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A inflexão do neodesenvolvimentismo e a retomada neoliberal no Brasil

Octávio Fonseca Del Passoi

Grupo de trabajo 04: Estado, Legitimidad, Gobernabilidad y Democracia


Eje Temático 05: Procesos progresistas, crisis política y contraofensivas conservadoras

Resumo: Utilizando os conceitos de fração burguesa e bloco no poder, desenvolvidos por


Nicos Poulantzas (1977) e a metodologia aprofundada por Décio Saes, a nossa pesquisa tem o
intuito de analisar se a ascensão da extrema direita e a eleição de Jair Bolsonaro é uma
decorrência inesperada do fim do ciclo de governos petistas, que teve como motor principal de
sua sustentação uma frente política entre setores organizados dos trabalhadores e setores da
grande burguesia interna. A derrocada desse arranjo político neodesenvolvimentista apontado
por Armando Boito Jr. resultou de uma ofensiva política do capital internacional em aliança com
o médio capital interno, no momento em que o país vivia uma conjuntura de instabilidade do
governo Dilma por consequência das ações do burocratismo de Estado empenhados no
combate à corrupção, em especial os agentes envolvidos na controversa Operação Lava Jato,
somados ao agravamento da crise econômica internacional no Brasil. Ilustraremos a situação
de crise da frente neodesenvolvimentista através dos dados da indústria da construção civil.
Essa escolha se dá devido à relevância econômica e política desse ramo na estruturação da
frente neodesenvolvimentista e das políticas estatais dos governos petistas que minimizaram o
avanço das reformas neoliberais iniciadas na década de 1990, quando a hegemonia era
exercida pela grande burguesia associada.
Palavras chave: Brasil, Bloco no poder, Frações de Classe; Neodesenvolvimentismo.

1. Introdução
O nosso problema de pesquisa tem como objetivo principal analisar a
desestruturação da frente neodesenvolvimentista (Boito Jr., 2018), que
sustentou o ciclo de governos do Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil. A
nossa hipótese principal é que a aliança entre a grande burguesia associada e
a burocracia de Estado, em oposição ao PT, provocou a desestruturação da
frente neodesenvolvimentista derrubando um de seus pilares estruturantes: a
construção civil. Para realizar tal análise, lançaremos mão dos dispositivos
conceituais elaborados por Nicos Poulantzas (1977), tais qual o de Estado,
frações de classe, bloco no poder e hegemonia. Todos eles possuem uma
relação teórica entre si. O Estado é um instrumento que serve através de sua
regulamentação jurídica e seus efeitos ideológicos às classes dominantes, mas
prioritariamente a classe ou fração hegemônica no bloco no poder, que é a
união de uma classe estabelecida no poder de Estado a fim de garantir a
manutenção dos seus interesses estratégicos. Contudo, o bloco no poder não é
uma divisão do poder igualitária entre as frações de uma mesma classe, mas

1
que possuem demandas específicas. Entretanto, em nossa avaliação, apesar
de Poulantzas (1977) ter essa teoria bem desenvolvida ele não logra
estabelecer uma metodologia em que possamos analisar concretamente um
bloco no poder e desvendar qual a fração hegemônica.
Décio Saes (2001) aprofundou a teoria de Poulantzas (1977), e afirmou
que entre as classes dominantes, uma classe ou fração “prepondera
politicamente sobre as demais, na medida em que seus interesses econômicos
são satisfeitos em caráter prioritário. Essa preponderância política de uma
classe ou fração no seio do bloco no poder é designada por Poulantzas através
do termo hegemonia.” (SAES, 2001, p. 50). Mais tarde, Tatiana Berringer
(2015) notou que mesmo a retificação teórica feita por Saes (2001) não era
suficiente para qualificar com precisão a fração hegemônica no bloco no poder,
já que a política externa de um Estado capitalista também sofre mudanças de
acordo com as alterações na hegemonia. Ou seja, para Berringer (2015) a
fração de classe hegemônica deve ser caracterizada como a fração que tem a
capacidade de fazer com que a política econômica interna e externa do Estado
responda prioritariamente ás suas demandas específicas.
Analisando alguns dos pesquisadores formados pela Escola Poulantziana
de Campinas, pude notar que ainda havia uma ponta a ser amarrada: as
políticas sociais. Elas possuem grande relevância para a análise da hierarquia
entre as classes e frações de classe que compõem um bloco no poder. A sua
importância se refere à capacidade que ela tem de apontar qual a fração de
classe dominada tem prioridade nas políticas sociais. Ou seja, a política social
mostra qual é a classe ou fração de classe dominada que está em posição de
aliança prioritária com a classe ou fração hegemônica. Desse modo, as
alianças da fração hegemônica com as classes e frações de classe dominadas
refletem nas políticas sociais de Estado, que são pensadas para acomodar os
interesses das frações dominadas aliadas na política de Estado.

2. Bloco no poder e hegemonia no Brasil do século XXI


O fim da ditadura militar (1964-1985) significou uma reestruturação do
bloco no poder, que passou a ter a hegemonia exercida pela grande burguesia

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associada (Boito Jr., 1999). A política de Estado correspondente à nova
hegemonia era neoliberal, significando privatizações, abertura comercial e
imposição de uma taxa de câmbio flexível. Esse modelo se tornou o novo
padrão de macroeconomia e as consequências dele resultaram em
descontentamento, tanto das classes populares quanto das classes
dominantes. Algumas dessas frações organizaram campanhas clamando
investimentos em infraestrutura para baratear o “custo Brasil” e mecanismos de
incentivos à indústria nacional (Mancuso, 2003). Essa conjuntura aproximou
frações dominantes de frações dominadas e canalizou essas forças sociais
formando o que Boito Jr. (2018) denominou frente neodesenvolvimentista.
O início do primeiro mandato de Lula (2003-2006) foi marcado por
políticas neoliberais, como a reforma da previdência e a alta do juro ii. Contudo,
no segundo mandato (2007-2010) a política de Estado passou a se alterar
novamente indicando uma nova mudança no bloco no poder. A mudança foi
possibilitada pela exigência em resposta ao fato de que a grande burguesia
associada realizou uma ofensiva contra o PT no ano de 2005, tendo como base
denúncias de corrupção iii e setores importantes da grande burguesia interna
apoiaram o governo de Lula (Boito Jr., 2018). Diante dessa ofensiva esse apoio
foi fundamental para o governo, em especial o da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (FIESP) iv. A principal medida de Lula foi trocar o Ministro
da Fazenda, que passou a ser Guido Mantega, economista mais próximo à
corrente desenvolvimentista. A troca agradou a grande burguesia interna (Boito
Jr., 2018), já que resultou em aumento do mercado interno, pois expandiu o
crédito (Bugiato, 2016) e os incentivos fiscais para o consumo e das
exportaçõesv aos países periféricos (Berringer, 2015). Para atender às classes
dominadas houve contínua valorização real do salário mínimo, manutenção do
desemprego em nível baixo e políticas sociais como o programa Bolsa Família
e o Minha Casa Minha Vida (Boito Jr., 2018). Essa orientação
neodesenvolvimentista mostrou resultado e deu a Lula aproximadamente 87%
de aprovaçãovi no final do segundo mandato.
Eleita em 2010, Dilma Rousseff manteve a orientação
neodesenvolvimentista nas políticas de Estado enquanto os seus efeitos

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anticíclicos animavam a economia diante da crise mundial. Com os primeiros
sinais de que a economia desacelerava, Dilma tentou aprofundar as políticas
neodesenvolvimentistas enfrentando os grandes bancos (Singer, 2015) a fim
de derrubar as altas taxas de jurosvii. No entanto, a unidade política dos setores
bancário e industrial da grande burguesia interna se mostrou maior do que a
aliança que o setor industrial tinha com as classes populares que compunham
a frente neodesenvolvimentista. Em síntese, ao aprofundar a diretriz
industrialista do neodesenvolvimentismo, Dilma realizou o programa industrial
da grande burguesia interna, mas esse setor optou pelos bancos em
detrimento das classes populares e do governo Dilma.
Faz-se necessário notar que Dilma apostou concomitantemente na luta
contra a corrupção, que Singer (2018) denominou de ensaio republicano, o que
não foi exatamente uma novidade, uma vez que os governos do PT deram
condições materiais e autonomia política para as instituições do judiciário
investigar parlamentares (Hage, 2010) e empresários brasileiros. No entanto,
no contexto eleitoral de 2014 surgiu a Operação Lava Jato, que passou a
ganhar adesão popular devido à sua articulação com a grande mídia, que
soube aproveitar o sentimento de descontentamento político que explodiu em
manifestações de massa desde o ano de 2013viii. Embora amplos setores das
classes populares ainda estivessem fiéis ao PT, a classe média se mobilizou e
setores da oposiçãoix perceberam a importância em disputá-lax.
Desde o início, quando o PSDB questionou o resultado e tentou anular a
eleição, o segundo mandato de Dilma deu sinais de grandes dificuldades. Além
dos conflitos parlamentares, houve um acirramento dos conflitos entre as
classes dominantes e dominadas em virtude das disputas pelo orçamento
público e pela renda nacional, que diminuía com o decorrer da crise. Esses
conflitos tornaram mais nítido a confluência das classes e frações de classe
dominantes para a exclusão das classes dominadas na frente
neodesenvolvimentista a fim de uma retomada neoliberal radical. Somando-se
ao realinhamento parlamentar e de classe, Dilma também passou a receber
críticas mais contundentes de sua base social organizada, uma vez que ela
nomeou um neoliberal, Joaquim Levy, para a presidência do Banco Central do

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Brasil (BC), dando início a uma política econômica recessiva. Diante da
desorganização da base social e política do governo Dilma, a burocracia de
Estado desempenhou papel importante no golpe parlamentar devido a sua
atuação em aliança com a grande mídiaxi.
Após o golpe institucional, o governo de Michel Temer iniciou um
aprofundamento das políticas recessivas indicando uma nova recomposição da
hierarquia entre as classes e frações de classe do bloco no poder. Embora o
retorno das políticas neoliberais de Estado tenha iniciado com a indicação de
Levy para o Ministério da Fazenda, a queda de Dilma teve impacto imediato na
sua dimensão. No que tange às políticas econômicas, as primeiras medidas do
governo Temer foram tomadas em prejuízo dos setores estratégicos da grande
burguesia interna. A indústria aeronáutica foi vendida para a Boeing e a
indústria petroquímica foi entregue ao capital internacional, que fez do Brasil
vendedor de petróleo cru e importar de refinado. O pré-sal novamente será
leiloado em regime de concessão e não de partilha xii e a indústria naval
também sofreu, em parte devido à retração das demandas do setor petrolífero,
em parte pelo desinvestimento estatal, como o que era realizado para a
construção de submarinos nucleares para a Marinha.
A mudança da política estatal também se confirma na política social. O
programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida (MCMV), por exemplo,
chegou a financiar 913 mil unidades em 2013 e no primeiro ano do governo
Temer o compromisso assumido foi de apenas 610 mil unidades e, de fato,
foram construídos 442,2 mil unidades. Além das poucas unidades habitacionais
entregues, houve uma recomposição da prioridade do programa, que passou a
beneficiar pessoas com renda mais alta. Apenas 13,5% (Gadelha e Alves,
2018) das casas construídas foram destinadas à faixa de renda 1 do programa
(até 1,8 mil reais), sendo a maior parte destinada as faixas de renda 2 e 3 (até
9 mil reais). Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), ironizou dizendo que o MCMV não deve mais ser considerado um
programa social, mas um programa de financiamento imobiliário para classe
média. Já o ministro das Cidades de Temer, Alexandre Baldy, admitiu não

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cumprir a meta, mas disse querer dinamizar o processo de contratação do faixa
1.
Não foi diferente com a política externa. As ralações sul-sul que vinha
sendo priorizada no arranjo neodesenvolvimentista dos governos petistas,
como o fortalecimento do MERCOSUL e a relação com a África e com os
países dos BRICS (Berringer, 2015), estão sendo desmontadas. Desde o
governo Temer, novamente o Brasil dá preferencia à relação com os Estados
Unidos, postura que chegou ao entreguismo no governo de Bolsonaro. O norte
das mudanças na política de Estado era o programa Uma Ponte Para o
Futuroxiii, apresentado por Temer e empresários paulistas ainda em 2015.
Por fim, cabe pontuar que foi ainda no governo Temer o inicio do
endurecimento do judiciário e da política da extrema direita. A intervenção
militar no estado do Rio de Janeiro, o assassinato da Vereadora Marielle
Franco, a efetivação de um militar no Ministério da Defesa e a prisão injusta do
ex-presidente Lula foram os maiores símbolos desse curto governo. Começou
a crescer a rejeição à democracia e a corrupção passou a ser vista como o
maior do Brasil, contribuindo para o aumento da criminalização da política e a
legitimação das vias judiciais como solução para os problemas políticos
nacionais. Nas eleições de 2018, apenas da Polícia Federal (PF), foram 55
(Albuquerque, 2018) candidatos e o movimento neofascista (Boito, 2019)
chegou ao poder na figura de Jair Bolsonaro.
Essa nova conjuntura não indica, contudo, que os conflitos entre as
frações de classe dominantes sessaram. Os conflitos continuam não apenas
porque os diferentes setores têm conflitos que decorrem da concorrência entre
eles e dos diversos interesses econômicos estabelecidos no mercado, como
ficou evidente quando estourou um movimento de locaute das empresas de
transporte rodoviário com apoio dos caminhoneiros autônomos (Valle &
Martuscelli, 2018), tendo como principal reinvindicação o estabelecimento de
uma tabela de preço mínimo fretes rodoviários. Medida que desfavorece a
todos os setores dominantes que dependem do transporte rodoviário para
escoar a sua produção, o que alimenta os conflitos. Mas continuam também,
porque a mudança da política de Estado indica mudanças no boco no poder, o

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que significa que passamos por um período de instabilidade no bloco no poder
que é sucedido pelo estabelecimento de uma nova fração hegemônica, que
logra colocar seus interesses como prioritários diante da política de Estado
retroalimentando os conflitos com as forças sociais que representam os
interesses secundarizados.

3. A crise do neodesenvolvimentismo e a Construção Civil.


Em 2003, o número de empresas da construção civil era de 118 mil e o de
empregos no setor era de 1,4 milhão (IBGE, 2003) e em 2016 foram
respectivamente de 127 mil e 2 milhões (IBGE, 2016). O crescimento
econômico desse setor nos governos petistas é decorrente da política de
Estado neodesenvolvimentista. No entanto, havia divergências no setor da
construção civil sobre o posicionamento em relação ao governo, uma vez que o
financiamento estatal privilegiou o grande capital em detrimento do pequeno e
do médio. As grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), o programa Minha casa Minha Vida (MCMV), as obras dos grandes
eventos como a Copa e as Olimpíadas, a transposição do Rio São Francisco e
as grandes hidroelétricas mostram a sinergia entre esses governos e o grande
capital da construção pesada. As cerca de 9 mil pequenas e médias empresas
no ramo que surgiram entre 2003 e 2016 foram alimentando o
descontentamento desses estratos com a política econômica petistas, posto
que ao favorecer o grande capital a competição entre as pequenas e médias
empresas aumenta porque em maior número elas tem que disputar a menor
fatia das obras públicas.
Aldo Mattos (2017) exemplifica afirmando que existem três principais
problemas para as pequenas e médias empresas no processo licitatório.
Primeiro há um cartel entre as grandes empresas, de modo que eles não
conseguem experiência em obras públicas de grande porte e, por isso, não tem
a documentação do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia
(CREA) para concorrer às licitações. O segundo é que o poder público não faz
o pagamento em dia, o que torna inviável as grandes obras para essas
empresas porque elas não têm o capital de giro suficiente para cobrir os

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atrasos e garantir a manutenção das obras. Por fim, a própria Lei 8.666/93
(BRASIL, 1993) que, segundo ele, torna ineficiente as obras públicas.
Sobre a Operação Lava Jato, Mattos (2017) entende que ela será um
divisor de águas, porque ela desmontará o cartel das grandes obras. Previu
que as grandes empresas envolvidas entrariam em processo de recuperação
judicial e que teriam que vender ativos, mudar seus quadros e até de marca,
arriscou. A Associação das Pequenas e Médias Empresas da Construção Civil
do Estado de São Paulo (APEMEC, 2015) também defendeu a Operação.
Elogiou a regulamentação criada para responsabilizar a pessoa jurídica e a
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) por
propor tal lei. Também endossou as críticas feitas pela OCDE à política de
compliance internacional das empresas brasileiras. Na visão da associação
devemos “acolher as sugestões da própria OCDE para o Brasil, sempre
adaptando à realidade pátria” (APEMEC, 2015).
As avaliações de Mattos (2016) mostram que havia uma expectativa de
que o médio capital passaria a assumir parcela do mercado do grande capital.
No sítio da Câmara da Indústria da Construção Civil (CBIC) também
encontramos análises nesse sentido, como a da matéria intitulada Escândalo
de corrupção abre espaço ao pequeno construtor (CBIC, 2015), onde se lê que
o “interesse do governo sempre foi fazer negócio com grandes grupos, pelo
alto volume de caixa, mas esse cenário deve mudar com a redução do apetite
delas por concessões públicas” (CBIC, 2015), pois a previsão é que “os
escândalos de corrupção diminuam o apetite das gigantes por concorrências
públicas e abram espaço para consórcios de pequenas e médias”, mas que
“competir com uma grande construtora, é preciso ter o caixa e o nome que ela
tem, e isso só se consegue juntando entre 12 e 15 empresas menores” (CBIC,
2015), o que demonstra a importância da organização política das pequenas e
médias na disputa por mercado com as grandes empresas.
Note que 600 empresas faliram e houve uma perda de 120 bilhões de
reais em dois anos para o setor (SINDUSCOM, 2018). Em 2015 a queda foi de
15,9% e em 2016 de 14,8%, segundo os resultados da Pesquisa Anual da
Indústria da Construção (PAIC) realizada pelo IBGE (2016). O alto número de

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empresas fechadas corresponde às pequenas e médias, já que as
consideradas grandes são poucas (Sabença, 2014) e nenhuma delas fechou,
apesar sofrerem com a crise, como a OAS, que reduziu de 120 mil para 30 mil
o número de trabalhadores em 2017 e a Engevix de 20 mil para 3 mil (Sicsú,
2017). Nossa hipótese sobre a divisão entre o pequeno e o médio capital de
um lado e o grande de outro tem consequências políticas e lastro material.

4. O governo Bolsonaro e o bloco no poder


Houve uma convergência entre o neoliberalismo e o conservadorismo nas
eleições presidenciais de 2018. De modo que, nessa seção abordaremos tanto
o aspecto da política econômica focando no setor da construção civil, a fim de
tentar compreender as transformações no bloco no poder, quanto o aspeco
puramente político, que parece indicar uma escalada autoritária com a
justificativa da realização de uma “moralização” do país e uma luta contra um
comunismo inexistente.
Com essa justificativa, está acontecendo, por exemplo, censura à arte
brasileira. A Agência Nacional do Cinema (ANCINE) passará por um “filtro”
(Mazui, 2019), segundo o governo. Atitude que poderíamos nomear também de
censura. Ao mesmo tempo, ironicamente, o governo anuncia que a ANCINE
produzirá um filme sobre a ascensão de Bolsonaro. Também estão
acontecendo interrupções de shows musicais, como o do artista B-Negão
(Rudnitzki, 2019) que foi interrompido pela Polícia Militar (PM) devido a críticas
que realizou à Bolsonaro. Mas não é apenas a arte que vem sendo cerceada.
O sindicato dos professores de Manaus-AM foi invadido ilegalmente para
serem indagados sobre uma manifestação que realizariam na data em que
Bolsonaro estaria na cidade (Maisonnave, 2019). Assim como um evento das
mulheres (Ferreira, 2019) do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que foi
interrompido PM de São Paulo para “averiguar” o que ocorria e listar todas as
presentes.
Do mesmo modo, o governo também tem investido contra o sistema
educacional. A Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) teve uma
funcionária da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) nomeada para o cargo

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de assessora da reitora da Universidade (Adusp, 2019). Escolas Militares estão
sendo criadas (Saldanha, 2019) e uma profunda revisão dos livros escolares
está em curso para esconder os crimes cometidos por militares durante a
ditadura que se estendeu de 1964 a 1985. Ainda listamos o corte do
financiamento de um evento acadêmico (Baggenstoss, 2019) na área do Direito
que acontecia há anos com a justificativa de que ele teria como participantes
alguns nomes que são militantes e o desmonte dos Programas de Pós-
graduação das universidades públicas.
Bolsonaro, como chefe do movimento neofascista (Boito, 2019), tem uma
postura de radicalização à direita de sua base social. Podemos citar como
exemplo, frases como a que Bolsonaro disse sobre o pai (Amado, 2019) do
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que foi assassinado
durante a ditadura militar brasileira. Outro exemplo é o caso do jornalista Gleen
Gleenwald, que foi ameaçado de ser preso por divulgar mensagens do ex-juiz
federal Sério Moro que provam que ele agia à revelia da lei para perseguir
alguns políticos e defender outros. A ameaça ocorreu após o atual Ministro da
Justiça publicar uma portaria (Sanches, 2019) prevendo a expulsão de
estrangeiros do Brasil. Questionado se a medida do ministro seria em
retaliação ao trabalho de Gleen, Bolsonaro respondeu que não, pois ele
poderia ser preso aqui no Brasil (Fragão, 2019). Mais recentemente o
presidente também sugeriu que poderia haver mortos se forem realizados
protestos no dia 7 de setembro, dia da independência do Brasil.
Sérgio Moro é uma figura central no governo de Bolsonaro. Não apenas
pelo capital político que acumulou com os setores reacionários da sociedade e
a classe média devido à sua perseguição ao PT e ao sentimento anti-corrupção
desse estrato social (Cavalcante, 2018). Aproveitando-se dessa posição, Moro
tem, desde que conquistou um super-ministério (Soares, 2019), realizado
proposto leis e tomado medidas que desrespeitam o atual Estado de direito no
país levantando suspeitas de que a intenção da ala neofascista do governo é
transformar o regime político brasileiro em um regime (Filho, 2019) neofascista.
As mensagens trocadas entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol revelaram que
esse foi convidado especial de um encontro secreto (Fishman e Demori, 2019)

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com o capital financeiro internacional. Esse encontro é revelador porque ele é
explicativo sobre as mudanças que vem ocorrendo nas políticas de Estado no
Brasil, ou seja, a política econômica, externa e social. Ao observar essas
mudanças, é possível sustentar a tese de que o impeachment de Dilma
Rousseff resultou na mudança da fração de classe hegemônica no bloco no
poder, que voltou a ser a grande burguesia associada.
Embora as reformas que caracterizem um retrocesso em termos de
direitos como a da Previdência (Fagnani, 2019) Social e a Reforma Trabalhista
(Carta Capital, 2018) sejam um consenso entre as diversas frações
dominantes, nem todas as reformas o são. O papel do Estado na economia,
por exemplo, já mostra as fissuras das frações dominantes. Robson de
Andrade (2019) mostra que a grande burguesia interna ainda deseja que o
peso financiador do Estado lhes garanta melhores condições de
competitividade com o capital internacional. Mas a política econômica do
Estado voltou a privilegiar o capital internacional em detrimento do nacional, e
entregou ao primeiro a indústria aeronáutica, a petrolífera e a indústria da
construção civil, restringindo-nos aos setores estratégicos para não nos
alongarmos nos exemplos.
As políticas sociais sofrem profunda reformulação. O programa de
habitação popular Minha Casa Minha Vida (MCMV), não entregará mais a
propriedade das casas às famílias beneficiadas, apenas a posse delas. Além
de o governo ter a intenção de passar o programa à iniciativa privada. Some-se
a ausência de uma política de empregos, o governo está tornando mais flexível
as relações de trabalho, passado a permitir, por exemplo, trabalhos aos
sábados, domingos e feriados (Cavallini, 2019) sem remuneração adequada. A
política de direitos humanos vem sendo desmontada e há tentativa de acabar
com órgãos responsáveis por fiscalização de trabalho escravo (Carvalho, 2019)
e de violações contra os direitos humanos, que foi revertido pela justiça
(Boldrini, 2019).

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i
Doutorando em Ciência Política na Unicamp. E-mail: octaviodelpasso@gmail.com.
ii
Em 2003 a taxa de juro básica foi de 18 para 25%. Os dados estão disponíveis no site do
Banco Central do Brasil: https://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/COPOMJUROS/.
iii
http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/mensalao-crise-no-governo-lula-em-2005-a-
origem-tucana-em-minas-gerais-9396831.
iv
Estado mais industrializado do Brasil, onde é realizado cerca de 40% do PIB. Posteriormente
a FIESP articulou o golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff.
v
A ofensiva de 2005 contra o governo do PT ainda teve consequência na cena política
partidária que estava em curso. O voto da classe média se deslocou do PT para o PSDB, e o
dos trabalhadores informais se aproximaram e garantiram a reeleição de Lula em 2006.
vi
http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/12/popularidade-de-lula-bate-recorde-e-chega-87-diz-
ibope.html.
vii
As taxas de juros dos bancos privados podem ser consultadas no site do Banco Central:
https://www.bcb.gov.br/fis/tarifas/htms/bancossegmento03.asp?idpai=TARBANINST.
viii
As manifestações começaram em São Paulo, convocada pelo Movimento Passe Livre (MPL)
devido ao aumento da tarifa do transporte, mas rapidamente se nacionalizou e preponderou a
classe média. A grande mídia manipulou as reinvindicações para desgastar o governo federal
utilizando a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37/2011, que visa limitar o poder de
investigação à policia judiciária, retirando esse poder do Ministério Público Federal (MPF). Aqui
começou a articulação entre setores do judiciário e a grande mídia de massa.
ix
Refiro-me ao artigo de Fernando Henrique Cardoso intitulado O papel da oposição.
x
Apesar de a classe média vir sendo disputada desde o escândalo do “Mensalão” através de
movimentos como o Cansei, liderado por João Dória, desde o ano de 2013 vem crescendo
sistematicamente os movimentos sociais de direita no Brasil como, por exemplo, o Movimento
Brasil Livre, o Vem Pra Rua, o Revoltados online e o Movimento Endireita Brasil.
xi
A inspiração veio da justiça italiana. Para entender essa influência, consultar o artigo do juiz
Sérgio Moro: https://www.conjur.com.br/dl/artigo-moro-mani-pulite.pdf.
xii
As diferenças entre concessão e partilha acesse: http://rodadas.anp.gov.br/pt/entenda-as-
rodadas/os-regimes-de-concessao-e-de-partilha.
xiii
O programa pode ser acessado em: https://www.fundacaoulysses.org.br/wp-
content/uploads/2016/11/UMA-PONTE-PARA-O-FUTURO.pdf.

Bibliografia:

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https://www.adusp.org.br/index.php/defesauniv/3385-servidora-da-abin-e-
designada-como-assessora-da-reitoria-da-ufms.
Albuquerque, Ana Luiza. (21/08/2018). Efeito da Lava Jato leva 55 nomes da
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https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/efeito-lava-jato-leva-55-nomes-
ligados-a-pf-a-disputar-eleicoes.shtml.
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12
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