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se refere a utilizado em poucas quantidades. Assim, o açúcar era

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EXPANSÃO MARÍTIMA
EXPANSÃO MARÍTIMA E
E considerado uma especiaria até passar a ser consumido em massa.

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COMERCIAL PORTUGUESA
COMERCIAL PORTUGUESA

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No comércio de especiarias, a geografia favorável junto às ilhas

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A Formação do Estado Nacional Português do Atlântico e a costa da África favorecia Portugal. Dada tecno-

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logia rudimentar da época, era importante contar com correntes
O início da História de Portugal se deve a luta de “reconquista”, marítimas favoráveis, e essa era a situação dos portos portugueses

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como ficou conhecida a luta travada pelos reinos europeus para (Fausto, B. 22). Com isso, além do comércio de sal e pescados de-

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retomarem territórios perdidos há muito para os mouros (muçul- senvolvidos pelos próprios portugueses, comerciantes genoveses

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manos). Tal luta desenvolveu-se com o chamado “espírito cruza- faziam pousio em Portugal e depois seguiam para o norte da Eu-
do”, ou seja, na tentativa de se retomar, em nome de Deus, os ter- ropa. Como comerciantes portugueses participavam ativamente

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ritórios conquistados pelos “infiéis” muçulmanos. do comércio de especiarias, eles buscariam chegar à fonte desses

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produtos eliminando atravessadores e ampliando o lucro.

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Os mulçumanos que haviam se instalado na Península Ibérica fo-
ram expulsos por Henrique de Borgonha das terras pertencentes Do ponto de vista tecnológico, temos que citar o desenvolvimento es-

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ao Reino de Castela. Ele, como recompensa pelos êxitos militares, petacular da arte de navegação em Portugal, a bússola, sextante, astro-
recebeu em casamento a mão da filha do rei de Castela e, como lábio, caravelas etc. todos esses inventos, na maioria de origem oriental,

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dote, o condado de Portucalense. Henrique tornou-se conde de eram estudados na famosa escola de Sagres, cujo lema “navegar é pre-

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Portugal, região que na época pertencia a Castela. ciso, viver não”, marcaria a ousadia e a capacidade portuguesa.

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O sucessor de Henrique de Borgonha, seu filho Afonso Henriques, FE
Assim, quando iniciaram as viagens portuguesas rumo à África,
realizou outras vitórias sobre os mouros do sul, e, em 1139, foi acla- as cartas de navegação ainda não indicavam latitude e longitu-
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mado rei de Portugal pelos seus soldados. O novo rei organizou de, apenas rumos e distância. O aperfeiçoamento de instrumentos
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a Corte portuguesa, obtendo o reconhecimento de sua autorida- como o quadrante e o astrolábio, que permitiram a localização dos
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de pela assembleia reunida. Foi coroado pelo arcebispo de Braga, navios pela posição dos astros, representou um grande avanço.
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declarando-se independente da Castela (Espanha) e vassalo da Mas de todos os inventos, a caravela seria a menina dos olhos dos
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Santa Sé. A dinastia de Borgonha (1139- 1383) conquistou as terras portugueses, com arquitetura mais apropriada, leve e de pequeno
no sudeste da Península Ibérica, impulsionou a agricultura, a in- calado, que lhe tornava veloz e permitia maior aproximação do li-
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dústria e o comércio. A exploração mineral e a atividade pesqueira toral, com menos risco de encalhar, esse invento, de 1441, foi muito
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constituíram-se em fontes de riqueza da região. empregado nos séculos XV, XVI e XVII.
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Em 1383, ao extinguir-se a dinastia de Borgonha, as Cortes reunidas Portugal, como vimos, tinha o espírito da expansão, mas estava
em Coimbra elegeram o novo rei, o grão-mestre da Ordem de Avis, cercado por um reino muito mais poderoso belicamente, a Espa-
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que ocupou o poder com o nome de João I. A dinastia dos Avis go- nha, que após união de Castela e Aragão (1469), passou a exigir
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vernou Portugal por duzentos anos, de 1383 a 1580. Os sucessores a incorporação de Portugal, que, como vimos, era, originalmente,
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de D. João I organizaram os grandes descobrimentos e as conquis- um feudo de Castela.


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tas que legaram a Portugal um enorme Império Colonial.


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Então, a saída para o mar seria a única possibilidade de expansão


Assim, o surgimento de Portugal é ao mesmo tempo uma busca portuguesa. O expansionismo era preemptivo, pois, para continuar
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de expansão e uma luta contra os muçulmanos. Por causa disso, existindo, Portugal precisa mostrar força diante da Espanha.
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com o passar do tempo, pelo menos desde a Revolução de Avis


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(1383-85), Portugal se estabeleceria, muito precocemente, como Para sair da posição desfavorável, buscou-se o respaldo da Igreja
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um Estado com características modernas: tinha um exército re- Católica, maior poder internacional da Europa a época. O acordo
gular, um sistema fiscal nacional e uma monarquia centralizada, o tácito garantia apoio da Igreja ao expansionismo português, ga-
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que permitia ao Estado assumir os riscos das grandes navegações. rantindo ao Rei o direito de conquistar e monopolizar o comércio,
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em troca, Portugal lutaria pela catequese dos conquistados.


Todos esses fatores políticos favoreceram a expansão marítima
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portuguesa. Mas, para levar a cabo a aventura, era preciso que ela O apoio da Igreja era essencial, pois sendo o maior poder interna-
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desse lucro para justificar os altos investimentos feitos pela bur- cional na Europa, ao apoiar o intento português, punha a Espanha
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guesia comercial e pelo Estado na empreitada. A busca de espe- na defensiva, já que a própria Espanha precisava da Igreja para seu
ciarias seria o fator econômico essencial da expansão marítima projeto de unificação nacional.
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portuguesa.
Etapas da Expansão Portuguesa
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O termo especiaria, na Europa, designava diversos produtos de ori-


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gem vegetal, que tinham sabor ou aroma acentuados. As especi- Consolidada a prerrogativa do expansionismo, a coroa portuguesa
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rias eram utilizadas especialmente na culinária para o tempero ou buscou seduzir a nobreza guerreira com a possibilidade de con-
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conservação dos alimentos, mas também eram utilizados na pre- quistas de novas terras e a burguesia comercial com a possibilida-
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paração de óleos e medicamentos. Na prática, o termo especiaria de de controle do comércio de especiaria.


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Existiam, assim, duas propostas para a expansão portuguesa no seria fazer alianças com as elites locais, com o objetivo de trocas

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início do século XV, que o Estado buscava conciliar. A primeira le- comerciais. Os principais produtos comercializados foram ouro,

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varia a acumulação de terras, era a “proposta da cavalaria”, com marfim, diamantes e escravos.

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os Infantes D. Henrique e D. Fernando a frente. A segunda proposta

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previa o domínio de entrepostos comercias, D. João liderava essa Do ponto de vista estratégico, as feitorias serviam de pousio para

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proposta que agradava a burguesia comercial. Essa última levava as embarcações, ou seja, eram úteis no momento de reabastecer
em conta a fragilidade militar de Portugal, sobretudo pelo fato de com alimentos, efetuar reparos, trocar a tripulação em casos de

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ser uma população pequena. doenças, para depois seguir viagem.

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D. Henrique, D. Fernando e D. João eram tios do rei e atuavam A Coroa, cada vez mais, mantém-se graças às rotas comerciais.
como regentes, já que D. Duarte, o antigo rei, teve morte prematu- Em fins do Séc. XV e início do XVI o Estado o passa a ser o grande

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ra e seu filho era ainda muito jovem. controlador da economia e o grosso das suas rendas vinha do Ul-

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tramar. Ao contrário de outros países europeus, como a França, por

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Inicialmente, o espírito cruzado falou mais alto e a proposta de exemplo, Portugal não cobrava impostos dos camponeses para se
conquista territorial teve mais força, pois terminada a guerra de manter. Suas rendas provinham do comércio.

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reconquista, o poder real precisava dar uma utilidade para a no-
breza guerreira, caso contrário, teria de enfrentá-los para manter Há ainda mais uma informação relevante desse período para com-

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a ordem interna. A solução era exteriorizar a violência, ou seja, em preensão da estratégia portuguesa no Brasil. Nesse período, nas

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vez de enfrentar os senhores para manter a ordem interna, a coroa ilhas do atlântico se instalaram as primeiras plantations portu-

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se associava a eles em busca de novas conquistas. guesas, longas áreas territoriais para produção de bens primários,
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com mão de obra escrava voltada para exportação para Europa. O
A política de Expansão Territorial duraria somente de 1415 a 1440. produto agrícola que sobressairia nas ilhas atlânticas seria a cana-
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A primeira conquista foi a cidade de Ceuta na costa do Marrocos, -de-açúcar.
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local por onde passavam caravanas com especiarias. Com a con-


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quista, as rotas das caravanas muçulmanas foram alteradas e não


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se conseguiu o lucro esperado.


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Seguiram-se ataques no norte da África com saques e piratarias.


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Mas, a maior parte das investidas militares contra os muçulmanos


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na África foi um fracasso. Na tentativa de conquistar Tanger em


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1437, por exemplo, D. Henrique e D. Fernando foram presos. Para a


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libertação de D. Henrique foi exigida grande quantia em dinheiro,


para D. Fernando a retirada de Ceuta. Resultado: D. Henrique é li-
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bertado e D. Fernando é assassinado.


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A partir de então, D. Henrique receberia o senhorio marítimo atra-


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vés de uma mercê, que o tornaria o “dono” das rotas comercias


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terrestres e marítimas do norte da África e das Ilhas atlânticas.


Com isso, ficam proibidos atos de pirataria nessa área, mesmo
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contra navios muçulmanos.


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RELEMBRANDO
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Com a derrota do ideal de cavalaria, somente sobraria a opção co- Causas da Expansão Marítima
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mercial defendida pela burguesia e por D. João. A partir de 1480


aproximadamente, esse ideal comercial se consolidaria. O objetivo • Necessidades metalistas: o mercado europeu necessitava de
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central era a busca da “fonte” das especiarias no Oriente, local de- maiores recursos em metais moedáveis para poder desenvolver
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nominado, genericamente, de “Índias”. as trocas comerciais.


• Buscar rota alternativa para a Índia: era urgente abastecer
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Para se chegar às Índias, buscou-se contornar o continente afri- a Europa das tão apreciadas e lucrativas especiarias da Índia
cano, num movimento que ficou conhecido como Périplo Afri- (cravo, canela, nóz moscada, pimenta do reino, etc).
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• Necessidade de novos mercados: os europeus necessitavam


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cano. O “longo caminho” até às Índias era desconhecido e difícil,


pois mesmo que se possuísse o conhecimento da rota, não havia trocar seus produtos manufaturados com outras regiões.
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tecnologia capaz de uma viagem direta entre Portugal e as Índias. • Novas técnicas: bússola, astrolábio, caravela, cartas maríti-
A solução foi a construção de entrepostos comerciais, chamados mas, avanço da geografia, esfericidade terrestre, pólvora e
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de Feitorias, que além da função comercial, serviria de pousio para armas de fogo.
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as embarcações e atuavam como postos militares de defesa. • Centralização monárquica: apenas Estados fortes pode-
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riam levantar os grandes recursos necessários à empresa


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As feitorias demonstraram ainda o reconhecimento da fragilidade marítima.


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de Portugal, o que não permitia o domínio da região. A solução


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• Desenvolvimento da burguesia: esse novo grupo social vis- 1431: Arquipélago dos Açores

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lumbrava enormes lucros no comércio marítimo. 1434: Gil Eanes atinge o Cabo Borjador

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• Espírito de aventura: a exploração colonial abria possibili- 1482: Diogo Cão chega na região do Zaire.

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dades de ascensão socioeconômica fora da Europa. 1488: Bartolomeu Dias atinge o Cabo da Boa Esperança no
extremo sul da África.

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As Navegações de Portugal 1498: Vasco da Gama atinge Calicute na Índia, concluindo

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o périplo africano.

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A centralização do poder em Portugal se confunde com as 1500: Em 22 de abril Cabral chegou ao Brasil.

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guerras de reconquista de seu território contra os muçul-
manos. Apesar de perigosa, a carreira da Índia auferiu lucros imen-

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Em 1139, a Dinastia de Borgonha foi fundada por Afonso sos para Portugal com o comércio das especiarias. O porto

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Henriques. Os reis dessa dinastia impuseram severas der- de Lisboa transformou-se num dos mais agitados da Europa.

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rotas aos mouros e finalmente os expulsaram do Algarve
em 1249. No século XVI Portugal tornou-se um dos Estados mais po-

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Em 1383, ocorreu a Revolução de Avis, pela qual João I (mestre derosos da Europa e a corte portuguesa viveu seu período
da ordem de Avis) fundou a Dinastia de Avis. Esse rei se aliou à de maior esplendor.

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burguesia comercial lusitana e promoveu o desenvolvimento

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marítimo português, preparando o caminho para a aventura

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portuguesa pelos novos mundos no século seguinte. A Chegada ao Brasil
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Os Portugueses foram os primeiros a se lançarem ao mar, e Em meio aos avanços portugueses, em 1492, a Espanha terminaria
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seu pioneirismo se deve a diversos fatores: a sua fase da reconquista. Com a união de vários reinos, o país se
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• Situação geográfica privilegiada: Portugal situa-se na achava agora suficientemente forte para iniciar sua própria expan-
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parte mais ocidental da Europa e detém um extenso litoral são marítima. No entanto, é meio ao acaso o início da expansão
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que serve de entreposto para as rotas de comércio que li- espanhola. Naquele mesmo ano, o navegador genovês, Cristóvão
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gam a Europa à África e o Mediterrâneo ao Atlântico. Colombo ofereceu seus serviços ao Rei espanhol depois da negati-
• Conhecimentos técnicos: no século VIII os árabes va portuguesa para sua empreitada.
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invadiram o território português e trouxeram consigo


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muitas novidades técnicas do Oriente: astrolábio, bús- Cristóvão Colombo pretendia chegar às Índias por uma nova rota,
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sola, pólvora. diversa da tentada pelos portugueses. Para tanto, pretendia “nave-
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• Experiência de navegação: premidos pela necessidade, gar para Oeste (ocidente) para chegar a Leste (Oriente)” partindo
pois as terras não eram muitas e nem férteis, já na Baixa Ida- do pressuposto que a Terra é redonda, questão ainda não total-
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de Média os portugueses faziam pesca em alto mar. mente aceita a época. O Rei espanhol lhe concedeu três embarca-
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• Burguesia mercantil forte: o renascimento comercial do ções e em 12 de outubro de 1492, ele chegaria às ilhas caribenhas.
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fim da Idade Média favoreceu o desenvolvimento de um rico Colombo morreu acreditando que havia chegado às Índias, embo-
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comércio entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte, no qual ra seus contemporâneos, em linhas gerais, não acreditassem.
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Lisboa tinha um papel de importante entreposto.


• Centralização Monárquica: Portugal foi o primeiro Esta- Com a descoberta de Colombo, novamente Espanha e Portugal
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do a centralizar o poder com a Revolução de Avis no século teriam problemas territoriais a resolver. D. João II se sentiu lesado
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XIV, quando ascendeu ao trono D. João de Avis favorável à em seus direitos concedidos pela Igreja, caberia a ele como Vassa-
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burguesia e a seus interesses comerciais. lo do Papa, a conquista e o Domínio de novos territórios e a con-
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versão dos povos ao cristianismo. A Igreja que também tinha laços


O Ciclo Oriental das Navegações ou Périplo Africano importantes com a Espanha decide intermediar. O Papa Alexandre
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VI (que era espanhol), edita a Bula Inter Coetera (1493), que garan-
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Os portugueses buscaram em sua aventura marítima um ca- tiria a Portugal todas as terras descobertas a 100 léguas de Cabo
minho alternativo para as Índias. Esse caminho deveria con- Verde. Portugal que já tinha bastante conhecimento da navegação
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tornar o continente africano para chegar às tão cobiçadas pelo Oceano Atlântico não aceita o acordo.
especiarias indianas. Assim, ao longo de todo o século XV,
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os navegantes portugueses conquistaram pouco a pouco o


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No ano seguinte, surgiria o Tratado de Tordesilhas (1494), tam-


litoral africano até achar o tão almejado caminho das Índias. bém intermediado pelo Papa, que garantiria a divisão entre as
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Coroas Ibéricas das terras americanas. Pelo Tratado, que tinha o


Resumo das Navegações Portuguesas nome da cidade espanhola na qual foi assinado, traçou-se uma li-
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nha imaginária a 370 léguas a oeste de Cabo Verde: todas as terras


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1415: Conquista de Ceuta no Norte da África. “descobertas” a leste da linha pertenceriam a Portugal; e todas as
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1419: Ilha da Madeira terras a oeste da linha imaginária, pertenceriam a Espanha.


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A partilha do Novo Mundo estabelecida entre os ibéricos margina-

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lizava as demais nações europeias, que, no século XVI, passaram a OBSERVAÇÕES
OBSERVAÇÕES

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contestar o Tratado de Tordesilhas.

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Em 1498, com a chegada de Vasco da Gama chegaria a Calicute, O Triângulo Comercial

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Portugal completaria, enfim, o périplo africano ao chegar às Índias.
O lucro da venda dos produtos trazido por Vasco da Gama levaria Os europeus estruturaram uma grande estrutura de explora-

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a euforia a burguesia lusa. Em 9 de março de 1500, saiu de Portugal ção colonial abrangendo um triângulo cujos vértices apontam

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a maior frota até então enviada por uma nação europeia, coman- para a Europa, África e América. Desse modo, a exploração se

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dada pelo Capitão Pedro Álvares Cabral para garantir, a força se concentrou na África (escravos) e América (matérias primas)
necessário, o monopólio português no comércio com Calicute. e o acúmulo de capital determinado pelos lucros exorbitantes

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do comércio triangular se concentrou no vértice europeu.

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Essa frota avistaria a costa brasileira em 21 de abril de 1500 e no dia As manufaturas europeias (tecidos e armas) eram trocadas

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seguinte, em 22 de abril, aportaria no sul para no Brasil. Para alguns com grandes vantagens por escravos na África. Os africanos
historiadores, um mero acidente de percurso, pois ao tentar se afastar escravizados eram levados para a América onde eram per-

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da calmaria comum em certa região do Oceano Atlântico, o piloto mutados por matérias primas (ouro, prata, açúcar). Essas ma-
havia feito um contorno longo demais, aproximando-se da costa do térias primas eram levadas para a Europa onde alcançavam

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Brasil. Para outros, no entanto, a ação foi premeditada, Cabral viria ao altíssimo preço.

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Brasil dentro de uma estratégia geopolítica de garantir o monopólio De outro modo, os europeus também trocavam suas manu-

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da rota comercial do Atlântico Sul. Seja qual for o motivo da chegada faturas diretamente na América por matérias primas, para
ao Brasil, o interesse maior da esquadra era o comércio com o Orien- FE
então voltarem para a Europa. Havia ainda a oportunidade
te, interesse que relegaria ao Brasil um papel de segunda importância não menos lucrativa de trocar as manufaturas por fumo,
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na expansão portuguesa, pelos menos até o fim da União Ibérica. aguardente ou melado, que poderiam ser facilmente leva-
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dos à África e trocados por escravos que seriam trocados na


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América por matérias primas que, na Europa, reverteriam em


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estrondoso lucro. Qualquer que seja o sentido da triangula-


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ção mercantilista, os europeus auferiam sempre enormes


lucros. Isso favoreceu o acúmulo de capital e o desenvolvi-
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mento comercial do capitalismo e da indústria na Europa.


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A exploração colonial europeia se pautava por alguns prin-


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cípios básicos:
• Monopólio Comercial: a metrópole tinha total exclusivi-
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dade no comércio com suas colônias.


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• Complementariedade: a produção da colônia deveria


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ser complementar à da metrópole para permitir o lucrativo


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intercâmbio de mercadorias. Era vetado à colônia ter ma-


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nufaturas.
• Escravismo: utilização sistemática de escravos africanos
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(Brasil e EUA) ou indígenas (América Espanhola).


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Consequências das Navegações


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• Desenvolvimento do comércio Atlântico


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• Estados Nacionais fortalecidos


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• Ascensão capitalista e burguesa


• Novos povos e culturas
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• Novos animais e plantas


• Imposição cultural europeia
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• Imposição da religião cristã


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• Comércio de escravos
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• Desenvolvimento científico tecnológico


• Desestruturação cultural dos indígenas
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O Período Pré-Colonial (1500-1530) Muitos piratas e corsários estrangeiros também se dedicaram à ex-

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tração do pau-brasil, chegando mesmo a ameaçar com sua presen-

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Convencionou-se chamar de período pré-colonial (1500-1530), o ça em nosso litoral o domínio português sobre o Brasil. Para coibi-

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período onde não houve por parte de Portugal nenhuma iniciativa -los, foram organizadas expedições militares, cabendo a Cristóvão

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mais contundente de criar uma colonização efetiva do território Jacques o comando das armadas de 1516 e de 1526. Apesar da vio-

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brasileiro. Esse desinteresse, como vimos, devia-se ao maior inte- lência com que tratava os corsários aprisionados, afundando seus
resse tanto do Rei quanto da burguesia lusa no lucrativo comércio navios e enforcando muitos deles, a função policiadora de Cristóvão

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com o oriente. Jacques esbarrava nas grandes dimensões da nossa costa, obstácu-

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lo natural à eficiência das expedições guarda-costas.

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Esse período fora marcado por envio de expedições guarda-costa,
pela montagem de Feitorias, que eram entrepostos militares de Dentre os estrangeiros (povos de outras nações europeias), des-

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defesa e de comércio, e pelo comércio de pau-brasil com os índios tacam-se os franceses. O Rei francês, Francisco I, não aceitava os

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através do escambo. domínios de Portugal e Espanha sobre as terras da América. Sobre

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o tema, é célebre sua frase: “Onde está escrito no testamento de
A primeira expedição exploradora foi chefiada por Gaspar de Le- Adão, que o mundo seria dividido entre Portugal e Espanha”, que

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mos e chegou ao Brasil em 1501. Percorrendo o litoral brasileiro, além de questionar a legitimidade luso-espanhola, o apoio da de-
Gaspar de Lemos nomeou diversos locais (cabo São Roque, rio São cisão da Igreja católica.

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Francisco, baía de Todos os Santos, Rio de Janeiro, porto de São

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Vicente, etc.) e confirmou a existência do pau-brasil, madeira há A Expedição Colonizadora (1530)

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muito utilizada largamente na Europa para tingir tecidos.
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Diante do perigo representado pelos corsários estrangeiros, o go-
Em 1503, sob o comando de Gonçalo Coelho, realizou-se uma nova verno português pouco a pouco se conscientizava da necessida-
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expedição ao Brasil, buscando localizar novas riquezas e carregar de de efetivar o povoamento e a colonização do Brasil, ao mesmo
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os seus navios coma madeira de pau-brasil. Entre o Rio de Janeiro tempo em que o comércio oriental se tornava cada vez menos
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e Cabo Frio, Gonçalo Coelho também fundou feitorias, postos de rentável e mais oneroso.
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armazenagem de madeira e de carregamento dos navios.


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No Oriente, turcos e indianos atacavam continuamente as forta-


A abundância do pau-brasil no litoral brasileiro, entre o Rio Grande lezas portuguesas e concorriam com os lusos, reativando antigas
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do Norte e o Rio de Janeiro, e a possibilidade de exploração lucra- rotas comerciais que cruzavam o mar Vermelho e o golfo Pérsi-
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tiva levaram Portugal a estabelecer o estanco sobre o produto, isto co. Acrescente-se ainda os não raros naufrágios das embarcações
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é, o monopólio estatal sobre a sua exploração. Com a exclusivida- portuguesas e os frequentes ataques dos corsários no oceano
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de, o governo português fazia concessões periódicas do direito de Atlântico, que elevavam os riscos e prejuízos e dificultavam o co-
exploração e comercialização a particulares em troca do paga- mércio português com o Oriente.
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mento de um quinto do valor da madeira extraída e da defesa do


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território contra traficantes, especialmente franceses, que cada vez À medida que diminuíam os lucros, o Estado português desativa-
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mais frequentavam a costa brasileira. va fortalezas na costa africana e reduzia o fluxo de navios para o
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Oriente. Enquanto Portugal tornava menos intensas suas transa-


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O primeiro arrendamento da exploração do pau-brasil para o perí- ções comerciais com o Oriente, holandeses e ingleses ampliavam
odo entre 1502 e 1505, foi cedido a Fernão de Noronha, cristão-novo sua participação nesse comércio, assumindo progressivamente a
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(denominação criada para designar judeus convertidos ao cristia- rota Atlântico- Índico através do cabo da Boa Esperança, juntando
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nismo, normalmente para escapar às perseguições da Inquisição) o domínio da distribuição das especiarias na Europa, que já possuí-
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que liderava um grupo de comerciantes de Lisboa. am, ao da obtenção dos produtos diretamente no Oriente.
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Atividade meramente extrativa, a exploração do pau-brasil não fi- Ao declínio do comércio oriental, somou-se a ameaça ao domínio
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xava o homem a terra, além de apresentar um caráter predatório, português sobre o Brasil, estimulando o rei D. João III a iniciar uma
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responsável pela devastação de boa parte da nossa vegetação lito- nova política em relação à sua colônia americana, defendendo,
rânea original. No final do período pré-colonial já não se encontra- ocupando e explorando economicamente o território através da
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va com facilidade a madeira na costa brasileira, a qual praticamen- fixação dos colonos a terra, da criação de povoados e fortificações
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te desapareceu de nossa mata já no século passado. que se espalharam pela costa e garantiram a dominação portu-
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guesa sobre o Brasil. Para viabilizar tais objetivos, foram organiza-


A extração do pau-brasil propiciou, por outro lado, o estabeleci- das expedições colonizadoras, sendo que a primeira, chefiada por
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mento das primeiras relações econômicas entre portugueses e in- Martim Afonso de Souza, chegou ao Brasil em 1531.
dígenas, fundamentadas no escambo (troca): os índios forneciam
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a madeira e, em menor medida, farinha de mandioca, trocadas por A expedição de Martim Afonso de Souza, composta por cin-
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peças de tecido, facas, canivetes e bugigangas de pouco valor para co navios, partiu de Lisboa em dezembro de 1530, trazendo cerca
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os portugueses. Como a preferência era o lucrativo comércio com de 400 homens, sementes, plantas, ferramentas agrícolas e ani-
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o Oriente, a colonização, de fato, não foi efetivada nesse período. mais domésticos. Nomeado capitão-mor da esquadra e das terras
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coloniais pelo rei de Portugal, Martim Afonso tinha amplos poderes


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para descobrir novas riquezas, combater estrangeiros, policiar, ad-

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ministrar e povoar as terras brasileiras.

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Martim Afonso, para melhor conhecer e proteger o território sob seu

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poder, organizou expedições que penetraram no interior brasileiro em

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busca também de riquezas. Além disso, dirigiu-se à foz do rio da Prata,
para efetivar o domínio luso diante da crescente presença espanhola na

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região, e acabou por aprisionar vários navios piratas franceses.

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Como colonizador, Martim Afonso de Souza iniciou a distribuição
de sesmarias, lotes de terras aos novos habitantes que se dispuses-

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sem a cultivá-las, além de dar início à plantação da cana-de-açú-

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car. Foi ele o responsável pela construção do primeiro engenho da

CO
colônia, chamado Engenho do Governador.

DA
Martim Afonso, dando continuidade à sua política colonizadora,
fundou, em 1532, a primeira vila do Brasil, São Vicente, situada no

RA
atual estado de São Paulo e, em seguida, dirigindo-se para o inte-

EI
rior da mesma região, a vila de Santo André da Borda do Campo.

RR
Em 1533, o capitão-mor Martim Afonso retornou a Portugal, en- FE
quanto o governo português adotava novas medidas para inten-
A
sificar a ocupação do território brasileiro, implantando atividades
RI

econômicas duradouras e lucrativas na sua colônia americana.


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