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3 – A medida do tempo e a

idade da Terra
Idade Relativa e Idade Radiométrica
 Até agora, a forma mais correta para conhecer o passado da
Terra, é o estudo das ROCHAS, em especial, as que contêm
fósseis (rochas sedimentares).

 Ao observarmos as rochas estamos a recuar no tempo e a


deduzir as condições ambientais (físicas e químicas) que terão
estado na sua origem.
FÓSSIL:
Resto de um organismo, ou vestígios da sua atividade, que viveu num
determinado local e momento da história da Terra e que ficou
preservado nos estratos das rochas sedimentares.

Os organismos acabados de morrer ou os seus restos chegam às


bacias de sedimentação juntamente com os sedimentos.
Se as condições de sedimentação forem propícias à preservação
desses organismos ou dos seus restos, no seio dos sedimentos,
poder-se-á formar um fóssil.

Ambientes de águas calmas e rápida deposição!


Após a morte, o organismo tem que ser rapidamente recoberto por
sedimentos que o isolem do ar e água para evitar a sua
decomposição e facilitar o seu processo de fossilização.
O estudo dos fósseis e das rochas onde se encontram permite-
nos obter informações sobre:

 a estrutura biológica do organismo que o originou, o que


possibilita a sua identificação (espécie, género, família, …) e
posterior colocação na árvore genealógica da vida;
 o ambiente em que viveu e a posição geográfica do habitat que
ocupou;
 o momento (período geológico) em que a rocha que o
contém se formou.
DATAÇÃO RELATIVA
Tipo de datação que determina a Idade Relativa, ou seja a
idade aproximada das rochas por comparação com outras
rochas ou com estruturas geológicas; permite estabelecer uma
ordem cronológica de acontecimentos sem recorrer a unidades
de tempo.

Baseia-se na posição relativa que os estratos ocupam nas


formações rochosas e na presença de determinados fósseis que
estes possam conter.
DATAÇÃO RADIOMÉTRICA ou ABSOLUTA
Como a datação relativa não conseguiu dar todas as respostas às
questões sobre a idade das rochas, dos acontecimentos
geológicos e da própria Terra, foi necessário enveredar por outro
caminho…

A Datação Radiométrica só se tornou possível com a


descoberta da radioatividade por Henri Becquerel em 1896 e
permite determinar a Idade Radiométrica ou Absoluta, ou
seja, a idade numérica das rochas e dos minerais, baseada nas
propriedades radioativas de certos elementos químicos
(elementos instáveis).

A ciência responsável por este tipo de datação é a


Geocronologia.
Princípios em que se baseia a datação
relativa:
 Princípio da Horizontalidade Inicial
Os depósitos, por ação da gravidade, formam camadas/estratos
na horizontal, ou próximo desta, pelo que , estratos que, na
atualidade, se encontram na vertical ou na diagonal, indicam a
existência de movimentos/deformações.
Deposição
 Princípio da sobreposição dos estratos

Numa sequência não deformada de rochas sedimentares, o


estrato mais recente assenta sobre o mais antigo.
(Nicolaus Steno, 1689)

Como os fósseis se formam ao mesmo tempo que os estratos,


também os fósseis dos estratos superiores são mais recentes do
que os fósseis dos estratos inferiores.
C
 Exceções do Princípio da Sobreposição:

- Estratos dobrados/deformados;
- Depósitos fluviais;
- Depósitos subterrâneos em grutas
Camadas
dobradas/deformadas

Depósitos/Terraços
Fluviais

Depósitos subterrâneos
em grutas
 Princípio da identidade paleontológica

Estratos que tenham o mesmo conteúdo em fósseis têm a


mesma idade e foram originados em ambientes semelhantes.
(William Smith, início do séc. 19)
Os fósseis que de facto têm utilidade para a datação das rochas
são os FÓSSEIS DE IDADE.

Fósseis de seres vivos que viveram durante um curto


intervalo de tempo mas com uma grande distribuição
geográfica (ocuparam áreas dispersas por todo o planeta).

Os fósseis que permitem concluir sobre o ambiente de formação


da rocha onde se encontram inseridos, são os chamados
FÓSSEIS DE AMBIENTE.
Trilobites,
Viveram nos mares do Paleozoico
(570/250 M.a)

Amonites,
Povoaram os mares do mesozoico e
extinguiram-se no final deste
(250/65 M.a)
 Princípio da interseção ou corte

Estruturas geológicas que intersetam outras são mais


recentes que estas (ex.: intrusões magmáticas e falhas).
 Princípio da inclusão
Aplica-se a rochas constituídas por fragmentos de rochas pré-
existentes como os conglomerados; assim, a rocha que se forma
é mais recente do que os fragmentos que a constitui uma vez
que teve origem na alteração de rochas pré-existentes.
Análise as seguintes situações:
DATAÇÃO RADIOMÉTRICA ou ABSOLUTA
Idade radiométrica ou absoluta - é a idade numérica das
rochas e dos minerais, baseada nas propriedades radioativas de
certos elementos químicos (elementos instáveis).

Cada elemento químico (átomo) é constituído por protões,


neutrões, eletrões, sendo caracterizado pelo seu:
Nº atómico (Z) = nº de protões A
Nº de massa (A) = soma do nº de protões e E
de neutrões Z
Quando um dado átomo apresenta um nº atómico igual mas um
nº de massa diferente, diz-se que passa a constituir um isótopo.

A diferença no nº de massa deve-se a um valor diferente de


neutrões!

Na Natureza, os átomos podem apresentar-se sob 3 formas


distintas:
 Forma estável (mais abundante)  nº de massa normal;
Ex: carbono 12 (6 protões e 6 neutrões)
 Isótopo estável  nº de massa diferente;
Ex: carbono 13 (6 protões e 7 neutrões)
 Isótopo instável  nº de massa diferente (está em
constante transformação).
Ex: carbono 14 (6 protões e 8 neutrões)

As formas instáveis dos elementos químicos são designadas por


isótopos radioativos e são eles que são utilizados nas técnicas
de determinação da idade absoluta – Datação
Radiométrica ou Absoluta.
 No início do século XX, descobriu-se que determinados
elementos químicos (K, Rb, U, Pb, Th, etc.) apresentavam uma
propriedade que poderia ser usada para determinar a idade de
certas rochas e certos minerais, essa propriedade foi designada
por decaimento radioativo.

Consiste na transformação de um átomo (mais instável)


noutro (mais estável) com libertação de energia
(partículas energéticas).

Admite-se que cada átomo tem a sua própria constante


de decaimento radioativo, que é utilizada para
determinar a idade absoluta das rochas.
Quando uma rocha se forma, adquire uma determinada
quantidade de isótopos radioativos (instáveis) integrados nos
seus minerais constituintes.

Com o passar do tempo, estes isótopos vão-se desintegrando,


a uma velocidade que é função da constante de decaimento,
transformando-se em átomos estáveis.

 no momento da génese dos cristais é incorporado na sua


estrutura átomos iniciais de isótopos instáveis chamados
átomos-pai (P);
desintegração radioativa

 obtêm-se átomos estáveis, chamados átomos-filhos (F)


O tempo necessário para que ocorra a desintegração radioativa
de metade do nº de átomos iniciais instáveis de uma amostra,
originando átomos-filhos estáveis é o período de
semitransformarão, semivida ou meia vida do elemento
(T 1/2).

 Exemplos:
Rb-87 / Sr-87 ---- 47000 M.a
U-238 / Pb-206 ---- 4500 M.a
K-40 / Ar-40 ---- 1300 M.a
U-235 / Pb-207 ---- 700 M.a
C-14 / N-14 ---- 5700 anos
 Calculando a quantidade de átomos-pai e de átomos-
filho e sabendo a sua constante de decaimento
radioativo, pode-se obter a idade do mineral no inicio
da transformação de átomos-pai em átomos-filho, que
deve, coincidir com a idade da rocha (rocha
magmática).

 Método de datação mais eficaz em rochas magmáticas


porque um magma, no momento em que se inicia o processo
de cristalização, seja em profundidade ou à superfície, transfere
para os seus cristais uma certa quantidade de isótopos
radioativos. Quer isto dizer que quantidade de átomos-filho,
nesse momento, é nula.
 As rochas e os minerais onde não existam elementos
radioativos não podem ser datados por este processo.

 Na datação de rochas metamórficas e de rochas sedimentares


este método apresenta algumas limitações:
- as ações metamórficas podem perturbar a relação átomos-
pai/átomos-filho, saindo, por exemplo, alguns átomos-filho para
fora do sistema, o que vai introduzir erros nos cálculos;
- nas rochas sedimentares, os sedimentos têm uma origem
muito diversa, logo dificulta esta datação.
MEMÓRIA DOS TEMPOS GEOLÓGICOS

 A Terra tem uma história muito longa (4600 M.a), durante a


qual ocorreram grandes acontecimentos, que,
necessariamente, marcam a História da Vida.

 O aparecimento das primeiras formas de vida e o constante e


contínuo aparecimento/desaparecimento de novas formas de
vida (que culminou com o aparecimento da espécie humana)
Também terão ocorrido inúmeros exemplos de verdadeiros
cataclismos, com consequências para o desenvolvimento e
evolução da vida, tais como:

 Períodos de intensa e contínua atividade vulcânica


(comprovada pela existência de grandes escoadas de lava);

 Períodos de aquecimento ou arrefecimento global


(comprovado pelo registo de espécies vegetais com
características tropicais em latitudes de temperaturas mais
moderadas e vestígios de períodos glaciários em regiões de
baixas latitudes);
 Períodos de subida ou descida do nível do mar (transgressões
ou regressões);

 Impactos de corpos vindos do espaço com a superfície


terrestre (comprovados pela existência de grandes crateras
de impacto);

 Ciclos de formação/ destruição de cadeias montanhosas; …


Do estudo do registo fóssil encontrado nas rochas,
Da análise dos acontecimentos descritos também registados
nas rochas e de outros acontecimentos
Foi possível

Fazer a uma reconstituição da História da Terra, numa


Escala de tempo geológico (também designada escala
estratigráfica ou cronostratigráfica)
 Esta escala baseia-se numa seriação cronológica dos
acontecimentos que marcaram a história da terra, constituindo
um “calendário da história da terra” e encontra-se dividida em:

EONS (Pré-câmbrico e Fanerozoico)

ERAS (Fanerozoico: Paleozoico, Mesozoico e


Cenozoico)

PERÍODOS…
(Paleozoico: Câmbrico, Ordovícico, Silúrico,
Devónico, Carbónico e Pérmico)
(Mesozoico: Triásico, Jurássico e Cretácico)
(Cenozoico: Paleogénico e Neogénico)

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