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INTERNATIONALI NEGOTIA

DIRETORIA ACADÊMICA
ÁREA HISTÓRICA

LUÍS ALVES PORTO

MANUAL DE GUERRA
UMA INTRODUÇÃO À SIMBOLOGIA MILITAR

MODELO INTERNACIONAL DO BRASIL

BRASÍLIA - DF
2017
INTRODUÇÃO

Para que se tenha um maior aproveitamento e realismo quanto a operações militares


em simulações, faz-se necessária a criação de um sistema unificado de representação de
tropas e de ordens de guerra, objetivando uma maior facilidade para os delegados e
secretários, que não tem, assim, que aprender e/ou desenvolver um novo mecanismo para
simular todas as vezes em que fizerem um gabinete.
Para tanto, este manual se baseará na Simbologia Militar da OTAN para Sistemas
Terrestres APP-6A de 1986, mesmo que, por vezes, o comitê simulado não seja a
Organização ou seja anterior ao ano em que foi instituído. Para justificar esse uso, é preciso
compreender o fato de que o modelo é extremamente semelhante ao utilizado pelo Exército
Brasileiro1 e por tantos outros ao redor do mundo (incluindo o russo), além da grande
quantidade de materiais e fontes disponíveis para pesquisa.
Uma vez que a grande maioria dos estudantes de Ensino Fundamental, Médio e
Superior nunca tiveram contato com simbologia militar, será feita uma simplificação do
sistema para facilitar a compreensão. Contudo, a bibliografia deste manual possui, em vários
textos diferentes, os sistemas em toda (ou quase) a sua complexidade.

1
Ver o ​Manual de Campanha: Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas do Exército Brasileiro.
Disponível em <​http://www.cciex.eb.mil.br/arquivos/docs/publicacoes/manuais/c21-30.pdf​>. Acesso em
14/3/2017, às 17h12.
1 O andamento do comitê
Gabinetes militares são comitês de crise, em que o andamento das discussões, as
decisões políticas e militares e o efeito de cada ação são imprevisíveis e dependem de
inúmeros fatores. Por isso, há uma série de regras e conceitos especiais para que a simulação
ocorra de forma fluida e dinâmica.

1.1 As relações de hierarquia


Como os delegados não representarão países, mas sim personagens2 com patentes
diferentes, todos (com a exceção de embaixadores externos) no comitê estão subordinados à
figura do líder de seu respectivo gabinete, sendo necessário que todas as ordens passem por
sua aprovação. As demais relações de hierarquia – de coronel para general, por exemplo –
serão desconsideradas para efeitos do comitê.
É extremamente recomendado, também, que os delegados tomem as decisões políticas
e militares em conjunto. Contudo, é permitida a tomada de decisões em separado, desde que
essas não necessitem de aprovação do líder e os delegados se prontifiquem a assumir as
consequências de suas ações.
Nota-se, também, que todos os representantes – mesmo que suas áreas não se
identifiquem com a ocasião e incluindo as representações observadoras – têm o direito a
opinar em qualquer aspecto do gabinete, participando assim da tomada de decisões.

1.2 As regras de procedimento


Em gabinetes militares, as regras de procedimento se diferem das demais. De início, o
secretariado passa a agir como um órgão de inteligência, sem exercer uma posição de
superioridade em relação aos outros membros do comitê. Caso necessário, contudo, o
secretariado do comitê poderá exercer uma posição de autoridade.
Além disso, o andamento dos debates será definido pelos próprios delegados
(recomenda-se fortemente o uso do debate formal-informal, em que um membro levantará sua
placa e o direito à fala é cedido pelo líder do gabinete) sob a figura do chefe do comitê).
É vedado qualquer tipo de espionagem ou coleta de informações sobre outro
gabinete por qualquer meio que não seja autorizado pelo secretariado e/ou pelo outro
comitê, assim como é expressamente proibido que os delegados interfiram nos mapas em

2
Com a exceção do comitê da “OTAN x Pacto de Varsóvia”
qualquer uma das salas sem autorização. ​Também não será possível expulsar os delegados
da Agẽncia de Comunicação do comitê, salvo se permitido pelo secretariado.

1.2.1 O conceito de ​timeskip


O tempo nas sessões passará de maneira normal – 50 minutos no tempo real
equivalerão a 50 minutos no tempo da simulação –, enquanto as trocas de sessão terão
timeskips (ou “saltos temporais”) com uma unidade de tempo a ser determinada pelo
secretariado, iniciando a próxima sessão em uma data futura. Durante os intervalos, as ações
tomadas pelos delegados se desenvolverão, criando consequências e resultados que serão
comunicados aos delegados em uma reunião de ​briefing​, que ocorrerá ao início de cada
sessão.

2 Documentos a serem utilizados


2.1 Ordens de guerra
Os delegados expressarão as suas decisões, sejam elas políticas ou militares por meio
de ordens de guerra, que devem ser escritas de maneira minuciosa, especificando o número,
tipo, origem e destino da tropa que está se movendo, assim como, caso necessário, sua rota,
seu alvo e seu plano de ataque e a hora em que a ordem foi escrita. Tais documentos deverão
conter a assinatura do(s) líder(es) de comitê e do personagem responsável pela ação (verificar
exemplo no apêndice).
As ordens que forem consideradas confusas, ilegíveis ou que não contiverem todas as
informações necessárias serão consideradas ​nulas​ pelo secretariado e não serão cumpridas.

2.2 Pronunciamento externo


Este documento é utilizado para fazer quaisquer comunicados que o comitê julgue
necessário à Agência de Comunicação e à comunidade internacional, e deve conter a
assinatura do(s) líder(es) de comitê e do Ministro de Relações Exteriores (caso haja).

2.3 Cartas
É permitido que os delegados se comuniquem com qualquer outro personagem – não
importa em que localização geográfica esse esteja – de maneira individual por meio de cartas,
que possuem formatação livre.
3 Simbologia militar
A simbologia militar é essencial para a facilitação do trabalho de movimentação
estratégica de tropas por conta da identificação visual de uma série de informações. Faz-se
necessário ressaltar, aqui, que não é preciso decorar todos os símbolos ​e seus significados,
uma vez que os delegados poderão levar uma cópia deste manual para o comitê.

3.1 Indicações de filiação


O modelo APP-6A reconhece quatro maneiras de filiação:

Tabela 1 – Indicadores de filiação

a. “​Em azul ​[e em formato de retângulo], as tropas, instalações e


atividades que representam forças amigáveis”;

b. “​Em vermelho ​[e em formato de losango], as tropas, instalações e


atividades que representam forças hostis”;

c. “​Em amarelo ​[e em formato arredondado], as tropas, instalações e


atividades que representam forças de filiação desconhecida; e

d. “​Em verde [e em formato de quadrado], as tropas, instalações e


atividades que representam forças neutras. Esta cor também serve para
indicar quaisquer obstáculos”3.

Essas cores serão utilizadas ​somente ​para desenhar as bordas do símbolo​, enquanto
o ícone é desenhado em ​preto​. É importante que os delegados se atentem aos formatos
utilizados, uma vez que o ícone pode ser desenhado por completo de uma só cor, sendo esse o
único fator de diferenciação.

3
CANADIAN FORCES SCHOOL OF MILITARY INTELLIGENCE, ​Nato Conventional Military Symbols:
Programmed Instruction Package (PIP)​, 2000.
3.2 Indicadores de tamanho
Abaixo, seguem os indicadores de tamanho de tropas reconhecidos pelo sistema da
OTAN:

Tabela 2 – Indicadores de tamanho

Símbolo Nome Número

Ø Time/Tripulação 2-5

• Esquadrão 6-10

•• Seção 7-13

••• Pelotão 25-40

I Companhia 60-250

II Batalhão 300-1.000

III Regimento/Grupo 500-2000

X Brigada 2.500-5.000

XX Divisão 10.000-20.000

XXX Corpo 30.000-60.000

XXXX Exército 100.000

XXXXX Grupo de Exércitos 120.000-500.000

XXXXXX Região 250.000-1.000.000+

3.3 Indicadores de função


Os indicadores de função podem aparecer sozinhos ou em uma combinação de
símbolos, com o objetivo de obter uma maior especificidade. Esta seção, portanto, será
dividida em duas tabelas, sendo uma mais geral e uma mais específica.
Nota-se que, mesmo que não estejam presentes em nenhuma das tabelas, ​os
indicadores de função podem ser combinados​, objetivando uma maior precisão na
representação de tropas.
Tabela 3 – Indicadores de função (geral)

Símbolo Função Descrição


“A Infantaria compreende o conjunto das tropas de um exército
Infantaria particularmente apto para realizar o combate a pé, ainda que
utilizando-se de meios de transportes terrestre, aéreos ou
aquáticos, para o seu deslocamento. É, por excelência, a arma
do combate aproximado, apta a operar em qualquer tipo de
terreno e sob quaisquer condições de tempo e visibilidade .Na
ofensiva, sua missão é cerrar sob o inimigo para destruí-lo ou
capturá-lo, utilizando-se , para isto, do fogo, do movimento e
combate aproximado. Na defensiva, sua missão é manter o
terreno, impedindo, resistindo ou repelindo o ataque inimigo,
por meio do fogo e do combate aproximado, expulsando-o ou
destruindo-o pelo contra-ataque. Na defesa integrada participa,
com as demais forças legais, na execução das ações
preventivas, repressivas e operativas”4.

A força mecanizada consiste em veículos blindados construídos


pelo exército aptos a vencer terrenos difíceis e oferecer maior
resistência em combates. Possui alto poder de fogo contra alvos
Força mecanizada terrestres, além de grande valor de choque contra a infantaria
convencional. Geralmente, opera acompanhada de unidades de
infantaria, artilharia e/ou de força aérea. (PARA DIRETORES
→ VULNERÁVEL A ATAQUES DE INFANTARIA, MINAS
E AVIÕES)

As forças antitanque são pequenos conjuntos de soldados


armados com poder de fogo desenvolvido para destruir tanques
de guerra.
Antitanque

Este indicador representa tropas inimigas com arsenal nuclear,


5
NBC (nuclear, biológico ou químico. Se o símbolo estiver em amarelo, esse
deixa de indicar forças inimigas e passa a representar uma área
biológico impactada por radiação ou por armas químicas, tornando-se
ou químico) perigoso acessá-la.

Forças antiaéreo são todas aquelas designadas a nulificar ou


reduzir a efetividade de ações aéreas hostis. Para efeitos desta
simulação, consideraremos como antiaéreo as forças terrestres
Antiaéreo em veículos com armamento pesado com capacidade para
derrubar forças aéreas inimigas.

4
ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO. ​Curso de Infantaria​. Disponível em
<​http://www.esa.ensino.eb.br/index.php/cursos-combate?id=90:curso-infantaria=101​>. Acesso em 16/3/2017, às
19h32.
5
Na sigla em inglês, ​nuclear, biological and/or chemical​.
As forças aéreas são responsáveis pela operação de uma
combinação de caças, caça-bombardeiros, bombardeiros,
helicópteros, aviões de transporte e outras aeronaves. Algumas
Força aérea forças aéreas também são responsáveis pela operação de
equipamentos aeroespaciais e de mísseis balísticos
intercontinentais.

A marinha é a organização militar responsável e encarregada da


defesa e policiamento naval de um país em ambiente marítimo,
fluvial e/ou aéreo. Para efeitos desta simulação, utilizaremos a
Marinha marinha apenas para navegação no mar.

Tabela 4 – Indicadores de função (combinações)

Símbolo Função Descrição


A infantaria mecanizada é um elemento da infantaria
Infantaria transportada e apoiada diretamente por veículos blindados de
transporte de pessoal (APCs) ou veículos de combate de
mecanizada infantaria (VCIs), sendo esses militares levados diretamente
para o combate nestes blindados.

Um fuzileiro naval é um militar pertencente a um corpo de


infantaria de marinha de alguns países. Normalmente, os
fuzileiros navais são rigorosamente selecionados e recebem um
Infantaria naval treinamento especial, sendo considerados tropas de elite.

A infantaria paraquedista consiste em um grupo de elite militar


Infantaria preparado para atacar realizando saltos de paraquedas. Para
movimentar essa tropa, é necessário especificar qual unidade de
paraquedista força aérea levará a tropa para o local da operação.

3.4 Numeração
O último passo para identificar uma unidade militar é atribuir a essa uma letra e um
número, a fim de melhor especificar qual tropa deve ser movimentada. Abaixo, consta um
exemplo com a simbologia militar completa:
A cor azul e o formato retangular indicam que se trata de uma tropa amiga; os dois "x"
em cima da caixa simbolizam uma divisão; o desenho mostra ser uma infantaria; e, por fim, a
letra e o número nos possibilitam concluir que se trata da divisão de infantaria A-22.
ANEXO I – MODELO DE ORDEM DE GUERRA

Ordem de guerra #1
09h42
Gabinete Vietcong

1) Envia a unidade de infantaria A-22, a


infantaria mecanizada T-8 e a força
aérea J-5, presentes em Hoi An, para La
Tran, onde devem efetuar ataque às
unidades inimigas P-8, P-9 e P-10
a) J-5 deve efetuar um ataque aéreo às
forças inimigas;
b) Após o ataque aéreo, A-22 e T-8 devem
realizar um ataque por terra.

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Ho Chi Minh
Bibliografia

CANADIAN FORCES SCHOOL OF MILITARY INTELLIGENCE. ​Nato Conventional


Military Symbols: Programmed Instruction Package (PIP)​, 2000. Disponível em
<​http://army.ca/wiki/images/8/80/NATO_Map_Symbol_%28Canadian%29_Programmed_Ins
truction_Package_Jan_2000.pdf​>. Acesso em 14/3/2017, às 20h30.

NATO STANDARDIZATION AGENCY (NSA). ​NATO Joint Military Symbology: APP-6


(C)​, 2011. Disponível em <​http://armawiki.zumorc.de/files/NATO/APP-6(C).pdf​>. Acesso
em 14/3/2017, às 20h32.

THIBAUT, D. U. ​Commented APP-6A – Military Symbols for land based systems: NATO’s
current military symbology standard​. Valcartier: DRDC Valcartier, 2005. Disponível em
<​http://www.mapsymbs.com/APP-6ADRDCValcartierEdition121(Mod).pdf​>. Acesso em
14/3/2017, às 20h37.

ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO. ​Manual de Campanha: Abreviaturas, Símbolos e


Convenções Cartográficas​. Disponível em
<​http://www.cciex.eb.mil.br/arquivos/docs/publicacoes/manuais/c21-30.pdf​>. Acesso em
14/3/2017, às 20h38.

WIKIMEDIA COMMONS. ​NATO Military Map Symbols​. Disponível em


<​https://commons.wikimedia.org/wiki/NATO_Military_Map_Symbols#Navy_Land_Units​>.
Acesso em 16/3/2017, às 19h29.

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