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ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

CURSO DE PREPARAÇÃO AOS CURSOS DE ALTOS ESTUDOS MILITARES E


EQUIVALENTES – CP/CAEM

GEOGRAFIA

MEIO AMBIENTE E RECURSOS ESTRATÉGICOS


(ASSUNTOS 11, 12, 13, 14 e 15)

RIO DE JANEIRO - 2022


CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 2

COMPETÊNCIA PRINCIPAL:

Participar dos processos seletivos de oficiais superiores para o prosseguimento da


carreira.

UNIDADES DE COMPETÊNCIA:

Formular soluções para problemas que envolvam aspectos da geografia do Brasil e


do mundo.

ELEMENTO DE COMPETÊNCIA:

- Analisar os principais problemas brasileiros nas expressões do poder nacional.

- Apresentar estudos geo-históricos com bases geopolíticas e estratégicas.

CONTEÚDO:

Meio ambiente e recursos estratégicos

ASSUNTOS:

11. Biodiversidade: uma questão estratégica.

12. Panorama energético mundial.

13. Água: controle e gestão.

14. Produção mundial de alimentos

15. Acordos e tratados internacionais sobre meio ambiente e recursos naturais


estratégicos.

PADRÃO DE DESEMPENHO:

Avaliar aspectos do meio ambiente e os recursos estratégicos, com base na


documentação referenciada, para compreender as principais pautas da atual agenda
internacional.
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ÍNDICE
ASSUNTOS PG

11. Biodiversidade: uma questão estratégica..……………........................ 04


12. Panorama energético mundial..................................………................ 08
13. Água: controle e gestão..…………………………………………………. 19
14. Produção mundial de alimentos.………………………………………… 21
15. Acordos e tratados internacionais sobre meio ambiente e recursos
naturais estratégicos……………………………………………………… 23

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................... 27
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Ass 11. BIODIVERSIDADE: UMA QUESTÃO ESTRATÉGICA

O meio ambiente e a sua gestão deixaram de ser uma discussão meramente


de valorização econômica. Tensões entre expansão econômica e conservação do
meio ambiente são inevitáveis. O motor dinâmico do capitalismo exige contínua
exploração da natureza em escala mundial. Nessa atividade, novos produtos vão
sendo transformados em objetos do desejo humano fomentado pela propaganda. O
marketing incentiva o consumo desenfreado que gera, por vezes, desperdícios de
recursos naturais, degradação do meio ambiente e escassez de energia. O acesso
aos recursos naturais, ainda hoje, tem papel preponderante nas regras que norteiam
as relações sociais e de poder. Assim, o controle dos territórios com maior riqueza,
em termos de biodiversidade, representa um fator potencialmente estratégico na
busca de vantagens competitivas na sociedade contemporânea.

A biodiversidade1 não se distribui uniformemente pelo planeta e a primeira


aproximação dar-se-á, neste texto, em escala global. Um dos aspectos limitantes
nos mapas globais é que eles mostram os biomas numa situação hipotética, não
apresentando as modificações causadas pela ocupação e exploração humana.
Entretanto, o mapa dos biomas (figura 1) e a tabela 1 de caracterização dos biomas
ainda são referências para entender a composição das comunidades, compreender
a hierarquia dos ecossistemas e, por fim, integrar processos em escala regional e
local.

Na atualidade, no contexto dos avanços proporcionados pelas 3ª e 4ª


Revoluções Industriais, a biodiversidade assume uma nova função. Sua
potencialidade se vincula ao controle de seu patrimônio genético, fonte de possíveis
descobertas (na medicina) e usos (da matéria-prima) por intermédio da
transformação que novas tecnologias proporcionam, beneficiando governos e
empresas privadas mais desenvolvidas no campo científico-tecnológico. Destaca-se
que as sociedades mais avançadas, do ponto de vista científico-tecnológico (EUA,
Alemanha, França, Inglaterra e Japão), dependem amplamente do suprimento de

1
Biodiversidade ou diversidade biológica abarca toda a variedade das formas de vida, espécies e ecossistemas, em uma
região ou em todo o planeta.
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recursos naturais.

FIGURA 1 - Distribuição dos biomas terrestres.

Fonte: Biologia. César e Sezar. Editora Saraiva

TABELA 1 – Caracterização dos Biomas Mundiais

BIOMA LOCALIZAÇÃO CARACTERÍSTICAS

DESERTOS Saara (África), da Arábia, Regiões áridas tem índices


de Gobi (Ásia Oriental), da pluviométricos abaixo de 250 mm ao ano
Austrália, do Atacama e regiões semi áridas, menos de 500
(América do Sul) e do mm. Podem ser de dunas de areia,
Arizona (América do Norte). rochosos ou mistos. Os desertos quentes
registram grandes contrastes de
temperatura entre o dia e a noite e ficam
em regiões tropicais.

ESTEPES Região central da América Típica de áreas de clima temperado


CAMPOS do Norte, centro sul da continental, constituídos basicamente de
PAMPAS América do Sul, Ásia gramíneas. São comuns búfalos e
PRADARIAS Central, leste da Austrália e antílopes na América do Norte, cavalos
sul da África. selvagens na Europa, os antílopes na
África meridional e guáiacos na América
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do Sul.

FLORESTA Norte da América do Norte, Natural de áreas de alta latitude nas


DE da Europa e da Ásia. quais prevalece o clima continental frio
CONÍFERAS polar com temperaturas baixas, inverno
TAIGA longo e verão curto. A floresta é sazonal
e sua fauna apresenta espécies que
migram e hibernam nos períodos de
inverno rigoroso, assim como possui
animais que residem o ano todo.

FLORESTA Leste dos Estados Unidos, Típica das latitudes médias, com
TEMPERADA Europa, leste da Ásia, períodos frios e quentes bem marcados.
sudeste da Austrália e Possui espécies deciduais (perdem suas
Nova Zelândia. folhas no inverno). A fauna acompanha
os ciclos climáticos.

FLORESTA Maior parte da América do Desenvolve-se nas baixas latitudes, em


Sul, regiões

TROPICAL América Central, zona quentes e úmidas. Plantas com folhas


equatorial da África, perenes e largas, que absorvem mais
subcontinente indiano e energia solar. Com solos geralmente
sudeste Asiático. pobres, retira seus nutrientes do húmus.
Abrigam a fauna mais rica dos biomas.

SAVANA Centro da América do Sul, Presente em baixas latitudes tem suas


CERRADO norte da América Central, áreas mais úmidas formadas por plantas
região central da África e as rasteiras e pequenas árvores. Possui
áreas da Austrália. uma fauna muito rica, principalmente
pela presença de aproximadamente 40
espécies de mamíferos.

TUNDRA Extremo norte da América Formada por musgos e espécies


do Norte, da Europa e da herbáceas, que aparecem nos solos das
Ásia. regiões frias nos poucos meses de
degelo. A fauna de invertebrados está
fortemente representada por moscas e
mosquitos que polinizam as flores no
período mais quente. A fauna de maior
porte está adaptada ao rigor climático
(touro almiscarado, lebre ártica, e lobo).

MONTANHA Encosta dos Andes, dos Nos planaltos mais elevados, a


Alpes, das Montanhas vegetação é escassa. Sobrevivem
Rochosas, do Himalaia e apenas ervas e arbustos resistentes às
de outros maciços hostilidades do clima.
montanhosos.
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CHAPARRAL Sul da Europa, Ásia Maior, A vegetação típica é o maqui e o


Norte da África, Austrália, chaparral, formado por árvores
Califórnia e Chile. pequenas, como oliveiras e sobreiros,
moitas e arbustos, como murtas e urzes.
Fonte: Adaptação do “The Times Concise Atlas of World”.

Como grande parte da biodiversidade do planeta se concentra em países


tropicais, que normalmente são tidos como periféricos, desenha-se uma geopolítica
de controle desses territórios pelos países hegemônicos. O Brasil está incluído entre
os países dotados da chamada megadiversidade. Veja a figura 2.

FIGURA 2 – Biodiversidade no mundo.

Fonte: Groobridge e Jenkins, Labmundo, 2014.

Esse grupo conta com nações (dentre elas Austrália, África do Sul, Colômbia,
Venezuela, Peru, Equador, Índia, China, Malásia e México) que abrigam cerca de
70% da biodiversidade total do planeta. A importância, de âmbito global, da
conservação da biodiversidade no Brasil se soma a sua relevância para a economia
do País2.

2
A questão ambiental no Brasil será melhor abordada na Unidade XVI – Meio Ambiente e Gestão Ambiental no Brasil.
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Ass 12. PANORAMA ENERGÉTICO MUNDIAL


O consumo de energia por país ou região do mundo por si só não é indicador
útil para análise do uso adequado da energia, tampouco reflete a riqueza que é
gerada com a energia consumida. Para estudos dessa natureza, são utilizados os
indicadores de intensidade de consumo de energia do país ou região e a intensidade
de consumo de energia por habitante. Esses indicadores possibilitam relacionar
consumo de energia e rendimento da economia ou geração de riqueza.

Os dados comparativos sobre produção e consumo de energia têm grande


importância para a definição das bases da gestão energética mundial e para o
entendimento da geopolítica estratégica de energia no mundo.

Verificando os valores de consumo per capita de energia nos países ricos,


estima-se que ele seja por volta de cinco vezes maior que nos subdesenvolvidos e
nos emergentes. Esse fato está diretamente relacionado ao grau de industrialização
e à qualidade de vida da população. Observa-se, a nível mundial, uma tendência ao
aumento de consumo e produção energética, com pequenas variações regionais,
conforme se depreende na tabela 2, a seguir.

TABELA 2 - Tendências regionais no consumo de energia

REGIÕES CONSUMO E PRODUÇÃO

América do Norte, América do Expressivo aumento de consumo e


Sul e Caribe, África, Ásia e produção.
Oceania.

Oriente Médio Expressivo aumento de produção e leve


aumento de consumo.

Europa Ocidental Produção estável e aumento de


consumo, principalmente em gás
natural.

Europa Oriental e ex-União Redução tanto em produção como


Soviética. consumo de energia primária.
Fonte: ANEEL e outros.
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Os três maiores produtores de energia primária3 do mundo são: EUA, Rússia


e China, com 39% da energia produzida no mundo, seguidos de Arábia Saudita e
Canadá, que somam mais 8,3 %. Portanto, cinco países concentram 47 % da
produção de energia primária mundial. Os maiores consumidores de energia do
mundo também são EUA, China e Rússia com 41%, seguidos por Índia, Japão e
Alemanha. Portanto,os cinco maiores consumidores de energia totalizam cerca de
metade do consumo mundial.

Nos últimos 100 anos, a energia dominante no mundo originou-se dos


combustíveis fósseis, que respondem por mais de 70% do consumo energético do
planeta e estima-se que o mundo tenha mais 30 ou 40 anos de combustíveis
fósseis, seguindo as taxas atuais.

Entretanto, em 2020, as fontes renováveis foram as únicas fontes que


apresentaram crescimento, conforme aponta o relatório da Agência Internacional de
Energia (IEA), que avalia os impactos da pandemia de coronavírus e as
consequentes medidas de restrição na demanda e oferta global do setor. De acordo
com a análise da IEA, esse tipo de geração, em especial a solar e a eólica,
apresentou um incremento de cerca de 5% em 2020, sem superar os problemas de

cadeia de suprimentos.

Como prover energia para o crescimento e desenvolvimento do planeta daqui


para frente, será possivelmente o maior desafio que o mundo já terá enfrentado.

a. Petróleo

A exploração petrolífera em escala mundial se intensificou na década de


1930, mas a sua utilização como fonte de energia data de 1859, na Pensilvânia
(EUA), sendo usado na iluminação pública. Depois para o uso em indústrias e
companhias de trem, substituindo o carvão mineral das máquinas a vapor. O
incremento no consumo foi acompanhado do surgimento de centenas de
companhias petrolíferas. As sete maiores empresas mundiais foram responsáveis

3
Energia primária é o recurso energético que se encontra disponível na natureza (petróleo, gás natural, energia hídrica, energia eólica,
biomassa, solar).
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pela divisão do planeta em áreas de influência.

Na tentativa de controlar o comércio e as demais atividades petrolíferas,


diversas empresas estatais dos países produtores passaram a atuar diretamente na
exploração do petróleo. A criação da OPEP, em 1960 (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) – fundada pelo Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e
Venezuela, foi uma tentativa de desmobilizar o poderio das maiores empresas. Hoje
esse cartel é composto por 13 membros. Veja abaixo a situação dos detentores das
maiores reservas do planeta (figura 3).

FIGURA 3 - Reservas mundiais de petróleo

Fonte: BBC News Brasil.


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Em 1973, os países-membros da OPEP promoveram um aumento drástico do


preço do barril de petróleo, chamado “primeiro choque do petróleo”, aproveitando-se
da situação política criada pela guerra de Yom Kippur, o quarto conflito armado entre
árabes e israelenses. O aumento do preço do barril provocou uma crise econômica
em muitos países. Entre 1979 e 1980, eclodiu uma nova guerra entre o Irã e Iraque,
provocando uma apreensão mundial, causada pela possível falta do petróleo. A
procura fez com que a OPEP elevasse o preço do barril (MOREIRA, 2008).

Durante muitas décadas, o petróleo foi o grande propulsor da economia


internacional, chegando a representar, no início dos anos 70, quase 50% do
consumo mundial de energia primária.

De acordo com estimativas da British Petrolium (BP), em pouco tempo a


demanda global por petróleo será superior à capacidade de produção, elevando
ainda mais o preço do produto. Esse cenário se apoia em limitações à expansão da
infraestrutura de geração de energia nos países desenvolvidos, onde o custo de
construção de novas instalações se eleva devido às restrições ambientais cada vez
mais rigorosas. Somado a isso, os países produtores de petróleo têm sua expansão
reduzida em decorrência de crises políticas e econômicas (PIRES et ali, 2006).

Cabe ressaltar que três quartos do petróleo mundial vêm sendo extraídos de
poços com 20 ou 30 anos de idade. A maior parte do quarto que falta é retirada de
poços com idade entre 10 e 15 anos. Novos campos vêm diminuindo em número e
em tamanho, tendência que já dura mais de uma década.

Apesar da expansão da diversificação das fontes de geração de energia


elétrica verificadas nas últimas décadas, o petróleo ainda é responsável por
aproximadamente 7,5% de toda a eletricidade gerada no mundo (AIE, 2008). Desse
modo, surgem estratégias para aumentar a produção interna de países
importadores, além de políticas de incentivo à produção de energia alternativa,
impulsionadas tanto pela crise do petróleo como pela entrada em vigência do
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Protocolo de Kyoto e outros tratados de viés ecologista, que têm como objetivos
reduzir a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa.

b. Petróleo do pré-sal

A camada do pré-sal, localizada nas porções marinhas em algumas áreas


costeiras, estende-se por baixo de extensas camadas de sal. Estas camadas
chegam a atingir espessuras superiores a 2.000 metros, tendo o potencial de abrigar
jazidas de petróleo e gás natural. A profundidade total dessas reservas, que é a
distância entre a superfície do mar e os reservatórios de petróleo abaixo da camada
de sal, pode chegar a mais de 7.000 metros.

A primeira descoberta de reservas de pré-sal (reserva petrolífera) existentes


no mundo ocorreu no litoral brasileiro. Essas também são as maiores reservas
conhecidas em zonas da faixa pré-sal, até o momento identificadas. No Brasil,
recentemente foram feitas descobertas pela Petrobras na camada do pré-sal
localizada entre os estados de Santa Catarina e Espírito Santo, onde se
encontraram grandes volumes de óleo leve. Na Bacia de Santos, o óleo já
identificado no pré-sal tem uma densidade de 28,5º API, baixa acidez e baixo teor de
enxofre. São características de um petróleo de alta qualidade e maior valor de
mercado. O grau de API é uma a escala hidrométrica idealizada pelo American
Petroleum Institute (API), para avaliar a qualidade do petróleo. Quanto maior o grau,
melhor a qualidade do petróleo.

Depois do anúncio da descoberta de reservas na escala de dezenas de


bilhões de barris, em todo o mundo começaram os processos de exploração em
busca de petróleo abaixo das rochas de sal nas camadas profundas do subsolo
marinho. Atualmente, as principais áreas de exploração petrolífera com reservas
potenciais ou prováveis já identificadas na faixa pré-sal estão no litoral do Atlântico
Sul. No lado africano, existem áreas do pré-sal em processo de busca e
mapeamento no Congo e no Gabão. Também existem camadas de rochas pré-sal
sendo mapeadas no Golfo do México e no Mar Cáspio, nas zonas marítimas
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pertencentes ao México e ao Cazaquistão, respectivamente.

c. Carvão mineral

No âmbito global, apesar dos graves impactos sobre o meio ambiente, o


carvão ainda é uma importante fonte de energia. As principais razões para isso são
a abundância das reservas, a distribuição geográfica das reservas, os baixos custos
e a estabilidade nos preços em relação a outros combustíveis.

O carvão mineral é o mais abundante dos combustíveis fósseis, com reservas


provadas da ordem de 1 trilhão de toneladas, o suficiente para atender à demanda
atual por mais de duzentos anos.

Crises relacionadas às altas no preço do petróleo, em termos de custos,


tendem a aumentar a participação do carvão no cenário mundial, dificultando o
cumprimento das metas de emissões de gases de efeito estufa.

Contudo, o caso particular da China é emblemático, em razão do elevado


consumo do carvão e pelo fato de ser a economia de maior crescimento no globo. O
consumo chinês vem diminuindo, em observância às questões ambientais. Como
alternativa, os chineses vêm adotando o gás, com menor potencial poluente.

d. Energias alternativas

As fontes de energia alternativas4 continuam a ser apenas uma pequena parte


do total mundial de energia. No entanto, apresentaram um crescimento considerável
nos últimos anos. O etanol é um biocombustível altamente inflamável que pode ser
obtido a partir da cana-de-açúcar, do milho, da beterraba, da mandioca, da batata,
entre outras matérias orgânicas. O álcool combustível foi bastante empregado
durante a Segunda Guerra Mundial e nos últimos tempos passou a ser uma opção
como fonte alternativa menos poluente que a gasolina. Contextualizando essa
discussão ao caso brasileiro, a aposta nacional nos biocombustíveis e na
hidroeletricidade, pode garantir ao Brasil autossuficiência em consumo.Alguns
países como o Canadá, a Inglaterra e a Austrália já incentivam a adição de álcool

4
Energia alternativa é o termo usado para algumas fontes de energia utilizadas para substituir os combustíveis fósseis.
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combustível à gasolina. Outros como a Tailândia, a Índia e a Argentina exigem a


mistura e estabelecem metas. Caso haja no cenário mundial adição de até 5% de
álcool à gasolina, haverá um aumento substancial na produção desse combustível
para os próximos cinco anos.

Já o biodiesel pode ser definido como um combustível renovável derivado de


óleos vegetais (girassol, mamona, soja, babaçu e outras oleaginosas), além de
matérias-primas alternativas como a gordura animal ou óleos de frituras.

FIGURA 4 - Principais importadores do etanol brasileiro em 2020.

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A manutenção da tendência de crescimento das fontes alternativas, que


tornam-se cada vez mais competitivas é resultado de maiores incrementos em
tecnologia, ganhos em escala e maior aceitação no mercado. Essa nova
configuração garante a diversificação das fontes, a competição entre
combustíveis, a distribuição dos riscos de suprimento e, por fim, a redução nas
emissões de carbono.
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FIGURA 5: Energia elétrica proveniente de fontes alternativas entre 2000 e 2020.

Fonte: BP Statistical Review 2021.

Com o advento da retração econômica decorrente da pandemia, houve um


significativo aumento do setor de energia renovável, única classe de geração que
apresentou crescimento no período, graças à operação de novas capacidades,
menores custos operacionais e ao benefício de despachos prioritários em mercados
importantes, segundo a IEA. Nesse período de desafios, as produções mundiais de
etanol e de eletricidade solar e eólica aumentaram a passos largos, confirmando a
tendência à utilização progressiva de fontes renováveis.

e. Energia termelétrica, hidrelétrica e nuclear

A indústria nuclear, em seus primórdios, lançou a expectativa de que a


humanidade passaria a dispor de tecnologia barata e inesgotável para satisfazer as
aspirações desenvolvimentistas que a indisponibilidade energética frustrava. A
redução dos investimentos na tecnologia na década de 1980, devida aos custos de
produção e às exigências de cunho ambiental que incidiram sobre a geração
nucleoelétrica, arrefeceram as possibilidades das expectativas serem honradas
(PIRES et al, 2006:27).
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As usinas produtoras de termeletricidade requerem menores investimentos,


mas o custo de consumo é maior e apresentam um alto impacto ambiental, já que a
turbina gira em razão da combustão de carvão mineral, gás ou petróleo, entre
outros. A maior vantagem dessas usinas é que a instalação é determinada pelo
mercado consumidor, o que diminui os gastos na transmissão da energia obtida.

A distribuição do potencial hidrelétrico no mundo é bastante desigual. A


morfologia das planícies europeias (do Reino Unido, França e Alemanha) cria
condições desfavoráveis à produção de eletricidade. Mesmo em países
desenvolvidos e dotados de densa rede fluvial, nos casos do Canadá e Estados
Unidos, não tem sido possível suprir integralmente a demanda. Essa situação gera
uma dependência por energia importada. Entre 1990 e 2003 o maior consumidor foi
a China, que apresentou um incremento de 8,9%. Outras economias emergentes
também impulsionaram a expansão no consumo, como Brasil, Indonésia e Índia.

FIGURA 6 - Consumo de energia nuclear no mundo em 2019.

Fonte: Relatório da Agência Internacional de Energia Nuclear, 2019.


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Mais recentemente, por conta do aquecimento global, nova expectativa é


lançada pela indústria nuclear, agora atribuindo às fontes físseis a qualidade de
energia limpa. Esse novo apelo, contudo, está ainda por ser demonstrado face aos
acidentes ocorridos e as incertezas quanto ao destino do lixo atômico e,
especialmente, do plutônio. Existem cerca de 440 reatores nucleares de geração de
energia em operação no mundo, respondendo por aproximadamente 10% do total
da energia mundial produzida.

f. Gás natural

Recentemente, o gás natural foi a fonte de energia que teve maior crescimento,
impulsionado pela mudança de carvão para gás na China.

Anteriormente atrelado ao petróleo, o gás tem ganhado certo protagonismo nas


matrizes energéticas de várias regiões no mundo, sobretudo na Eurásia.
FIGURA 7: Maiores produtores de gás natural no mundo (vermelho e marrom)

Fonte: CC BY-SA 3.0

No caso peculiar do continente europeu, a composição majoritária das matrizes


energéticas com a predominância do gás natural, associada à dependência externa
(sobretudo da Rússia), além de outros fatores conjunturais têm fomentado uma crise
energética no Velho Continente que pode arrastá-lo a uma grave crise econômica.
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Ass 13. ÁGUA: CONTROLE E GESTÃO


A estimativa é que, para as próximas décadas, dado o volume de água
disponível, e nas atuais circunstâncias, será possível fornecer água suficiente para
uma população de pelo menos 9 bilhões de habitantes até 2050 (de acordo com a
estimativa proposta pelas Nações Unidas). O mapa abaixo dá uma visão geral da
disponibilidade dos recursos hídricos no mundo. (figura 8)

FIGURA 8 - Disponibilidade de recursos hídricos por habitante.

FONTE: UNEP.
Para Porto-Gonçalves (2004), a questão da água tem que ser pensada a partir
das contradições implicadas no processo de apropriação da natureza pelos homens.
Estima-se que o consumo humano de água potável varie entre 12.500 m3 e 14.000
m3 per capita ao ano. Muitos países da África, do Oriente Médio, da Ásia Ocidental e
alguns países da Europa Oriental têm quantidades inferiores à média dos recursos
de água doce disponíveis para suas populações, estando submetidas ao estresse
hídrico. O estresse hídrico é um termo utilizado para designar uma situação em que a
demanda por água é maior do que a sua disponibilidade e capacidade de renovação
em uma determinada localidade. A situação de estresse hídrico tem o potencial de
limitar o crescimento econômico, restringindo atividades empresariais e agrícolas, o
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 19

que pode levar à falta de alimentos.

Devido ao rápido crescimento populacional, a disponibilidade de água para a


população da Terra diminuiu de 12.900 m3 per capita por ano, em 1970, para 9.000
m3 em 1990, e para menos de 7.000 m3 em 2000. Nos países densamente povoados
da Ásia, África e Europa Central e do Sul, a disponibilidade hídrica per capita
situa-se entre os 1200 m3 e 5000 m3 por ano.

FIGURA 9 - Estresse hídrico ao ano.

Fonte: UNEP, 2019.


A perspectiva é que a disponibilidade mundial de água doce caia para 5.100
m3 por habitante por ano até 2025. Este montante seria suficiente para satisfazer as
necessidades humanas individuais se fosse distribuído igualmente entre a
população do mundo. Estima-se que 3 bilhões de pessoas sofrerão com a escassez
de água, pois terão acesso a cerca de 1700 m3 /hab/ano em 2025, segundo a
UNEP.

A distribuição desigual dos recursos de água doce cria grandes problemas de


acesso e disponibilidade (HASBAERT e PORTO-GONÇALVES, 2006). Exemplos
disso são os casos da Ásia e Oriente Médio, que representam 60% da população
mundial, mas apenas 36% dos seus rios são perenes. A América do Sul, pelo
contrário, tem um montante estimado em 6% da população mundial e 26% do
escoamento superficial.
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 20

Tal mazela, desde os primórdios da existência humana, tem gerado embates


entre os povos na disputa pela água particularmente em determinadas regiões da
Terra, que receberam a designação de zonas hidroconflitivas. Zonas hidroconflitivas
são, portanto, regiões do mundo onde há algum tipo de disputa ou conflito pelo
controle ou uso da água. Algumas até já foram palco de conflitos armados ainda não
solucionados.

FIGURA 10 - Principais zonas hidroconflitivas

Fonte: Colégio Rodin (Módulo 29).

Bacia do rio Jordão: Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel invadiu e
ocupou as Colinas de Golã, que pertenciam à Síria. Além dos solos férteis e da
estratégica posição, a região abriga as nascentes do Rio Jordão, o mais importante
desta região desértica.
Bacia dos rios Tigre e Eufrates: As águas dos rios Tigre e Eufrates abastecem as
históricas regiões da antiga Mesopotâmia (atualmente os territórios da Síria e do
Iraque). No entanto, as nascentes são controladas pela Turquia, que vem realizando
uma série de obras hidrelétricas na bacia desses rios.

Bacia do rio Nilo: Desde 1959, o Egito e o Sudão monopolizam o acesso às águas
do rio por meio de um acordo. Mas nos últimos anos, países como Etiópia (que está
construindo uma hidrelétrica), Quênia, Uganda, Tanzânia e outros países passaram
a exigir a partilha igualitária do Rio Nilo.
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 21

Ass 14. PRODUÇÃO MUNDIAL DE ALIMENTOS

Por intermédio da agricultura, o homem conseguiu “domesticar” espécies


animais e vegetais em seus abrigos, conformando um conjunto de questões que
garantiram a segurança alimentar e o desenvolvimento das diferentes sociedades ao
longo da história.

Os avanços tecnológicos advindos das revoluções agrícolas (mecanização,


agroquímica, seleção e melhoramentos genéticos), antes vistos como necessários à
manutenção da segurança alimentar, no capitalismo, submeteram-se à lógica da
mercantilização da produção. Exemplo disso foi o apelo mercadológico à
monocultura, que não alimenta mais quem produz, distanciando o produtor do
produto.

Advertiu o então diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a


Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, que “apesar de parecer óbvio que
temos alimentos para todos no mundo, não é simples assim”. Segundo o dirigente
da FAO, a procura por alimentos aumenta a cada dia e pressiona os recursos
naturais já escassos, como a água.

Por razões estruturais, a situação no agronegócio não vai mudar da noite para
o dia. Em 2007, a evolução dos preços teve um impacto sobre a capacidade de
importação de produtos alimentares provenientes de certos países. O faturamento
total atingiu um recorde de 747 bilhões de dólares. Para os países em
desenvolvimento significou um aumento em 25%. Paralelamente, observamos
Estados tomarem medidas restritivas com taxas sobre as exportações ou
estabelecimento de preços.

Particularmente na crise econômica de 2008, os estoques de alimentos foram


os mais baixos desde 1980 e, no início daquele ano, eles ainda diminuíram 2%.
Aproximadamente 854 milhões de pessoas no mundo não têm o suficiente para
comer. A população mundial vai passar de 6 para 9 bilhões em 2050 e 70% dos
pobres estarão na área rural (FAO, 2008). Da crise de 2008 até a atualidade, a
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 22

procura mundial cada vez maior por alimentos também tem sido afetada pelas
mudanças climáticas que provocam secas e inundações, em parte por
responsabilidade do modelo agrário-agrícola.

Por conseguinte, a temática da segurança alimentar tem assumido a


centralidade nas estratégias da maioria das nações. Tal fato se assevera,
principalmente, em razão do crescimento populacional, das restrições ambientalistas
sobre a expansão das fronteiras agrícolas dos países, da degradação de solos e dos
impactos climáticos e hídricos sobre a produção de alimentos.

O termo segurança alimentar surgiu logo após a 1ª Guerra Mundial, quando


percebeu-se que a superioridade dos países não dependia exclusivamente da sua
capacidade bélica, mas também a garantia da autossuficiência alimentar da sua
população. Segurança alimentar tornou-se um termo militar e foi intimamente
associado à segurança nacional até a década de 1970.

Durante a Conferência Mundial da Alimentação promovida pela FAO, o


conceito voltou a ser associado à escassez de estoque de alimentos. Porém, em
relação à capacidade de produção agrícola dos países.

Em consenso geral, segurança alimentar é a garantia de todas as dimensões


que inibem a ocorrência da fome. Disponibilidade e acesso permanente de
alimentos, pleno consumo sob o ponto de vista nutricional e sustentabilidade em
processos produtivos.

A ONU incluiu na sua Agenda 2030 a mitigação da insegurança alimentar a


nível global.
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 23

Ass 15. ACORDOS E TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE MEIO AMBIENTE

As pesquisas ambientais e os debates sobre problemas planetários, tais como


aquecimento global, efeito estufa, buraco na camada de ozônio, perda da
biodiversidade, poluição transfronteiriça etc, começaram a ser tema de negociações
internacionais na Nova Ordem Internacional e foco de grandes pressões
geopolíticas.

De fato, os problemas planetários e a vulnerabilidade dos Estados criaram a


emergência de uma agenda ecológica e a necessidade de cooperação acerca do
tema, o que potencializou os processos de integração, seja por criar sensibilidades
comuns a todos, seja pela iminência de um esquema de cooperação mundial onde a
participação de todos os grandes países se faz necessária.

a. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


(Rio ECO 92) e a Agenda 21
A ECO 92, no Rio de Janeiro (RJ) em 1992, convocada pela ONU para
debater o meio ambiente e desenvolvimento, teve a presença dos principais
mandatários do mundo e foi a partir dela que se organizou a primeira conferência
paralela a fóruns globais.

A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência ECO 92, pois


permitiu que cada país se comprometesse a refletir, global e localmente, sobre a
forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os
setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas
socioambientais.

O Encontro Mundial para o Desenvolvimento Durável (2002), realizado em


Johanesburgo, na África do Sul, instituído por ocasião da ECO-92, resultou na
adoção de uma declaração sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável,
acompanhada de um plano de aplicação.

b. Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação5

5
A Agenda 21, em seu capítulo 12, definiu desertificação como sendo "a degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e
sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, dentre eles, as variações climáticas e as atividades humanas". A degradação
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 24

Criada em 1994, foi assinada por mais de 100 países, estando em vigor
desde 26 de dezembro de 1996. Após a ratificação de mais 50 países, sua
implementação se deu por meio de Anexos de Aplicação Regional, dentre eles
aquele dedicado à América Latina e ao Caribe. O principal objetivo é o combate à
desertificação e os efeitos da seca. Em 2007, a convenção possuía a adesão de 191
países.

c. Convenção da Diversidade Biológica

Estabelecida durante a ECO 92, pretende fixar valores comerciais ao


conhecimento acumulado dos povos das florestas6. Cria um novo conceito de
patente, que preserva os direitos das comunidades tradicionais e dos países ricos
em biodiversidade. Até dezembro de 2007, tinha a adesão de 190 países.

d. Convenção de Estocolmo

Em 2001, a convenção tinha como objetivo a proibição da produção e do uso


de 11 compostos químicos classificados como poluentes orgânicos persistentes
(POPs). Os POPs podem ser divididos em pesticidas (ex. DDT, aldrina, toxafeno),
em policlorobifenilos (PCBs) e em dioxinas e furanos, sendo estes resultantes,
sobretudo, de incinerações industriais e de resíduos. O acordo foi assinado por
representantes de 90 países e entrou em vigor em 2004.

e. Protocolo de Kyoto

Acordo internacional, adotado em 1997, assinado inicialmente por 84 países,


tem como objetivos reduzir as emissões de gases-estufa dos países industrializados
e garantir um modelo de desenvolvimento limpo aos países em desenvolvimento. O
documento prevê que, entre 2008 e 2012, os países desenvolvidos reduzam suas
emissões em 5,2% em relação aos níveis medidos em 1990.

O acordo impõe níveis diferenciados de reduções para 38 dos países

da terra compreende a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de vida das
populações afetadas.
6
Povos das florestas ou “populações tradicionais são aquelas comunidades que, já sendo habitantes há algum tempo da
região, estão entrando no processo de desenvolvimento com baixo impacto ambiental, visando melhorar sua qualidade de vida.
É assim que o grupo se auto-identifica atualmente como tradicional” (Mauro Almeida).
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 25

considerados os principais emissores de dióxido de carbono e de outros cinco


países emissores de gases-estufa.

Além da redução das emissões de gases, o Protocolo de Kyoto estabelece


outras medidas, como o estímulo à substituição do uso dos derivados de petróleo
pelo da energia elétrica e do gás natural.

Para os países da União Europeia, foi estabelecida a redução de 8% com


relação às emissões de gases em 1990. Para os Estados Unidos, a diminuição
prevista foi de 7% e para o Japão de 6%. Para a China e os países em
desenvolvimento, como o Brasil, Índia e México, ainda não foram estabelecidos
níveis de redução. Os Estados Unidos, o país que mais emite gases-estufa,
retirou-se do acordo em março de 2001.

f. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável


(Rio+20)
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a
Rio+20, foi realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A
Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de realização da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e
contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas
décadas. A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.

O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o


desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na
implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e
do tratamento de temas novos e emergentes. A Conferência teve dois temas
principais: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da
erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento
sustentável.
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 26

g. Acordo de Paris

Adotado em 2015, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) ocorreu,


em Paris. O acordo de Paris tem como objetivo fortalecer a resposta global à
ameaça das mudanças climáticas. Ele foi aprovado pelos 195 países participantes
que se comprometeram em reduzir emissões de gases de efeito estufa. Isso se
resume em manter a temperatura média da Terra abaixo de 2 °C, acima dos níveis
pré-industriais, além de esforços para limitar o aumento da temperatura até 1,5 °C
acima dos níveis pré-industriais.

Os países desenvolvidos também se comprometeram a conceder benefícios


financeiros aos países mais pobres, de modo que possam enfrentar as mudanças
climáticas.

Porém, há problemas com a ratificação de vários países responsáveis por


uma parcela significativa das emissões de gases de efeito estufa.

h. Agenda 2030 da ONU

A Agenda 2030 é um plano de ação global que reúne 17 objetivos de


desenvolvimento sustentável e 169 metas, criados para erradicar a pobreza e
promover vida digna a todos, dentro das condições que o nosso planeta oferece e
sem comprometer a qualidade de vida das próximas gerações. Apesar de
multidisciplinar, a Agenda 2030 aborda fortemente a dimensão ambiental, sem
dissociá-la dos contextos econômicos e sociais.
CP/CAEM Meio ambiente e recursos estratégicos 27

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio. Geografia: volume único. São Paulo:
Scipione, 2008.

HAESBAERT, Rogério & PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A des-ordem


ambiental planetária. In: ______. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora
UNESP, 2006.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record,


2004.
PIRES, Adriano; FERNÁNDEZ & FERNÁNDEZ, Eloi; BUENO, Julio Cesar do
Carmo. B. Análise da conjuntura energética. In: ______. (Org.). Política energética
para o Brasil: propostas para o crescimento sustentável. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2006.

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