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Topografia – AB1

1. Os Potenciais Gravitacional, Gravífico ou Normal

De acordo com a lei de gravitação universal, estabelecida por Isaac Newton no seu livro
“Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”, em 1687, um conjunto de m massas pontuais

{𝑚1 , … , 𝑚𝑛 }

situadas em n pontos 𝑃𝑖 de coordenadas

(𝑥𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 )

relativas a um referencial cartesiano inicial, isto é, um referencial em repouso ou em movimento uniforme,


dá origem a um campo escalar (V), que é designado por potencial gravitacional.

O potencial gravitacional originado pelas n massas pontuais é dado por:


𝑛
𝑚𝑖
𝑉(𝑃) = 𝐺 ∑
∆𝑖
𝑖=1

onde P é um ponto genérico, exterior às massas, de coordenadas (x,y,z) onde:

∆𝑖 = √(𝑥 − 𝑥𝑖 )2 + (𝑦 − 𝑦𝑖 )2 + (𝑧 − 𝑧𝑖 )2

é a distância euclidiana entre os pontos P e Pi, e onde:

𝐺 = 6,872𝑥10−11 𝑚3 𝑠 −2 𝑘𝑔−1

é a constante de gravitação universal.

1.1. O Potencial Gravífico

Um ponto situado sobre a superfície terrestre encontra-se sujeito à ação de vários potenciais
gravitacionais, originados pelas massas da Terra, do Sol, da Lua, dos Planetas, e ainda ao potencial
centrífugo provocado pelo movimento de rotação da Terra. O potencial total num ponto P situado na
superfície terrestre é a soma dos vários potenciais referidos, dos quais os mais significativos e com
menores variações temporais são o potencial gravitacional terrestre (T) e o potencial gravitacional
centrífugo (C). A soma dos potenciais gravitacional e centrífugo designa-se por potencial gravífico
terrestre:

𝑊(𝑃) = 𝑉𝑇 (𝑃) + 𝑉𝐶 (𝑃)

As superfícies equipotenciais do potencial gravífico (W) são designadas por superfícies de nível e
as suas linhas de força são designadas por linhas do fio de prumo.

O potencial total é variável no tempo, dependendo essencialmente das posições relativas da Terra,
da Lua, do Sol e dos outros planetas do sistema solar. A variação dessas posições relativas dá origem às
mares propriamente ditas, assim como às “marés” terrestres. A superfície do mar, num dado instante,
ignorando a ondulação provocada pelo vento, assume uma forma muito próxima da de uma superfície
equipotencial do potencial total.
As superfícies elipsoidal e geoidal são puramente matemáticas, não podem ser tocadas. A superfície
terrestre é exclusivamente material.

2. A Finalidade da Topografia

A Topografia tem como finalidade apresentar graficamente, através de projeções ortogonais


cotadas, uma porção limitada da superfície terrestre.

Os acidentes e detalhes de uma área em estudo são representados graficamente num plano
horizontal de referência, perpendiculares à vertical do lugar (linha do fio de prumo), chamado de plano
topográfico. Na hipótese do plano topográfico, as verticais verdadeiras A, B, C, D e E são substituídas pelas
verticais V1, V2, V3, V4 e V5, que são perpendiculares ao plano que passa por H e He consideradas paralelas
entre si.

Considera-se vertical do local uma reta que une um ponto qualquer na superfície terrestre ao centro
do geoide ou ao centro da terra, considera coincidente com a direção do fio de prumo.

A projeção ortogonal, para a Topografia, recebe o nome de Planta. A projeção resultante, em termos
geodésicos, recebe o nome de mapa ou carta, dependendo da escala. Costuma-se chamar de mapa a área
correspondente a um município e carta uma área correspondente a um estado ou país.

3. Objeto de estudo da Topografia

De acordo com o seu objetivo, a Topografia divide-se em: Topometria, Topologia, Taqueometria e
Fotogrametria.

A Topometria tem seus processos de medição baseados na geometria aplicada e divide-se em:
planimetria e altimetria. A planimetria preocupa-se em obter grandezas lineares e angulares no plano
horizontal, enquanto a altimetria se preocupa em obter medidas lineares e angulares na vertical e em plano
que contenha a vertical do lugar definido pela direção do fio de prumo.

A Topologia baseia-se na geometria e desenvolve processos similares à Topometria, tendo por


objeto de estudo as formas exteriores da superfície terrestre e das leis a que deve obedecer seu modelado.
Sua principal aplicação está na representação cartográfica do terreno pelas curvas de nível.
Para maior precisão, o Plano Topográfico deve ser tangente à Superfície Terrestre.

A Taquiometria, através da resolução de triângulos retângulos, possibilita a medições verticais em


regiões montanhosas, permitindo medições indiretas e distâncias e diferenças de nível, dando origem as
chamadas plantas planialtimétricas.

A Fotogrametria permite avaliações tanto através da fotogrametria terrestre como através da


aerofotogrametria. Constitui atualmente o principal método para representar a área e o relevo terrestre,
principalmente de grandes extensões.

4. Escalas

Designa-se por escala a relação entre um comprimento unitário horizontal no terreno (dimensão
em projeção) e o comprimento correspondente no modelo.

A escolha da escala da área de levantamento topográfico é definida pelo seu emprego. Deste modo,
de acordo com Xerez (1998), para a elaboração de plantas, para a construção de grandes obras como
pontes, barragens, ferrovias, rodovias, canais, edificações importantes em terrenos acidentados, devem ser
utilizadas escalas entre 1:500 e 1:200 que permitem o cálculo de volume de cortes e aterro com razoável
rigor. Para o estudo de vias de comunicação, dever ser utilizadas escalas entre 1:5000 e 1:200.

Nos levantamentos topográficos urbanos, devem ser utilizadas, nos estudos de urbanização, de
redes de distribuição de água, de redes de esgoto, de redes telefônicas, de redes de transmissão de energia
elétrica, escalas entre 1:2000 e 1:1000.

Os levantamentos de cadastro rural e urbanos devem ser realizados em escalas entre 1:10000 e
1:2000. Em resumo, enquanto a elaboração dos planos gerais de grande sobras podem ser realizadas na
escala de 1:5000, para os estudos mais comuns podem torna-se necessário levantamentos na escala 1:500
ou superiores.

As dimensões dos mapas geográficos são muito variáveis, indo desde mapas de bolso, até mapas de
parede. As cartas cartográficas, em escalas maiores, são geralmente dividas em folha de formato idêntico
e dimensões formalizadas.
O formato mais adequado para as folhas de uma carta cartográfica, por mais cômodo a manipulação
e leitura, é o formato retangular, semelhante ao formato A1, com dimensão maior na direção leste-oeste.

Apresenta nas margens o título, a identificação, as legendas, datum, a projeção cartográfica, etc.

No caso de um levantamento topográfico local, em uma escala grande, é conveniente elaborar um


“cartograma” em uma escala menor com a região a ser levantada, que permita planejar o plano de
articulação das folhas. As dimensões das áreas das folhas deverão tentar compatibilizar as vantagens do
formato A1 das dimensões da região em estudo. Por vezes, no caso do levantamento por faixas de terrenos
com grandes extensões e orientação variável, para o apoio ao projeto de vias de comunicação, gasodutos,
etc, as margens da mancha útil, ou área útil, poderão não ser paralelas à quadrícula cartográfica, e pode
ser necessário mudar sua orientação em folhas contíguas.

As folhas das plantas topográficas devem, tais como as folhas das séries cartográficas, apresentar
nas margens:

i. Descrição e identificação com o nome do “dono da obra”;


ii. Sistema de projeção cartográfica e datum altimétrico;
iii. Coordenadas cartográficas dos cantos das folhas;
iv. Data do voo fotogramétrico ou dos trabalhos de campo;
v. Legendas e convenções topográficas;
vi. Escalas gráficas;
vii. Escalas com latitude e longitude geodésica, no limite da área útil;
viii. Elementos gráficos para a estimação da declinação magnética e da convergência meridional no
centro da folha.

A quadrícula é um elemento informativo de grande utilidade na determinação da posição


planimétrica dos objetos representados nas folhas das cartas ou plantas topográficas. O espaçamento da
quadrícula deve ser definido em função da escala e das dimensões, de modo a tornar fácil a medição das
coordenadas cartográficas dos objetos representados.

Uma definição de Escala é a uma relação constante das dimensões (li) de um modelo e as medidas
homologas (Li) do objeto representado neste modelo.

𝑙𝑖
𝐸𝑠 =
𝐿𝑖
Quanto as dimensões do modelo, são maiores do que as dimensões homologas do objeto original (li
> Li), dizemos que a escala é de ampliação e, neste caso, ela será maior do que 1.

No caso que as dimensões do modelo são iguais as dimensões homologas do modelo original (li =
Li), dizemos que a escala é natural, e neste caso ela é igual 1.

Se as dimensões do modelo são menores do que as dimensões homologas (li < Li), dizemos que a
escala é de redução e, neste caso, ela será menor do que 1.

4.1. Erro de grafismo

𝑙𝑖
1
𝐸𝑠 = 𝑙𝑖 =
𝐿𝑖 𝑀
𝑙𝑖
O nosso olho consegue apenas observar distâncias até 0,2 milímetros (li), então ele será sempre a
distância do modelo. Se as dimensões do objeto forem 40 cm (Li), fazemos:

𝐿𝑖 400 𝑚𝑚 1
𝑀= = = 2.000 ∴ 𝐸𝑠 = = 1: 2000
𝑙𝑖 0,2 𝑚𝑚 𝑀

5. O Relevo do solo e sua representação


5.1. O Relevo
5.1.1. As formas elementares do relevo

As formas representadas pela superfície do terreno podem ser classificadas em 3 grandes


categorias: planícies, elevações e depressões. A superfície do terreno, pode, de um modo simplista, ser
aproximada por um conjunto de faces planas que se interceptam. Os ângulos diedros das faces são
denominados côncavos quando a sua abertura encontra-se virada para o exterior da terra e convexo no
caso contrário. Numa elevação ou numa depressão, um par de faces convexas designada por Tergo, e o par
de encostas côncavas é designado por Vale. As arestas dos Tergos constituem linhas de separação das
águas da chuva e são designadas por linhas de festo ou cumeeiras.

As arestas dos vales são linhas de reunião das águas da chuva e são chamadas de linhas de água.

As formas elementares do relevo são o Tergo e o Vale. As águas que caem em suas encostas
convergem para as linhas de água, onde constituem linhas ou curvas de água. Todas as formas de terreno
resultam da combinação de Tergos e Vales: uma colina resulta da combinação de dois Tergos; uma Portela
resultada da combinação de dois Tergos e dois Vales.

Representações do Tergo, da Colina, do Vale e da Portela (Garganta)


5.1.2. O Declive

Consideramos em cada ponto P do terreno o plano horizontal e o plano tangente à superfície do


terreno. Designa-se por direção em maior inclive em P a direção definida pelas retas do plano tangente,
que são perpendiculares à intersecção deste com o plano horizontal.

Designa-se por declive a tangente trigonométrica da inclinação do terreno, isto é, do plano diedro
do terreno com o plano horizontal.

5.1.3. As Leis de Brisson

A morfologia do terreno respeita um conjunto de regras conhecidas como as Leis de Brisson.

i. As Linhas de Festo: em uma região encontra-se todas as águas, ligadas em uma rede de
mesma forma de árvore sem tronco que enquadra as bacias hidrográficas formadas por
redes de talvegues. Os talvegues desembocam em outros talvegues, criando redes em forma
de árvore, cujo o tronco é o curso da água principal em uma bacia hidrográfica. Confluência
é o encontro de todas as águas de algum rio.

ii. O Declive de um curso de água diminui da nascente para a foz. Se forem traçados, no mesmo
plano, os perfis de talvegues de uma bacia hidrográfica, o perfil do curso da água principal é
denominado pelo perfil de seus afluentes.
iii. Quando duas linhas de água se encontram, a linha do festo de Tergo que as separa está
sensivelmente no prolongamento do curso de água resultante.
iv. Quando uma linha de água se divide em ramos, forma linhas irregulares, é possível concluir
que o vale é largo e o talvegue pouco inclinado. Quando existe um único percurso retilíneo e
estreito, o vale é apertado e o talvegue inclinado.
v. Todo curso de água corre entre duas linhas de separação de água, que vão se afastando,
normalmente da nascente de linha de água para a sua foz.
vi. A bacia hidrográfica de uma linha de água, ou seja, e a sua área de drenagem é constituída
pelo terreno compreendido entre duas linhas de separação de água.
vii. Quando dois cursos de água, correndo em paralelo na mesma encosta se inflertem na mesma
direção, mas em sentidos contrários, a linha que une os pontos de inflecção está na região de
uma Portela.
viii. Se os cursos de água correm paralelamente em sentidos contrários e, portanto, em rochas
diferentes, a nível dos pontos de inflecção dos cursos de água, está na região de uma Portela.
6. Orientação de Plantas Topográficas

Coordenadas Geográficas (𝛾, 𝜑): é o nome dado aos valores de latitude e longitude que definem a
posição de um ponto na superfície terrestre. Estes valores dependem do elipsóide de referência
utilizado para a projeção do ponto em questão. As cartas normalmente utilizadas por engenheiros em
diversos projetos ou obras apresentam, além do sistema que expressa as coordenadas geográficas
referidas anteriormente, um outro sistema de projeção conhecido por UTM – Universal Transversa de
Mercator.

Coordenadas UTM (E,N): é o nome dado aos valores de abcissa (E) e ordenada (N) de um ponto sobre
a superfície da Terra, quando este é projetado sobre um cilindro tangente ao elipsóide de referência. O
cilindro tangencia o Equador, assim dividido em 60 arcos de 6º (60 x 6º = 360º). Cada arco representa
um fuso UTM e um sistema de coordenadas com origem no meridiano central ao fuso, que para o
hemisfério sul, constitui-se dos valores de 500.000 m para (E) e 10.000.000 m para (N). A figura a
seguir mostra um fuso de 6º, o seu meridiano central e o grid de coordenadas UTM. A origem do sistema
UTM se encontra no centro do fuso. Para o Hemisfério Norte as ordenadas variam de 0 a 10.000 km
enquanto para o Hemisfério Sul variam de 10.000 a 0 km.
As seguintes equações são validas para a Orientação de Cartas Topográficas:
𝛾 = (𝜆𝑜 − 𝜆) ∗ sin 𝜑 ⋯ 𝐶𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝐺𝑒𝑜𝑔𝑟á𝑓𝑖𝑐𝑎𝑠
onde: 𝜆𝑜 é o meridiano central, 𝜆 é um meridiano dado no caso. Essa equação serve para encontrar em
qual hemisfério o ponto está localizado.
𝐸𝑜 − 𝐸
𝛾= ∗ tan 𝜑 ⋯ 𝐶𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑀é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎𝑠
𝑅
183° − 𝜆0
𝑓= ⋯ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝐹𝑢𝑠𝑜
6
𝜆𝑜 = 𝜆𝑜 + (𝜆𝑜 − 𝜆𝑝 ) ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑎 𝐿𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑆𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎

𝜑𝑜 = 𝜑𝑜 + (𝜑𝑜 − 𝜑𝑝 ) ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑎 𝐿𝑎𝑡𝑖𝑡𝑢𝑑𝑒 𝑆𝑖𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎

6.1. Azimute

Define-se Azimute Astronômico (ou natural) de um ponto P, da superfície terrestre, para um ponto
A, também da superfície terrestre, como o ângulo diedro do plano meridiano P com o plano vertical que
contém Q. Os Azimutes Astronômicos são grandezas observadas diretamente, e são contados no sistema
sexagesimal, no sentido horário, de 0° até 360°, a partir do Norte.

7. Métodos de levantamento Planimétrico


7.1. Método da Intersecção
O método de intersecção ou das coordenadas bipolares é utilizado somente para pequenas áreas
que sejam relativamente planas. É o único método que pode ser utilizado quando alguns vértices da área
não podem ser acessados, como por exemplo: em caso de áreas alagadas ou até mesmo a definição de eixos
de rios. É um método simples e rápido que depende dos cuidados do operador e da precisão do
equipamento utilizado, pois não apresenta a possibilidade de controle do erro.
O método em seu princípio de funcionamento é baseado na construção de um triângulo em que se
conhece um lado e seus dois ângulos adjacentes. A representação da posição do ponto topográfico desejado
é determinado pelas intersecções das direções determinadas pelos ângulos formados.

Para esse método de levantamento, a Lei dos Senos é bastante útil, uma vez que precisamos
encontrar o tamanho dos outros lados do triângulo.
7.2. Método do Irradiamento
7.2.1. Levantamento por Irradiamento

É o método de levantamento empregado para pequenas áreas relativamente planas. É também


chamado “método das coordenadas polares”, tem sua maior aplicação como auxiliar os levantamentos por
poligonação. É bastante utilizado para perímetros curvos. É um método simples, de boa precisão, mas
considerando que não permite controle dos erros que possam ocorrer, a precisão fica na dependência da
experiência e cuidados do operador e ainda na precisão do equipamento utilizado. O método requer a
implantação de dois pontos com coordenadas conhecidas (ponto estação e ponto de azimute) implantadas
anteriormente, de modo que sejam intervisíveis. Do “ponto estação” deve ver a maioria dos pontos de
detalhe da região de interesse. Os pontos de referência podem se situar dentro ou fora da área de interesse
a ser levantada.

7.3. Método da Poligonação

É o levantamento planimétrico mais utilizado na prática, principalmente para áreas grandes e


acidentas. Neste caso, para representar a planimetria de uma área o operador deve instalar o equipamento
(estação total) nos vértices que definem a área de interesse ou em pontos próximos de tais vértices. É um
método trabalhoso, mas muito bom quanto a precisão.

7.3.1. Tipos de Poligonais

Quanto à natureza geométrica, as poligonais podem ser classificadas em: poligonal fechada e
poligonal aberta.

7.3.1.1. Poligonal Fechada

Uma poligonal é considerada fechada geometricamente quando ela inicia em um ponto de


coordenadas conhecidas e termina sobre o mesmo ponto, conforme indicado na figura abaixo.
Se o projeto exigir que os pontos de apoio a serem determinados sejam baseados na rede geodésica
nacional ou numa outra rede de pontos de apoio topográficos previamente estabelecidos, o ponto inicial
deve ser um ponto com coordenadas conhecidas com orientação determinada, ou seja, deve haver dois
pontos disponíveis para o início do trabalho.

A poligonal fechada é aplicada frequentemente em obras de engenharia civil, engenharia agrônoma,


para mapeamento de propriedades rurais, principalmente nos trabalhos de agrimensura rural. O seu
principal inconveniente é que, embora geometricamente definida, não é possível eliminar os erros
sistemáticos da medição da distância. Apenas os erros acidentais angulares e lineares são controlados
considerando a geometria do polígono, conforme consideraremos no cálculo e compensação de poligonais.

Uma poligonal geometricamente fechada por de ser realizada no sentido horário ou no sentido anti-
horário. No sentido horário são lido os ângulos externos da poligonal, enquanto no sentido anti-horário
são lidos os ângulos internos da poligonal.

7.3.1.2. Poligonal Aberta

Uma poligonal aberta é considera geometricamente aberta quando ela parte de um ponto conhecido
e chega em outro ponto distinto.

Se a poligonal partir de dois pontos de coordenadas conhecidas georeferenciadas e fechar sobre


outra base topográfica do mesmo tipo, que ela é topograficamente apoiada (ou enquadrada). Sob o ponto
de vista geométrico, este tipo de poligonal é considerado como aberta, porém sob o ponto de vista
topográfico, ela é considerada uma poligonal fechada, neste caso, podemos dizer que ela é uma poligonal
geometricamente aberta e topograficamente fechada.

7.3.2. Cálculo de uma poligonal fechada

Inicialmente são dadas as distâncias dos alinhamentos da poligonal, assim como seus azimutes. As
coordenadas base são 10.000,000 m para o Norte e 5.000,000 para o Leste. A partir disso, podemos
encontrar as coordenadas dos outros vértices. As equações utilizadas para esses procedimentos são:

𝑁(𝑖+1) = 𝑁𝑖 + (𝐷𝑖 𝑎𝑡é 𝑖+1 ∗ cos 𝐴𝑍𝑖 𝑎𝑡é 𝑖+1 ) ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑟ó𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜

𝐸(𝑖+1) = 𝐸𝑖 + (𝐷𝑖 𝑎𝑡é 𝑖+1 ∗ cos 𝐴𝑍𝑖 𝑎𝑡é 𝑖+1 ) ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝐿𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑟ó𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜

𝑒∆𝑁 = 𝑁𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑁𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑁𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠

𝑒∆𝐸 = 𝐸𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝐸𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑𝑒𝑛𝑎𝑑𝑎 𝐿𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑑𝑜𝑠 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠
𝑒L = √(𝑒∆𝑁)2 + (𝑒∆𝑁)2 ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐿𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟

𝑒∆𝑁
𝑓𝐴𝑁 = ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝑑𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑡𝑒, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑃 é 𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜
𝑃
𝑒∆𝐸
𝑓𝐴𝑁 = ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝑑𝑜 𝐿𝑒𝑠𝑡𝑒, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑃 é 𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜
𝑃

𝐿𝑖 𝑒𝐿 𝑒𝐿 1
𝑀≥ = = ∴ 𝐸𝑠 = ∴ 𝐸𝑠 ≤ 1: 𝑀 ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑜 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑎 𝐸𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎
𝑙𝑖 𝑒𝑔 0,2 𝑚𝑚 𝑀

Calculados todos os pontos, os respectivos erros e o erro linear, assim como os fatores de correção
e o módulo da escala, o próximo passo é corrigir tais erros para concluir o cálculo da poligonal, dessa vez
com as coordenadas corrigidas. As seguintes fórmulas são utilizadas:
𝑛

𝑁𝑖(𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜) = 𝑁𝑖 + (𝑓𝐴𝑁 ∗ (∑ 𝐷(𝑖−1 𝑎𝑡é (𝑖−1)+𝑛) )) ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑎 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑. 𝑁. 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
𝑖=1

𝐸𝑖(𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜) = 𝐸𝑖 + (𝑓𝐴𝐸 ∗ (∑ 𝐷(𝑖−1 𝑎𝑡é (𝑖−1)+𝑛) )) ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑎 𝑐𝑜𝑜𝑟𝑑. 𝐸. 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
𝑖=1

𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎
𝐷𝑖 𝑎𝑡é 𝑖+1 = √(𝑁𝑖 − 𝑁𝑖+1 )2 + (𝐸𝑖 − 𝐸𝑖+1 )2 ⟶ 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑟 𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎

7.3.3. Cálculo da Área pela Equação de Gauss


𝑛
1
𝐴 = ∗ [∑ 𝑁𝑖 ∗ (𝐸𝑖+1 − 𝐸𝑖−1 )]
2
𝑖=1

7.3.4. Valores de tolerância para o erro de fechamento linear em função da precisão relativa

Qualidade do
Precisão relativa Aplicações Observações
Levantamento

Pontos de controle para


trabalhos de Exige o uso da estação
engenharia de alta total com precisão
Ótima 1:50.000 ou melhor precisão, como túneis, angular de 1’’ e precisão
monitoramento de linear de 1 mm + 1 ppm
estruturas, barragens, e centragem forçada.
etc.

Trabalhos gerais de Podem ser usadas


engenharia, tais como, estações totais com
construção civil, precisão angular entre
Entre 1:10.000 e
Boa rodovias, locação de 2’’ e 7’’ e precisão linear
1:50.000
obras, levantamentos de 2 mm + 2 ppm.
cadastrais urbanos, Recomenda-se o uso de
levantamento e outros. centragem forçada.
Pode ser usadas
estações totais com
Trabalhos de cadastros
precisão angular igual
Entre 1:5.000 e rurais, pré-projetos de
Regular ou inferior a 7’’ e
1:10.000 engenharia, obras de
precisão linear igual ou
drenagem e outros.
inferior a 3 mm + 3
ppm.

Podem ser utilizadas


Trabalhos de cadastro estações totais com
rural, movimentos de precisão angular igual
Ruim Entre 1:500 e 1:5.000 terra, mapeamento em ou inferior a 7’’ e
escalas reduzidas e precisão linear igual ou
outros. inferior a 5 mm + 5
ppm.

𝑃𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜
𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠ã𝑜 = ⟶ 𝑄𝑢𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑣𝑎𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐿𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟

8. Rumo (R)

Dar-se o nome de Rumo o ângulo horizontal agudo, inclinado no sentido horário ou anti-horário,
compreendido entre a direção e um alinhamento de diferença e a direção ij de uma semi-reta, i, j qualquer.
A amplitude do Rumo varia de 0° até 90° e deve ser indicado sempre com o valor positivo. Ele é referido
nas direções N-E, N-O, S-E e S-O, conforme indicado na figura abaixo.

8.1. Transformação de Rumo para Azimute

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