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FACULDADE DO VALE DO JAGUARIBE – FVJ


CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

JOSÉ FELIPE BARRETO DO AMARAL

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA A MITIGAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS:


ESTUDO COMPARATIVO DE CASOS NO SETOR CERAMISTA

ARACATI-CE
2016
2

JOSÉ FELIPE BARRETO DO AMARAL

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA A MITIGAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS:


ESTUDO COMPARATIVO DE CASOS NO SETOR CERAMISTA

Artigo apresentada ao Curso de


Bacharelado em Administração de
Empresas da Faculdade do Vale do
Jaguaribe - FVJ, como requisito parcial
para obtenção do Título de bacharelado
em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo.

Aprovado em __/__/___

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo
Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ.

____________________________________________
Examinador:

___________________________________________
Examinador:

ARACATI - CE
2016
3

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA PARA A MITIGAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS:


ESTUDO COMPARATIVO DE CASOS NO SETOR CERAMISTA 1

José Felipe Barreto do Amaral2


Carlos Eduardo 3

RESUMO

A presente pesquisa analisou as inovações tecnológicas para a mitigação dos


impactos ambientais, a partir das práticas exercidas pelos ceramistas das Micros,
Pequenas, Médias olarias de telhas e tijolos, na zona rural no cidade de Russas-
CE., no sentido de analisar quais as contribuições que a inovação tecnológica
proporcionou para mitigação de impactos ambientais a partir da percepção de
alguns teóricos que tratam acerca do referido tema, para tanto fez necessário
descrever os principais danos ambientais causados pelas empresas que não atuam
com a Gestão Ambiental no Vale do Jaguaribe, além de identificar as principais
inovações tecnológicas implementadas no processo produtivo das cerâmicas
pertinentes ao estudo. No decorrer do estudo foram entrevistados quatro
gerentes/proprietários atuantes nas referidas cerâmicas. A coleta de dados foi
realizada a partir de uma entrevista semiestruturada que explorou o conhecimento, a
experiência e os procedimentos na prática das cerâmicas, além realizar a busca
ativa nos meios eletrônicos de artigos e periódicos que possibilitasse a
fundamentação teórica, a partir de autores que tratam do referido assunto. Os
resultados apontam para o deficitário conhecimento dos proprietários no que diz
respeito a utilização das tecnologias como forma de reaproveitamento dos recursos
naturais, o que evidencia o não uso de práticas sustentáveis na referida atividade,
por parte de um grande número de ceramistas.

Palavras-chave: Cerâmicas. Impactos Ambientais. Sustentabilidade. Recursos


Naturais
1
Artigo apresentado como requisito para obtenção de nota na disciplina de Métodos e Técnicas de
Pesquisa, do Curso de Administração, da Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ.
2
Acadêmico do Curso de Administração da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ. Concluinte
2016.1. felipebarreto1000@gmail.com
3
Orientador: Dr. Prof. Carlos Eduardo da Faculdade do Vale do Jaguaribe - FVJ.E-mail:
carlos.eduardo@fvj.br
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ABSTRACT

This research analyzed the technological innovation to mitigate environmental


impacts from activities carried out by the potters of Micros, Small, Medium pottery
tiles and bricks, in the countryside in the city Russas-CE. To analyze which the
contributions that technological innovation provided to mitigate environmental
impacts from the perception of some theorists who treat about said topic for both was
necessary to describe the major environmental damage caused by companies that
do not operate with the environmental Management in Vale do Jaguaribe, and
identify the main technological innovations implemented in the production process of
the relevant ceramics to the study. During the study, they were interviewed four
managers/owners acting in these ceramics. Data collection was performed from a
semi-structured interview that explored the knowledge, experience and procedures in
the practice of ceramics, in addition to conducting active surveillance in electronic
media articles and journals that make possible the theoretical basis from authors deal
with the matter said. The results point to the deficit owners' knowledge regarding the
use of technology as a way to reuse of natural resources, which highlights the non-
use of sustainable practices in that activity, by a large number of potters.

Keywords: Ceramics. Environmental Impacts. Sustainability. Natural Resources.


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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo bibliográfico visa entender como as inovações


tecnologias utilizadas no setor ceramista estão relacionadas com os impactos
ambientais na cidade de Russas, no sentido de resultar na redução dos referidos
impactos.
É percebível que o consumidor a cada dia está bem mais informado, e
portanto, procura conhecer os seus direitos, valorizando o seu dinheiro, buscando
qualidade para o produto, preço adequado e, atualmente, vários consumidores
pensam em como o referido produto se relaciona com o meio ambiente.
O consumidor esclarecido procura entender quais são os impactos
ambientais causados, isto é, que modificações o citado produto introduz no meio
ambiente. Para Moura (2008), esse tipo de consumidor avalia e considera que a
empresa, somente cumprindo a legislação ambiental, só estar fazendo o seu papel,
visto que é o mínimo, fundamental para seu funcionamento.
Com a mudança comportamental do consumidor, anteriormente
mencionada, muitas empresas ao tomarem conhecimento, passaram a implementar
um processo de readaptação, por conta de se adotar a Gestão Ambiental (GA).
Diante do exposto e considerando o contexto de fábricas de cerâmica do
Vale do Jaguaribe, no Ceará, diversos questionamentos referentes ao impacto
ambiental dos processos produtivos, tais como: será que na cadeia produtiva de
uma cerâmica de barro vermelho do Vale do Jaguaribe possui ações de gestão
ambiental? Caso sim, quais? Que relação apresenta a inovação tecnológica no setor
ceramista com os impactos ambientais? Estas questões, dentre outras direcionaram
um estudo de caso, voltando a produção para o contexto.
O estudo teve como objetivo geral: Analisar quais as contribuições que a
inovação tecnológica proporcionou para mitigação de impactos ambientais. Para
atender esse objetivo, traçou-se como objetivos específicos: descrever os principais
danos ambientais causados pelas empresas que não atuam com a Gestão
Ambiental no Vale do Jaguaribe; identificar se há ações de gestão ambiental nas
empresas vinculadas ao estudo; descrever os processos produtivos e as ações
realizadas pelas empresas da cadeia estudada; identificar as principais inovações
tecnológicas implementadas no processo produtivo das cerâmicas pertinentes ao
estudo.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A revisão da literatura traz uma breve discussão acerca dos aspectos


relevantes para o presente estudo, bem como, a gestão ambiental, a inovação
tecnológica, a indústria ceramista e seus processos de produção.

2.1 Gestão Ambiental

A prática da gestão ambiental, pode ser compreendida como sendo uma


importante forma de estabelecer um relacionamento mais harmônico entre a
sociedade e o meio ambiente. Dessa forma, o estabelecimento de novos
procedimentos metodológicos, jurídicos, econômicos ou sociais fortalece as práticas
que buscam uma nova forma de administrar o uso dos recursos naturais.
De acordo com Theodoro, Cordeiro & Beke (2009), sintetizam a
compreensão do referido conceito apontando como sendo o conjunto de ações que
envolvem as políticas públicas, o setor produtivo e a sociedade, visando o uso
racional e sustentável dos recursos ambientais, ela engloba ações de caráter
político, legal, administrativo, econômico, científico, tecnológico, de geração de
informação e de articulação entre estes diferentes níveis de atuação da sociedade
com o meio ambiente.
Com a intensidade em que os recursos naturais vêm sendo
comprometidos em virtude do uso abusivo pelas organizações empresariais, surge
no senário brasileiro algumas empresas preocupadas em atingir e demonstrar um
desempenho mais satisfatório em relação ao meio ambiente.
Segundo Meyer (2000), a gestão ambiental preconiza o objetivo de
manter o meio ambiente saudável na medida do possível, de forma a atender as
atuais necessidades humanas, sem comprometer o atendimento das necessidades
das gerações futuras. É um meio de atuar sobre as modificações causadas no meio
ambiente pelo uso e, ou descarte dos bens e detritos gerados pelas atividades
humanas, a partir de um plano de ação viáveis técnica e economicamente, com
prioridades definidas.
Dessa forma, a gestão ambiental é subsidiada pelos instrumentos de
monitoramentos, controles, taxações, imposições, subsídios, divulgação, obras e
ações mitigadoras, além de treinamento e conscientização. Assim, os diagnósticos
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ambientais da área de atuação da empresa, são realizados a partir de estudos e


pesquisas dirigidas em busca de soluções para os problemas que forem detectados.
Para tanto, uma empresa ao trabalhar com gestão ambiental deve,
inevitavelmente, ser submetida a uma mudança em sua cultura empresarial a iniciar
com uma revisão de seus paradigmas. Neste sentido, a gestão ambiental tem se
configurado com uma das mais importantes atividades relacionadas com qualquer
empreendimento.
Não resta dúvida de que as contribuições da gestão ambiental para as
diferentes atividades da organização, esteja ela subsumida ao respectivo cargo, ou
vinculada às atribuições de um departamento específico ou, ainda, dispersa
horizontalmente por suas diversas áreas de competência, na percepção de
Groenewegen & Vergragt (1991), as contribuições da gestão se agrupa nas
seguintes esferas:
No que se refere a esfera produtiva, a gestão ambiental intervém, por um
lado, no controle do respeito às regulamentações públicas pelas diferentes divisões
operacionais e, por outro, na elaboração e na implementação de ações ambientais.
No entanto, as ações dizem respeito à manutenção, à conformidade ambiental dos
fornecedores e dos sítios de produção.
Quanto a esfera da inovação, a gestão ambiental aporta um auxílio
técnico duplo, ou seja, de um lado, acompanha os dispositivos de regulamentação e
das avaliações ecotoxicológicas de produtos e as emissões a serem respeitados,
por outro lado, auxilia na definição de projetos de desenvolvimento, seja ele de
produtos e, ou tecnologias.
Na esfera estratégica, a gestão ambiental fornece avaliações sobre os
potenciais de desenvolvimento e sobre as restrições ambientais emergentes,
resultante tanto da regulamentação quanto da concorrência.
É possível perceber que a produtividade, a inovação tecnológica e a
estratégia constituem-se em aporte da gestão ambiental, visto que diante cada
esfera, as ações de gestão proporciona o subsídio necessário para tornar a
produção racional, ou seja, planejada, organizada e sustentável.
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2.2 Inovação Tecnológica

A relação entre desenvolvimento tecnológico, necessidades econômicas e


fatores ambientais demandam a busca por inovações em materiais diversos, nos
mais variados segmentos de produção, a partir da década de 1980.
O processo de inovação e a qualidade fizeram com que a escolha dos
materiais utilizados na fabricação de cerâmicas vermelha pela indústria ceramista
fosse fundamental para mantê-la competitiva, de modo que tem apresentado um
bom desempenho, além de produtos de qualidade a seus clientes.
Essa forma de reaproveitar materiais, reciclar ou ainda, dar nova vida,
podem ser consideradas inovações em materiais, que de acordo com Clark e
Fujimoto (1991 apud Medina e Naveiro, 2000), são denominadas de inovações
invisíveis, ou seja, inovações que o consumidor não percebe ou não valoriza a não
ser indiretamente pelo que oferecem.
Vale salientar que a inovação tecnológica permite às empresas o ganho
de vantagem competitiva, quer agregando valores aos seus produtos, inovando-os
ou obtendo redução de custo destes através de avanços técnicos produtivos, o que
permite diferenciar seus produtos dos produtos da concorrência.
De acordo com Andreassi (1999), a inovação tecnológica pode ser
classificada em incremental, quando esta é resultado dos aprimoramentos técnicos
de base contínua, ou seja, incorpora as aprendizagens obtidas, adicionando juízo de
valor ao produto final a partir do adicionamento de propriedades do novo ao velho e,
é considerada radical quando produz um grande impacto econômico ou
mercadológico, dessa forma está relacionado ao desenvolvimento de um novo
produto, processo ou forma inteiramente novos de organização da produção.
De acordo com o manual Oslo (OECD, 1992), a Organization for
Economic Cooperation and Development (OECD), faz distinção entre a inovação
tecnológica e atividade inovativa.
Do ponto de vista de Andreassi (1999), a inovação tecnológica está
voltada para a elaboração de novos produtos e processos, bem como significantes
mudanças tecnológicas de produtos e processos. Já as atividades inovativa podem
ser classificadas a partir dos seguintes grupos:
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Pesquisa e Desenvolvimento: trabalho criativo desenvolvido de


maneira sistemática, com o objetivo de aumentar o conhecimento
existente; Engenharia Industrial: aquisição ou mudanças nos meios
de produção visando à manufatura do novo produto ou aplicação do
novo processo; Início da Produção: modificações de produto e
processo, treinamento de pessoal nas novas técnicas e lote
experimental; Marketing de novos produtos: atividades relacionadas
ao lançamento do novo produto; Aquisição de tecnologia intangível;
Aquisição de tecnologia tangível; Design. (ANDREASSI, 1999).

Sejam elas inovações tecnológicas ou atividades inovativas, o fato é que


nos dias atuais buscam por meio de estratégias organizacionais preparar-se para a
concorrência, o que exige das referidas organizações inovações, como forma de
garantir a base para a concorrência.
Para Lastres; Cassiolato (2003), não resta dúvida de que a intensificação
da concorrência em escala planetária aponta a inovação como pré-requisito para o
sucesso das empresas, de forma que nações e localidades, em detrimento da
competitividade exploratória de baixos salários ou predatória por uso intenso dos
recursos naturais, convergem para uma concepção de inovação tecnológica.

2.3 A Indústria Ceramista

Tratar do contexto histórico das atividades ceramista requer a


compreensão de que a história da cerâmica está associada a evolução das
civilizações, visto que de acordo com Recife (2010), a cerâmica é um dos mais
antigos materiais produzidos pelo homem e existe há cerca de 10 a 15 mil anos,
sendo identificada pelos estudiosos como a mais antiga das indústrias.
Ainda, conforme o autor acima citado, o homem ainda nômade, descobre
no cultivo da terra a possibilidade de modelá-la e ao cozinhar, pode perceber que se
tornava impermeável, resistente, além de ser de fácil fabricação. Dessa forma, os
registros históricos dão conta de que a cerâmica não só atendeu as necessidade da
sociedade, como se tornou expressão artística de inúmeras civilizações.
Com o passar do tempo as atividades ceramista foram se aperfeiçoado,
de forma que, segundo o Guia Técnico Ambiental da Indústria de Cerâmica
Vermelha - GTAICV (2013), a produção é feita, em sua maioria, por empresas de
pequeno e médio porte, de capital nacional e, as jazidas de argila, utilizadas com
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regularidade, para a extração das matérias-primas com qualidade se tornam


unidades mineradoras e fornecedoras à indústria de Cerâmica Vermelha ou ainda,
unidade própria de extração.
No Brasil, a produção ceramista se concentra nas regiões sudeste e sul,
embora se registre o desenvolvimento da referida atividade nas demais regiões, com
ênfase para a região nordeste, em virtude dos fatores potenciais: matéria prima,
energia e mercado consumidor em desenvolvimento (GTAICV, 2013).
Por outro lado, estudos na área ceramista, revelam que no Brasil,
predominam as empresas de pequeno e médio porte, além de utilizar-se de
tecnologias e equipamentos ultrapassados em seu processo de produção, ou seja,
extração e preparo de matérias–primas, conformação, secagem e queima, como em
relação ao maquinário e nível de automação. A realidade evidencia os grandes
desafios para a manutenção e o aprimoramento do seu parque industrial, bem como,
a necessidade de melhoria do conhecimento geológico das atuais reservas e novos
estudos prospectivos para definição de outras áreas potenciais de argilas.
É fato que mesmo o setor ceramista operando com em condições
rudimentares em relação ao retardamento tecnológico de ponta, disponível no
mercado, sua produção tem aumentado de forma significante no país (SEBRAE,
2008).
De acordo com Nascimento (2007), um dos fatores responsáveis pelo
crescimento da produção no setor ceramista foi o alto desempenho das empresas
da construção civil, visto que as cerâmicas são as principais fornecedoras de
insumos básicos para a construção, com telhas, tijolos, blocos e lajotas.
O crescimento da produção ceramista impulsionado pelo processo de
edificação nos espaços urbanos, à medida que é influenciada pelo desenvolvimento
econômico, reproduz no meio ambiente a agressão, por meio da extração da matéria
prima a agressão (CARVALHO, 2003).
A produção das cerâmicas vermelhas resulta de cinco fases, descritas por
Carvalho (2003), como sendo a extração da matéria-prima, estocagem, extrusão,
secagem e queima. Neste sentido, Pontes e Silva (2012), destaca que o processo
de fabricação da cerâmica vermelha inicia-se pela mistura de matérias-primas
argilosas em proporções consideradas adequadas, nos pátios das olarias. Como
forma de homogeneizar o material argiloso, o mesmo é levado ao misturador por
meio de correias transportadoras, dando continuidade até o laminador.
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Ainda para o citado autor,

O material misturado e laminado, é conduzido a maromba, ou seja, a


extrusora, que é o equipamento por onde entra o material argiloso na
forma bruta, saindo o produto conformado na sua forma definitiva,
isto é, tijolos ou na forma como se deseja para o encaminhamento as
prensas, no caso de telhas (PONTES e SILVA, 2012, p.01).

No processo da secagem que sucede a saída do produto da maromba,


em geral é feita no chão ou em prateleiras, de acordo com as condições do tempo e
tradição local. No entanto, Pinto e Silva (2012), relata que nas olarias mais
desenvolvidas, usa-se do recurso das estufas, nas quais as peças são transportadas
por vagonetes.
O processo de fabricação é concluído a partir da queima dos produtos
que de acordo com Ponto e Silva (2012), o material cerâmico é submetido a
temperaturas de 750°C a 1.000 °C, compreendendo os estágios de pré-
aquecimento, fogo fraco e fogo forte, quando atinge o ponto de sustentação da
queima e resfriamento.
No entanto, Carvalho (2007), destaca no mínimo, a prevalência de três
grandes problemas ambientais causados pela indústria oleira: o alto consumo de
lenha demandado pelo cozimento do produto, a lavra de argila sem legalização junto
ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e sem acompanhamento
técnico, como ainda, produção de alto volume de rejeitos pelas referidas industrias.
E percebível no cotidiano que à medida ocorrem os crescentes impactos
ambientais com o uso abusivo dos recursos naturais, aumenta também a quantidade
de pessoas que vêm apresentando maior preocupação com a conservação e
preservação da qualidade do ambiente. Tal fato é evidenciado na prática de algumas
empresas, que pensando na sustentabilidade para o futuro, passaram a trabalhar o
uso racional do meio ambiente, ou seja, dos recursos naturais (SEIFFERT, 2009).
Dessa forma, a denominada era do conhecimento das tecnologias de
informação e comunicação, abre as portas para a produção industrial, nos mais
diversificados ramos, à medida que coloca em evidência o cuidado com a
sustentabilidade dos recursos naturais, com a efetivação das políticas de prevenção
e conservação do meio ambiente.
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3 METODOLOGIA

Utilizou-se como metodologia para o presente estudo a pesquisa


bibliográfica exploratória, e um estudo descritivo e analítico de abordagem
qualitativa, na qual a partir do tema em questão analisou-se a percepção dos
ceramistas produtores de cerâmica vermelha sobre as inovações tecnológicas no
que concerne a mitigação de impactos ambientais.
O embasamento bibliográfico se deu por meio das seguintes fontes de
informação: livros, artigos, periódicos, acesso à internet e outros. Para GIL (2010) a
pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado com o objetivo
de analisar posições diversas em relação a determinado assunto. Dessa forma, a
pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material
publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao
público em geral. (Vergara, 2005).
As entrevistas foram aplicadas a cinco gerentes, em cinco indústrias de
cerâmica vermelha, na cidade de Russas. Ainda na referida etapa foram tabuladas
as informações e realizada a análise das mesmas para subsidiar as discussões com
as fontes, além de viabilizar a análise das contribuições que a inovação tecnológica
proporcionou para a mitigação dos impactos ambientais.
As cinco empresas do setor ceramista foram identificadas por Empresa 1,
Empresa 2, Empresa 3, Empresa 4 e Empresa 5, como forma de preservar a
identidade das mesmas.
A Empresa 1 está localizada na zona rural do município de Russas e
produz a cerâmica vermelha do tipo tijolo (diversificado) e telha. A mesma opera
com maquinas a produção da cerâmica e utiliza estufa para a secagem dos referidos
produtos. A jazida de extração é pertencente a própria empresa e possui licença
para explorar a matéria prima.
A Empresa 2 está localizada na periferia da zona urbana, em Russas, e
realiza a produção de cerâmica vermelha (tijolo, telha, lajota, manilha). Considerada
uma empresa de médio porte, conta com o trabalho de 80 colaboradores, destes, 20
são forneiros que se reveza em dois turnos em dias alternativos. A matéria prima é
comprada e carreada mediante a legalização exigida por lei.
A Empresa 3 localiza-se no Distrito Industrial de Russas, trabalha com a
produção de tijolos e telhas, além de lajotas. Com um número de 75 colaboradores,
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entre eles, operadores de máquina, forneiros, vigilantes e diaristas. A matéria prima


utilizada pela empresa é comprada e carreada para a empresa, mediante licença
para uso da argila.
A Empresa 4, localizada no Bento Pereira, em Russas, atuando na
produção de telhas e tijolos, conta com aproximadamente 80 colaboradores, dentre
estes, vigilantes, forneiros, operadores de máquina, motoristas e diaristas. A jazida
para exploração da argila é pertencente a empresa e conta com a licença para
exploração dos recursos naturais.
A Empresa 5, está localizada no Pau Branco, Russas. Opera com a
produção de tijolos (diversificados), telhas e lajotas e conta com um quadro de
trabalhadores de 60 operários, entre operadores de máquina, diaristas, forneiros e
motoristas. O terreno para extração da matéria-prima é pertencente a empresa e
tem a licença para exploração da mesma.
Ao concluir as entrevistas, os dados foram tabulados, analisados de
acordo com cada questão respondida pelos entrevistados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Levando em consideração que há evidências de que o setor ceramista é


influenciado pelo indústria de construção civil, no Brasil e no mundo, questionou-se
os ceramistas sobre o que tem contribuído para esse crescimento nos dias atuais.
Todos responderam que a indústria de construção tem influenciada muito, mas 50%,
firmam que a indústria da construção só aumenta sua produção, quando a situação
econômica do país é favorável a toda a sociedade. De acordo com os mesmos, os
último meses do ano de 2015, os ceramistas tem ficado com um grande estoque de
produto, o que não acontecia a muitos anos.
Quando perguntado aos entrevistados o que é usado como diferencial na
produção da empresa, no que se refere a qualidade do produto e a sustentabilidade
ambiental, 80% dos proprietários de cerâmica responderam que o diferencial de
seus produtos é a qualidade, no sentido de fazer uso da matéria prima de qualidade
e realizar o cozimento do produto de acordo com os padrões exigidos. 100% dos
ceramista entrevistados, ressaltaram que a extração da matéria prima é
regulamentada, pois as empresas fazem o carreamento da referida matéria para as
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cerâmicas, sem constrangimento, por contar com a licença para a prática da


extração tanto da argila, como para o acesso a madeira utilizada na queima dos
fornos.
Ainda para 20% dos entrevistados afirma que a prática segue os padrões
que conserva como herança de familiares. Destaca porém que prima pela qualidade
do produto, pois sempre foi referência no mercado de consumo.
Para os ceramistas quando indagados sobre o que a tecnologia trouxe de
positivo para a empresa ceramista, 100% disseram reconhecer que a tecnologia
possibilitou aumentar a produção, aperfeiçoar o produto final e reduzir o número de
trabalhadores, à medida que multiplicou-se a produção. No entanto, 40% dos
referidos proprietários ainda comentaram acerca da redução nos restos de materiais,
haja vista, no processo tradicional se desperdiçar muito produto, gerando grandes
volumes de restos de produtos, refletindo em problemas para o meio ambiente e
prejuízo para os ceramistas.
Os entrevistados quando indagados se havia a existência de uma política
de Gestão Ambiental na empresa, foi possível identificar que 80% não possui uma
ampla compreensão sobre a gestão ambiental, pois relacionam política de gestão
ambiental, aos licenciamentos para uso da extração da matéria prima, bem como, a
argila e a lenha. Já 20% do entrevistados mostraram conhecer e fazer uso da
mesma, pois relataram que fazem uso de matéria-prima, mas se preocupam com o
local da jazida, para que não provoque danos irreparáveis, pois buscam explorar
áreas diferentes, sempre com o propósito de reestabelecer a composição dos solos
nas áreas exploradas. Ainda alegaram que fazem uso dos restos de material para
recuperação de estradas interioranas, além de trabalhar com a redução da queima
de lenha.
Dessa forma percebe-se que a maioria das cerâmicas da região estudada
buscam trabalhar em conformidade com a lei, visto que todas afirmaram possuírem
as licenças para exploração da matéria-prima para a produção da cerâmica
vermelha, como ainda, para a extração da madeira. Por outro lado, a minoria tem
noção da gestão ambiental e apresentam algumas ações que se fundamentam na
prática da gestão ambiental que pode ser compreendido como sendo uma forma de
estabelecer um relacionamento mais harmônico entre a sociedade e o meio
ambiente.
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Quando perguntado aos ceramistas quais os principais desafios para a


empresa lidar com a gestão ambiental e a inovação tecnológica, foram unânimes em
afirmar que os desafios são os mais diversos e, apontam o baixo conhecimento dos
trabalhadores como grande desafio para lidar com as novas tecnologias.
Acrescentaram ainda que no setor ceramista há uma grande rotatividade de
trabalhadores, o que implica na mão de obra desqualificada, tornando-se um desafio
para as cerâmicas operarem com as inovações.
No que diz respeito a gestão ambiental, o desafio apontados pelos
entrevistados diz respeito ao investimento econômico, visto que, as ações de caráter
político, legal, administrativo, econômico, científico, tecnológico, de geração de
informação e de articulação entre estes diferentes níveis de atuação da sociedade
com o meio ambiente, demanda o uso de profissionais qualificados e disponibilidade
de recursos financeiros.
Como forma de mensurar o conhecimento dos ceramista acerca da
relação da inovação tecnológica com os impactos ambientais, questionou-se, a
inovação tecnológica contribui para a redução dos impactos ambientais? Se “sim”,
Comente a resposta. 80% dos entrevistados não souberam responder, pois segundo
os mesmos, quanto mais tecnologia é utilizada nas empresas, maior será a
produção e assim, maiores serão os impactos provocados pela cerâmica.
Já 20% dos referidos ceramistas, acreditam que as inovações
tecnológicas surgiram para melhor aproveitar o uso dos recursos naturais e a forma
como a empresa utiliza essas inovações podem representar uma grande
contribuição para o uso racional do meio ambiente.
A distorção entre o percentual de entrevistados que discordam e
concordam que as inovação tecnológica contribui para a redução dos impactos
ambientais, evidencia o deficitário conhecimento dos proprietários acerca do uso das
tecnologias na área ceramista. Tal situação pode ser considerada um fator que
influencia na contínua prática tradicional no setor ceramista, no país, em particular,
na região Jaguaribana.
De acordo com os entrevistados, quando perguntado o que vem sendo
operacionalizado dentro da empresa que o considera ser uma inovação tecnológica,
foi unânime relacionarem as inovações tecnológicas ao uso de máquinas no
processo de produção dentro da empresa. Pois todos consideraram fazer uso de
tecnologias (máquinas). No entanto, 20% dos entrevistados, afirmaram que usam
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tecnologias direcionadas a melhoria da produção e que está presente desde da


mistura da matéria-prima, até o momento de resfriamento do produto, pois as
técnicas e conhecimentos que levam a garantir uma melhor qualidade do produto,
consideram como tecnologia.
Quando perguntado ao ceramistas que tipo de contribuição a inovação
tecnológica trousse para o setor ceramista e para a própria empresa, 100% dos
entrevistados apontam como uma das maiores contribuição, o aumento da produção
em série e com diversidade do produto. Para os referidos entrevistados, as
demandas pela cerâmica vermelha só se tornou possível e viável a partir do uso das
máquinas. Em comentário, alegam que as cerâmicas até o penúltimo trimestre do
ano de 2015, apresentavam um fluxo de saída de cerâmica vermelha em torno de
150 milheiros diários. Para os mesmos, uma produção nessa escala, só foi possível
com a utilização de máquinas e estufas para que agilizasse o processo de produção.
Dessa forma, o setor ceramista, na visão dos proprietários evoluiu a partir
da implementação das máquinas no processo de produção, o que proporcionou
ampliar e diversificar a produção da cerâmica vermelha, atendendo por sua vez, a
demanda do mercado nacional.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que concerne a prática das indústrias no setor ceramista, referente a


cerâmica vermelha, foi possível perceber que é uma das atividades que impacta
diretamente no meio ambiente, visto que os procedimentos técnicos-metodológicos
utilizados na produção da cerâmica vermelha, agridem os solos e impactam na
vegetação, colocando em risco os recursos naturais, pelo o uso excessivo.
Mediante a percepção dos teóricos se constata uma preocupação com o
uso ilegal da vegetação e dos solos, no entanto, a legalidade por meio das licenças
para uso, não implicam na redução dos impactos provocados pela extração vegetal
e mineral, que acontece de forma desenfreada.
Teoricamente, as inovações tecnológicas implicam na redução dos
impactos ambientais no setor ceramista, por outro lado, a prática direciona a
tecnologia ao aumento da produção em série, diversificando os produtos e
ampliando as possibilidades de produção, o que implica diretamente na maior
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retirada de argila e acentua o desmatamento, não sendo detectado uma política de


gestão ambiental por parte das cerâmicas.
A partir das entrevistas, tornou-se possível conclui que os ceramistas que
atuam na região, estão no mercado a mais de 10 anos, com experiência na função
de gerência, no entanto, evidenciou-se o conhecimento deficitário entre os
proprietários, com relação a política de gestão ambiental e a relação do inovação
tecnológica com a redução dos impactos ambientais, no setor ceramista.
Verificou-se ainda que a compreensão de tecnologia está arraigada a
simplesmente, o uso das máquinas no processo de produção da cerâmica, fato que
evidencia a satisfação dos proprietários na busca de melhores lucros com o
aumento da produção em série e a redução dos trabalhadores com a substituição
dos mesmos pelas máquinas.
A exigência pela legalidade da atividade ceramista na região sinalizou
liberdade para se intensificar a produção de cerâmicas, o que legaliza a negligencia
aos cuidados referenciados pelos órgãos de defesa e preservação dos recursos
naturais.
Portanto, as tecnologias tornaram-se condição vital para o
desenvolvimento de toda e qualquer atividade que estejam associadas a exploração
mineral, em particular, os segmentos que constituem as práticas ceramistas, com a
produção de cerâmicas vermelhas, ou seja, tijolos, telhas, lajotas e manilhas.
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REFERÊNCIAS

ANDREASSI, Tales. Estudo das Relações entre Indicadores de P&D e


Indicadores de Resultado Empresarial em Empresas Brasileiras. Tese
(Doutorado em Administração) - Faculdade de Economia, Administração e
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