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AULA 4 – ESQUERDAS E OS PRIMÓRDIOS DO ANTICOMUNISMO


VIANNA, Marly. “O PCB, a ANL e as insurreições de novembro de 1935”.

I – INTRODUÇÃO DO TEMA

 A tese central da autora é a ideia de que a Intentona Comunista foi mais um levante tenentista.
Então, ela é mais um desdobramento desses levantes e realizada pelos tenentes de esquerda.
Eles acreditavam que era possível realizar uma revolução comunista de acordo com aquela
tradição intervencionista e seria um sintoma tanto da decepção com Vargas, porque uma das
interpretações é que a Revolução de 30 foi uma revolução burguesa. Então essas classes mais
à esquerda do tenentismo não apoiaram os desdobramentos dela e, descontentes, se uniram a
outra proposta ali existente, a do Partido Comunista Brasileiro e as ideias da URSS, se unindo a
pauta comunista da revolução.

 Mas todos os documentos demonstram que não existia capacidade efetiva para uma revolução
comunista de fato, de modo que a autora conclui que a Intentona, muito mais do que uma
ameaça real, foi um descontentamento do tenentismo de esquerda com os desdobramento da
Revolução de 30. Grande parte dessa classe ainda continuava com a lógica salvacionista, de
liderar a nação rumo a uma nação democrática, livre de corrupções.

 Dá pra falar da ANL de maneira geral? Não! Foi o maior movimento nacional que o Brasil já teve,
tinham muitas divisões e departamentos internos. O PCB tinha uma plataforma nacional, mas
não tinham tantos filiados, como era por exemplo com o Partido Comunista Chinês, na qual
inclusive o Prestes se inspirava, numa ideia de revolução vinda dos campos.

 Vários fatores faziam da revolução mais uma fantasmagoria do que de fato uma ameaça real.
Quando se levantam as condições efetivas, elas eram de fato muito precárias e se percebe que
foi superestimado as possibilidades de revolução, inclusive por parte dos integrantes do PCB,
que convenceram a URSS de que havia chegado o momento. O PCB não tinha a adesão popular
que se imaginava ou que pelo menos se pintou. Muitas pessoas que se engajaram nesse projeto
da intentona sabiam que a adesão não era tão forte, mas um líder chamado Miranda fez crer
que era possível efetivar a Revolução.

 Nós tínhamos então essas duas organização, a Aliança Nacional Libertadora e a Ação
Integralista Brasileira. Então, você tinha na ANL uma grande parcela da população antifascista:
se tinha algo que os unia era o combate do autoritarismo varguista e o crescimento dos
integralistas no país.

 Então essa é a conclusão dela. No fundo, a Intentona Comunista, muito menos do que uma
ameaça real, foi um desdobramento do tenentismo, regimentando esses tenentes de esquerda
que estavam descontentes com os rumos do governo Vargas. A conspiração estava no ar, mas
não houve uma organização, um comitê central, que lançasse ordens concatenadas, armas,
direcionamentos para a realização dessa Revolução.

 A versão do exército de que soldados teriam sido mortos enquanto dormiam pelos traidores de
esquerda foi um dos berços do anticomunismo, largamente difundido nas escolas militares e em
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evento oficial realizado pelo exército, no qual os presidentes compareciam durante os anos da
Ditadura Militar e que ainda hoje é comemorado pelo exército.

 Como essas pessoas, sabendo mais ou menos do panorama, acreditavam na possibilidade de


realização dessa Revolução? Por conta de outros episódios na história do país, que começaram
numa quartelada e que ganhou proporções externas após. Mas isso não aconteceu com o
comunismo. Por quê? Porque nós somos um país de tradição autoritária, escravista e agrária,
além de quintal dos Estados Unidos.

 A autora defende que a Intentona Comunista foi mais um levante tenentista. Ela usa o
depoimento de Prestes, que ainda era um tenente, e que somente se converteu marxista no
exílio na União Soviética. Uma vez na URSS, ligado a Internacional Comunista, ele acaba sendo
empurrado goela abaixo do PCB. Ele não entra por vias normais, fazendo política. Mas depois
ele se torna um dos grandes nomes do partido.

 Alguns dos pontos importantes do texto. A autora coloca todos os momentos de tentativa de
revolução desse período, de 1918 a 1935, numa mesma tradição tenentista. A esquerda
também acaba inflando a importância da Intentona Comunista, mas os historiadores mais
recentes tentam mostrar como o próprio movimento tenentista era dividido, como a presença
de militares e militantes era desarticulada, como o próprio movimento era pouco organizado. A
AIB, embora tivesse uma homogeneidade muito maior, também tinha muitas ramificações. Ela
teve, sim, uma adesão enorme, mas a depender do lugar, ela tinha plataformas diferentes, então
não se tinha tamanha homogeneidade como se propala.

 Os tenentes, ela observa, tinham propostas vagas, moralistas e que acabam regimentados por
essa intenção de salvacionismo, de vanguarda, naquela chave de regeneração ainda, típica da
Primeira República.

 Em 1932 é fundada a AIB. A autora coloca até que, no caso do Brasil, nós temos um campo
fértil pra essas tendências autoritárias por conta da religião, mas também por conta da
escravidão. A ideia de que a ordem sempre precisa existir para que a produção ocorra e essa
ordem pressupõe uma violência contra os trabalhadores, possibilitando uma margem mínima de
articulação e de manobra, à medida que não se tem um campo de trabalho mesmo extenso,
pra poder empregar toda a população. Existe uma produção sempre de mão de obra excedente.

 Ela também fala do PCB, fundada em 1922, e que está vinculada à Internacional Comunista. A
ANL não era comunista, ela antifascista, mas efeito de repressão, todos eram taxados de
comunistas.

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