Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I – INTRODUÇÃO DO TEMA
A tese central da autora é a ideia de que a Intentona Comunista foi mais um levante tenentista.
Então, ela é mais um desdobramento desses levantes e realizada pelos tenentes de esquerda.
Eles acreditavam que era possível realizar uma revolução comunista de acordo com aquela
tradição intervencionista e seria um sintoma tanto da decepção com Vargas, porque uma das
interpretações é que a Revolução de 30 foi uma revolução burguesa. Então essas classes mais
à esquerda do tenentismo não apoiaram os desdobramentos dela e, descontentes, se uniram a
outra proposta ali existente, a do Partido Comunista Brasileiro e as ideias da URSS, se unindo a
pauta comunista da revolução.
Mas todos os documentos demonstram que não existia capacidade efetiva para uma revolução
comunista de fato, de modo que a autora conclui que a Intentona, muito mais do que uma
ameaça real, foi um descontentamento do tenentismo de esquerda com os desdobramento da
Revolução de 30. Grande parte dessa classe ainda continuava com a lógica salvacionista, de
liderar a nação rumo a uma nação democrática, livre de corrupções.
Dá pra falar da ANL de maneira geral? Não! Foi o maior movimento nacional que o Brasil já teve,
tinham muitas divisões e departamentos internos. O PCB tinha uma plataforma nacional, mas
não tinham tantos filiados, como era por exemplo com o Partido Comunista Chinês, na qual
inclusive o Prestes se inspirava, numa ideia de revolução vinda dos campos.
Vários fatores faziam da revolução mais uma fantasmagoria do que de fato uma ameaça real.
Quando se levantam as condições efetivas, elas eram de fato muito precárias e se percebe que
foi superestimado as possibilidades de revolução, inclusive por parte dos integrantes do PCB,
que convenceram a URSS de que havia chegado o momento. O PCB não tinha a adesão popular
que se imaginava ou que pelo menos se pintou. Muitas pessoas que se engajaram nesse projeto
da intentona sabiam que a adesão não era tão forte, mas um líder chamado Miranda fez crer
que era possível efetivar a Revolução.
Nós tínhamos então essas duas organização, a Aliança Nacional Libertadora e a Ação
Integralista Brasileira. Então, você tinha na ANL uma grande parcela da população antifascista:
se tinha algo que os unia era o combate do autoritarismo varguista e o crescimento dos
integralistas no país.
Então essa é a conclusão dela. No fundo, a Intentona Comunista, muito menos do que uma
ameaça real, foi um desdobramento do tenentismo, regimentando esses tenentes de esquerda
que estavam descontentes com os rumos do governo Vargas. A conspiração estava no ar, mas
não houve uma organização, um comitê central, que lançasse ordens concatenadas, armas,
direcionamentos para a realização dessa Revolução.
A versão do exército de que soldados teriam sido mortos enquanto dormiam pelos traidores de
esquerda foi um dos berços do anticomunismo, largamente difundido nas escolas militares e em
2
evento oficial realizado pelo exército, no qual os presidentes compareciam durante os anos da
Ditadura Militar e que ainda hoje é comemorado pelo exército.
A autora defende que a Intentona Comunista foi mais um levante tenentista. Ela usa o
depoimento de Prestes, que ainda era um tenente, e que somente se converteu marxista no
exílio na União Soviética. Uma vez na URSS, ligado a Internacional Comunista, ele acaba sendo
empurrado goela abaixo do PCB. Ele não entra por vias normais, fazendo política. Mas depois
ele se torna um dos grandes nomes do partido.
Alguns dos pontos importantes do texto. A autora coloca todos os momentos de tentativa de
revolução desse período, de 1918 a 1935, numa mesma tradição tenentista. A esquerda
também acaba inflando a importância da Intentona Comunista, mas os historiadores mais
recentes tentam mostrar como o próprio movimento tenentista era dividido, como a presença
de militares e militantes era desarticulada, como o próprio movimento era pouco organizado. A
AIB, embora tivesse uma homogeneidade muito maior, também tinha muitas ramificações. Ela
teve, sim, uma adesão enorme, mas a depender do lugar, ela tinha plataformas diferentes, então
não se tinha tamanha homogeneidade como se propala.
Os tenentes, ela observa, tinham propostas vagas, moralistas e que acabam regimentados por
essa intenção de salvacionismo, de vanguarda, naquela chave de regeneração ainda, típica da
Primeira República.
Em 1932 é fundada a AIB. A autora coloca até que, no caso do Brasil, nós temos um campo
fértil pra essas tendências autoritárias por conta da religião, mas também por conta da
escravidão. A ideia de que a ordem sempre precisa existir para que a produção ocorra e essa
ordem pressupõe uma violência contra os trabalhadores, possibilitando uma margem mínima de
articulação e de manobra, à medida que não se tem um campo de trabalho mesmo extenso,
pra poder empregar toda a população. Existe uma produção sempre de mão de obra excedente.
Ela também fala do PCB, fundada em 1922, e que está vinculada à Internacional Comunista. A
ANL não era comunista, ela antifascista, mas efeito de repressão, todos eram taxados de
comunistas.