito, grande civilização que deixou
marcas importantes da história, não só da África, mas de toda a humanidade. Mas
quando se trata de algumas regiões especificas do continente, ainda falta
desenvolver estudos que abordem essas regiões.

Ao escolher os minerais que foram apresentados e discutidos ao longo desse


estudo, foram encontrados outros nomes de gemas raras, porém devido à falta de
referências bibliográficas que dariam suporte nessa investigação não foram citados.
Porém, apesar da pouca bibliografia disponível sobre o tema, o objetivo do estudo
foi concluído, apresentar alguns minerais e pedras preciosas raras ou não
encontradas no continente. Ao mesmo tempo que abriu possibilidades para novos
estudos mais aprofundados sobre o tema num futuro próximo.

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CONCLUSÃO

A África é um imenso continente de 30 milhões de quilômetros quadrados,


que abriga diversos povos cada qual com sua história, tradições, línguas, costumes,
riquezas e sua individualidade cultural. Territórios de grandes impérios, reinos e
civilizações no passado, é na atualidade uma região de contraste, onde o moderno
divide espaço com o primitivo. Em alguns países, ainda é possível encontrar grupos
que vivem de forma primitiva, como os massai citados ao longo deste estudo.

Apesar de apresentar uma imagem de extrema pobreza, a África é um


continente rico em biodiversidade e em recursos naturais, é um dos maiores
produtores de diamantes do mundo, além de ouro, prata e pedras preciosas. Pedras
que fascinam e encantam o homem desde a antiguidade, quando muitos povos
acreditam no poder místicos delas, inclusive os egípcios.

Quando se pensa na biodiversidade desse imenso continente, a primeira


imagem que associamos são as dos animais de grande porte, como os camelos, os
elefantes, as zebras e os leões. Mas a África tem uma fauna muito maior, inclusive
animais endêmicos como as lêmures de Madagascar. Quanto a flora, a diversidade
também existe, a ilha de Madagascar tem sua área diversas espécies de baobás,
árvore símbolo de alguns países, como o Senegal.

Mas é no subsolo desse imenso continente que se encontra um grande


tesouro, a África é o berço de algumas gemas raras e excelente qualidade como foi
apresentado neste estudo é nos leitos dos rios, nos desertos inóspitos e
escaldantes, nos vales e montanhas e nas ilhas que encontramos essas riquezas
gemológicas de variadas cores e formatos, como a tanzanita, a burangaíta, a
marroquina e a jerejewita.

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REFERENCIA

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