Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/352465824
CITATION READS
1 306
2 authors, including:
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Jocy Meneses dos Santos Junior on 16 June 2021.
CORPO
Corporeidade e Diversidade
na Educação
culturatrix.
Copyright 2021 © Vanilda Maria de Oliveira, André Luiz de Souza Filgueira, Lion Marcos Fer-
reira e Silva, 2021.
Todos os direitos reservados.
*O conteúdo desta obra, bem como sua originalidade, revisão gramatical e ortográfica são de inteira responsabilidade dos
autores.
Formato: Digital
Extensão: PDF
Inclui bibliografia.
Editora Culturatrix
Rua Nordau Gonçalves de Mello, 1116, Santa Mônica.
CEP: 38 408 218. Uberlândia, MG. Tel. (34) 3477 0860/
Cel./WhatsApp: (34) 9 9766 8930
CNPJ: 26 896 970/0001-00
www.culturatrix.com – contato.culturatrix@gmail.com
Jocy Meneses dos Santos Junior e
Renata Lima Cremasco
Introdução
1 Nochlin (2017, p. 19) denuncia que “as coisas como estão, e como foram antes, nas
artes e em centenas de outras áreas, são estupidificantes, opressivas e desestimu-
lantes para todos aqueles que, como as mulheres, não tiveram a boa sorte de nascer
brancos, preferencialmente de classe média e, sobretudo, homens”.
443
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
444
A mulher na arte
2Segundo Gilot e Lake (1964, p. 84, tradução nossa), essa era uma das máximas do
pintor Pablo Picasso.
445
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
446
A mulher na arte
3 A Vênus de Médici é uma das cópias conhecidas da Afrodite de Cnido (350 — 300
a.C.), escultura de Praxíteles envolta em polêmicas. A Afrodite de Cnido é o primeiro
registro de escultura de uma mulher nua produzida em tamanho real. Foi rejeitada
pelo povo da cidade de Cós, para o qual havia sido originalmente esculpida, devido
à sua nudez, sendo posteriormente comprada pela cidade de Cnido. Relatos da An-
tiguidade indicam que homens se escondiam no templo que a guardava durante a
noite para terem momentos de “intimidade” com a escultura, deixando nela as
“marcas” de seus atos libidinosos (BARROW, 2005).
447
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
ser posicionada na ala grega do Palácio de Cristal, ela foi descrita no ca-
tálogo como sendo ‘talvez a mais perfeita combinação de grandeza e be-
leza na forma feminina’, mas ela não tem braços — em outras palavras,
é mutilada e, assim, literalmente impotente e passiva.
448
A mulher na arte
449
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
450
A mulher na arte
451
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
452
A mulher na arte
453
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
454
A mulher na arte
4Referência à performance The artist is present, realizada pela artista Marina Abra-
mović no Museum of Modern Art, Nova York, no ano de 2010.
455
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
5Robertson e McDaniel (2013, p. 28, tradução nossa, grifo do autor) explicam que
“os pós-estruturalistas usam uma estratégia desenvolvida pelo filósofo francês Jac-
ques Derrida conhecida como desconstrução para analisar textos visuais e verbais. A
desconstrução analisa um texto ou sistema simbólico em termos da visão de mundo
basilar que deu origem a ele, expondo contradições e preconceitos ocultos, a fim de
desafiar a validade dessa visão de mundo, bem como a do texto”.
456
A mulher na arte
457
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
458
A mulher na arte
manter o foco nas questões que pretende discutir e não nas perso-
nalidades individuais das mulheres membros do coletivo (GUER-
RILLA GIRLS, 1998). O humor, a ironia e a sagacidade são
características marcantes dos trabalhos das Guerrilla Girls.
A arte performática também foi bastante explorada pelas
artistas a partir da segunda metade do século XX, implicando seus
próprios corpos como terrenos de experimentação, de questiona-
mento e de protesto. Yoko Ono, uma das precursoras dessa moda-
lidade artística, “critica o modelo de gênero bipolar heterossexual
em seu trabalho”, o que “reflete sua experiência de ser marginali-
zada não apenas como mulher, mas também como membro de uma
minoria étnica” (BECKER, 2001, p. 407, tradução nossa). Na perfor-
mance Peça Corte, apresentada pela primeira vez no ano de 1964, a
artista se sentava em uma galeria de arte, com uma tesoura em sua
frente, que era disponibilizada aos membros da audiência para
que, um a um, pudessem cortar um pedaço de sua roupa e levar
consigo. Ono observava imóvel a ação dos espectadores. O estado
de entrega do corpo da artista à audiência a deixava vulnerável fí-
sica e psicologicamente. Sobre Peça Corte, Hasegawa (2010, p. 341,
tradução nossa) comenta que “a performance é uma metáfora para
o modo como as mulheres são vistas, e encoraja o público a criticar
tanto a agressividade inerente ao ato de olhar quanto o seu próprio
desejo de participar dele”.
Outra importante artista performática é ORLAN. A artista
utiliza o próprio corpo para fazer críticas ao modo como a cultura
ocidental e a história da arte estão centradas em práticas masculi-
nas. Para tanto, ORLAN já fez performances em que levantava as
dimensões de galerias de arte utilizando seu próprio corpo como
unidade de medida (MesuRAGEs, 1972-1983), em que caminhava
pelas ruas com um vestido estampado com a representação
459
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
460
A mulher na arte
461
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
462
A mulher na arte
463
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
8Texto adaptado da obra da artista Barbara Kruger intitulada Sem título (Pense duas
vezes) (1992).
464
A mulher na arte
466
A mulher na arte
Considerações Finais
9 Sobre isso, é importante considerar o que expõem Dias e Loponte (2019, p. 3): “O
formalismo é, com frequência, referido como um dos arcabouços teórico-metodoló-
gicos que interdita, tacitamente, discussões políticas e de gênero no ensino de Artes
Visuais. Trata-se de uma acepção que, assentada na prerrogativa da autonomia,
toma a arte como manifestação puramente visual e isolada da sua dimensão social
e histórica, resultando em análises e leituras que elevam a Arte a um território in-
cólume a qualquer questão política. Conjugando-se o formalismo com as consagra-
das narrativas lineares e evolucionistas da história, naturaliza-se,
consequentemente, a ausência das mulheres artistas e conserva-se a figura do ar-
tista masculino, gênio, original, individual. Logo, essa forma de abordar o objeto
artístico endossa uma visão hierárquica, ensimesmada e excludente das Artes Vi-
suais na escola”.
467
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
468
A mulher na arte
469
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
Referências
470
A mulher na arte
471
Corpo, corporeidade e diversidade na educação
LEPPERT, Richard. Art and the committed eye: the cultural functions of
imagery. Boulder: Westview Press, 1996.
LOPONTE, Luciana Gruppelli. Sexualidades, artes visuais e poder:
pedagogias visuais do feminino. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10,
n. 2, p. 283-300, jul./dez. 2002.
LOPONTE, Luciana Gruppelli. Gênero, visualidade e arte: temas
contemporâneos para educação. In: ICLE, Gilberto (org.). Pedagogia da arte:
entre-lugares da criação. Porto Alegre: UFRGS, 2010. p. 149-163.
LOPONTE, Luciana Gruppelli. Artes visuais, feminismos e educação no
Brasil: a invisibilidade de um discurso. Universitas Humanística, Bogotá,
n. 79, p. 143-163, jan./jun. 2015.
LOYRETTE, Henri. The nude. In: LOYRETTE, Henri; TINTEROW, Gary.
(Eds.) Origins of impressionism. New York: The Metropolitan Museum of
Art, 1994. p. 95-123.
MIRZOEFF, Nicholas. Bodyscape: art, modernity and the ideal figure.
London: Routledge, 2005.
NOCHLIN, Linda. Por que não existiram grandes artistas mulheres? In:
PEDROSA, Adriano; Mesquita, André. (org.). Histórias da sexualidade:
antologia. São Paulo: MASP, 2017. p. 16-37.
O'BRYAN, C. Joll. Carnal art: Orlan’s refacing. Minneapolis: University of
Minnesota Press, 2005.
OLIN, Margaret. Gaze. In: NELSON, Robert S.; SHIFF, Richard. (Eds.).
Critical terms for art history. Chicago: University of Chicago Press, 1996. p.
208-219.
PAGLIA, Camille. Sex, art, and american culture. New York: Vintage
Books, 1992.
POOKE, Grant; NEWALL, Diana. Art history: the basics. London:
Routledge, 2008.
ROBERTSON, Jean; MCDANIEL, Craig. Themes of contemporary art:
visual art after 1980. Oxford: Oxford University Press, 2013.
SAUNDERS, Gill. The nude: a new perspective. Cambridge: Harper & Row,
1989.
472