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deste livro, assim como os seus demais co-autores, acreditamos. ter alguns atributos
comuns, apesar de assumi-los de maneiras es tr~ente singulares.
Em primeiro lugar, entre muitos outros afazeres, todos desempenha mos funções
Clínicas. Sem dúvida, é necessário esclarecer que, muito além de uma Clínica
definida como um conjunto de práticas assistenciais, deno minamos dessa maneira
uma certa dimensão que adquire (de forma deli berada ou não, e apenas às vezes
bem-sucedida), tudo quanto fazemos.
Em segunda instância, cabe deixar claro que todos temos uma gra duação
universitária que, em alguns casos, inclui títulos de especializa ção, mestrado ou
doutorado. Essa condição, que segundo veremos não tem para nós maior
importância, é destacada aqui para a lamentável fi-
.nalidade de descartar antecipadamente possíveis tentativas de desqua lificação
acadêmica, como também para indicar que todos atuamos em processos
clínico-pedagógicos, nomeando assim o exercício do ensino .. dos procedimentos
clínicos.
Em terceiro plano, podemos declarar que, ainda que tenhamos in 5
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sistido em aprender todo tipo de teorias e abordagens acerca da Clínica, cada
um de nós passou por formações psicanalíticas mais ou menos tra dicionais,
ainda que diversas, no que se refere à orientação teórica e me todológica. Tal
antecedente, ao qual não atribuímos nenhuma valorização superior, explicará
por que nossos textos não conseguem evitar certo matiz psicanalítico. Isso tem
que ser dito porque, apesar de sabermos, penosamente, que para cada escola
psicanalítica as outras não o são, nos permitímos afirmar e reconhecer que nada
do que é psicanalítico, exceto o fanatismo, nos é estranho.
Em quarto lugar, não obstante insistirmos em que isso não implica
nenhuma autoridade, é procedente enfatizar que nosso currículo ostenta uma
experiência Clínica extensa, não só na quantidade (e talvez na quali dade), mas
também quanto ao tempo; alguns de nós, por exemplo, exer cemos a Clínica há
mais de trinta anos. Pode ser que isso acrescente al gum valor a nosso desejo de
ser "eternos principiantes".
Em quinto nível, o qual, como se verá, não carece de importância pa ra
contextualizar e datar nossa experiência, se bem seja certo que temos
trabalhado clinicamente nos três Mundos, nossos lugares de atividade e
residência são os países do Terceiro Mundo, em particular Brasil, Uruguai
e Argentina. Explicitamos o que foi dito anteriormente para advertir que, longe
de pretender, para nossos testemunhos, uma generalização universa lizante,
tratamos de atribuir-lhe o exato alcance de cartografias, que, sen do sempre
únicas e circunstanciais, tomam-se válidas justamente por isso.
Como sexta colocação, acreditamos interessante aclarar que, apesar de
compartilhar atividades que se desenvolvem em âmbitos variados, os
co-autores não nos envolvemos em afiliações fortes nem exclusivas a ne
nhuma entidade científico-profissional, entendendo como tais as associa ções,
institutos, fundações etc., que nos possam dar uma "identidade" pc
lítico-epistemológico-técnicc-institucional homogênea e definida, a não ser a
que, justamente, tentamos enfatizar e investigar: a de sermos clínicos.
Como sétimo ponto, assinalaremos que os autores desses trabalhos são
unidos por algumas convicções, digamos, existenciais, que, segura mente, se
irão evidenciando na densidade dos respectivos artigos ... con vicções estas
dentre as quais talvez não seria excessivo nem definitivo pontuar umas poucas:
Acreditamos que as diferentes formas nas quais se manifestam a
A CLíNICA COMO ELA É 7
Tradução do espanhol:
Eliana Rodrigues Pereira Mendes.