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BIOLOGIA E GEOLOGIA 10.

º A

A medida do tempo geológico e a idade da Terra

A Terra é um planeta muito antigo, tendo-se formado


há 4600 M.a.
Para reconstituir a história da Terra, o homem
recorre ao estudo das rochas e dos fósseis que
estas incluem.
Entre as rochas existentes, as que se revelam mais
úteis para reconstituir o passado da Terra são as
rochas sedimentares, uma vez que a sua formação
ocorre em condições subaéreas (superficiais) e cuja
génese possibilita o processo de fossilização.

Fóssil: Marca, resto ou vestígios de seres vivos que


viveram em épocas geológicas passadas e que
ficam conservadas em certos materiais.
Tipos de Fóssil

De acordo com a informação que o fóssil nos fornece podemos


considerar a existência de vários tipos de fóssil diferentes.

Fóssil de Idade
São fósseis que permitem determinar a idade das rochas que os
contêm. Para constituir um bom fóssil de idade deverá corresponder
a um organismo que viveu durante um curto intervalo de tempo e que
teve uma ampla distribuição geográfica.
Ex: Fósseis de Trilobite permitem datar as rochas do paleozoico e
fósseis de Amonites permitem datar as rochas do mesozoico.

Fósseis de fácies ou de ambiente


São fósseis que permitem determinar as condições em que se
formaram as rochas que os contêm.
Para constituir um bom fóssil de fácies deverá corresponder a
organismos que viveram em condições ambientais restritas e que
viveram durante longos intervalos de tempo.
Ex: Os braquiópodes são organismos marinhos bentónicos, (inclui
organismos associados ao fundo oceânico ou costeiro – fixos ao
fundo do mar) assim rochas que contenham fósseis de braquiópodes
ter-se-ão formados em ambiente marinho.

Fósseis Vivos
São fósseis que correspondem a organismos que viveram em épocas
geológicas passadas e que ainda hoje em dia existem praticamente
inalterados.
Ex: Ginkgo biloba e Náutilos
Icnofósseis / Somatofósseis

Os Icnofósseis correspondem a registos da atividade de seres vivos,


por exemplo pegadas, marcas, ovos (casca do ovo), excrementos
(coprólitos) etc.
Permitem saber:
Deslocação- pegadas, pistas, trilhos
Alimentação- marcas de dentição, gastrólitos (pedras retiradas no
S.digestivo do animal)
Reprodução- ovos, ninhos
Somatofósseis: Fósseis de restos somáticos (corpo) Ex: dentes,
carapaça, folhas, conchas e troncos.
Processos Fossilização
Diversos processos de fossilização dos seres vivos:
➢ Moldagem
➢ Impressão
➢ Mineralização
➢ Mumificação ou conservação total

1- Moldagem
Consiste na reprodução da morfologia interna ou externa de um
resto de organismo pelo sedimento consolidado que o preenche
ou envolve, respetivamente. Chama-se Molde interno (quando a
reprodução é do interior do organismo, interior das conchas).
Molde externo (reproduz a morfologia externa do organismo
fóssil).
2- Impressão
As impressões são moldes externos de estruturas finas como
folhas ou penas e rastos deixados por seres vivos. As impressões
são conservadas quando os sedimentos moles em que foram
deixadas sofrem diagénese petrificando-as.

3- Mineralização
A fossilização dá-se por transformações químicas pelas quais a
matéria orgânica é substituída por matéria mineral como a calcite,
a sílica e a pirita entre outros (óxidos de ferro).
4- Mumificação ou conservação total
Os restos dos organismos mantêm-se quase inalterados apenas
com modificações mínimas. Inclui a mumificação em que o
cadáver sofre sobretudo desidratação. É o aprisionamento,
envolvimento de organismos em substâncias fossilizastes, como
o âmbar, asfalto, gelo ou sílica, permanecendo aí conservados.
Ex: Mamutes da Sibéria conservados no gelo e Insetos
aprisionados e conservados no âmbar (resina)

5- Incarbonização
Processo comum de fossilização dos vegetais e animais com
esqueleto de natureza quitinosa. Enriquecimento progressivo em
carbono em relação aos outros elementos químicos da matéria
orgânica. Tronco fossilizado.
Datação Relativa
Estabelece uma idade por comparação. Para efetuar a datação
relativa das rochas e dos acontecimentos geológicos são os
fósseis e os princípios básicos de estratigrafia.

1- Princípio da horizontalidade original


As camadas sedimentares ou estratos depositam-se
originalmente na horizontal, qualquer deformação das
camadas é posterior à sua deposição.

2- Princípio da sobreposição de estratos


Qualquer camada sedimentar ou estratos é sempre mais
recente que a camada que lhe serve de base e mais antiga que
a camada que o cobre.

A camada 2 é mais antiga que a


camada 3 e mais recente que a
camada 1.
3- Princípio da Interseção
Qualquer estrutura geológica que interseta outra é sempre mais
recente do que aquilo que interseta.

Deposição da camada 1,2,3


Formação da Falha
Deposição da camada 4

4- Princípio da Inclusão
Qualquer estrutura geológica que inclua outra é sempre mais
recente do que aquilo que inclui.

A camada B é mais recente


que as inclusões nela
contidas.
5- Princípio da continuidade lateral
As camadas sedimentares ou estratos podem dispor-se por
longas distâncias, cada camada apresenta a mesma idade em
toda a sua extensão. De acordo com o princípio da
continuidade lateral é possível estabelecer uma correlação
entre a idade de iguais sequências de estratos.

6- Princípio da identidade paleontológica


Camadas sedimentares ou estratos que contenham o mesmo
tipo de fósseis deverão ter a mesma idade e ter-se-ão formado
em condições ambientais idênticas.
Discordância angular
Ausência de sedimentos no local ou por erosão de camadas
que existiam.
Quando não existe paralelismo entre as camadas adjacentes
devido a fenómenos tectónicos que enrugaram ou dobraram as
camadas mais antigas.

Superfície de descontinuidade
Sempre que a linha que separa duas camadas sedimentares
ou estratos apresenta irregularidades indica que a deposição
não foi contínua, ou seja, a camada deverá ter sofrido emersão
seguida de erosão.
A utilização de fósseis e dos princípios de estratigrafia permitem
atribuir uma idade relativa às rochas a aos acontecimentos
geológicos. Assim, quando se pretende determinar a idade exata da
rocha ou de acontecimentos geológicos recorre-se a um processo de
Datação Absoluta.

Datação Absoluta
Este processo baseia-se numa propriedade de determinados
radioisótopos, como por exemplo o potássio, o rubídio, o urânio, o
chumbo, o tório, etc que sendo isótopos instáveis sofrem decaimento
e originam isótopos estáveis.

Isótopos radioativos instáveis Decaimento mais estáveis


Carbono 14 azoto 14
(Átomo -pai) (átomos -filhos)
Decaimento radioativo
Os isótopos radioativos, nas suas formas instáveis, acabam por se
converter, irreversivelmente, noutros átomos emitindo partículas e
radiações.
Os átomos dos isótopos radioativos instáveis recebem o nome de
isótopos -pai que ao se desintegrarem são designados por isótopos-
filho mais estáveis.

Tempo semivida Isótopo-pai Isótopo- filho


1- Semivida 50% (1/2) 50%
2- Semivida 25% (1/4) 75%
3- Semivida 12,5% (1/8) 87,5%
4- Semivida 6,25% (1/16) 93,75%

Como a taxa de desintegração é constante para cada par de


radioisótopos é possível atribuir uma idade absoluta à rocha,
bastando para tal quantificar o isótopo-pai e o isótopo-filho.
O tempo necessário para que metade do isótopo-pai se transforme
em isótopo- filho é chamado de período de semivida ou
semitransformado.
Nota:
A relação isótopo- pai/ isótopo-filho diminui ao longo do tempo. Há
medida que o tempo passa aumenta na rocha o número de isótopos
– filho e diminui o número isótopo -pai.
Assim, numa rocha mais antiga a relação isótopo-pai/ isótopo- filho
será menor que numa rocha mais recente.
Exercício 1
Sabendo que o par de radioisótopos potássio-árgon apresenta um
período de semivida de 1300M. a. Indica a idade de uma rocha na
qual existe 87,5 de árgon.
Isótopo pai (K) Isótopo- filho (Ar)
1 semivida 50% 50%
(1300Ma)
2 semividas 25% 75%
(2x1300Ma)
3 semividas 12,5% 87,5%
(3x1300)

Resposta: Numa Rocha com 87,5%de Ar a idade será 3x1300=


3900Ma
Exercício 2
Sabendo que o período de semivida para o par C14 – N14 é de 5730
anos. Indica a percentagem de carbono 14 presente numa rocha com
17190 anos.
Isótopo pai (C14) Isótopo- filho (N14)
1 semivida 50% 50%
(5730)
2 semividas 25% 75%
(2x5730) =1460
3 semividas 12,5% 87,5%
(3x5730) =17190

Resposta: Numa rocha com 17190 anos estará presente 12,5% C14

Exercício 3

Sabendo que o par de radioisótopos U235-Pb207 apresenta um


período de semivida de, 0,7x109 anos. Indica a idade de uma rocha
que apresenta 87,5% da Pb 207
Isótopo pai (U235) Isótopo- filho (Pb207)
1 semivida 50% 50%
(0,7x109)
2 semividas 25% 75%
(2x 0,7x109)
3 semividas 12,5% 87,5%
(3x 0,7x109)

Resposta: Uma rocha que apresenta 87,5% de Pb207 apresentará


2,1x 109 anos.
Limitações dos processos de datação absoluta

➢ O método de datação absoluta apenas pode ser aplicado a


rochas que incorporam isótopos radioativos
➢ Não permite datar rochas sedimentares! (este método
pressupõe que as rochas sejam sistemas fechados, não
existindo entradas ou saídas de isótopos. Mas, se as rochas
sofrerem erosão ou meteorização, podem ocorrer perdas de
isótopos (pais e filhos) o que irá influenciar a idade atribuída!).
Cada grão de areia tem um relógio calibrado para uma data
distinta, a qual remonta provavelmente a muito antes de a
rocha sedimentar se formar. Assim, em matéria de
cronometragem, a rocha sedimentar é uma confusão. Não
serve!
➢ Atribuí uma idade ao metamorfismo e não à rocha antes de o
sofrer! (Se tivermos em conta que as rochas metamórficas
resultam de modificações, devidas a pressão e temperatura,
sofridas por outras rochas, o metamorfismo que as afetou não
elimina os átomos-filho que elas possam conter nesse
momento e, dessa forma, obtém-se uma idade superior à que
deveria corresponde à última fase de metamorfismo.
➢ Nem sempre as rochas contêm grandes quantidades dos
isótopos necessários à sua datação.
➢ Apenas as rochas magmáticas proporcionam bons relógios
radioativos! As rochas magmáticas costumam conter muitos
isótopos radioativos diferentes. A solidificação das rochas
ígneas dá-se bruscamente, o que tem uma consequência feliz:
todos os relógios de um dado fragmento de rocha são
calibrados em simultâneo.

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