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Professor Universitário

Início de carreira

José Antônio Rosa

Contato com o autor:


consultorjoserosa@gmail.com

São Paulo, fevereiro de 2019


Sumário
A carreira de professor universitário
Introdução
Uma visão geral da profissão
Condições para ingresso
Alternativas de carreira
Links relevantes
Preparação para início
Introdução
O que você realmente precisa para iniciar
Estratégia de carreira
Links relevantes
Atenção à andragogia
Introdução
Princípios básicos da formação de adultos
Mudança no papel do professor
Desafios atuais
Links relevantes
Planejamento de aulas
Introdução
Por que planejar as aulas
Etapas do planejamento
Mecanismos para dinamização das aulas
Obras indicadas
Links relevantes
A aula em si
Introdução
O que pode atrapalhar
Contrato psicológico com o grupo
Introdução de mudanças
Problemas e soluções
Links relevantes
Busca de trabalho de docência
Introdução
Processo de busca de trabalho
Links relevantes
Desenvolvimento na carreira
Introdução
Matriz de Ansoff aplicada à carreira de professor
Trabalho faz a diferença
Links relevantes
O autor
A carreira de professor universitário

- Introdução
- Uma visão geral da profissão
- Condições para ingresso
- Alternativas de carreira
- Links relevantes
Introdução
Em minhas atividades de professor, consultor, palestrante, autor, sempre tive
oportunidade de orientar pessoas em transição de carreira – às vezes com
maior formalidade, às vezes de modo mais informal. Em uma sessão formal
de consultoria de carreira, estava interagindo com um ex-executivo de mais
ou menos 50 anos que não desejava voltar mais ao mundo corporativo e
buscava alternativas. Vi que ele tinha excelente experiência e um bom
currículo, que incluía até mesmo um curso de média duração em Harvard.
Além disso, tinha excelente fluência verbal e uma ótima cultura geral. Veio-
me a ideia óbvia a sugerir-lhe:
- Você poderia dar umas aulas, em pós-graduação.
- Já pensei nisso, mas, o problema é que professor ganha mal.
A resposta dele foi típica da pessoa que pensa que sabe e não sabe – o que, de
acordo com Sócrates, é o pior tipo de ignorância. Revolvi provocar meu
assessorado, com afeto, evidentemente. Disse:
- Professor ganha mal? É mesmo? Que chato. Quanto ganha?!
- Quanto?! Bem, não sei. Mas...
Então, eu lhe disse que eu, sim, sabia quanto ganha um professor de pós, por
dar aulas de pós e por acompanhar a área. Sugeri-lhe que não fechasse a
mente em decorrência da própria ignorância. Para explorar bem as
alternativas, é fundamental questionar os próprios “conhecimentos”,
pesquisar, buscar a informação adequada em vez de fiar-se em “achologia”.
A partir disso dei-lhe uma visão sobre o potencial da carreira de professor de
pós. Ele ainda derrapou mais uma vez, dizendo:
- Isso é legal, mas, precisa ter mestrado.
- É mesmo? Perguntei ironicamente. Está na lei ou é apenas a opinião
de uma pessoa sábia e bem informada? completei sorrindo.
Não. Não é necessário ter mestrado. Um grande número de professores de
pós não tem. Se tiver é melhor, mas, não é essencial. Em algumas
instituições, mais elitizadas, é uma necessidade, pois, se você não tiver
mestrado ou doutorado sua competitividade como professor será baixíssima.
Mas, em outras – possivelmente a maioria - a barreira não é sólida e a
experiência profissional poderá contar mais.
Ao longo de minha carreira convivi com muita gente que se mostrava
interessada em dar aulas no ensino superior e não tomava nenhuma
providência com o propósito de realizar essa meta. Notei que boa parte disso
é porque as pessoas tinham ideias erradas sobre os requisitos para atuação na
área ou porque não sabiam os caminhos para iniciação, onde buscar ajuda,
etc.
Este manual trará a orientação inicial necessária e indicará caminhos para
busca de mais informação relevante.
Uma visão geral da profissão
Ensino superior
O professor universitário dá aulas no ensino superior. O que é ensino
superior? De acordo com a Lei 9.394, de 20/12/96, Lei das Diretrizes e Bases
(LDB) e legislação complementar, é aquele realizado nas IES – Instituições
de Ensino Superior: Universidades, Centros Universitários, Faculdades,
Institutos Federais, e conferem graus de bacharelado, licenciatura ou
tecnologia, e pós-graduação:
- Bacharelado – Título conferido a diplomado em curso genérico que dá
competências em determinado campo do saber ou exercício
profissional.
- Licenciatura – Título confere competência específica para atuação
como professor na educação básica, em determinada área – Letras,
Matemática, etc.
- Tecnologia – Título de tecnólogo, que atuará em profissionais que
demandam formação especializada, científica e tecnológica.
- Pós-graduação stricto sensu – Mestrado e doutorado acadêmico ou
profissional.
- Especialização ou pós-graduação lato sensu – Certificados de
conclusão de cursos com carga horária mínima e outros requisitos
legais, conferidos a profissionais graduados.
O mundo do ensino superior no Brasil inclui milhões de alunos, dezenas de
milhares de cursos, milhares de instituições, sistemas de ensino agigantados
que se classificam entre os maiores do mundo, centenas de milhares de
professores, receita anual de bilhões de reais, parte considerável do PIB. Para
se ter uma ideia dessa dimensão, basta ir a alguns dos sites indicados adiante.
As instituições atuantes na área têm um caráter duplo. Primeiro, são
organizações voltadas para o ensino, à formação das próximas gerações e, por
isso, têm enorme relevância social e são depositárias de elevadas expectativas
da sociedade quanto à sua missão e valores éticos. Segundo, são empresas ou
organizações governamentais que têm de dar resultados econômicos, seja o
lucro, seja o benefício esperado do investimento público. Nas últimas
décadas, vem passando por transformação acentuada para adequar-se aos
novos tempos que requerem excelência em serviços e competitividade. O
mercado vem-se consolidando, formando-se os seguintes grandes grupos
estratégicos:
- Grandes sistemas de ensino superior – Administrados dentro de
estritos padrões de competitividade empresarial, têm foco em grandes
mercados, buscam sistemas organizacionais e tecnologia para dar o
máximo de qualidade em função dos preços que conseguem praticar.
Para tornarem-se atraentes procuram propiciar formação capaz de
resultar em inserção dos formados no mercado o mais rápido possível,
e promoção profissional que resulte em melhoria dos ganhos. Como
exemplos mencionam-se a Unip, o Sistema Anhanguera.
- Sistemas confessionais – São as organizações de origem religiosa, que
têm variados graus de adesão em relação às suas propostas iniciais, e
adquiriram igualmente variados graus de autonomia e auto-
sustentação. As PUCs são exemplos típico.
- Universidades regionais – São aquelas instituições consolidadas pela
tradição e pelos vínculos de suporte locais, que lograram oferecer um
serviço de valor em âmbito regional e conquistar demanda sólida.
Apesar de não ter porte para competir com os grandes grupos mantêm-
se sólidas em seus nichos. Há ainda muitos grupos de ensino superior
regionais espelhados pelo país.
- Centros de excelência – São aquelas organizações privadas com ou
sem fins lucrativos lograram atingir a excelência em determinadas
áreas e então conseguem atrair alunos de alta qualificação, cobram
preços elevados e oferecem um nível de qualidade dos mais altos. É o
caso da FGV, do Insper, entre outras. Pelo diferenciado nível de
qualificação e solidez de suas marcas sustentam-se sem problemas.
- Pequenas – São faculdades ou mesmo universidades “pequenas” em
relação aos grandes grupos, algumas ainda geridas por organizações
familiares, que conseguem sobreviver por uma ou outra razão
específica, como forte presença em um nicho, graças a vínculos de
seus quadros, alta especialização técnica, ausência de concorrência no
âmbito regional, etc. Possivelmente o número dessas reduziu-se
significativamente com a consolidação do mercado.
O professor universitário
O Brasil deve ter hoje algo em torno de 400 mil professores universitários. O
número correto atual e a distribuição por região, qualificação, tipo de
contrato, tipo de instituição, regime de trabalho, etc., pode ser obtido
facilmente pela internet. No site da ABMES - Associação Brasileira de
Mantenedoras de Ensino Superior há dados recentes. Como os números
mudam rapidamente e como são fáceis de obter, preferi não publicá-los aqui
e entrar nos aspectos da profissão que mais interessam.
O universo dos professores universitários inclui:
a) Professores com dedicação exclusiva em universidades privadas –
Usualmente estão vinculados a programas de mestrados e doutorados
que têm exigências especiais, inclusive legais.
b) Professores com dedicação integral (e exclusiva) em universidades
públicas, usualmente concursados.
c) Professores com carga de trabalho parcial mas regular – regime CLT
ou público – em universidades privadas ou públicas.
d) Professores com carga de trabalho esporádica e programação irregular
em universidades públicas ou privadas, atuando como autônomos ou
até mesmo como pessoas jurídicas.
Os integrantes dos grupos C e D poderão ou não ter o ensino como ocupação
única ou principal. Quando se dedicam exclusivamente ou principalmente ao
ensino atuam simultaneamente em diferentes faculdades. Quando não têm o
ensino como ocupação principal ou exclusiva atuam profissionalmente nas
mais diversas áreas como advocacia, administração, contabilidade,
psicologia, engenharia, etc.
Os professores igualmente poderão atuar exclusivamente em graduação, em
pós-graduação ou em ambas as modalidades.
Há outras ocupações de professores de ensino superior. Hoje alguns atuam na
criação de conteúdo para EAD – Ensino a Distância, que vem crescendo
bastante. Outros trabalham em pesquisa, coordenação, orientação de
estudantes de graduação ou pós, entre outras possibilidades.
Como se vê, há um amplo leque de possibilidades. Meu caso específico é um
exemplo. Minhas ocupações incluem:
- Aulas de pós em diferentes instituições, com diferentes disciplinas,
sempre como convidado e sem agenda anual fixa.
- Elaboração de conteúdo para cursos de graduação e pós-graduação –
textos, vídeos, etc.
- Treinamento empresarial – cursos e palestras.
- Consultoria
- Acompanhamento de elaboração de monografias por alunos de pós
- Publicação de livros e manuais
Há flexibilidade significativa nas atividades. Por exemplo, às vezes a
demanda para treinamento cresce e passo a atuar mais na área; em outros
períodos, ocorre o contrário: há contração na demanda das empresas e de
organizações de treinamento e a ocupação com aulas de pós passa a tomar
maior porcentagem do tempo de trabalho. Em períodos em que a demanda de
atividades externas em geral decresce, passo a ocupar-me mais com textos,
como este que você está lendo, e com orientação de monografias. Atuando
assim desde 1986 nunca fiquei sem trabalhar (meu interesse é fazer umas 200
horas/mês).
O que a docência em ensino superior oferece
O ensino superior oferece um leque de oportunidades a pessoas interessadas.
Muitas beneficiam-se dessas, de modo refletido e planejado, obtendo ganhos
significativos para suas carreiras.
Vejamos as principais razões pelas quais as pessoas buscam atuar no ensino
superior:
- Remuneração – A remuneração é boa ou não? É boa para quem acha
boa, evidentemente. Isso é subjetivo. Do ponto de vista comparativo,
pode-se dizer que provavelmente os professores – em igualdade de
carga de trabalho, tempo de carreira e outras variáveis similares – estão
acima da média de outras ocupações intelectuais. Uma pesquisa
rapidíssima pela internet esclarece quanto aos níveis de ganho.
- Flexibilidade – A profissão oferece um potencial grande para
acomodação a outros interesses, com ajustes de horários, volume de
trabalho, etc. Muitos a buscam porque querem ter uma carga de
trabalho limitada ou trabalhar apenas em um período ou em alguns
dias da semana, etc.
- Emprego – A profissão oferece emprego. A ocupação na área vem
crescendo na proporção do crescimento do setor. Muitas vezes em
períodos em que a economia, como todo, está minguando e cortando
empregos, na área de ensino superior estão surgindo novas vagas.
- Âmbito nacional – Emprego para professores universitários
encontram-se em todas as regiões. Gente que deseja mudar-se para o
interior, para ter uma vida menos agitada que aquela dos grandes
centros, gente que almeja viver em regiões praianas, gente que almeja
morar em uma cidade específica vê na docência uma oportunidade de
ocupação.
- Tempo parcial – Como o ensino oferece oportunidade de trabalho em
tempo parcial, muitos a buscam como atividade complementar, para
renda, ocupação ou desenvolvimento profissional.
- Imagem e conexões – Muita gente importante dá aulas por uma razão
simples: reputação e ligações relevantes. As universidades atrai gente
que em outras atividades já tem níveis de ganho muito elevados,
porque essas pessoas usarão seus postos (sem que haja aqui nenhum
tipo de desvio ético) como alavanca para outras conquistas. Grades
projetos de pesquisa e consultoria são delegados a universidades – e a
participação nesses traz, além de ganhos, excelentes conexões. Assim,
dar aulas faz parte de um projeto de carreira.
- Gratificação pessoal e profissional – Muita gente se mantém no ensino
porque aí encontra muita gratificação pessoal e profissional. Entre
outras razões, porque o trabalho faz sentido, há uma interação intensa
com diferentes grupos e faixas etárias, há dinamismo, há expressão,
resposta dos beneficiários, etc.
Condições para ingresso
Quem pode habilitar-se a dar aulas em faculdade? A pessoa que tem: a)
conhecimento suficiente; b) credenciais - formação superior e saber prático
ou pós-graduação (se tiver mestrado e doutorado, muito melhor); c)
habilidade didática suficiente. Vamos explorar mais essas questões.
Conhecimento suficiente
Não precisa ser um conhecimento elevado, como muitos imaginam. O
profissional já praticante de determinada área – um médico, um advogado,
um administrador, um contador – em geral já está muitos anos à frente dos
alunos a quem lecionará. Logo, já tem muito a dizer em termos práticos e
vivenciais, exatamente o que os alunos mais querem. Com base em
excelentes livros textos e materiais hoje existentes e com o conhecimento
relativo à graduação na área o profissional já pode sem medo entrar em sala
de aula.
Considere que:
O professor universitário não é obrigado a saber tudo – hoje ninguém mais
sabe tudo.
- O conhecimento equivalente ao conteúdo dos livros textos já será
suficiente. Livro texto é aquele que reúne o conhecimento fundamental
de dada disciplina e presta-se a finalidades didáticas ou técnicas. Há
livros textos excelentes em todas as áreas do conhecimento. Se você
tiver dúvida quando à sua qualificação tome um livro texto atual de sua
área e leia. A compreensão é tranquila? Então, provavelmente você
está preparado no que diz respeito a conhecimento – e pode
complementar com experiência (esta deve ser seu maior foco nas
aulas).
- Os alunos, principalmente os mais interessados, têm hoje tem acesso
ao conhecimento e podem estudar autonomamente. Então, o papel do
professor não é mais o de trazer o conhecimento aos alunos, mas sim o
de motivá-los para o estudo, inseri-los na aula (pode ser vista como
experiência de aprendizado em grupo), criar dinâmicas para reflexão e
aplicação do conhecimento, apresentar visões mais experientes e bem
informadas (do professor, porque ele já está à frente dos alunos,
lembre-se).
- Na avaliação dos alunos, professor de maior conhecimento não é
necessariamente o melhor. Eles percebem que há professores que não
são gênios mas efetivamente os ajudam, põem-se a serviço da classe e
trazem coisas boas, ouvem, respeitam os alunos, estão comprometidos
com eles, etc. O aluno não precisa concordar um professor em todas as
opiniões desse; o aluno não condena o professor necessariamente por
eventual erro conceitual (pode até discordar e o professor maduro
buscará rever seus conceitos). Enfim, o importante é o diálogo de
valor.
- Usualmente não se espera que o professor vá além do livro texto em
termos de conteúdo a transmitir. Ali se encontrará volume suficiente
de informação. A questão é discutir bem as coisas e ajudar na
assimilação. Posso estar enganado, mas presumo que o professor que
sabe muito mais que os alunos na maioria das vezes (não
necessariamente) é menos adequado, porque tenderá a jogar as
reflexões a um nível que se torna irreal para os alunos. Muitas vezes
registra-se uma piora de desempenho quando o professor termina o
mestrado ou doutorado e está muito entusiasmado. Torna-se,
frequentemente, um chato, mas com o tempo essa “qualidade” deixa de
existir. Lógico que o professor superqualificado e sábio conseguirá,
mesmo tendo cultura vasta, falar a linguagem do aluno e dos seus
interesses.
Credenciais
Para dar aula para crianças e adolescentes é necessário ter licenciatura, o que
inclui a pedagogia (como o nome diz, é ensinar a crianças). No ensino
superior isso não é um requisito. Há três tipos de professores de ensino
superior: doutores, mestres e especialistas, que são profissionais que têm
graduação e pós-graduação ou graduação e experiência prática.
O ideal – e todo o sistema de ensino trabalha para isso – é que todos os
professores tivessem, além de saber prático, no mínimo o mestrado. Ideal é
não mundo real. No futuro certamente essa condição se realizará e esse
futuro, provavelmente, virá logo porque o mundo moderno é muito dinâmico.
Hoje uma boa porcentagem dos profissionais – inclusive entre aqueles que
lecionam na pós-gaduação – não tem titulação de mestre ou doutor. Do ponto
de vista da LDB – Lei das Diretrizes e Bases, as universidades precisam ter
1/3 de doutores e mestres em seus quadros, no mínimo.
Tudo é uma questão de oportunidade, momento, condição. Exemplos: a) em
programas de mestrado e doutorado possivelmente quase cem por cento dos
professores têm titulação. Há poucos profissionais com “notório saber”
nessas áreas; b) em programas de pós-graduação que têm uma proposta
acadêmica e elitizada há maior proporção de mestres e doutores,
comparativamente a programas que visão a formação profissional; c) em
universidades menos elitizadas, a proporção de especialistas é maior; d) para
ocupação em tempo integral e exclusiva buscam-se preferencialmente
mestres e doutores; e) para atuação em tempo parcial e regime não exclusivo,
admitem-se especialistas com mais facilidade; e) profissionais com
conhecimento prático, ainda que sem titulação, poderão ser desejáveis em
muitos cursos, a depender do perfil do aluno.
Habilidade didática suficiente
Conhece aquele velho método (da piada) de treinar nadadores para as
Olimpíadas? Jogue a pessoa na água e solte o tubarão! Assim é com a
didática: aprende-se fazendo. Um dos fatores mais importante para um
aprendizado rápido é ter atitudes adequadas: a) não querer impressionar ou
brilhar, mas, sim, colaborar, ajudar; b) autoconfiança – advinda de uma
preparação adequada; c) não ver os alunos como avaliadores que estão ali
para julgar e condenar; d) disposição para construir a aula junto com o aluno.
A pessoa usualmente está preparada, do ponto de vista da habilidade, se...
- Verbaliza com eficiência, nas questões do dia a dia, consegue explicar
seus pontos de vista, transmitir informações;
- Consegue lidar com os outros de maneira cooperativa no dia a dia. Isto
é, gente que não anda se indispondo com outros todo o tempo. Na
minha visão, gente que tem “problema de relacionamento”, que anda
arranjando encrenca onde quer que vá, acaba criando problema em sala
de aula também. Se você é hostil, tem visão muito negativa dos outros,
cria problemas, então, pense duas vezes antes de entrar em sala de
aula. É melhor lidar com esse comportamento hostil primeiro.
Por fim, é importante saber que habilidade didática é questão de técnica. Com
as ferramentas certas (exercícios, jogos, recursos visuais) e o roteiro certo,
qualquer pessoa que tenha as qualidades acima acertará. Veremos a técnica
adiante.
Alternativas de carreira
As alternativas de carreira na área de ensino superior variam, conforme o
interesse e condições:
- Quanto ao tempo de dedicação – Muitos iniciam como ocupação de
tempo parcial. A partir daí, quem tem interesse, poderá amplia
progressivamente a carga horária até que atinja o temo integral. Quem
não tem interesse, ocupa apenas o tempo que faz sentido do ponto de
vista da carreira.
- Quanto à exclusividade da ocupação – Há pessoas que almejam ficar
exclusivamente na docência, em tempo integral ou não, enquanto
outras querem manter outras profissões paralelamente.
Há também que se considerar o momento da pessoa no ciclo de vida
profissional. Quanto a esse aspecto, muitos veem a atividade docente como
ocupação de fechamento da carreira, o que é sensato, porque a profissão
usualmente oferece menos barreira ao pessoal mais velho.
Pergunta final deste capítulo: Vale a pena ser professor? Certamente, se você
deseja, se se prepara para colher o melhor da profissão, se faz uma boa
estratégia de carreira. Depende de você.
Links relevantes
A quantidade de recursos de apoio – gratuitos e excelentes – hoje é
gigantesca. O problema é separar o que presta do que não presta. Ao final de
cada capítulo vou indicar alguns sites de valor, aos poucos, para não afogar o
leitor em informação. O ideal é dar uma olhadinha em cada um e registrar nos
favoritos.
Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior
http://www.abmes.org.br/abmes/
Lei das Diretrizes e Bases
http://www.cpt.com.br/ldb/lei-de-diretrizes-e-bases-da-educacao-completa-
interativa-e-atualizada
Informação geral sobre educação superior, incluindo emprego para
professores
www.universia.com.br
Alguns grandes sistemas de ensino universitário (busque outros na internet;
as mudanças nessa área são rápidas e novos atores podem estar presentes).
Kroton/Anhanguera - http://www.anhanguera.com/ri/
Unip - http://www3.unip.br/default.asp
Preparação para início

- Introdução
- O que você realmente precisa para iniciar
- Estratégia de carreira
- Links relevantes
Introdução
Conhece aquela frase de propaganda de um banco, “gente que faz”? Pois
bem, às vezes tenho vontade de escrever a “antífrase” dessas, que seria “gente
que enrola”. Eu aplicaria a muita gente que deseja e não faz.
Tenho muitos alunos de pós-graduação (principalmente da área de
Administração) que desejam encaminhar-se para o ensino superior. Alguns
deles chegam para mim e confessam suas vontades e lhes digo para partir
para a ação, porque o mundo está aberto à iniciativa. Alguns pedem mais
informação e mostram que vão começar a se mover para realizar seus
intentos. Outros dizem que vão adquirir um pouco mais de experiência no
trabalho para depois irem buscar aulas de pós. Esses últimos usualmente são
“gente que enrola” e então pego pesado com eles, no sentido de cumprir meu
papel de mestre:
- Preparar-se eternamente é um meio de fugir do desafio. Acho que
você não precisa esperar por mais experiência no trabalho. Em relação
a seus futuros alunos, você já a tem. Tem de perder o medo e partir
para ação. Conheço muita gente que fica a vida inteira se preparando!
Sabe quando vão realizar seus sonhos? Nunca!
Para alguns, esse empurrão verbal serve e já percebem que estão enrolando
por medo.
Se você, leitor, não é gente que enrola e analisou sensatamente as ideias do
capítulo anterior, e, ao final da leitura, julgou-se capaz para a docência em
ensino superior, com mais um pouquinho de preparação e você estará pronto
para agir. Nas próximas páginas discutiremos o que a tal preparação envolve.
Após a leitura do livro, espero que você arregace as mangas e parta para a
luta. Ou você é gente que enrola?
O que você realmente precisa para iniciar
Condições para início na profissão, de modo simplificado e direto:
- Ler o presente manual
- Adquirir coragem
- Organizar-se
Vamos discutir essas três atividades.
Ler o manual
Nos dias de hoje, um mal que tem atrapalhado muita gente é a ansiedade, que
não combina com uma boa leitura. As pessoas querem adquirir conhecimento
e informação de modo rápido demais, para não “perder tempo” e acabam
deixando passar coisas relevantes. Muita gente lê distraída, querendo fazer
outras coisas ao mesmo tempo e a leitura fica pobre e pouco produtiva. Faça
uma leitura ativa, de boa qualidade, com concentração suficiente, tomando
notas, fazendo visitas a sites recomendados, expandindo com mais pesquisa
uma ou outra informação aqui apresentada.
Um outro mal que prejudica muito nos dias de hoje é o excesso de
informação. Qualquer pessoa encontra milhares de sites sobre determinado
assunto, mais artigos, livros, vídeos, etc. Com isso, fica perdida no mar de
informação e não consegue separar o que presta do que não presta, o que é
essencial do que não é, o que é útil do que não é. É nesse contexto que o livro
(texto autoral, monográfico ou integrado, com unicidade) mostra seu valor. É
necessário, entretanto, que o leitor encontre um bom livro e acredite nele,
para achar o caminho certo no mar de informações. Portanto, leitor, valorize
o que vou dizer aqui: meu propósito é falar o que realmente importa para
você – mas só o que importa. Dou aulas há quase 30 anos e vivo no meio,
tendo circulado bastante em diferentes ambientes e cenários: universidades
públicas, privadas; grandes, pequenas; elitizadas, populares; nacionais, locais;
etc.
Uma questão final sobre esse tópico: Acredite no que estou dizendo e vou
dizer. Por que estou frisando isso? Porque nos dias de hoje, dado ao
excessivo volume de informações, eventualmente as pessoas não acreditam
em orientações relevantes – e cometem erros por causa disso. Dois exemplos
ilustrativos:
Boas dinâmicas funcionam
Tenho um excelente livro sobre jogos e dinâmicas de treinamento. Como
trabalhei com isso na mais antiga organização do mundo, no gênero (AMA-
American Management Association), sei que dinâmicas testadas e aprovadas
sempre funcionam, quando aplicadas. Pois bem, tenho um livro excelente de
dinâmicas (em inglês) que uso frequentemente em meus treinamentos. Esse é
o contexto. Agora vamos ao caso: Certa vez, estava com um colega
engenheiro muito cartesiano apresentando um treinamento para engenheiros
em uma indústria. Na volta do almoço, percebi que aquele cansaço natural
poderia dominar o grupo e percebi que era necessário dinamizar.
Peguei uma dinâmica no livro (desenhar o gerente ideal em cartolina,
trabalho grupal, em silêncio) e pedi ao meu colega (ele estava com a vez no
palco) para aplicar. Ele inicialmente achou arriscadíssimo, porque imaginava
que desenho é coisa não séria, que a dinâmica ia ser vista como perda de
tempo, que o grupo – por ser formado por engenheiros – ia rejeitar. Ou seja:
ele não queria acreditar na informação que eu estava dando. Insisti com
firmeza e ele, meio inseguro, aplicou a dinâmica e os vários grupos
começaram a trabalhar. Ele começou a circular entre eles e depois de cinco
minutos voltou para mim e disse: “É incrível! Eles estão envolvidíssimos,
valorizando a tarefa!”. Nas explanações dos grupos, finalizando o trabalho,
ficou patente que esse foi um ótimo exercício.
Conclusão: Embora muita gente não acredite, boas dinâmicas funcionam!
Treinador e professor sábio incorporam-nas em seus arsenais didáticos. Se
você reluta em acreditar, deixe essa resistência e ignorância de lado e reveja
seus conceitos – outros mais sábios que você na área já percorreram a
estrada e indicam que o recurso é valioso.
Fale menos, fale menos!
Um outro caso: um profissional de finanças que “empurrei” para a busca de
aulas em faculdade conquistou seu primeiro trabalho. Iria dar aulas de
controladoria, exatamente o que fazia em uma multinacional. Eu o orientei: a)
fale da prática – deixe a teoria para o livro; b) fale menos e crie modos de os
alunos falarem e agirem mais; c) simplifique, simplifique. Com essas
orientações – que ele escutou mas não ouviu - lá foi ele dar suas aulas.
Duas semanas depois, aparece o homem estressado e desapontado. Ele disse:
Não está compensando dar aulas. A gente perde um tempo enorme na
preparação, para levar os conceitos mais atuais e as ideias mais relevantes
para o aluno. Só em leitura tenho levado duas horas para cada aula de uma
hora. Além disso, o pessoal não valoriza, tem dificuldade de se interessar,
parece que estão ali unicamente para pegar o diploma.
Fiz as seguintes perguntas básicas:
1. Por que você está lendo duas horas para cada hora de aula a dar? Em
30 anos de trabalho na área você não conseguiu aprender o suficiente
para transmitir a gente iniciante?!
2. Qual é a proporção de tempo que você passa falando em cada aula?
Respondendo à primeira questão, ele argumentou que queria dar um
“upgrade” nos conhecimentos a transmitir e ficava garimpando nos livros
coisas mais interessantes e sofisticadas para passar aos alunos. Errado. Não é
isso que eles querem. Isso encontram na internet e nos livros. Querem visão
de gente que enfrentou os desafios da vida real, que tem histórias, que sabe
onde a coisa complica.
Quanto à segunda questão, ele argumentou que, por ser fase inicial, queria
transmitir mais conhecimento aos alunos e por isso passava as aulas
integralmente em explanações.
Como gosto de pegar pesado, disse a ele o seguinte:
- Sabe qual é o seu problema? Você é muito distraído e não sabe seguir
instruções. Você não seguiu as orientações que eu dei antes de entrar
em sala, seguiu? Com isso você está sendo um chato perante os alunos
e a chatice é o único defeito que ninguém perdoa. Deus me livre de
ouvir uma aula dessas, depois de um cansativo dia de trabalho (o curso
era noturno). Não tem dó dos alunos? Então: a) não desista das aulas;
aprenda e você vai gostar da atividade; b) esqueça o livro e dê aulas
com sua prática; indique onde o assunto se encontra no livro, para
quem quiser ir além da aula; c) fale menos, fale menos; fale entre um
terço e metade do tempo e deixe o restante com atividades ou falas dos
alunos; distribua bem isso.
Dias depois, ele ligou-me:
- Rosa, é muito mais fácil do que eu imaginava, cara! Estou adorando e
os alunos estão muito animados. Assim é legal.
Adquirir coragem
Muita gente quer dar aulas em faculdade, mas, hesita e fica esperando o
momento certo. O problema é, muitas vezes, que falta coragem a essas
pessoas. Deveriam ouvir o conselho de Aristóteles: a excelência não é um
dom, é uma decorrência do hábito. Se você quer ser corajoso, ele disse, faça
atos de coragem; se quiser ser um bom citaredo, toque a cítara. Se quiser
perder o medo do palco, digo ao pretendente a professor, suba no palco; se
quiser aprender a dar aulas, vá dar aulas. Já viu alguém aprender a andar de
bicicleta lendo o livro, ouvindo palestra ou fazendo planos?
Note bem: coragem não é temeridade. O Priberam (dicionário online que uso)
define:
- Coragem: 1. Firmeza de ânimo ante o perigo, os reveses, os
sofrimentos.
- Temeridade: 1. Ousadia imprudente ante um perigo quase certo.
Coragem é qualidade; temeridade é defeito. A coragem é coisa de gente
consciente, que sabe dos perigos, mas nota que se pode dar conta deles, pode-
se preparar adequadamente. Assim, coragem é dar aulas, por exemplo, de
uma disciplina, dentro de uma área geral em que você tem razoável domínio;
temeridade é meter-se a falar sobre assuntos completamente fora de seu
domínio.
No que diz respeito aos pretendentes a professor, frequentemente a falta de
coragem é decorrente de fantasias de potencial fracasso. O que quer dizer
isso? A pessoa superestima o conhecimento e o interesse de aprofundamento
dos alunos, a necessidade de eficiência oratória, os requisitos de formação e
experiência para a profissão de professor – e aí imagina que, se tentar, vai
fracassar. Pura fantasia. Com boa preparação e alguns anos à frente dos
alunos, na estrada da vida, a pessoa não tem por que fracassar.
Principalmente depois da leitura do presente manual, que vai dar as
orientações necessárias sobre planejamento e execução das aulas.
Para superar a falta de coragem, prepare-se e, como disse Aristóteles, faça
atos de coragem. Quem não assume tarefas ligeiramente superiores à sua
capacidade atual não vai crescer nunca! Avance!
Organizar-se
Onde estão são diplomas? Estão à mão? Provavelmente não. Se você for
como todas as outras pessoas, provavelmente sua documentação está
desorganizada. Para não perder tempo e eficiência é necessário organizar-se
adequadamente antes de começar a buscar trabalho em docência.
É importante organizar:
- Suas ideias
- Sua documentação
- Seu material
- Seu currículo Lattes
- Seu currículo simplificado
Organizando as ideias
Quer dar aula mesmo? Em que horários e dias? Onde? Eis as perguntinhas
básicas. Muita gente pretende dar aula, mas ainda não parou para pensar em
questões logísticas e seu equacionamento. As perguntas abaixo ajudam você
organizar suas ideias:
- Que disciplinas você pode lecionar? Você não pode sair por aí dando
aulas de tudo e não pode também querer dar aula de um único assunto,
restrito e com baixo potencial. Pense um pouco sobre isso. Com um
pouquinho de esforço, que disciplinas, dentro de sua área, você poderia
lecionar? O que valeria a pena lecionar, em termos de custo/benefício?
- Em que região é conveniente você dar aulas? Há professores que dão
aulas regulares em um raio de 100 km ou até um pouco mais, enquanto
outros ficam restritos a seu bairro e imediações. Há outros (é o meu
caso) que viaja regularmente para outros estados para dar aulas de pós.
O perto e o longe são sempre relativos. Julgue em termos de seus
objetivos, suas possibilidades, o ganho potencial, etc.
- O que você pode realmente fazer em termos de horários? Por exemplo,
uma pessoa que trabalha como gerente de empresa dificilmente poderá
dar aulas noturnas em faculdade, porque há grande probabilidade de
que viva em permanente estresse para compatibilizar atrasos na
empresa, hoje naturais, com horários de aulas. Pense no que,
sensatamente, você pode fazer em termos de horário, para não assumir
compromissos difíceis de cumprir.
- Que nível de ganho é aceitável para você? Há alguns lugares que
pagam taxas horárias para professores que muita gente considera
indigna. Ora, isso é uma questão subjetiva. Para quem quer aprender a
dar aulas ou entrar na atividade um ganho ridículo pode ser
interessante. Tudo depende de sua estratégia de carreira, mas, pense e
forme ideias claras sobre o assunto.
Enfim, organize suas ideias. Após isso, tudo fica mais fácil.
Documentação
Você provavelmente terá de apresentar cópias dos diplomas, se for contratado
em regime de CLT ou se for atuar com base regular em faculdades um pouco
mais exigentes. Para atuações esporádicas essas formalidades ficam
dispensadas, até porque o currículo Lattes, conforme veremos abaixo, é
oficial e é documento bastante.
De qualquer forma, busque seus diplomas e certificados e mantenha-os à
mão. Busque também documentos comprobatórios de atividades relevantes:
participações em congressos, artigos, o que você tiver.
Material
Se tiver de assumir uma aula amanhã (muitas vezes isso acontece para quem
está buscando emprego) é bom ter o material organizado. Isso quer dizer, o
seguinte:
- Agregar livros relevantes
- Separar vídeos que poderão ser úteis
- Organizar sites que poderá usar
- Localizar eventuais artigos, exercícios ou outros materiais que você já
tenha usado
Currículo Lattes
Currículo Lattes é o currículo feito e arquivado na Plataforma Lattes,
administrada pelo CNPq - O Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico, agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI). A plataforma agrega os currículos da área acadêmica e
serve de base de apoio para instituições e profissionais. Esse currículo
substitui o antigo currículo documentado – até porque boa parte de suas
informações, principalmente as recentes, são validadas pelas instituições.
As universidades pedem o link do currículo Lattes aos candidatos a professor.
E algumas buscam professores na Plataforma Lattes, para suprir suas
necessidades de pessoal. Então, estar lá é necessário.
Como tudo na vida, para fazer um bom currículo Lattes use da absoluta
honestidade. Só ponha o que você efetivamente fez, não enfeite o pavão, não
tente mostrar importância em eventos que não a têm. Se você tiver pouco, em
termos acadêmicos, nesse momento, não se preocupe – artigos, participações
em eventos, orientações de trabalhos, participação em grupos de pesquisa
vêm com o tempo. Focalize só o que você já fez – em termos profissionais e
acadêmicos – e ponha tudo lá com clareza e honestidade.
Para fazer seu currículo Lattes, basta entrar no site, cadastrar-se e preencher
os formulários. Ao final do capítulo você encontra o link da Plataforma Latter
e o de meu currículo Lattes, que você vê como exemplo.
Currículo simplificado
O currículo Lattes é detalhado e longo. É fundamental fazer um simplificado,
que mostre só o essencial, diretamente e rapidamente, para ajudar o potencial
contratante a ver quem você é e a captar os itens mais relevantes de seu
potencial. Neste se colocam resumidamente as informações básicas de
atuação profissional e titulação acadêmica – e se faz link para o Lattes. O
currículo simplificado é usado para você apresentar-se perante
coordenadores, por e-mail, quando há solicitação ou quando você estiver
fazendo divulgação direta.
A seguir você vê o meu currículo simplificado, como exemplo.
Exemplo de Currículo Simplificado
José Antônio Rosa
(endereço)
Atividades
1. Apresentação de palestras e seminários
2. Aulas de pós-graduação
3. Produção de conteúdo – papers, livros, palestras, cursos EAD
4. Pesquisa – temas de management, desenvolvimento de carreiras, negócios
5. Consultoria

Competências
- Área de gestão empresarial: Planejamento e Gestão Estratégica, Modelos de
Gestão, Gestão Estratégica de Recursos Humanos.
- Área de Marketing e Negócios: Desenvolvimento de Novos Produtos e Gestão de
Produtos, Gestão da Comunicação com o Mercado, Gestão Estratégica de Vendas.
- Outras: Gestão de Cooperativas, Gestão de Carreiras.

Formação
Doutorado – Ciências da Comunicação – ECA/USP – 2008
Tese: Análise do Livro como Produto e como Negócio no Contexto
Brasileiro Atual.
Mestrado – Administração – PUC/SP - 1988
Dissertação: Análise do Sistema de Inteligência Organizacional
Graduação – Jornalismo – PUC/Campinas – 1974
Atuação profissional
- Executivo por 15 anos (último cargo: Gerente Executivo da American
Management Association/Br)
- Consultor desde 1986 (KPMG, Ricardo Xavier (Manager), Case, atuação
independente)
- Comentarista de tv (Programa Luz, Carreira, Ação – Tv Ideal, Grupo Abril)
- Professor de pós-graduação desde 1988, com atuação principalmente no INPG-
Instituto Nacional de Pós-Graduação e outras instituições (PUC, Anhembi,
Trevisan)

Publicações
Autor de mais de 50 livros nas áreas de negócios, marketing, comunicação, carreiras,
além de autoria de capítulos específicos. Livros editados pelas seguintes editoras:
IOB, Atlas, Futura, Saraiva, Pearson, Cengage, Amazon.
Currículo detalhado (Lattes)
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4731697T4
Maiores informações
https://sites.google.com/site/consultorjoserosa/
Contato - E-mail: consultorjoserosa@gmail.com - Fone: 11-xxx
Estratégia de carreira
A entrada na atividade de docência é um movimento importante na carreira e
deve ser tratada com uma adequada visão estratégica. Tem de se encaixar
bem no conjunto de atividades da pessoa e focalizar os caminhos mais
adequados para que ela realize seus propósitos maiores. A definição da
estratégia tem de ser cuidadosa, consciente, informada, amadurecida
suficientemente.
As seguintes regras ajudam a conceber uma boa estratégia:
- Busque informação suficiente, de boa qualidade
- Consulte pessoas com suficiente visão e honestidade intelectual
- Estabeleça um “rascunho” da estratégia e teste-o em conversa com
pessoas capazes de criticar adequadamente
- Combata as fantasias, o wishful thinking, o saber ignorante (pensar
que sabe, com base em “achômetro”)
- Estabeleça metas sensatas e progressivas a realizar
- Fixe um plano básico: o que fazer, quando, como – e execute-o com
disciplina
- À medida que você vai realizando as atividades programadas, vá
revendo a estratégia, ajustando-a.
No próximo capítulo, alguns conceitos básicos de andragogia – didática para
educação de adultos. Eles serão relevantes para o planejamento e
apresentação de suas aulas.
Links relevantes
Plataforma Lattes
http://lattes.cnpq.br/
Exemplo de currículo na Plataforma Lattes
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?
metodo=apresentar&id=K4731697T4
Atenção à andragogia

- Introdução
- Princípios básicos da formação de adultos
- Mudança no papel do professor
- Desafios atuais
- Links relevantes
Introdução
O conhecimento é um conjunto de explicações sobre as coisas que nos
interessam ou nos afetam. Movido pela curiosidade natural do ser humano
(por isso, chegamos onde chegamos), busca resposta para questões de todo o
tipo: O que existe após o universo? Por que envelhecemos? É saudável comer
semente de mamão inteira? Querer conhecer é natural e faz parte do humano.
Apresente uma boa questão e você verá todos se envolverem imediatamente.
Isso precisa ser levado em conta – e lembrado sempre – pelas pessoas que
estão na docência.
Mas, o conhecimento é também uma ferramenta por meio da qual resolvemos
problemas de sobrevivência, conquista do conforto, ampliação do prazer. Ele
nos ajuda a ganhar a vida, a vencer desafios do trabalho, a angariar admiração
dos outros, a consertar o vazamento da torneira, a ter um posicionamento
mental que traga mais felicidade. Por isso, também é natural que todos o
busquem – pela sua utilidade. Todos precisam do conhecimento.
A sociedade moderna é baseada no conhecimento, que está se expandindo
rapidamente. As pessoas têm necessidades específicas de mais e mais
conhecimento para atuar não só no trabalho, mas na vida social em geral.
Precisam do conhecimento para se posicionar no mundo, influenciar
positivamente seu próprio futuro, garantir um lugar ao sol.
Nesse contexto, as pessoas têm de estudar a vida toda. Não se trata mais de
estudar alguns anos, até o início da vida adulta e depois passar o resto da vida
meramente trabalhando com as informações então captadas. Agora a pessoa
percebe que tem de continuar estudando, para responder adequadamente aos
desafios.
Isso lançou um foco de interesse, nas últimas décadas, sobre a questão da
educação de adultos. As preocupações maiores eram com a pedagogia (a
palavra vem de paidos, no grego, que indica criança; etimologicamente,
pedagogia vem da atividade do escravo de conduzir as crianças ao
paedagogium (equivalente a colégio). A andragogia – educação do adulto –
ganhou destaque. O termo andragogia foi criado pelo educador alemão
Alexander Kapp, no início do Século XIX, e popularizou-se com o livro de
Malcolm Knowles, The modern practice of adult education (A prática
moderna da educação de adultos), de 1970.
De certa forma, a educação sempre teve como alvo o adulto também,
evidentemente. Interesse antigo, presente nos preocupações intelectuais de
todos os filósofos, a educação (vem de ducere, no latim, conduzir) sempre foi
vista como meio das pessoas melhorarem para contribuírem mais com a
sociedade e viverem mais felizes. Os grandes filósofos como Sócrates,
Platão, Aristóteles, também professores, visavam a mudança da pessoa –
principalmente o adulto. Mas, talvez por razões prática e pelo contexto social
que exigia formação maior e mais intensa no período da infância e
adolescência, os interesses da didática concentraram-se nessa faixa etária.
É importante conhecer alguns conceitos fundamentais da disciplina, para dar
aulas em ensino superior. Na internet há uma vasta quantidade de bons
artigos sobre o assunto, além de blogs, sites, etc. Abaixo apresenta-se o link
de um bom site.
Princípios básicos da formação de adultos
O que se deve ensinar às pessoas? O que elas querem e precisam aprender, já
na vida adulta? De modo simplificado, pode-se dizer que aprender é mudar
para melhor nossa maneira de pensar, sentir e agir. Só assim há uma
transformação genuína. Por exemplo, de que adianta uma pessoa ler
excelentes livros sobre relacionamento no trabalho e liderança, se tem uma
visão negativa do ser humano e essa se expressa em comportamentos
mesquinhos e controladores? É preciso saber, mas, também ter os
sentimentos adequados. Igualmente, de que adianta saber tudo sobre ética,
acreditar nos conceitos fundamentais dessa disciplina, e ser incapaz de resistir
à tentação, agindo de modo completamente fora de qualquer padrão de ética?
Ora, quando se trata de formação de adultos há alguns aspectos difíceis,
porque a essa altura da vida a pessoa já formou muito de sua personalidade.
No que diz respeito a modificar conhecimentos pode ser um pouco mais fácil,
mas, mudança no perfil emocional e comportamental esforços mais intensos e
instrumentos mais adequados. A andragogia, didática para o adulto (termo
didática, do grego, didaktiké, quer dizer a arte de ensinar) já estabeleceu um
conjunto de princípios válidos que, se adequadamente aplicados, levam à
maior eficiência no processo de transmissão não só do conhecimento mas
também sentimentos e comportamentos mais adequados.
Inicialmente, é fundamental considerar que há características e dificuldades
típicas na formação do adulto. Vejamos:
- O adulto já formou preconceitos, pressupostos, opiniões, crenças.
Tudo isso está relativamente consolidado.
- O adulto, assim, usualmente é resistente à mudança, porque terá que
sair de sua “área de conforto” e assimilar coisas novas.
- Usualmente, o adulto dispõe de menos tempo – e nos dias de hoje a
ansiedade, a vontade de querer fazer tudo ao mesmo tempo e de querer
aprender sem ter dedicado tempo a estudar, é um desafio para os
professores universitário.
- O adulto frequentemente tem vergonha ou até medo de expor-se, para
evitar projeção de uma imagem de fragilidade.
- É usual também que as pessoas adultas apresentem carência de
autoconfiança, possivelmente por já terem se exposto aos desafios do
trabalho e da vida e perceber que nem tudo é tão simples quanto
parece.
- O aprendizado frequentemente é um processo doloroso para a pessoa.
- Por fim, a pessoa adulta tem conhecimento, mas este eventualmente
não é sistematizado, mas atua como amparo e uma ferramenta de
contestação quando se quer resistir à mudança.
Assim sendo, para que o aprendizado se dê de modo mais eficiente é
necessário que:
- As informações, as ideias, as práticas que estão sendo transmitidas
façam sentido. A sensação de estar sendo exposto à “cultura inútil”
hoje afasta as pessoas rapidamente.
- O aprendizado tem de ser colaborativo: professor com alunos, alunos
com alunos. É bom imaginar a sala de aula como um centro de
aprendizado e estímulo para todos.
- Condução das ideias da experiência ou do interesse para a teoria é o
caminho certo para envolver as pessoas. Primeiro, elas ficam curiosas
ou interessadas, depois, discutem o porquê e o como mais escondidos
das coisas.
- Os conteúdos devem focalizar a solução de problemas. Alguns
professores reclamam que a universidade hoje perde muito em reflexão
e é muito “operacional”, mas, há necessidade de informação
operacional e as pessoas precisam delas. Quanto à reflexão mais
profunda pode ser estimulada também e os mais interessados
continuam na jornada intelectual fora da classe, certamente.
- Por fim, o aprendizado tem de buscar a cognição mas também a
emoção. Com esta última abrem-se canais de recepção especiais, as
questões valorativas são assimiladas com maior facilidade, dá-se um
maior peso ao ensinamento.
Mudança no papel do professor
O papel do professor antes era principalmente o de repassar conhecimentos
aos alunos. Isso se fazia basicamente com longas aulas expositivas, com
anotações na lousa, com tarefas de estudo que eram monitoradas e concluídas
com explanações. Hoje, o conhecimento acha-se disponível na internet, com
acesso fácil, ágil, eficiente, multicanal (textos, vídeos, fotos, animações) e,
principalmente, sob medida, sob demanda. Cria-se oportunidade de aquisição
de informação nunca imaginadas. O professor meramente transmissor de
conhecimento dificilmente poderá competir com esse arsenal. Assim, seu
papel mudou radicalmente.
Acompanho o ensino superior desde 1986 e tive a oportunidade de passar
pela transição quanto ao papel do mestre. Antigamente, os alunos eram
ávidos de informação – porque não tinham acesso fácil a elas. Hoje precisam
mais de opiniões boas, calcadas em experiências e maturidade, e de
sinalizações sobre o que é importante e o que não é. Também precisam de
estímulo para olhar para questões novas, novos caminhos, reflexões
específicas.
O papel do professor hoje é criar formas para que a transmissão do saber se
dê de modo colaborativo, voltado para problemas e soluções, visando a
mudança nos modos de pensar, sentir e agir dos alunos. Para isso, ele tem de
recorrer a métodos de envolvimento e planejar suas aulas de modo que os
alunos tenham um papel ativo e significativo. No capítulo sobre planejamento
de aulas discutiremos esses métodos em detalhe.
Dadas as características dos alunos, às demandas e circunstâncias da vida
moderna, o professor enfrenta alguns desafios comuns.
Desafios atuais
Nos últimos anos, as grandes mudanças tecnológicas trouxeram desafios
extras para o professor de graduação. Vejamos alguns deles:
- Desenvolvimento da preguiça mental – O aluno tende a procurar
soluções prontas na internet, o que dificulta o desenvolvimento de sua
capacidade analítica. O professor deve alertar para o problema e criar
mecanismos que obriguem a reflexão genuína sobre as questões. Um
estudo de caso, um teste com consulta, uma discussão em grupo, por
exemplo, contribuem para reversão desse quadro.
- Assimilação de informação errada, deturpada, de má qualidade – A
internet tem de tudo, do melhor e do pior. Há muita idiotice e muita má
informação intencional. Assim, a internet é boa para quem a acessa
com um mínimo de senso crítico e conhecimento. O professor
eventualmente encontra alunos que “sabem” muito do errado – e tem
trabalho para indicar os caminhos certos. Uma das alternativas é alertar
sempre para a característica aberta da internet, dos males que isso
eventualmente pode trazer, e instar os alunos a consultarem bons sites
e sites de pessoas comprometidas com a boa informação. Ao final
deste capítulo há indicação de alguns destes.
- Acesso a canais mobile de entretenimento – Praticamente todos os
estudantes de graduação hoje têm smartphones com acesso à internet e
isso é uma grande fonte de socialização e entretenimento.
Considerando-se que as pessoas têm dificuldades de acessar seus
smartphones no trabalho, no ônibus ou metrô, ou no trajeto que fazem
a pé, a sala de aula passa a ser uma alternativa. Assim, se a aula não
estiver suficientemente envolvente o aluno tenderá a pegar seu celular
para entretenimento ou socialização. Sabendo que tem de competir
com a diversão farta e com as interações amigáveis, o professor tem de
criar aulas dinâmicas e envolventes.
- As pessoas têm muito pouco tempo livre - Seja porque as organizações
demandam muito de seu pessoal, seja porque a locomoção em grandes
centros nem sempre é fácil, seja porque as pessoas têm muitos
objetivos a atingir, seja porque a vida moderna é por si só muito
agitada, a verdade é que hoje as pessoas são muito ocupadas. O tempo
passa a ser recurso muito valioso. A aula, mais uma vez, tem de valer a
pena em termos de custo/benefício: bom conteúdo, de real interesse
para a vida das pessoas, boas metodologias para envolvimento,
ambiência e dinâmica agradável – tudo isso é fundamental para que o
aluno perceba que seu tempo no banco escolar está valendo a pena.
Com todos esses problemas – e tantos outros não mencionados aqui – a
verdade é que a aula continua a ser uma experiência das mais gratificantes,
quando conduzida adequadamente. Se o professor fizer a lição de casa com
zelo, terá o prazer de ver os alunos saírem da aula noturna, às 23 horas,
cansados, mas com entusiasmo e alegria. Isso compensa os esforços feitos
para vencer os desafios.
Links relevantes
Sobre andragogia
- http://andragogiaonline.blogspot.com.br/2008/04/o-que-
andragogia.html
- https://www.youtube.com/watch?v=kgCMejJIaJE
https://www.youtube.com/watch?v=xdPaLX9wYN0
Sites de combate à má informação
- http://www.projetoockham.org/index.php
- http://ceticismo.net/
- http://www.ceticismoaberto.com/
- http://clubecetico.org/forum/index.php?board=6.0
- http://www.fraudes.org/
Planejamento de aulas

- Introdução
- Por que planejar as aulas
- Etapas do planejamento
- Mecanismos para dinamização das aulas
- Obras indicadas
- Links relevantes
Introdução
Eu já dava aulas em pós-graduação havia uns dois anos quando fui
convocado por um amigo, coordenador de um curso de Administração, a
substituir com urgência um professor que se demitira. A disciplina era
Fundamentos de Marketing. Parei para pensar e vi que a dinâmica das aulas
de graduação seria bem diferente da que estava habituado nas aulas de pós.
Nesta, trabalhava por módulos de 24 a 32h de aula. Agora teria de trabalhar
com aulas semanais de 2 horas, ao longo do ano. Dividi a matéria pelo
número de aulas do ano e me preocupei com as duas primeiras aulas, das
quais fiz fichas. À medida que as demais aulas se aproximavam eu fazia
novas fichas. No fim do ano tinha fichas para todas as aulas. O amigo
coordenador pediu-me para ficar mais um ano e aceitei, porque a meu
trabalho seria bem mais fácil agora, já que estava planejado. Paralelamente,
cada uma daquelas fichas tornou-se a matriz de um potencial módulo de pós-
graduação.
Fazendo uma conta simples: Para cada hora/aula do primeiro ano eu gastava
uma de planejamento. No segundo ano o rendimento por hora simplesmente
dobrou, porque não precisei mais fazer os planos. Com o passar do tempo e a
aquisição de experiência percebi que as tarefas realizadas rendem os frutos
previstos e outros não previstos. Com isso há um ganho de produtividade,
que eleva a média de remuneração por hora. Como acredito que a qualidade
de vida está atrelada não a ganhar muito mas a ganhar bem – relação entre
trabalho e renda – passei a investir em planejamento, sempre pensando em
mais oportunidades de ganho com o mesmo trabalho feito.
Por exemplo:
- As aulas preparadas para a graduação transformam-se em um pequeno
manual do assunto e em matrizes de módulos de pós.
- Aquele estudo que se fez para uma área nova, exigida pelo trabalho,
transforma-se em aulas valorizadas, porque tem um conteúdo oriundo
da prática.
- A consultoria realizada em uma organização qualquer transforma-se
em case usado em palestras.
Quer dizer: o investimento de tempo e esforço feito no planejamento rende
muitos resultados bons no futuro. Logo, vale a pena investir nisso.
Por que planejar as aulas
As aulas em universidade precisam ser planejadas. Não é uma questão de
escolha. Há professores excessivamente autoconfiantes, que simplesmente se
dirigem à sala de aula e dão seu recado. Isso só é válido para palestras
solicitadas em cima da hora, sobre assuntos com o quais se lida no dia a dia,
dos quais se tem vasto conhecimento. Quando se trata de aulas o
planejamento é não só muito valioso para o profissional mas também uma
necessidade formal da instituição.
Nível de exigência formal
Sempre há alguma demanda de planejamento nas instituições, mas, essa é
variável. Algumas pedem simplesmente que o professor faça uma ementa da
disciplina, com objetivos, recursos didáticos, programa e bibliografia, tudo
isso de modo genérico. Outras, no extremo oposto, pedem que o professor
faça um plano de ensino, contendo plano da disciplina e das aulas – dentro de
um contexto em que tudo isso se amarra a outros planos, feitos em outras
instâncias.
Observa Gil (livro recomendado ao fim deste capítulo) que há níveis de
planejamento previstos para o ensino, sob responsabilidade de diferentes
agentes:
- Planejamento educacional – No âmbito governamental, estabelecendo
diretrizes para os diferentes tipos de ensino.
- Planejamento institucional – No âmbito das escolas, dentro de padrões
estabelecidos pelas diretrizes oficiais.
- Planejamento curricular - Dentro da escola, aquelas atividades
relativas aos conhecimentos a serem repassados aos alunos e a forma
de fazê-lo.
- Planejamento de ensino – A cargo do professor, com base nas
diretrizes governamentais e as orientações específicas da escola,
propondo objetivos para a disciplina e forma de conquistá-lo.
- Plano da disciplina - Igualmente a cargo do professor, é um plano
que se encaixa dentro do plano de ensino, mas dá forma concreta ao
conteúdo da disciplina , suas sequência, a forma de passá-lo para a
maior eficácia.
- Plano de aula – Um guia orientador para cada aula, fundamental para
que tudo saia de acordo com o desejado e os planos superiores se
realizem. Também faz parte do plano de ensino e da disciplina, sempre
a cargo do professor.
O professor tem de atender o melhor possível as exigências das organizações
contratantes. Algumas têm forte necessidade de planejamento porque são
muito grandes e permitem aos alunos que façam transferência a qualquer hora
entre diferentes campus. O planejamento é um modo de assegurar que em
qualquer lugar ele continuará a partir do ponto em que parou, na disciplina.
Outras usam o planejamento formal e engessado como meio de garantir a
melhor qualidade de ensino. Muitas vezes o professor tem de planejar tudo
que fará e apresentar todo o material antes, para análise e crítica.
Alguns professores, em decorrência de seu estilo e temperamento, poderão
não se adaptar muito bem a um ou outro tipo de organização. Professores
menos afeitos à formalização, por exemplo, não se adaptarão em
organizações que exigem planos detalhados e fazem acompanhamento formal
de tudo: horários, conteúdos de aulas, provas, presença de alunos, etc.
Há culturas universitárias que são menos burocratizadas (burocracia aqui não
tem um sentido pejorativo) e deixam que as aulas fluam mais ao sabor da
expressão dos professores. Essas são a escolha certa para aqueles que têm
dificuldade com o cumprimento estrito de regras.
Profissionalismo e respeito aos alunos
Independente do grau de exigência da organização, o professor deve planejar
sua aula por uma questão de profissionalismo e respeito aos alunos. As
pessoas – tanto as representantes da instituição quanto os alunos – percebem
claramente quando as aulas tiveram o devido planejamento. Todos se sentem
mais respeitados quando o percebem e o professor transmite uma imagem
adequada, que terá peso significativo em suas futuras contratações. Nunca se
deve esquecer de que o aluno de hoje é um potencial cliente agora e no
futuro. Amanhã ele poderá estar no comando de uma unidade produtiva
qualquer e ter necessidades específicas de treinamento ou aulas formais. Vai
lembrar-se dos professores que mostraram mais competência e
profissionalismo.
Eficiência nas aulas
É muito mais fácil dar aulas quando se tem um bom plano. Quando tudo está
previsto de modo refletido, todo o material está preparado, todos os recursos
visuais agregados e encaixados nas circunstâncias certas, o professor
desgasta-se muito menos. Bom plano quer dizer menos desgaste, menos
estresse, e mais energia para as coisas certas.
Eficácia nas aulas
Por fim, os resultados das aulas planejadas são muito melhores. Pode-se
pensar em exercícios mais impactantes, formas de expor mais envolventes,
dinâmicas mais apropriadas, recursos mais eficientes. Como consequência,
maior assimilação e satisfação por parte dos alunos.
Etapas do planejamento
O seguinte roteiro ajuda a fazer um bom plano de aula. O novato deve segui-
lo religiosamente, pois, isso é quase uma garantia de que as coisas vão sair
bem. As dicas não foram inventadas por mim, certamente, mas pude testá-las
e verificar que funcionam rigorosamente. Portanto, faça com aplicação e
disciplina para colher bons resultados.
1 – Busca de informação sobre o plano da disciplina (se houver)
Antes de mais nada, é necessário buscar informação sobre a disciplina a ser
ministradas:
- Já há um plano para a disciplina, ainda que seja sucinto?
- Foi divulgado aos alunos?
- Há, pelo menos, um programa da disciplina?
- Quais são as outras disciplinas já cursadas pelos alunos?
- O que vão ainda estudar?
- O programa existente comporta mudanças? Até que ponto?
- Detalhes complementares sobre horários, intervalos, recursos que
podem ser usados, formas de avaliação
Informe-se bem sobre o que já existe, para encaixar o seu plano de aula no
contexto. Para falar português claro, às vezes o que existe é confuso e
inadequado. Não se deixe perturbar porque isso não compromete a qualidade
de seu trabalho, já que fraquezas da escola podem ser contempladas e
superadas por um bom planejamento.
2 – Busca de informação sobre a cultura da escola
- Quais são os modos de sentir, pensar e agir reinantes?
- Há rigidez em horários? Formalidades como preenchimento de diários,
registro de presença, sistema de avaliação, etc.
- O que se espera do professor? O que é um bom professor naquela
escola em particular?
Nem sempre – por incrível que pareça – o novo professor vai encontrar um
clima suficientemente receptivo e acolhedor. Se isso não acontecer, não se
deixe perturbar e busque dar o melhor de si. Após um bom desempenho em
sala de aula é normal que até mesmo um coordenador pouco receptivo e
cheio de reticências passe a ter comportamentos mais amistosos e abertos. Os
coordenadores frequentemente são muito ocupados, têm muitas demandas de
informação e solução de problemas que vêm de todos os lados, são bastante
cobrados, temem maus resultados. Com isso, às vezes não são tão
acolhedores quanto gostaríamos que fossem. Faz parte do jogo.
3 – Busca de informação sobre os alunos
- Quantos são?
- Quem são?
- O que buscam no curso?
- Qual é seu nível de interesse?
- Dispõem de tempo para estudar?
- Qual é seu grau de envolvimento?
- Quais são os sentimentos reinantes em relação ao curso, à escola, aos
professores?
- O que valorizam?
Uma parte disso pode-se saber antes de entrar em sala, mas, assim que entrar
dê um jeito de descobrir mais sobre as atitudes da classe. Algumas boas
perguntas ajudam bastante, mas, pode-se usar alguma dinâmica também. Por
exemplo, se após meia hora de aula o professor joga uma questão e provoca
uma discussão rápida em grupo, ele já poderá tirar dali muita informação
boa.
4 – Busca de informação sobre detalhes operacionais
Detalhes que não dizem respeito necessariamente à aula, mas, podem ser
relevantes:
- Estacionamento
- Como chegar ao local
- Lanche, café
5 – Agregação de conteúdo
Agora que já se tem uma visão completa da aula, seu programa, as condições
em que ocorrerá, é hora de buscar conteúdo. Não se deve dar nem mais nem
menos conteúdo do que o necessário. Professores muito exigentes e com
“furor pedagógico” (na gíria, quer dizer grande entusiasmo para transmissão
de conhecimento) acabam exagerando no conteúdo, o que complica a vida de
outros professores uma vez que os alunos têm limitação de tempo para
estudar.
As principais fontes para os conteúdos são:
- Livros-textos – Possivelmente em todas as áreas do conhecimento, nos
dias de hoje, há excelentes livros-textos, que são aqueles que reúnem o
principal do conhecimento acumulado em um campo do saber. Os
autores de livros-textos têm de fazer um apanhado histórico e
conceitual adequado, seguindo um programa básico da disciplina, com
referência a todos as contribuições e ideias relevantes de pesquisadores
ou pensadores da área. Para a maioria das disciplinas as grandes
editoras têm hoje livros-textos em versão papel e e-book, e usualmente
oferecem gratuitamente a professores os recursos visuais prontos para
as aulas. Além disso, os livros-textos costumam ter exercícios,
questões para discussão, indicação ou vínculos a sites, etc. Em síntese,
com um bom livro-texto em mãos e a própria experiência, um
profissional terá amplo conteúdo para apresentar boas aulas.
- Sites – O Google, em suas múltiplas versões, como o Google
Acadêmico, o Google Livros, o Google Imagens, o Google Notícias,
Google Vídeos, Youtube, por si só supre toda necessidade de conteúdo
para aulas que qualquer professor possa querer, na maioria das
disciplinas. Além dele, em cada área do conhecimento hoje existem
sites excelentes específicos que oferecem uma infinidade de recursos:
vídeos, textos, casos, ilustrações. É só uma questão de selecionar bem
e o professor terá todo o conteúdo de que precisa para as suas aulas.
- Jornais e revistas – Periódicos que disponibilizam matérias online são
um excelente canal para busca de material capaz de dar um toque de
atualidade aos conteúdos. O professor pode usar textos – ou extraindo-
os ou simplesmente indicando seus links – atuais, que focalizam
questões sobre as quais o aluno tem recebido notícias. Com
criatividade faz-se um uso excelente desse tipo de material.
O desafio maior no que diz respeito a conteúdo é a seleção. O professor
iniciante quase sempre cai no erro de agregar (e tentar repassar aos alunos)
mais conteúdo do que é desejável e eficiente. É preciso ter critério e lembrar-
se de que menos é mais, vale dizer, ao selecionar a pessoa escolhe aquilo que
realmente conta – e deixa a possibilidade aberta para outros aprofundamentos
por parte dos alunos.
6 – Agregação de recursos didáticos e visuais
Agora é hora de buscar recursos para dinamizar as aulas. Lembre-se de que,
nos dias de hoje, há uma enorme oferta de estímulos para as pessoas e, por
isso – e com razão, elas se entediam facilmente com coisa maçante. Sim, as
pessoas vão à faculdade para assistir a aulas, querem isso, mas, compete ao
professor usar de todos os meios possíveis para dar um toque especial de
emoção a elas.
Há pessoas que são animadas e interessantes por natureza. Se falarem dos
temas mais banais saberão convertê-los em coisas interessantes. Essas não
precisam nem mesmo de recursos. Mas, isso é algo que vem com a cultura e
com o tempo, então, hoje, na prática, é melhor contar com recursos de
dinamização.
Os recursos incluem:
Audiovisuais
- Vídeos
- Fotos
- Ilustrações
- Games
- Podcasts
- Músicas
Textos
- Artigos
- Cases
- Exercícios
- Dinâmicas
É fundamental usar tudo isso com bom senso. Isso inclui:
- Ter rigoroso controle de qualidade sobre o material a usar
- Verificar a real adequação ao conteúdo e às condições da aula
- Verificar a adequação em termos de duração
- Usar material com permissão de uso
- Usar material que não exija esquemas muito complicados e difíceis
7 – Programação
Agora é hora de distribuir o conteúdo, os exercícios, as dinâmicas, as
eventuais projeções de vídeo, leituras ou outras atividades de um modo que
seja eficiente e eficaz.
Deve haver uma mescla adequada de:
- Explanações do professor
- Manifestações dos alunos
- Exercícios
- Atividades individuais
- Atividades de grupo
ATENÇÃO! Nunca se esqueça de que...
- tudo seja cronometrado rigorosamente e que se pense com
antecedência quanto tempo dedicar a cada ação e quando realizá-la.
Com o passar do tempo e o advento da experiência, o professor de
certa forma faz isso na cabeça, sem formalização no papel. No início –
e no início de cada disciplina nova – faça no papel e siga
rigorosamente.
- a aula tenha movimento do começo ao fim, com foco no temário e
exploração desse por diferentes ângulos.
8 – Ensaio
Um professor iniciante pode fazer um ensaio, se desejar, com amigos ou
familiares. Mas, se não puder ou não quiser fazer isso, que faça um ensaio
mental, imaginando a condução de cada pedaço da aula. Deve repassar o
esquema quantas vezes seja necessário para sentir-se seguro e confortável
com o que vai fazer em sala.
9 – Preparo do material
Os detalhes finais: colocação de arquivos em pendrives ou micros,
organização de slides de Powerpoint, impressão do plano de aula, etc.
Do plano ao sucesso
O que professor quer é atingir o sucesso com sua aula. Para isso é necessário
que conquiste a aceitação, compreensão, descontração e participação dos
alunos. Para atingir essa conquista é necessário que conheça as regras e a
cultura da escola, os alunos, o conteúdo da disciplina, e faça um plano
adequado do conteúdo e da forma de apresentação.
Mecanismos para dinamização das aulas
Fui gerente de uma organização americana de treinamento centenária (AMA
– American Management Association). Ali aprendi muito sobre dar aulas,
porque havia um saber organizacional acumulado, testado e aprovado, que foi
produzido ao longo do tempo por possivelmente milhares de bons instrutores,
palestrantes, coordenadores, consultores. Entre as principais coisas que
aprendi está a seguinte:
Há um conjunto de regras que, se seguidas com disciplina, sempre levam a
bons resultados na condução de aulas.
São essas regras que repasso aqui, pedindo que você, se entrar amanhã em
sala de aula, nunca se esqueça delas. Vamos lá!
Antes de falar
- Prepare-se adequadamente
- Controle suas atitudes e posturas – mantenha-se positivo, cooperativo,
humilde. Não entre em sala de aula com medo dos alunos, porque eles
não são inimigos e nem estão lá para testar você. Se estão em sala de
aula é porque querem aprender (não caia na ideia, falsa, de que estão
ali só para pegar o diploma). Para conscientizar-se mais, busque na
internet e informe-se sobre “profecia autorrealizável no ensino”. Não
entre com a ideia de que você precisa brilhar: o que você precisa é de
ajudar as pessoas a crescerem.
Início da apresentação
- Procure “quebrar o gelo”. Para isso, você pode chegar e conversar com
a turma, descontraidamente. Se for seu estilo (só se for seu estilo)
jogue com humor. Por exemplo: Olá, gente, eu sou o professor da
disciplina; vocês vão ter que me aguentar por 32 horas.
- Deixe as pessoas à vontade. Olhar amistoso, fala branda, sorriso,
conversa – esses são os modos de fazê-lo. Ar professoral, de cobrança,
“sério” complicam a coisa.
- Apresente-se de maneira adequada (sem arrogância, por exemplo).
Diga por que você está ali: um pouquinho de sua experiência ou
formação, de modo rápido, sem jactância inútil, sem falsa humildade.
- Mostre-se amistoso e descontraído. A aula deve fluir em ritmo de
conversa e, se for seu estilo, essa conversa será mesclada com breves
preleções tipo palestra de sua parte.
Introdução ao assunto
- Comece com algo atraente. Pode ser um breve história, uma questão
bem formulada, um conjunto de perguntas (não ameaçadoras) ao
grupo. O importante é chamar a atenção e despertar o interesse pelo
tema.
- Ganhe autoridade intelectual. Dê um jeito de apresentar-se como
alguém que não sabe tudo, mas, que tem uma contribuição da dar, por
qualquer razão: uma experiência específica, um sucesso que alcançou,
um estudo que fez. Pense em relacionar o grau de complexidade do
tema à dimensão de sua qualificação ou preparação específica. Por
exemplo: “As questões fundamentais de finanças, tema das nossas
aulas, já estão bastante resolvidas em termos da prática e do
conhecimento técnico acumulado. Não vamos fugir muito disso e
quem gosta de indagações mais complexas pode aprofundar-se com
algumas leituras que posso indicar”.
- Situe o tema e venda-o bem, isto é, mostre por que é importante e em
que se aplicam os conhecimentos a serem partilhados.
Desenvolvimento
- Busque participação. Faça-o por meio de perguntas, de discussões em
grupo, de exercícios, de abertura para manifestação espontânea dos
alunos.
- Mantenha o tom de diálogo.
- Faça perguntas ao auditório (para resposta ativa ou passiva). Quando
você diz: “Às vezes me pergunto por que algumas pessoas têm
problema com a tecnologia”, você está fazendo uma pergunta que terá
resposta passiva, não manifesta, mas, as pessoas se ligarão na questão.
- Introduza elementos de descontração de tempos a tempos.
- Siga o programa rigorosamente.
- Mantenha o ritmo e o dinamismo.
- Faça resumos de tempos a tempos.
Conclusão
- Faça um resumo geral.
- Tire conclusões.
- Diga o que o público deve fazer.
- Termine em alta. Dê uma mensagem boa para as pessoas levarem para
casa ou para o trabalho.
Recursos infalíveis para envolvimento do grupo
Em alguns aspectos todos os grupos, de todas as faixas etárias, de todos os
níveis de escolaridade e experiência, de todas as ocupações, são iguais. Os
seguintes recursos de envolvimento, aplicados de modo certo, nunca falham:
- Inclua algo da vida real.
- Faça perguntas ao grupo.
- Faça uma pergunta a um aluno.
- Conte uma piada. Mas esse recurso só vale se você tem jeito para a
coisa – re-co-nhe-ci-do por terceiros. Muitas pessoas pensam que
levam jeito para a piada e na verdade não o têm. Cuidado.
Facilmente a pessoa pode mostrar-se engraçadinha em vez de
engraçada.
- Use um objeto. Por exemplo, me lembro de um professor que foi
dar aula sobre planejamento (necessariamente envolve prospecção
do futuro) e levou uma bola de cristal para mostrar aos alunos. A
brincadeira rendeu boas risadas, com um bom gancho para as suas
explanações.
- Chame um aluno à frente.
- Peça a um aluno para ler algo. Tem de ser coisa curta e boa.
- Projete um filme. Tem de ser curto e bom também.
- Aplique um teste.
- Faça um jogo.
- Crie uma discussão para duplas/trios/grupos maiores.
- Conte uma história e peça soluções/julgamentos/avaliações.
- Aplique um exercício individual.
- Aplique uma dinâmica de grupo.
Obras indicadas
O que não faltam hoje são bons livros. Com uma pesquisa breve você
encontrará uma profusão de bons textos que mostram como planejar e
apresentar boas aulas. O problema é achar-se no meio dessa imensidão de
informações. Para facilitar essa localização, apresento três sugestões de
livros. O segundo e o terceiro talvez não se encontrem facilmente, mas,
seguramente em sebos (na internet) são encontráveis.
GIL, Antonio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2012.
Pode ser adquirido em versão papel ou e-book. Um livro bem documentado,
escrito por acadêmico autorizado na matéria, muito prático e completo. Vale
a pena ter na estante e ler de tempos a tempos. Eu o faço.
ALLEN, Rich. Train Smart – Ensinando e treinando com inteligência. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2003.
Allen é PhD, em psicologia educacional, treinador e palestrante de sucesso.
Igualmente muito prático e voltado para a dinamização das aulas. Mostra os
recursos para isso e como usá-los criativamente.
KIRBY, Andy. 150 jogos de treinamento. São Paulo: T&D Editora, 1995.
Explica de modo claro e rápido a teoria dos jogos para animação de aulas e
treinamento, apresenta os jogos de modo organizado, indicando objetivos,
mecânica e forma de aplicação.
Links relevantes
O leitor encontrará na internet um sem número de dinâmicas. É só pegar e
usar com criatividade. Duas sugestões:
http://www.dinamicasdegrupos.com.br/categoria/dinamicas-para-professores/
http://www.kombo.com.br/materiais-rh
A aula em si

- Introdução
- Contrato psicológico com o grupo
- Introdução de mudanças
- Problemas e soluções
- Links relevantes
Introdução
Em princípio, a aula é um acontecimento agradável e gratificante. Os alunos,
em princípio, querem aprender, o professor dispõe-se a facilitar o
aprendizado, há um clima de busca de desenvolvimento – e isso por si só é
motivador. Muitas vezes os professores partilham a crença de que os alunos,
em determinadas escolas, querem apenas o diploma. Em que pese o fato de o
diploma efetivamente ser um atrativo porque resulta em potencial para
melhoria de salário, o fato é que querer aprender é natural do ser humano e se
o encaminhamento for adequado a tendência natural é que os alunos se
envolvam.
Porém, podem ocorrer eventos que tendem a quebrar o ritmo e o plano de
aula e o professor, sem jamais perder a liderança, deve dar o encaminhamento
certo às questões.
O que pode atrapalhar
Fatores internos ou externos podem dificultar a execução do plano de aula.
Por exemplo:
- Baixo comparecimento de alunos causado por qualquer fator, como
uma greve de ônibus;
- Uma grande mudança no humor da classe, causada por qualquer
motivo, como, por exemplo, uma decisão da escola ou a conquista da
Copa do Mundo pelo país;
- Um temporal que afete as condições de iluminação da escola ou o
conforto da sala de aula;
- A pane em um equipamento de projeção que seria usado em aula;
- Os alunos estão com dificuldade de concentração na aula, porque estão
perturbados por alguma pressão externa, como, por exemplo, os prazos
para entrega de um trabalho muito relevante de outra disciplina;
Perturbações dessa natureza, que não decorrem de má fé dos alunos ou de um
grupo de alunos, podem ser solucionadas sem maiores problemas com acordo
entre classe e professor. Porém, quando há má fé, o tratamento deve ser
diferente, como veremos adiante.
Um bom plano de aula inclui uma alternativa de contingência para esse tipo
de acontecimento. Quando não inclui a decisão de um professor que está no
controle da disciplina e vê o trabalho no seu todo e não apenas na parte
resolve a questão com facilidade. Como diz o poeta, “tudo vale a pena se a
alma não é pequena”. Havendo uma boa ligação emocional entre professor e
alunos, tudo se ajeita.
Contrato psicológico com o grupo
É aí que entra em cena o que se chama contrato psicológico com o grupo. O
contrato psicológico é uma permuta de expectativas entre as partes,
indicando:
- O que A quer de B e o que B quer de A;
- O que A efetivamente entrega a A e vice-versa.
Ele se aplica em termos permanentes na relação entre professor e classe e em
termos específicos, quando algum acontecimento pontual demandar
alterações no previsto. Seja no âmbito do contrato permanente, seja no
âmbito do situacional, qualquer contrato poderá se bom desde que se
caracterize por:
- Jogo limpo – As partes aceitam que desejam o melhor para todos e
pactuam não adotar comportamentos manipulativos;
- Ausência de coação – Uma parte não use de coação sobre a outra,
como, por exemplo, o professor usar de qualquer expediente punitivo
(nota, por exemplo) injusto para condicionar o comportamento da
outra;
- Comunicação clara – Há um diálogo franco e racional entre as partes,
para dizer quais são as expectativas, o que se pode/não pode esperar, o
que se quer, etc.
- Negociação – As pessoas façam concessões mútuas voluntariamente
para o bem da missão do grupo.
O professor tem de fazer um contrato psicológico com o grupo logo no início
da jornada de uma disciplina qualquer, deve manter-se fiel a ele e exigir que
os alunos também o façam. Tem de mostrar aos alunos que compreende suas
necessidades e problemas, que os respeita, e que está do lado dos alunos, que
o sucesso em seu trabalho é atingir as legítimas expectativas dos alunos.
É praticamente impossível registrar a situação em que haja má fé de uma
classe inteira, mas, se eventualmente isso ocorrer – até mesmo por
ingenuidade dos alunos – o professor não pode perder a calma e nem a
autoridade, chamando os alunos à responsabilidade.
Eventuais comportamentos de má fé isolados, de grupos ou indivíduos, o
professor não pode esquecer-se de seu compromisso com a classe e deve
pedir ajuda dela para achar um caminho de condução dos problemas ao
melhor caminho. Se necessário pode – e deve – confrontar pequenos grupos
ou alunos isolados que eventualmente causem problemas, sem agressividade,
pedindo que colaborem para que a razão ser da escola e da aula se
concretizem, para o bem de todos.
Introdução de mudanças
O plano de aula serve para uma aula, que se encaixa em um contexto maior
de aprendizado da disciplina. Alterá-lo consciente e eficientemente quando
necessário não causa nenhum problema.
O professor pode introduzir mudanças quando:
- Houver uma necessidade real – falta de eletricidade, por exemplo;
- Houver uma solicitação legítima dos alunos – desde de que pactuem
em contrato psicológico específico para preservação da eficiência geral
da disciplina;
- Houver uma necessidade ou solicitação legítima do professor –
igualmente com estabelecimento de contrato específico;
- Professor ou alunos vejam uma vantagem real de introduzir a
mudança, para ampliação da eficiência da aula.
Para mudar, entretanto, é necessário que o professor fique atento às seguintes
questões:
- Estrita observância da ética;
- Observância às normas da escola;
- Manutenção dos objetivos maiores do contrato psicológico;
- Motivação justificável para a mudança e nunca incentivo a
comportamento que conspire contra o desenvolvimento do aluno
(incentivo à preguiça ou ao desleixo, por exemplo);
- Observância estrita de direitos de minorias;
- Aceitação unânime ou negociada entre as partes.
Problemas e soluções
Há alguns problemas que podem comprometer o bom andamento das aulas e
da disciplina. O professor deve evitar que aconteçam, se possível, tomando
medidas preventivas ou solucioná-los adequadamente, caso se manifestem.
Alguns exemplos:
Conflitos
Entre alunos ou entre grupos, os conflitos podem criar clima tenso e
inadequado para a boa aula.
Medidas preventivas
- Trabalhar com diferentes formações de grupos em todos os exercícios
grupais, de forma a que todos trabalhem com todos, para que as arestas
sejam aparadas nas discussões e na aproximação;
- Dar o tom de cordialidade, descontração, cooperação e pedir que os
alunos desenvolvam as atitudes adequadas para a preservação do
interesse de todos.
- Coibir quaisquer comportamentos menos adequados – apelidos
jocosos, brincadeiras de mal gosto, piadas inapropriadas contra
minorias, etc.;
- Promover explicitamente os ideais de tolerância, celebração da
diversidade, cidadania, democracia, etc.
Medidas corretivas
- Com jeito e diplomacia, pedir a envolvidos que se abandonem
qualquer postura nós X eles para cooperar com o bom clima da sala;
- Atuar pontualmente em eventuais questões de conflito, mediando e
buscando a pacificação;
- Envolvimento das partes em tarefas comuns;
- Uso de autoridade para enquadramento de eventuais comportamentos
de má fé.
Polêmicas
Medidas preventivas
- Não deixar que questões de religião, política e outras relativas a
valores sejam trazidas para a sala de aula. Com jeito o professor insta
os alunos a focalizarem a disciplina e o seu próprio interesse em
assimilar do melhor modo os ensinamentos dessa;
- Dar o exemplo, evitando manifestar quanto a valores emocionalmente
comprometedores – política, religião, comportamento sexual, etc.
Medidas corretivas
- Quando uma polêmica instaurar-se, desviar o foco, colocando-a para
estudos ou reflexões posteriores e puxando os alunos para os interesses
imediatos da disciplina;
- Pedir ajuda dos alunos para deixar a polêmica para depois.
- Se a polêmica estiver relacionada a matéria de interesse, transformá-la
em trabalho para posterior apresentação das partes. Use a criatividade
para que, nos relatórios do trabalho, haja uma saída elegante e eficiente
para as partes.
Questionamento
Eventualmente, algum ou alguns alunos poderão ter fortes discordâncias com
o professor por razões ideológicas ou outras quaisquer. Por exemplo, quando
há alunos “de esquerda” mal informados há questionamentos infundados de
diversos tipos:
- Quanto ao direito da empresa de fixar o preço de um produto;
- Quanto à adoção de uma teoria advinda de um autor qualquer;
- Quanto a uma proposta de estilo de vida;
Quando for esse o caso, alguns comportamentos são recomendados por parte
do professor:
- Deixar bem claro que seu papel é expor as ideias de outros, do melhor
modo possível, concorde ou não com elas;
- Devolver o questionamento aos que os fazem, com elegância: O que
você acha? Como deveríamos proceder? Como combater esse mal?
- Desatrelar o julgamento do conhecimento: a transmissão do
conhecimento deve manter-se a parte do julgamento ou aceitação das
ideias.
Se houver questionamento de métodos ou decisões do professor quanto à
condução da disciplina, abrir a conversa para o grupo maior e reforçar o
contrato psicológico com a classe.
Liderança negativa
Alguém descontente com a disciplina, com a escola, com o professor, com a
vida eventualmente exerce influência negativa sobre um grupo, propagando
descontentamento que não é produtivo para a aula.
Comportamentos que podem ajudar a resolver o problema:
- Ficar alerta, para identificar o quanto antes o eventual surgimento de
liderança negativa e tomar providências para controle;
- Envolver o líder negativo em atividades de aula – muitas vezes ele
apenas quer expressar-se e conquistar estima dos outros;
- Fazer rodízio entre participantes dos grupos, em trabalhos;
- Mandar uma mensagem subliminar bem refletida, firme e forte contra
influência da liderança negativa.
Links relevantes
Aqui, links para vídeos dos professores Mário Sérgio Cortella, palestrante de
sucesso que é uma demonstração de onde a competência na docência pode
levar, e outros dois mestres competentes, Antonio Moura e Ney Pereira.
Mário Sérgio Cortella
https://www.youtube.com/watch?v=seiw4gwsfYA
Antonio Moura
https://www.youtube.com/watch?v=HUx1fxCzGCI
Ney Pereira (inscreva-se no canal, que tem muitos bons vídeos).
https://www.youtube.com/watch?v=TN6Ez9_bvcg
Busca de trabalho de docência

- Introdução
- Processo de busca de trabalho
- Links relevantes
Introdução
Quando minha filha terminou a faculdade – e já tendo informação sobre as
dificuldades que as amigas tinham no ingresso no mundo do trabalho
corporativo – resolveu dar aulas. Observando minha vida e a da madrasta à
época, ela julgou que seria mais interessante viver como autônoma dando
aulas, fazendo treinamentos e consultorias. Ela estava com pouco mais de 20
anos e havia concluído o curso de moda, e contava com duas vantagens: a
faculdade cursada era muito boa e ela tinha inglês fluente porque morara no
exterior. O que devo fazer? – ela me perguntou. Então, passei a ela o roteiro
que já havia passado a inúmeras outras pessoas desejosas de atuar na
docência, que é o apresentado neste capítulo.
Na essência é o seguinte: defina o que quer fazer, localize clientes e vá atrás!
Simples, a receita tradicional da transpiração. Não me lembro de ter indicado
nem um nome de amigo para a minha filha procurar. Só indiquei o “caminho
da roça” e ela começou a trabalhar.
Cerca de 20 dias depois, perguntei a ela: Quantos contatos você já fez? Ela,
então, abriu o computador, olhou seu cadastro, e respondeu de pronto:
Sessenta e três! Pensei comigo: Ótimo! Ela se vira e nunca ficará sem
trabalho na vida. De fato, logo ela conquistou algumas disciplinas em curso
superior e em cursos de curta duração, em empresas de treinamento.
Posteriormente consolidou-se também como professora de inglês de alto
nível, com aulas particulares bem remuneradas. Quaisquer que sejam seus
objetivos de vida, o lugar onde está, a circunstâncias em que se encontre, ela
tem a capacidade de buscar um trabalho que atenda seus interesses. Isso é que
importa, enfim.
O trabalho de buscar trabalho é essencial. Quem transpira e persiste acaba
encontrando o trabalho desejado. Vamos ver como esse trabalho pode ser
feito.
Processo de busca de trabalho
Buscar trabalho requer transpiração, mas é um processo simples, que pode ser
expressado pelo desenho a seguir.

1 – Identificação de contratantes potenciais


1. Primeiramente, identifique as faculdades que estão em um raio de ação
em que você possa atuar. Uma amiga minha morava em Bauru, parte
da semana, e em São Paulo, em outra parte. Dava aulas em São João da
Boa Vista, Mogi Mirim e São Paulo (onde também cursava
doutorado). Haja energia. Quem a tem, ótimo; quem não tem, busque
aquilo que se amolda aos próprios objetivos e interesses, em função
das condições de vida atuais.
2. Após identificar as faculdades, selecione as que, em princípio, serão
mais receptivas ao seu currículo. Uma faculdade elitizada, por
exemplo, não terá muita atração pelo currículo de um especialista,
exceto se ele tiver algo que o diferencie – uma posição importante,
reputação de competência excepcional, etc. Usualmente as faculdades
mais elitizadas dão preferências a mestres e doutores e, se for esse o
seu caso, vá em frente. Já as faculdades mais populares (que são as que
mais crescem) são mais abertas ao especialista, até porque tende a ser
mais prático e ter maior proximidade com o aluno. O fato de você
selecionar as faculdades não quer dizer que você vá desprezar as
outras. Não, você pode procurar também aquelas que aparentemente
não terão grande atração por seu currículo. Mas, priorize as mais
prováveis, na fase inicial.
3. Após localizar as faculdade e separá-las entre prioritárias e “segunda
etapa”, trabalhe as prioritárias inicialmente: identifique, então, os
cursos que essas têm em que você poderia atuar. Não seja muito
“dentro da caixa”. Pense em cursos que potenciais que estejam na
fronteira do conhecimento da sua formação básica. Por exemplo: no
curso de administração há disciplinas que podem ser ministradas por
quem cursou psicologia – e vice versa. Quem cursou farmácia, pode
dar aulas em medicina, enfermagem, etc. Pensar de modo mais
abrangente e orientar do mesmo modo suas buscas não quer dizer que
você vá pegar algo inadequado para a sua formação. Nesta hora, você
está apenas explorando oportunidades.
4. Identificadas as faculdades, analise os cursos que elas oferecem, veja
(de modo abrangente) em quais você poderia atuar (e com que
disciplinas), e identifique (pela internet ou fone) os coordenadores
desses cursos. As faculdades costumam ser abertas e os telefones ou e-
mails dos coordenadores, quando não estão publicados, podem ser
obtidos com um simples telefonema.
2 – Contato
Agora, como dissemos, o trabalho é braçal. Pegue o telefone e tente falar com
cada um dos coordenadores. Se conseguir, ao falar, apresente-se e peça para
visitar e discutir possibilidade de atuação. Se o coordenador aceitar a visita,
ótimo! faça-a. Se não, envie e-mail com currículo simplificado, como o
indicado anteriormente. Se não conseguir falar ao telefone, comece pelo e-
mail, mas, insista e busque outras alternativas de contato pessoal. Mantenha
em mente o seguinte: tente falar em pessoa com o professor. Insista um
pouco para consegui-lo. Ninguém é condenado por mostrar interesse pelo
trabalho.
Na visita, apresente-se antes do horário marcado, mas vá preparado para ser
recebido em corredores, salas de aula, salas de professores com muita gente –
e com tempo limitado. Nunca queira tomar mais tempo do coordenador do
que ele está disposto a dar.
Apresente-se com roupa de trabalho – com elegância, mas informal. O meio
não tem a mesma formalidade que se observa, por exemplo, no mundo
corporativo, nos tribunais, em certas repartições públicas - e roupa mais
formal é dispensável.
Procure mostrar-se flexível e disposto a ajudar o coordenador a resolver
eventuais problemas que tenha. Procure criar um bom relacionamento.
Caso não haja nenhuma oportunidade de momento (usualmente não há),
persista no contato, reativando-o de tempos a tempos para não ser esquecido.
Lembre-se do princípio estatístico de vendas: A cada X contatos, uma venda
deverá concretizar-se. Logo, persista.
3 – Negociação
De repente, aparece uma oportunidade real – seja em uma visita ou em
telefonema posterior que se recebe, aí está uma proposta de atuação como
docente. Vá negociar as possibilidades de aceitação. Ganhos são fixos e
tabelados por faculdade; horários e locais também são estabelecidos. A
agenda eventualmente pode ter algum ajuste, mas, via de regra está definida.
Logo, a negociação gira em torno da adequação da disciplina a seus
interesses, o que você pode ou não pode fazer, até que ponto. Lembre-se de
não ficar engessado pela disciplina que elegeu como a ideal para você. Abra o
leque até o ponto em que há possibilidade de, com bom planejamento e
dinâmicas adequadas, dar boas aulas.
Mantenha em mente a seguinte norma radical:
- Se você vai dar boa aula ou não, isso não é problema seu. É problema
de quem contrata!
As pessoas eventualmente podem ficar chocadas, achando que estou
incentivando a picaretagem. De jeito nenhum. O que quero é deixar bem
claro ao iniciante inseguro que o coordenador dificilmente será tolo de
convidar alguém sem condições para dar aula qualquer. Ele provavelmente já
conversou com você, já viu seu currículo, conhece os alunos e suas
expectativas, tem um alvo claro sobre o nível em que a aula deve transcorrer.
Se está convidando, é porque sabe que você é capaz. Assim, disponha-se a
ajudar e prepare-se para sair um pouco de sua zona de conforto, encarando
desafios essenciais ao seu crescimento na área. Professor não tem de ser
gênio, não tem de saber tudo, não tem de ser infalível; tem, isto sim, de
empenhar-se para fazer um bom trabalho, ser útil, em vez de tentar brilhar –
essa é a ideia.
4 - Ação
O melhor que o profissional pode fazer para “vender-se” bem é apresentar um
bom desempenho, agir de modo a conquistar o cliente. O que quer dizer isso?
Entre outros pontos, o seguinte:
- Comportar-se com absoluta disciplina – observância de horários,
regras, posturas adequadas ao cargo
- Estar ao lado do tomador de serviço, buscando o pleno atendimento
das necessidades desse – ficar atento às necessidades e manter o
espírito de cooperação
- Estar igualmente ao lado dos alunos, ajudando-os a se desenvolverem
e atingirem suas metas pessoais e profissionais
- Ser um agregador – ajudar as partes (alunos e escola; professores e
alunos; professores e professores) a atingirem o melhor conhecimento
mútuo
- Manter imagem de competência e profissionalismo – na roupa, no
linguajar, na postura corporal, nas condutas
Paralelamente, o profissional deve ficar atento à identificação de
necessidades do cliente, para verificar em quais delas ele pode oferecer-se
para colaborar. Sem ser um oportunista, mas, mantendo-se alerta para as
oportunidades e poderá promover-se do melhor modo possível. Por exemplo:
Ele vê o coordenador às voltas com uma dificuldade em arranjar um
professor para uma nova disciplina que terá início em breve. Pode oferecer-se
a presentar colega especialista na área. Com isso, ganha pontos – merecidos –
como pessoa que coopera. Por outro lado, caso se ele ou ela é habilitado para
a referida matéria, pode colocar-se à disposição (sem pressão) para lecioná-la,
se o coordenador quiser.
Links relevantes
Um site muito bom sobre criatividade com artigo sobre como vender suas
ideias:
http://criatividadeaplicada.com/2007/05/08/como-convencer-as-pessoas-e-
vender-suas-ideias/
Em um jornal português, bom artigo sobre promoção pessoal:
http://www.dn.pt/economia/dinheiro-vivo/interior/como-fazer-a-sua-
promocao-pessoal-sem-parecer-um-idiota-4378083.html
Mais um artigo sobre marketing pessoal:
http://www.ebs.edu.br/2015/02/24/marketing-pessoal-voce-e-o-seu-melhor-
produto/
Desenvolvimento na carreira

- Introdução
- Matriz de Ansoff aplicada à carreira de professor
- Trabalho faz a diferença
- Links relevantes
Introdução
Já vi muitas pessoas reclamarem da profissão de professor: Professor ganha
pouco, as condições de trabalho são ruins, as instituições não dão o devido
valor, os alunos não valorizam as aulas e lá estão apenas para pegar seus
diplomas, etc, etc. Para essas pessoas, não faltam bons argumentos. Corre a
notícia de que uma determinada faculdade está demitindo professores
doutores e rapidamente isso vira lenha na fogueira das lamúrias: não vale a
pena ser doutor, o Brasil não valoriza doutorado, etc. Ninguém foi verificar
por que essa grande universidade demitiu um grupo de doutores.
Provavelmente eles tinham os salários superinflados para as condições atuais,
porque são egressos de outra época em que uma administração muito
generosa pagou salários fora de mercado.
Por outro lado, quando converso com outras pessoas da profissão percebo
visão totalmente diferente. Não vejo reclamações quanto a baixos salários, a
desrespeito a docentes, a alunos que não valorizam, etc. Noto que entre essas
pessoas, muitas já trabalharam em organizações que tradicionalmente pagam
pouco, mas, como se diz na gíria, não esquentaram a cadeira nessas e ficaram
ali somente até o momento em que tinham algum interesse. Igualmente noto
que esse grupo é formado por pessoas que, quando não são bem tratadas ou
dão o troco e enquadram seus empregadores ou simplesmente vão embora em
busca de lugares melhores.
Logo, vale a pena ser professor? Para mim, vale – e muito. Mas, vale porque
vou atrás do que mais me interessa. Sem esforço e trabalho de buscar o
melhor, ninguém o atinge. Então, a diferença entre uma boa carreira e uma
nem tão boa depende da pessoa. Ela tem de fazer a sua parte.
Matriz de Ansoff aplicada à carreira de professor
A matriz de Ansoff, ferramenta consagrada da administração, ajuda a
raciocinar sobre os caminhos para a melhoria na profissão. Ei-la:
Matriz de Ansoff

Há quatro alternativas para a ampliação das atividades e crescimento:


1 – Penetração no mercado – vender mais os produtos atuais para os
mercados atuais – O professor ou professora pode dar mais aulas na mesma
faculdade, conquistando novas classes, atuando em novos horários, enfim,
ampliando sua eficiência e, em consequência, obtendo um retorno maior.
2 – Desenvolvimento de produtos – vender novos produtos para os clientes
atuais – O professor ou professora pode lecionar outras disciplinas na mesma
escola, ir para outros cursos (pós-graduação, por exemplo), outras áreas
acadêmicas, outras modalidades de ensino (EAD – Educação a Distância, por
exemplo). Igualmente ele pode fazer consultoria ou projetos para a própria
escola, pois, quase todas elas precisam de ajuda intelectual e têm, elas
próprias, clientes para consultoria e pesquisa. Para isso é fundamental que
mantenha um bom desempenho e não se esqueça de fazer promoção
internamente. As pessoas precisam saber do interesse do professor ou
professora em conquistar mais atividades.
3 – Desenvolvimento de mercado – vender os produtos atuais para novos
mercados – Qualquer profissional pode também trabalhar para outros
tomadores de serviço, oferecendo os produtos que já tem. De um modo geral
há alta similaridade nos currículos das escolas. Logo, uma disciplina
desenvolvida para uma pode aplicar-se em outra sem problemas. As escolas
usualmente não se opõem a isso – é a regra. Assim, com relativa facilidade se
aumenta a ocupação. Para isso é necessário manter o trabalho de promoção,
conforme apresentado no capítulo anterior. Tendo já uma posição
conquistada em uma faculdade qualquer fica muito mais fácil promover-se
para outras, porque se sabe que você tem experiência e aceitação.
4 – Diversificação – oferecer novos produtos para novos mercados – Há
algumas extensões naturais do trabalho de professor: consultoria, treinamento
empresarial, escrita ou produção de conteúdo. A consultoria é um negócio
gigante que tem grandes organizações, em todas as áreas do conhecimento e
das atividades econômicas: saúde, administração, engenharia, comunicação,
etc. Como se trabalha por projeto, é perfeitamente possível juntar consultoria
à carreira docente. Pode-se trabalhar diretamente para organizações clientes
ou pode-se trabalhar para grandes prestadores de serviço de consultoria. O
treinamento, igualmente, é um negócio grande e diversificado, que emprega
muita gente, com ênfase em trabalhadores intelectuais autônomos, que
trabalham diretamente para organizações clientes ou para empresas de
treinamento já estruturadas. Por fim, temos a produção de conteúdo, que nos
dias de hoje é crescente, embalada pelo EAD – Educação a Distância.
Trabalho faz a diferença
Há uma famosa historieta zen que diz que a gazela acorda cedo e lembra de
que precisa fugir do leão e o leão acorda cedo lembrando-se de que precisa
encontrar o alimento para sobreviver. A moral da história é: seja você a
gazela ou o leão, trate de levantar cedo e partir para a luta. No mundo da
docência as oportunidades existem – e quem trabalha vai certamente chegar a
elas.
Links relevantes
Abed – Associação Brasileira de Educação a Distância (que está completando
20 anos!):
http://www.abed.org.br/site/pt/
Abtd – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (que tem
45 anos)
www.abtd.com.br
Organizações de consultoria
http://www.abco.org.br/
www.ibco.org.br
O autor

José Antônio Rosa é professor de pós-graduação com


passagem por inúmeras faculdades, entre as quais se incluem: PUC/SP,
Anhembi-Morumbi, FIA/Câmara Brasileira do Livro, INPG-Instituto
Nacional de Pós-Graduação, Unisescon/Trevisan, Unip, e outras. Graduado
em jornalismo (PUC), é mestre em administração (PUC) e doutor em ciências
da comunicação (USP). Treinador e palestrante, consultor, produtor de
conteúdo, trabalha como autônomo nessas áreas desde 1986, quando encerrou
sua carreira corporativa, como gerente executivo do Management Center do
Brasil (da American Management Association).

Contato
Linkedin – posts sobre carreira e negócios
https://br.linkedin.com/in/joseantoniorosa
Canal no Youtube – vídeos sobre carreira, negócios, desenvolvimento pessoal
e profissional
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