O PODER DA ORAÇÃO

Irênio Santos Nascimento Júnior

Certa feita Jesus estava na casa de Salomé e Zebedeu, pais de Tiago e João,
conversando amigavelmente sobre questões voltadas a sua genealogia, o acontecimento
da multiplicação dos peixes, que não saiba a sua mão direita o que a esquerda faz.
Igualmente falou da necessidade de sermos vigilantes. Num determinado momento, uma
das muitas mulheres que observava o Mestre perguntou:
- E a oração Mestre? Eu não gosto de orar em voz alta porque tenho vergonha
dos líderes que sabem orar melhor do que eu.1
Jesus então responde: As palavras difíceis não importam. Grande parte é para se
exibir mesmo. Não se preocupe em fazer isso em público. É melhor entrar em seu
quarto, fechar a porta e orar a seu Pai que vê você em segredo.2
Jesus ainda acrescenta a relevância da prece ao nosso espírito na passagem
descrita por Mateus3: "Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a
porta lhes será aberta. ”
A importância e eficácia da oração já foi validada pela própria ciência
tradicional que assegura que aquele que tem por hábito a prece estabelece uma
conexão vibratória com energias confortadoras, terapêuticas e curativas. No E.S.E
Capítulo XXVII – Pedi e obtereis faz um estudo minucioso sobre a oração. A indagação
que coloco, estimado amigo, é: qual seu estado de espírito no seu contato íntimo com o
Creador?4 Estarás sendo sincero, honesto, digno com teus sentimentos no seu “tête-à-
tête”com o Pai?
Jesus na sua simplicidade e magnitude nos forneceu tudo que precisamos: entra
em seu quarto (seu mundo íntimo), fecha a porta (isole-se do exterior) e ora ao Pai
(conecte-se a Ele) que “vê você em segredo”. O Pai nos vê em segredo, entende? Ele vê
e sabe do que nos nutrimos. Conhece o nosso âmago e os mais profundos sentimentos,
emoções e instintos que ainda alimentamos. Não tenha receio de se mostrar como
realmente você é porque estamos desnudos diante de Deus. Não há como ser diferente
disso. Logo na prece, deve-se “elevar-se com humildade aos pés da Majestade Divina,
mas também com profundeza, num impulso de reconhecimento por todos os benefícios
recebidos até esse dia[...] elevar-se humilde aos pés do Senhor, pedindo pela sua
fraqueza, suplicando o seu amparo, a sua indulgência, a sua misericórdia. E deve ser
profunda, porque é a vossa alma que deve elevar-se ao Criador, que deve transfigurar-
se, como Jesus no Tabor, para chegar até Ele, branca e radiante de esperança e de
amor.” 5
1
Série The Chosen (Os escolhidos) – Episódio 6
2
Mateus (6:6) - A Biblia Sagrada
3
Mateus (7: 7,8) – A Biblia Sagrada
4
Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – Humberto Rohden
5
Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XXVII – Pedi e obtereis. Instruções do Espíritos – Modo de
Orar (V. MONOD. Bordeaux, 1862)
 Compreenda que essa brancura não é sinônimo de evolução, mas de
simplicidade, singeleza e desafetação. E um dos caminhos para o exercício da “nossa
forma mais natural de ser com nossas limitações e venturas” é a frequência da oração no
sentido de criar uma intimidade com nosso Creador. É isso mesmo que você acaba de
ler. Particularidade. Pessoalidade na nossa relação com o Altíssimo. Será através dessa
proximidade que uma ponte se ergue e possibilita a transição do “estamos” com o se
“é”. E nesse bate-papo podemos louvar, pedir a agradecer. Louvar é reconhecer que
sobre todas as coisas há um Pai amantíssimo que sempre se faz presente a todo
momento mesmo que não o vejamos. Pedir é solicitar o amparo nos momentos de
queda, o equilíbrio nas horas mais extremas, a luz nos instantes de trevas, o
discernimento e a devida coragem para promovermos o movimento do “autodescobrir-
se” – deslocamento fundamental para o encontro de si para consigo. Agradecer é olhar
para trás e atestar que nas ocasiões mais desafiadoras da sua vida você nunca esteve
sozinho e com os olhos úmidos em lágrimas reconhecer todas as graças e benefícios que
recebeu.
No entanto não se esqueça: orar é igualmente mover-se para o bem. É seguir
adiante mesmo que o mundo te lance no abismo. É ser insistente na vontade de mudar e
desenvolver a compaixão. Orar é adquirir nova postura diante da vida material sendo
um espirito eterno com desejo sincero de compartilhar e promover a empatia, a
afabilidade e a benquerença. Orar é ser permanente na arte de tentar e “não diga que a
canção está perdida. Tenha em fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez”6. Orar é
movimento e contemplação. Orar é meditar com as mãos permanentemente no labor ao
próximo. Caridade em ação.
Esteja sempre atento porque “Deus está apenas uma oração de distância” 7 da sua
vida.

6
Tente Outra Vez – Canção de Raul Seixas
7
Padre Fábio de Melo